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Professora Alexia Brotto

Direito Processual Civil – Tutela Executiva

TUTELA EXECUTIVA

I. INTRODUÇÃO

Para compreender os procedimentos executivos do Cumprimento de


Sentença e do Processo de Execução faz-se necessário conhecer a Teoria
Geral da tutela executiva a fim de descobrir quando se aplica um ou outro
procedimento, quais os títulos executivos aptos a ensejar uma execução, quais
os bens passíveis de penhora, como satisfazer os interesses do credor, o que
fazer quando o devedor não possui bens, dentre outros importantes aspectos.

Assim, nosso estudo está dividido em 3 partes: A primeira destinada à


tutela executiva em geral (pressupostos, princípios, requisitos,
impenhorabilidade de bens); a segunda caracterizada pelo procedimento do
Cumprimento de Sentença; e a terceira representada pelo Processo autônomo
de Execução.

Vamos começar?

II. TEORIA GERAL DA TUTELA EXECUTIVA

Aqui vamos conversar sobre alguns elementos gerais de toda e qualquer


procedimento executivo. Princípios, requisitos, responsabilidade patrimonial,
por que razão temos essas duas modalidades executivas, dentre outros
assuntos importantes.

Vem!

1. VAMOS CONVERSAR SOBRE TUTELA EXECUTIVA?

Primeiro, por que falar em tutela executiva e não simplesmente


Processo de Execução?

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Porque desde 2005, com a Lei n. 11.232, houve a superação da


absoluta dicotomia até então estabelecida entre Processo de Conhecimento e
Processo de Execução1, por meio da instauração do Cumprimento de
Sentença – possibilidade de execução dos títulos judiciais dentro do próprio
processo de conhecimento.

Esse sistema denominado sincretismo processual concebe um único


processo de conhecimento, com uma fase de cognição que vai desde a petição
inicial até a decisão judicial transitada em julgado, e outra fase, sequencial, de
execução, que vai desde o protocolo do requerimento de cumprimento de
sentença até a extinção da fase executiva, com vistas à satisfação o credor.

Assim, desde 2006, quando entrou em vigor a Lei n. 11.232/2005, o


Processo de Conhecimento assume uma dupla finalidade:

a) OU possui a função apenas de conhecimento, com cognição


exauriente, típico de uma ação de investigação de paternidade, de nulidade
contrato, de despejo, de emancipação, alteração de regime de bens, dentre
outras;

b) OU possui a função de conhecimento e execução, típico caso que


ocorre quando uma decisão transitada em julgado que comporta uma
obrigação não é cumprida espontaneamente pela parte. Nesta hipótese, diante
do inadimplemento, resta ao credor do direito obrigacional requerer o
cumprimento da decisão nos mesmos autos, inaugurando a fase executiva.

E o Processo de Execução? Bom, o Processo de Execução continua


tendo apenas a finalidade executiva, típica de uma cognição rarefeita, para fins
de fazer-se cumprir as obrigações declaradas nos títulos executivos
extrajudiciais, a exemplo do cheque, da nota promissória, dos contratos em
geral, da escritura pública, dentre outros.

1
O princípio da autonomia da execução determinava a separação das atividades jurisdicionais
em momentos processuais distintos. José Miguel Garcia Medina lembra que "esta dicotomia
entre processo de conhecimento e de execução ganhou corpo e difundiu-se proficuamente
entre os ordenamentos jurídico-processuais modernos", em especial o CPC/1973 que previu a
existência de dois processos distintos para se realizarem as atividades de conhecimento e
execução.

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Por essa razão, grande parte da doutrina entende inexistir mérito na


execução. Porém o objetivo do processo de execução ou da fase de
cumprimento de sentença não está na prolação de uma decisão condenatória,
mandamental, constitutiva etc., mas sim na efetividade da obrigação, na
satisfação da obrigação representada por um título.

Diante desde cenário, não é possível falar apenas em “processo de


execução” quando se pretende demonstrar a possibilidade de reclamar um
direito já declarado em um título, pois, se a obrigação for revestida por um título
judicial, uma sentença condenatória de danos morais, por exemplo, o
mecanismo judicial específico será a instauração da fase de Cumprimento de
Sentença, perante o mesmo juízo que processou e julgou a respectiva
demanda de condenatória, como regra. Agora, se a obrigação estiver
representada em um título extrajudicial, uma duplicata, por exemplo, deverá ser
ajuizado o Processo de Execução – Ação Autônoma Executiva, pois essa
duplicata, caso fosse adimplida regularmente jamais chegaria ao conhecimento
do Poder Judiciário, certo? Você só instaura o Processo de Execução
justamente porque ela não foi paga!

Assim, como pretendemos trabalhar a execução nas duas modalidades,


falaremos em “Tutela Executiva”, compreendendo tanto a execução judicial:
Cumprimento de Sentença, quanto a execução extrajudicial: Processo de
Execução.

2. O QUE É EXECUTAR?

Executar significa a atuação da vontade concreta da Lei mediante a


intervenção estatal. Por que?

Por que não se trata daquela atividade investigativa, de busca de uma


composição das partes, de averiguação de provas, documentos, argumentos,
próprios de uma tutela cognitiva. A obrigação – de pagar, fazer, não fazer ou
entrega de coisa – já se encontra consubstanciada no título, ou seja, o juiz não
precisa dizer se o autor/credor/exequente tem ou não razão. Necessita apenas
comunicar o réu/devedor/executado que ele deve cumprir a respectiva
obrigação, sob pena de início dos atos executivos, tais como multas, penhora
de
bens, dentre outros, dependendo de cada modalidade executiva.

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Esses atos executivos encontram previsão no próprio Código de


Processo Civil, porém como não há previsão para essa modalidade de
autotutela2, não podendo o exequente forçar o executado a pagar ou cumprir
referida obrigação – sob pena inclusive de incorrer no crime de ameaça (art.
147 do Código Penal) – recorre ao Poder Judiciário a fim de obter a satisfação
de seu direito. E, este, por sua vez, munido do título executivo apresentado
pelo credor, possibilita ao devedor o cumprimento espontâneo, sob pena de
inicio dos atos executivos (penhora, avaliação, expropriação de bens etc).

Por isso se diz que executar é “a atuação da vontade concreta da lei


mediante intervenção estatal”.

3. QUAIS AS FORMAS DE EXECUTAR UMA OBRIGAÇÃO?

Há duas formas executivas previstas no nosso ordenamento jurídico:

a) o Cumprimento de Sentença (fase executiva dentro do Processo de


Conhecimento já existente);

b) o Processo de Execução (a Ação Executiva).

As duas formas exigem a apresentação de um TÍTULO EXECUTIVO


que contemple uma OBRIGAÇÃO CERTA, LÍQUIDA e EXIGÍVEL,
cumulativamente. E os atos executivos das duas formas, após a comunicação
do devedor para o adimplemento da obrigação, se resumem nos mesmos
procedimentos de penhora, depósito, avaliação e expropriação de bens, até a
integral satisfação do credor. Assim, um bem que não é passível de penhora,
não poderá ser penhorado nem no cumprimento de sentença nem num
processo de execução. O procedimento de leilão judicial de um bem penhorado
se dará da mesma maneira, tanto no Cumprimento de Sentença quanto no
Processo de Execução.
Assim, a regra valerá para as duas situações.
2
Como regra geral a autotutela não é permitida pelo nosso ordenamento, tendo o Poder
Judiciário avocado o ofício jurisdicional. No entanto, em algumas hipóteses, como a autotutela
administrativa (possibilidade de controle e anulação dos seus próprios atos); direito de
retenção, desforço possessório; direito de greve, prisão em flagrante, penhor legal, a autotutela
é permitida e inclusive regulamentada.

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Então, onde fica a diferença?

A diferença concentra-se na natureza do título executivo e nos


procedimentos iniciais de requerimento e comunicação do devedor, além
das formas e argumentos de defesa do devedor.

O Requerimento de CUMPRIMENTO DE SENTENÇA exige um TÍTULO


EXECUTIVO JUDICIAL (art. 515 do CPC) e materializa-se no processo de
conhecimento já existente. E se o processo já existe, o devedor será intimado
para em 15 dias cumprir a obrigação de pagar (uma vez que a citação ocorre
uma única vez e no início do processo, sendo todos os demais atos
comunicados, como regra, mediante intimação).

Já o PROCESSO DE EXECUÇÃO exige um TÍTULO EXECUTIVO


EXTRAJUDICIAL (art. 784 do CPC e demais previsões normativas) e se
materializa por meio do ajuizamento de uma nova ação – a ação executiva –
devendo, portanto, o devedor ser citado (1º ato de comunicação do réu no
processo) para em 3 dias adimplir a obrigação de pagar.

4. PRINCÍPIOS DA TUTELA EXECUTIVA

Quais princípios devem ser observados no procedimento


executivo?

O CPC/15, ao inserir no Livro I da Parte Geral as “Normas Processuais


Civis” instaurou um verdadeiro “modelo constitucional de processo” que,
decorrente do fenômeno da constitucionalização do direito, assenta-se nas
garantias fundamentais processuais que restam positivadas sob a forma de
princípios.

De todos os princípios inerentes à relação processual, elencados tanto


na Constituição Federal (art. 5º, incisos XXXV, LV, LXXVIII,
exemplificativamente), como no Livro I da Parte Geral do Código de Processo
Civil (art. 2º ao 11), alguns princípios específicos à Tutela Executiva se
destacam, a saber:

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- Princípio da “Nulla executio sine titulo”: não existe execução sem título,
seja ele judicial (art. 515 do CPC) ou extrajudicial (art. 784 do CPC). Se você
não possui título executivo, o máximo que poderá fazer para cobrar tal dívida é
ingressar com uma Ação Monitória (quando for o caso) ou a Ação de
Cobrança, ambas ações de conhecimento, a fim de obter uma decisão que
condene o devedor a pagar a obrigação;

- Princípio da tipicidade da execução: a execução só ocorre nos casos


expressos em lei (ideia de atuação da vontade concreta da lei). Os métodos
executivos são: ou Cumprimento de Sentença (quando se tem um título
executivo judicial), ou Processo de Execução (quando se tem um título
executivo extrajudicial);

- Princípio da atipicidade dos meios executivos: existem os meios


executivos típicos, tais como penhora e a expropriação de bens, porém uma
vez esgotados tais meios, cresce na doutrina e jurisprudência o amparo aos
meios executivos atípicos, como a apreensão da carteira de habilitação, do
passaporte do credor, bloqueio de seu cartão de crédito, dentre outros.

Quer SABER MAIS sobre o assunto?

Segue um breve recorte doutrinário e jurisprudencial. Vale a leitura que


pode servir de fundamentação para uma eventual peça processual também!

O artigo 139, inciso IV, do Código de Processo Civil de 2015, confere ao magistrado a
possibilidade de determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, mesmo nas ações que
tenham por objeto prestação pecuniária.

Dada a amplitude legislativa, muitos magistrados começaram a proferir decisões sob as


quais debruçou-se a doutrina para justificar a pertinência ou não de tais comandos, no sentido
de não violar outros direitos do devedor. De forma exemplificativa, alguns juízes, sob o
comando do inciso IV do artigo 139 do CPC passaram a determinar ao devedor a suspensão
da carteira de motorista, o bloqueio de cartões de crédito e até mesmo de passaportes.
Segundo Araken de Assis 3:

Não é, desse modo, tanto o conteúdo, quanto a localização da regra


motivo bastante para ensejar polêmica tão radical. O indiscriminado
3
ASSIS, Araken. Cabimento e adequação dos meios executórios atípicos. In DIDIER JR,
Fredie (coord). Medidas Executivas Atípicas. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 112-113.

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uso dos meios executórios atípicos, ignorando qualquer correlação


com o objetivo da atividade executiva, o inusitado das providências
tomadas, bem como frágeis razões de controle – via de regra,
invoca-se o princípio da proporcionalidade, cuja concretização varia
consoante a pessoa do julgador –, são os fatores que provocam
esse profundo desassossego.

O caso paradigmático deu-se na decisão de primeiro grau do processo n. 4001386-


13.2013.8.26.0011, em São Paulo, que determinou a apreensão do Passaporte e da CNH do
executado, sob o argumento de que, se não tem condições de pagar suas contas, também não
teria de viajar para fora do Brasil e também de manter um carro. Em sede de recurso, o
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em liminar no Habeas Corpus número 2183713-
85.2016.8.26.0000, suspendeu aquela medida determinando ao magistrado autoridade coatora
que, com urgência, desfizesse os atos praticados.

Fernando Gajardoni4 sintetiza a discussão e aponta argumentos favoráveis a essa


corrente interpretativa. Todavia, conforme Lenio Streck 5, essa cláusula geral de efetivação:

Obviamente precisará se limitar às possibilidades de implementação


de direitos (cumprimento) que não sejam discricionárias (ou
verdadeiramente autoritárias) e que não ultrapassem os limites
constitucionais, por objetivos meramente pragmáticos, de restrição
de direitos individuais em detrimento do devido processo
constitucional.

São medidas vistas como polêmicas no meio jurídico e que têm dividido opiniões. A
grande questão é saber a um, se tais medidas violam ou não os direitos fundamentais do
jurisdicionado; a dois, e não menos importante, se tais medidas realmente efetivam a tutela
jurisdicional, ou seja, forçam o devedor a cumprir a obrigação.

Muito embora a doutrina majoritária entenda existir medidas coercitivas ou indutivas


que jamais poderiam ser aplicadas, tendo em vista a violação de preceitos constitucionais e
ao próprio modelo constitucional de processo implantado pelo CPC/15, como por exemplo, a
prisão civil além dos limites da obrigação alimentar, há autores e magistrados que defendem
a inexistência de restrições na execução ou procedimento executivo, tão somente o instituto
da prisão civil, relegado apenas ao inadimplemento das obrigações de natureza alimentar.

