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CARREIRAS JURÍDICAS

BIBLIOTECA DIGITAL
DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 2
2 ESTUDO PARA CONCURSO ................................................................................................................. 2
2.1 Firme um Compromisso ....................................................................................................................................... 2
2.2 Estruturação dos Concursos................................................................................................................................ 2
2.3 Formas de Estudo ................................................................................................................................................ 3
3 BREVE HISTÓRICO ................................................................................................................................ 3
4 PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO .................................................................................. 5
4.1 Funções ............................................................................................................................................................... 5
4.2 Princípio da Simplicidade ..................................................................................................................................... 5
4.3 Princípio da Informalidade ................................................................................................................................... 6
4.4 Princípio da Vocação Conciliatória ...................................................................................................................... 6
4.5 Jus Postulandi ...................................................................................................................................................... 6
4.6 Princípio da Oralidade ......................................................................................................................................... 7
4.7 Princípio da Ultrapetição e Extrapetição .............................................................................................................. 7
4.8 Princípio da Nomogênese Derivada .................................................................................................................... 8
4.9 Princípio da Proteção ........................................................................................................................................... 8
4.10 Princípio do Impulso Oficial Executivo ............................................................................................................... 8
4.11 PRINCÍPIOS DO CPC APLICADOS AO PROCESSO DO TRABALHO ........................................................... 9
4.11.1 Princípio da Concentração da Defesa ............................................................................................................ 9
4.11.2 Princípio da Primazia do Mérito ...................................................................................................................... 9
4.11.3 Princípio da Eticidade e da Cooperação Processual ..................................................................................... 9
4.11.4 Princípio do Contraditório Substancial .......................................................................................................... 10
4.11.5 Princípio da Vedação à Decisão Surpresa ................................................................................................... 10
4.12 Princípios constitucionais ................................................................................................................................. 11
4.12.1 Princípio do Devido Processo Legal ............................................................................................................. 11
4.12.2 Princípio do Juiz Natural ............................................................................................................................... 11
4.12.3 Princípio da Igualdade Processual ............................................................................................................... 11
4.12.4 Inafastabilidade da Jurisdição....................................................................................................................... 12
4.12.5 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa ................................................................................................... 12
4.12.6 Motivação das Decisões Judiciais ................................................................................................................ 12
4.12.7 Publicidade.................................................................................................................................................... 13
4.12.8 Duração Razoável do Processo ................................................................................................................... 13
4.13 Constitucionalização do Processo pelo CPC/2015 ......................................................................................... 13
4.13.1 Primazia do Mérito ........................................................................................................................................ 14
4.13.2 Cooperação................................................................................................................................................... 14
4.13.3 Princípio da Boa-fé ....................................................................................................................................... 15
4.13.4 Princípio da Simplicidade .............................................................................................................................. 15
4.13.5 Princípio da Informalidade ............................................................................................................................ 15
4.13.6 Princípio da Vocação Conciliatória ............................................................................................................... 16
4.13.7 Jus Postulandi ............................................................................................................................................... 16
5 AUTONOMIA DO PROCESSO DO TRABALHO .................................................................................. 17
6 FONTES E INTEGRAÇÃO ..................................................................................................................... 17
7 EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL DO TRABALHO .............................................................. 18
7.1 Eficácia no Espaço ............................................................................................................................................ 18
7.2 Eficácia no Tempo ............................................................................................................................................. 18
8 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................................................................. 22
9 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.............................................................................. 24
9.1 Competência em Razão da Matéria .................................................................................................................. 24

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1 INTRODUÇÃO
Incialmente, aborda-se sobre orientações acerca dos concursos trabalhistas, apresentando formas de
estudo e a estruturação destes concursos, para auxiliar, o concurseiro, a alcançar seu objetivo.
Antes de adentrar, de forma propriamente dita, na matéria cobrada em concursos públicos na carreira
trabalhista, é necessário relembrar brevemente o histórico do Direito Processual do Trabalho, desde a sua
primeira previsão, até o momento em que a Justiça do Trabalho foi realmente consolidada no ordenamento
jurídico brasileiro.
Na sequência, estuda-se os princípios processuais trabalhistas, além dos princípios do Código de
Processo Civil – CPC/2015, que são aplicados ao Processo do Trabalho, analisando a forma que se dá tal
aplicação.
Além desses pontos, analisa-se a autonomia e as fontes do Direito Processual do Trabalho, assim como
a eficácia da norma no tempo e no espaço, onde, com a Reforma Trabalhista, houve algumas novidades.
Por fim, destaca-se a competência da Justiça do Trabalho, analisando o art. 114 da Constituição Federal,
que trata da competência em razão da matéria.

2 ESTUDO PARA CONCURSO

2.1 Firme um Compromisso

Estabeleça uma rotina de estudos dentro da possibilidade do seu dia-a-dia, encarando, o estudo, como
um ofício, criando cronograma de dias, horários e matérias a estudar. Assim, deve-se ter disciplina e foco
durante a jornada de estudos, não sendo necessário estabelecer um mínimo de horas por dia, mas sim, que o
tempo de estudo seja produtivo.
Ainda, é necessário fazer um planejamento familiar, pois muitas vezes, aqueles que não são da área
jurídica, na família, tem certa dificuldade de compreender a necessidade do estudo para o alcance do objetivo
desejado, qual seja, passar no concurso. É importante este planejamento para que a família entenda o motivo
da ausência, em determinadas ocasiões, além do tempo necessário, de estudo. Por fim, é sempre interessante
buscar inspirações, como, por exemplo, idealizando a sua posse.

2.2 Estruturação dos Concursos

O concurso do MPT segue a tônica de um concurso descentralizado, que há muito está consagrado,
embora traga uma novidade, qual seja, a Resolução Administrativa 143/2017 do CSMPT. Quanto ao concurso
dos TRTs, que tem a Resolução Administrativa 1861/2016, traz a nacionalização do concurso, em caráter
obrigatório.

> Concurso Público Nacional para Juiz do Trabalho: conforme dito, tem a Resolução Administrativa 1861,
que trouxe determinadas mudanças. Sobre este concurso, é necessário destacar algumas características:

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→ Concurso realizado pela Enamat em colaboração com os TRTs.
→ Destinado ao preenchimento de todas as vagas existentes na publicação do edital e subsequentes.
→ 5 etapas no concurso
1. Prova Objetiva: tem por finalidade de testar o nível de conhecimento do direito objetivo e
da atualização jurisprudencial.
2. Prova Discursiva ou Prova de Sentença/Peça Prática: procura testar a capacidade
argumentativa e a demonstração da cultura jurídica.
3. Inscrição Definitiva e Corolários:
4. Prova Oral: visa testar a capacidade de colocar em palavras a resposta necessária.
5. Prova de Títulos:

2.3 Formas de Estudo

O estudo, para as diversas fases do concurso, deve ser concomitante, sendo extremamente necessário
estudar através de doutrina, legislação, jurisprudência e treinos específicos. É importante que o estudo esteja
de acordo com o cronograma do edital. Ainda, é interessante fazer resumos sobre as matérias, seja pela
doutrina, aulas, acrescentando, também, entendimento jurisprudenciais relevantes.

