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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
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SECRETARIA .................................................................................................................... 27
DISTRIBUIDORES ............................................................................................................ 28
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 58
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
De acordo com Maurício Godinho Delgado (2015), o Direito do Trabalho pode ser
definido como o “complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação
empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando,
também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre
trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações
coletivas”. O Direito do Trabalho é, portanto, a disciplina jurídica das relações individuais e
coletivas de trabalho.
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prejuízo que eventualmente tenha tido da relação de trabalho. Desse modo, a presente
disciplina pretende apresentar os aspectos introdutórios do processo trabalhista.
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ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO TRABALHO
Por ser o Brasil um país de escala continental, seu Judiciário possui uma
organização complexa, com ramos federais e locais. A distribuição da Justiça é feita da
seguinte forma: Justiça Federal (juízes e Tribunais Regionais Federais), Justiça Eleitoral
(juízes eleitorais – Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunal Superior Eleitoral), Justiça
Militar (juízes militares/auditorias – Tribunais Militares e Superior Tribunal Militar), Justiça
do Trabalho (juízes do trabalho – Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal Superior do
Trabalho), Justiça dos Estados (juízes de direito e Tribunais de Justiça) e Justiça dos
Territórios e do Distrito Federal, conforme quadro demonstrativo anteriormente.
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I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999).
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Competência absoluta e competência relativa
A incompetência relativa é arguida por meio de exceção. Caso o réu não o faça, no
momento oportuno, dar-se-á a prorrogação da competência e o juiz que era incompetente
passa a ser competente, embora pudesse ter sido afastado. O juiz não pode declarar a
incompetência relativa de ofício, pois não pode ele conhecer de questões suscitadas, a cujo
respeito à lei exige a iniciativa da parte. A exceção é um incidente, processado em
separado, em autos apartados, que serve para acusar a incompetência relativa do juiz, bem
como sua suspeição ou impedimento.
Competência material
Quando à competência material, o tema pode ser analisado sob o ângulo dos setores
do direito do trabalho, dos tipos de relações jurídicas e dos dissídios individuais e coletivos.
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Sistemas jurídicos unificados são aqueles nos quais a Justiça do Trabalho tem
competência mais ampla, abrangendo não só o direito do trabalho propriamente dito mas
também o direito de previdência social e acidentes do trabalho.
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4) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o
disposto no art. 102, I, o, portanto, conflitos de competência de todos os seus tribunais,
excluídos aqueles entre Tribunais Superiores.
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A doutrina predominante segue as lições de Paul Roubier (Le droit transitoire), a sua
teoria do efeito imediato sobre as relações jurídicas de trato sucessivo. Efeito imediato não
se confunde com retroatividade. A lei nova aplica-se imediatamente aos atos jurídicos
futuros (efeito imediato) da relação jurídica (no caso o processo) em andamento.
Relações de trabalho
- situações de emprego;
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O instrumento pelo qual o conflito é posto perante seus órgãos é denominado
dissídio. A palavra “conflito” deve ser utilizada para designar a divergência de interesses no
plano material.
A nova lei permite concluir que o Judiciário Trabalhista pode julgar toda relação de
trabalho de pessoa física para pessoa jurídica ou física, uma vez que no plano
constitucional o sujeito passivo que recebe os serviços de alguém não é mais o
empregador, mas o tomador de serviço.
Alguns contratos de trabalho do Código Civil também são abrangidos pelo conceito
genérico de relação de trabalho, com o que é possível concluir que o seu julgamento, como
tal, foi transferido do Judiciário comum para o trabalhista.
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quanto ao serviço que prestou para um tomador, pode pleitear perante a Justiça do
Trabalho.
A ação de cumprimento é um dissídio individual ordinário com rito comum e tem por
fundamento uma sentença normativa proferida em dissídio coletivo. É prevista na CLT, art.
