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PRÁTICA SIMULADA IV

(CÍVEL)

autoras
TATIANA FERNANDES DIAS DA SILVA
CAMILLE MISSICK GUIMARÃES

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2015
Conselho editorial  solange moura; roberto paes; gladis linhares

Autora do original  tatiana fernandes dias da silva

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gladis linhares

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão de conteúdo  camille guimarães

Imagem de capa  jarek2313 | dreamstime.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

S586p Silva, Tatiana Fernandes Dias da


Prática simulada IV (Cível) / Tatiana Fernandes Dias da Silva
Rio de Janeiro : SESES, 2015.
160 p. : il.

1. Direito civil. 2. Direito Processual Civil. 3. Execução. 4. Procedimentos


especiais. 5. Recursos. I. SESES. II. Estácio.

cdd 346

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 5

1. Introdução 7

2. Tutela Provisória
de Urgência 19

2.1  Tutela Provisória de Urgência Antecipada e Tutela Provisória de


Urgência Cautelar 20

3. Tutela Provisória de Urgência Cautelar 27

3.1 Procedimento 28
3.2  Petição Inicial 34

4. Execução 43

4.1  Cumprimento de sentença 44


4.1.1  Cumprimento de sentença definitivo. Sentença por quantia certa 46
4.1.2  Defesa do executado: Impugnação 52
4.1.3  Cumprimento de sentença de pagar alimentos 60
4.2  Títulos executivos extrajudiciais 66
4.2.1  Títulos executivos extrajudiciais – Execução por quantia certa 75
4.2.2  Defesa do Executado: Embargos à execução 83
5. Procedimentos Especiais 91

5.1  Consignação em pagamento 92


5.2  Embargos de Terceiro 102
5.3  Ação Monitória 112

6. Recursos 125

6.1 Apelação 129
6.2  Agravo de Instrumento 141
6.3  Recurso Inominado 153

Referências bibliográficas 163


Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

Este manual de Prática Simulada IV, produzido com base no Novo Código
de Processo Civil, Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, tem por objetivo auxi-
liar o estudo acadêmico dos alunos do curso de Direito da Universidade Estácio
de Sá, nas aulas práticas de Civil e Processo Civil, com ênfase na elaboração das
peças prático-profissionais, quais sejam: petição inicial da tutela provisória de
urgência cautelar, execução, procedimentos especiais (ação de consignação em
pagamento, embargos de terceiro, ação monitória) e recursos (apelação, agravo
de instrumento e recurso inominado, com base na Lei n. 9.099/95).
Destina-se a oferecer um embasamento teórico para a elaboração das pe-
ças, utilizando a regra contida na legislação de ritos vigentes, relacionando o
conhecimento teórico ao prático, apresentando conceitos, normas jurídicas,
esquemas didáticos, curiosidades e questões importantes. Tudo formulado de
maneira simples, mas com a preocupação do rigor técnico, dentro da lingua-
gem jurídica adequada e ao mesmo tempo acessível.
Como bem escreveu a professora Nívea Maria Dutra Pacheco, no livro de
Prática Simulada V, “a petição é a marca de um profissional do Direito, é com
ela que se deixa a primeira impressão, por isso, deve se dispensar atenção à
apresentação, à forma e ao conteúdo de seu trabalho”. É por meio dela que o ad-
vogado e demais profissionais do Direito se dirigem aos Órgãos Jurisdicionais
em busca de proteger o direito de seu cliente.
Este material o auxiliará em sua vida acadêmica e profissional!

Bons estudos!

5
1
Introdução
O processo tem início por iniciativa da parte interessada, pois o Poder
Judiciário, na forma do artigo 2º, do Novo CPC, em homenagem ao princípio da
inércia da jurisdição, via de regra, não dá início ao processo espontaneamente.

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso


oficial, salvo as exceções previstas em lei.

O artigo 319, do Novo CPC, passa a ser o norteador para elaboração da pe-
tição inicial, cuja técnica deve ser observada rigorosamente pela parte. Assim,
a petição inicial deverá conter: o juízo a qual será dirigida (critério de compe-
tência); os nomes e os prenomes, o estado civil, a existência de união estável (se
houver), a profissão, o número da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e
a residência do autor e do réu; o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; o
pedido com as suas especificações; o valor da causa; as provas com que o autor
pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados e a opção do autor pela rea-
lização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Dispõe o artigo 319
do CPC:
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I – o juízo a que é dirigida;
II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a pro-
fissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência
do autor e do réu;
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – o pedido com as suas especificações;
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.

O artigo 320, do Novo CPC, deixa claro que a petição inicial será instruída
com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Art. 320.  A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis


à propositura da ação.

8• capítulo 1
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arti-
gos 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar
o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 dias, emen-
de ou complete a petição, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
completado. Caso o autor não cumpra a determinação judicial, o juiz indeferirá
a petição inicial.

Art. 321.  O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve
ser corrigido ou completado.
Parágrafo único.  Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a peti-
ção inicial.

Não se pode deixar de destacar a regra de indeferimento da petição inicial


contida, no artigo 330, do Novo CPC. Será indeferida a petição inicial quando:
for inepta, (isto é, lhe faltar pedido ou causa de pedir; ou o pedido for indetermi-
nado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; ou
da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; ou ainda, quando
contiver pedidos incompatíveis entre si); a parte for manifestamente ilegítima;
o autor carecer de interesse processual e não atendidas as prescrições dos arti-
gos 106 e 321 do Novo CPC.

Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando:


I – for inepta;
II – a parte for manifestamente ilegítima;
III – o autor carecer de interesse processual;
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I – lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se
permite o pedido genérico;
III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV – contiver pedidos incompatíveis entre si.

capítulo 1 •9
Art. 106.  Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número
de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de
advogados da qual participa, para o recebimento de intimações;
II – comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se
supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do
réu, sob pena de indeferimento da petição.

Art. 321.  O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve
ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a dili-
gência, o juiz indeferirá a petição inicial.

A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações


acerca dos nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência
do autor e do réu, seja possível a citação do réu.

Art. 319.  A petição inicial indicará:


[...]
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informa-
ções a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no
inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou
excessivamente oneroso o acesso à justiça.

O artigo 319, inciso I, do Novo CPC, faz referência ao juiz ou tribunal a qual a
petição inicial será dirigida, é o que se traduz, no esqueleto da peça prático pro-
fissional de endereçamento. Todas as petições terão endereçamento, onde há
a saudação ao juiz, designada pelos pronomes de tratamento “Excelentíssimo
Senhor”, e usualmente também o tratamento de “Doutor”.

10 • capítulo 1
ATENÇÃO
Para que a sua peça prático-profissional fique mais técnica, evite abreviações no endereça-
mento.

CURIOSIDADES
A Justiça Estadual é dividida em Comarcas e Varas. Uma Comarca pode ter uma Vara Única
ou ser dividida em: Varas Criminais, Varas Cíveis, Varas de Família, dentre outras. A Comarca
possui uma divisão territorial, que pode representar a área de um município ou de vários mu-
nicípios. As Varas são as divisões especializadas das Comarcas.

O que é Comarca? É o território, a circunscrição territorial, compreendida pelos limites


em que se encerra a jurisdição de um juiz de Direito.

A Justiça Federal se organiza em duas instâncias: a primeira é composta por uma Seção
Judiciária em cada estado da Federação e, na segunda instância, por cinco Tribunais Regio-
nais Federais (TRFs), que atuam nas regiões jurisdicionais e têm sede em Brasília (TRF 1ª
Região), Rio de Janeiro (TRF 2ª Região), São Paulo (TRF 3ª Região), Porto Alegre (TRF 4ª
Região) e Recife (TRF 5ª Região).

TRF 1ª Região - Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.
TRF 2ª Região - Espírito Santo e Rio de Janeiro.
TRF 3ª Região - Mato Grosso do Sul e São Paulo.
TRF 4ª Região - Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
TRF 5ª Região - Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Localizadas nas capitais dos estados, as Seções Judiciárias são formadas


por um conjunto de varas federais, onde atuam os juízes federais. Cabe a eles
o julgamento originário da quase totalidade das questões submetidas à Justiça
Federal. Há varas federais também nas principais cidades do interior desses es-
tados (nelas funcionam as Varas Únicas ou Subseções Judiciárias). Cada Seção
Judiciária está sob a jurisdição de um dos TRFs.

capítulo 1 • 11
Exemplos de endereçamento1:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR


JUSTIÇA Juiz de Direito JUIZ DE DIREITO DA... VARA... DA CO-
ESTADUAL MARCA DE...

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR


JUSTIÇA Juiz Federal JUIZ FEDERAL DA... VARA CÍVEL DA
FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DE...

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR


TRIBUNAL DE Desembarga- DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
JUSTIÇA dor Presidente TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE...

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR


TRIBUNAL Desembarga-
DESEMBARGADOR FEDERAL PRESI-
REGIONAL dor Federal
DENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FE-
FEDERAL Presidente
DERAL DA... REGIÃO

SUPERIOR Ministro Presi-


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR
TRIBUNAL DE dente
MINISTRO PRESIDENTE DO SUPE-
JUSTIÇA RIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SUPREMO Ministro Presi-


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR
TRIBUNAL dente
MINISTRO PRESIDENTE DO SUPRE-
FEDERAL MO TRIBUNAL FEDERAL

A petição inicial também deve conter o preâmbulo com a qualificação das


partes, artigo 319, inciso II do CPC, que são: os nomes, os prenomes, o esta-
do civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no

1  Quadro elaborado pela Profª. Nívea Pacheco, pág. 12. Livro de Prática Simulada V.

12 • capítulo 1
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o en-
dereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu.

CURIOSIDADE
A Lei n. 11.419/06, em seu artigo 15, dispõe sobre a informatização do processo judicial,
essa norma já fazia previsão à necessidade de se incluir o número no cadastro de pessoas
físicas ou jurídicas (CPF ou CNPJ) ao distribuir a petição inicial via eletrônica.

Art. 15.  Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte


deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o nú-
mero no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a
Secretaria da Receita Federal.

ATENÇÃO
Não se pode esquecer que o legitimado ativo, autor, ao elaborar a sua petição inicial, deve
indicar o endereço do advogado da causa, conforme determina o artigo 106, inciso I, do Novo
CPC.
Art. 106.  Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, o seu número
de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de
advogados da qual participa, para o recebimento de intimações.

capítulo 1 • 13
Exemplos de qualificação2

NOME COMPLETO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de iden-


tidade n°..., do CPF n°..., endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço comple-
to), vem por seu advogado (ou que esta subscreve), com endereço profissional..., para
fins do art. 106, I do CPC, com fulcro no artigo..., propor:

NOME COMPLETO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°... com
sede..., representado por seu diretor (nome completo), nacionalidade, estado civil, pro-
fissão, portador da carteira de identidade n°... , do CPF n°..., endereço eletrônico, domi-
ciliado..., residente (endereço completo),vem por seu advogado, com escritório... que
indica para os fins do art. 106, I do CPC, com fulcro no artigo ..., propor:

Quanto à representação, tanto no polo ativo quanto no polo passivo, é im-


portante destacar a regra contida no artigo 75 do CPC:

Art. 75.  Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente fede-
rado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem
ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus
bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administra-
dor de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. (grifos nossos)

2  Quadro inspirado no elaborado pela Profª. Nívea Pacheco, livro de Prática Simulada V.

14 • capítulo 1
No preâmbulo, ainda se tem a identificação do tipo de ação judicial e o seu
procedimento que será comum ou especial, artigo 318 do Novo CPC.

Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposi-


ção em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos de-
mais procedimentos especiais e ao processo de execução.

O artigo 319, do Novo CPC, especifica, em seu inciso III, que a petição terá
fatos e fundamentos jurídicos do pedido denominado processualmente como
causa de pedir.
Na narrativa de fatos o advogado deve se ater aos acontecimentos que ori-
ginaram o conflito, de forma cronológica, em parágrafos curtos e impessoais.
É necessário que os fatos sejam relatados de forma clara e precisa de modo a
conduzir o juiz e a parte contrária à compreensão da controvérsia.
A fundamentação jurídica expressa o raciocínio jurídico, a consequência
jurídica decorrente do fato. É aqui que se deve apresentar o(s) dispositivo(s) le-
gal(is) pertinente(s) ao caso concreto, a(s) doutrina(s) e jurisprudência(s) que
corrobora(m) como o direito da parte.

ATENÇÃO
Ao elaborar a petição o advogado deve observar o apelido iuris dos legitimados ativos e pas-
sivos disciplinados no Código, isto é, autor e réu; apelante e apelado; agravante e agravado;
exequente e executado, recorrente e recorrido e outros.

CURIOSIDADE
Caso o autor faça jus ao benefício da gratuidade de justiça ou tenha direito à prioridade de
tramitação processual, esses deverão ser narrados antes dos fatos, e o pedido de cada um
deve ser elaborado, separadamente, dentro da peça prático-profissional, no capítulo deno-
minado “pedidos”.

Quanto ao pedido que é um dos requisitos da petição inicial previsto no


artigo 319, inciso IV, do CPC, ele é o motivo da busca do jurisdicionado pela

capítulo 1 • 15
proteção do Estado na prestação da jurisdição, assim, o pedido sinaliza “para
que” se busca o judiciário e o que a parte deseja com aquela demanda.
O artigo 322, do Novo CPC, determina que o pedido deve ser certo, com-
preendendo, no principal, os juros legais, a correção monetária e as verbas de
sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. O artigo 324 consagra que
este também deve ser determinado, porém o parágrafo único do próprio artigo
permite formular pedido genérico nas hipóteses de ações universais quando o
autor não puder individuar os bens demandados; ou quando não for possível
determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; ou quando a de-
terminação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu.

Art. 322.  O pedido deve ser certo.


§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as
verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e ob-
servará o princípio da boa-fé.

Art. 324.  O pedido deve ser determinado.


§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato
ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de
ato que deva ser praticado pelo réu.

O pedido deve ser formulado de forma adequada, dentro de uma técnica


precisa, indicando, sempre que possível qual o tipo de decisão e o bem da vida
pretendido.
Seguindo a ordem cronológica de elaboração da petição inicial, após o pedi-
do, tem-se as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos,
artigo 319, inciso VI do CPC. Como já visto, a petição inicial será instruída com
os documentos indispensáveis à propositura da ação, artigo 320 do CPC.
As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os mo-
ralmente legítimos, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido
ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz, artigo 369 do Novo CPC.

16 • capítulo 1
Art. 369.  As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código,
para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.

Ao final da peça, não se pode deixar de conter o valor da causa por ser este
um requisito essencial, artigo 319, inciso V, do CPC, uma vez que toda a causa
terá um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente
aferível, artigo 291 do CPC.
Os critérios para a fixação do valor da causa deverá observar as regras conti-
das nos artigos 291 e 292 do Novo CPC, que dispõem:

Art. 291.  A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conte-
údo econômico imediatamente aferível.

Art. 292.  O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e


será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do princi-
pal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data
de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a
modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do
ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas
pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação
da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor preten-
dido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à
soma dos valores de todos eles;
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o
valor de umas e outras.
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a

capítulo 1 • 17
obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano,
e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

O fechamento, embora não seja considerado como requisito da petição ini-


cial por não estar inserido no artigo 319, do CPC, não é tido menos importante,
pois toda petição deve, ao final, conter local e data, o nome, o número da inscri-
ção do advogado junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e sua assinatu-
ra. Usualmente, antes de mencionar o local e a data, na praxe forense, usa-se a
expressão: “Pede deferimento”, “Espera deferimento” ou “Aguarda deferimen-
to”, compondo o fechamento da peça processual.

18 • capítulo 1
2
Tutela Provisória
de Urgência
2.1  Tutela Provisória de Urgência Antecipada
e Tutela Provisória de Urgência Cautelar

As tutelas de urgência estão disciplinadas na Parte Geral, Livro V, Da Tutela Pro-


visória, em seu Título II, Capítulos I, II e III do Código de Processo Civil, Lei n.
13.105 de 16 de março de 2015. De acordo com a regra disciplinada no caput do
artigo 294, do Novo CPC, existem duas tutelas provisórias, quais sejam: a tutela
provisória de urgência, que irá se estudar neste capítulo, e a tutela provisória de
evidência.

ATENÇÃO
Pelo Novo CPC a Tutela Provisória passou a ser gênero que abarca duas espécies: a Tutela
de Urgência e a Tutela de Evidência.

Art. 294.  A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.

O objeto de estudo deste livro prático é referente à tutela provisória de ur-


gência de natureza cautelar.
A redação do artigo 294, parágrafo único, do CPC afirma que há duas tutelas
de urgência uma cautelar e outra antecipada. Ambas podem ser concedidas em
caráter antecedente ou incidental. Sobre esse tema, Gustavo Assumpção desta-
ca que:
A autonomia como distinção da tutela provisória de urgência antecipada (sa-
tisfativa) e cautelar (garantidora) acaba com o Novo Código de Processo Civil,
que passa a prever o pedido antecedente autônomo de qualquer espécie de
tutela de urgência, bem como o pedido meramente incidental deverá ser feito
sem a necessidade de processo autônomo, nos termos do art. 294, parágrafo
único. (2015)

A redação do artigo 294, parágrafo único, dispõe:

Art. 294.  A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.


Parágrafo único.  A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada,
pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.

20 • capítulo 2
Assim, a lei processual admite as seguintes modalidades de Tutelas
Provisórias: - Tutela provisória de urgência cautelar antecedente;
– Tutela provisória cautelar incidente;
– Tutela provisória de urgência antecipada antecedente;
– Tutela provisória de urgência antecipada incidente;
– Tutela provisória de evidência.

A tutela de urgência antecipada tem natureza satisfativa, cujo objetivo é ga-


rantir de forma efetiva o bem jurídico. Como escreve Gustavo Garcia, a tutela de
urgência antecipada, “tem natureza satisfativa, visando a assegurar, de forma
imediata, concreta e efetiva, o bem jurídico pretendido.” A tutela de urgência
cautelar tem o fim de assegurar o resultado útil do processo principal. Tem
natureza acautelatória e, segundo Gustavo Garcia, “instrumental, pois, a rigor,
visa a tutelar o processo, e não a satisfazer o direito material”.
Como escreve Daniel Assumpção:

“Há uma sensível aproximação entre a tutela antecipada e a tutela cautelar,


não só porque ambas passam a ser legislativamente tratadas como espécies
de tutela provisória, a primeira satisfativa e a segunda acautelatória, mas por-
que naquilo que o legislador poderia tornar homogêneo o tratamento proce-
dimental de ambas assim o fez.”

Perante o novo Código de Processo Civil os requisitos de ambas as tutelas de


urgências são iguais, elas serão concedidas quando houver elementos que evi-
denciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo, artigo 300, caput do CPC.

Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
tado útil do processo.

Nesse sentido, prossegue Assumpção a narrar que ao Novo CPC, “igualará o


grau de probabilidade de o direito existir para a concessão de qualquer espécie
de tutela de urgência, independentemente de sua natureza.” E continua o au-
tor, “o art. 300, caput, ao prever que a tutela de urgência será concedida quando
forem demonstrados elementos que evidenciem a probabilidade do direito.”

capítulo 2 • 21
Fonte: http://www.osakidetza.euskadi.eus/r85-gkhsel01/es/contenidos/informa-
cion/hsel_area_urgencias/es_hsel/hospital_san_eloy.html. Acesso em: 30 abr 2015.

CURIOSIDADE
Pelo antigo CPC de 1973, Lei 5.869, os requisitos para a concessão da tutela antecipada e
da tutela cautelar eram distintos. A tutela antecipada tinha previsão específica, no artigo 273
do CPC. Determinava a norma que era requisito para o deferimento dessa tutela de urgên-
cia, a prova inequívoca, a verossimilhança das alegações e, pela regra do inciso I, o fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação e, pelo inciso II, que fique caracterizado o
abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcial-


mente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu.

No que tange à tutela de urgência cautelar, a regra consagrada, no pretérito


artigo 801, inciso IV, do CPC de 1973, indica os seguintes requisitos: a exposi-
ção sumária do direito ameaçado e o receio da lesão.

22 • capítulo 2
Art. 801 CPC/73. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição es-
crita, que indicará:
IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão.

O Enunciado n. 143, do IV Encontro do Fórum Permanente de Processualistas


Civis (FPPC), que ocorreu em dezembro de 2014, consagra que:

A redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da con-


cessão para a tutela cautelar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a
probabilidade e o perigo na demora a requisitos comuns para a prestação de
ambas as tutelas de forma antecipada.

ATENÇÃO
A probabilidade do direito refere-se ao clássico fumus boni iuris. O perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo remonta ao usual periculum in mora.

As tutelas provisórias, nesse caso em análise, as tutelas provisórias de ur-


gência antecipada e cautelar, artigo 299, caput do Novo CPC, serão requeridas
ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer
do pedido principal. Ressalvada disposição especial, na ação de competência
originária de tribunal e nos recursos, a tutela provisória será requerida ao órgão
jurisdicional competente para apreciar o mérito, parágrafo único do artigo 299
do CPC.
Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando ante-
cedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único.  Ressalvada disposição especial, na ação de competência
originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao ór-
gão jurisdicional competente para apreciar o mérito.

Assumpção destaca que “o legislador prestigiou a competência funcional


gerada pelo caráter acessório dessa espécie de tutela com relação à tutela defi-
nitiva (principal).”
O § 1o, do artigo 300, do Novo CPC, consagra a possibilidade do juiz, para
conceder a tutela de urgência, exigir caução real ou fidejussória idônea para

capítulo 2 • 23
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer. A norma esclarece ainda
que a caução poderá ser dispensada se a parte economicamente hipossuficien-
te não puder oferecê-la.

Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
tado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte econo-
micamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

Sobre este tema, destaca Gustavo Assumpção que:

“Aplica-se nesse caso o princípio da isonomia real, com tratamento distinto


para os diferentes, garantindo-se a concessão de tutela provisória em favor
daqueles que não têm condições patrimoniais de garantir o juízo. Cabe ao juiz,
no caso concreto, efetivo controle a respeito da hipossuficiência econômica
do autor para que a nova norma não acarrete abusos.”