E vale lembrar que um dos princípios basilares da execução ou do procedimento


executivo está encartado no artigo 805 do CPC/15 6 preconizando a utilização do meio menos
gravoso ao devedor. Ademais, consagra igualmente o CPC/15 o princípio da
responsabilidade patrimonial (artigo 798 do CPC 7) no sentido de que a execução deve atingir

4
GAJARDONI, Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz; ROQUE, André Vasconcelos;
OLIVEIRA JUNIOR, Zulmar Duarte. Teoria Geral do Processo. Comentários ao CPC de 2015 –
Parte Geral. São Paulo: Forense, 2015.
5
STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle. Como interpretar o artigo 139, IV, do CPC? Carta
branca para o arbítrio? Revista Online Conjur – Consultor Jurídico, 25/08/2016. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2016-ago-25/senso-incomum-interpretar-art-139-iv-cpc-carta-branca-
arbitrio Acesso em dez/2017.
6
CPC, Art. 805.  Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
7
CPC, Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

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tão somente o patrimônio presente e futuro do devedor, ressalvadas as hipóteses de


impenhorabilidade de bens e a responsabilidade patrimonial secundária.

Neste sentido posicionaram-se alguns tribunais estaduais a respeito, entendendo pela


proporcionalidade e razoabilidade na aplicação do artigo 139, inciso IV, do CPC/15 (Agravo de
Instrumento n. 1634787-0/PR; Agravo de Instrumento n. 0002832-74.2018.8.19.0000/RJ;
Agravo de Instrumento n. 70074015033/RS).

Recentemente o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a adoção desmedida das


medidas atípicas previstas no artigo 139, inciso IV, do Código de Processo Civil é
desproporcional, por isso sua aplicação deve ser subsidiária aos meios típicos executivos:

STJ. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL CIVIL. CPC/15.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MEDIDAS EXECUTIVAS
ATÍPICAS. ART. 139, IV, DO CPC. RESTRIÇÃO DE SAÍDA DO PAÍS
SEM PRÉVIA GARANTIA DA EXECUÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
ILEGALIDADE MANIFESTA. ATENDIMENTO ÀS DIRETRIZES
FIXADAS PELAS TURMAS DE DIREITO PRIVADO DO STJ.
1. Na esteira da orientação jurisprudencial desta Corte, não é cabível
a impetração de "habeas corpus" como sucedâneo de recurso
próprio, salvo nos casos de manifesta ilegalidade do ato apontado
como coator, em prejuízo da liberdade do paciente, quando a ordem
poderá ser concedida de ofício. Precedentes.
2. Esta Corte Superior de Justiça, pelas suas duas Turmas da Seção
de Direito Privado, tem reconhecido que o acautelamento de
passaporte é medida capaz de limitar a liberdade de locomoção do
indivíduo, o que pode significar constrangimento ilegal e arbitrário,
passível de ser analisado pela via do "habeas corpus"
3. A adoção desta medida coercitiva atípica, no âmbito do processo
de execução, não configura, em si, ofensa direta ao direito de ir e vir
do indivíduo, razão pela qual a eventual abusividade ou ilegitimidade
da ordem deve ser examinada no caso concreto.
4. Segundo as diretrizes fixadas pela Terceira Turma desta Corte,
diante da existência de indícios de que o devedor possui patrimônio
expropriável, ou que vem adotando subterfúgios para não quitar a
dívida, ao magistrado é autorizada a adoção subsidiária de medidas
executivas atípicas, tal como a apreensão de passaporte, desde que
justifique, fundamentadamente, a sua adequação para a satisfação do
direito do credor, considerando os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade e observado o contraditório prévio (REsp 1.782.418/RJ
e REsp 1788950/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgados em 23/4/2019, DJe 26/4/2019).
5. In casu, a  Corte estadual analisou a questão nos moldes
estatuídos pelo STJ, não se denotando arbitrariedade na medida
coercitiva adotada com fundamento no art. 139, IV, do CPC, pois
evidenciada a inefetividade das medidas típicas adotadas, bem como
desconsiderada a personalidade jurídica da empresa devedora, uma
vez constatada a sua utilização como escudo para frustrar a
satisfação
do crédito exequendo.
6. Ausência, ademais, de indicação de meio executivo alternativo
menos gravoso e mais eficaz pelos executados, conforme lhes
incumbia, nos termos do parágrafo único do art. 805 do CPC/2015.
7. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO, INEXISTINDO
SUBSTRATO PARA O DEFERIMENTO DA ORDEM DE OFÍCIO.

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(STJ – Relator Ministro Paulo de tarso Sanseverino – DJe


01/07/2020)

O Tribunal de Justiça paranaense, dentre outros tribunais estaduais, após a decisão do


Superior Tribunal de Justiça e mantendo a jurisprudência nele dominante, também entendeu
pela desproporcionalidade da adoção de algumas medidas atípicas que, devem ser usadas
apenas excepcionalmente, mormente quando se identifica ocultação de patrimônio por parte do
devedor.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO MONITÓRIA EM FASE DE


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PEDIDO DE APREENSÃO DE
PASSAPORTE, BLOQUEIO DE CNH, BLOQUEIO DE CARTÃO DE
CRÉDITO E DE CONCESSÃO DE
CRÉDITO. MEDIDAS COERCITIVAS ATÍPICAS (ART. 139, IV, CPC).
EXCEPCIONALIDADE. NÃO CABIMENTO. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE MÁ-FÉ OU DILAPIDAÇÃO DO PATRIMÔNIO
DO EXECUTADO. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
(TJ-PR – Agravo de instrumento n. 0008589-62.2020.8.16.0000 – 18ª
Câmara Cível – Rel. Luciane Bortoleto – DJ 09/09/2020)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANO MATERIAL EM FASE DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. MEDIDAS COERCITIVAS ATÍPICAS (CPC, ART. 139,
IV). PEDIDO DE BLOQUEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO E
SUSPENSÃO DE CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO (CNH).
DESCABIMENTO NO CASO CONCRETO. AUSÊNCIA, ATÉ O
MOMENTO, DE COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ DO DEVEDOR OU
INDÍCIOS DE OCULTAÇÃO DE PATRIMÔNIO. MEDIDA QUE, POR
ORA, NÃO SE APRESENTA RAZOÁVEL E PROPORCIONAL.
PRECEDENTES. RECURSO DESPROVIDO.
(TJ-PR – Agravo de Instrumento n. 0037028.-83.2020.8.16.0000 – 8ª
Câmara Cível – Rel. Mário Helton Jorge – DJ 08/09/2020)

De fato, observa-se na esteira da jurisprudência brasileira que o disposto no artigo 139,


inciso IV do Código de Processo Civil constitui verdadeiro reforço à obrigatoriedade de
cumprimento das decisões, uma vez que permite aos magistrado adequar as medidas ao caso
concreto e desestimular o máximo possível qualquer protelação do cumprimento da
determinação judicial.

Portanto, à luz da participação ativa do juiz, proporcional e efetiva, pode e deve ser
aplicado pelo magistrado. No entanto, a adoção deve ser precedida do esgotamento de todas
as demais medidas típicas tomadas em execução e observar os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, sob pena de violação de outros direitos, fundamentais, do jurisdicionado.

A ressalva possível de se fazer ao uso das medidas coercitivas do art. 139, IV, do
Código de Processo Civil, decorre, além das cláusulas de impenhorabilidade e das garantias
constitucionais, da própria lógica do sistema e do princípio processual segundo o qual o
procedimento executivo deve transcorrer com a menor onerosidade ao devedor.

A partir disso, antes de valer-se das medidas coercitivas do artigo 139, inciso IV, do
Código de Processo Civil, deve o magistrado utilizar-se dos meios ordinários de procura de
bens do devedor, observando a ordem de preferência de penhora estabelecida em seu artigo
835.

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Professora Alexia Brotto
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É por isso que a pura e simples suspensão da Carteira Nacional de Habilitação do


devedor, seu cartão de crédito ou seu passaporte, sem qualquer cautela, constitui-se em
medida desarrazoada, pois podem ferir direitos fundamentais do cidadão ou implicar grave
violação ao seu mínimo existencial que se pretende ter protegido pelas regras de
impenhorabilidade dos artigos 833 e 834 do Código de Processo Civil, além da Lei n. 8.009/90
– Lei do Bem de família.

Ademais, as medidas de efetivação podem ser vistas como exceção. As decisões


devem ser obedecidas como regra e o emprego da força estatal contra os teimosos ou de
mecanismos que os obriguem a cumprir seus débitos será apenas a exceção. Elas não podem
ser a primeira saída para se garantir a tutela específica, a não ser quando a lei assim
determinar ou a peculiaridade do caso concreto exigir.

Por isso, as medidas atípicas devem ser utilizadas de maneira subsidiária 8,


buscando sempre a proporcionalidade e a efetividade do cumprimento da obrigação, além
de garantirem o contraditório (RHC n. 97.876-SP) e apresentarem-se devidamente
fundamentadas (art. 93, IX CF e art. 11 CPC). Do contrário, será uma medida arbitrária e
inócua perante a execução.

- Princípio da disponibilidade: retratado no art. 775 do CPC9 determina que o


exequente pode desistir, a qualquer tempo, de toda a execução, ou de apenas
um ou alguns atos executivos, sem a necessidade de concordância do
devedor, mesmo depois deste ter sido citado/intimado. A regra contraria o
disposto no parágrafo 4º do art. 485, que trata da desistência do autor na fase
de conhecimento – necessitando do consentimento do réu após a contestação
–, mas é plenamente justificável na execução, pois aqui não faz sentido o
devedor concordar ou não com a desistência.

Mas, CUIDADO! Na desistência da execução serão extintas as defesas


do devedor que versarem apenas sobre questões processuais. Nos demais
casos, a extinção dependerá da concordância do devedor.

8
Enunciado n. 12/FPPC: “A aplicação das medidas atípicas sub - rogatórias e coercitivas é
cabível em qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título executivo
extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às medidas
tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e por meio de decisão à luz do
art. 489, § 1º, I e II do CPC”.
9
CPC, Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas
alguma medida executiva [...].

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- Princípio do contraditório: princípio consagrado constitucionalmente (art. 5º,


inciso LV da CF) e infraconstitucionalmente (arts. 9º e 10 do CPC), retrata o
verdadeiro modelo constitucional do processo.

Mas tal princípio, num primeiro momento, pode soar um pouco


incompreendido na execução, pois, uma vez que a obrigação já é exigível,
qual seria a possível DEFESA DO DEVEDOR?

De fato, diante da exigibilidade da obrigação, fica difícil pensar em


possíveis defesas do devedor. De fato, não há como, em regra, discutir a
obrigação ou o próprio título (salvo hipóteses de inexequibilidade do título).

Diante de uma decisão transitada em julgado – TÍTULO EXECUTIVO


JUDICIAL –, como poderia o devedor dizer:

– Mas eu não devo cumprir essa obrigação!


– Não concordo!

Não pode dizer isso agora! Pois teve o devedor toda a fase de
conhecimento, inclusive com o manejo de recursos para discutir tal obrigação.

Porém, há como questionar na IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA – defesa do devedor no Cumprimento de Sentença –, por
exemplo, o excesso da execução (credor está cobrando uma quantia superior
ao consignado no título), uma penhora incorreta, uma avaliação errônea de um
bem feita por um valor inferior ao que o bem efetivamente vale, a prescrição da
obrigação, a incompetência do juízo etc.

Então, muito embora a defesa do devedor seja um pouco diferente, ao


menos no Cumprimento de Sentença, ainda há como questionar algumas
coisas e em todo o procedimento deve ser observado o contraditório.

Mas e para os TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAS?

Bom, a modalidade de defesa do devedor no Processo de Execução


denomina-se “Embargos à Execução”. Essa modalidade, conforme veremos
adiante, muito embora represente a defesa do devedor no Processo de
Execução, nada mais é do que uma ação nova, um processo de conhecimento

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novo, no qual o devedor poderá alegar qualquer matéria em sua defesa.


Inclusive alegar que o título não existe? Ou que a obrigação não é válida/legal?
SIM!

Parece estranho, mas pense na seguinte situação: O credor apresenta


um cheque (título executivo extrajudicial) comprovando a obrigação certa,
líquida e exigível. Porém, esse cheque, muito embora aponte o nome do
devedor, não foi assinado pelo devedor. O cheque foi furtado do devedor e
assinado por terceiro, falsificando a assinatura do devedor. Então, o devedor
ao alegar que ele não emitiu esse cheque não terá que provar que aquela não
é sua assinatura e que seu talonário foi objeto de furto? Sim! E para provar
essa falsidade de assinatura não terá que demonstrar exame pericial
(grafotécnico) para comprovar a falsidade? Sim!

E onde quero chegar com todos esses questionamentos?

Quero chegar na conclusão de que o procedimento executivo é um


procedimento de cognição rarefeita. Tudo o que o juiz precisa conhecer é o
PRÓPRIO TÍTULO!

Alegações posteriores de excesso de execução, basta o título e um


cálculo atualizado do débito; alegações de que o bem objeto da penhora é bem
de família, por exemplo, basta a matrícula do imóvel, comprovando tratar-se de
único bem imóvel do devedor, ou seja, todas demonstrações documentais
práticas e céleres.

Agora exame pericial, prova testemunhal, de repente para provar que o


devedor apenas assinou determinado contrato sob coação, estado de perigo –
vícios do consentimento, portanto – demandam instrução mais específica,
morosa, que não “combinam” muitas vezes com a celeridade da execução.

Por isso, já que nos EMBARGOS À EXECUÇÃO é possível ao devedor


alegar qualquer matéria de defesa, isso só pode ser feito por meio de um
Processo de Conhecimento, que possui cognição exauriente, como regra. Por
isso os Embargos são ação nova que visa a defesa do devedor.

Terá autuação em apartado, novo número de autos, sendo distribuído


por dependência aos autos da Execução, conforme vermos mais adiante.