872, parágrafo único. Está acoplada ao dissídio coletivo, do qual depende e resulta, de
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modo que, não havendo sentença normativa, a não ser quando proferida em ação coletiva,
inexistirá ação de cumprimento sem o prévio dissídio coletivo que lhe deu vida.
Como se vê, a interpretação literal da lei indica que o objeto da ação de cumprimento
é a cobrança de salários previstos em sentenças normativas; todavia, a prática judicial tem
admitido uma extensão mais ampla para fazer da ação de cumprimento meio de cobrar
qualquer cláusula de sentença normativa, posição que, como se vê, ultrapassa os
parâmetros da lei.
A CLT, art. 652, a, III, atribuiu competência à Justiça do Trabalho para decidir as
questões entre o empreiteiro operário ou artífice e os tomadores dos seus serviços. Não há
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inconstitucionalidade. O art. 114 da Lei Maior prevê a competência do Judiciário Trabalhista
para relações de trabalho.
Trabalhador temporário é aquele que presta serviço para empresas cedentes de mão
de obra, para atendimento de necessidades eventuais de terceiros que se beneficiam com
esse trabalho.
Dissídios coletivos
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para a admissibilidade do processo e com a supressão dos vocábulos que constavam da
Constituição de 1988 pela EC n. 45 e que são “criar normas e condições de trabalho”. Para
Amauri Mascaro Nascimento, o dissídio coletivo econômico foi transformado em arbitragem
facultativa.
Por meio dos dissídios coletivos são estabelecidas regras gerais denominadas
sentenças normativas, constitutivas de novos direitos, não previstos ainda pelas demais
normas jurídicas. São da competência originária dos órgãos de segundo grau, os Tribunais
Regionais do Trabalho. Quando abrange mais de uma Região, passa para a competência
do Tribunal Superior do Trabalho. Nesse caso, o TST atua como instância recursal para os
dissídios coletivos da competência originária dos Tribunais Regionais, e como instância
originária para os dissídios coletivos que interessam e atingem mais de uma Região.
Os dissídios coletivos jurídicos, assim considerados aqueles nos quais a ação judicial
se destina à declaração ou interpretação de norma jurídica ou contratual, como uma
cláusula de contrato coletivo, não sofreram modificação, continuando a possibilidade do
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seu ajuizamento unilateral com a finalidade de obter, do Judiciário, a interpretação final e
definitiva do Direito.
A greve não se confunde com os pleitos por ela reivindicados pelos trabalhadores.
O meio não é o mesmo que o fim visado para atingi-lo. Pode haver pleitos coletivos sem
greve resolvidos, sem as vias judiciais, por negociação coletiva ou pelos meios processuais
com os dissídios coletivos, igualmente sem greve. Combinam-se, nesse caso, a autotutela,
permitida pelo direito do trabalho, e o processo judicial, o que leva o Tribunal a dois tipos
de decisão numa só sentença normativa: o julgamento do mérito da greve para considera-
la abusiva ou não e o julgamento de cada pretensão apresentada pelo sindicato autor na
inicial, que será acolhida ou rejeitada, terminando assim o conflito.
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Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data
Competência territorial
São três as regas destinadas a definir a Vara perante a qual a questão deve ser
movida, estabelecidas pelo art. 651 da CLT.
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A terceira, para empresas que promovem atividades em mais de uma localidade, é
a Vara tanto do local onde o empregador estiver exercendo a atividade como a da sua sede.
Nas localidades em que existir mais de uma Vara, haverá um distribuidor (CLT, art.
713), cabendo-lhe a distribuição dos processos, pela ordem de entrada, sucessivamente a
cada Vara na medida em que forem apresentadas as ações.
Prorrogação de competência
Não pode a Vara, ex officio, declarar-se incompetente ratione loci, mas somente
mediante provocação do interessado. Há, no entanto, incoerência da lei que se afasta da
doutrina e é pouco elucidativa quando ordena ao juiz declarar de ofício nulidade decorrente
de incompetência de foro (CLT, art. 795, § 1º).