Merece destaque a regra contida, no § 2º, do artigo 300, do CPC, que deter-
mina que a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justi-
ficação prévia. Aqui, o termo liminarmente possui significado de “desde já” e
“presta a designar o momento inicial do procedimento, mais precisamente o
momento anterior à citação do réu” (Assumpção. 2015).
Sobre a concessão da tutela de urgência após a audiência de justificação
prévia, analisa o autor que “como o réu naturalmente não será citado e intima-
do para participar da audiência de justificação, a eventual concessão da tute-
la de urgência após a oitiva das testemunhas do autor não retira sua natureza
liminar.”

Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
tado útil do processo.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justifica-
ção prévia.

24 • capítulo 2
E no que tange à tutela de urgência antecipada, o artigo 300, § 3º, do CPC,
destaca que essa não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade
dos efeitos da decisão.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
tado útil do processo.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

ATENÇÃO
Pela redação do artigo 1.015, inciso I, do Novo CPC, caberá o recurso de Agravo de Instru-
mento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre as tutelas provisórias.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias


que versarem sobre:

Fonte: http://jornalismob.com/2014/03/07/grupo-rbs-e-condenado-por-da-
nos-morais-causados-a-adolescente/ Acesso em: 30 abr 2015.

capítulo 2 • 25
A redação do artigo 302, do Novo CPC, deixa clara a responsabilização do
beneficiado pelo deferimento da tutela de urgência quando a efetivação des-
sa causar prejuízo à parte adversa. Elucida a redação do artigo ao afirmar que,
independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo
prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se a sen-
tença lhe for desfavorável; ou ainda, obtida liminarmente a tutela em caráter
antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no
prazo de 5 dias; ou quando, ocorrer a cessação da eficácia da medida em qual-
quer hipótese legal e, no caso do juiz acolher a alegação de decadência ou pres-
crição da pretensão do autor.
Tendo o beneficiário o dever de indenizar essa será liquidada nos autos
em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível, segundo determi-
na o parágrafo único, do artigo 302 do Novo CPC.

Art. 302.  Independentemente da reparação por dano processual, a parte res-


ponde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte
adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os
meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do
autor.
Parágrafo único.  A indenização será liquidada nos autos em que a medida
tiver sido concedida, sempre que possível.

Sobre esse tema Gustavo Assumpção esclarece que essa responsabilidade é


objetiva “do beneficiado pela concessão da tutela de urgência.”

26 • capítulo 2
3
Tutela Provisória de
Urgência Cautelar
3.1  Procedimento
Conforme determina a redação do artigo 305, do Novo CPC, a petição inicial
da ação que visa à prestação de tutela cautelar, em caráter antecedente, indi-
cará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.  O réu
será citado para, no prazo de 5 dias, contestar o pedido e indicar as provas que
pretende produzir, artigo 306, caput, do Novo CPC, e, não sendo contestado o
pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocor-
ridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 dias, artigo 307, caput do Novo
CPC. Agora, contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento
comum, parágrafo único, do artigo 307, do Novo CPC.

Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar, em
caráter antecedente, indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.

Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedi-
do e indicar as provas que pretende produzir.

Art. 307.  Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor pre-
sumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá
dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único.  Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o proce-
dimento comum.

ATENÇÃO
Sobre o procedimento comum, é bom destacar que esse se aplica a todas as causas, salvo
disposição em contrário desse Código ou de lei. Ainda será aplicado subsidiariamente aos
demais procedimentos especiais e ao processo de execução.

28 • capítulo 3
Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposi-
ção em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos de-
mais procedimentos especiais e ao processo de execução.

A tutela provisória de natureza cautelar, assim como as demais tutelas pro-


visórias, artigo 299, caput, do Novo CPC, como já visto, serão requeridas ao
juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do
pedido principal. Ressalvada disposição especial, na ação de competência ori-
ginária de tribunal e nos recursos, a tutela provisória será requerida ao órgão
jurisdicional competente para apreciar o mérito, conforme dispõe o parágrafo
único, do artigo 299, do Novo CPC.

Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando ante-
cedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único.  Ressalvada disposição especial, na ação de competência
originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao ór-
gão jurisdicional competente para apreciar o mérito.

Uma vez efetivada a tutela cautelar, artigo 308, caput, do Novo CPC, o pe-
dido principal terá que ser formulado pelo legitimado ativo (autor), no prazo
de 30 dias, devendo ser apresentado nos mesmos autos em que foi elaborado
o pedido da tutela de urgência cautelar, não dependendo do adiantamento de
novas custas processuais.
O artigo 308, § 1º, do Novo CPC, admite que o pedido principal pode ser
formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar e, a causa de pedir
poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal (§ 2º, artigo
308 do CPC).

Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo
do adiantamento de novas custas processuais.
§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de
tutela cautelar.
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do
pedido principal.

capítulo 3 • 29
Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência
de conciliação ou de mediação, na forma do artigo 334, do Novo CPC, isto é, o
juiz designará a audiência com antecedência mínima de 30 dias, devendo ser
citado o réu com pelo menos 20 dias de antecedência, por seus advogados ou
pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu, artigo 308, § 3º do CPC.

Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será apresentado nos mes-
mos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais.
§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiên-
cia de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados
ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu.

Art. 334.  Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o
caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de con-
ciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias, devendo ser
citado o réu com pelo menos 20 dias de antecedência.

Caso, realizada a audiência, não haja autocomposição, artigo 308, § 4º do


CPC, o prazo para contestação será contado na forma do artigo 335 do Novo
CPC, que dispõe que o réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo
de 15 dias, cujo termo inicial será a data da audiência de conciliação ou de me-
diação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não compa-
recer ou, comparecendo, não houver autocomposição, artigo 335, inciso I do
Novo CPC.

Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo
do adiantamento de novas custas processuais.
§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado
na forma do art. 335.

Art. 335.  O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15


(quinze) dias, cujo termo inicial será a data:

30 • capítulo 3
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conci-
liação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver
autocomposição;
II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou
de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, §
4o, inciso I;
III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos
demais casos.

É oportuno lembrar que, pela regra descrita, no artigo 300, do Novo CPC, a
tutela de urgência, tanto cautelar quanto antecipada, será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo. Para a concessão de cada uma delas
(tutela cautelar ou tutela antecipada), o juiz poderá exigir caução real ou fide-
jussória para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer.
Cabe esclarecer que a caução poderá ser dispensada se a parte economica-
mente hipossuficiente não puder oferecê-la.
Como já visto no item anterior, a tutela de urgência, seja ela cautelar ou an-
tecipada, pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia, artigo
300, § 2º do Novo CPC.

Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
tado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte econo-
micamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justifica-
ção prévia.

Caso o magistrado entenda (artigo 305, parágrafo único do Novo CPC) que
o pedido antecedente elaborado pelo legitimado ativo de tutela cautelar tem na
verdade natureza de tutela antecipada, ele observará o procedimento previsto
para essa espécie de tutela de urgência, conforme a redação do artigo 303, e
seus parágrafos do Novo CPC.

capítulo 3 • 31
Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.

CURIOSIDADE
Procedimento previsto no artigo 303, do CPC, para a tutela de urgência antecipada: Nos
casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode
limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a
exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resulta-
do útil do processo. Concedida a tutela antecipada, o autor deverá aditar a petição inicial, com
a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação
do pedido de tutela final, em 15 dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar. Caso o ma-
gistrado entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, determinará
a emenda da petição inicial em até 5 dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser
extinto sem resolução de mérito, §1o e § 6o, do artigo 303, do CPC.

Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da


ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada
e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito
que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
processo.
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua
argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido
de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de media-
ção na forma do art. 334;
III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na
forma do art. 335.
[...]
§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela ante-

32 • capítulo 3
cipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até
5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem
resolução de mérito.

A tutela de urgência de natureza cautelar, art. 301, do Novo CPC,  poderá


ser efetivada mediante sequestro, arrolamento de bens, arresto, registro de
protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asse-
guração do direito da parte. Sobre esse tema, acredita Gustavo Assumpção ser
“absolutamente irrazoável nomear algumas medidas cautelares”, conforme a
exemplificação do artigo 301 do CPC. “De qualquer modo, ao prever tais me-
didas apenas exemplificativamente, correta a conclusão do Enunciado 31 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): O poder geral de cautela
está mantido no NCPC.”

Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada me-
diante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra
alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do di-
reito.

A eficácia da tutela de urgência cautelar, concedida em caráter antecedente


terá cessada a sua eficácia quando: o autor não deduzir o pedido principal no
prazo legal; não for efetivada dentro de 30 dias; o juiz julgar improcedente o
pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução
de mérito. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado
à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.
E ainda, o indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule
o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do inde-
ferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição, artigo 310 do
Novo CPC.

Art. 309.  Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:


I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou ex-
tinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único.  Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar,
é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.

capítulo 3 • 33
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o
pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indefe-
rimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.

3.2  Petição Inicial


A petição inicial da ação que objetiva a prestação da tutela de urgência de na-
tureza cautelar, deve seguir o que dispõe a regra estabelecida no artigo 305, do
CPC, isto é, deve indicar a lide, a fundamentação jurídica, a exposição sumária
do direito e perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.

Art. 319.  A petição inicial indicará:


I – o juízo a que é dirigida;
II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a pro-
fissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência
do autor e do réu;
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – o pedido com as suas especificações;
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.

O prazo para o legitimado passivo, réu, oferecer a sua resposta será de 5


dias, artigo 306 do CPC. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo
autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz deci-
dirá dentro de 5 dias, artigo 307 do CPC.

34 • capítulo 3
Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedi-
do e indicar as provas que pretende produzir.
Art. 307.  Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor pre-
sumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá
dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único.  Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o proce-
dimento comum.

Uma vez efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formu-
lado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será apresentado nos mes-
mos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais. Importante ressaltar que o pedido
principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar,
e a causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido
principal, artigo 308, caput e § 1º e § 2º do CPC.

Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo
do adiantamento de novas custas processuais.
§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de
tutela cautelar.
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do
pedido principal.

Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência


de conciliação ou de mediação, artigo 308, §3º do CPC. Não havendo autocom-
posição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.

Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo
do adiantamento de novas custas processuais.
§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiên-
cia de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados
ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu.
§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado
na forma do art. 335.
capítulo 3 • 35
ATENÇÃO
Cessa a eficácia da tutela cautelar concedida em caráter antecedente, se o autor não deduzir
o pedido principal no prazo legal ou não for efetivada dentro de 30 dias ou ainda, o juiz julgar
improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução
de mérito. Se por qualquer um desses motivos cessar a eficácia da tutela de urgência de
natureza cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento, artigo 309
do CPC.

Art. 309.  Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:


I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou ex-
tinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único.  Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar,
é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.

ATENÇÃO
O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem
influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de de-
cadência ou de prescrição, artigo 310 do CPC.

Esqueleto da peça prático profissional – Tutela de Urgência Cautelar

MODELO: PEÇA PROCESSUAL – TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR

(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (juízo a qual
será distribuída
(juízo a qual será distribuída)
(espaço de 10 linhas)

AUTOR (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão, por-


tador da identidade n°..., inscrito no CPF n °..., endereço eletrônico, domici-

36 • capítulo 3
liado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado, com endereço
profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo
106, inciso I do CPC, com fundamento no artigo 305 e seguintes do CPC, propor:
(espaço de uma linha)

AÇÃO... COM PEDIDO DE TUTELA CAUTELAR

(espaço de uma linha)

em face do REÚ (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da carteira de identidade n°..., inscrito no CPF n °..., endereço ele-
trônico, domiciliado ..., residente (endereço completo), pela lide e funda-
mentos a seguir:
(espaço de duas linhas)

DA LIDE

(espaço de uma linha)


(espaço de duas linhas)

DOS FUNDAMENTOS
(espaço de uma linha)

Nesse sentido é a doutrina: (inserir a doutrina, usar recuo de margem por


se tratar de citação, identificar o julgado)
Nesse sentido é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: (inserir a jurispru-
dência, usar recuo de margem por se tratar de citação, identificar o julgado)
A EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DO DIREITO QUE SE OBJETIVA ASSEGURAR (fu-
mus boni iuris) E O PERIGO DE DANO /OU O RISCO AO RESULTADO ÚTIL
DO PROCESSO (periculum in mora)
(espaço de duas linhas)

DOS PEDIDOS
(espaço de uma linha)

Diante do exposto, requer:


a) Que seja concedida liminarmente a tutela cautelar para...

capítulo 3 • 37
b) Citação do réu para contestar a demanda no prazo de 5 dias.
c) Condenação do réu aos ônus da sucumbência

(espaço de uma linha)

DAS PROVAS
Requer a produção de provas, conforme artigo 369 do CPC, especialmente
documental.
(espaço de uma linha)

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor por extenso)
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.º... (sigla do Estado da Federação e nú-
mero da OAB)

Caso concreto – tutela provisória de urgência de natureza cautelar

Maria e José são casados há 10 anos, na constância do matrimônio adquiriram


uma casa de praia, uma casa de campo, o imóvel em que residem em Copaca-
bana ( Rio de Janeiro), três carros, aplicações financeiras com ações do Banco
do Brasil dentre outras que Maria não sabe especificar. Ocorre que o casal, após
diversas discussões, resolveu divorciar. José, com o objetivo de não partilhar
os automóveis com Maria, colocou-os à venda em jornais de grande circulação
local.
Diante do narrado, Maria procura você, advogado, para elaborar a peça cabí-
vel à defesa dos seus interesses.

38 • capítulo 3
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DE
FAMÍLIA ....

MARIA (NOME COMPLETO), nacionalidade, casada, profissão, porta-


dora do RG n°... e inscrita no CPF n °..., endereço eletrônico, domiciliada da
cidade do Rio de Janeiro, residente na rua (endereço completo), Copacaba-
na, vem por seu advogado, com endereço profissional na..., bairro..., cida-
de..., Estado..., que indica para os fins do artigo 106, inciso I do CPC, com
fundamento no artigo 305 e seguintes do CPC, propor:

AÇÃO DE DIVÓRCIO COM PEDIDO DE TUTELA CAUTELAR

em face de JOÃO (NOME COMPLETO), nacionalidade, casado, profissão,


portador do RG n°..., inscrito no CPF n °..., endereço eletrônico, domicilia-
do na cidade do Rio de Janeiro, residente (endereço completo), Copacabana,
pela lide e fundamentos a seguir:

DA LIDE

A autora e casada com o réu há 10 anos, na constância do matrimônio


adquiriram uma casa de praia, uma casa de campo, o imóvel em que o casal
reside em Copacabana, Rio de Janeiro, três carros, aplicações financeiras
como ações do Banco do Brasil dentre outras que a autora não sabe especi-
ficar.
Ocorre que o casal após diversas discussões resolveram divorciar. O
réu, com o objetivo de não partilhar os automóveis com a autora colocou-os
à venda em jornais de grande circulação local.

DOS FUNDAMENTOS

O caso em tela tem amparo legal no artigo Art 2º, inciso IV da Lei
6.515/77, que dispõe que a sociedade conjugal termina com o divórcio e ain-

capítulo 3 • 39
da o artigo 24 da citada lei que estabelece que o divórcio põe termo ao casa-
mento e aos efeitos civis do matrimônio religioso.
O Código Civil, em seu artigo 1.658 ainda disciplina que o regime de
comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na
constância do casamento, sendo assim, a autora é meeira de todos os bens
adquiridos na constância do matrimônio.

DA EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DO DIREITO QUE SE OBJETIVA ASSEGURAR E O


PERIGO DE DANO

Verifica-se a exposição sumária do direito ameaçado (fumus boni iu-


ris), uma vez que autora é meeira de todo o patrimônio adquirido na cons-
tância do casamento, isto é, tem direito a metade do patrimônio do casal.
O perigo de dano (periculum in mora) está presente uma vez que o réu
objetiva vender os três carros do casal com o objetivo de não partilhar com
a autora.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) Que seja concedida liminarmente a tutela cautelar para o arrolamen-
to de todo o patrimônio adquirido pela autora e o réu.
b) Citação do réu para, no prazo de 5 dias, contestar o pedido da autora.
c) Intimação do Ministério Público.
d) Condenação do réu aos ônus da sucumbência

DAS PROVAS
Requer a produção de provas, conforme artigo 369 do CPC, especial-
mente documental.

40 • capítulo 3
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ .... (valor do patrimônio a partilhar)

Espera deferimento.
Local e data.

Advogado
OAB/UF n.º...

capítulo 3 • 41
42 • capítulo 3
4
Execução
4.1  Cumprimento de sentença
Com o fito de gerar efetividade e celeridade na prestação jurisdicional, o cum-
primento de sentença adotou a forma de processo sincrético. Sincretismo sig-
nifica a fusão de dois ou mais elementos antagônicos em um único elemento.
Assim, a expressão processo sincrético vem como sinônimo de celeridade. No
que tange ao Processo Civil significa dizer que tanto a fase de cognição quan-
to a fase de execução se realizam em um mesmo processo para que ocorra a
rápida e efetiva solução da lide.
Segundo a lei de ritos, artigo 515, do Novo CPC, são títulos executivos judi-
ciais: as decisões proferidas, no processo civil, que reconheçam a exigibilidade
de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; a
decisão homologatória de autocomposição judicial; a decisão homologatória
de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; o formal e a certidão
de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título singular ou universal; o crédito de auxiliar da justiça, quan-
do as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão
judicial; a sentença penal condenatória transitada em julgado; a sentença ar-
bitral; a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; a
decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta roga-
tória pelo Superior Tribunal de Justiça.
Nas hipóteses da sentença penal condenatória transitada em julgado e da
decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta roga-
tória pelo Superior Tribunal de Justiça, o devedor será citado no juízo cível para
o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 dias.

Art. 515.  São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acor-
do com os artigos previstos neste Título:
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade
de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II – a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer
natureza;
IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventa-
riante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou hono-

44 • capítulo 4
rários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII – a sentença arbitral;
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à
carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o
cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.

O cumprimento da sentença, dependendo da hipótese, ocorrerá: perante os


tribunais, nas causas de sua competência originária; perante o juízo que deci-
diu a causa no primeiro grau de jurisdição; no juízo cível competente, quando
se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença es-
trangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Nos casos do juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição e ju-
ízo cível competente quando se tratar de sentença penal condenatória, de sen-
tença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal
Marítimo, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado,
pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo
do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em
que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem, tudo
conforme artigo 516 e incisos do Novo CPC.

Art. 516.  O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:


I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condena-
tória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido
pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único.  Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar
pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se en-
contrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos
autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

capítulo 4 • 45
CURIOSIDADE
Artigo 519 do Novo CPC: “Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença,
provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela
provisória.”

ATENÇÃO
O caput do artigo 513, do Novo CPC, consagra a regra de aplicação subsidiária do processo
de execução descrito no Livro II da Parte Especial do Código.
Ainda sob a égide desse artigo (art. 513 do CPC), o § 1o elucida que o cumprimento da
sentença que reconhece o dever de pagar quantia certa, seja provisório ou definitivo, depen-
derá do requerimento do exequente.

Art. 513.  O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste


Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o
disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia,
provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.

4.1.1  Cumprimento de sentença definitivo. Sentença por quantia


certa

No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso


de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença
far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o
débito, no prazo de 15 dias, acrescido, se houver, das custas processuais, artigo
523 do CPC.
O artigo 523, caput do CPC está ligado ao Princípio da Inércia da Jurisdição
para o cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa, pois o
início da execução ocorre por provocação do exequente.
Se o executado não fizer o pagamento voluntário em 15 dias, o valor devido
será acrescido de multa de 10% e, também, de honorários de advogado de 10%.

46 • capítulo 4
CURIOSIDADE
O STJ sumulou sobre os honorários advocatícios na fase de cumprimento de sentença. Sú-
mula 517: “São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a
intimação do advogado da parte executada.”

Trata-se aqui de medida coercitiva para pressionar o executado a cumprir a


obrigação de pagar a quantia devida, parágrafo § 1º, artigo 523 do CPC.
Caso o executado faça o pagamento parcial, dentro deste prazo (15 dias), a
multa e os honorários incidirão sobre o restante, conforme dispõe o parágrafo
§ 2º, artigo 523 do CPC.
Não efetuado, dentro do prazo de 15 dias, o pagamento espontâneo pelo
exequente, será expedido mandado de penhora e avaliação, do artigo 523, § 3º 
do CPC.

Art. 523.  No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquida-


ção, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento defi-
nitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado
intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de cus-
tas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será
acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado
de dez por cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os
honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante.
§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido,
desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expro-
priação.

A petição de requerimento do exequente para o cumprimento definitivo da


sentença será instruída com demonstrativo discriminado e atualizado do cré-
dito, devendo conter: o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do
executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º; o índice de correção

capítulo 4 • 47
monetária adotado; os juros aplicados e as respectivas taxas; o termo inicial e
o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; a periodicidade da
capitalização dos juros, se for o caso; especificação dos eventuais descontos
obrigatórios realizados; a indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que
possível (artigo 524, e incisos do CPC).

CURIOSIDADE
O demonstrativo discriminado e atualizado do crédito do exequente, disciplinado no artigo
524, caput do Novo CPC, trata-se de exigência formal do cumprimento de sentença por
quantia certa.

Quando o valor apontado no demonstrativo apresentado pelo exequente,


aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo
valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz enten-
der adequada, § 1º, do artigo 524 do CPC.

Art. 524.  O requerimento previsto, no art. 523, será instruído com demonstra-
tivo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado,
observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
§ 1o Quando o valor apontado, no demonstrativo, aparentemente exceder os
limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a
penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.
§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do
juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se
outro lhe for determinado.