3 BREVE HISTÓRICO

O Direito Processual do Trabalho surgiu para que o Direito Material do Trabalho tivesse ao seu dispor
um mecanismo de concretização mais célere, efetivo e informal. É um ramo dotado de instrumentalidade
das formas, com simplicidade e informalidade.
A primeira previsão de um órgão jurisdicional trabalhista ocorreu em 1806, na França, sendo chamado
de Conselho dos Homens. Já no âmbito interno, do direito brasileiro, em 1907, no governo Afonso Pena, o
art. 8 do Decreto 1.637 permitiu a criação de Conselhos Permanentes de Conciliação e Arbitragem nos
Sindicatos. Não é uma Justiça do Trabalho, mas já se desenha a criação de um mecanismo para solução de
conflitos entre o capital e o trabalho. Posteriormente, em São Paulo, em 1911 houve a criação do Patronato
Agrícola e, em 1922, a criação dos Tribunais Rurais, através de Lei Estadual.
Já em 1923, houve a criação do Conselho Nacional do Trabalho, pelo Decreto 16.027, com o
Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria. Com a revolução de 1930, e a Ascenção de Getúlio Vargas,
a proteção trabalhista foi a temática central do governo, trazendo alguns direitos trabalhistas importantes.
Nessa época, então, nasceu o chamado mito da outorga, onde se discutia se os direitos trabalhistas tinham
sido uma conquista dos trabalhadores ou uma benesse concedida pelo governo. Também neste ano, criou-
se o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, pelo Decreto 19.433.
No ano de 1932, instituíram-se as Comissões Mistas de Conciliação (para solucionar conflitos
coletivos de trabalho) e as Juntas de Conciliação e Julgamento (direcionadas a dirimir conflitos individuais

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de trabalho). Estas últimas tinham uma composição tripartite e, também, um caráter administrativo, onde as
decisões teriam que ser executadas na Justiça Comum, necessitando de um respaldo jurisdicional.
A constitucionalização da Justiça do Trabalho só ocorreu em 1934, porém, esta era apartada do
poder judiciário. Tinha uma composição tripartite e sem prerrogativas do judiciário. Esta visão da Justiça
do Trabalho se manteve na Constituição de 1937.
Em 1939 houve a regulamentação da estrutura da Justiça do Trabalho, que seria formada pelo
Conselho Nacional do Trabalho (CNT), com 8 Conselhos Regionais do Trabalho (CRT) e 36 Juntas de
Conciliação e Julgamento (JCJ), com possibilidade de julgar suas próprias decisões. No campo prático, em
1º de maio de 1941 se instalou oficialmente a Justiça do Trabalho, com a entrega dos instrumentos que
seriam utilizados para efetivamente instalá-la. Esta entrega ocorreu no Estádio de São Januário.
Por fim, em 1943, o STF reconheceu o caráter jurisdicional de decisão trabalhista, conforme o RE
6.310/43. Também neste ano, em 1º de maio, entrou em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
que trouxe regramentos de um processo do trabalho, mantendo a regulamentação, que existia até então, da
Justiça do Trabalho. A CLT trouxe, também, a figura dos prejulgados, que seriam fixados pelo CNT, tendo
caráter vinculante e preventivo. Ou seja, os CRTs e as JCJs deveriam necessariamente seguir estes prejulgados.
Somente na Constituição de 1946 que a Justiça do Trabalho for incorporada formalmente ao poder
judiciário, criando-se o TST (com 11 membros) e os TRTs. Assim, as garantias do poder judiciário, a partir
de então, abrangem a Justiça do Trabalho. Uma informação pouco conhecida é que, em 1949, foi criada a
nomenclatura “Recurso de Revista”, pois o recurso para o CNT era chamado de Recurso Extraordinário.
Mas, como a Justiça do Trabalho foi incorporada ao poder judiciário, ficaria confuso ter dois recursos distintos
com a mesma nomenclatura.
Na Constituição de 1967, a grande novidade foi a instituição do Quinto Constitucional. Ainda, o
TST passou a ter 17 ministros. Já com a Constituição Federal de 1988, houve a manutenção da Justiça do
Trabalho no poder judiciário, além da manutenção da representação classista. O poder normativo também
veio previsto na CF, assim como a previsão de um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado (embora
nunca tenha sido realmente implementada). Já o TST, passou a contar com 27 ministros.
Com a EC 24/99, extinguiu-se a representação classista, pois esta seria uma inspiração na Carta del
Lavoro, com uma concepção antidemocrática, sendo uma interferência indevida do Estado nos conflitos. Como
consequência da extinção da representação classista, passou-se a ter a jurisdição singular da Vara do Trabalho
(antigas Juntas de Conciliação e Julgamento). Também com o fim da representação classista, o TST voltou a
ter 17 ministros. Tal disposição, acerca do TST, durou apenas até 2004, quando, com a EC 45, retornou a
composição de 27 ministros. Houve, com esta emenda, o fim da necessidade de um TRT em cada estado.
Em 2016, com a EC 92, houve a previsão do TST como órgão de cúpula do poder judiciário e, além
disto, do cabimento do instituto da reclamação constitucional.

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4 PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO

Antes de tudo, é necessário conceituar princípio jurídico. Para Celso Antônio Bandeira de Mello,
princípio é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, sendo uma disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito, e servindo de critério para
a sua exata compreensão e inteligência.

4.1 Funções

> Criadora, Informadora ou Normogenética: os princípios inspiram e informam a criação de


determinadas regras.
> Interpretativa: na dúvida de como interpretar uma norma jurídica, o operador do direito deve se basear
conforme a maior concretização do princípio, sendo aquela que mais se harmoniza com o princípio.
> Supletiva: na falta de normas, o julgador não pode se recusar a julgar. Assim, irá julgar com base nos
princípios, analogia e costumes.
> Normativa: as normas constituem um gênero, do qual são espécies as regras e os princípios, possuindo,
estes, função normativa e servindo para resolução de conflitos.

4.2 Princípio da Simplicidade

Previsto nos arts. 840 e 841 da CLT, este princípio estabelece que o Processo do Trabalho deve se
pautar por um procedimento simples, sem maiores rigores de forma. É por tal princípio que a petição inicial
no Processo do Trabalho é mais simplificada, onde é necessário apenas a apresentação das partes, a exposição
fática, o pedido certo, líquido e a indicação do respectivo valor.

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.


§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação
de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou
secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão julgados extintos sem resolução
do mérito.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo,
para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu
recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que
publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo
anterior.
§ 3o Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consentimento
do reclamado, desistir da ação.

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4.3 Princípio da Informalidade

Ao contrário do processo civil, o trabalhista não se atém de forma engessada às formas. A


informalidade e simplicidade estão arraigadas ao processo do trabalho, bastando que a causa de pedir, por
exemplo, seja compreensiva e não impossibilite o direito de defesa. Essa informalidade, porém, não dispensa
uma compreensão lógica das peças processuais.

4.4 Princípio da Vocação Conciliatória

O Processo do Trabalho surgiu com a criação de organismos voltados para a conciliação de conflitos
entre o capital e o trabalho. Uma das características marcantes da Justiça do Trabalho é a busca constante pela
conciliação, escolhida como a mais adequada para a solução célere dos conflitos. O próprio texto consolidado
exige a proposta de conciliação antes do recebimento da defesa (art. 846, CLT) e após as razões finais (art.
850, CLT), sob pena de nulidade.

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.


§ 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o
prazo e demais condições para seu cumprimento.
§ 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte
que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização
convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10
(dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não
se realizando esta, será proferida a decisão.
Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e,
havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao
cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

4.5 Jus Postulandi

O jus postulandi está previsto no artigo 791 da CLT, correspondendo à possibilidade de o empregado
e o empregador postularem suas pretensões sem a necessidade da capacidade postulatória, ou seja, sem
a necessidade de um advogado. O TST editou a Súmula 425 no sentido de que o jus postulandi não alcança os
recursos de competência do TST, nem a ação rescisória, mandado de segurança e ação cautelar (tutela
provisória).