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Competência por prevenção
Foro de eleição
Há dissídios coletivos entre sindicatos que têm base territorial limitada a uma Região
da Justiça do Trabalho. Porém pode haver dissídio coletivo entre sindicatos que têm base
territorial excedendo uma Região da Justiça do Trabalho. Assim, duas regras são
necessárias.
Os dissídios coletivos devem ser propostos perante o TRT onde o sindicato tem base
territorial.
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Competência funcional
No plano horizontal, significa o critério de determinação das funções dos juízes num
mesmo órgão e, no plano vertical, é determinada em razão das funções dos magistrados
de diversos órgãos pelos quais o processo, em primeira e segunda instância, tramita.
Compete aos juízes das Varas do Trabalho a prática de atos de audiência e atos fora
da audiência.
Atos de audiência:
- dirigir a audiência;
Os atos fora de audiência que o juiz pratica são, em sua quase totalidade, os
despachos das petições e processos, inclusive dos recursos interpostos pelas partes. A
redação das sentenças, ato que também é privativo do juiz, tanto é feita na audiência como
fora dela, uma vez que a lei concede prazo de 48 horas para tal fim. Atribuições
administrativas são a posse de funcionários, a assinatura de relatórios dos trabalhos
mensais e anuais etc.
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O juiz-presidente dos TRTs preside as reuniões e tem voto de desempate. Nas
sessões administrativas, vota como os demais juízes, além do voto de qualidade. Preside
as audiências de conciliação dos dissídios coletivos, salvo nos tribunais em que essa
função é transferida para o vice-presidente. Fora das sessões, as suas atribuições
principais são os despachos de recursos interpostos pelas partes, a decisão das correições
parciais a distribuição dos feitos designando os juízes que devem relatar. Além disso,
possui inúmeras atividades de natureza administrativa.
Há TRTs não divididos e outros nos quais há uma subdivisão dos órgãos em turmas
e grupos de turmas. Nos tribunais não divididos, a competência é recursal e originária. Nos
tribunais divididos, a divisão não é sempre a mesma.
Conflitos de competência
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investidos na jurisdição trabalhista, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões.
Ressalte-se ainda o que dispõe a Súmula 420 do TST: não se configura conflito de
competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada.
A CLT, no seu art. 643, § 2º, dispõe que as questões referentes a acidentes de
trabalho continuam sujeitas à justiça ordinária. A Justiça do Trabalho é incompetente para
julgar questões de acidentes do trabalho. A EC nº 45, ao dispor que compete à Justiça do
Trabalho julgar as ações oriundas das relações de trabalho, não foi explícita em atribuir-lhe
competência para decidir sobre acidentes de trabalho. É sustentável concluir que isso
ocorreu porque a ação judicial não visaria à obtenção de direitos decorrentes do contrato
de trabalho, mas à concessão de prestação previdenciária por parte do INSS.
A Constituição Federal, no seu art. 109, VI, atribuiu competência aos juízes federais
para julgar crimes contra a organização do trabalho. A EC nº 45, ao dispor que a Justiça do
Trabalho é competente para julgar ações oriundas das relações de trabalho, abriu a
discussão. Para alguns, o Judiciário Trabalhista possui competência para essas ações, pois
estariam compreendidas no conceito de “relações do trabalho”, além do fato de que os
maiores conhecimentos do juiz do trabalho sobre irregularidades trabalhistas facilitaria a
compreensão dos casos. Os argumentos contrários vão no sentido de que isso é matéria
de direito penal e o princípio do favor laboratoris do direito do trabalho opõe-se ao princípio
penal do in dubio pro reo.
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Exceção de incompetência
As exceções são defesas dirigidas contra o processo e não contra o mérito, não
visam à improcedência do pedido, mas sim a trancar o curso do processo, provocando a
sua extinção sem resolução do mérito, ou a dilatação do seu curso. Ou seja, exceção é o
indicativo de um tipo especial de resposta do réu, ao lado da contestação e da reconvenção,
cabível nas hipóteses em que o sujeito passivo objetive alegar incompetência relativa,
impedimento ou suspeição.