48 • capítulo 4
CURIOSIDADE
O Novo CPC faz previsão “a aplicação de medidas de execução indireta, por meio do qual
se busca o cumprimento voluntário da obrigação pelo devedor, utilizando-se de meios de
pressão para que assim ocorra.
Nesse sentido, o art. 517 dispõe que a decisão judicial transitada em julgado pode ser
levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntá-
rio (previsto no art. 523 do CPC).
Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.”
(GARCIA. 2015).

Art. 517.  A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protes-
to, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntá-
rio previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de
teor da decisão.

Esqueleto de peça prático profissional

MODELO: PEÇA PROCESSUAL – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. (fonte 14


Times New Roman, espaçamento 1,5)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


... (juízo a qual o cumprimento da sentença deve ser dirigido)
(espaço de 5 linhas)
Processo n....

(espaço de 5 linhas)

EXEQUENTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


carteira de identidade n..., inscrita no CPF n..., endereço eletrônico, domi-
ciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado, nos autos
da AÇÃO..., movida em face do EXECUTADO (NOME COMPLETO), naciona-
lidade, estado civil, profissão, carteira de identidade n..., inscrita no CPF n...,
endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), com fun-
damento no artigo 523 e seguintes do CPC, requerer:

capítulo 4 • 49
(espaço de uma linha)
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
(espaço de uma linha)
pelas razões a seguir expostas:
(espaço de duas linhas)
O exequente propôs ação de... em face do executado para...
Com o transito em julgado da sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito
da..., que determinou que o executado..., este não cumpriu o determinado...
(narrar o que está levando o exequente ao cumprimento da sentença)
Conforme demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, em ane-
xo, foi utilizado para cálculo do quantum devido o índice de correção mo-
netária..., os juros... e respectivas taxas, a contar como termo inicial o dia...,
mês..., ano... e o termo final o dia..., mês... e ano... (preencher na narrativa os
incisos do artigo 524 do CPC).
(espaço de uma linha)
DO PEDIDO
(espaço de uma linha)
Diante do exposto, requer:
1) Que seja o executado intimado para pagar ao exequente a quantia de
R$... (determinar), no prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10% sobre o va-
lor devido e ainda honorários de advogado de 10%.
2) Não havendo o pagamento, que seja expedido mandado de penhora
e avaliação dos bens...

(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua as-


sinatura).
OAB/UF n... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

50 • capítulo 4
Caso concreto – Cumprimento de sentença

Mario Silveira ajuizou ação de indenização em face de Janete Cunha. O pedi-


do foi julgado procedente e, após o transito em julgado da decisão, Janete não
cumpriu a obrigação. Mario procura você, advogado, para elaborar a peça pro-
cessual adequada à defesa dos seus interesses.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


... VARA CÍVEL...

Processo n....

MÁRIO SILVEIRA, nacionalidade, estado civil, profissão, carteira de


identidade n..., inscrita no CPF n..., endereço eletrônico, domiciliado..., re-
sidente (endereço completo), vem por seu advogado, nos autos da AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO, movida em face de JANETE CUNHA, nacionalidade, estado
civil, profissão, carteira de identidade n..., inscrita no CPF n..., endereço ele-
trônico, domiciliado..., residente (endereço completo), com fundamento no
artigo 523 e seguintes do CPC, requerer:

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

pelas razões a seguir expostas:

O exequente propôs ação de indenização em face da executada para rece-


ber a quantia de R$... (determinar).
Com o trânsito em julgado da sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito
da... Vara Cível da Comarca de..., que determinou que a executada pagasse ao
exequente a quantia de R$... (determinar), esta não cumpriu o estipulado na
sentença.
Conforme demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, em ane-
xo, foi utilizado para cálculo do quantum devido o índice de correção mo-
netária..., os juros... e respectivas taxas, a contar como termo inicial o dia...,
mês..., ano... e o termo final o dia..., mês... e ano...

capítulo 4 • 51
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
1) Que seja a executada intimada para pagar ao exequente a quantia de
R$... (determinar), no prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10% sobre o va-
lor devido e ainda honorários de advogado de 10%.
2) Não havendo o pagamento, que seja expedido mandado de penhora
e avaliação dos seguintes bens da exequente... (determinar).

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

4.1.2  Defesa do executado: Impugnação

O executado poderá defender-se ao cumprimento de sentença efetuado pelo


exequente através da peça processual denominada impugnação.
Transcorrido o prazo em que o executado é intimado para pagar o débito
(15 dias) e este não o realiza voluntariamente, inicia-se o prazo de 15 dias para
que este, independentemente de penhora ou de nova intimação, apresente, nos
próprios autos, a impugnação, artigo 525, caput do Novo CPC.
Daniel A. Assumpção Neves deixa claro que a “impugnação é alegada nos
próprios autos, tratando-se de defesa incidental do executado”.
Na impugnação, conforme o § 1º, do artigo 525, do CPC, o executado poderá
alegar em sua defesa: falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento,
o processo correu à revelia; ilegitimidade de parte; inexequibilidade do título
ou inexigibilidade da obrigação; penhora incorreta ou avaliação errônea; exces-
so de execução ou cumulação indevida de execuções; incompetência absoluta
ou relativa do juízo da execução; qualquer causa modificativa ou extintiva da
obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição,
desde que supervenientes à sentença.

52 • capítulo 4
Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto, no art. 523, sem o pagamento volun-
tário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo cor-
reu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes
à sentença.

Esclarece Neves que “tratando-se de execução fundada em título executivo


judicial, naturalmente o executado não pode alegar toda e qualquer matéria em
sua defesa, em respeito à coisa julgada material e à eficácia preclusiva da coisa
julgada.”
Quando o executado alegar que o exequente agiu com excesso de execução
por pleitear quantia superior à resultante da sentença, deve o executado de-
clarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado do cálculo. Caso o executado não determine o valor
correto ou não apresente o demonstrativo, a impugnação será liminarmente
rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, caso existam
outros fundamentos, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará
a alegação de excesso de execução, tudo conforme determinado nos §§ 4º e 5º, 
do artigo 525, do Novo CPC.

Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto, no art. 523, sem o pagamento volun-
tário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.
[...]
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução,
pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de

capítulo 4 • 53
imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discrimi-
nado e atualizado de seu cálculo.
§ 5o Na hipótese do § 4o, não apontado o valor correto ou não apresentado
o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de
execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será
processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.

A apresentação pelo executado da impugnação não impede a prática dos


atos de execução, sendo assim, o executado poderá requerer ao juiz, desde que
garantido o juízo com penhora, caução ou depósito, o efeito suspensivo a im-
pugnação, contanto que os fundamentos sejam relevantes e o prosseguimento
da execução for manifestamente suscetível a causá-lo grave dano de difícil ou
incerta reparação, conforme dispõe o § 6º, do artigo 525, do CPC.
O § 7º,  do artigo 525, do CPC elucida que o deferimento do efeito suspensi-
vo a impugnação não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço
ou de redução da penhora e de avaliação dos bens. Nos casos em que oferecida
à impugnação pelo executado e o efeito suspensivo for concedido apenas à par-
te do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante (artigo 525,
§ 8º do CPC).

Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto, no art. 523, sem o pagamento volun-
tário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.
[...]
§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executi-
vos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executa-
do e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficien-
tes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se
o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao
executado grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º não impedirá a
efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e
de avaliação dos bens 
§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito ape-
nas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.

54 • capítulo 4
ATENÇÃO
Cabe esclarecer, artigo 525, § 9o do CPC, que quando há pluralidade de executados e um de-
les oferece a impugnação com pedido de efeito suspensivo e deferido pelo juiz, a execução
não será suspensa contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser
respeito exclusivamente ao impugnante.

Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto, no art. 523, sem o pagamento volun-
tário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.
[...]
§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos
executados não suspenderá a execução contra os que não impugnaram,
quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impug-
nante.

Mesmo quando atribuído o efeito suspensivo à impugnação apresentada


pelo executado, é lícito ao exequente requerer o andamento da execução, desde
que ofereça e preste caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz, confor-
me se verifica na redação do artigo 525, § 10° do CPC.

Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento volun-
tário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independen-
temente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.
[...]
§ 10o  Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exe-
quente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos
próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.

capítulo 4 • 55
CURIOSIDADE
O novo CPC faz previsão expressa no caput do artigo 526 que, “é lícito ao réu, antes de ser
intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o
valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo.”
Quando isso ocorre, na forma do § 1o, do artigo 526, do CPC, “o autor será ouvido no
prazo de 5 dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do
depósito a título de parcela incontroversa.”
Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito do executado, sobre a diferença dos
valores será incidido multa de 10% e honorários advocatícios, também fixados em 10%,
seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes.

Art. 526.  É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sen-
tença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender
devido, apresentando memória discriminada do cálculo.
§ 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o va-
lor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela
incontroversa.
§ 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença inci-
dirão multa de dez por cento e honorários advocatícios, também fixados em
dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes.
§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extin-
guirá o processo.

CURIOSIDADE
Outra curiosidade importante para se destacar é sobre a cobrança de honorários de advoga-
do na impugnação. Sobre o tema a Súmula 519 do STJ dispõe: “Na hipótese de rejeição da
impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis honorários advocatícios.”

56 • capítulo 4
Esqueleto de peça prático profissional

MODELO: PEÇA PROCESSUAL – IMPUGNAÇÃO. (fonte 14 Times New Ro-


man, espaçamento 1,5)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


... (juízo a qual a impugnação deve ser dirigida, isto é, própria vara onde está
em trâmite o cumprimento da sentença)

(espaço de 5 linhas)
Processo n...

(espaço de 5 linhas)

EXECUTADO (NOME COMPLETO), já qualificado, vem por seu advogado,


com base no artigo 525 e seguintes do CPC, oferecer:

(espaço de uma linha)

IMPUGNAÇÃO

(espaço de uma linha)

ao CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, apresentado pelo EXEQUENTE (NOME


COMPLETO), já qualificado, pelas razões a seguir expostas:

(espaço de duas linhas)

O exequente apresentou cumprimento de sentença a este juízo para co-


brar do executado a quantia de R$... (determinar) (narrar a defesa do executa-
do com base no artigo 525, § 1° do Novo CPC)

(espaço de uma linha)

capítulo 4 • 57
DO PEDIDO

(espaço de uma linha)

Diante do exposto, requer:


1. Intimação do exequente.
2. Que seja acolhida a presente impugnação com a consequente extinção
da execução.
3. Condenação do exequente em honorários de sucumbência.

(espaço de uma linha)

PROVAS
Requer prova documental.

(espaço de duas linhas)

Espera deferimento.

(espaço de uma linha)

Local e data.

(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

Caso concreto – Impugnação

Mario Silveira ajuizou ação de indenização em face de Janete Cunha. O pedi-


do foi julgado procedente e, após o trânsito em julgado da decisão, Janete não

58 • capítulo 4
cumpriu a obrigação. Mario então deu início à fase de cumprimento de senten-
ça. Ocorre que Mário está cobrando a dívida de Janete à Janice Cunha, irmã da
devedora. Diante do narrado, Janice procura você, advogado, para elaborar a
peça processual cabível a defesa dos seus interesses.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


... VARA CÍVEL...

Processo n...

JANICE CUNHA, já qualificada, vem por seu advogado, com base no artigo
525 e seguintes do CPC, oferecer:

IMPUGNAÇÃO

ao CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, apresentado por MÁRCIO SILVEIRA, já


qualificado, pelas razões a seguir expostas:

DO EFEITO SUSPENSIVO

Cabe no caso em tela o efeito suspensivo a presente impugnação, confor-


me artigo 525, § 6° do CPC, uma vez que a executada não é parte legítima na
presente execução. Assim, caso a execução prossiga, poderá causar a execu-
tada grave dano de difícil reparação, pois será expropriada de seus bens sem
ser a verdadeira devedora do executado.

DA ILEGITIMIDADE DE PARTE

O exequente propôs ação de indenização em face da irmã da executada.


Transita em julgado a sentença, o exequente apresentou cumprimento de
sentença a este juízo para cobrar da executada a quantia de R$... (determinar).
Ocorre que a devedora do exequente não é a executada, mas sim sua irmã
Janete Cunha, havendo assim, ilegitimidade da parte, conforme dispõe o ar-
tigo 525, inciso II do CPC.

capítulo 4 • 59
DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:


1. Que seja concedido o efeito suspensivo a presente impugnação.
2. Que seja intimado o exequente.
3. Que seja acolhida a presente impugnação verificando-se a ilegitimidade
da executada com a consequente extinção da execução.
4. Condenação do exequente em honorários de advogado.

PROVAS

Requer prova documental.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n...

4.1.3  Cumprimento de sentença de pagar alimentos

O cumprimento de sentença de pagar alimentos aplica-se aos alimentos defi-


nitivos ou provisórios. Aqui, a indicação dos termos definitivos ou provisórios
teve apenas o condão de determinar a forma de autuação da execução, pois o
cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos
mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença, artigo 531, caput e §
2º do CPC. Contudo, a execução dos alimentos provisórios e dos alimentos fi-
xados em sentença, mas ainda não transitada em julgado, será processada em
autos apartados, § 1º, do artigo 531 do CPC.

Art. 531.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou


provisórios.

60 • capítulo 4
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fi-
xados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos
apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será proces-
sado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.

No cumprimento de sentença que condena ao pagamento de alimentos ou


de decisão interlocutória que fixa os alimentos provisórios, o magistrado, a re-
querimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para,
em 3 dias, pagar o débito, ou provar que já o fez ou ainda justificar a impossibi-
lidade de efetuá-lo, artigo 528, caput do Novo CPC.
Se o executado, no prazo de 3 dias, não efetuar o pagamento, ou não provar
que o efetuou ou não apresentar justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o
juiz mandará protestar o pronunciamento judicial. Aqui, no que couber (artigo
528, § 1º do CPC), será aplicada a regra consagrada no artigo 517, do Novo CPC,
que dispõe:

Art. 517.  A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protes-
to, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntá-
rio previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de
teor da decisão.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três)
dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o nú-
mero do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para paga-
mento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão
exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a
anotação da propositura da ação à margem do título protestado.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determina-
ção do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três)
dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada
a satisfação integral da obrigação.

Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pa-


gar justificará o inadimplemento, conforme preceitua os § § 1º e 2º, do artigo
528 do CPC.

capítulo 4 • 61
Caso o executado não venha a pagar os alimentos devidos ao exequente ou
se a justificativa apresentada por aquele não for aceita pelo magistrado, esse
além de mandar protestar o pronunciamento judicial, decretará a prisão do
executado pelo prazo de 1 a 3 meses, § 3°, do artigo 528 do CPC.
A prisão do devedor de alimentos será cumprida em regime fechado, de-
vendo ficar separado dos presos comuns. O cumprimento da pena não exime o
pagamento das prestações vencidas e vincendas, uma vez paga a prestação ali-
mentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão, tudo de acor-
do com os § § 4º, 5º e 6º, do artigo 528 do CPC.

Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de pres-


tação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a re-
querimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para,
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento,
não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de
efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no
que couber, o disposto no art. 517.
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de
pagar justificará o inadimplemento.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for acei-
ta, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial. na forma do §
1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar sepa-
rado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das pres-
tações vencidas e vincendas.
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem
de prisão.

ATENÇÃO
Sobre a prisão do devedor de alimentos, a Súmula 309, do STJ disciplina que: “o débito
alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do processo”. 

62 • capítulo 4
O § 7º,  do artigo 528, do CPC afirma que o débito alimentar que autoriza a
prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 prestações anteriores
ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. Diante
da Súmula 309, do STJ, descrita acima, esse parágrafo (§ 7º, do artigo 528 do
CPC), não vem a ser uma novidade.

Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de pres-


tação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a re-
querimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para,
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que com-
preende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e
as que se vencerem no curso do processo.

O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou de-


cisão desde logo, nos termos do cumprimento definitivo de sentença que re-
conhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa, caso em que não
será admissível a prisão do executado. Recaindo a penhora em dinheiro, a con-
cessão de efeito suspensivo à peça de defesa do executado, impugnação, não
obstará que o exequente levante mensalmente a importância da prestação ali-
mentar, § 8º, do artigo 528 do CPC.
O exequente também poderá promover o cumprimento da sentença ou
decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu
domicílio, além das hipóteses previstas no artigo 516, do CPC, quais sejam: os
tribunais, nas causas de sua competência originária; o juízo que decidiu a cau-
sa no primeiro grau de jurisdição; o juízo cível competente, quando se tratar de
sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou
de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.

Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de pres-


tação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a re-
querimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para,
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo.
[...]

capítulo 4 • 63
§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou
decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III,
caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penho-
ra em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a
que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente
pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pa-
gamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.

CURIOSIDADE
O artigo 529, caput do CPC, prevê a possibilidade do exequente requerer o desconto em
folha de pagamento do executado, no valor da verba alimentícia, quando for funcionário pú-
blico, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho.

Art. 529.  Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou ge-
rente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente
poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da pres-
tação alimentícia.

Não cumprida a obrigação de pagar alimentos pelo executado, a penhora


recairá sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atua-
lizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios, artigo 530 do CPC.

Art. 530.  Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831
e seguintes.

Art. 831.  A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para
o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios.

Caso Concreto – Cumprimento de sentença de alimentos:


Prisão Civil

Raquel Soares de Souza, menor impúbere, representada por sua mãe, Maria de
Lourdes Soares, residente na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, propôs

64 • capítulo 4
ação de alimentos em face de seu pai, Manoel de Souza. Manoel foi condenado
a pagar alimentos no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais mensais) a sua filha.
Após a sentença, não foi interposto recurso. Ocorre que Manoel está inadim-
plente há 2 meses com sua obrigação alimentar, o que levou a mãe de Raquel,
Maria de Lourdes, a procurar, você, advogado, para elaborar a medida judicial
cabível aos interesses da criança. Elabore a peça cabível na defesa dos interes-
ses de Raquel.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA DE FA-


MÍLIA DA COMARCA DE... DO ESTADO DO(DE)...

Processo n...

RAQUEL SOARES DE SOUZA, menor impúbere, representada por sua


mãe, Maria de Lourdes Soares, nacionalidade, estado civil, profissão, porta-
dor da carteira de identidade n..., inscrito no CPF n..., endereço eletrônico,
domiciliada na cidade do Rio de Janeiro, residente (endereço completo), vem
por seu advogado, nos autos da AÇÃO DE ALIMENTOS, proposta em face de
MANOEL DE SOUZA, nacionalidade, estado civil, profissão, identidade n...,
inscrito no CPF n..., endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço
completo), com fundamento no artigo 528 e seguintes do CPC, apresentar:

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE ALIMENTOS

Pelas razões a seguir expostas:

DOS FATOS

A exequente é filha do executado, diante de comprovada paternidade


aquela ajuizou ação de alimentos em face do executado, quando residia junto
com sua mãe na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo. Na demanda o exe-
cutado foi condenado a pagar, à exequente, alimentos no valor de R$ 2.000,00
(dois mil reais mensais).

capítulo 4 • 65
Ocorre que o executado está inadimplente há 2 (dois) meses com sua obri-
gação alimentar perante a exequente, o que faz caber a presente.

DOS FUNDAMENTOS

Cabe no caso concreto, conforme artigo 528, § 3°, do CPC, e Súmula 309,
do STJ, a presente demanda uma vez que o executado está devendo à exe-
quente 2 (dois) meses de prestação alimentar, totalizando o montante de R$
4.000,00 (quatro mil reais).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


1) Que seja o executado intimado para pagar, em 3 (três) dias, à exequente
a quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), sob pena de prisão.
2) Intimação do Ministério Público.
3) Condenação do executado em honorários de advogado.

DAS PROVAS

Requer prova documental.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n...

4.2  Títulos executivos extrajudiciais


São requisitos para a execução de cobrança de crédito que o título seja fundado
em obrigação líquida, certa e exigível, artigo 783, caput do Novo CPC.

66 • capítulo 4
Art. 783.  A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título
de obrigação certa, líquida e exigível.

Nesse diapasão, são títulos executivos extrajudiciais (artigo 784, caput e


seus incisos do Novo CPC): a letra de câmbio, a nota promissória, a duplica-
ta, a debênture e o cheque; a escritura pública ou outro documento público
assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por
duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; o contra-
to garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e
aquele garantido por caução; o contrato de seguro de vida em caso de morte; o
crédito decorrente de foro e laudêmio; o crédito, documentalmente compro-
vado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais
como taxas e despesas de condomínio; a certidão de dívida ativa da Fazenda
Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspon-
dente aos créditos inscritos na forma da lei; o crédito referente às contribuições
ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva
convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas; a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa
a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela pratica-
dos, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; todos os demais títulos aos quais,
por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Art. 784.  São títulos executivos extrajudiciais:


I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemu-
nhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela De-
fensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real
de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

capítulo 4 • 67
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imó-
vel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de con-
domínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na
forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de con-
domínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assem-
bleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores
de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados,
fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir
força executiva.

ATENÇÃO
“A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de
conhecimento, a fim de obter título executivo judicial”, artigo 785 do CPC.

É legitimado ativo para promover a execução forçada o credor a quem a


lei confere título executivo, artigo 778, caput do Novo CPC. Podem promover
a execução forçada ou nela prosseguir, independentemente do consentimen-
to do executado, em sucessão ao exequente originário: o Ministério Público,
nos casos previstos em lei; o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor,
sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título
executivo; o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for
transferido por ato entre vivos; o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou
convencional, conforme os § § 1º e 2º, do artigo 778 do CPC.

Art. 778.  Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere
título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão
ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;

68 • capítulo 4
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte
deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for trans-
ferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado.

O artigo 779, caput e incisos do CPC, enumeram os legitimados passivos


do processo de execução, são eles: o devedor, reconhecido como tal no título
executivo; o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; o novo devedor
que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo; o fiador do débito constante em título extrajudicial; o responsável
titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; responsável
tributário, assim definido em lei.