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Professora Alexia Brotto
Direito Processual Civil – Tutela Executiva

- Princípio do resultado: privilegiar o objetivo da execução, a satisfação do


credor. Não praticar atos inúteis que não contribuem para a satisfação do
credor.

- Princípio da menor onerosidade: representa uma cláusula geral de


proteção do executado, retratada no art. 805 do CPC 10. Deve sempre ser
observado o resultado, por isso, o dispositivo é claro no sentido de “quando por
vários meios o exequente puder promover a execução, deverá ser atendido o
meio menos gravoso para o devedor”.

Mas CUIDADO! Não é simplesmente o devedor alegar que não quer a


penhora de determinado bem, ou que não gostaria que fosse penhorado seu
dinheiro da conta bancária. Deve fornecer outro bem ou outra garantia
executiva que faça às vezes daquele objeto da penhora anterior. Não pode por
exemplo diante de uma penhora BACENJUD querer liberar o dinheiro
bloqueado dando em troca um par de sapatos velhos.

5. MAS QUAL A FINALIDADE DA EXECUÇÃO?

A finalidade da execução é a satisfação do direito do exequente. Para


tanto, o devedor é comunicado para cumprir a respectiva obrigação e, caso
permaneça sem cumprir, são iniciados os atos executivos.

Para as obrigações de pagamento de quantia, os atos executivos


típicos podem ser sequenciados em penhora, avaliação, depósito e
expropriação de bens para a satisfação do exequente. Para as obrigações de
fazer, não fazer e entrega de coisa, tais atos podem consistir em multas,
astreintes, lembrando que para essas modalidades deve-se buscar sempre o
resultado prático equivalente da obrigação para, em última análise, converter a
obrigação em perdas e danos.
10
CPC, Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe
indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos
executivos já determinados.

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Para as obrigações de pagamento de verba alimentar, além dos atos


executivos típicos das obrigações de pagamento de quantia, há também a
possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos – hipótese típica de
medida coercitiva e única na modalidade civil, uma vez que por força da
Súmula vinculante n. 25, foi abolida a prisão civil do depositário infiel,
permanecendo a prisão civil por divida de alimentos como única hipótese de
prisão civil.

Dessa forma, afim de padronizar e facilitar seu estudo, vamos conversar


sobre o procedimento da tutela executiva em relação às obrigações de
pagamento de quantia. Para as outras modalidades, há que se fazer as
devidas adaptações, recorrendo-se aos seguintes dispositivos legais:

- EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER: arts. 536, 537,


814-823 do CPC, lembrando que nessas modalidades executivas, busca-se
primordialmente a tutela específica da obrigação ou seu resultado prático
equivalente;

- EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE ENTREGA DE COISA: arts. 538, 806-


813 do CPC, lembrando, igualmente, que nessa modalidade executiva, busca-
se primordialmente a tutela específica da obrigação ou seu resultado prático
equivalente

- EXECUÇÃO DE ALIMENTOS: arts. 528-533 e 911-913 do CPC, lembrando


que nessa modalidade executiva, oriunda de título executivo judicial ou
extrajudicial contemplando obrigação de pagar alimentos é possível a utilização
da prisão civil;

- EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA: arts. 534, 535 e 910 do CPC,


lembrando que nessa modalidade, o procedimento executivo se instaura com
peculiaridades bastante distintas, uma vez que a Fazenda Pública será
intimada/citada apenas para tomar conhecimento da execução e,
eventualmente, se defender, uma vez que a Fazenda Pública somente paga
por meio de precatório requisitório (art. 100 CF/88) ou requisição de pequeno
valor (nas hipóteses legais) e seus bens são considerados impenhoráveis;

- EXECUÇÃO FISCAL: Lei n. 6.830/80 que regulamenta o procedimento


executivo da Fazenda Pública em cobrar seus particulares (pessoas físicas ou

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jurídicas) mediante a Certidão de Dívida Ativa (título executivo extrajudicial –


art. 784, IX do CPC), lembrado que nessa modalidade executiva apenas aplica-
se o CPC de forma subsidiária (art. 1º da Lei).

CUIDADO: A AÇÃO MONITÓRIA (arts. 700-702 do CPC) e a AÇÃO DE


ENRIQUECIMENTO ILÍCITO/LOCUPLETAMENTO ILÍCITO, ou simplesmente
AÇÃO DE COBRANÇA, muito embora se destinem ao cumprimento de uma
obrigação, NÃO são procedimentos executivos, não são ações executivas.
São ações de conhecimento, pelo procedimento comum, com exceção da
monitória que, igualmente ação de conhecimento, se desenvolve por
procedimento especial.

Mas, nos termos do ENUNCIADO 101 DO CJF/STJ “É ADMISSÍVEL A


AÇÃO MONITÓRIA AINDA QUE O AUTOR DETENHA TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL”.

6. ENTÃO, QUAIS SÃO OS PRESSUPOSTOS PARA A EXECUÇÃO?

Qualquer das formas executivas (tanto o Cumprimento de Sentença


como o Processo de Execução) necessitam, obrigatoriamente, de 2
pressupostos:

a) Um TÍTULO EXECUTIVO;
b) Uma OBRIGAÇÃO CERTA, LÍQUIDA E EXIGÍVEL (art. 783 do CPC).

Com relação ao título executivo deve-se entender que o Cumprimento de


Sentença exige um título executivo judicial.

TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL é todo e qualquer título previsto no art. 515


do CPC11, o qual possui um rol taxativo (numerus clausus).
11
CPC, art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os
artigos previstos neste Título:
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II – a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal

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OBS.1: Para ser considerado título executivo judicial não precisa


necessariamente ser uma sentença. Veja-se que o art. 515 em seu inciso I
fala em “decisão judicial que contemple obrigação de pagar, fazer, não fazer ou
entrega de coisa”. Portanto, são títulos executivos judiciais a sentença, a
decisão interlocutória, o acórdão dos tribunais de 2º grau, a decisão dos
tribunais superiores, qualquer decisão judicial, desde que reconheçam a
existência de uma obrigação.

OBS.2: o inciso III do art. 515 do CPC relaciona como título executivo
judicial o acordo extrajudicial “de qualquer natureza”, estendendo a
interpretação deste inciso para todo e qualquer acordo extrajudicial. A esse
respeito, segue posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:

ENUNCIADO n. 87/CJF: O acordo de reparação de danos feito durante a


suspensão condicional do processo, desde que devidamente homologado por
sentença, é título executivo judicial.

INFORMATIVO n. 599/STJ: o ato de composição entre o denunciado e a


vítima visando à reparação civil do dano, embutido na decisão concessiva de
suspensão condicional do processo (art. 89 lei 9099/95) é título executivo
judicial (STJ – RESP 1.123.463-DF, 21/02/2017).

E ATENÇÃO:

De todos os títulos executivos judiciais descritos no art. 515 do CPC, talvez


o que cause maior estranheza seja a sentença arbitral.

Isso porque o JUÍZO ARBITRAL refere-se a um MÉTODO EXTRAJUDICIAL


DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS, dando a falsa impressão de ser a decisão
do árbitro ou da câmara arbitral um título extrajudicial.

V– o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido


aprovados por decisão judicial;
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII – a sentença arbitral;
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo
Superior Tribunal de Justiça

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Mas não! A sentença arbitral é título executivo judicial, executado por meio
de cumprimento e sentença.

Aliás, cabe esclarecer importante questão acerca dos quatro últimos incisos
do art. 515 do CPC:
a) sentença arbitral;
b) sentença penal condenatória;
c) sentença estrangeira;
d) decisão interlocutória estrangeira.

Todos são títulos executivos judiciais e devem ser executados por meio do
Requerimento de Cumprimento de Sentença. Mas há uma singela diferença:
como para esses títulos não há ação de conhecimento em trâmite no Juízo
Cível (por exemplo, a sentença penal condenatória foi proferida pelo Juízo
Criminal, inexistindo ação cognitiva no juízo cível), o legislador exige que
nessas quatro hipóteses o devedor seja CITADO para cumprir a obrigação (e
não intimado).

Isso porque muito embora o cumprimento de sentença represente a fase


executiva dentro do processo de conhecimento, para essas decisões judiciais
não há fase cognitiva no juízo cível, devendo o respectivo cumprimento de
sentença ser distribuído.

Ora, nem haveria onde ser juntado. Qual processo? Não existe processo
no cível em trâmite, por isso a necessidade de distribuição e de citação do
devedor para adimplir a obrigação.

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Já o PROCESSO DE EXECUÇÃO exige a apresentação de um título


executivo extrajudicial. Estes, previstos no art. 784 do CPC 12, mas não se
esgotando nele – dado seu caráter exemplificativo.

OBS.1: o inciso XII do art. 784 do CPC estabelece que são igualmente
títulos executivos extrajudiciais outros títulos que a lei atribua força executiva,
como o contrato de honorários advocatícios (art. 24 do Estatuto da OAB); o
instrumento de confissão de dívida (Súmula n. 300 do STJ), dentre outros.

OBS.2: Nos termos do ENUNCIADO 100 do CJF/STJ Interpreta-se a


expressão condomínio edilício do art. 784, X, do CPC de forma a compreender
tanto os condomínios verticais, quanto os horizontais de lotes, nos termos do
art. 1.358-A do Código Civil.

Além do título executivo, deve ser observado se a OBRIGAÇÃO é CERTA,


LÍQUIDA e EXIGÍVEL, nos termos do art. 783 do CPC 13. Para executar é
imprescindível que o título guarde uma obrigação que seja ao mesmo tempo
CERTA, LÍQUIDA e EXIGÍVEL.

12
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e
aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,
previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos
e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas
em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
13
CPC, Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de
obrigação certa, líquida e exigível.

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a) CERTA: é aquela obrigação que existe, do ponto de vista fático. Há um


ou mais credores, um ou mais devedores e uma obrigação (de pagar,
fazer, não fazer ou entrega de coisa) TUDO descrito no título.

b) LÍQUIDA: é aquela obrigação que possui a representação de um valor


certo (ou se for obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa, a
liquidez será representada pelo objeto específico da obrigação).

ATENÇÃO: toda vez que a obrigação representada em um título


executivo judicial ou extrajudicial for ILÍQUIDA, antes de executá-la deve
proceder à sua liquidação, nos termos do art. 509 do CPC 14.

Vamos saber mais sobre essa LIQUIDAÇÃO?

CONCEITO: A liquidação é um procedimento judicial que objetiva integrar a


obrigação, completar a obrigação, a fim de encontrar-se seu valor (ou seu
objeto no caso das obrigações de fazer, não fazer ou entrega de coisa).

NATUREZA JURÍDICA: A liquidação tem natureza jurídica de fase de


conhecimento, pois seu objetivo é encontrar o valor da obrigação. Não é ação
nova, muito menos executiva.

ESPÉCIES: A liquidação pode ser:

a) por arbitramento: ocorrerá quando determinada pelo juiz, ou quando


convencionada pelas partes, ou quando exigido pela natureza do objeto. Nessa
modalidade, o juiz intimará as partes para apresentação de documentos e,
após, decidirá o valor liquidado de plano ou com o auxílio de um perito 15;

b) pelo procedimento comum, chamada pelo CPC/73 de “liquidação por


artigos”, ocorrerá quando houver a necessidade de provar um fato novo. Nessa
modalidade, o que inclusive justifica seu nome, haverá a abertura de um
procedimento comum, com todas as etapas: postulatória, saneamento,

14
CPC, Art. 509.  Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-
á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: [...]
15
CPC, Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação
de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de
plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial.

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instrutória e decisória, a fim de encontrar o valor da obrigação decorrente


desse fato novo16.

OBS.: Sempre que houver conflito entre as duas modalidades de


liquidação (por exemplo, o juiz determinou que a liquidação fosse realizada
por arbitramento porém também há a necessidade de provar fato novo.
Qual espécie de liquidação deve ser aplicada ao caso? Deverá ser aplicada
a liquidação pelo procedimento comum. A necessidade de provar fato novo
sempre recairá na liquidação pelo procedimento comum, justamente por esta
modalidade comportar ampla instrução probatória, própria para demonstração
e julgamento de um fato novo.

Mas CUIDADO! A simples necessidade de correção monetária, a aplicação


de juros em uma obrigação, ou a conversão de diferentes moedas (exemplo: a
decisão que transitou em julgado foi uma decisão de 1993 que condenou o réu
ao pagamento de cem mil cruzeiros) NÃO significa que precisa ser liquidada. O
valor já está lá, portanto a obrigação já é líquida. Basta somente atualizar o
valor, apresentando o respectivo demonstrativo de débito na própria peça
executiva (art. 523 e 524 do CPC).

c) EXIGÍVEL: é aquela obrigação que se situa entre a real possibilidade de


cobrança e a ausência de prescrição. Como assim?

Para os TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (art. 515 do CPC), a


obrigação exigível é aquela que já transitou em julgado e ainda não está
prescrita. Mas títulos judiciais, sentenças em geral, prescrevem? Sim! Vale a
regra da Súmula n. 150/STF que determina que a execução prescreve no
mesmo prazo da prescrição da ação17. Por isso, a necessidade de executar o
título judicial dentro desse prazo. Afinal, depois que a obrigação transitou em
julgado e prescreveu não será possível executar nem entrar com qualquer
outra medida judicial.

16
CPC, Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do
requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado,
para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir,
no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código. 
17
Súmula 150/STF: Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.

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Por outro lado, antes da obrigação transitar em julgado, ou seja, estando a


relação jurídica processual em andamento, seria possível executar o título
judicial?

E a resposta é positiva. Porém, com algumas ressalvas: A regra é aguardar


o trânsito em julgado para requerer o Cumprimento de Sentença. Mas o
legislador permite o chamado “Cumprimento Provisório de Sentença” (art. 520
do CPC18).

Vamos saber mais sobre o CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE


SENTENÇA?

CONCEITO: possibilidade de executar uma decisão judicial antes do seu


trânsito em julgado.

NATUREZA JURÍDICA: tem natureza jurídica de execução provisória, a


qual será “confirmada” com o trânsito em julgado da decisão.