A CLT disciplina as exceções no artigo 799 assim redigido: “Nas causas da jurisdição
da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas com suspensão do feito, as exceções
de suspeição ou incompetência. § 1º. As demais exceções serão alegadas como matéria
de defesa”.
Somente a incompetência relativa deve ser arguida por meio de exceção, pois a
incompetência absoluta deve ser alegada no próprio bojo da contestação, como matéria
preliminar.
A competência em razão do lugar é relativa. Por isso, se não for arguida a exceção,
no prazo para resposta (artigo 847, da CLT), haverá preclusão da matéria, prorrogando-se
a competência da Vara em que a reclamação foi proposta.
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Somente o reclamado poderá arguir a exceção de incompetência em razão do lugar,
pois o reclamante já escolheu a Vara do local em que pretendeu propor a ação, havendo
preclusão consumativa.
Dispõe o artigo 799, § 2º, da CLT: “Das decisões sobre exceções de suspeição e
incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso,
podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão
final”. Embora o referido dispositivo mencione que a exceção de incompetência em razão
do lugar possa ser terminativa do feito, somente a exceção de incompetência absoluta
poderá ter esta qualidade, pois o processo será encaminhado para a Justiça competente
diversa da trabalhista.
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autos para outra Vara do Trabalho vinculada a outro Tribunal Regional do Trabalho,
segundo a citada Súmula há a possibilidade de interposição do Recurso Ordinário, pois a
decisão é terminativa do feito junto à jurisdição do TRT em que o Juiz prolatou a Decisão.
Secretaria
Cada Vara terá 1 (uma) secretaria, sob a direção de funcionário que o Juiz designar,
para exercer a função de secretário, e que receberá, além dos vencimentos
correspondentes ao seu padrão, a gratificação de função fixada em lei (Art. 710).
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g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do arquivamento
da secretaria;
h) a realização das penhoras e demais diligências processuais;
i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo Presidente da
Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.
Distribuidores
Nas localidades em que existir mais de uma Vara do Trabalho haverá um distribuidor
(Art. 713).
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d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de
informações sobre os feitos distribuídos;
e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos
Presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte,
cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão
mencionados em certidões.
Além disso, segundo parágrafo único, nos Juízos em que houver mais de um
cartório, far-se-á entre eles a distribuição alternada e sucessiva das reclamações.
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Parágrafo único – No regimento interno dos Tribunais Regionais serão
estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de
suas secretarias.
Os oficiais de justiça são auxiliares dos juízes, com a função precípua de efetuar
citações, intimações e outras diligências dentro da respectiva circunscrição judiciária. Na
Justiça do Trabalho, a essas atribuições acrescenta-se a da penhora e avaliação, na fase
executória. O artigo 721 da CLT disciplina esse auxiliar.
Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de
Justiça Avaliador funcionará perante uma Vara do Trabalho, salvo quando da existência,
nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à distribuição de
mandados judiciais (§ 1º).
Nas localidades onde houver mais de uma Vara, respeitado o disposto no parágrafo
anterior, a atribuição para o comprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial
de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 dias,
sem razões que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário
às penalidades da lei (§ 2º).
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É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a qualquer
Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das
decisões desses Tribunais (§ 4º).
O estudo dos princípios, para qualquer ramo ou instituto jurídico, representa a parte
mais importante da matéria, servindo de base para a compreensão do conteúdo.
Representa a parte nuclear da ciência jurídica.
O eminente jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2001) assim define princípio:
Além disso, é inegável que o Processo Laboral possui princípios peculiares, típicos,
caracterizando a sua autonomia.