Art. 779.  A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação
resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento
do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

ATENÇÃO
Segundo a regra contida no artigo 780, do CPC, “o exequente pode cumular várias execu-
ções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde
que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.”

O critério de competência, na execução fundada em título extrajudicial, está


disciplinado no artigo 781 do Novo CPC. A ação será processada perante o juízo
competente, observando: a execução poderá ser proposta no foro de domicílio
do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens

capítulo 4 • 69
a ela sujeitos; tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demanda-
do no foro de qualquer deles; sendo incerto ou desconhecido o domicílio do
executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no
foro de domicílio do exequente; havendo mais de um devedor, com diferentes
domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do
exequente; a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou
o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não
mais resida o executado.

Art. 781.  A execução fundada em título extrajudicial será processada perante


o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de
eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro
de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução
poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do
exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será
proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato
ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais
resida o executado.

CURIOSIDADE
O artigo 782, § 3°, do CPC estabelece a regra que a requerimento do exequente, o juiz
pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.

Art. 782.  Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes.

70 • capítulo 4
Quanto à exigibilidade da obrigação, a execução pode ser instaurada caso
o devedor não satisfaça obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em
título executivo. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar
o crédito do exequente não retira a liquidez da obrigação constante do título,
artigo 786 e parágrafo único do CPC.

Art. 786.  A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a
obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Parágrafo único.  A necessidade de simples operações aritméticas para apu-
rar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.

No que tange à responsabilidade patrimonial, o devedor responde com to-


dos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações,
salvo as restrições estabelecidas em lei, artigo 789 do Novo CPC. São sujeitos à
execução os seguintes bens: do sucessor a título singular, tratando-se de execu-
ção fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; do sócio, nos termos
da lei; do devedor, ainda que em poder de terceiros; do cônjuge ou companhei-
ro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dí-
vida; alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; cuja alienação
ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento,
em ação autônoma, de fraude contra credores; do responsável, nos casos de
desconsideração da personalidade jurídica, tudo conforme artigos 789 e 790,
caput e incisos do Novo CPC.

Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas
em lei.

Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:


I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito
real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de
sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;

capítulo 4 • 71
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

CURIOSIDADE
O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens
do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenori-
zadamente à penhora. Contudo, essa regra não se aplica quando o fiador houver renunciado
ao benefício de ordem.
Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma
comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor. Se essa pagar a
dívida do devedor, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo, tudo confor-
me disciplinado no artigo 794 do CPC.

Art. 794.  O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro
sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e
desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.
§ 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados
na mesma comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito
do credor.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do
mesmo processo.
§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao
benefício de ordem.

Esclarece o artigo 798, do Novo CPC, que ao propor a execução, o exequente


deverá instruir a petição inicial com o título executivo extrajudicial; o demons-
trativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar
de execução por quantia certa; a prova de que se verificou a condição ou ocorreu
o termo, se for o caso; a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação
que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for
obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exe-
quente. Deve ainda o exequente, indicar a espécie de execução de sua preferên-
cia, quando por mais de um modo puder ser realizada; os nomes completos do

72 • capítulo 4
exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; os bens suscetíveis de pe-
nhora, sempre que possível.

Art. 798.  Ao propor a execução, incumbe ao exequente:


I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação,
quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corres-
ponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado
a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo
puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.

O demonstrativo do débito, especificado no inciso I, letra b, do artigo 798,


do CPC, deverá conter o índice de correção monetária adotado; a taxa de juros
aplicada; os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetá-
ria e da taxa de juros utilizados; a periodicidade da capitalização dos juros, se
for o caso; a especificação de desconto obrigatório realizado.

Art. 798.  Ao propor a execução, incumbe ao exequente:


Parágrafo único.  O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e
da taxa de juros utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.

capítulo 4 • 73
Verificando o juiz, artigo 801, do Novo CPC, que a petição inicial está incom-
pleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à propo-
situra da execução, determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 dias,
sob pena de indeferimento.

Art. 801.  Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está
acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o
juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob
pena de indeferimento.

ATENÇÃO
Na execução, o despacho do juiz que ordena a citação, interrompe a prescrição, ainda que
proferido por juízo incompetente. Essa interrupção retroagirá à data de propositura da ação
(artigo 802 e parágrafo único do CPC).

Art. 802.  Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realiza-
da em observância ao disposto no § 2o, do art. 240, interrompe a prescrição,
ainda que proferido por juízo incompetente.
Parágrafo único.  A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura
da ação.

ATENÇÃO
O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e
ao processo de execução.

Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposi-


ção em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos de-
mais procedimentos especiais e ao processo de execução.

74 • capítulo 4
4.2.1  Títulos executivos extrajudiciais – Execução por quantia certa

Como regra, ressalvadas as execuções especiais, a execução por quantia certa


será realizada pela expropriação dos bens do executado, artigo 824 do Novo
CPC.  Essa expropriação consiste em adjudicação; alienação ou apropriação de
frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens (ar-
tigo 825 do Novo CPC).

Art. 824.  A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens
do executado, ressalvadas as execuções especiais.

Art. 825.  A expropriação consiste em:


I - adjudicação;
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos
e de outros bens.

Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a qualquer


tempo, satisfazer o crédito do exequente pagando ou consignando a importân-
cia atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios,
artigo 826 do Novo do CPC.  

Art. 826.  Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a


todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atuali-
zada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.

Iniciada a execução pelo exequente, o juiz, ao despachar a inicial, fixará de


plano, os honorários advocatícios de 10%, a serem pagos pelo executado. Caso o
executado, dentro do prazo de 3 dias, proceda ao integral pagamento da dívida,
o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade, artigo 827, e §
1° do Novo CPC.

Art. 827.  Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advoca-
tícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado.
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos
honorários advocatícios será reduzido pela metade.

capítulo 4 • 75
Como dispõe o artigo 829, do Novo CPC, “o executado será citado para pa-
gar a dívida no prazo de 3 dias, contado da citação”. No mandado de citação
constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação, a ser feito pelo oficial de
justiça, caso seja verificada a ausência de pagamento dentro do prazo (3 dias),
lavrando-se auto, com intimação do executado.
Como já narrado, o objetivo da execução é a expropriação do patrimônio do
devedor, executado para pagamento da dívida ao credor, exequente, com isso, a
penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do
principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios, artigo
831 do Novo CPC.

Art. 831.  A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para
o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios.

ATENÇÃO
Não estão sujeitos à execução os bens impenhoráveis ou inalienáveis, são eles: os bens
inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; os móveis, os per-
tences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de
elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio
padrão de vida; os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se
de elevado valor; os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família,
os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; o seguro de vida; os materiais
necessários para obras em andamento, salvo se forem penhoradas; a pequena propriedade
rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; os recursos públicos recebi-
dos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
social; a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 salários-mínimos;
os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; os
créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobili-
ária, vinculados à execução da obra.

76 • capítulo 4
Art. 832.  Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impe-
nhoráveis ou inalienáveis.

Art. 833.  São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo
se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem
como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sus-
tento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2°;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou ou-
tros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem
penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (qua-
renta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político,
nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime
de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

ATENÇÃO
“A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive
àquela contraída para sua aquisição”, artigo 833, § 1° do CPC.

capítulo 4 • 77
ATENÇÃO
Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de apo-
sentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos
de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal e a quantia depositada em
caderneta de poupança, até o limite de 40 salários-mínimos não se aplicam às hipóteses de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem
como às importâncias excedentes a 50 salários-mínimos mensais, § 2°, artigo 833 do CPC.

Art. 833.  São impenhoráveis:


[...]
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de
sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-
mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o,
e no art. 529, § 3o.

Esqueleto da peça prático profissional

MODELO: PEÇA PROCESSUAL – AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CER-


TA FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. (fonte 14 Times
New Roman, espaçamento 1,5)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


... (juízo a qual a ação principal será distribuída)

(espaço de 10 linhas)

EXEQUENTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da carteira de identidade n.... e inscrito no CPF n..., endereço eletrô-
nico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado,
com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para
os fins do artigo 106, inciso I, do CPC, com fundamento no artigo 824 e se-
guintes do CPC, propor:
(espaço de uma linha)

78 • capítulo 4
AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA FUNDADA EM TÍTULO
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
(espaço de uma linha)
em face do EXECUTADO (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil,
profissão, portadora do RG n.... e inscrita no CPF n...., endereço eletrônico,
domiciliado..., residente (endereço completo), pelos fatos e fundamentos a
seguir:
(espaço de duas linhas)
DOS FATOS
(espaço de uma linha)

DOS FUNDAMENTOS
(espaço de uma linha)

DOS PEDIDOS
(espaço de uma linha)
Diante do exposto, requer:
1) Citação do executado para pagar a dívida de R$..., no prazo de 3 dias, sob
pena de penhora.
2) Que seja fixado de plano os honorários de advogado em 10%, podendo
este ser elevado em até 20%, caso sejam rejeitados os embargos à execução
ou não opostos.
(espaço de uma linha)
DAS PROVAS
Segue em anexo, título executivo extrajudicial.
(espaço de uma linha)
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor por extenso)

(espaço de duas linhas)

Espera deferimento.

capítulo 4 • 79
(espaço de duas linhas)
Local e data.
(espaço de duas linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

Caso concreto – Ação de execução por quantia certa fundada em


título executivo extrajudicial

A empresa Jota Ltda., firmou empréstimo no valor R$ 100.000,00 (cem mil


reais), com a financeira Real Ltda., através de documento particular assinado
pelo devedor e duas testemunhas. Ficou determinado que a empresa Jota paga-
ria a dívida 60 dias após a celebração do contrato, em uma única parcela. Ocor-
re que, passados 90 dias, a dívida não foi paga. Na qualidade de advogado da
financeira elabore a peça processual cabível a defesa dos seus interesses.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA


CÍVEL...

FINANCEIRA REAL LTDA., CNPJ n..., com sede (endereço completo),


representada por seu diretor (nome completo), nacionalidade, estado civil,
profissão, portador da carteira de identidade n..., inscrito no CPF n...., ende-
reço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu
advogado, com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que
indica para os fins do artigo 106, inciso I do CPC, com fundamento no artigo
824 e seguintes do CPC, propor:

80 • capítulo 4
AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA FUNDADA EM TÍTULO
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL

em face da EMPRESA JOTA, CNPJ n...., com sede (endereço completo), pelos
fatos e fundamentos a seguir:

DOS FATOS

O exequente emprestou para a executada a quantia de R$100.000,00 (cem


mil reais), através de documento particular assinado pelo devedor e duas tes-
temunhas, que estipulava que a dívida deveria ser paga em 60 (sessenta) dias,
após a assinatura do contrato, através de uma única parcela.

Ocorre que até o momento, passados 90 (noventa) dias, a executada não


honrou o pagamento de sua dívida.

DOS FUNDAMENTOS

Segundo a redação do artigo 783, do CPC, a execução para a cobrança de


crédito fundar-se-á em título líquido, certo e exigível. No caso em tela o do-
cumento particular assinado pelo exequente e o executado, além de ser um
título executivo extrajudicial previsto no artigo 784, inciso III, do CPC, restou
vencido, no valor de R$100.000,00, e não pago.
Conforme determinado pelo artigo 798, inciso I, do CPC, segue, em ane-
xo, o demonstrativo do débito atualizado, até a data de propositura da ação.
No demonstrativo de débito consta discriminado, artigo 798, inciso II, do
CPC, o índice de correção monetária, taxa de juros utilizada, o termo inicial e
o final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


1) Citação do executado para pagar a dívida no valor de R$100.000,00, no
prazo de 3 (três) dias, sob pena de penhora.

capítulo 4 • 81
2) Que seja fixado de plano os honorários de advogado em 10% (dez por
cento), podendo este ser elevado em até 20% (vinte por cento), caso sejam
rejeitados os embargos à execução ou não opostos.

DAS PROVAS
Segue em anexo, título executivo extrajudicial.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$100.000,00

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

4.2.2  Defesa do Executado: Embargos à execução

O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se


opor à execução por quantia certa fundada em título executivo extrajudicial
através dos Embargos à execução. Os embargos à execução serão distribuídos
por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças pro-
cessuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advo-
gado, sob sua responsabilidade pessoal, artigo 914, caput e parágrafo único do
Novo CPC.
Art. 914.  O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,
poderá se opor à execução por meio de embargos.
§ 1o Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados
em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que
poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsa-
bilidade pessoal.

82 • capítulo 4
Os embargos, mantém a regra do CPC/1973 que, dispensa a penhora, a cau-
ção ou o depósito como condição de admissibilidade. Este possui prazo de 15
dias para ser oferecidos pelo executado. Havendo mais de um executado, o
prazo para cada um deles opor os embargos será contado a partir da juntada
do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de compa-
nheiros, quando será contado a partir da juntada do último, artigo 915, caput e
§ 1° do Novo CPC.

Art. 915.  Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, conta-
do, conforme o caso, na forma do art. 231.
§ 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles em-
bargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação,
salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir
da juntada do último.

O executado nos embargos à execução poderá alegar, como defesa, a inexe-


quibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; penhora incorreta ou
avaliação errônea; excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para en-
trega de coisa certa; incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de co-
nhecimento, artigo 917 caput e incisos do CPC.
No caso de incorreção da penhora ou da avaliação essas poderão ser impug-
nadas, no prazo de 15 dias, por simples petição, contado da ciência do ato. O ex-
cesso de execução poderá ser alegado quando o exequente pleiteia quantia su-
perior à do título; ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; ela
se processa de modo diferente do que foi determinado no título; o exequente,
sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da pres-
tação do executado; o exequente não prova que a condição se realizou, artigo
917, §§ 1° e 2° do CPC.
No caso do embargante alegar que o exequente agiu com excesso de execu-
ção, esse declarará, na petição inicial, o valor que entende correto, apresentan-
do demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. Não apontado o
valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos à execução se-
rão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de execução
for o seu único fundamento; serão processados, se houver outro fundamento,

capítulo 4 • 83
mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução, artigo 917, §§ 3°
e 4° do CPC.

Art. 917.  Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:


I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução
para entrega de coisa certa;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo
de conhecimento.
§ 1º A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por sim-
ples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato.
§ 2º Há excesso de execução quando:
I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adim-
plemento da prestação do executado;
V - o exequente não prova que a condição se realizou.
§ 3o Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quan-
tia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que
entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de
seu cálculo.
§ 4o Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os
embargos à execução:
I - serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de
execução for o seu único fundamento;
II - serão processados, se houver outro fundamento, mas o juiz não examinará
a alegação de excesso de execução.

Como regra, os embargos à execução não terão efeito suspensivo. Contudo,


o juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos
embargos à execução quando verificados os requisitos para a concessão da
tutela provisória e, desde que, a execução já esteja garantida por penhora,

84 • capítulo 4
depósito ou caução suficientes. Cessando as circunstâncias que motivaram o
efeito suspensivo, a decisão relativa a este poderá, a requerimento da parte, ser
modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, artigo
919, §§ 1° e 2° do Novo CPC.

Art. 919.  Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo
aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes.
§ 2o Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efei-
tos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revo-
gada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

Quando o efeito suspensivo, atribuído aos embargos, disser respeito apenas


à parte do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. A con-
cessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados
não suspenderá a execução contra os que não embargaram quando o respec-
tivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante, artigo 919, §§
3° e 4° do CPC.

Art. 919.  Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


[...]
§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito ape-
nas à parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um
dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram
quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embar-
gante.

ATENÇÃO
Conforme o § 5o, do artigo 919, do CPC, “a concessão de efeito suspensivo não impedirá
a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação
dos bens”.

capítulo 4 • 85
O juiz, ao receber os embargos, determinará que o exequente seja ouvido no
prazo de 15 dias; artigo 920, caput e inciso I do Novo CPC.
Art. 920.  Recebidos os embargos:
I - o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias.

ATENÇÃO
Nos termos do artigo 1.015, inciso X, do Novo CPC, caberá o recurso de Agravo de Instru-
mento contra a decisão que conceder, modificar ou revogar o efeito suspensivo aos embar-
gos à execução.

Art. 1.015.  Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias


que versarem sobre:
[...]
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos
à execução.

Esqueleto da peça prático profissional

MODELO: PEÇA PROCESSUAL – EMBARGOS À EXECUÇÃO


(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...


(juízo a qual a ação principal foi distribuída)
(espaço de 5 linhas)
Embargos à execução por dependência ao processo n.... (número do processo
principal)

(espaço de 5 linhas)

EMBARGANTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profis-


são, portador da carteira de identidade n.... e inscrito no CPF n..., endereço ele-
trônico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado,
com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para
os fins do artigo 106, inciso I do CPC, com fundamento no artigo 914 e seguin-
tes do CPC, opor:

86 • capítulo 4
(espaço de uma linha)

EMBARGOS À EXECUÇÃO
(espaço de uma linha)

em face do EMBARGADO (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil,


profissão, portadora do RG n.... e inscrita no CPF n...., endereço eletrônico,
domiciliado..., residente (endereço completo), pelos fatos e fundamentos a
seguir:
(espaço de duas linhas)

DOS FATOS
(espaço de uma linha)

DOS FUNDAMENTOS
(espaço de uma linha)

DOS PEDIDOS
(espaço de uma linha)

Diante do exposto, requer:


1) Que seja ouvido o embargado no prazo de prazo de 15 dias.
2) Que seja desconstituída a penhora que incide sobre ...
3) Condenação do embargado aos ônus da sucumbência.
(espaço de uma linha)

DAS PROVAS
Requer prova, especialmente...
(espaço de uma linha)

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor, por extenso)
(espaço de duas linhas)

capítulo 4 • 87
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

Caso concreto – Embargos à execução

Prova OAB adaptada: 40° Exame de Ordem (Prova Prático-Profissional de Direi-


to Empresarial)
Jorge Luís e Ana Cláudia são casados no regime de comunhão parcial de
bens desde 1979. Em 17/02/2015, sem que Ana Cláudia ficasse sabendo ou con-
cordasse, Jorge Luís, em garantia de pagamento de contrato de compra e ven-
da de um automóvel adquirido de Rui, avalizou nota promissória emitida por
Laura, sua colega de trabalho com quem mantinha caso extraconjugal. O ven-
cimento da nota promissória estava previsto para 17/03/2015. Mesmo devida-
mente paga a dívida, Rui promoveu, contra Laura e Jorge Luís, em 08/06/2015,
a execução do titulo. Os réus foram regularmente citados e, não havendo paga-
mento, foram penhoradas duas salas comerciais de propriedade de Jorge Luís,
no valor cada uma de R$100.000,00 (cem mil reais), adquiridas na constância
do seu casamento. Inconformado, Jorge Luís procurou a assistência de profis-
sional da advocacia, pretendendo alguma espécie de defesa, em seu exclusivo
nome, para livrar os bens penhorados da constrição judicial, uma vez que a dí-
vida já foi paga. Em face da situação hipotética, redija, na condição de advoga-
do(a) constituído(a) por Jorge Luís, a peça processual adequada para a defesa
dos interesses de seu cliente, apresentando, para tanto, todos os argumentos e
fundamentos necessários. 

88 • capítulo 4
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL...

Embargos à execução por


dependência ao processo n....

JORGE LUÍS (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da carteira de identidade n.... e inscrito no CPF n...., endereço ele-
trônico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advoga-
do, com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica
para os fins do artigo 106, inciso I, do CPC, com fundamento no artigo 914 e
seguintes do CPC, opor:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

em face de RUI (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


portador do RG n.... e inscrito no CPF n...., endereço eletrônico, domicilia-
do..., residente (endereço completo), pelos fatos e fundamentos a seguir:

DOS FATOS
O embargante é casado com Ana Cláudia pelo regime de comunhão par-
cial de bens desde 1979. Em 17/02/2015, sem que sua esposa soubesse ou
concordasse, o embargante, em garantia de pagamento de contrato de com-
pra e venda de um automóvel adquirido por Laura do embargado, avalizou
nota promissória emitida por aquela.
O vencimento do título executivo extrajudicial estava previsto para o dia
17/03/2015, quando foi devidamente pago. Ocorre que mesmo efetuado o pa-
gamento, o embargado propôs ação de execução penhorando as duas salas co-
merciais de propriedade do embargante, no valor cada uma de R$100.000,00
(cem mil reais), adquiridas na constância do seu casamento.

DOS FUNDAMENTOS
Conforme dispõe o artigo 917, inciso I, do CPC, o embargante poderá opor
embargos à execução para alegar a inexigibilidade do título, uma vez que o
mesmo já foi pago.

capítulo 4 • 89
DO EFEITO SUSPENSIVO

De acordo com o artigo 919, § 1°, do CPC, caberá o efeito suspensivo, uma
vez que o embargante está sendo cobrando por uma dívida já paga e suas
duas salas comerciais estarem penhoradas indevidamente.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


1) Que seja atribuído efeito suspensivo aos embargos à execução.
2) Que seja ouvido o embargado no prazo de prazo de 15 dias.
3) Que seja desconstituída a penhora que incide sobre as duas salas comer-
ciais do embargante.
4) Condenação do embargado aos ônus da sucumbência

DAS PROVAS

Requer prova especialmente documental.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$200.000,00

Espera deferimento.
Local e data.

Advogado

OAB/UF n....

90 • capítulo 4
5
Procedimentos
Especiais
Os procedimentos especiais estão disciplinados na parte especial do Novo CPC,
livro I, título III. Conforme estabelece a regra do parágrafo único do artigo, 318,
do CPC, o procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais proce-
dimentos especiais e ao processo de execução.

Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposi-


ção em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos de-
mais procedimentos especiais e ao processo de execução.