REQUISITOS: a decisão judicial a ser executada provisoriamente deve


estar pendente de recurso recebido só no efeito devolutivo

CONSEQUÊNCIAS / RISCOS: a) a execução provisória corre por conta e


risco do credor que tem a responsabilidade por eventual mudança de
entendimento do tribunal que possa modificar o teor da decisão executada; b)
sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
fica sem efeito o cumprimento provisório, restituindo-se as partes ao estado
anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos.

18
CPC, Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de
efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se
ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for
reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos
autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em
parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de
posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave
dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e
prestada nos próprios autos.

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ATOS EXECUTIVOS: pode o credor praticar todos os atos executivos,


inclusive atos expropriatórios, mas para estes atos de levantamento de dinheiro
ou expropriação de bens, transferência ou alienação da propriedade 19
dependem de caução suficiente e idônea, fixada pelo juiz e prestada nos
próprios autos, SALVO as hipóteses do art. 521 do CPC que trata da
possibilidade de dispensa de caução para créditos de natureza alimentar, ou
quando o credor demonstrar encontrar-se em situação de necessidade, ou
ainda, no caso de Cumprimento Provisório de Sentença estando pendente
Agravo no Recurso Especial ou no Recurso Extraordinário.

E, ainda, sobre a caução é importante verificar que, conforme o


ENUNCIADO 262 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, “é possível
negócio jurídico processual para dispensar caução no cumprimento provisório
de sentença”.

PROCEDIMENTO: o procedimento do Cumprimento Provisório de Sentença


ocorrerá nos mesmos moldes do Cumprimento Definitivo: requerimento do
cumprimento, intimação de devedor para cumprir a obrigação sob pena de
multa e honorários, possibilidade de defesa do devedor mediante Impugnação,
atos executivos etc.

Agora para os TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS, a exigibilidade,


igualmente, se situa entre aquela obrigação que já venceu (já houve o
vencimento e a caracterização do inadimplemento) mas ao mesmo tempo
não está prescrita.

E, aqui, cabe tecer algumas diferenças.

Enquanto na execução de título executivo judicial é possível o


“Cumprimento de Provisório de Sentença”, quando ainda não transitada em
julgado a decisão, na execução de título executivo extrajudicial NÃO é
possível a execução provisória.

19
Mas, ainda que o inciso II do art. 520 mencione a restituição das partes ao estado anterior,
se o bem penhorado já foi objeto de alienação, deve-se observar o direito do terceiro de boa-fé,
conforme preleciona o parágrafo 4º do mesmo dispositivo: CPC, Art. 520, § 4º A restituição ao
estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse
ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado,
sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.

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A execução de título executivo extrajudicial pressupõe o vencimento da


obrigação, não sendo possível, portanto, antecipar essa data de vencimento
(salvo nas hipóteses de decretação de falência do art. 77 da Lei n.
11.101/2005, do inadimplemento do parcelamento legal da obrigação do art.
916 do CPC, dentre outras situações excepcionais). Deve-se aguardar,
portanto, o vencimento (exigibilidade) da obrigação para instauração do
Processo de Execução.

Por outro lado, enquanto no Cumprimento de Sentença, transitada em


julgado a decisão judicial e passado o prazo prescricional inexiste possibilidade
de ingressar com qualquer medida para efetivar o cumprimento da obrigação,
uma vez que foi fulminada pela prescrição, no Processo de Execução,
escoado o prazo prescricional do título, de fato, não será possível intentar
Ação Executiva, porém, existe a possibilidade de ingressar com Ação de
conhecimento, seja ela a Ação Monitória (que tem como uma das finalidades
efetivar títulos que perderam a força executiva) ou a Ação de
Enriquecimento Ilícito ou, simplesmente, Ação de Cobrança.

7. COMO SATISFAZER A PRETENSÃO DO EXEQUENTE?

O procedimento executivo pressupõe a satisfação da pretensão do


exequente, retratada no título executivo. Assim, após a comunicação do
devedor para espontaneamente cumprir a obrigação, no prazo fixado em lei,
não sendo cumprida, a execução prosseguirá nos chamados “atos executivos”,
consistentes na penhora e expropriação de bens para a integral satisfação do
credor.

Para tanto, há que se ressaltar quais bens podem ser penhorados e


quais bens estão acobertados pela impenhorabilidade, não podendo
responder perante a execução. E, igualmente, identificar se porventura alguma
outra pessoa poderia ser chamada a responder a execução ao lado do
devedor.

O legislador prevê no art. 789 do CPC 20 a chamada


“RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ORIGINÁRIA”, segundo a qual todos
20
CPC, Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

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os bens presentes e futuros do devedor respondem pelo cumprimento de suas


obrigações. Mas será que todos os bens do devedor respondem perante a
execução? Nem todos! Por isso a importância de reconhecer-se os bens
absolutamente impenhoráveis e os bens relativamente impenhoráveis.

a) IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA: bens que, em hipótese alguma,


poderão ser objeto de penhora/expropriação, salvo as próprias exceções da
lei.

Dois grande instrumentos normativos regulamentam a


impenhorabilidade absoluta: o art. 833 do CPC e a Lei n. 8.009/90 (Lei do bem
de família). Assim, são impenhoráveis:

CPC, Art. 833, inciso I: os bens inalienáveis e os declarados, por ato


voluntário, não sujeitos à execução;

CPC, Art. 833, inciso II: os móveis, os pertences e as utilidades


domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado
valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida;
No que diz respeito ao inciso II do art. 833 do CPC verificam-se dois sub-
grupos de exceção à impenhorabilidade: a) os bens que guarnecem a
residência do devedor, porém de elevado valor (por exemplo, uma geladeira de
30 mil reais); b) os bens que guarnecem a residência do devedor mas
ultrapassam as necessidades básicas (conceito subjetivo que nos remete à
analise jurisprudencial).
Nesse sentido, importante esclarecer o que seria esse exagero às
necessidades de um médio padrão de vida.

Com relação ao primeiro caso, inexistem problemas na verificação de um bem ter ou não
elevado valor, por exemplo, uma TV de 50 mil reais é um bem de elevado valor. Embora seja
um objeto básico de qualquer residência, pode ser adquirido e cumprindo a mesma função por
um valor muito menor. Logo, a TV de 50 mil reais é passível de penhora.

No entanto, a mesma tranquilidade não existe com relação ao segundo caso. O que
seriam bens que ultrapassam as necessidades comuns de um médio padrão de vida?

Um primeiro argumento seria excepcionar da impenhorabilidade aqueles bens em


duplicidade, por exemplo, uma casa com 2 sofás, penhora-se 1 sofá e ao outro resguarda a
impenhorabilidade.

Mas a identificação do que é e o que não é essencial reveste-se de um manto demasiado


subjetivo e, por essa razão, recorremos à jurisprudência.

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O Supremo Tribunal Federal já na vigência do CPC/73 entendia a impenhorabilidade


para aqueles bens essenciais à funcionalidade do lar, imprescindível à manutenção de uma
vida familiar digna.

DECISÃO: vistos, etc. Trata-se de recurso extraordinário, interposto


com suporte na alínea “a” do inciso III do art. 102 da Constituição
Republicana, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul. Acórdão assim ementado (fls. 46):
“IMPENHORABILIDADE. Constrição em relação a forno
de microondas que se mantém, cabendo salientar que a questão
concernente a impenhorabilidade dos bens que guarnecem a
residência tem sido mitigada pelas Turmas, somente se excluindo
da constrição aquele bem que, por essencial à funcionalidade do
lar, se torne imprescindível à manutenção de uma vida familiar
digna, situação em que não se enquadra tal bem. RECURSO
IMPROVIDO.”
[...].
(STF – RE n. 582398 – Rel. Min. Ayres Brito – DJ 20/09/2011)

O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, e na mesma orientação, reconhece como
impenhoráveis aqueles bens usualmente encontrados em qualquer residência, e de natureza
não suntuosa:

RECLAMAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE ACÓRDÃO PROLATADO


POR TURMA RECURSAL ESTADUAL E A JURISPRUDÊNCIA DO
STJ. EMBARGOS À EXECUÇÃO. TELEVISOR E MÁQUINA DE
LAVAR. IMPENHORABILIDADE.
I.- É assente na jurisprudência das Turmas que compõem a
Segunda
Seção desta Corte o entendimento segundo o qual a proteção
contida
na Lei nº 8.009/90 alcança não apenas o imóvel da família, mas
também os bens móveis que o guarnecem, à exceção apenas os
veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
II.- São impenhoráveis, portanto, o televisor e a máquina de
lavar
roupas, bens que usualmente são encontrados em uma
residência e que não possuem natureza suntuosa. Reclamação
provida.
(STJ – Rcl n. 4374 – Segunda Seção – Rel. Min. Sidnei Beneti – DJE
20/05/2011).

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. TELEVISOR.


IMPENHORABILIDADE.
I. Os aparelhos de televisão, utilitários da vida moderna atual,
são
impenhoráveis quando guarnecem a residência da devedora, na
exegese que se faz do art. 1o, § 1º, da Lei n. 8.009/90.
II. Recurso especial conhecido e provido.
(STJ – REsp n. 831.157 – Quarta Turma – Rel. Min. Aldir Passarinho
Junior – DJ 18/06/2007).

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RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. MÓVEIS


QUE GUARNECEM RESIDÊNCIA (FORNO ELÉTRICO, FREEZER,
VIDEOCASSETE, APARELHO DE AR CONDICIONADO E FORNO
DE MICROONDAS). LEI 8.009/90. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES.
1. Os eletrodomésticos que, a despeito de não serem
indispensáveis, são usualmente mantidos em um imóvel
residencial, não podem ser considerados de luxo ou suntuosos para
fins de penhora. Impenhorabilidade de forno elétrico, freezer,
videocassete, aparelho de ar condicionado e microondas.
2. Recurso especial a que se dá provimento.
(STJ – Resp n. 488.820 – Primeira Turma – Rel. Min. Denise Arruda –
DJ 28/11/2005).

CPC, Art. 833, inciso III: os vestuários, bem como os pertences de uso
pessoal do executado, salvo se de elevado valor (por exemplo, um relógio da
marca Rolex pode ser objeto de penhora em razão do elevado valor);

CPC, Art. 833, inciso IV: os vencimentos, os subsídios, os soldos, os


salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal

ESSA É A REGRA GERAL! Sendo possível penhorar o


salário/remuneração apenas para pagamento de dívida de natureza alimentar e
importâncias excedentes à 50 salários mínimos (parágrafo 2º do art. 833 do
CPC.

IMPORTANTE!!! O ENUNCIADO 105 DO CJF/STJ entendeu que o


salário/remuneração também pode ser penhorado para pagamento de
honorários advocatícios, dada a sua natureza alimentar

Mas, com relação ao salário/remuneração em geral VOCÊ SABIA que o


Superior Tribunal de Justiça vem relativizando tal impenhorabilidade – fora
das exceções do parágrafo 2º do art. 833 – a fim de viabilizar a penhora?

Vamos saber mais?

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O texto legal considera o salário impenhorável, apenas podendo ser objeto de penhora
nas exceções previstas no parágrafo 2º do mesmo art. 833 do CPC, ou seja, para pagamento
de pensão alimentícia, bem como às importâncias excedentes à 50 salários mínimos mensais.

Ou seja, fora desses dois casos excepcionais, a medida impositiva é a impenhorabilidade


do salário. No entanto, há certo tempo, o Superior Tribunal de Justiça vem flexibilizando a regra
prevista no inciso IV do art. 833, ancorado no pensamento que a função do salário é garantir a
dignidade do devedor, tendo ele condições mínimas de subsistência, todavia, a
impenhorabilidade não pode abrigar o devedor inadimplente que mantém um bom salário a
garantir suas necessidades básicas e ainda permanecer com saldo disponível, mas que não
pode ser objeto de expropriação pelo credor, apenas por se tratar de salário.

O assunto é polêmico e diverge opiniões. Parte da doutrina e jurisprudência entendem


pela flexibilização da penhora do salário enquanto outra parte entende que tal flexibilização
reflete entendimento absolutamente contra legem, devendo, portanto, ser inaplicável no caso
concreto.

Alguns recentes julgados do Superior Tribunal de Justiça viabilizando a flexibilização da


impenhorabilidade do salário:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO


NO RECURSO ESPECIAL. PENHORA DE SALÁRIO. REEXAME DE
CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA N. 7/STJ.
IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA.
1. Segundo a jurisprudência desta Corte, "A regra geral da
impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc.
(art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode
ser excepcionada quando for preservado percentual de tais
verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua
família" (EREsp 1582475/MG, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, DJe
16/10/2018).
[...].
(STJ – AgInt no AgInt no REsp n. 1.851.040 – Quarta Turma – Rel.
Min. Antonio Carlos Ferreira – DJE 08/09/2020)

AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. NÃO


CONHECIMENTO. SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA.
IMPENHORABILIDADE. PROVENTOS. EXCEÇÃO. GRAU DE
COMPROMETIMENTO DA SUBSISTÊNCIA DO DEVEDOR.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
[...].
3. No caso posto, o acórdão embargado aplicou a regra prevista no
art. 649, IV, do CPC/73, em sua literalidade, justamente porque a
matéria atinente à subsistência do devedor para suportar a
constrição não foi apreciada pelo Órgão fracionário.
4. De sua vez, no acórdão paradigma, o Colegiado, a partir do
contexto delineado no voto acerca dos proventos do devedor e dos
recursos de que dispõe para sua subsistência, entendeu tratar-se da
hipótese que autoriza excepcionar a regra da impenhorabilidade,
para compatibilizar os direitos das partes envolvidas na

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execução.
[...].
(STJ – AgInt no EREspn. 1.371.206 – Corte Especial – Rel. Min.
Jorge Mussi – DJE 02/09/2020)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE ALUGUEL. FIADOR. REGÊNCIA
DO CPC/73. VERBA REMUNERATÓRIA. IMPENHORABILIDADE.
FLEXIBILIZAÇÃO. POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL. PROVENTOS
DE APOSENTADORIA. SÚMULA Nº 83/STJ. REVISÃO DO
ASSENTANDO PELA CORTE DE ORIGEM. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ.
1. À luz exclusivamente do CPC/73, esta Corte admite a
relativização
excepcional da regra de impenhorabilidade das verbas salariais
prevista no art. 649, IV, do CPC/1973 para alcançar parte da
remuneração do devedor com o fito de satisfação do crédito não
alimentar, desde que garantida a subsistência digna do
executado e de sua família, conforme análise do caso concreto.
Precedentes. -
EREsp 1582475/MG, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Corte
Especial.
[...].
(STJ – AgInt nos EDcl no REsp n. 1.602944 – Quarta Turma – Rel.
Min. Luis Felipe Salomão – DJE 26/08/2020).