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Princípio da simplicidade
Princípio da informalidade
II) procedimento sumário (dissídio de alçada): previsto no art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei
n. 5.584/70, para os litígios cujo valor da causa não supere dois salários mínimos;
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III) procedimento sumaríssimo: fruto do advento da Lei n. 9.957/2000, que incluiu na
CLT os arts. 852-A a 852-I, abrange os dissídios individuais cujo valor da causa seja
superior a dois salários mínimos e limitado até 40 salários mínimos;
Todavia, vale ressaltar que essa informalidade não é absoluta, e sim relativa, uma
vez que dependerá da documentação do procedimento. O procedimento escrito é
fundamental para a observância do princípio constitucional do devido processo legal (art.
5º, LIV, da CF), trazendo aos operadores do Direito e ao jurisdicionado maior segurança e
estabilidade nas relações jurídicas e sociais.
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O jus postulandi é um dos grandes fundamentos dos princípios da simplicidade e
informalidade supramencionados.
Com efeito, à luz da Súmula 425 do Tribunal Superior do Trabalho, o jus postulandi
das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais
Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.
Princípio da oralidade
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• art. 850 da CLT – razões finais orais em audiência;
(c) concentração dos atos processuais em audiência (arts. 843 a 852 da CLT);
(d) identidade física do juiz (vale ressaltar que, embora a identidade física do juiz
seja uma das grandes características do princípio da oralidade e presente na CLT, fruto da
concentração dos atos processuais em audiência, o TST, em sua Súmula 136, entendia
que essa identidade não é aplicável às Varas do Trabalho. Vale ressaltar também que essa
Súmula foi cancelada pela Resolução 185, de 14 de setembro de 2012, do TST);
(f) maiores poderes instrutórios ao juiz (arts. 765, 766, 827 e 848);
Com efeito, muitas das lacunas do Processo do Trabalho apresentadas pela doutrina
e pela jurisprudência são intencionais e decorrem do próprio princípio da oralidade, não
sendo essencialmente lacunas.
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Princípio da subsidiariedade
Assim, na fase de conhecimento, o art. 769 da CLT aduz que o Direito Processual
Comum será fonte subsidiária do Direito Processual do Trabalho, contanto que preencha
dois requisitos cumulativos:
Da mesma forma, na fase de execução trabalhista, o art. 889 da CLT estabelece que
a Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830/80) será fonte subsidiária do Processo do Trabalho,
isto se preencher, a exemplo da fase de conhecimento, dois requisitos cumulativos:
Este tema é um dos mais importantes, que merece atenção especial em sua
abordagem.
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(2º) compatibilidade principiológica: compatibilidade entre os princípios e regras do
Direito Processual Civil com os princípios e regras do Direito Processual do Trabalho.
- respeito ao princípio constitucional do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF),
evitando-se surpresas ao jurisdicionado com a aplicação de outras regras processuais que
não sejam as previstas na legislação processual trabalhista;
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- princípio da segurança jurídica, assegurando-se estabilidade nas relações jurídicas
e sociais não somente aos jurisdicionados, mas também aos operadores do Direito.
São adeptos dessa corrente grandes juristas, como Pedro Paulo Teixeira Manus e
Manoel Antonio Teixeira Filho (2007):
“O art. 769 da CLT dispõe que ‘nos casos omissos o direito processual comum será
fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título’. Referida regra tem aplicação somente
na fase de conhecimento ao colocar o CPC como fonte subsidiária primeira do
processo do trabalho. Já na fase de execução no processo do trabalho, a regra de
aplicação da lei subsidiária é aquela prescrita no art. 889 da CLT que afirma que
‘aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que
não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos
executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida da Fazenda Pública Federal’.
Desse modo, como sabemos, a lei estabelece a regra específica a se aplicar tanto
na fase de conhecimento quanto na de execução. E há em comum na aplicação de
ambas as leis o requisito da omissão pela CLT, o que desde logo exclui aplicação
de norma subsidiária quando aquela disciplinar a matéria. A regra estabelecida em
ambos os artigos acima transcritos configura princípio típico do processo do
trabalho, que garante o respeito ao devido processo legal, na medida em que o
jurisdicionado tem a segurança de que não será surpreendido pela aplicação de
norma diversa sempre que houver a solução do texto consolidado. É sob esta ótica
que devemos examinar, a nosso ver, as modificações que se processam no Código
de Processo Civil e a possibilidade de sua aplicação ao processo do trabalho”.