5.1  Consignação em pagamento


Segundo De Plácido e Silva, consignação é derivado do latim consignatio,
de consignare (dotar por escrito, depositar uma soma em dinheiro). Teve a sua
origem no Direito Romano e era utilizada pelo devedor quando o credor não
podia ou se recusava a receber o que lhe era devido.
Esclarece Plácido e Silva que, “possui, originariamente, o sentido de pro-
va escrita, documento assinado, ou depósito feito.” Continua o autor a afirmar
que na linguagem jurídica sempre se tem o sentido de entrega de alguma coisa,
feita por uma pessoa a outra, para determinado fim.
A consignação em pagamento é uma forma de extinção da obrigação, com
o pagamento indireto da prestação, sendo uma faculdade do devedor, e não um
dever. É bom lembrar que a forma normal de extinção das obrigações é o paga-
mento, mas a lei civil prevê outras atípicas onde se encontra a consignação em
pagamento.
Como escreve Daniel A. Assumpção Neves, consignação em pagamento é
“utilizada quando o pagamento não puder ser realizado em virtude de recusa
do credor em recebê-lo ou dar quitação ou, ainda, quando existir um obstáculo
eficaz.” Existe um direito do devedor em quitar a sua obrigação, a consignação
em pagamento vem para evitar as consequências deste com a mora.

92 • capítulo 5
CURIOSIDADE
O Código Civil/02, artigo 335, admite cinco possibilidades de pagamento em consignação,
são elas: se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma; se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condição devidos; se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente,
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; se ocorrer dúvida sobre quem
deva legitimamente receber o objeto do pagamento; se pender litígio sobre o objeto do pa-
gamento.
A lei civil ainda elucida que o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa
devida é considerado o pagamento e a extinção da obrigação, artigo 334 do CC/02.

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial


ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento,
ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e con-
dição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente,
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

No âmbito processual civil, a consignação em pagamento é procedimento


especial disciplinado nos artigos 539 a 549 do Novo CPC. Como disciplina, a
regra processual condita no artigo 539 do CPC, nos casos previstos em lei, po-
derá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação
da quantia ou da coisa devida.

Art. 539.  Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer,
com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

capítulo 5 • 93
CURIOSIDADE
O Novo CPC prevê a consignação extrajudicial §§ 1º ao 4º do artigo 539. Sendo a obrigação
a ser paga em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial
onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso
de recebimento, tendo este o prazo de 10 dias para a manifestação de recusa. Transcorrido
esse prazo, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa,
considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia
depositada.

Se a recusa for manifestada por escrito pelo credor ao estabelecimento ban-


cário, poderá ser proposta pelo devedor, dentro de 1 mês, a ação de consigna-
ção, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. Caso o devedor
não proponha a ação nesse prazo, ficará sem efeito o depósito, podendo levan-
tá-lo o depositante.

Art. 539.  Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer,
com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamen-
to, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o
prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento,
sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obriga-
ção, ficando à disposição do credor a quantia depositada.
§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento ban-
cário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação,
instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa.
§ 4o Não proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, po-
dendo levantá-lo o depositante.

A Consignação deverá ser requerida no lugar do pagamento, cessando para


o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada
improcedente, artigo 540 do Novo CPC. Neste sentido o critério de competência
territorial da ação de consignação em pagamento será o lugar do pagamento.

94 • capítulo 5
Art. 540.  Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando
para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda
for julgada improcedente.

ATENÇÃO
Ainda quanto ao critério de competência na ação de consignação em pagamento, o Enuncia-
do n. 59, do IV Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis (dez/2014) destaca
que: “Em ação de consignação e pagamento, quando a coisa devida for corpo que deva ser
entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que
ela se encontra. A supressão do parágrafo único, do art. 891, do Código de Processo Civil de
1973 é inócua, tendo em vista o art. 341 do Código Civil.”

O antigo Código de Processo Civil de 1973 fazia previsão expressa em seu


artigo 891, parágrafo único, que quando a coisa a ser consignada (devida) for
corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a
consignação no foro em que ela se encontra.

Art. 891 CPC/73. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, ces-


sando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os     juros e os riscos,
salvo se for julgada improcedente.
Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no
lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que
ela se encontra.

Na petição inicial, o autor requererá (artigo 542 do Novo CPC) o depósito


da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 dias contados do
deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º, inciso II, e a citação do réu
para levantar o depósito ou oferecer contestação. Não realizado o depósito pelo
autor, no prazo de 5 dias, o processo será extinto sem resolução do mérito, pa-
rágrafo único do artigo 542 do CPC.

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:


I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5
(cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3o.

capítulo 5 • 95
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo
será extinto sem resolução do mérito.

Na contestação, o réu poderá alegar que não houve recusa ou mora em rece-
ber a quantia ou a coisa devida, ou que foi justa a recusa, ou que o depósito não
se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento, ou ainda que o depósito não é
integral, artigo 544 do Novo CPC.

Art. 544.  Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa
ou mora em receber a quantia ou a coisa devida. II - foi justa a recusa. III - o
depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento. IV - o depósito
não é integral.

Caberá também a demanda quando houver prestações sucessivas, nesse


caso, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo
processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça
em até 5 dias contados da data do respectivo vencimento, artigo 541 do Novo
CPC.

Art. 541.  Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode


o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formali-
dades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias
contados da data do respectivo vencimento.

Se a sentença julgar procedente o pedido do autor, o juiz declarará extinta a


obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
O juiz procederá do mesmo modo se o credor receber e der quitação, artigo 546
do Novo CPC.

Art. 546.  Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e


condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der
quitação.

Contudo, se a sentença do magistrado concluir pela insuficiência do depó-


sito esta determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como

96 • capítulo 5
título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos
autos, após liquidação, se necessária, artigo 545, § 2º do CPC.

Art. 545.  Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo,


em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento
acarrete a rescisão do contrato.
[...]
§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sem-
pre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado
ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação,
se necessária.

CURIOSIDADE
No CPC de 1973 a consignação em pagamento foi o primeiro procedimento especial a ser
previsto na parte do código que dispõe sobre os Procedimentos Especiais, essa regra se
manteve no Código de Processo Civil de 2015, onde a consignação em pagamento inaugura
o Título III, do Livro I, da Parte Especial.

Quando da elaboração da peça profissional da Ação de Consignação em


Pagamento, deve-se observar o que dispõe a regra contida no artigo 319 do CPC
quanto à petição inicial, destacando nessa demanda as regras inerentes à con-
signação, consagradas nos artigos 539 a 549 do CPC. Aqui, o legitimado ativo
será denominado na peça prático-profissional de autor, e o legitimado passivo
de réu.

Esqueleto da peça prático profissional

PEÇA PROCESSUAL – AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO


(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...
(juízo a qual será distribuída)

(pular 10 linhas)

capítulo 5 • 97
AUTOR (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão, por-
tador da carteira de identidade n..., inscrito no CPF n..., endereço eletrônico,
domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado, com
endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os
fins do artigo 106, inciso I do CPC, com fundamento no artigo 539 e seguintes
do CPC, propor:
(espaço de uma linha)

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO


(espaço de uma linha)

pelo rito especial, em face do RÉU (NOME COMPLETO), nacionalidade, esta-


do civil, profissão, identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrônico,
domiciliado..., residente (endereço completo), pelos fatos e fundamentos a
seguir:
(espaço de duas linhas)
DOS FATOS
(espaço de uma linha)

DOS FUNDAMENTOS
(espaço de uma linha)
Nesse sentido, é a doutrina: (inserir a doutrina, usar recuo de margem por
se tratar de citação, identificar o julgado)
Nesse sentido, é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: (inserir a jurispru-
dência, usar recuo de margem por se tratar de citação, identificar o julgado)
(espaço de uma linha)

DOS PEDIDOS
(espaço de uma linha)

Diante do exposto, requer:


1) A expedição de guia de depósito no valor de R$... (determinar)
2) Citação do réu depósito ou oferecer contestação.
3) Julgar procedente o pedido com a quitação da dívida pelo autor e decla-
rando extinta a obrigação.
4) Condenação do réu aos ônus da sucumbência.

98 • capítulo 5
(espaço de uma linha)

DAS PROVAS
Requer a produção de provas, especialmente...
(espaço de uma linha)

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor por extenso)
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

Caso concreto – Ação de consignação em pagamento

V EXAME DE ORDEM UNIFICADO DIREITO TRIBUTÁRIO


Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, portador da carteira de
identidade nº xxx e CPF nº xxx, residente e domiciliado na Rua X, nº. xxx, bair-
ro Z, Município Y, Estado F, recebeu cobrança simultânea, por meio de uma
mesma guia de documento fiscal, de dois tributos: IPTU e Taxa de Conservação
das Vias e Logradouros Públicos (TCVLP). No caso da referida taxa, certo é que
o contribuinte não concorda com sua cobrança, o que o levou, por meio de seu
advogado, a ajuizar ação judicial a fim de declarar sua inconstitucionalidade,
havendo pedido liminar, ainda não apreciado, para afastar a obrigatoriedade
do recolhimento da referida exação fiscal. Por outro lado, em relação à cobran-
ça do IPTU, pretende o contribuinte efetuar o seu pagamento. No entanto, a
guia de pagamento é única e contém o valor global dos referidos tributos, tendo
o banco rejeitado o pagamento parcial relativo somente ao IPTU.
Nesse caso, considerando que o IPTU ainda não está vencido, bem como
o contribuinte não obteve êxito para solucionar seu problema na esfera

capítulo 5 • 99
administrativa, elabore a peça adequada para efetuar o pagamento do imposto
municipal, com base no direito material e processual pertinente. Utilize todos
os argumentos e fundamentos pertinentes à melhor resposta.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA DE FA-


ZENDA PÚBLICA...

XISTO DA SILVA, brasileiro, solteiro, administrador, portador da carteira


de identidade n. xxxx, CPF n. xxx, endereço eletrônico, domiciliado no Estado
F, residente na rua X, n. xxx, bairro Z, Município Y, vem por seu advogado,
com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para
os fins do artigo 106, inciso I, do CPC, com fundamento no artigo 539 e se-
guintes do CPC, propor:

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

pelo rito especial, em face do MUNICÍPIO Y, pessoa jurídica de direito pú-


blico, representada por seus procuradores, localizados (endereço completo),
pelos fatos e fundamentos a seguir:

DOS FATOS
O autor recebeu cobrança simultânea, por meio de uma mesma guia de
documento fiscal, de dois tributos: IPTU e Taxa de Conservação das Vias e
Logradouros Públicos (TCVLP). No caso da referida taxa, certo é que o con-
tribuinte não concorda com sua cobrança, o que o levou, por meio de seu ad-
vogado, a ajuizar ação judicial a fim de declarar sua inconstitucionalidade,
havendo pedido liminar, ainda não apreciado, para afastar a obrigatoriedade
do recolhimento da referida exação fiscal.
O autor, em relação à cobrança do IPTU, pretende efetuar o pagamento
da dívida. No entanto, a guia de pagamento é única e contém o valor global
dos referidos tributos, tendo o banco rejeitado o pagamento parcial relativo
somente ao IPTU.
Como o IPTU ainda não está vencido, bem como o autor não obteve êxi-
to para solucionar o problema na esfera administrativa, com o objetivo de
se manter adimplente em sua obrigação, vem a este juízo propor a presente
demanda.

100 • capítulo 5
DOS FUNDAMENTOS
Conforme artigo 539, do Novo CPC, poderá o devedor, autor, requerer,
com efeito de pagamento, a consignação da quantia devida a título de IPTU.
O fisco, de forma indevida condicionou o recebimento do pagamento do
imposto ao pagamento da taxa de conservação de vias e logradouros públi-
cos, o que torna a ação de consignação o meio hábil para a liberação da dívida
fiscal relativa ao IPTU, pretendendo o autor eximir-se de pagar a taxa, que
reputa inconstitucional.
Assim, de acordo com o artigo 164, I, do CTN, tendo em vista que a
Fazenda Municipal se recusa a receber a prestação tributária, caberá à con-
signação em pagamento.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1) A expedição de guia de depósito no valor de R$... (quantia a ser paga de
IPTU).
2) Citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
3) Julgar procedente o pedido do autor com a quitação da dívida do IPTU
no valor de R$... (determinar), declarando extinta a obrigação tributária.
4) Condenação do réu aos ônus da sucumbência.

DAS PROVAS

Requer a produção de provas, especialmente documental.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$... (valor total do IPTU a ser consignado).

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

capítulo 5 • 101
5.2  Embargos de Terceiro
O Conceito de Embargos de Terceiro está determinado no artigo 674, do Novo
CPC, que dispõe: “Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou
ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro.”
O importante dessa redação é destacar que caberá a ação do procedimento
especial, Embargos de Terceiro, prevista nos artigos 674 a 681, do Novo CPC,
quando o terceiro que não é nem o legitimado ativo nem o legitimado passi-
vo da relação processual, que está em trâmite, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo.
Como escreve Assumpção:

“A possível natureza inibitória dos embargos de terceiro é consagrada pelo


artigo 674, caput do Novo CPC, ao prever que a mera ameaça de constrição é
causa para tal ação, hipótese na qual o pedido será de inibição do ato judicial.”

ATENÇÃO
Terceiro é aquele que não é parte na relação processual.

Embargos de Terceiro tem natureza jurídica de ação. Quando o pedido é acolhido, possui
eficácia constitutiva negativa.

O § 1º, do artigo 674, do Novo CPC, esclarece que os embargos podem ser
opostos por terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
De acordo com o § 2º, do artigo 674, do CPC, será considerado terceiro,
para ajuizamento dos embargos: O cônjuge ou companheiro, quando defende
a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843; o
adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficá-
cia da alienação realizada em fraude à execução; quem sofre constrição judicial
de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo
incidente não fez parte é o credor com garantia real para obstar expropriação

102 • capítulo 5
judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos
termos legais dos atos expropriatórios respectivos.

Art. 674.  Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ame-
aça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou
possuidor.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou
de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração
da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de
direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos
atos expropriatórios respectivos.

Sobre os bens dos cônjuges, a Súmula 134, do Superior Tribunal de Justiça


(STJ), já determinava que “embora intimado da penhora em imóvel do casal,
o cônjuge do executado pode opor Embargos de Terceiro para a defesa de sua
meação. O STJ também possui a Súmula 84 explicitando que “é admissível a
oposição de Embargos de Terceiro fundados em alegação de posse advinda do
compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro.”
Gustavo Garcia analisa que:

“os embargos de terceiro podem ter natureza repressiva (isto é, quando já


ocorrida a lesão à posse ou ao direito incompatível com o ato constritivo)
ou preventiva (quando a lesão à posse, ou ao direito incompatível com o ato
constritivo, é iminente).”

O prazo para se opor os embargos de terceiro é determinado pela regra con-


tida no artigo 675, do Novo CPC, consagrando que, “podem ser opostos a qual-
quer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado

capítulo 5 • 103
a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5
(cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da
arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.”

Art. 675.  Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumpri-
mento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois
da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Como escreve Vicente Greco Filho esse prazo do artigo 675, do CPC, é de
natureza de decadência da via processual especial. Não se exclui a via ordiná-
ria posterior de anulação do ato judicial, sem, porém, a força dos embargos de
terceiro.1

CURIOSIDADE
O prazo para se opor os Embargos de Terceiro no CPC de 2015 é o mesmo que existia no
CPC de 1973, no pretérito artigo 1.048.

Art. 1.048 CPC/73. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no


processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença,
e, no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, ad-
judicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a


constrição e autuados em apartado, artigo 676 do Novo CPC. Na petição inicial,
por se tratar de regra contida nesse procedimento especial, o embargante fará
a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro,
oferecendo documentos e rol de testemunhas, artigo 677 do Novo CPC. Destaca
Garcia que os embargos de terceiro possui fundamento na posse e na proprie-
dade (domínio).
É bom destacar que, nos casos de ato de constrição judicial realizado por
carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo
1  GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Novo Código de Processo Civil. p. 229.

104 • capítulo 5
juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta, parágrafo único, do
artigo 676 do CPC.

Art. 676.  Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que orde-
nou a constrição e autuados em apartado.
Parágrafo único.  Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os em-
bargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo de-
precante o bem constrito ou se já devolvida a carta.

Art. 677.  Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse
ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol
de testemunhas.

Como os Embargos de Terceiro é uma ação, a peça a ser elaborada seguirá


os moldes do artigo 319 do CPC, observadas as regras inerentes aos embargos
determinados nos artigos 674 a 681 do Novo CPC. O legitimado ativo será de-
nominado na peça prático-profissional de embargante, e o legitimado passivo
de embargado.
Sobre o legitimado passivo esse é o sujeito a quem o ato de constrição apro-
veita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a
indicação do bem para a constrição judicial.

Art. 677.  Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse
ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol
de testemunhas.
[...]
§ 4o Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita,
assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a
indicação do bem para a constrição judicial.

O prazo para a resposta do embargado será de 15 dias, conforme determina


a regra do artigo 679 do CPC.  “Os embargos poderão ser contestados no prazo
de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.”
Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente po-
derá alegar que o devedor comum é insolvente; o título é nulo ou não obriga a
terceiro ou outra é a coisa dada em garantia.

capítulo 5 • 105
Art. 679.  Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze)
dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.

Art. 680.  Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado


somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia

ATENÇÃO
Outra súmula do STJ merecendo destaque quando se trata de Embargos de Terceiro é a
de n. 195 que estabelece: “Em Embargos de Terceiro não se anula ato jurídico, por fraude
contra credores”.

Os Embargos de Terceiro admitem o requerimento liminar, com natureza


provisória. Como estabelece a redação do artigo 678 do Novo CPC, a decisão que
reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a sus-
pensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos,
bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargan-
te a houver requerido. O magistrado poderá condicionar a ordem de manuten-
ção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo reque-
rente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.

Art. 678.  A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou


a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens
litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração
provisória da posse, se o embargante a houver requerido.
Parágrafo único.  O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de
reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, res-
salvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.

Uma vez acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da
reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante, artigo 681 do CPC.

106 • capítulo 5
Art. 681.  Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou
da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.

Garcia (2015) deixa claro “a sentença nos embargos de terceiro é impugná-


vel por meio de apelação (art. 1009 do CPC).”

Esqueleto da peça prático profissional

PEÇA PROCESSUAL – EMBARGOS DE TERCEIRO.


(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...
(juízo a qual a ação principal foi distribuída)

(espaço de 5 linhas)
Embargos de Terceiro por dependência ao processo n.... (número do proces-
so principal)

(espaço de 5 linhas)

EMBARGANTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profis-


são, portador da carteira de identidade n.... e inscrito no CPF n...., endereço
eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advo-
gado, com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indi-
ca para os fins do artigo 106, inciso I do CPC, com fundamento no artigo 674
e seguintes do CPC, opor:
(espaço de uma linha)

EMBARGOS DE TERCEIRO
(espaço de uma linha)
Pelo rito especial, em face do EMBARGADO (NOME COMPLETO), nacionali-
dade, estado civil, profissão, portadora do RG n.... e inscrita no CPF n...., en-
dereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), pelos fatos
e fundamentos a seguir:
(espaço de duas linhas)

capítulo 5 • 107
DOS FATOS
(espaço de uma linha)

DOS FUNDAMENTOS
(espaço de uma linha)
Nesse sentido, é a doutrina: (inserir a doutrina, usar recuo de margem por
se tratar de citação, identificar o julgado)
Nesse sentido, é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: (inserir a jurispru-
dência, usar recuo de margem por se tratar de citação, identificar o julgado)
(espaço de uma linha)

DOS PEDIDOS
(espaço de uma linha)
Diante do exposto, requer:
1) Que seja suspendida a medida constritiva (determinar qual é a medida
constritiva) que incide sobre o bem (determinar) do embargante.
2) Citação do embargado para contestar os embargos no prazo de 15
(quinze) dias.
3) Julgar procedente o pedido para cancelar o ato de constrição judicial
(determinar qual ocorreu no caso), reconhecendo o domínio (ou a manuten-
ção da posse ou a reintegração) definitivo do bem (ou direito) ao embargante.
4) Condenação do embargado aos ônus da sucumbência.
(espaço de uma linha)

DAS PROVAS
Requer a produção de provas, especialmente...
(espaço de uma linha)

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor dos bens cuja posse ou domínio dispu-
ta o embargante, por extenso)

108 • capítulo 5
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e nú-
mero da OAB).

Caso concreto – Embargos de Terceiro

X Exame de Ordem Unificado — Adaptado


José Afonso, engenheiro, solteiro, adquiriu de Lúcia Maria, enfermeira, sol-
teira, residente à Avenida dos Bandeirantes, 555, São Paulo/SP, pelo valor de
R$100.000,00 (cem mil reais), uma casa para sua moradia, situada na cidade de
Mucurici/ES, Rua Central, nº 123, bairro Funcionários. O instrumento particu-
lar de compromisso de compra e venda, sem cláusula de arrependimento, foi
assinado pelas partes em 02/05/2014. O valor ajustado foi quitado por meio de
depósito bancário em uma única parcela.
Dez meses após a aquisição do imóvel onde passou a residir, ao fazer o le-
vantamento de certidões necessárias à lavratura de escritura pública de compra
e venda e respectivo registro, José Afonso toma ciência da existência de penho-
ra sobre o imóvel, determinada pelo Juízo da 4 ª Vara Cível de Itaperuna/RJ,
nos autos da execução de título extrajudicial nº 6002000, ajuizada por Carlos
Batista, contador, solteiro, residente à Rua Rio Branco, 600, Itaperuna/RJ, em
face de Lúcia Maria, visando receber valor representado por cheque emitido e
vencido 4 (quatro) meses após a venda do imóvel. A determinação de penhora
do imóvel ocorreu em razão de expresso requerimento formulado, na inicial da
execução, por Carlos Batista, tendo o credor desprezado a existência de outros
imóveis livres e desimpedidos de titularidade de Lúcia Maria, cidadã de posses
na cidade onde reside. Elabore a peça processual prevista pela legislação pro-
cessual, apta a afastar a constrição judicial invasiva sobre o imóvel adquirido
por José Afonso.

capítulo 5 • 109
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4 ª VARA CÍVEL
DA COMARCA DE ITAPERUNA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Embargos de Terceiro por


dependência ao processo n... 6002000

JOSÉ AFONSO (NOME COMPLETO), nacionalidade, solteiro, engenheiro,


portador da carteira de identidade n.... e inscrito no CPF n..., endereço eletrô-
nico, domiciliado no Espírito Santo, residente na rua Central, nº 123, bair-
ro Funcionários, Murici, vem por seu advogado, com endereço profissional
na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 106, inciso
I do CPC, com fundamento no artigo 674 e seguintes do CPC, opor:

EMBARGOS DE TERCEIRO

pelo rito especial, em face do CARLOS BAPTISTA, nacionalidade, solteiro,


contador, portadora do RG n.... e inscrita no CPF n...., endereço eletrônico,
domiciliado no Rio de Janeiro, residente na Rua Rio Branco, n. 600, Itaperu-
na, pelos fatos e fundamentos a seguir:

DOS FATOS
O embargante adquiriu de Lúcia Maria, pelo valor de R$100.000,00 (cem
mil reais), uma casa para sua moradia, situada na cidade de Mucurici/ES, Rua
Central, nº 123, bairro Funcionários. O instrumento particular de compro-
misso de compra e venda, sem cláusula de arrependimento, foi assinado pe-
las partes em 02/05/2014. O valor ajustado foi quitado por embargante por
depósito bancário em uma única parcela.
Dez meses após a aquisição do bem, o embargante passou a residir no
mesmo. Para a sua surpresa, ao decidir fazer o levantamento de certidões
necessárias à lavratura de escritura pública de compra e venda e respectivo
registro, o embargante tomou ciência da existência de penhora sobre o seu
bem, determinada por este juízo, ajuizada pelo embargado em face de Lúcia
Maria, visando a receber valor representado por cheque emitido e vencido 4
(quatro) meses após a venda do imóvel.