Portanto, há manifesta possibilidade de flexibilização do inciso IV do art. 833 do


CPC, pela Superior Tribunal de Justiça, desde que resguardada a manutenção de uma vida
digna pelo devedor.

CPC, Art. 833, inciso V: os livros, as máquinas, as ferramentas, os


utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício da profissão do executado;

Duas observações aqui se fazem necessárias:

a) a impenhorabilidade dos instrumentos necessários ao exercício da


profissão do devedor estendem-se às pessoas jurídicas, desde que
comprovem que o referido bem é essencial ao funcionamento da empresa
(REsp n. 1.757.405);

b) a impenhorabilidade não precisa necessariamente ser em relação a um


bem imprescindível, bastando que seja útil ao exercício profissional (AgRg no
AgRg no AREsp n. 760.162).

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CPC, Art. 833, inciso VI: o seguro de vida (no caso de morte do segurado).

Nessa hipótese, é importante destacar dois julgados do Superior Tribunal


de Justiça. O primeiro, destacando que o seguro de vida possui finalidade
alimentar e, mesmo após incorporado ao patrimônio do segurado continua
impenhorável, salvo se de elevado valor. Mas vale registrar o voto vencido
desse julgamento considerando a necessidade de prova da natureza alimentar
do seguro de vida, na espécie.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CAUTELAR


DE ARRESTO. LIMINAR. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA DE
MÉRITO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO CAUTELAR. PERDA DO
OBJETO. RECURSO PREJUDICADO.
A impenhorabilidade estabelecida em favor do beneficiário,
portanto, deve corresponder à finalidade do seguro de vida, que é
criar um fundo alimentar previdenciário, prospectivo e resguardado, e
não se traduzir em mais um meio para pagamento de dívidas.
Ressalte-se que, no caso, tem-se exemplo típico daquilo que se deve
resguardar: as dívidas cobradas pelo banco referem-se a
obrigações da sociedade empresária administrada pelo segurado
falecido, com alguma participação da beneficiária do seguro como
garante das dívidas sociais; o valor a ser recebido a título de
seguro de vida não é extremamente significativo a ponto de ser
considerado uma extravagância, apto a ser descaracterizada sua
natureza meramente alimentar; ao contrário, é um valor condizente
com sua origem, de seguro para propiciar uma modesta subsistência
da beneficiária e da família do segurado morto. Portanto,
ressalvadas situações específicas que envolvam elevado
valor, o benefício do seguro de vida, mesmo após recebido e
incorporado ao patrimônio do beneficiário, continua
impenhorável por dívidas pretéritas, nos termos do art. 649, IV e VI,
do CPC/73, c/c os arts. 794 e 795 do Código Civil de 2002".
(VOTO VENCIDO) (MIN. LUIS FELIPE SALOMÃO): "Com o evento
morte, a interpretação mais consentânea com a dicção processual
civil e com os primados da execução, 'data venia', é aquela que
entende que o capital segurado se tornará um bem patrimonial
passível de penhora. Essa conclusão advém do fato de que nem
sempre o seguro de vida tem caráter alimentar; pela interpretação
topográfica do instituto, pois caso o legislador realmente
almejasse que o seguro de vida fosse impenhorável por ser verba
voltada à subsistência do beneficiário, não o teria previsto em um
inciso autônomo, mas sim -por lógica - dentro do inciso específico
que traz um rol de 'bens' com esse mister; a regra é a
penhorabilidade, devendo as exceções serem interpretadas de
forma restritiva. Apesar disso, após o ingresso da verba no
patrimônio do beneficiário, e mesmo admitindo a possibilidade da
constrição, entendo que se trata de uma penhorabilidade
relativa. Isso porque, caso o beneficiário demonstre que tal verba
será voltada à sua subsistência, comprovando a destinação
alimentar, aí sim o seguro de vida se tornará impenhorável, com
fundamento no art. 649, IV, do CPC/1973 ou no art. 833, IV, do
NCPC, isto é, 'quantia recebida por liberalidade de terceiro e

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destinadas ao sustento do devedor e sua família', assim como


ocorrerá se o seguro de vida contiver cláusula de inalienabilidade
ou de impenhorabilidade, em que a exceção decorrerá da regra
insculpida no art. 649, I, ou 833, I, do NCPC ('bem impenhorável por
declaração de vontade')". "[...] é ônus do beneficiário a comprovação
do cunho alimentar da verba para se afastar a penhorabilidade do
seguro de vida, já que, como sabido, o executado deve desconstituir
o título executivo ou obstruir a satisfação do crédito".
(STJ – Resp n. 1.133.062 – Quarta Turma – Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira – DJE: 19/12/2017).

O segundo julgado, igualmente do Superior Tribunal de Justiça, destaca


que, à luz das demais disposições do art. 833 do CPC, principalmente o inciso
X que trata da caderneta de poupança, o seguro de vida apenas será
impenhorável no montante de até 40 salários mínimos, sendo o valor
excedente passível de penhora:

RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA. ART. 649, IX, DO


CPC/1973. EXECUÇÃO. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA.
NATUREZA ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE. 40
(QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 649, X, DO
CPC/1973. LIMITAÇÃO.
[...].
3. A impenhorabilidade do seguro de vida objetiva proteger
o
respectivo beneficiário, haja a vista a natureza alimentar da
indenização securitária.
4. A impossibilidade de penhora dos valores recebidos
pelo
beneficiário do seguro de vida limita-se ao montante de 40
(quarenta) salários mínimos, por aplicação analógica do art. 649, X,
do CPC/1973, cabendo a constrição judicial da quantia que a
exceder.
5. Recurso especial parcialmente provido.
(STJ – Resp n. 1.361.354 – Terceira Turma – Rel. Min. Ricardo Villas
Boas Cueva – DJE 25/06/2018).

Portanto, vale a análise do seguro de vida enquanto presumidamente de


natureza alimentar a constituir fundo de reserva de seus beneficiários.

CPC, Art. 833, inciso VII: os materiais necessários para obras em


andamento, salvo se essas forem penhoradas;

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CPC, Art. 833, inciso VIII: a pequena propriedade rural, assim definida em
lei, desde que trabalhada pela família;

A respeito da pequena propriedade rural, duas observações importantes:

a) o Informativo n. 596 do Superior Tribunal de Justiça consolidou o


entendimento de que o devedor deve provar tratar-se de pequena propriedade
rural conforme definição legal. Não é necessário provar, no entanto, que o
imóvel é trabalhado pela família, pois há presunção iuris tantum nesse sentido
(RESP 1.408.152-PR, 01/12/2016);

b) o Supremo Tribunal de Federal reconheceu repercussão geral – Tema


961 de repercussão geral – entendendo pela impenhorabilidade de propriedade
familiar, localizada na zona rural, que NÃO é o único bem imóvel dessa
natureza pertencente à família (ARE n. 1.038.507-PR, 22/09/2017).

CPC, Art. 833, inciso IX: os recursos públicos recebidos por instituições
privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
social;

O Superior Tribunal de Justiça, no Informativo n. 614 firmou o


entendimento de que são absolutamente impenhoráveis os créditos vinculados
ao Programa do FIES constituídos em favor de instituição privada de ensino
(REsp n. 1.588.226-DF, 17/10/2017).

CPC, Art. 833, inciso X: a quantia depositada em caderneta de poupança,


até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos.

No que concerne à impenhorabilidade da caderneta de poupança até o


limite de 40 salários mínimos, devem ser observadas três orientações
importantes:

a) A expressão “caderneta de poupança” engloba poupança,


criptomoedas, tesouro direto, fundos de investimento, dentre outros.

b) A regra da impenhorabilidade da caderneta de poupança,


igualmente ao que vimos em relação ao salário/remuneração, é excepcionada

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para pagamento de pensão alimentícia, bem como às importâncias


excedentes a 50 salários mínimos mensais.

IMPORTANTE!!! O ENUNCIADO 105 DO CJF/STJ entendeu que a


quantia depositada em caderneta de poupança também pode ser penhorada
para pagamento de honorários advocatícios, dada a sua natureza alimentar

c) A determinação legislativa é no sentido de que os valores dentro do


limite de 40 salários mínimos depositados em caderneta de poupança são
impenhoráveis, sendo o excedente plenamente objeto de penhora. No
entanto, a jurisprudência vem entendendo pela flexibilização da
impenhorabilidade da caderneta de poupança dentro dos 40 salários mínimos.

Mas VOCÊ SABIA que alguns tribunais de justiça possuem entendimento


no sentido de flexibilização da impenhorabilidade dos valores depositados em
caderneta de poupança?

Vamos saber mais?

O intuito inicial do legislador ao declarar impenhorável a quantia pecuniária menor que


quarenta salários mínimos em caderneta de poupança, se deu para resguardar uma reserva de
dinheiro do devedor ou de sua família, em casos de necessidades. Por oportuno, a
jurisprudência também destaca tal afirmação desde o CPC/73 conforme é possível perceber da
análise do julgamento do Recurso Especial 1.191.195 do Superior Tribunal de Justiça.

A intenção do legislador foi a de proteger o pequeno investidor detentor de poupança


modesta, atribuindo-lhe uma função de segurança alimentícia ou de previdência pessoal e
familiar. O valor de quarenta salários mínimos foi escolhido pelo legislador como sendo aquele
apto a assegurar um padrão mínimo de vida digna ao devedor e sua família, assegurando-lhes
bens indispensáveis à preservação do mínimo existencial, incorporando o ideal de que a
execução não pode servir para levar o devedor à ruína. Tal como a caderneta de poupança
simples, a conta poupança vinculada é considerada investimento de baixo risco e baixo
rendimento, com remuneração idêntica, ambas contando com a proteção do Fundo Garantidor
de Crédito (FGC), que protege o pequeno investidor, e isenção de imposto de renda, de modo
que deve ser acobertada pela impenhorabilidade.

Assim, para que a conta poupança seja protegida pela impenhorabilidade deve ser
respeitada sua finalidade de reserva financeira pelo poupador para assegurar eventuais
despesas extraordinárias. Deste modo pode-se concluir que o legislador, ao manter no artigo
833 a redação do artigo 649, inciso X do CPC de 1973, reafirmou que o direito deve resguardar
as contas poupanças que são utilizadas para reserva técnica familiar, demonstrando o
protecionismo do código. A intenção do legislador é realmente a de proteger os valores, pois
entende-se que serão destinados à investimentos caracterizados pelo baixo risco e retorno,
além da sua facilidade de uso, o que as tonaram tremendamente populares entre os cidadãos.
Todavia, há críticas contra a postura do legislador em proteger um devedor que, em vez de

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pagar suas dívidas, acumula capital em reserva financeira. Isso incentiva o devedor a depositar
o dinheiro em uma conta poupança para furtar-se da obrigação contraída.

Conforme explana Botelho21, quando o intérprete da norma utiliza uma interpretação


restritiva desta, ou seja, quando o aplicador fixa a barreira da norma nos exatos termos em que
ela deveria estar, ocorre a declaração específica do sentido da lei, conforme pode-se observar
do julgado abaixo:

Agravo de instrumento. Execução de cédula de crédito bancário.


Decisão agravada que reconhece a impenhorabilidade do montante
depositado em conta poupança. Art. 833, X, do CPC/2015. Valor que
não ultrapassa o limite de 40 salários mínimos. Natureza jurídica de
reserva financeira não afastada. Decisão mantida. Recurso conhecido
e não provido.
(TJPR - 15ª Câmara Cível - 0005183-33.2020.8.16.0000 - Rolândia -
Rel.: Desembargador Hamilton Mussi Corrêa - J. 05.05.2020).

No referido julgado não houve extrapolação do texto legal, ou seja, os aplicadores da


legislação apenas interpretaram a norma de forma literal ao caso concreto, limitando-se ao
valor das palavras e à consideração do significado técnico dos termos. Todavia, sabe-se que o
direito brasileiro é mutante, ou seja, os entendimentos adotados sobre certos temas e a
interpretação dos aplicadores das normas estão em constante mudança, conforme já verificado
nos capítulos anteriores. Isso se deve ao fato de que, muitas vezes, os examinadores da
legislação utilizam uma interpretação extensiva, a qual “amplia o sentido da norma para além
do que consta em sua letra”22.