Súmula 425 – TST: JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res.


165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos
Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

No âmbito do dissídio coletivo, conforme o art. 791, §1 da CLT, também é permitido o jus postulandi.

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do


Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

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§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por
intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil.
§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.
§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante
simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da
parte representada.

4.6 Princípio da Oralidade

Para o Processo do Trabalho, este princípio tem grande importância, uma vez que acelera a solução
de conflitos entre as partes. Assim, o princípio da oralidade concentra os atos processuais em audiência,
pois aqui, tenta-se a primeira proposta de conciliação, caso não tenha êxito, se apresenta a defesa (podendo ser
apresentada oralmente), além da colheita probatória e razões finais, também em audiência.
Ademais, conforme previsto na CLT, há a irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias,
podendo ser recorridas por ocasião do recurso principal, vindo como uma preliminar deste. Importante destacar
que, para haver direito a recorrer sobre a matéria das decisões interlocutórias, a parte deve protestar esta, em
audiência, verbalmente. Conforme a Súmula 214 do TST, a irrecorribilidade tem exceções:

Súmula 214 – TST: DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) - Res.


127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam
recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula
ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante
recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto
no art. 799, § 2º, da CLT.

Outro subprincípio da oralidade é a imediatidade do juiz na colheita probatória, previsto no art. 845
da CLT, onde as provas devem ser colhidas em audiência, para que o magistrado capte expressões e linguagens
corporais. Além disso, a presença do magistrado acaba por viabilizar, por mais vezes, a conciliação das partes.
Por fim, o ultimo subprincípio é a identidade física do juiz, no sentido de que, o juiz que irá julgar o
caso é aquele que colheu a prova em audiência, uma vez que foi este que teve contato com as partes, estando
mais apto e preparado para tal função.

4.7 Princípio da Ultrapetição e Extrapetição

Estes princípios permitem que se compreenda além do pedido, seja na quantidade (ultrapetição),
quando se percebe um pouco a mais do que foi pedido, ou na qualidade (extrapetição), quando se concede
prestação de natureza diversa daquela que foi postulada.
É muito comum se fazer associação que estes se relacionam com o pedido implícito, ou seja, os
pedidos que não estão expressamente na petição, mas que o juiz pode conceder, como os juros e a correção
monetária, além dos honorários advocatícios.

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4.8 Princípio da Nomogênese Derivada

Este princípio estabelece uma delegação de poderes do judiciário trabalhista para, utilizando a via
processual, criar ou modificar norma jurídica, numa atividade mista. Assim, a Justiça do Trabalho acaba
por ter um poder normativo, uma vez que suas sentenças são dotadas de força de norma.

4.9 Princípio da Proteção

Este princípio procura reduzir as desigualdades existentes entre o trabalhador e o poder econômico
do empregador. Assim como no Direito Material do Trabalho, o processual também confere maior proteção
ao empregado, partes hipossuficientes da relação laboral. Exemplo disso é a gratuidade judiciária concedida
ao reclamante.
Ainda, com base neste princípio se tem a possibilidade de arquivamento da ação caso o reclamante
não compareça na primeira audiência (empregador é considerado revel, caso este falte na audiência),
conforme o art. 844 da CLT.

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação,


e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Importante para este princípio, também, é o ônus da prova de jornada de trabalho, onde o
empregador deve ter o registro de ponto de todos os seus empregados, logo, o ônus da prova é da
reclamada, conforme a Súmula 338 do TST:

Súmula 338 – TST: JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as


Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho
na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera
presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário.
(ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode
ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio
de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,
prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)

4.10 Princípio do Impulso Oficial Executivo

Antes da Reforma Trabalhista, era possível o impulso oficial executivo pelo juízo,
independentemente da vontade das partes. Porém, após 2017, conforme a nova redação dada para o art. 878
da CLT, o juiz só poderá atuar de ofício, para promover a execução, caso as partes não estejam
representadas por advogado.

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo
Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado.

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Entretanto, a CF prevê a execução de ofício das contribuições previdenciárias, de acordo com o art.
114, VIII. Assim, na Justiça Trabalhista, o magistrado não pode executar de ofício o crédito trabalhista
(principal), mas deve executar, de ofício, o crédito previdenciário (acessório), havendo uma quebra da
isonomia.
A recuperação judicial suspende o curso da execução dos créditos trabalhistas, contudo, segundo o
CTN, a execução do crédito tributário não se suspende com a recuperação judicial. a Justiça do Trabalho, então,
ficou na seguinte situação: se tem a execução de crédito trabalhista e de crédito previdenciário, sendo que, esta
última, tem natureza de tributo. Desta forma, a execução da contribuição previdenciária não se suspenderia.
Porém, o TST decidiu que, como as contribuições previdenciárias tem um caráter acessório, também
devem ficar suspensas, juntamente com o crédito trabalhista, pois o acessório deve seguir o principal.

4.11 PRINCÍPIOS DO CPC APLICADOS AO PROCESSO DO TRABALHO

4.11.1 Princípio da Concentração da Defesa

Este princípio estabelece que a defesa deve ser feita concentradamente, ou seja, em um ato único.
No Processo Civil, com o Código de 1973, a contestação e demais atos de defesa, como impugnação ao valor
da causa ou reconvenção, eram feitos em peças apartadas. Com o advento do Novo Código de Processo Civil,
em 2015, criou-se este princípio, a impugnação ao valor da causa, por exemplo, passou a ser uma
preliminar de contestação, concentrando-se as matérias acessórias em apenas um ato da defesa.
Assim, no Direito Processual do Trabalho, com base neste princípio, se concentram os atos do
processo em eventos únicos, acelerando sua tramitação. Em uma única audiência, por exemplo, é possível
ter a apresentação de defesa, manifestação da parte contrária, oitiva das partes e das testemunhas, razões finais
e, inclusive, prolação de sentença.

4.11.2 Princípio da Primazia do Mérito

As partes do processo têm o direito de obter a solução integral do mérito. Assim, o julgador deve
analisar a prestação meritória, evitando soluções extintivas, para afastar a jurisprudência defensiva (que
defere soluções extintivas ao processo, apegada aos procedimentos formais do processo).
Como reflexo deste princípio, há uma ampliação da teoria da causa madura, onde o Tribunal poderá
julgar o mérito da causa, se já estiver apto para julgamento, com todas as provas necessárias.

4.11.3 Princípio da Eticidade e da Cooperação Processual

Para este princípio, o processo seria o produto da atividade cooperativa entre o juiz e as partes. A
concepção processual, no sentido de que o processo é um meio de interesse público na busca da justa aplicação
do ordenamento jurídico no caso concreto, exige um juiz ativo no centro da controvérsia, e a participação

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ativa das partes, por meio da efetivação do caráter isonômico entre os sujeitos do processo. Trata-se de uma
evolução do princípio do contraditório.
O dever de cooperação estaria voltado eminentemente para o magistrado, de modo a orientar sua
atuação como agente colaborador do processo, inclusive como participante ativo do contraditório, não mais se
limitando a mero fiscal de regras.
Entretanto, não somente o juiz deve colaborar para a tutela efetiva, célere e adequada. O novo direito
processual defende a necessidade de uma “democracia participativa” no processo, com o consequente
exercício mais ativo da cidadania, inclusive de natureza processual.