Para Manoel Antonio Teixeira Filho (s.d.):
“o art. 769, da CLT, permite a adoção supletiva de normas do processo civil desde
que: a) a CLT seja omissa quanto à matéria; b) a norma do CPC não apresente
incompatibilidade com a letra ou com o espírito do processo do trabalho.
Não foi por obra do acaso que o legislador trabalhista inseriu o ‘requisito da omissão,
antes da compatibilidade: foi, isto sim, em decorrência de um proposital critério
lógico-axiológico. Desta forma, para que se possa cogitar da compatibilidade, ou
não, de norma do processo civil com a do trabalho é absolutamente necessário, ex
vi legis, que, antes disso, se verifique, se a CLT se revela omissa a respeito da
matéria. Inexistindo omissão, nenhum intérprete estará autorizado a perquirir sobre
a mencionada compatibilidade. Aquela constitui, portanto, pressuposto fundamental
desta”.
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ontológicas e axiológicas. Para essa linha de entendimento, ainda que a CLT ou legislação
processual trabalhista extravagante preveja norma específica reguladora do caso concreto,
é cabível a aplicação subsidiária da norma do Processo Civil se a norma processual
trabalhista estiver desatualizada ou se a respectiva aplicação se mostrar injusta ou
insatisfatória. Fundamentos:
Assim, o trabalhador teria real e efetivo acesso à Justiça do Trabalho. São adeptos
dessa corrente grandes juristas, como Mauro Schiavi, Carlos Henrique Bezerra Leite e
Jorge Luiz Souto Maior.
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Jorge Luiz Souto Maior (s.d.):
Dito em outras palavras, mais claras e diretas: quando alguém diz que foram
formuladas mudanças no Código de Processo Civil, o processualista trabalhista
deve indagar: – alguma das inovações traz benefício à efetividade do processo do
trabalho, para fins de melhor fazer valer os direitos trabalhistas? Se a resposta for
negativa ou, até o contrário, que representa a criação de uma formalidade capaz de
gerar algum óbice a este propósito, deve-se concluir sem medo de se estar errado:
– então, não é preciso nem dizer quais foram as tais alterações!”.
Nessa linha de raciocínio, aduz o Enunciado 66, da 1ª Jornada de Direito Material e
Processual do Trabalho na Justiça do Trabalho:
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Os princípios da ponderação de interesses, da razoabilidade, da proporcionalidade
e da equidade deverão pautar a atuação do juiz do trabalho na aplicação subsidiária das
normas do Processo Civil ao Processo do Trabalho.
Princípio da celeridade
Este princípio está na pauta do dia, tendo em vista o novo inciso LVIII do art. 5º da
CF, pautado no Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos
Humanos). Trata-se do princípio da celeridade processual ou da razoável duração do
processo.
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Princípio da conciliação
- a presença de um terceiro;
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A Justiça do Trabalho sempre preconizou a conciliação dos conflitos de interesses,
desde as suas origens históricas.
Ademais, é lícita a celebração de acordo pelas partes que ponha fim ao processo,
mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.
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Assim, os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do
processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer
diligência necessária ao esclarecimento delas (art. 765 da CLT).
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hipossuficiente, representando a parte mais fraca na relação jurídica. Assim, o escopo do
Direito do Trabalho é assegurar uma superioridade jurídica ao empregado, traduzindo
aplicação do princípio da igualdade (isonomia ou paridade de armas).