Em outras palavras, o intérprete ultrapassa o sentido da norma por acreditar que ela é
demasiadamente restrita, atribuindo-lhe sentido amplo, de modo a ser aplicada em vários
casos concretos, conforme se vê abaixo:

RECURSO INOMINADO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PENHORA


DE ATIVOS FINANCEIROS DEPOSITADOS EM CONTA
POUPANÇA. RECORRENTE QUE ALEGA IMPENHORABILIDADE
DE CONTA POUPANÇA, BEM COMO DE VERBA PROVENIENTE
DE SALÁRIO. MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS INCOMPATÍVEIS
COM CONTA POUPANÇA. POSSIBILIDADE DE PENHORA DE
VERBA SALARIAL. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. Recurso conhecido e desprovido.
(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0025971-75.2018.8.16.0182 - Curitiba -
Rel.: Juiz Nestario da Silva Queiroz - J. 08.05.2020)

Neste caso, o intérprete expandiu a aplicação da norma conforme a peculiaridade do


caso concreto, não aplicando exatamente o que o texto da lei dispõe. É devido a essa
interpretação extensiva, que a jurisprudência permite, em determinados casos, a
penhora de valores inferiores a 40 (quarenta) salários mínimos depositados em
caderneta de poupança, conforme será demonstrado a seguir. Na hipótese do obrigado estar
utilizando a conta poupança como uma conta corrente, ou seja, quando este estiver agindo de

21
BOTELHO, Victor de Oliveira. Impenhorabilidade dos depósitos em dinheiro em cadernetas
de poupança. Belo Horizonte: VirtualJus, v. 3, n. 5, p. 165-185, 2018. Acesso em: 26 maio de
2020.
22
BOTELHO, Victor de Oliveira. Impenhorabilidade dos depósitos em dinheiro em cadernetas
de poupança. Belo Horizonte: VirtualJus, v. 3, n. 5, p. 165-185, 2018. Acesso em: 26 maio de
2020.

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má-fé no decorrer da demanda executiva, entende-se que é possível penhorar o valor


movimentado, conforme pode-se analisar no seguinte acórdão:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. DECISÃO DE


REJEIÇÃO DA IMPUGNAÇÃO À PENHORA FEITA DO DEVEDOR.
ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DE VALORES
CONSTRITADOS. CONTA CORRENTE COM APLICAÇÃO NA
POUPANÇA, MAS UTILIZADA PARA MOVIMENTAÇÃO
BANCÁRIA NORMAL. DESCARACTERIZAÇÃO DA FINALIDADE
DE POUPANÇA DE VALORES OU ACÚMULO DE CAPITAL.
PENHORABILIDADE AUTORIZADA. JURISPRUDÊNCIA DESTA
CORTE. VALORES DE PROVENTOS DE APOSENTADORIA E DE
ALEGADOS GANHOS COMO AUTÔNOMO QUE SÃO
IMPENHORÁVEIS DE FORMA PRECÁRIA, APENAS NO MÊS EM
QUE FORAM DEPOSITADOS, CONSIDERANDO O NECESSÁRIO
PARA A SUBSISTÊNCIA DA FAMÍLIA, NÃO O EXCESSO OU
SOBRA DO MÊS ANTERIOR. SALDO DE TAIS VALORES QUE
PODE SER CONSTRITADO. MOVIMENTAÇÃO ALTA DE VALORES
NA CITADA CONTA BANCÁRIA QUE DEPÕE CONTRA AS
ALEGAÇÕES DO AGRAVANTE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
RECURSO NÃO PROVIDO.
(TJPR - 5ª C.Cível - 0057838-16.2019.8.16.0000 - Curitiba - Rel.: Juiz
Rogério Ribas - J. 22.04.2020).

Portanto, segundo as ementas supramencionadas, quando o obrigado agir com má-fé,


ou desviar a finalidade da conta poupança, poderá resultar no afastamento da
impenhorabilidade e a posterior penhora montante movimentado.

CPC, Art. 833, inciso XI: os recursos públicos do fundo partidário


recebidos por partido político, nos termos da lei;

CPC, Art. 833, inciso XII: os créditos oriundos de alienação de unidades


imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da
obra.

LEI 8.009/90 (LEI DO BEM DE FAMÍLIA), Art. 1º.: é impenhorável o


imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, em qualquer tipo de
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída
pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

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A respeito da impenhorabilidade do bem de família cumpre tecer as


seguintes considerações:

a) O imóvel sob o qual recai a impenhorabilidade não se destina apenas


às pessoas casadas ou entidade familiar, pois a ideia do legislador sempre foi a
proteção do direito de moradia (art. 6º da CF, incluído pela EC26/00),
independente do devedor ali residir sozinho ou com seus pais, cônjuge etc. Por
essa razão, o Superior Tribunal de Justiça, desde 2008 editou a Súmula n. 364
que determina que “o conceito de impenhorabilidade de bem de família
abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e
viúvas”.

b) O próprio art. 1º da Lei n. 8.009/90 ressalta que a impenhorabilidade


do bem de família sofre algumas exceções, previstas no art. 3º da mesma
Lei, a saber:
- o imóvel pode ser penhorado pelo credor do financiamento do próprio
imóvel em razão do não pagamento das parcelas pelo devedor;

- o imóvel pode ser penhorado pelo credor de pensão alimentícia,


resguardados, logicamente, os direitos sobre o bem do seu coproprietário que
com o devedor integre união estável ou conjugal, ocasião em que pode o
cônjuge/companheiro ingressar com Embargos de Terceiro para defender sua
meação;

- o imóvel pode ser penhorado pelo credor fiscal para fins de pagamento
de impostos, territorial ou predial, taxas e contribuições;

- o imóvel pode ser penhorado pelo credor hipotecário para pagamento


da hipoteca do próprio imóvel dado em garantia;

- o imóvel pode ser penhorado por ter sido adquirido com produto de
crime;

- o imóvel pode ser penhorado por obrigação decorrente de fiança.


E em relação a essa última hipótese, valem as seguintes considerações:

O único imóvel (bem de família) do devedor não pode ser penhorado


para pagamento de aluguei previstos em contrato de locação, MAS o único
imóvel (bem de família) do fiador – garantidor da locação – pode?

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É isso mesmo?

E infelizmente, a resposta é positiva! Vamos saber mais?

A fiança representa uma garantia subsidiária – diferentemente do aval – ou seja, há


que se esgotar primeiro o patrimônio do devedor para depois buscar o patrimônio do fiador,
salvo renúncia ao benefício de ordem.

No entanto, esgotando-se os bens do devedor sem saldar integralmente a dívida,


avança-se no patrimônio do fiador, garantidor da obrigação. E este pode ter penhorados todos
os seus bens, inclusive seu bem de família, para pagamento da dívida originária do devedor.

Recentemente foi levantada a tese da distinção entre a locação residencial e a


comercial, uma vez que atribuir tal consequência de perda do bem de família na locação
comercial acabaria por inviabilizar a livre iniciativa, postulado da atividade econômica.

No julgamento do Recurso Extraordinário n. 605.709, o Supremo Tribunal Federal


declarou a incompatibilidade da penhora do bem de família do fiador, dado como garantia em
contrato de locação comercial, frente ao direito constitucional à moradia.

Ou seja, o STF reconheceu que a previsão do art. 3º, inciso VII, da Lei do Bem de
Família não abrange os contratos de locação comercial. A Ministra Rosa Weber, que compôs
a corrente vencedora, em conjunto com os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, esclareceu
que a jurisprudência consolidada pelo Plenário da Corte (RE 407.688/AC e RE 612.630/SP)
determina a penhora do bem de família do fiador somente nos casos de contrato de locação
residencial, e não comercial.

IMPENHORABILIDADE RELATIVA: bens que, à falta de outros bens


livres e desembaraçados poderão ser objeto de penhora/expropriação. São
eles: os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis.

Por exemplo, o devedor possui um imóvel doado por seu avô com
cláusula de inalienabilidade. Este imóvel, por ser inalienável não poderá ser
objeto de penhora (art. 833, inciso I do CPC), porém, os alugueis do imóvel
poderão ser penhorados/expropriados. O mesmo ocorre em relação à frutos
oriundos de um arrendamento mercantil de terreno igualmente inalienável.

8. MEIOS EXECUTIVOS PARA LOCALIZAÇÃO/PENHORA DE BENS

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Professora Alexia Brotto
Direito Processual Civil – Tutela Executiva

O Estado, com o intuito de satisfazer o direito do credor na tutela


executiva (Cumprimento de Sentença e Processo de Execução) buscou
implementar medidas a fim de compelir o executado a saldar sua obrigação.

Essas medidas privilegiaram os direitos fundamentais constitucionais,


amparados pelos princípios da jurisdição e da razoável duração do processo,
além dos princípios executivos do resultado e da efetividade da execução.

Assim, perante a inadimplência do devedor, o Poder Judiciário


implementou, por meio de convênios, instrumentos de investigação de
patrimônio e rastreio de dados, que estão em constante atualização, a fim de
aprimoramento e melhor aplicabilidade. Esses mecanismos digitais possibilitam
a obtenção das informações necessárias, de maneira rápida, o que culmina,
sempre que possível, na satisfação do credor.

São exemplos de mecanismos digitais de busca/penhora de bens ou


informações do devedor:

a) SISBAJUD: sistema aprimorado do BACENJUD 2.0, que entrou em


vigência em agosto de 2020. Desde o ano de 2006, quando o Poder Judiciário
firmou convênio com o Banco Central do Brasil, criando o sistema BACENJUD,
viabilizou a conhecida “penhora online”, consistente no bloqueio de ativos
financeiro do devedor, por meio eletrônico.

Esse sistema, que interliga o Poder Judiciário ao Banco Central do Brasil


e às instituições bancárias, concede ao Magistrado acesso ao site do Bacen,
com o uso de uma senha pessoal e cadastro, nos termos da Resolução n.
61/2008, para ordenar busca de informações referentes a endereços, saldos e
extratos de contas bancárias e, ainda, expedir ordens de bloqueio, desbloqueio
e transferência de valores, concernentes aos executados das ações executivas
sob sua jurisdição.

De lá pra cá, de fato, a execução ficou muito mais satisfatória e célere,


por meio desse sistema, todavia, o BACENJUD continuou se aperfeiçoando.

Em dezembro de 2019, sob a necessidade de renovação tecnológica da


ferramenta, foi firmado Acordo de Cooperação Técnica entre o Conselho
Nacional de Justiça – CNJ, o Banco Central e a Procuradoria da Fazenda
Nacional – PGFN, visando o desenvolvimento de novo sistema para substituir o
BacenJud e aprimorar a forma de o Poder Judiciário transmitir suas ordens às

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instituições financeiras. Nascia o SisbaJud, cujo objetivo pauta-se na redução


de prazos de tramitação dos processos e aumento da efetividade das decisões
judiciais.
Continua sendo o primeiro sistema de busca e penhora de bens, uma
vez que o dinheiro é, por força do disposto no art. 835 do CPC 23, o primeiro
bem passível de penhora na hierarquia – não absoluto 24 – do respectivo
dispositivo.

Uma outra funcionalidade pouco conhecida desse sistema (que já era


utilizada ainda no BACENJUD) diz respeito a busca de informações
domiciliares do devedor. A esse respeito, posicionou-se o Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná:
23
CPC, Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em
mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária
em garantia;
XIII - outros direitos.

24
A ordem do art. 835 do CPC é preferencial e não impositiva/absoluta. Este é o entendimento
da Súmula 417 do STJ: “Na execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de
bens não tem caráter absoluto”. Há uma diretriz legal, que pode sucumbir diante das
circunstâncias do caso (art. 835, § 1º, CPC). A ordem leva em consideração a maior facilidade
de conversão do bem em dinheiro – por isso a penhora em dinheiro é preferencial – e a menor
onerosidade da execução (art. 805, CPC). Não se admite a modificação da ordem legal apenas
com o propósito de proteger o executado. Todavia, o dinheiro pode, realmente, não ser o bem
a ser prioritariamente penhorado. Não pelas razões dos precedentes que geraram o enunciado
da súmula – que se atinham à discussão sobre a imperatividade ou não da ordem estabelecida
pelo art. 655 do CPC-1973, correspondente ao art. 835 do CPC-2015. Mas pelo fato de haver
outras regras que mitigam essa  prioridade.Há ao menos quatro situações em que isso pode vir
a acontecer, atualmente: i) o credor escolhe outro bem a ser penhorado – e essa escolha não
se revela abusiva, nos termos do art. 805 do CPC; ii) há negócio jurídico processual que defina
previamente o bem a ser penhorado (típico, como nos casos do art. 835, § 3º, CPC – créditos
com garantia real; ou atípico, com base no art. 190 do CPC); iii) o executado oferece fiança
bancária ou seguro garantia judicial, em valor 30% superior ao crédito (art. 835, § 2º, CPC) – a
lei equipara o dinheiro a essas duas garantias para fim de penhora; iv) o credor exerceu direito
de retenção sobre um bem, que deve ser o penhorado nos termos do art. 793, CPC.Assim, o
enunciado n. 417 da súmula do STJ pode ser mantido, mas deve ter o seu sentido
reconstruído, tendo em vista o CPC-2015 (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio;
MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodium, 2018, p. 412).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO.EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.
DECISÃO QUE INDEFERE A BUSCA PELO ENDEREÇO DA
AGRAVADA PELOS SISTEMAS INFOJUD, RENAJUD, INFOSEG E
BACENJUD. REFORMA. POSSIBILIDADE DO JUÍZO EFETUAR A
DILIGÊNCIA PARA A BUSCA DO ENDEREÇO.APLICABILIDADE
DOS PRINCÍPIOS DA CELERIDADE PROCESSUAL E
INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS.PRECEDENTES DESTA
CORTE. É possível a utilização dos sistemas INFOJUD,
INFOSEG, BACENJUD E RENAJUD para busca de endereços da
parte adversa, máxime quando tal medida atende aos princípios da
celeridade processual e instrumentalidade das formas. AGRAVO DE
INSTRUMENTO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO.
Agravo de Instrumento nº 1.548.745-9 fls. 2. ESTADO DO PARANÁ
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (TJPR - 9ª C. Cível -
AI - 1548745-9 - 9ª Câmara Cível - Rel.: Coimbra de Moura -
Unânime - J. 27.10.2016)

Deste modo, caso o executado se esquive de quitar seus débitos, se


mudando de endereço, será possível localizá-lo por meio deste recurso
oferecido pelo sistema BACENJUD/SISBAJUD.

b) RENAJUD: sistema online criado em 2006 por meio de um Acordo de


Cooperação Técnica celebrado entre o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, o
Ministério das Cidades e o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN,
para constrição judicial de veículos.