4.11.4 Princípio do Contraditório Substancial

O contraditório, antes do CPC/15, era representado pelo binômio: necessidade de informação e


possibilidade de manifestação. Então, se dava ciência, ao indivíduo, que existia uma demanda, e oportunizava
a defesa deste. Entretanto, após o CPC/15, o contraditório passou a ser representado pelo trinômio da
necessidade de informação, possibilidade de manifestação e o direito de influenciar as decisões judiciais,
permitindo que as partes participem da construção da decisão, apresentando razões que possam influenciar
no convencimento do julgador. É por tal motivo que se veda, atualmente, a decisão surpresa, onde as partes
não teriam direito ao contraditório.

4.11.5 Princípio da Vedação à Decisão Surpresa

A vedação à decisão surpresa está prevista no art. 9 e art. 10 do CPC/15:

Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual
deva decidir de ofício.

A lógica do art. 10 é que, ainda que seja identificada, pelo juiz, uma incompetência, este pode
oportunizar a manifestação das partes, pois estas podem trazer substrato para formação do convencimento.
Percebe-se que o artigo prevê que o juiz não pode decidir com base em fundamento, podendo ser, este,
jurídico ou de fato.
Como regra, não se profere decisão sem que a outra parte seja ouvido, porém, conforme o art. 9º, este
instituto possui exceções. Quanto à tutela de evidência, prevista no parágrafo único, inciso II do art. 9º do
CP, é importante salientar que foi ajuizada Ação Direta de Constitucionalidade, sob o argumento que se
subtrai do réu a possibilidade de distinção do caso concreto.

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Este princípio aplica-se ao processo do trabalho? No processo do trabalho não é necessária a
apresentação do fundamento jurídico, na petição inicial, bastando uma breve exposição fática, e os pedidos
dela resultantes. Se a parte não é obrigada a trazer fundamento jurídico, seria razoável exigir que o julgador,
ao imaginar um fundamento jurídico, tenha que necessariamente oportunizar as partes que se manifestem sobre
este? Conforme a Instrução Normativa n. 39/2016, aplica-se sim ao processo do trabalho as normas do
CPC quanto ao princípio da vedação à decisão surpresa. Ainda, a IN traz o conceito de decisão surpresa,
estabelecendo ser, esta, a decisão que, no julgamento final do mérito da causa, em qualquer grau de
jurisdição, aplicar fundamento jurídico ou embasar-se em fato não submetido à audiência prévia de uma
ou de ambas as partes.

4.12 Princípios constitucionais

4.12.1 Princípio do Devido Processo Legal

Previsto no art. 5º, LIV da CF, este princípio pode ser compreendido em uma dimensão formalista
(onde o processo deve seguir disposições preestabelecidas) ou substancial/material (proporcionalidade e
razoabilidade na condução e conclusão do julgamento).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Atualmente, a doutrina entende que o princípio do devido processo legal tem uma dimensão
substancial.

4.12.3 Princípio do Juiz Natural

Este princípio entende que não haverá juízo ou tribunal de exceção, conforme o art. 5º, XXXVII da
CF, não podendo ser criado um juízo após certo conflito, pois as regras e os juízos competentes devem estar
preestabelecidos. Todos têm o direito de se submeter a um juízo competente e que seja previamente
constituído, devendo, ainda, o juiz ser imparcial.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

4.12.4 Princípio da Igualdade Processual

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A igualdade processual assegura às partes a paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais. O art. 139 do CPC, ao estabelecer os deveres do juiz, prevê a igualdade de
tratamento que este deve ter para com as partes.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
(...)

4.12.5 Inafastabilidade da Jurisdição

É o direito de ação, ao acesso a ordem jurídica justa. O art. 5º, XXXV da CF estabelece que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

A tutela jurisdicional deve ser justa, efetiva e tempestiva. Importante ressaltar as três ondas de acesso
à justiça:
→ Assistência judiciária;
→ Direitos metaindividuais;
→ Concepção ampla do acesso.

4.12.6 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa

Atualmente, sobretudo com o reconhecimento do contraditório substancial, a ampla defesa e o


contraditório são tratados como sinônimos. De acordo com o art. 5º, LV da CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

O contraditório foi inicialmente concebido em uma perspectiva formal, onde deveria haver necessidade
de informação e possibilidade de manifestação, através da contestação. No entanto, hoje o CPC prevê que o
juiz deve zelar pelo contraditório efetivo.

4.12.7 Motivação das Decisões Judiciais

É o dever que o juiz tem de fundamentar as decisões, conforme o art. 93, IX da CF:

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Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes
e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

A interpretação que se tinha antes do Novo CPC era mais flexível, onde a fundamentação seria atendida
quando se tivesse qualquer tipo de suporte jurídico, ainda que uma fundamentação transcreva ou faça a
remissão para outro tipo de manifestação. Hoje, este tipo de decisão é questionável, por conta da
fundamentação analítica necessária, após o Novo CPC.

4.12.8 Publicidade

A sociedade tem o direito de saber o que está sendo produzido pelo Poder Judiciário, uma vez que
os processos são públicos. Porém, a lei pode limitar esta publicidade, conforme o art. 93, IX da CF:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes
e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

4.12.9 Duração Razoável do Processo

Previsto no art. 5º, LXXVIII da CF, este princípio não corresponde a celeridade processual, mas sim
que deve haver efetividade no processo.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

4.13 Constitucionalização do Processo pelo CPC/2015

Se reconheceu, de modo expresso na legislação infraconstitucional, a necessidade desta interpretação


vertical à luz da Constituição Federal. Nesse sentido, o art. 1º do CPC:

Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.

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4.13.1 Primazia do Mérito

O art. 4 do CPC consagra este princípio, que orienta o Judiciário a enfrentar o mérito. As partes do
processo têm o direito de obter a solução integral do mérito. Assim, o julgador deve analisar a prestação
meritória, evitando soluções extintivas, para afastar a jurisprudência defensiva (que defere soluções
extintivas ao processo, apegada aos procedimentos formais do processo).
Como reflexo deste princípio, há uma ampliação da teoria da causa madura, onde o Tribunal poderá
julgar o mérito da causa, se já estiver apto para julgamento, com todas as provas necessárias.

Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade
satisfativa.

4.13.2 Cooperação

Sobre este princípio, é necessário rememorar que o processo passou por determinados modelos.
Inicialmente, se passou pelo modelo adversarial, onde o processo era um espaço de conflito entre duas partes
antagônicas. Depois, se instaurou o modelo inquisitorial, em que o magistrado tem uma participação mais
proativa na construção do diálogo e na determinação de algumas providências no processo. Este modelo é
utilizado em processos que há uma desigualdade entre as partes.
Por fim, surgiu o modelo cooperativo, previsto no art. 6º do CPC, onde todos os sujeitos do processo
devem cooperar entre si:

Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.

Assim, para este princípio, o processo seria o produto da atividade cooperativa entre o juiz e as
partes. A concepção processual, no sentido de que o processo é um meio de interesse público na busca da justa
aplicação do ordenamento jurídico no caso concreto, exige um juiz ativo no centro da controvérsia, e a
participação ativa das partes, por meio da efetivação do caráter isonômico entre os sujeitos do processo.
Trata-se de uma evolução do princípio do contraditório.
O dever de cooperação estaria voltado eminentemente para o magistrado, de modo a orientar sua
atuação como agente colaborador do processo, inclusive como participante ativo do contraditório, não mais se
limitando a mero fiscal de regras.
Entretanto, não somente o juiz deve colaborar para a tutela efetiva, célere e adequada. O novo direito
processual defende a necessidade de uma “democracia participativa” no processo, com o consequente
exercício mais ativo da cidadania, inclusive de natureza processual.

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Este princípio sofre algumas críticas, pois se argumenta que não é possível a cooperação entre partes
antagônicas, uma vez que os interesses são opostos e cada um tem o direito de defender a sua perspectiva e
não produzir prova contra si mesmo.