110 • capítulo 5
A determinação de penhora do imóvel ocorreu em razão de expresso re-
querimento formulado na inicial da execução pelo embargado, tendo o cre-
dor desprezado a existência de outros imóveis livres e desimpedidos de titula-
ridade de Lúcia Maria, cidadã de posses na cidade onde reside.

DOS FUNDAMENTOS
Conforme a redação do artigo 674, do CPC, aquele que não é parte no
processo, mas sofrer constrição sobre seus bens poderá requerer seu desfa-
zimento por meio de Embargos de Terceiro. No caso em tela, o embargante
adquiriu o bem imóvel que foi penhorado pelo embargado para pagamento
de uma dívida que não deu causa.
O STJ, através da Súmula 84, dispõe que “é admissível a oposição de
Embargos de Terceiro fundados em alegação de posse advinda do compro-
misso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro.”

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1) Que seja suspendida a penhora que incide sobre o bem imóvel do
embargante.
2) Citação do embargado para contestar os embargos no prazo de 15 (quin-
ze) dias.
3) Julgar procedente o pedido para cancelar a penhora que incide sobre o imóvel
do embargante, reconhecendo o domínio definitivo do mesmo sobre o bem.
4) Condenação do embargado aos ônus da sucumbência.

DAS PROVAS
Requer a produção de provas, especialmente documental.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

capítulo 5 • 111
5.3  Ação Monitória
A ação monitória é um procedimento especial previsto no artigo 700 a 702 do
Novo CPC. Como analisa Garcia, “trata-se de processo sincrético, isto é, que en-
globa fases de conhecimento e de execução”.
Conforme conceitua o artigo 700, do Novo CPC, cabe à ação monitória àque-
le que afirmar, com base em prova escrita (pode consistir em prova oral docu-
mentada, produzida antecipadamente nos termos do art. 381) sem eficácia de
título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia
em dinheiro; a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imó-
vel; o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

Art. 700.  A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 1o A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida
antecipadamente nos termos do art. 381.

Como esclarece Garcia (2015):

Quando cabível a ação monitória é considerada uma via processual facultativa


ao autor, dotada de maior celeridade do que o ajuizamento de demanda sim-
plesmente condenatória, uma vez que autoriza, se evidente o direito do autor,
o deferimento pelo juiz, da “expedição de mandado de pagamento, de entrega
da coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer.”

Para caber à ação monitória deve o autor juntar a sua petição inicial a pro-
va escrita sem eficácia de título executivo. Pela norma do artigo 700, parágrafo
único, essa prova escrita pode se consistir em prova oral documentada, produ-
zida antecipadamente nos termos do artigo 381.
Sobre a produção antecipada de provas, o artigo 381 do CPC dispõe que ela
só será admitida nos casos havendo fundado receio de que venha a tornar-se
impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;

112 • capítulo 5
a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro
meio adequado de solução de conflito; o prévio conhecimento dos fatos possa
justificar ou evitar o ajuizamento de ação.

Art. 381 do CPC. A produção antecipada da prova será admitida nos casos
em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a
verificação de certos fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou
outro meio adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento
de ação.

CURIOSIDADE
Cabe ação monitória fundada em cheque prescrito, é o que dispõe a Súmula n. 299, do STJ,
in verbis: “É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.”

Outra observação importante contida na redação do artigo 700, do Novo


CPC, é que para o cabimento da ação monitória o devedor deve ser capaz.

CURIOSIDADE
Sobre a capacidade os artigos 3° e 4°, do Código Civil, apresentam os absolutamente e os
relativamente incapazes. O caput, do artigo 5°, da citada lei civil, também elucida que a me-
noridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
os atos da vida civil.

Art. 3o CC/02. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os


atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

capítulo 5 • 113
Art. 4o CC/02. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de
exercê-los:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência men-
tal, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação es-
pecial.

Art. 5o CC/02. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a


pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso, a impor-


tância devida, instruindo-a com memória de cálculo; o valor atual da coisa re-
clamada; o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perse-
guido, conforme determina o art. 700, § 2º do CPC.

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:
[...]
§ 2o Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso:
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo;
II - o valor atual da coisa reclamada;
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.

Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permiti-


dos para o procedimento comum, conforme preceitua o artigo 700, § 7º  da
lei. Assim, conforme a Súmula 282 do STJ, caberá a citação por edital na ação
monitória, in verbis: Súmula n. 282 STJ, “cabe a citação por edital em ação
monitória.”
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:
[...]

114 • capítulo 5
§ 7o Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos
para o procedimento comum.

No que tange ao pedido do autor, na presente demanda, conforme dispõe


o artigo 701, do Novo CPC, sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a
expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de
obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de 5% do valor atribu-
ído à causa.

Art. 701.  Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de


mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação
de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento
do valor atribuído à causa.

A lei processual, na forma do § 1º, do artigo 701, do CPC, dispõe que, caso
o réu cumpra o mandado no prazo de 15 dias efetuando o pagamento, ou a en-
trega de coisa ou a obrigação de fazer ou de não fazer, terá uma beneficie, ficará
isento do pagamento de custas processuais.

Art. 701.  Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de


mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação
de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento
do valor atribuído à causa.
§ 1o O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o
mandado no prazo.

Seguindo a elaboração da petição inicial da ação monitória e a regra contida


no artigo 319, do CPC, o valor da causa, artigo 700, § 3º, do CPC, deverá corres-
ponder à importância do pagamento de quantia em dinheiro; ou da entrega de
coisa fungível ou infungível ou do bem móvel ou imóvel; ou ainda do adimple-
mento de obrigação de fazer ou de não fazer.

capítulo 5 • 115
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz.
[...]
§ 3o O valor da causa deverá corresponder à importância prevista no § 2o,
incisos I a III.

Art. 700.  A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

Se expedido o mandado de pagamento ou de entrega de coisa ou para execu-


ção de obrigação de fazer ou de não fazer, o réu, no prazo de 15 dias, não reali-
zar o pagamento e não apresentar embargos, constituir-se-á de pleno direito o
título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, artigo
701, § 2º do CPC.
Sendo a ré a Fazenda Pública e se esta não apresenta os embargos, aplicar-se
-á o disposto, no art. 496, do Novo CPC (duplo grau de jurisdição), observando-
se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.

Art. 701.  Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de


mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação
de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento
do valor atribuído à causa.
[...]
§ 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independente-
mente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apre-
sentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o
Título II, do Livro I da Parte Especial.
[...]
§ 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no
art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que
couber, o Título II, do Livro I, da Parte Especial.

116 • capítulo 5
O réu, independentemente de prévia segurança do juízo, poderá opor, nos
próprios autos, no prazo de 15 dias, a ação monitória proposta pelo autor, atra-
vés dos embargos à ação monitória, artigo 702 do Novo CPC. Os embargos po-
dem se fundar em matéria passível de alegação como defesa no procedimento
comum, § 1º.
Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, deverá
declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado da dívida. Não apontado pelo o réu o valor correto ou
não apresentado o demonstrativo, se esse for o seu único fundamento, os em-
bargos serão liminarmente rejeitados. Contudo, se houver outro fundamento,
os embargos serão processados, mas o juiz deixará de examinar a alegação de
excesso, artigo 702, § § 2º e 3º do Novo CPC .

Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor,


nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.
§ 1o Os embargos podem se fundar em matéria passível de alegação como
defesa no procedimento comum.
§ 2o Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cum-
prir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando de-
monstrativo discriminado e atualizado da dívida.
§ 3o Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os
embargos serão liminarmente rejeitados, se esse for o seu único fundamento,
e, se houver outro fundamento, os embargos serão processados, mas o juiz
deixará de examinar a alegação de excesso.

A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida pelo ma-


gistrado de expedição de mandado de pagamento ou de entrega de coisa ou
para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, até o julgamento em pri-
meiro grau, artigo 702, § 4º do CPC.
Uma vez oferecidos pelo réu os embargos à ação monitória, o autor, na for-
ma do § 5º, do artigo 702, do CPC, será intimado para responder aos embargos
no prazo de 15 dias. Na ação monitória, admite-se a reconvenção, sendo vedado
o oferecimento de reconvenção à reconvenção.

Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor,


nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.

capítulo 5 • 117
[...]
§ 4o A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida no
caput do art. 701 até o julgamento em primeiro grau.
§ 5o O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 6o Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o ofereci-
mento de reconvenção à reconvenção.

A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais,


constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela
incontroversa. Uma vez rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito
o título executivo judicial, prosseguindo-se o processo em observância ao cum-
primento de sentença, disposto no Título II, do Livro I, da Parte Especial, no
que for cabível, conforme os § § 7º e 8°, do artigo 702 do CPC.

Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor,


nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.
[...]
§ 7º A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais,
constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à par-
cela incontroversa.
§ 8º Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito o título executi-
vo judicial, prosseguindo-se o processo em observância ao disposto no Título
II, do Livro I, da Parte Especial, no que for cabível.

Da sentença que acolher ou rejeitar os embargos à ação monitória caberá


recurso de Apelação.

Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor,


nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória.
[...]
§ 9º Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos.

118 • capítulo 5
Esqueleto da peça prático profissional da ação monitória

MODELO: PEÇA PROCESSUAL – AÇÃO MONITÓRIA (fonte 14 Times New


Roman, espaçamento 1,5)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...
(juízo a qual será distribuída)

(espaço de 10 linhas)

AUTOR (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão, por-


tador da carteira de identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrôni-
co, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado,
com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para
os fins do artigo 106, inciso I, do CPC, com fundamento no artigo 700 e se-
guintes do CPC, propor:
(espaço de uma linha)

AÇÃO MONITÓRIA
(espaço de uma linha)

pelo rito especial, em face do RÉU (NOME COMPLETO), nacionalidade, esta-


do civil, profissão, portadora do RG n...., inscrita no CPF n...., domiciliado...,
residente (endereço completo), pelos fatos e fundamentos a seguir:
(espaço de duas linhas)

DOS FATOS
Observar a regra contida no § 2°, do artigo 700 do CPC.
(espaço de uma linha)

(espaço de uma linha)

DOS FUNDAMENTOS
(espaço de uma linha)
Nesse sentido, é a doutrina: (inserir a doutrina, usar recuo de margem por
se tratar de citação, identificar o julgado)

capítulo 5 • 119
Nesse sentido, é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: (inserir a jurispru-
dência, usar recuo de margem por se tratar de citação, identificar o julgado)
(espaço de uma linha)

DOS PEDIDOS
(espaço de uma linha)
Diante do exposto, requer:
1) Que seja expedido mandado de pagamento no valor de R$... (ou de entre-
ga de coisa ou de obrigação de fazer ou de não fazer) para que o réu efetue, no
prazo de 15 dias.
2) Condenação do réu aos ônus da sucumbência
(espaço de uma linha)

DAS PROVAS
Requer a produção de provas, especialmente documental.
(espaço de uma linha)

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$... (valor da importância da quantia devida, ou da
coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel e ainda, se for o caso,
da obrigação de fazer ou de não fazer, por extenso)
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de duas linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

120 • capítulo 5
Caso concreto – Ação Monitória

(Exame 117 – Ponto 2 – OAB/SP – Adaptado)

Com o propósito de realizar sua convenção anual de junho de 2015, a


Optcom Informática Ltda., com sede na cidade de Petrópolis – RJ, reservou 50
apartamentos no Hotel Bem-Estar Ltda., localizado em Búzios. A contratação
foi realizada no mês de janeiro por meio de troca de correspondência tendo o
hotel enviado seu orçamento por escrito, e a Optcom aceitado integralmente os
termos ali propostos por igual via.
No orçamento, o hotel ressalvou que os apartamentos estariam automatica-
mente reservados mediante aceitação da proposta e, caso a Optcom desistisse
da reserva, que o fizesse mediante prévio aviso com o mínimo de 45 dias de an-
tecedência, sob pena de arcar com o valor correspondente a 20% do preço total
ajustado a título de cláusula penal.
Em maio, a menos de 30 dias do evento, a Optcom resolveu cancelá-lo, ale-
gando razões de conveniência empresarial e recusa-se a pagar qualquer quan-
tia ao hotel alegando que esse não teria tido prejuízo.
Na qualidade de advogado do Hotel Bem-Estar Ltda., promova a ação cabí-
vel, considerando que o preço contratado foi de R$100.000,00 (cem mil reais).

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL


DA COMARCA DE PETRÓPOLIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

HOTEL BEM-ESTAR LTDA., CNPJ n...., com sede (endereço completo),


Búzios, Rio de Janeiro, representada por seu diretor (nome completo), na-
cionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade n....,
inscrito no CPF n...., endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço
completo), vem por seu advogado, com endereço profissional na..., bairro...,
cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 106, inciso I, do CPC,
com fundamento no artigo 700 e seguintes do CPC, propor:

capítulo 5 • 121
AÇÃO MONITÓRIA

pelo rito especial, em face da OPTCOM INFORMÁTICA LTDA., CNPJ n....,


com sede (endereço completo), Petrópolis, Rio de Janeiro, pelos fatos e fun-
damentos a seguir:

DOS FATOS
Com o propósito de realizar sua convenção anual de junho de 2015, a ré,
reservou 50 apartamentos do autor.
A contratação foi realizada entre as partes no mês de janeiro por meio de
troca de correspondência tendo o autor enviado seu orçamento por escrito,
no valor total de R$100.000,00 (cem mil reais), que foi devidamente aceitado
pela ré.
No orçamento, o autor ressalvou que os apartamentos estariam automa-
ticamente reservados mediante aceitação da proposta e, caso a ré desistisse
da reserva, que o fizesse mediante prévio aviso com o mínimo de 45 dias de
antecedência, sob pena de arcar com o valor correspondente a 20% do preço
total ajustado a título de cláusula penal.
Em maio, a menos de 30 dias do evento, a ré resolveu cancelá-lo, alegando
razões de conveniência empresarial e recusa-se a pagar qualquer quantia ao
réu alegando que este não teria tido prejuízo.

DOS FUNDAMENTOS
Com base no artigo 700, caput e inciso I do Novo CPC, caberá ação moni-
tória aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título exe-
cutivo, ter direito de exigir do devedor o pagamento de quantia em dinheiro.
No caso em tela, como a ré não pagou a quantia estipulada no contrato a títu-
lo de cláusula penal por descumprimento contratual, no valor de R$20.000,00
cabe à autora para cobrar o valor devido, propor a presente demanda.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1) Que seja expedido mandado de pagamento no valor de R$ 20.000,00
para que o réu efetue, no prazo de 15 dias ou ofereça embargos à ação
monitória.
2) Condenação do réu aos ônus da sucumbência.

122 • capítulo 5
DAS PROVAS
Requer a produção de provas, especialmente documental.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$20.000,00.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

capítulo 5 • 123
124 • capítulo 5
6
Recursos
Daniel Assumpção (2013) afirma que “o conceito de recurso deve ser cons-
truído partindo-se de cinco características essenciais a esse meio de impugna-
ção”, quais sejam:

“voluntariedade; expressa previsão em lei federal; desenvolvimento no próprio


processo ao qual a decisão impugnada foi proferida; manejável pelas partes,
terceiros prejudicados e Ministério Público; e com o objetivo de reformar, anu-
lar, integrar ou esclarecer decisão judicial.”

Dessas características, a voluntariedade e a taxatividade tratam-se de princí-


pios recursais. Os princípios recursais são:
1. Princípio da Taxatividade: caracteriza-se pelo fato dos recursos estarem
expressamente previstos em lei. Assim, só pode ser considerado recurso o meio
de impugnação que estiver categoricamente previsto em lei.
2. Princípio da Voluntariedade: condiciona-se, exclusivamente, a exis-
tência do recurso à vontade da parte de recorrer com o ato de interposição do
recurso.
3. Princípio do duplo grau de jurisdição: está ligado ao controle da ativi-
dade estatal por meio dos recursos. Está relacionado ao princípio do devido
processo legal. A possibilidade de reexame da decisão da causa constitui seu
elemento básico.
4. Princípio da singularidade: admite apenas uma espécie recursal como
forma de impugnação de cada decisão judicial.
5. Princípio da dialeticidade: “constuma-se afirmar que o recurso é com-
posto por dois elementos: o volitivo (referente à vontade da parte em recorrer) e
o descritivo (consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do recur-
so). Este princípio está ligado ao elemento descritivo, exigindo do recorrente
a exposição da fundamentação recursal (causa de pedir: error in judicando e
error in procedendo) e do pedido (que poderá ser de anulação, reforma, escla-
recimento ou integração)”. (Neves. 2013).
6. Princípio da proibição da reformatio in pejus: por este princípio, “na
pior das hipóteses para o recorrente a decisão recorrida é mantida, não poden-
do ser alterada para piorar sua situação” (Neves. 2013). Assim, para o recorrente,
o que de pior pode ocorrer é tudo ficar como antes da interposição do recurso.
7. Princípio da fungibilidade: o termo fungibilidade significa troca, subs-
tituição, em sede recursal significa receber um recurso pelo outro. Este prin-
cípio tem como requisitos a dúvida objetiva, a ausência de erro grosseiro e a

126 • capítulo 6
inexistência de má-fé. Sobre a má-fé o Superior Tribunal de Justiça aplica a teo-
ria do menor prazo recursal, para este tribunal, “considera-se recorrente de má-
fé aquele que na dúvida entre dois recursos ou mais, escolhe o que tem o maior
prazo e recorre neste prazo, o que demonstraria, na visão do tribunal, sua malí-
cia em aproveitar de mais tempo para a interposição de recurso” (Neves. 2013).
8. Princípio da complementariedade: pelo sistema do CPC as razões re-
cursais devem ser apresentadas no momento da interposição do recurso, não
se admite que o recurso seja interposto em um momento procedimental e em
outro sejam apresentadas as razões.
9. Princípio da consumação, o fundamento deste princípio é a preclusão
consumativa, que ocorre no ato da interposição do recurso. Por este princípio,
se proíbe que um recurso seja substituído por outro, interposto posteriormente.

Requisitos de admissibilidade recursal: podem classificar-se em intrínse-


cos e extrínsecos. Os requisitos intrínsecos são concernentes à própria existên-
cia do poder de recorrer e os extrínsecos estão ligados ao modo de exercer o
direito de recorrer.
São considerados requisitos intrínsecos: o cabimento; o interesse recursal,
a legitimidade recursal e a inexistência de ato impeditivo ou extintivo do direito
de recorrer. E são considerados requisitos extrínsecos: a tempestividade; o pre-
paro e a regularidade formal.

Efeitos dos recursos: Tradicionalmente os efeitos dos recursos se limitam


em ser: suspensivo e devolutivo. O Efeito suspensivo suspende os efeitos da
decisão impedindo a sua consumação até o julgamento do recurso. O efeito
devolutivo é o efeito comum a todos os recursos, ele adia a formação da coisa
julgada e propicia o exame do mérito do recurso. Permite ao órgão ad quem o
conhecimento da matéria impugnada.

CURIOSIDADE
Existem doutrinadores que preferem somar a esses dois princípios tradicionais os efeitos
translativo, expansivo e substitutivo. “Na realidade, mesmo a doutrina que se limita a apon-
tar o efeito devolutivo e suspensivo não desconhece os demais fenômenos, somente não
os considerando efeitos do recurso ou tratando de tais temas dentro do efeito devolutivo.”
(Neves. 2013).

capítulo 6 • 127
Efeito Translativo: É a vocação que os recursos possuem em permitir que o
órgão ad quem examine de ofício matérias de ordem pública, conhecendo-as
ainda que não integrem o objeto do recurso.
Efeito Expansivo: Caberá este efeito sempre que o julgamento do recurso
gerar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada. É a capacidade
que alguns recursos possuem de ultrapassar os limites objetivos ou subjetivos
previamente estabelecidos pelo recorrente.
Efeito Substitutivo: Por este efeito o julgamento do recurso substituirá a
decisão recorrida nos limites da impugnação, artigo 1.008 do CPC. Esclarece
Daniel Assumpção:

“a interpretação literal do dispositivo legal, entretanto, não se mostra a mais


correta, considerando-se ser uníssono na doutrina o entendimento de que a
substituição à decisão recorrida pelo julgamento do recurso somente ocorre
na hipótese de julgamento do mérito recursal, e ainda assim a depender do
resultado de tal julgamento.
Não sendo recebido ou conhecido o recurso, não há que falar em efeito subs-
titutivo, porque, nesse caso, o julgamento do recurso não toma o lugar da
decisão recorrida, que se mantém íntegra para todos os fins jurídicos, à exce-
ção da contagem inicial da ação rescisória, que somente ocorrerá, por razões
pragmáticas, a partir da data do último julgamento, realizado no processo,
ainda que seja de não admissão do recurso interposto.”