Permite que o juiz ou servidor judiciário, após prévio cadastro e


utilizando senha pessoal, realize consultas para identificar se o devedor,
pessoa física ou jurídica, possui automóveis registrados em seu nome, além de
possibilitar a expedição de ordens de restrições ao veículo, que pode ser
proibições de transferência, licenciamento, circulação e ainda, registrar ou
averbar penhora. Por fim, ainda é possível retirar todas as restrições e levantar
as penhoras que foram gravadas pelo juízo, a depender do momento
processual.

Diferentemente da sistemática aplicada ao sistema SISBAJUD, no qual


os protocolos, ainda que céleres, demandam algum tempo para apresentarem
as respostas, no sistema RENAJUD, o magistrado, de posse do CPF ou do
CNPJ do devedor, do número do chassi ou da placa do veículo poderá
consultar as informações de forma imediata, em tempo real, além de impor as
restrições também, no mesmo momento, se for o caso.

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Segue esse entendimento o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO POR TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE
ACIONAMENTO DOS SISTEMAS BACENJUD, RENAJUD E
INFOJUD SOB O FUNDAMENTO DE QUE DILIGÊNCIAS
SEMELHANTES JÁ TERIAM SIDO PRATICADAS. PERTINÊNCIA,
CONTUDO, DO REQUERIMENTO DO CREDOR, HAJA VISTA O
TEMPO DECORRIDO DESDE AS TENTATIVAS ANTERIORES DE
LOCALIZAÇÃO DE BENS. MEDIDA QUE SE COMPATIBILIZA COM
O PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO (ARTIGO
5º, LXXVIII DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). AGRAVO CONHECIDO
E PROVIDO. PODER JUDICIÁRIO. Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná Agravo de instrumento 0006366-10.2018.8.16.0000 (TJPR -
13ª C. Cível - 0006366-10.2018.8.16.0000 - Rel.: Luiz Henrique
Miranda - J. 21.03.2018)

Outra funcionalidade do RENAJUD, não menos importante, é a


possibilidade de pesquisar sobre os possíveis endereços do devedor, caso ele
não tenha sido localizado.

c) INFOJUD: sistema criado em parceria entre o Conselho Nacional de


Justiça – CNJ e a Receita Federal, representa um serviço oferecido
unicamente ao magistrado (e servidores autorizados) com o objetivo de atender
às solicitações feitas pelo Poder Judiciário à Receita Federal, tais como
certidões negativas/positivas e informações sobre Imposto de Renda do
devedor.

Isso porque preconiza o art. 438, inciso I, do CPC que “o juiz requisitará
às repartições públicas, em qualquer tempo ou grau de jurisdição as certidões
necessárias à prova das alegações das partes”. E, diante da necessidade de
uma maior celeridade processual, o INFOJUD oportuniza o acesso mais rápido
às informações cadastrais e às cópias de declarações como Declaração de
Imposto de Renda de Pessoa Física e Jurídica, Declaração de Imposto
Territorial Rural e Declaração de Operações Imobiliárias.

Igualmente, o sistema INFOJUD também possui a funcionalidade de


pesquisar possíveis endereços do devedor.

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d) CCS-BACEN: sistema viabilizado por meio de convênio entre o


Conselho Nacional de Justiça – CNJ e o Banco Central do Brasil – BACEN,
trata de um Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional que foi criado
por força da Lei 10.701/2003 e que estabeleceu a formação de um registro
geral de correntistas, bem como de seus procuradores.

É um sistema de informações cadastrais existentes a partir de 2001 que


disponibiliza, por ofício eletrônico, dados como: identificação do cliente pessoa
física ou jurídica e seus representantes legais e procuradores; instituições
financeiras com as quais o cliente mantém investimentos e datas de início e
data do encerramento do relacionamento, se for o caso. Importante ressaltar
que informações sobre movimentações financeiras, valores, saldos de contas e
aplicações não são liberadas.

e) CENTRAL DE INDISPONIBILIDADE DE BENS (CNIB): surgiu a


partir de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Conselho Nacional de
Justiça – CNJ, a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo –
ARISP e o Instituto de Registro Imobiliário do Brasil e iniciou suas atividades
em 2014. O sistema permite, por meio eletrônico, incluir, cancelar e consultar
indisponibilidade de bens imóveis, veículos, barcos, aeronaves, quadros, jóias,
ações, animais, entre outros, assim como direitos sobre imóveis indistintos.

De forma prática, o Poder Judiciário, por meio de usuários autorizados


previamente cadastrados, insere a ordem de indisponibilidade e o sistema
informa aos Registradores de Imóveis. O Cartório de Registro de Imóveis
realiza a anotação de indisponibilidade pelo número do Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) ou do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e informa
na CNIB eventual matrícula encontrada para possibilitar o conhecimento pelos
órgãos que incluíram a indisponibilidade. Os Tabeliães de Notas, antes de
lavrar escrituras de imóveis, devem extrair certidões da CNIB relativas a todas
as partes envolvidas na transação.

f) SERASAJUD: iniciado em 2015, resultado de uma parceria entre o


Conselho Nacional de Justiça – CNJ e a empresa Serasa Experian e permite,
de forma eletrônica, incluir e retirar o nome do indivíduo, no cadastro de
inadimplentes ou, ainda, solicitar informações cadastrais contidas no cadastro
do Serasa. O acesso eletrônico é realizado pelos Magistrados e pelos
servidores por eles designados.

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Assim, a exemplo dos outros sistemas, o SERASAJUD visa otimizar a


tramitação de ofícios eletrônicos, em substituição aos de papel, o que por sua
vez, reduz substancialmente a velocidade no cumprimento das ordens judiciais.

g) SISTEMA DE INFORMAÇÕES ELEITORAIS – SIEL:


desempenhando o mesmo papel como sistema de busca de informações, tem-
se o Sistema de Informações Eleitorais (SIEL), instituído em 2010, possibilita
ao Judiciário e ao Ministério Público, por intermédio de servidores autorizados,
a consulta ao cadastro de eleitores, de forma eletrônica.

Os dados que poderão ser disponibilizados de acordo com o registro


existente são: número do título eleitoral, número da zona de votação, filiação
partidária, endereço, data de domicílio, filiação, naturalidade, estado civil,
ocupação, registro de óbito, entre outros.

h) SINESP INFOSEG: é um cadastro geral de informações desenvolvido


pela Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP/MJ e que é uma
nova versão do INFOSEG (antiga Rede Nacional de Informações de
Segurança Pública), que começou a operar em 2017. Este sistema propicia
acesso à dados de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, disponibilizando
informações básicas de indivíduos, do Departamento Nacional de Trânsito, do
Sistema Nacional de Armas, do Banco Nacional de Mandados de Prisão, do
Cadastro Nacional de Pessoa Física e do Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica, entre outros.

O acesso virtual é restrito aos agentes de segurança pública e órgãos


conveniados da União, Estados e Municípios, mediante cadastro.

i) SISTEMA DE REGISTRO ELETRÔNICO DE IMÓVEIS – SREI:


lançado pela Corregedoria Nacional de Justiça e disponibilizado pelo Conselho
Nacional de Justiça – CNJ em 2016, como fonte de pesquisa patrimonial, de
maneira virtual, referente ao registro de imóveis, visualização eletrônica de
matrículas de imóveis e solicitações de certidões de registro auxiliar como
pacto antenupcial, cédula de crédito rural e convenção de condomínio.

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É possível também a pesquisa de bens, por CPF ou CNPJ, para


localizar vens imóveis registrados, em uma base compartilhada pelos Ofícios
de Registro de Imóveis. Este mecanismo de consulta visa facilitar a troca de
informações entre os Ofícios de Registros de Imóveis, o Judiciário, a
Administração Pública e a sociedade.

j) SISTEMA DE INVESTIGAÇÃO E MOVIMENTAÇÕES BANCÁRIAS –


SIMBA: é um conjunto de processos, módulos e normas para tráfego de dados
bancários entre instituições financeiras e órgãos governamentais, desenvolvido
pela Assessoria de Pesquisa e Análise (ASSPA) que é uma unidade vinculada
ao gabinete do Procurador-Geral da República do Ministério Público Federal.

Ao longo dos anos, esse sistema foi aperfeiçoado no âmbito da


Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro
(ENCCLA), com a finalidade de possibilitar o fornecimento, pelas instituições
financeiras, dos dados bancários, após a quebra de sigilo bancário decretada
judicialmente.

De acordo com o Termo de Cooperação Técnica celebrado pelo


Ministério Público Federal e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho,
quando em uma investigação em curso for necessário o acesso a dados
protegidos por sigilo bancário, os investigadores deverão requerer ao juízo que
afaste essa garantia, com a indicação dos motivos relevantes para tanto,
solicitando então, a consulta ao Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro
Nacional (CCS), no site do Banco Central.

9. QUESTÕES OBJETIVAS

1. (FAEPESUL 2016). De acordo com o Código de Processo Civil, são títulos


executivos extrajudiciais, EXCETO:
A o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas.
B a letra de câmbio, a nota promissória.
C a duplicata, a debênture e o cheque.
D a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.
E a sentença arbitral e o acordo extrajudicial de qualquer natureza,
homologado judicialmente.

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2. (Advogado Prefeitura/2019) Em face do processo de execução previsto na


legislação específica, assinalar a alternativa CORRETA:
A O exequente tem o direito de desistir de toda a execução, porém, nunca de
apenas alguma medida executiva.
B O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, quando
a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em
parte, a obrigação que ensejou a execução.
C Em caso de desistência pelo exequente serão extintos a impugnação e os
embargos que versarem apenas sobre questões processuais, as custas
processuais e os honorários advocatícios, serão pagos pelo executado.
D A execução é um processo de conhecimento.

3. (FAU/2016) Sobre o Processo de Execução no CPC/15, assinale a


alternativa CORRETA:
A A convocação das partes pode também ser determinada pelo
magistrado para a melhor organização do processo de execução (nos
moldes do que está previsto no art. 357 do CPC/2015), de modo que nada
impede o juiz de chamar as partes para tratar, por exemplo, da alienação
particular do bem penhorado (art. 879 do CPC/2015), ouvindo-as sobre a
escolha do leiloeiro ou sobre a melhor forma de levar a cabo a alienação.
B O dever de colaboração não impõe aos terceiros, estranhos ao processo, o
dever de prestar informações para a rápida e eficiente prestação da atividade
jurisdicional.
C Caberá ao juiz proteger a confidencialidade de dados, documentos e
informações, permitindo acesso limitado a eles, mas, nunca determinar a
tramitação do processo em segredo de justiça.
D É considerada eficaz a alienação ou oneração do bem penhorado ou do bem
objeto da ação de execução (obrigação de entregar coisa certa) no curso da
demanda executiva.
E O devedor que oculta documentos (ou propositadamente os confunde),
indica erroneamente os bens sujeitos a constrição ou os transfere de lugar para
ocultá-los não incidirá na pena de multa.

4. (ACEP/2018). São títulos executivos judiciais:


A a decisão homologatória de autocomposição judicial de qualquer natureza e
a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública.
B a sentença arbitral e a sentença estrangeira homologada pelo STJ.
C a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do “exequatur” à carta
rogatória pelo STJ, e o crédito decorrente de foro e laudêmio.

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D o instrumento de transação referenciado por conciliador credenciado por


tribunal e a sentença arbitral.

10. MODELO DE PEÇA – PEDIDO BACENJUD (SISBAJUD),


INFOJUD, RENAJUD

DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA ................


DO ESTADO DO ....................

Autos de Processo nº. ...............................

FULANO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe,


em que contende com BELTRANO DE TAL, por intermédio de seus
advogados, vem respeitosamente perante este Juízo, em atenção à intimação
de mov. ..... , para expor e requerer o que segue:

I. DO PEDIDO DE BLOQUEIO SISBAJUD

Diante do inadimplemento do devedor, mesmo após ser citado para a


presente execução e, em homenagem à regra prevista pelo art. 835 do CPC,
a qual estabelece a preferência da penhora em dinheiro – em espécie ou em
depósito/aplicação –, requer-se o prosseguimento do feito por meio do
bloqueio online  de valores, nos termos do art. 854 do CPC, utilizando-se o
procedimento SisbaJud.

Cumpre ressaltar que referida penhora consiste no bloqueio/apreensão


do dinheiro eventualmente localizado nas contas e aplicações do devedor,
mas a alienação dos respectivos valores apenas ocorrerá com a autorização
de expedição de alvará e consequente levantamento. Este é o entendimento
do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO.
PENHORA ONLINE DE VALORES. CONTA BANCÁRIA
CONJUNTA DA EMBARGANTE E
SEU CONJUGE. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO EM
SINTONIA COM O ENTENDIMENTO FIRMADO NO STJ.
SÚMULA 83 DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

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SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. BENEFÍCIO DE


ASSISTÊNCIA JUDICIARIA INDEFERIDO NA ORIGEM.
MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE FATOS E
PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
“O acórdão recorrido julgou no mesmo sentido da
Jurisprudência desta Corte Superior, que possui
entendimento no sentido que: 'Em hipótese de utilização
do sistema BACEN-JUD, considera-se realizada
a penhora no momento em que se dá a apreensão do
dinheiro depositado ou aplicado em instituições
financeiras, mas a alienação somente ocorre com a
colocação do dinheiro à disposição do credor,
o que acontece com a autorização de expedição de
alvará ou de mandado de levantamento em seu favor,
devendo este ser o termo ad quem do prazo de 5 (cinco)
dias para apresentação dos embargos de terceiro.' [...]".
(STJ – AgInt no AREsp n. 1.613.335 – Quarta Turma –
Rel. Min. Luis Felipe Salomão – 13/08/2020).

Dessa forma, requer-se o prosseguimento do feito, nos termos dos


arts. 835, inciso I e 854, do CPC, aplicando-se o procedimento SisbaJud, a
fim bloquear valores eventualmente localizados em instituições financeiras em
nome do executado.