4.13.3 Princípio da Boa-fé

Previsto no art. 5º do CPC, no sentido de que, aquele que participa do processo deve se comportar de
acordo com a boa-fé. Esta boa-fé é objetiva, ou seja, os patamares gerais de conduta permeados pela noção
ética.

Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

O Judiciário também deve levar em consideração este princípio para, por exemplo, interpretar o pedido
feito pelas partes, pois deve se considerar o conjunto da postulação.

4.13.4 Princípio da Simplicidade

Previsto nos arts. 840 e 841 da CLT, este princípio estabelece que o Processo do Trabalho deve se
pautar por um procedimento simples, sem maiores rigores de forma. É por tal princípio que a petição inicial
no Processo do Trabalho é mais simplificada, onde é necessário apenas a apresentação das partes, a exposição
fática, o pedido certo, líquido e a indicação do respectivo valor.

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.


§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação
de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou
secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.
§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão julgados extintos sem resolução
do mérito.

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo,
para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
§ 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu
recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que
publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo
anterior.
§ 3o Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consentimento
do reclamado, desistir da ação.

4.13.5 Princípio da Informalidade

Ao contrário do processo civil, o trabalhista não se atém de forma engessada às formas. A


informalidade e simplicidade estão arraigadas ao processo do trabalho, bastando que a causa de pedir, por

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exemplo, seja compreensiva e não impossibilite o direito de defesa. Essa informalidade, porém, não dispensa
uma compreensão lógica das peças processuais.

4.13.6 Princípio da Vocação Conciliatória

O Processo do Trabalho surgiu com a criação de organismos voltados para a conciliação de conflitos
entre o capital e o trabalho. Uma das características marcantes da Justiça do Trabalho é a busca constante pela
conciliação, escolhida como a mais adequada para a solução célere dos conflitos. O próprio texto consolidado
exige a proposta de conciliação antes do recebimento da defesa (art. 846, CLT) e após as razões finais (art.
850, CLT), sob pena de nulidade.

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.


§ 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o
prazo e demais condições para seu cumprimento.
§ 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte
que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização
convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10
(dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não
se realizando esta, será proferida a decisão.
Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e,
havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao
cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

Súmula 418 – TST: A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo
tutelável pela via do mandado de segurança.

4.13.7 Jus Postulandi

O jus postulandi está previsto no artigo 791 da CLT, correspondendo à possibilidade de o empregado
e o empregador postularem suas pretensões sem a necessidade da capacidade postulatória, ou seja, sem
a necessidade de um advogado. O TST editou a Súmula 425 no sentido de que o jus postulandi não alcança os
recursos de competência do TST, nem a ação rescisória, mandado de segurança e ação cautelar (tutela
provisória).

Súmula 425 – TST: JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res.


165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos
Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

No âmbito do dissídio coletivo, conforme o art. 791, §1 da CLT, também é permitido o jus postulandi.

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do


Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por
intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil.

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§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.
§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante
simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da
parte representada.

5 AUTONOMIA DO PROCESSO DO TRABALHO

Para falar da autonomia do Processo do Trabalho, é necessário analisar duas teorias:


> Teoria Monista: para esta teoria, o Processo do Trabalho é um ramo do Processo Civil, uma vez que se
sujeita, também, as regras e princípios comuns deste último, tendo apenas meras particulares.

> Teoria Dualista: já para esta teoria, o Processo do Trabalho tem autonomia científica, ou seja, não é ramo
do Processo Civil, uma vez que possui princípios, legislação e doutrina própria. Ainda, é um ramo do Poder
Judiciário. Quanto aos princípios comuns, estes são princípios constitucionais do processo, não somente no
Código de Processo Civil, tanto que, o Processo Penal também se utiliza de tais princípios. No ordenamento
jurídico, prevalece este entendimento, onde o Processo do Trabalho é autônomo.

6 FONTES E INTEGRAÇÃO

O art. 769 da CLT prevê o modo de preenchimento de lacunas no Processo do Trabalho, durante a
fase de conhecimento, enquanto que, o art. 889 prevê a forma de integração na fase executiva.

Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual
do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não
contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

Assim, aplica-se o CPC quando houver omissão na legislação trabalhista, desde que haja
compatibilidade. Já no âmbito da execução, no caso de omissão, se utiliza a Lei de Executivos Fiscais.
Ademais, o art. 15 do CPC preceitua:

Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as
disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.

Há a necessidade de diferenciar supletiva e subsidiária. Esta última significa a aplicação do CPC


quando há uma omissão na legislação. Já o supletivo significa que, mesmo havendo norma, ela possui um
tratamento insuficiente, precisando de atualização para ser justa e efetiva.
Alguns doutrinadores defendem que, pelo CPC ser uma norma mais nova, teria revogado o art.
769 da CLT, uma vez que um dos critérios de antinomia é o cronológico. Porém, a especialidade também é
um critério, sendo, o art. 769 uma norma específica, prevalece sobre a norma geral, ainda que posterior.

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Importante mesmo é utilizar o diálogo das fontes, onde um artigo complementa o outro. Sobre o assunto, a
Instrução Normativa 39/2016 decidiu:

Art. 1 – Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente, ao Processo do Trabalho, em


caso de omissão e desde que haja compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do
Trabalho, na forma dos arts. 769 e 880 da CLT e do art. 15 da Lei n. 13.105 de 17.03.2015.

Sobre a omissão, deve-se saber que possui três espécies:


> Omissão Normativa: quando não há norma.
> Omissão Ontológica: há norma, mas esta não corresponde mais aos anseios e a realidade social.
> Omissão Axiológica: a aplicação da norma ao caso concreto acaba revelando situação de injustiça.

7 EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL DO TRABALHO

7.1 Eficácia no Espaço

A eficácia no espaço das normas processuais é orientada pelo princípio da territorialidade. Assim,
um processo que corre no Brasil, se submete as disposições processuais brasileiras, independente de os
litigantes serem brasileiros ou estrangeiros. De acordo com o art. 763 da CLT:

Art. 763 - O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à
aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste
Título.

Deve-se salientar que, embora o processo siga as normas vigentes no território nacional, existe
disposição no art. 651, §2º da CLT que estabelece que, ainda que tenha ocorrido relação de trabalho no
exterior, é possível que o julgamento se dê em território nacional. Neste caso, a lei aplicada ao direito
material poderá ser estrangeira, mas a lei aplicada ao direito processual será brasileira.

Art. 651, § 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-
se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não
haja convenção internacional dispondo em contrário.

7.2 Eficácia no Tempo

A aplicação do Direito Processual do Trabalho no tempo diz respeito a entrada da lei em vigor.
Inicialmente, é importante salientar que uma lei precisa ser conhecida pelas pessoas. Dependendo da
necessidade de adaptação que a lei irá ter perante todos, haverá o chamado “vacatio legis”, que será um
período de adaptação e de conhecimento da lei, que ocorre entre a publicação da lei e o momento em que
entrará em vigor. Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, via de regra, quando não houver um dispositivo
específico na lei, esta passa a ter vigência, no Brasil, 45 dias após a sua publicação. Já no exterior, a lei

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passa a ser vigente três meses após a sua publicação, se não houver dispositivo específico. Segundo a LINDB,
em seu art. 1º:

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.

§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada.