Art. 1.008.  O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impug-


nada no que tiver sido objeto de recurso.

O Novo Código de Processo Civil, disciplina no seu Livro III, Título II,
Capítulo I, Das Disposições Gerais, artigo 994, os recursos cabíveis dentro do
ordenamento pátrio nacional, são eles:

Art. 994.  São cabíveis os seguintes recursos:


I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;

128 • capítulo 6
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.

Dentre os recursos relacionados, estão o recurso de Apelação e o recurso


de Agravo de Instrumento, esses dois recursos são tema deste livro e objeto de
estudo da disciplina.

6.1  Apelação
O recurso de Apelação está disciplinado no artigo 1.009 a 1.014 do Novo CPC.
Dispõe o artigo 1.009 do CPC que da sentença caberá recurso de Apelação, in
verbis:
Art. 1.009.  Da sentença cabe apelação.

Fonte: http://www.creditperformance.com.br. Acesso em: 30 abr 2015.

Isto é, tanto da sentença que extinguir o processo sem resolução do méri-


to, sentenças denominadas terminativas, quando da sentença que extinguir o
processo com resolução do mérito, sentenças denominadas definitivas, caberá
recurso de Apelação.

capítulo 6 • 129
Será caso de extinção do processo sem resolução do mérito, artigo 485 do
Novo CPC: o indeferimento da petição inicial; o processo ficar parado durante
mais de 1 ano por negligência das partes; quando por não promover os atos e
as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 dias;
se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo; quando reconhecer a existência de perempção,
de litispendência ou de coisa julgada; se verificar ausência de legitimidade ou
de interesse processual; quando acolher a alegação de existência de convenção
de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; quando
homologar a desistência da ação; em caso de morte da parte, a ação for consi-
derada intransmissível por disposição legal; e nos demais casos prescritos no
Novo CPC.

Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor aban-
donar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimen-
to válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa jul-
gada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando
o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por
disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.

Merece destaque a regra consagrada no § 7º, do artigo 485, do CPC que es-
clarece que interposto o recurso de apelação, por qualquer dos casos de que
tratam os incisos do artigo 485, do CPC, o juiz terá 5 dias para retratar-se.

Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:

130 • capítulo 6
[...]
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos
deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

Restam consagradas, nos incisos do artigo 487, do Novo CPC, as causas de


extinção do processo com resolução do mérito, são elas: quando acolher ou re-
jeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; quando decidir, de ofício
ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; quando
homologar o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou
na reconvenção; quando homologar a transação; quando homologar a renún-
cia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Art. 487.  Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Conforme dispõe o artigo 1.003, § 5°, do Novo CPC, salvo o recurso de em-
bargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é
de 15 dias. Assim, o prazo para interpor o recurso de Apelação será de 15 dias.

Art. 1.003.  O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que


os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
[...]
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recur-
sos e para responder-lhes é de 15 dias.

Para a elaboração, peça prático-profissional do recurso de Apelação, deve-se


ficar atento à regra contida, no artigo 1.010, do Novo CPC, disciplinando que
o recurso será ao próprio juízo que proferiu a decisão, em primeiro grau de

capítulo 6 • 131
jurisdição, contendo os nomes e a qualificação das partes; a exposição do fato
e do direito; as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade e o
pedido de nova decisão.

Art. 1.010.  A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro


grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.

A regra do recurso de apelação é que ele será recebido no duplo efeito, isto
é, devolutivo, artigo 1013, caput do Novo CPC, e suspensivo, artigo 1.012, caput
do Novo CPC. Contudo, o artigo 1.012, § 1º, do CPC, enumera as hipóteses em
que o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo. A redação desse pará-
grafo afirma que, “além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir
efeitos, imediatamente após a sua publicação, a sentença que”: homologar a
divisão ou demarcação de terras; condenar a pagar alimentos; extinguir sem
resolução do mérito ou julgar improcedentes os embargos do executado; julgar
procedente o pedido de instituição de arbitragem; confirmar, conceder ou re-
vogar tutela provisória; ou decretar a interdição.

Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos
do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.

132 • capítulo 6
CURIOSIDADE
No CPC de 1973, o recurso de apelação também tinha como regra ser recebido no duplo
efeito, isto é, devolutivo e suspensivo, artigo 520, caput, primeira parte. Porém, esse próprio
artigo enumerava as hipóteses (rol exemplificativo) em que o recurso de apelação só seria
recebido no efeito devolutivo, eram elas: homologar a divisão ou a demarcação; condenar à
prestação de alimentos;  decidir o processo cautelar; rejeitar liminarmente embargos à exe-
cução ou julgá-los improcedentes; julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem;
confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.

Art. 520 CPC/73. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e sus-
pensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta
de sentença que:
I - homologar a divisão ou a demarcação;
II - condenar à prestação de alimentos; 
III - revogado;
IV - decidir o processo cautelar;
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela;

Nas hipóteses em que o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo,


o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de pu-
blicada a sentença.

Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo.


[...]
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento
provisório depois de publicada a sentença.

Nas causas em que o recurso de apelação só será recebido no efeito devolu-


tivo (homologação de divisão ou demarcação de terras; condenação em alimen-
tos; extinção sem resolução do mérito ou julgar improcedentes os embargos
do executado; julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; con-
firmar, conceder ou revogar tutela provisória; além da hipótese de decretar a

capítulo 6 • 133
interdição), o pedido de concessão do efeito suspensivo, dependendo da hipó-
tese, poderá ser formulado por requerimento dirigido diretamente ao tribunal
ou ao desembargador relator, conforme preceitua o § 3º, do artigo 1.012 do
CPC.
Será caso do efeito suspensivo a ser requerido diretamente ao tribunal,
quando no período compreendido entre a interposição da apelação e sua dis-
tribuição, ficar o relator designado para seu exame prevento para julgá-la. Será
hipótese de pedido de efeito suspensivo a ser formulado para o relator, quando
a apelação já estiver sido distribuída.

Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo


[...]
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o po-
derá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua
distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para jul-
gá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.

Nas hipóteses do § 1º, do artigo 1.012, do CPC, em que o recurso de apelação


será recebido apenas nos efeitos devolutivos, a eficácia da sentença poderá ser
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento
do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave
ou de difícil reparação, § 4º, do artigo 1.012 do CPC.

Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo


[...]
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo
relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso
ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de
difícil reparação.

134 • capítulo 6
Esqueleto da peça prático profissional do Recurso de Apelação

MODELO PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: RECURSO DE APELAÇÃO


(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...
(juiz que proferiu a sentença em primeiro grau de jurisdição)

(espaço de 5 linhas)
Processo n.

(espaço de 5 linhas)
APELANTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da carteira de identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrô-
nico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado,
inconformado com a sentença de fls...., nos autos da AÇÃO..., movida por/
ou movida em face do APELADO (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado
civil, profissão, portador da carteira de n...., inscrito no CPF n...., endereço
eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), tempestivamente,
após o devido preparo, interpor:
(espaço de uma linha)
RECURSO DE APELAÇÃO
(espaço de uma linha)
para o Tribunal de Justiça do Estado..., apresentando as razões, em anexo.
(espaço de uma linha)
Diante do exposto, requer que o presente recurso seja recebido nos efeitos
previstos em leis, isto é devolutivo e suspensivo.
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

capítulo 6 • 135
MODELO PEÇA DAS RAZÕES: RECURSO DE APELAÇÃO
(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO
(espaço de 5 linhas)

Apelante: (nome completo)


Apelado: (nome completo)
Ação:
Processo n....
(espaço de 5 linhas)
Egrégio Tribunal,
(espaço de uma linha)
Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz a quo pelas razões a
seguir expostas:
(espaço de duas linhas)

EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO


(espaço de duas linhas)

RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA/OU DE DECRETAÇÃO DE NULIDADE


(espaço de duas linhas)

PEDIDO DE NOVA DECISÃO


Requer que o recurso seja conhecido e ao final dê provimento para (reformar
ou anular) a sentença proferida pelo magistrado para...
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de duas linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e nú-
mero da OAB)

136 • capítulo 6
Caso concreto – Apelação

Exame 37° OAB/RJ – Prova Prático-Profissional – Direito Civil, adaptada


Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de in-
denização por dano material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão
pastor alemão de propriedade do vizinho.
Segundo relato do autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quin-
tal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em conse-
quência do ocorrido, Gustavo alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospi-
talar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados
por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital no qual Gustavo fora atendido,
entretanto ele não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com
medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia.
Leonardo, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o
ataque ocorrera por provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro.
Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado
na indenização o valor gasto com medicamentos.
Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvi-
das declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro
e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava pedras no animal antes do
evento lesivo.
O juiz da 40.ª Vara Cível de Curitiba proferiu sentença condenando
Leonardo a indenizar Gustavo pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob
o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda
e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medica-
mentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do
fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil.
A sentença foi publicada em 12/1/2015. Após uma semana, Leonardo, não
se conformando com a sentença, procurou advogado.
Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado con-
tratado por Leonardo, elabore a peça processual cabível para a defesa dos inte-
resses de seu cliente.

capítulo 6 • 137
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 40ª VARA CÍ-
VEL DA COMARCA DE CURITIBA DO ESTADO DO PARANÁ.

Processo n....

LEONARDO (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da carteira de identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrô-
nico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado,
inconformado com a sentença de fls...., nos autos da AÇÃO COM PEDIDO
DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, movida por GUSTAVO (NOME
COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de
n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrônico, domiciliado..., residente (en-
dereço completo), tempestivamente, após o devido preparo, interpor:

RECURSO DE APELAÇÃO

para o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, apresentando as razões, em


anexo.
Diante do exposto, requer que o presente recurso seja recebido nos efeitos
previstos em leis, isto é devolutivo e suspensivo.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

138 • capítulo 6
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

Apelante: Leonardo
Apelado: Gustavo
Ação: com pedido de indenização por dano material
Processo n....

Egrégio Tribunal,

Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz a quo pelas razões a
seguir expostas:

EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO


O apelado ajuizou ação com pedido de indenização por dano material em
face do apelante, em razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão, de pro-
priedade do apelante, seu vizinho.

Segundo relato do apelado, o animal, que estava desamarrado dentro do


quintal do apelante, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em
consequência do ocorrido, o apelado alegou ter gasto R$ 3.000,00 em aten-
dimento hospitalar e R$ 2.000,00 em medicamentos. Os gastos hospitala-
res foram comprovados pelo apelado através de notas fiscais emitidas pelo
hospital em que o mesmo fora atendido, entretanto este não apresentou os
comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-
se esquecido de pegá-los na farmácia.

O apelante, citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocor-


rera por provocação do apelado que jogava pedras no cachorro. Alegou, ain-
da, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado, na indeni-
zação, o valor gasto com medicamentos.

Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ou-


vidas declararam que a mureta da casa do apelante media cerca de um metro
e vinte centímetros e que, de fato, o apelado atirava pedras no animal antes
do evento lesivo.

capítulo 6 • 139
Contudo, o magistrado proferiu sentença condenando o apelante a in-
denizar o apelado pelos danos materiais, no valor de R$ 5.000,00, sob o ar-
gumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e
por considerar razoável a quantia que o apelado alegara ter gasto com me-
dicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em
razão do fato, o apelante foi condenado a pagar indenização no valor de R$
6.000,00.

RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA


Cabe esclarecer que o animal do apelante apenas avançou no apelado,
causando as lesões que este alega ter sofrido, uma vez que o mesmo jogava
pedra no animal, tratando-se assim de culpa exclusiva da vítima conforme
preceitua o artigo 936, do CC/02, que dispõe que “o dono, ou o detentor, do
animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior”.
Alega ainda o apelado que, em face do ocorrido, gastou R$ 3.000,00 em
atendimento hospitalar e R$ 2.000,00 em medicamentos, porém, os gastos
com medicamentos não foram comprovados através de notas fiscais, alegan-
do tê-los esquecido de pegá-los na farmácia, sendo assim não há a sua com-
provação desses gastos, não há que se falar em indenização dos mesmos.

RAZÕES DE DECRETAÇÃO DE NULIDADE


O magistrado, ao proferir a sua sentença, além de condenar o apelante ao
pagamento de indenização por danos materiais ao apelado, no valor total de
R$ 5.000,00, também o condenou ao pagamento de indenização por danos
morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, no valor de
R$ 6.000,00, ocorre que em nenhum momento o apelado pleiteou dano mo-
ral ao apelante, sendo assim, essa parte da sentença extra petita, uma vez que
o juiz concedeu algo distinto do pedido formulado na inicial pelo apelado,
isto é, o dano moral em momento algum foi pleiteado pelo apelado em sua
exordial.

140 • capítulo 6
PEDIDO DE NOVA DECISÃO
Requer que o recurso seja conhecido e, ao final, dê provimento para refor-
mar parcialmente a sentença proferida pelo magistrado para julgar improce-
dente o pedido de indenização por danos materiais no valor de R$ 5.000,00,
e anular a outra parte da sentença que condenou o apelante em indenização
por danos morais, no valor de R$ 6.000,00, uma vez que estes jamais foram
pleiteados pelo apelante.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

6.2  Agravo de Instrumento


O recurso de Agravo de Instrumento está disciplinado nos artigos 1.015 a
1.020 do Novo CPC. Dispõe o artigo 1.015, do Novo CPC, que cabe Agravo de
Instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: as tutelas
provisórias; o mérito do processo; a rejeição da alegação de convenção de ar-
bitragem; incidente de desconsideração da personalidade jurídica; rejeição do
pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
exibição ou posse de documento ou coisa; exclusão de litisconsorte; rejeição
do pedido de limitação do litisconsórcio; admissão ou inadmissão de interven-
ção de terceiros; concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução; redistribuição do ônus
da prova nos termos do art. 373, § 1º; e nos
outros casos expressamente referidos em lei.
Dispõe o parágrafo único, do artigo 1.015,
do Novo CPC, que também caberá agravo de
instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença
ou de cumprimento de sentença, no proces-
so de execução e no processo de inventário. Fonte: https://www.google.
com.br Acesso em: 30 abr 2015.

capítulo 6 • 141
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias
que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de
sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos
à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões in-


terlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento
de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

Esclarece Garcia (2015) que:

“buscando mais celeridade no procedimento e certa simplificação quanto à


sistemática dos recursos, passou a autorizar a interposição de agravo de ins-
trumento somente em situações de maior urgência, nas quais seria inviável
aguardar a decisão final para se permitir a impugnação, por meio de apelação,
de decisão relativa à questão incidental.”

CURIOSIDADE
Pelo CPC de 1973 contra as decisões interlocutórias caberia ao agravante interpor além do
recurso de Agravo de Instrumento, que só era admitido em três hipóteses, o recurso de Agra-
vo Retido, artigo 522 do pretérito CPC de 1973. Este recurso foi suprimido pelo Novo CPC.

142 • capítulo 6
CURIOSIDADE
O recurso de Agravo de Instrumento só era cabível quando (artigo 522 CPC/73): se tra-
tar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos
casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação era recebida.

Pelo Novo CPC, os recursos, salvo os embargos de declaração, artigo 1.003, § 5°, terão
prazo de 15 dias. Antes, pelo CPC/73, o Agravo de Instrumento tinha prazo de interposição
de 10 dias, artigo 522, caput do CPC/73.

Art. 522/73. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10


(dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de
causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de
inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é re-
cebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.

Conforme dispõe o artigo 1.003, § 5°, do Novo CPC, salvo o recurso de em-
bargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para respondê-los
é de 15 dias. Assim, o prazo para o agravante interpor o recurso de Agravo de
Instrumento será de 15 dias e para o agravado oferecer as suas contrarrazões
também.

Art. 1.003.  O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que


os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
[...]
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recur-
sos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

O recurso será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de


petição que deverá conter os seguintes requisitos: os nomes das partes; a ex-
posição do fato e do direito; as razões do pedido de reforma ou de invalidação
da decisão e o próprio pedido; o nome e o endereço completo dos advogados
constantes do processo, artigo 1.016 e incisos do Novo CPC.

capítulo 6 • 143
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal
competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio
pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.

Ao interpor o recurso, deverá o agravante instruí-lo com os seguintes documen-


tos, obrigatoriamente, art. 1.017, inciso I do Novo CPC: cópias da petição ini-
cial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria de-
cisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial
que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados
do agravante e do agravado.
Caso o agravante não possua qualquer dos documentos enumerados, o ad-
vogado deverá declarar a inexistência desse, conforme determinado no inciso
II, do artigo 1.017 do CPC. Poderá o agravante ainda anexar, facultativamente,
outras peças que entender úteis.

Art. 1.017.  A petição de agravo de instrumento será instruída:


I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição
que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão
da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempes-
tividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no
inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade
pessoal;
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

Sobre a declaração de inexistência de qualquer dos documentos determi-


nados pelo inciso I, do artigo 1.017, do CPC, feita pelo advogado do agravante,
esclarece Daniel Assumpção que “passa a ser mais uma peça obrigatória na ins-
trução do agravo de instrumento, de forma que a ausência de sua juntada no
ato de interposição do recurso levará a inadmissão recursal.”

144 • capítulo 6
Acompanhará a petição do recurso de Agravo de Instrumento o compro-
vante do pagamento das respectivas custas processuais e do porte de retorno,
quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.
Dentro do prazo de interposição do recurso, este será interposto por proto-
colo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; ou por proto-
colo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; postagem,
sob registro, com aviso de recebimento; transmissão de dados tipo fac-símile,
nos termos da lei; ou ainda, outra forma prevista em lei, tudo conforme o artigo
1017, § 2º do CPC.
Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que com-
prometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator, antes de
considerar inadmissível o recurso, conceder o prazo de 5 dias ao agravante para
que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível, artigo 1017,
§ 3º do CPC.
Caso o Agravo seja interposto por sistema de transmissão de dados tipo
fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo
da petição original. Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as
peças obrigatórias e a declaração de inexistência de qualquer dos documentos
considerados obrigatórios, facultando-se ao agravante anexar outros documen-
tos que entender úteis para a compreensão da controvérsia, artigo 1017, § § 4º
e 5º do CPC.

Art. 1.017.  A petição de agravo de instrumento será instruída:


[...]
§ 1o  Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas
custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pe-
los tribunais.
§ 2o  No prazo do recurso, o agravo será interposto por:
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo;
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias;
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;
V - outra forma prevista em lei.
§ 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que
comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator apli-
car o disposto no art. 932, parágrafo único.

capítulo 6 • 145
§ 4o Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo
fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo
da petição original.
§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças refe-
ridas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros
documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia.

Não se pode deixar de lembrar a regra contida no artigo 1.019, inciso I, do


Novo CPC, dispondo que recebido o agravo de instrumento no tribunal e distri-
buído imediatamente, poderá o desembargador relator, dentro do prazo de 5
dias, atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela,
total ou parcialmente, a pretensão recursal do agravante, comunicando ao juiz
a quo sua decisão.

Art. 1.019.  Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído ime-


diatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o rela-
tor, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua
decisão.

ATENÇÃO
As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar
agravo de instrumento, não ficam cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em pre-
liminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
Caso, essas questões sejam suscitadas em contrarrazões, o agravante será intimado para,
em 15 dias, manifestar-se a respeito delas (artigo 1.009, § § 1o e 2o  do CPC).

Art. 1.009.  Da sentença cabe apelação.


§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu res-
peito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta
contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o re-
corrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.

146 • capítulo 6
Esqueleto da peça prático profissional do Recurso de Agravo de
Instrumento

MODELO PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: RECURSO DE AGRAVO DE INSTRU-


MENTO (fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUS-


TIÇA DO ESTADO... (incluir o nome do estado ao qual o recurso foi interposto)

(espaço de 10 linhas)

AGRAVANTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão,


portador da carteira de identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrô-
nico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu advogado,
com endereço profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., para fins do ar-
tigo 1.016, inciso IV, do CPC, inconformado com a decisão interlocutória de
fls...., proferida pelo juiz de direito da..., nos autos da AÇÃO..., movida por/ ou
movida em face do AGRAVADO (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado
civil, profissão, portador da carteira de identidade n..., inscrito no CPF n....,
endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), tempes-
tivamente, após o devido preparo, interpor recurso de:
(espaço de uma linha)
AGRAVO DE INSTRUMENTO
(espaço de uma linha)
requerendo à Vossa Excelência que se digne em recebê-lo e processá-lo, dis-
tribuindo o presente a uma das Colendas Câmaras deste Egrégio Tribunal,
apresentando as razões, em anexo.
(espaço de uma linha)
Para cumprimento do artigo 1.017, inciso I, do CPC, o recurso segue com
cópia dos seguintes documentos:
– petição inicial;
– contestação;
– petição que ensejou a decisão agravada;
– da decisão agravada;

capítulo 6 • 147
– certidão de intimação da decisão (ou outro documento oficial que com-
prove a tempestividade do recurso);
– procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
– (demais peças facultativas que o agravante entender úteis, artigo 1.017,
inciso III do CPC).
(espaço de uma linha)
Requer que o recurso seja recebido no efeito devolutivo (se for o caso, po-
derá também o agravante requerer o efeito suspensivo ou a antecipação da
tutela recursal).
(espaço de uma linha)
Informa, para fiel cumprimento ao artigo 1.016, inciso IV, do CPC, o
nome... e o endereço..., do advogado do agravado (caso esteja no processo
principal).