Nas palavras do saudoso jurista uruguaio Américo Plá Rodriguez (2000), temos o
seguinte:
“Informa este princípio que o Direito do Trabalho estrutura em seu interior, com suas
regras, institutos, princípios e presunções próprias, uma teia de proteção à parte
hipossuficiente na relação empregatícia – o obreiro –, visando retificar (ou atenuar),
no plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho.
(...)
Parte importante da doutrina aponta este princípio como o cardeal do Direito do
Trabalho, por influir em toda a estrutura e características próprias desse ramo
jurídico especializado. Esta, a propósito, a compreensão do grande jurista uruguaio
Américo Plá Rodriguez, que considera manifestar-se o princípio protetivo em três
dimensões distintas: o princípio in dubio pro operario, o princípio da norma mais
favorável e o princípio da condição mais benéfica.
(...) Como excluir essa noção do princípio da imperatividade das normas
trabalhistas? Ou do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas? Ou do
princípio da inalterabilidade contratual lesiva? Ou da proposição relativa à
continuidade da relação de emprego? Ou da noção genérica de despersonalização
da figura do empregador (e suas inúmeras consequências protetivas ao obreiro)?
Ou do princípio da irretroação das nulidades? E assim sucessivamente. Todos
esses outros princípios especiais também criam, no âmbito de sua abrangência,
uma proteção especial aos interesses contratuais obreiros, buscando retificar,
juridicamente, uma diferença prática de poder e de influência econômica e social
apreendida entre os sujeitos da relação empregatícia.
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Desse modo, o princípio tutelar não se desdobraria em apenas três outros, mas
seria inspirador amplo de todo o complexo de regras, princípios e institutos que
compõem esse ramo jurídico especializado”.
Diante da grande importância do princípio da proteção para o Direito do Trabalho,
surge a seguinte indagação: o princípio tuitivo é aplicável ao Processo do Trabalho?
Nesse diapasão, ensina Emília Simeão Albino Sako (2008) sobre a inversão do ônus
da prova e o princípio da aptidão da prova:
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aptidão da prova, a parte dotada de maiores condições de produzir em juízo a prova
exigida deve fazê-lo.
No processo vigora o princípio segundo o qual aquele que tiver melhores condições
e/ou facilidades de produzir a prova deverá fazê-lo (princípio da aptidão da prova).
(...)
A parte dotada de melhores condições de produzir a prova deverá fazê-lo,
independente de ser o autor ou o réu. Em se tratando de documentos relativos ao
contrato de trabalho ou da relação de trabalho, o empregador ou tomador tem o
dever legal de mantê-los em seus arquivos pelo prazo que a lei determina; o
empregado e o prestador de serviços, não. Assim, quando demandado, é o
empregador ou tomador quem deve trazê-los ao processo sempre que forem
exigidos, pois tem melhores condições e facilidades para assim agir. Sonegando a
prova com o intuito de prejudicar a parte adversa, ou não a produzindo a contento,
o juiz poderá declarar provados os fatos cuja prova foi obstada ou dificultada pelo
réu (CPC [/73], arts. 355 e seguintes [art. 396, CPC/2015]; Súmula n. 338 do TST).
Esse princípio funda-se no estado de hipossuficiência do trabalhador e do
consumidor, e orienta o juiz a direcionar o ônus da prova a quem tem melhor
condição de produzi-la (CDC, art. 6º), que, em regra, é o empregador ou o tomador”.
São manifestações do protecionismo temperado ao trabalhador no Processo do
Trabalho:
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- exigência de depósito recursal somente ao empregador no caso de interposição de
recurso (art. 899 da CLT). O depósito recursal tem natureza jurídica híbrida ou mista, pois,
além de ser um pressuposto recursal objetivo ou extrínseco, serve para a garantia do juízo
em relação à futura execução trabalhista a ser promovida pelo empregado-reclamante,
bloqueando recursos meramente protelatórios, que dificultam o célere recebimento dos
créditos trabalhistas de natureza alimentar pelo trabalhador.