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Para a contagem do prazo de vigência da lei, conta-se o dia de abertura e do fim do prazo. Caso haja
norma corretiva, a contagem do “vacatio legis” será iniciada da publicação da correção. Se a correção for
parcial, os dispositivos não corrigidos obedecem ao prazo inicial de vigência. Ainda, se houver dispositivo
especificando que não haverá “vacatio legis”, a lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Desta forma, aplica-se a lei nova de forma imediata e não retroativa, não atingindo o direito
adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito. Passa a reger as situações presentes e futuras a partir da
data em que entra em vigor.

CF/88. Art. 5º, XXXVI. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

LINDB, Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.

Quanto aos processos que estão em curso no momento em que uma nova lei entra em vigor, se faz
necessário a análise de três teorias:
> Teoria da Unidade Processual: a lei aplicável seria a vigente no tempo do ajuizamento da ação, de modo
que a nova legislação só seria aplicada para os processos ajuizados a partir da entrada em vigor desta lei.

> Teoria das Fases Processuais: a lei processual aplicável é aquela que está em vigor em cada fase processual.

> Teoria do Isolamento dos Atos Processuais: é a teoria que prega que a norma processual tem aplicação
imediata, mesmo nos processos que estão em curso, respeitados, entretanto, os atos já praticados sob a
vigência da norma anterior. Essa teoria é consagrada no art. 14 do CPC.

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.

Quanto à Reforma Trabalhista, o art. 6º desta previu:

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Art. 6o Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e vinte dias de sua publicação oficial.

Em 2017, entrou em vigor a MP 808, que tratou muito do direito material do trabalho, sobretudo sobre
o trabalho intermitente. De modo reflexo, acabou tratando do critério de arbitramento do dano moral (que
ocorre na sentença). Esta Medida Provisória foi publicada em 14/11/2017, entrando em vigor nesta mesma
data. Já o fim de sua vigência se deu em 23/04/2018. Esta MP não foi convertida em lei, mas isto não quer
dizer que não tem qualquer feito, conforme o art. 62, §3º da CF:

Art. 63, § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a
edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma
vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações
jurídicas delas decorrentes.

Em que pese, esta previsão de que deve o Congresso Nacional disciplinar, se entende que é uma
faculdade deste fazê-lo dentro de 60 dias. Se não o fizer, a Medida Provisória rege os fatos ocorridos
enquanto vida ela teve.
Ainda sobre a Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, ressalta-se que, com relação aos
procedimentos especiais, o CPC estabeleceu que continua se aplicando ao processo a legislação antiga até
o encerramento de uma determinada fase e, somente após o encerramento dessa fase, é que se aplica a
legislação nova.
Essa é uma preferência do legislador para algumas situações específicas, nas quais, em prol da
segurança jurídica, preferiu-se continuar aplicando a legislação antiga em detrimento da nova quando se
trata de procedimentos especiais (que, na vigência do CPC/73, eram o procedimento sumário e procedimento
sumaríssimo). Vê-se essa teoria, por exemplo, nos arts. 1.046, §1º, e 1.047 do CPC/15:

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos
pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

§ 1 As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, relativas ao procedimento sumário e aos


procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas
até o início da vigência deste Código.

A despeito do Processo do Trabalho, a CLT, com a Reforma Trabalhista, tem novas regras para o
pedido, presença das partes, consequência da ausência do reclamante, para as provas, entre outros. Ou seja,
acabou por modificar diversos dispositivos, mas não trouxe disposição sobre o direito intertemporal. Assim,
deveria se utilizar o previsto no CPC.
O art. 1.047 do CPC/15, por sua vez, traz outra exceção quanto a esta Teoria, quando dispõe sobre o
requerimento de provas:

Art. 1.047. As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às provas
requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência.

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Significa dizer que, se a fase probatória iniciou diante da vigência da norma antiga, permanece-se
aplicando, às questões relativas às provas, tal diploma legal, utilizando a Teoria das Fases Processuais.
Apenas quando a fase probatória, dentro da fase de conhecimento, inicia sob a vigência da nova norma é que
se aplicam as normas a ele referentes.
Há, ainda, uma terceira exceção, que é dada pela doutrina, quando se trata dos recursos, prevendo-se
que a lei do recurso é a lei do dia em que se tornou recorrível a decisão. Porém, o professor Alexandre
Freitas Câmara leciona que, em realidade, a publicação não deve ser confundida com a intimação, pois aquela
ocorre quando a decisão se torna pública. Quanto ao assunto, o art. 915 da CLT estabelece:

Art. 915 - Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou
cujo prazo para interposição esteja em curso à data da vigência desta Consolidação.

Por fim, existe uma quarta exceção, que trata dos honorários advocatícios no Processo do Trabalho.
Para ações que tenham sido ajuizadas após a Reforma Trabalhista, não há dúvidas, pois são devidos os
honorários advocatícios. A grande discussão trata de ações ajuizadas antes da Reforma Trabalhista, mas
com sentença posterior a esta.
Assim, poderia, o magistrado, condenar o pagamento de honorários advocatícios? Uma primeira
corrente entende que o momento processual a ser considerado é o da prolação da sentença, porque a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais é feita na sentença, ou seja, esta é o fato
gerador, conforme o art. 14 do CPC. Esta corrente já foi ratificada pelo STF.
Já a segunda corrente leva em conta a data em que a reclamação trabalhista foi ajuizada. Nesta
corrente, é necessário considerar a natureza híbrida dos honorários (estes têm feição de direito material
também, não podendo se reduzir ao art. 14 do CPC), além de que há certa surpresa (pois os riscos da demanda
são avaliados no momento do ajuizamento da ação), onde o princípio da segurança jurídica, ou da boa-fé
objetiva, talvez direcione, com o processo trabalhista, um sentido contrário, pois o processo foi ajuizado sem
qualquer possibilidade de condenação em honorários e, por mudanças legislativas pode haver o pagamento de
sucumbência que venha a consumir seu crédito. Ainda, deve-se analisar o princípio da causalidade, uma vez
que os honorários advocatícios guardam relação de causalidade com a petição inicial, ou com a defesa.

OJ 421, SBDI-1: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E


MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO OU DE DOENÇA PROFISSIONAL.
AJUIZAMENTO PERANTE A JUSTIÇA COMUM ANTES DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. POSTERIOR REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA DO TRABALHO. ART.
85 DO CPC DE 2015. ART. 20 DO CPC DE 1973. INCIDÊNCIA. (atualizada em decorrência do CPC de
2015) – Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016
A condenação em honorários advocatícios nos autos de ação de indenização por danos morais e materiais
decorrentes de acidente de trabalho ou de doença profissional, remetida à Justiça do Trabalho após
ajuizamento na Justiça comum, antes da vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004, decorre da mera
sucumbência, nos termos do art. 85 do CPC de 2015 (art. 20 do CPC de 1973), não se sujeitando aos
requisitos da Lei nº 5.584/1970.

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8 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

O art. 111 da CF traz os órgãos da Justiça do Trabalho:

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:


I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho.