(espaço de duas linhas)


Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de duas linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

MODELO PEÇA DAS RAZÕES: RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO


(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)

RAZÕES DO RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO


(espaço de 5 linhas)

Agravante: (nome completo)


Agravado: (nome completo)
Ação:
Processo n....

148 • capítulo 6
(espaço de 5 linhas)
Egrégio Tribunal,
(espaço de uma linha)
Não merece prosperar a decisão interlocutória proferida pelo juiz de
Direito da..., pelas razões a seguir:
(espaço de duas linhas)
EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO
(espaço de duas linhas)
RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA OU DE INVALIDAÇÃO DA DECISÃO
(espaço de duas linhas)
PEDIDO
Requer que o recurso seja conhecido e ao final dê provimento para...
(espaço de uma linha)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de duas linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

Caso concreto - Agravo de Instrumento

36º Exame de Ordem (OAB/RJ) – 2ª Fase – Peça Profissional de D. Empresarial


Um representante legal de cooperativa de crédito, com sede e principal esta-
belecimento localizados no Distrito Federal, voltada precipuamente para a rea-
lização de mútuo aos seus associados, acaba de saber que o gerente de sucursal
localizada em outro estado foi legalmente intimado, há uma semana, por deci-
são prolatada pelo juízo da cidade de Imaginário, em que se decretou a falência
da cooperativa em questão. No caso, um empresário credor de uma duplicata
inadimplida no valor total de R$ 11.000,00 requereu, após realizar o protesto or-
dinário do título de crédito, a falência do devedor, em processo que correu sem
defesa oferecida pela mencionada pessoa jurídica. Na decisão, afirma-se que a

capítulo 6 • 149
atividade habitual de empréstimo de dinheiro a juros constitui situação mer-
cantil clássica, sendo, portanto, evidente a natureza empresarial do devedor, e
que, em razão da ausência de interesse do réu em adimplir o crédito ou sequer
se defender, patente está a sua insolvência presumida.
Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a)
contratado(a) pelo representante legal da mencionada cooperativa de crédito,
redija a medida processual cabível para impugnar a decisão proferida.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUS-


TIÇA DO ESTADO...

COOPERATIVA DE CRÉDITO, CNPJ n...., som sede (endereço completo),


Distrito Federal, representada por seu representante legal (nome completo),
nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade n....,
inscrito no CPF n...., endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço
completo), vem por seu advogado, com endereço profissional na..., bairro...,
cidade..., Estado..., para fins do artigo 1.016, inciso IV, do CPC, inconforma-
do com a decisão interlocutória de fls...., proferida pelo juiz de direito da co-
marca de Imaginário, nos autos da AÇÃO COM PEDIDO DE DECRETAÇÃO
DE FALÊNCIA, movida por AGRAVADO (NOME COMPLETO), CNPJ n...., com
sede em Imaginário, representada por seu diretor (nome completo), naciona-
lidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade n....,inscrito
no CPF n...., endereço eletrônico, domiciliado..., residente (endereço com-
pleto), tempestivamente, após o devido preparo, interpor recurso de:

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

requerendo à Vossa Excelência que se digne em recebê-lo e processá-lo, dis-


tribuindo o presente a uma das Colendas Câmaras deste Egrégio Tribunal,
apresentando as razões, em anexo.

Para cumprimento do artigo 1.017, inciso I, do CPC, o recurso segue com


cópia dos seguintes documentos:
– petição inicial;
– contestação;

150 • capítulo 6
– petição que ensejou a decisão agravada;
– da decisão agravada;
– certidão de intimação da decisão;
– procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

Requer que o recurso seja recebido no efeito devolutivo e, com base no


artigo 1.019, inciso I do CPC, o efeito suspensivo.
Informa, para fiel cumprimento ao artigo 1.016, inciso IV, do CPC, o
nome... e o endereço..., do advogado do agravado.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

RAZÕES DO RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Agravante: Cooperativa de Crédito Ltda.


Agravado: (nome completo)
Ação: com pedido de decretação de falência
Processo n....

Egrégio Tribunal,
Não merece prosperar a decisão interlocutória proferida pelo juiz de
Direito da Comarca de Imaginário, pelas razões a seguir:

EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO

O agravante é uma cooperativa de crédito voltada precipuamente para a


realização de mútuo aos seus associados. Ocorre que, a sucursal da agravante
localizada em outro estado foi legalmente intimada, por decisão prolatada
pelo juízo da cidade de Imaginário, que decretou a falência da mesma.

capítulo 6 • 151
A agravada, por conta de uma duplicata inadimplida no valor total de R$
11.000,00 pela agravante, requereu, após realizar o protesto ordinário do tí-
tulo de crédito, a falência da mesma, em processo que correu sem qualquer
possibilidade de defesa. Na decisão, o magistrado afirmou que a atividade
habitual de empréstimo de dinheiro a juros constitui situação mercantil clás-
sica, sendo, portanto, evidente a natureza empresarial da agravante, e que,
em razão da ausência de interesse em adimplir o crédito ou sequer se defen-
der, entendeu comprova a insolvência.

RAZÕES DE INVALIDAÇÃO DA DECISÃO


Há no caso concreto a incompetência do Juízo, uma vez que, conforme
artigo 3º da Lei nº 11.101/05, é competente para processar e julgar o pedido
de falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da
filial da empresa que se tenha fora do Brasil. Portanto a competência será da
Comarca do Distrito Federal.

RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA


Não é cabível, no caso em tela, a aplicação da lei de falência, Lei nº
11.101/05, tendo em vista disposição expressa contida no artigo 2º, II:

“art. 2º: Esta Lei não se aplica a:


(...)
II – Instituição financeira, pública ou privada, cooperativa de crédito, consór-
cio, entidade de previdência complementar...”

As cooperativas de crédito, como a agravante, estão sujeitas a um regime


de liquidação específico, não estando sujeitas às regras contidas na Lei nº
11.101/05.
De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB),
"Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, volun-
tariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e
culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e de-
mocraticamente gerida”. Assim, a cooperativa de crédito é uma instituição fi-
nanceira, formada por um conjunto de pessoas, de natureza civil, com forma
própria, sem fins lucrativos e não sujeita à falência.

152 • capítulo 6
As cooperativas são reguladas pela Lei Cooperativista n.º 5.764/71, pela
Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 5º, XVII, XVIII
e XX; e pelo artigo 174 § 2º; além dos artigos 1.093 a 1096 do Código Civil/02.

PEDIDO
Requer que o recurso seja conhecido, concedido pelo desembargador re-
lator o efeito suspensivo, e ao final dê provimento para reconhecer a incom-
petência do juízo para anular a decisão, encaminhando-se o processo para
o juízo da Vara Empresarial da Comarca do Distrito Federal, caso assim não
entenda este Tribunal, requer seja reformada a decisão que decretou a falên-
cia, pelos motivos acima expostos.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

6.3  Recurso Inominado


Aqui irá se trabalhar o recurso da sentença do Juizado Especial Cível, Lei n.
9.099, de 26 de setembro de 1995.
Como introdução ao estudo é bom destacar que, o Juizado Especial Cível,
Lei n. 9.099/95, é regido pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalida-
de, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conci-
liação ou a transação, artigo 2° da norma.
Possui competência para conciliação, processo e julgamento das causas cí-
veis de menor complexidade, como as causas cujo valor não exceda a 40 vezes
o salário mínimo; as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo
Civil desde que exceda a 40 salários mínimos (teto do juizado); a ação de des-
pejo para uso próprio; as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não
excedente a 40 salários mínimos.

capítulo 6 • 153
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, in-
formalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possí-
vel, a conciliação ou a transação.
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo
e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao
fixado no inciso I deste artigo.

ATENÇÃO
As causas enumeradas, no inciso II, do artigo 275, do CPC de 1973, deverão ter rito sumário
independentemente do seu valor. Dispõe o artigo 275, inciso II do CPC/73:

Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário:


[...]
II - nas causas, qualquer que seja o valor:
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via ter-
restre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de
veículo, ressalvados os casos de processo de execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto
em legislação especial;
g) que versem sobre revogação de doação; 
h) nos demais casos previstos em lei.

Não se pode esquecer que para essas causas enumeradas serem propostas
no Juizado Especial Cível não poderão ultrapassar o teto determinado pelo arti-
go 3o da lei que é de 40 salários mínimos.

154 • capítulo 6
Conforme estabelecido pela lei, artigo 9°, nas causas de valor até 20 salários
mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por
advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.

Art. 9o Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparece-
rão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor supe-
rior, a assistência é obrigatória.

No que tange ao recurso, pela regra contida na Lei 9.099/95 que dispõe so-
bre o JEC, da sentença proferida pelo juiz do juizado caberá recurso. O artigo
41, caput da Lei 9.099/95, determina que da sentença, excetuada a homologa-
tória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado,
que será julgado por turma composta por três juízes togados, em exercício no
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

Art. 41, Lei 9.099/95. Da sentença, excetuada a homologatória de concilia-


ção ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
§ 1o O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados,
em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/carreiras2/empreendedor-individual/deci-
sao-judicial-favorece-profissionais-de-educacao-fisica-na-paraiba/ Acesso: 30 mar 2015.

Mesmo que a causa seja inferior a 20 salários mínimos, e quando distribuí-


da até a sentença as partes não possuíam advogado (artigo 9°), necessariamen-
te para a interposição do recurso inominado, essas serão obrigatoriamente re-
presentadas por patrono, § 2º do artigo 41 da Lei 9.099/95.

Art. 41. Lei 9.099/95. Da sentença, excetuada a homologatória de concilia-


ção ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.

capítulo 6 • 155
§ 2o No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advo-
gado.

O recurso terá prazo para a sua interposição de 10 dias, contados da ciência


da sentença. A petição recursal deverá ser escrita e conter as razões e o pedido
do recorrente. Além da tempestividade, outro requisito essencial do recurso é
o preparo (recolhimento das custas processuais) que deverá ser efetuado, inde-
pendentemente de intimação, nas 48 horas seguintes à interposição, sob pena
de deserção,  § 1º e caput do artigo 42 da Lei 9.099/95.
Após a interposição do recurso pelo recorrente com o devido pagamento do
preparo, a secretaria do juizado intimará o recorrido para oferecer resposta es-
crita no prazo de dez dias, § 2º, do artigo 42, Lei 9.099/95.

Art. 42, Lei 9.099/95. O recurso será interposto no prazo de dez dias, conta-
dos da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões
e o pedido do recorrente.
§ 1o O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e
oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.
§ 2o Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta
escrita no prazo de dez dias.

O recurso inominado será recebido no seu efeito devolutivo, essa é a regra


estabelecida no artigo 43 da lei, contudo, o próprio artigo determina que caberá
efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte recorrente.

Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efei-
to suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.

Esqueleto da peça prático profissional do Recurso Inominado

MODELO PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: RECURSO INOMINADO


(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO... JUIZADO ES-


PECIAL CÍVEL... (juizado ao qual foi proferida a sentença)
(espaço de 5 linhas)

156 • capítulo 6
Processo n.
(espaço de 5 linhas)

RECORRENTE (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profis-


são, portador da carteira de identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço
eletrônico, domiciliado..., residente (endereço completo), vem por seu ad-
vogado, com escritório (endereço completo), para fins do artigo 41, §2°, da
Lei 9.099/95, inconformado com a sentença de fls...., nos autos da AÇÃO...,
pelo rito especial, proposta por/ ou movida em face do RECORRIDO (NOME
COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de
identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrônico, domiciliado...,
residente (endereço completo), tempestivamente, após o devido preparo,
interpor:

(espaço de uma linha)

RECURSO INOMINADO
(espaço de uma linha)

para uma das Turmas Recursais, apresentando as razões, em anexo.


(espaço de uma linha)

Requer que o recurso seja recebido no efeito devolutivo, conforme artigo


43 da Lei 9.099/95.
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de duas linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

capítulo 6 • 157
MODELO PEÇA DAS RAZÕES: RECURSO INOMINADO
(fonte 14 Times New Roman, espaçamento 1,5)
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO
(espaço de uma linha)

Recorrente: (nome completo)


Recorrido: (nome completo)
Ação:
Processo n....
(espaço de 5 linhas)

Egrégia Turma Recursal,


(espaço de uma linha)

Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz de Direito do Juizado


Especial Cível, pelas razões a seguir:
(espaço de duas linhas)

EXPOSIÇÃO DE FATO E DE DIREITO


(espaço de uma linha)

(espaço de duas linhas)

PEDIDO
Requer que o recurso seja conhecido e ao final dê provimento para...
(espaço de duas linhas)
Espera deferimento.
(espaço de uma linha)
Local e data.
(espaço de 2 linhas)

Advogado (nome completo do advogado e sua


assinatura).
OAB/UF n.... (sigla do Estado da Federação e núme-
ro da OAB)

158 • capítulo 6
Caso Concreto – Recurso Inominado

Em janeiro de 2014, Daniel Gonçalves, residente à Avenida das Américas, 2328,


Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, acessou o Mercado X, um site de compras pela
internet, para efetuar a compra de uma câmera fotográfica. Entre as formas de
pagamento oferecidas, ele escolheu o “mercado pago” (na qual o dinheiro é cre-
ditado ao site e esse só repassa o valor para o vendedor depois que o comprador
confirma que recebeu o produto).
Entretanto, antes de concluir a compra, Daniel desistiu do negócio.
Mesmo sem a transação se concretizar, a administradora do cartão de cré-
dito recebeu do site informação de débito e cadastrou a compra, emitindo pos-
teriormente faturas de cobrança. Daniel afirmou que o banco chegou a reco-
nhecer a insubsistência do débito, mas condicionou o estorno do valor pago à
apresentação de uma documentação que o Mercado X não quis liberar.
Daniel pagou o valor e ingressou com Ação de Defesa do Consumidor, no
XXIV Juizado Especial Cível da Comarca da Capital.
Em sua defesa, a empresa alegou que não teve culpa nenhuma, pois o usu-
ário do site iniciou a compra, mas não a concluiu e que em nenhum momento
ele procurou o site para pedir o estorno da operação em seu cartão de crédito.
Alegou, ainda, que na avaliação disponibilizada, no site, para informar se os
usuários são bons vendedores e compradores, ele recebeu qualificação negati-
va, pois já havia iniciado outras negociações e não honrou seu compromisso e
que não há qualquer responsabilidade em relação ao valor pago, uma vez que
foi o banco administrador do cartão de crédito quem errou ao cobrá-lo indevi-
damente.
O juiz do XXIV JEC julgou improcedente o pedido de Daniel quanto à
restituição do valor pago de R$600,00 (seiscentos reais) e ao dano moral de
R$4.000,00 (quatro mil reais), sob os argumentos de que a empresa apenas atua
como intermediadora nas compras e vendas dos produtos anunciados e, ainda,
em razão de entender que quem deu causa a cobrança indevida foi o próprio
consumidor.
Elabore o recurso processual cabível para defender os interesses de Daniel.

capítulo 6 • 159
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO XXIV JUIZA-
DO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO.

Processo n....

DANIEL (NOME COMPLETO), nacionalidade, estado civil, profissão, por-


tador da carteira de identidade n...., inscrito no CPF n...., endereço eletrôni-
co, domiciliado no Rio de Janeiro, residente à Avenida das Américas, n. 2328,
Barra da Tijuca, vem por seu advogado, com escritório (endereço completo),
para fins do artigo 41, § 2°, da Lei 9.099/95, inconformado com a sentença de
fls...., nos autos da AÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, pelo rito especial,
movida em face do MERCADO X, CNPJ n...., com sede (endereço completo),
tempestivamente, após o devido preparo, interpor:

RECURSO INOMINADO
para uma das Turmas Recursais, apresentando as razões, em anexo.

Requer que o recurso seja recebido no efeito devolutivo, conforme artigo


43 da Lei 9.099/95.

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n. ...

160 • capítulo 6
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

Recorrente: Daniel
Recorrido: Mercado X
Ação: de defesa do consumidor.
Processo n....

Egrégia Turma Recursal,

Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz de Direito do Juizado


Especial Cível, pelas razões a seguir:

EXPOSIÇÃO DE FATO E DE DIREITO


O recorrente, em janeiro de 2014, acessou o site da recorrida para efetuar
a compra de uma câmera fotográfica. Entre as formas de pagamento ofere-
cidas, o recorrente escolheu o “mercado pago” (na qual o dinheiro é credita-
do ao site e esse só repassa o valor para o vendedor depois que o comprador
confirma que recebeu o produto). Entretanto, antes de concluir a compra, o
recorrente desistiu do negócio.
Mesmo sem a transação se concretizar, a administradora do cartão de cré-
dito recebeu do recorrido, informação de débito e cadastrou a compra, emi-
tindo posteriormente faturas de cobrança.
O recorrente afirmou que o banco chegou a reconhecer a insubsistência
do débito, mas condicionou o estorno do valor pago à apresentação de uma
documentação que o recorrido não quis liberar. Assim, o recorrido, pagou a
quantia cobrada e ingressou com Ação de Defesa do Consumidor, no XXIV
Juizado Especial Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
Em defesa, o recorrido alegou que não teve culpa, pois o recorrente iniciou
a compra, mas não a concluiu, e que em nenhum momento ele procurou o
mesmo para pedir o estorno da operação em seu cartão de crédito. Sustentou
ainda o recorrido que, na avaliação disponibilizada no site, para informar se
os usuários são bons vendedores e compradores, o recorrente recebeu quali-
ficação negativa, pois já havia iniciado outras negociações e não honrou seu
compromisso. E ainda que não possui qualquer responsabilidade em relação
ao valor pago, uma vez que foi o banco administrador do cartão de crédito
quem errou ao cobrá-lo indevidamente.

capítulo 6 • 161
O magistrado do XXIV JEC julgou improcedente o pedido de recorrente
quanto à restituição do valor pago de R$600,00 (seiscentos reais) e ao dano
moral de R$4.000,00 (quatro mil reais), sob os argumentos de que o recor-
rido apenas atua como intermediador nas compras e vendas dos produtos
anunciados e, ainda, em razão de entender que quem deu causa à cobrança
indevida foi o recorrente.
Ocorre que o recorrido agiu em desacordo com as normas do Código de
Defesa do Consumidor ao prestar um serviço defeituoso ao recorrente, e não
produzindo a segurança que dele se esperava, tudo de acordo com o artigo 14
da Lei n. 8.078/90.
Cabe ainda, na hipótese, a regra contida na redação do artigo 42, pará-
grafo único, também da Lei n. 8.078/90, que dispõe que o consumidor cobra-
do em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual
ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais.

PEDIDO
Requer que o recurso seja conhecido e ao final dê provimento para refor-
mar a sentença proferida pelo o magistrado do XXIV Juizado Especial Cível
da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, julgando procedentes
os pedidos do recorrente de restituição da quantia de R$600,00 (seiscentos
reais) e indenização por dano moral no valor de R$4.000,00 (quatro mil reais).

Espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF n....

162 • capítulo 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO JÚNIOR; Gediel Claudino. Prática no Processo Civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
BRASIL. Lei 13.105 de 14 de março de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm> Acesso em: 17 abril de 2015.
_______. Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9099.htm> Acesso em: 20 abril de 2015.
_______. Lei 5.689 de 11 de janeiro de 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l5869compilada.htm Acesso em: 10 maio de 2015.
_______. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 17 maio de 2015.
_______. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm Acesso em: 17 maio de 2015.
______. Lei n. 5.869 de 11 de janeiro de 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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______. Lei n. 9.307 de 23 de setembro de 1996. Disponível em: http://legislacao.planalto.gov.br/
legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.307-1996?OpenDocument. Acesso em: 18 maio de
2015.
______. Lei n. 11.419 de 19 de dezembro de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm. Acesso em: 30 maio de 2015.
______. Lei 10.406 de10 de janeiro de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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______. Superior Tribunal de Justiça. Súmulas. Disponível em: http://www.stj.jus.br/docs_internet/
VerbetesSTJ_asc.txt. Acesso em: 31 maio de 2015.
______. Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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BUENO; Cassio Scarpella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil. v. 2. São Paulo: Saraiva,
2007.
CAMARGO, Rafael. A contestação e sua impugnação especificada e o princípio da eventualidade.
Disponível em: http://www.artigos.com/artigos/artigos-academicos/direito/a-contestacao-e-sua-
impugnacao-especifica-e-o-principio-da-eventualidade-37322/artigo/#.VU7Rbo5Viko. Acesso em: 09
maio de 2015.
DAUDT; Simone Stabel. Comentários aos artigos 300 a 303 do CPC - Da Contestação. Disponível
em: http://www.juridicohightech.com.br/2013/04/comentarios-aos-artigos-300-303-do-cpc.html.
Acesso em: 10 maio de 2015.

capítulo 6 • 163
DIDIER JUNIOR; Fredie e outros. IV Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis. Carta
de Belo Horizonte. 2014. Disponível em: http://portalprocessual.com/wp-content/uploads/2015/03/
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DOURADO; Sabrina. Saiba um pouco mais de: prevenção do juízo. Essa dica é fundamental!
Disponível em: http://sabrinadourado1302.jusbrasil.com.br/artigos/121935834/saiba-um-pouco-
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GARCIA; Gustavo Filipe Barbosa. Novo Código de Processo Civil Lei 13.105/2015. Principais
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KRUPP; Maria Elisabeth. Impugnação ao valor da causa – Incidente Processual uma das respostas
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MARINONI; Luiz Guilherme e ARANHART; Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. v. 2. In: Revista
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SANTOS; Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 24. ed. v. 2. São Paulo: Saraiva,
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SOUZA; Daniel Barvosa Lima Faria Corrêa de. Da inexistência de citação e a
actio querela nullitatis insanabilis. Disponível em: http://www.viajus.com.br/viajus.
php?pagina=artigos&id=960&idAreaSel=15&seeArt=yes. Acesso em: 10 maio de 2015.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro. v. I. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, s/d.

164 • capítulo 6
ANOTAÇÕES

capítulo 6 • 165
ANOTAÇÕES

166 • capítulo 6
ANOTAÇÕES

capítulo 6 • 167
ANOTAÇÕES

168 • capítulo 6

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