Sobre a função social dos contratos comenta o Professor Flávio Tartuce (2002) que
“(...) a função social dos contratos é princípio que interessa a toda a coletividade,
constituindo tanto o art. 421 quanto o art. 2.035, parágrafo único, do Código Civil normas
de ordem pública, inafastáveis por convenções ou disposição contratual”
Assim, para este autor, a ideia de função está relacionada com o conceito de
finalidade ou utilidade. No caso, deve-se imaginar que o contrato tem uma finalidade em
relação ao meio que o cerca e, portanto, com ele deve ser analisado. Se um contrato for
ruim para as partes, também o será, de forma indireta, ruim para a sociedade, pois não
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atende à sua finalidade social. De forma inversa, um contrato que é ruim para a sociedade
também o é para as partes contratantes, em regra. Isso porque os elementos parte-
sociedade não podem ser concebidos isoladamente, mas analisados como um todo. Por
isso é que este autor enxerga na função social dos contratos a sua dupla eficácia.
Inicialmente, a função social dos contratos está ligada à proteção dos direitos
inerentes à dignidade da pessoa humana, amparada no art. 1º, III, da CF/1988. Ademais,
tendo em vista ser um dos objetivos da República a justiça social (art. 170, caput, do Texto
Maior), bem como a solidariedade social (art. 3º, III), nesses dispositivos também residiria
a função social dos pactos.
Por outro lado, para a valorização da liberdade, tão em crise na esfera dos negócios
jurídicos, procura-se encampar a igualdade ou isonomia muitas vezes não percebida no
momento de execução do contrato, buscando-se tratar de maneira igual os iguais e de
maneira desigual os desiguais, nos termos do art. 5º, caput, da CF/1988.
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- eficácia vertical e horizontal dos direitos humanos fundamentais (dimensões
objetiva e subjetiva), ou seja, o respeito aos direitos fundamentais nas relações
Estado/particular e entre particulares;
- princípio da igualdade real ou substancial, dando a cada um o que é seu por direito;
- efetividade processual;
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CF:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
(...)
III – a dignidade da pessoa humana;
(...)
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
(...)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
(...)
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
(...)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
(...)
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
III – função social da propriedade”.
CLT
“Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,
por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito,
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes,
o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público”.
LINDB
“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”.
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CC
“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato”.
É inegável que a verdade real, na essência, é muito difícil de ser apurada; no entanto,
o magistrado, na formação do seu livre convencimento motivado, deve buscar a verificação
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do que realmente aconteceu no conflito de interesses, até porque “o papel aceita tudo”,
evitando, assim, a distorção da realidade.
Corroborando o que foi dito acima, os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo
determinar qualquer diligência necessária ao seu esclarecimento (art. 765 da CLT).
Princípio da indisponibilidade
Enfim, o Processo do Trabalho tem uma função finalística, qual seja, a prestação
jurisdicional pautada no efetivo cumprimento dos direitos indisponíveis dos trabalhadores.
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Princípio da normatização coletiva
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definidas nos instrumentos de negociação coletiva (convenções coletivas de trabalho e
acordos coletivos de trabalho).
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(5º) Princípio da lealdade e da boa-fé processual (art. 5º): aquele que de qualquer
forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
Vale ressaltar que o princípio em estudo também deverá ser observado na seara das
matérias de ordem pública (objeções processuais). Com efeito, o juiz não pode decidir, em
grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado
às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva
decidir de ofício. Trata-se do princípio da primazia do contraditório e mitigação da matéria
de ordem pública.
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todas as decisões, sob pena de nulidade. Nos casos de segredo de justiça, pode ser
autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou
do Ministério Público.
(12º) Princípio da territorialidade (art. 13): a jurisdição civil será regida pelas normas
processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados,
convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
Por fim, os princípios são a base fundante de qualquer ramo, instituto e ciência do
direito, sendo fundamental seu estudo.
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REFERÊNCIAS
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THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre Melo Franco;
PEDRON, Flávio Quinaud. Novo CPC: fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.
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