Deste modo, é importante conhecer a organização da Justiça do Trabalho:

STF

TST

TRT

Vara do Trabalho

No que tange a sua organização, deve-se saber que a petição inicial, via de regra, é distribuída na Vara
do Trabalho. Entretanto, caso a localidade não possua uma Vara do Trabalho, é possível distribuir a
reclamação trabalhista para uma Vara da Justiça Comum, conforme o art. 112 da CF:

STF

STJ

TJ

Vara Civel

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho

Caso haja recurso da decisão do juiz de direito, o recurso não irá para o respectivo Tribunal de
Justiça, mas sim para o Tribunal Regional do Trabalho, que é o tribunal especializado. Dentro da CLT há
o funcionamento dos TRTs, a partir do art. 670:

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Art. 670 - Os Tribunais Regionais das 1ª e 2ª Regiões compor-se-ão de onze juízes togados, vitalícios, e
de seis juízes classistas, temporários; os da 3ª e 4ª Regiões, de oito juízes togados, vitalícios, e de quatro
classistas, temporários; os da 5ª e 6ª Regiões, de sete juízes togados, vitalícios e de dois classistas,
temporários; os da 7ª e 8ª Regiões, de seis juízes togados, vitalícios, e de dois classistas, temporários,
todos nomeados pelo Presidente da República.
§ 1º Há um primeiro suplente e um segundo suplente para o presidente e um suplente para cada vogal.
§ 2º Nos Tribunais Regionais constituídos de seis ou mais juízes togados, e menos de onze, um dêles será
escolhido dentre advogados, um dentre membros do Ministério Público da União junto à Justiça do
Trabalho e os demais dentre juízes do Trabalho Presidente de Junta da respectiva Região, na forma
prevista no parágrafo anterior.
§ 3º (VETADO)
§ 4º Os juízes classistas referidos neste artigo representarão, paritàriamente, empregadores e
empregados.
§ 5º Haverá um suplente para cada Juiz classista.
§ 6º Os Tribunais Regionais, no respectivo regimento interno, disporão sôbre a substituição de seus juízes,
observados, na convocação de juízes inferiores, os critérios de livre escolha e antigüidade,
alternadamente.
§ 7º Dentre os seus juízes togados, os Tribunais Regionais elegerão os respectivos Presidente e Vice-
Presidente, assim como os Presidentes de Turmas, onde as houver.
§ 8º Os Tribunais Regionais da 1ª e 2ª Regiões dividir-se-ão em Turmas, facultada essa divisão aos
constituídos de pelo menos, doze juízes. Cada turma se comporá de três juízes togados e dois classistas,
um representante dos empregados e outro dos empregadores.

O art. 670 da CLT foi alterado diversas vezes, de modo que, atualmente, se diz que a composição do
TRT deve seguir o art. 115 da CF:

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art.
94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e
demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

O Tribunal Superior do Trabalho, órgão de cúpula do Judiciário Trabalhista, reconhecido como órgão
do Poder Judiciário a partir da EC 92/16, com a inclusão do inciso II-A no artigo 92 da Constituição Federal
de 1988, possui sua composição na forma do disposto no artigo 111-A da Constituição Federal de 1988, com
redação conferida pelas Emendas Constitucionais 45/04 e 92/16, a saber:

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art.
94;
II- os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira,
indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

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I- a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II- o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus,
como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a reclamação para a
preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões

A Lei n°. 7.701/88 prevê a organização interna do Tribunal Superior do Trabalho, subdividindo-o em:
Tribunal Pleno, Seção de Dissídios Individuais (I e II) e Seção de Dissídios Coletivos.

9 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

9.1 Competência em Razão da Matéria

A competência material, definida pelo artigo 114, CF, é absoluta, podendo ser arguida a qualquer
tempo e gerando nulidade absoluta do processo. A matéria de trabalho abrange todas as formas e relações
de trabalho, mesmo as não incluídas ou previstas pela CLT - apesar deste entendimento somente ter começado
a viger a partir de 2004; antes, a justiça trabalhista somente julgava casos de relação de emprego.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria
sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I,
o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.


§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Relação de Trabalho

A Justiça do Trabalho, quando de sua criação, solucionava tão somente conflitos oriundos da relação
de emprego, ou seja, lides entre empregados e empregadores ou nas quais se postulava o reconhecimento do
vínculo de emprego. Adotou-se, portanto, o critério material para a fixação da competência.

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Com o advento da Emenda Constitucional 45/2004, a competência da Justiça do Trabalho prevista no
artigo 114 da Constituição Federal de 1988, em especial por força do inciso I, fora ampliada para abranger,
não apenas as lides decorrentes da relação de emprego, mas também aquelas oriundas da relação de
trabalho.
A relação de emprego tem seu traço de distinção fundamental determinado por certas especificidades
de seus sujeitos (empregado e empregador), atribuindo-lhe características próprias. Para que seja caracterizada
a relação de emprego é necessária a presença concomitante de certos elementos. Para se distinguir entre as
diversas relações de trabalho, a relação de emprego deverá apresentar as seguintes características:
pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação, conforme o art. 3º da CLT. Reiteramos que
esta distinção deve ser fática e não necessariamente formal.

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem
entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Sem a presença de um destes requisitos, não há o vínculo empregatício.


a) Pessoalidade: no contexto da pessoalidade, a prestação do trabalho, com relação ao empregado, é
sempre efetuada pela sua pessoa física diretamente contratada. É, portanto, uma obrigação infungível,
personalíssima e intransferível, intuitu personae. Por outro lado, a contrapartida não é verdadeira: se um
empregador é substituído por outro (sucessão empresarial, por exemplo), os contratos individuais de trabalho
anteriores não sofrem, apenas por esse motivo, qualquer alteração ou solução de continuidade. Isso porque, em
relação ao empregador, a pessoalidade não é elemento chave.
→ Exceção: autorização do empregador, ou seja, quando eu não posso ir um dia, e o empregador
autoriza outra pessoa ir no lugar para trabalhar, por exemplo.

b) Não Eventualidade: como segundo elemento essencial da relação de emprego, tem-se a não
eventualidade. Embora tenhamos um impulso natural em identificar a não eventualidade com a continuidade,
relacionando-a exclusivamente ao fator temporal, na verdade, o seu significado é um pouco mais abrangente.
A prestação ininterrupta de serviços pode indicar a não eventualidade, mas há serviços intermitentes
não eventuais, como, por exemplo, o bilheteiro no estádio de futebol que apenas trabalha nos dias em que há
jogos.
A não eventualidade manifesta-se pela interrelação do serviço prestado pelo trabalhador e a
atividade empreendida pelo tomador dos serviços. Se o serviço prestado for de tal maneira relacionado à
atividade empresarial de forma que esta não poderia se desenvolver sem aquele, identificamos a não
eventualidade. No entanto, a não eventualidade do serviço não diz respeito apenas a sua essencialidade no
contexto da atividade produtiva (as chamadas atividades-fim da empresa). Há serviços prestados que não são

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necessariamente essenciais, mas são realizados por empregados (ou seja, no contexto de uma relação de
emprego).

c) Onerosidade: como terceira característica da relação de emprego, tem-se a onerosidade, pois ambas
as partes constituem, presumidamente, a relação com intuito patrimonial (mesmo que não
exclusivamente, mas preponderantemente): o empregador ao se beneficiar de trabalho produtivo e o
empregado ao ter a expectativa de recebimento de salários.
A onerosidade possui duas dimensões:
→ Objetiva: a onerosidade na dimensão objetiva se traduz pelo efetivo pagamento de
contraprestação ao trabalhador.
→ Subjetiva: a onerosidade no plano subjetivo é a intenção contraprestativa, ou seja, se o
trabalhador presta serviços com a intenção contraprestativa (o pagamento). Por exemplo, quando se foi
combinado X reais por mês, mas o empregado nunca recebeu: tem o requisito da onerosidade, ele só não
recebeu.

d) Subordinação: por último, tem-se o elemento subordinação, que se consubstancia, conforme a


doutrina predominante, no elemento principal de caracterização da relação empregatícia. Pelo elemento
subordinação, tem-se que o empregador possui o poder de determinar o que, como, quando e onde
produzir, restando ao trabalhador, apenas, acatar suas ordens, salvo se manifestamente abusivas ou
ilícitas. O poder que o empregador possui é em relação ao trabalho, e não sobre a pessoa do empregado!
A subordinação nasce do contrato de trabalho, mesmo que este seja não solene, conforme o art. 442
da CLT. Se há acordo de vontades entre empregado e empregador que se identifica como relação de
emprego, se tem uma relação juridicamente subordinada.

Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de
emprego.
Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo
empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela.

Importante ressaltar as mudanças que ocorreram na CLT, nos seus arts. 6º e 442-B, com a Reforma
Trabalhista. O art. 6º traz a ideia de irrelevância do local de prestação de serviço para fins de caracterização
do vínculo empregatício. Assim, aquele que se desloca até a empresa e aquele que realiza seu trabalho a
distância (teletrabalho), possuem o mesmo vínculo empregatício, desde que preenchidos todos os requisitos
obrigatórios.

Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no


domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os
pressupostos da relação de emprego.

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Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam,
para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do
trabalho alheio

Já para o art. 442-B, é necessário compreender que não é o texto que dirá quem é, ou não é
empregado.

Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem
exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3 o desta
Consolidação.

Desta feita, ao realizar-se uma interpretação do aludido inciso I do artigo 114 da Constituição Federal
de 1988, observa-se que, desde que haja uma prestação pessoal de trabalho, a competência para a solução
do conflito daí decorrente é da Justiça do Trabalho, não importando o diploma legal a ser aplicado para o
exame da relação material objeto da demanda (Consolidação das Leis do Trabalho, Código Civil, Lei n°.
4.886/65).
Quanto aos servidores públicos estatutários, por decisão já definitiva do Supremo Tribunal Federal
(ADIN nº 3395), não se submetem à jurisdição trabalhista, muito embora a redação atual do inciso I induza
a esta conclusão. Assim como, os militares não se incluem na competência do Judiciário Trabalhista.
Entretanto, os casos que envolvem a Petrobrás e a Caixa Econômica Federal serão de competência da
Justiça do Trabalho.
No tocante aos entes de direito público externo, haverá imunidade de jurisdição se houver norma
internacional incorporada pelo ordenamento jurídico brasileiro neste sentido. Não se aplicando, nesta
hipótese, a diferenciação entre os atos de gestão e de imperuium, que permitiam a incidência da jurisdição
trabalhista para os atos de mera gestão, como nas contratações das relações de trabalho; salvo se o ente de
direito público externo expressamente renunciar a sua imunidade de jurisdição.
Neste sentido, é importante destacar que os Estados Estrangeiros não possuem imunidade de
jurisdição, mas possuem imunidade de execução! Já os Organismos Internacionais (ONU, OIT) que
tenham sede no Brasil, possuem imunidade de jurisdição, ou seja, não se pode processá-los no Brasil.

Direito de Greve

Todas as discussões que envolvam o direito de greve dos trabalhadores estão sujeitas à Justiça do
Trabalho. Em relação ao exercício do direito de greve, o entendimento majoritário é que à Justiça do Trabalho
fiquem reservadas as questões trabalhistas e cíveis (ajuizamento de interdito proibitório, por exemplo), mas
não as questões penais. Neste sentido, a Súmula Vinculante 23 STF dispondo sobre a competência da Justiça
do Trabalho para processar e julgar as ações possessórias ajuizadas em decorrência do exercício do direito
de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

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Súmula Vinculante 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória
ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Se for uma greve de categoria profissional nacional, a competência originária para processar e julgar
tal discussão será do TST. Ademais, São Paulo é o único estado que possui dois Tribunais Regionais do
Trabalho (TRT2 em São Paulo e TRT15 em Campinas), sendo assim, se a greve for de nível estadual, o
competente para julgar o caso será o TRT – 2ª Região.

Representação Sindical

A representação sindical será de competência da Justiça do Trabalho apenas nos casos de sindicato de
iniciativa privada. Assim, servidores estatutários estão sempre excluídos da competência trabalhista.

4. Mandado de Segurança, Habeas Data e Habeas Corpus


As ações referidas no inciso IV do artigo 114 da Constituição Federal de 1988, apesar de não ensejarem
entendimento pacífico, antes da promulgação da Emenda Constitucional 45/04 já eram consideradas como de
competência da Justiça do Trabalho. Nesse caso, a Emenda Constitucional 45/04 veio apenas pacificar a
questão.
Especificamente, em relação ao mandado de segurança, cujo procedimento resta previsto na Lei
12.016/09, o entendimento é de que se o auditor fiscal do trabalho ou a Superintendência Regional do
Trabalho praticarem ato ilegal caberá, de igual forma, a interposição de mandado de segurança perante
o Juiz do Trabalho (Vara do Trabalho). Antes da Emenda Constitucional 45/04 só cabia mandado de
segurança contra ato do Juiz do Trabalho ou serventuário da Justiça, perante o Tribunal Regional do Trabalho,
situação esta consolidada pelo inciso ora examinado.
O habeas data é da competência da Justiça do Trabalho sempre que envolver matéria sujeita a sua
jurisdição, bem como, na hipótese em que um órgão público se negue a prestar informações ou fornecer
algum documento necessário, situação esta raramente verificada na Justiça do Trabalho, vez que tais provas
ou esclarecimento podem ser resolvidos de forma mais célere durante a instrução processual, por meio de
expedição de ofício judicial para que determinada diligência seja cumprida, por exemplo.
Não obstante o exposto, importante registrar que, na prática, o Supremo Tribunal Federal afastou a
competência da Justiça do Trabalho em relação ao habeas corpus, por adotar o Pacto de São José da Costa
Rica.

Conflitos de Competência entre Órgãos de Jurisdição Trabalhista


A competência para o julgamento dos conflitos de competência, prevista no artigo 808 da Consolidação
das Leis do Trabalho, restou mantida e especificada pela Emenda Constitucional 45/04. Haverá um conflito

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de competência positivo quando dois ou mais juízos se reputam competentes; e negativo, quando dois ou
mais juízos se reputam incompetentes.
A Súmula 420 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe que não há conflito entre Vara do Trabalho
e Tribunal Regional do Trabalho da mesma região.

Súmula 420 – TST: COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO
DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 115 da
SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele
vinculada. (ex-OJ nº 115 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

Dano Moral
A justiça do trabalho também é competente para processar e julgar ações que envolvam danos morais
e patrimoniais decorrentes de uma relação de trabalho. Inclusive, com a Súmula Vinculante 22, a justiça
do trabalho passou a ser competente para processar e julgar processos que envolvam acidente de trabalho:

Súmula Vinculante 22: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização
por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da
promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

A Lei 13.467/17 (Reforma Trabalhista), por sua vez, introduziu o Título II-A na Consolidação das Leis
do Trabalho, específico sobre o dano extrapatrimonial, prevendo em seu art. 223-A que, aplicam-se à reparação
de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos do referido
título.
Ao apreciar o pedido, o juízo, na forma do disposto no artigo 223-G, considerará a natureza do bem
jurídico tutelado; a intensidade do sofrimento ou da humilhação; a possibilidade de superação física ou
psicológica; os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; a extensão e a duração dos efeitos da
ofensa; as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; o grau de dolo ou culpa; a ocorrência
de retratação espontânea; o esforço efetivo para minimizar a ofensa; o perdão, tácito ou expresso; a
situação social e econômica das partes envolvidas; o grau de publicidade da ofensa, fixando a reparação a
ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos parâmetros delimitados no referido dispositivo consolidado,
vedada a acumulação, podendo ser dobrada em caso de reincidência e não se aplicando em caso de morte. E
fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, com base nos parâmetros trazidos pelo próprio
artigo em comento.

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