II. DO PEDIDO DE RENAJUD

Restando infrutífero o bloqueio de valores via SisbaJud, requer-se o


bloqueio de bens do executado através do Sistema on-line de Restrição
Judicial de Veículos (RENAJUD), com fundamento no inciso IV do art. 835 do
CPC e no art. 6º do Regulamento do RenaJud, dispondo o seguinte:

Art. 6º O sistema RENAJUD versão 1.0 permite o envio


de ordens judiciais eletrônicas de restrição de
transferência, de licenciamento de circulação, bem como
a averbação de registro de penhora de veículos
automotores cadastrados na Base Índice Nacionais
(BIN) do Registro Nacional de Veículos Automotores –
RENAVAM”.
§ 1º Para possibilitar a efetivação de restrições, o usuário
previamente consultará a existência do veículo no
sistema RENAVAM, com possibilidade de indicação dos
seguintes argumentos de pesquisa: placa e/ou chassi
e/ou CPF/CNPJ do proprietário.

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[...]

Diante do exposto, requer que seja efetuada a pesquisa de veículos


por meio do nome e CPF do executado e, caso encontrado algum veículo,
seja efetivada sua restrição, na forma do art. 7º do Regulamento RENAJUD.

III. DO PEDIDO DE INFOJUD

Restando infrutíferas as tentativas Sisbajud e RenaJud, acima


fundamentadas e requeridas, requer-se a pesquisa através do
sistema INFOJUD, a fim de localizar bens passíveis de penhora para fazer
frente à execução.

Ressalta-se que o requerimento InfoJud independe do esgotamento de


diligências para busca de outros bens do executado. Neste sentido é a
orientação pacífica do Superior Tribunal de Justiça, conforme se depreende
abaixo:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO


FISCAL. SISTEMAS RENAJUD E INFOJUD.
ESGOTAMENTO DE DILIGÊNCIAS.
DESNECESSIDADE.
1. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou: "o
Decreto nº 8.789, de 2016 estabelece o compartilhamento
de dados entre os órgãos e entidades da administração
pública federal. Daí que as informações que seriam
obtidas pela consulta ao Renajud são obteníveis pela
própria exequente, caso em que desnecessária a
intervenção do juízo. (...) o acesso ao Infojud exige-se
antes
tenham sido empreendidas outras medidas na execução,
como expedição de mandado de penhora, consulta ao
Bacenjud e Renajud (...) ao caso
das autarquias exequentes que se beneficiam do
compartilhamento de dados estabelecido pelo Decreto nº
8.789, de 2016, deve ser exigido
também que tenham previamente obtido as informações
que lhe são disponibilizadas pela Receita Federal do
Brasil - como o DOI -, e trazer aos autos as informações
pertinentes" (fls. 130-131, e-STJ).
2. O STJ possui compreensão firmada de que é legal a
realização de pesquisas nos sistemas Bacenjud,
Renajud e Infojud, porquanto são meios colocados à
disposição da parte exequente para agilizar a satisfação

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de seus créditos, dispensando-se o esgotamento das


buscas por outros bens do executado. 3. Recurso
Especial provido.
(STJ – Resp n. 1.845.322 – Segunda Turma – Rel. Min.
Herman Benjamin – DJE 25/05/2020).

Dessa forma, requer-se pesquisa através do sistema InfoJud a fim de


localizar bens passíveis de penhora em nome do devedor.

IV. DO PEDIDO DE INDICAÇÃO DE BENS PELO EXECUTADO

Por fim, restando frustrados todos os requerimentos anteriores, requer-


se desde já a intimação do executado, para indicar bens passíveis de
penhora.
Esclarece-se que tal medida, muito embora suprimida enquanto pedido
principal da exordial executiva desde a reforma do CPC/73 (Leis n.
11.232/2005 e 11.382/2006), uma vez esgotados todos os meios de
localização de bens, é medida que se impõe à execução, conforme orientação
do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO
PELO DEVEDOR DE BENS A SEREM PENHORADOS.
CONFIGURAÇÃO DE ATO ATENTATÓRIO À
DIGNIDADE DA JUSTIÇA. POSSIBILIDADE. REEXAME
DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. A Corte de origem, analisando o acervo fático-
probatório dos autos, concluiu que o credor esgotou os
meios de localização de bens penhoráveis do devedor
e apresentou demonstrativo atualizado do débito, o
que autoriza a intimação do devedor para indicar bens
à
penhora, sob pena de incidência na penalidade
prevista pelo art. 774, parágrafo único, do CPC/2015.
2. A modificação de tal entendimento demandaria o
revolvimento de suporte fático-probatório dos autos, o que
é inviável em sede de recurso especial, a teor do que
dispõe a Súmula 7 deste Pretório.
3. A incidência da multa no caso concreto, vale frisar, não
é objeto de discussão no presente recurso, uma vez que,
para sua aplicação, será necessário verificar o elemento
subjetivo, consistente no dolo ou culpa grave do devedor,
que deve ser reconhecido pelas instâncias

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ordinárias.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(STJ – AgInt no AREsp n. 1.559.242 – Quarta Turma –
Rel. Min. Raul Araujo – DJE 18/05/2020).

Dessa forma, requer-se a intimação do executado, sob pena de recair


nas penalidades do parágrafo único do art. 774, por constituir tal desídia ato
atentatório à dignidade da justiça (art. 774, inciso V do CPC).

Termos em que pede deferimento.

Local, data

ADVOGADO
OAB

OBS.: IMPORTANTE lembrar que:

Caso o exequente AINDA não tenha realizado o protesto do referido título


em Cartório (para os títulos extrajudiciais seguindo a lei 9492/97 e para os
títulos judiciais a previsão contida no art. 517 do CPC), é possível inserir
o seguinte tópico na petição:

DA INCLUSÃO DO NOME DO DEVEDOR NO CADASTRO DE


INADIMPLENTES
Considerando que até o presente momento não houve o pagamento
espontâneo da referente dívida pelo devedor, requer-se, nos termos do art.
782, parágrafo 3º do CPC, a inclusão do nome do executado no cadastro de
inadimplentes, por meio do sistema SerasaJud.

Se já foi realizado o protesto do título, com a consequente inclusão


do devedor no cadastro de inadimplentes, dispensa-se esse tópico!

Lembrando que o ENUNCIADO 99 DO CJF/STF determina que “a


inclusão do nome do executado no cadastro de inadimplentes poder-se-á
dar na execução definitiva de título judicial ou extrajudicial”.

III. A EXECUÇÃO DE TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS:


O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

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Professora Alexia Brotto
Direito Processual Civil – Tutela Executiva

Vamos aprender como é o procedimento de execução dos títulos


executivos judiciais?

1. CONCEITO: O Cumprimento de Sentença é a maneira de executar os


títulos executivos judiciais.

2. NATUREZA JURÍDICA: é uma FASE EXECUTIVA (não é ação


autônoma) dentro do mesmo processo de conhecimento.

MAS por que, às vezes, o juízo pede para que o Cumprimento de


Sentença seja processado em apartado, como se fosse ação nova,
autônoma?

- pode ser porque às vezes o que se está executando é uma decisão


interlocutória transitada em julgado, e a fase de conhecimento continua em
relação a parte não decidida na interlocutória. Então é mais prático e efetivo
dar seguimento ao processo normal, enquanto se executa a decisão
interlocutória em apartado;

- pode ser porque o que se estão executando são os honorários de


sucumbência do advogado do credor. De igual modo, é mais prático e efetivo
realizar o cumprimento dos honorários em apartado;

- pode ser por alguma necessidade específica do processo, apontada


pelo juízo.

3. REQUISITOS: os requisitos para instauração do Cumprimento de


Sentença são:

a) TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL: todos aqueles previstos no art. 515


do CPC (lembrando que o rol é taxativo)

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b) OBRIGAÇÃO CERTA, LÍQUIDA E EXIGÍVEL : uma obrigação que


existe, possui valor certo, já ocorreu o trânsito em julgado da decisão
e ainda não foi fulminada pela prescrição.

Está faltando alguma coisa?

SIM!

Sempre, em toda e qualquer execução de pagar quantia é primordial


juntar o demonstrativo de débito atualizado, que contempla a obrigação de
pagar corrigida monetariamente.

Aliás, não juntar o demonstrativo de débito é violar o art. 524 do CPC,


fazendo com que o juiz indefira de plano tal requerimento. Claro que pelo
princípio da primazia do mérito25, o juiz intimará o exequente para emendar o
pedido, a fim de juntar tal demonstrativo.

IMPORTANTE!!! O art. 52426 do CPC estabelece os requisitos que


devem conter no requerimento de cumprimento de sentença.

Perceba que os incisos I e VII são os mais importantes para a peça, pois
os incisos II, III, IV, V e VI referem-se aos requisitos que devem aparecer no
demonstrativo de débito (juros, correção monetária, índice, descontos etc).

25
“O art. 4º do novo CPC estabelece que as partes têm direito de obter em prazo
razoável “a solução integral do mérito”. Além do princípio da duração razoável,
pode-se construir do texto normativo também o princípio da primazia do
julgamento do mérito, valendo dizer que as regras processuais que regem o
processo civil brasileiro devem balizar-se pela preferência, pela precedência,
pela prioridade, pelo primado da análise ou do julgamento do mérito. O juiz deve,
sempre que possível, superar os vícios, estimulando, viabilizando e permitindo
sua correção ou sanação, a fim de que possa efetivamente examinar o mérito e
resolver o conflito posto pelas partes ”(CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de
Direito Processual Civil. Salvador: Juspodium, 2018).
26
CPC, Art. 524. O requerimento previsto no art. 523  será instruído com demonstrativo
discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no  art. 319,
§§ 1º a 3º  ;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

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Então, no requerimento do cumprimento de sentença você deve se


preocupar em:

a) QUALIFICAR AS PARTES (credor e devedor) com seus respectivos


nomes e números de CPF/CNPJ e;

b) INDICAR OS BENS PASSÍVEIS DE PENHORA, segundo a regra


estabelecida no art. 835 do CPC27.

MAS você deve estar se perguntando: – A ordem do art. 835 do CPC é


absoluta?

NÃO!

Veja que o dispositivo menciona que a penhora observará


PREFERENCIALMENTE a seguinte ordem. Logo, ela não é absoluta. Pode,
por força da Súmula n. 417/STJ28 ser relativizada pelo juiz toda vez que a
alteração da ordem consistir em igual resultado para a execução e representar
um meio menos oneroso para o devedor.

Então, compete ao credor indicar os bens passíveis de penhora!

27
CPC, Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em
mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária
em garantia;
XIII - outros direitos.
28
“Na execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de bens não tem caráter
absoluto”.

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OBS.: Na prática pedimos sempre a penhora em dinheiro, via


sistema SisbaJud, a fim de bloquear os ativos financeiros eventualmente
localizados em nome do devedor.

Após a resposta do SisbaJud, se for positiva, OK, já temos a garantia da


satisfação total ou parcial da obrigação. Se a resposta for negativa, devemos
requerer ao juízo Renajud, InfoJud, penhora de imóveis ou outros bens,
seguindo-se o art. 835 do CPC.

4. COMPETÊNCIA: onde será protocolado o requerimento de


Cumprimento de Sentença?

E a resposta mais lógica a essa pergunta é: – Onde o processo de


conhecimento está tramitando!

Não é?

Pois bem. A resposta está certa. Essa é a determinação do inciso II do


art. 51629 do CPC.

Porém, há que se observar 3 situações:

a) Nas causas de competência originária dos tribunais, o cumprimento


de sentença deverá ser protocolado no tribunal. Trata-se de
competência absoluta que não admite flexibilização;

29
CPC, Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença
arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual
domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou
pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em
que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

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b) Nas hipóteses de sentença penal condenatória, sentença arbitral e


sentença estrangeira, o cumprimento de sentença deverá ser
instaurado no juízo cível competente.

c) Nas hipóteses de ações que tramitam já no cível e, igualmente nas


sentenças penal, estrangeira e arbitral, como tratam de competência
relativa é possível ao credor instaurar o cumprimento de sentença no
foro do domicílio do devedor ou no local onde se encontrem os bens.

ATENÇÃO: SÃO DEVIDAS CUSTAS JUDICIAIS NO CUMPRIMENTO


DE SENTENÇA?

O Cumprimento de Sentença é uma fase executiva dentro do mesmo


processo de conhecimento. Seu requerimento NÃO é petição inicial, logo não
faz sentido o recolhimento de custas, certo?

Exatamente! No entanto, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná,


pela Instrução Normativa 09/2019 regulamentou a necessidade do
recolhimento de custas quando do protocolo do Cumprimento de Sentença.
Em fevereiro de 2020, por força da Instrução Normativa n. 03/2020, que
revogou a instrução anterior, ficou determinado que NÃO são devidas custas
judiciais no início do Cumprimento de Sentença, salvo nas hipóteses: a)
liquidação de sentença; b) impugnação ao cumprimento de sentença; c)
cumprimento individual de sentença coletiva.

5. INTIMAÇÃO DO DEVEDOR

Como regra geral, no Cumprimento de Sentença, o devedor será


INTIMADO na pessoa do seu advogado, nos termos do parágrafo 2º do art.
51330 do CPC.
30
CPC, Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título,
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da
Parte Especial deste Código.
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;

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Portanto, tendo advogado constituído nos autos, este receberá a


intimação!

EXCEÇÕES:

a) Devedor sem advogado constituído = intimação pessoal do devedor


b) Devedor patrocinado pela Defensoria Pública na fase de
conhecimento = intimação pessoal do devedor
c) Devedor revel e processo correu à revelia = intimação por edital do
devedor
d) Devedor pessoa jurídica de direito privado que tem cadastro para
recebimento de citação eletrônica (art. 1.051 do CPC) = intimação
eletrônica do devedor

Mas, CUIDADO!

Independentemente das situações anteriores, inclusive para a regra


geral, TODA VEZ QUE O REQUERIMENTO DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA FOR PROTOCOLADO APÓS 1 ANO DO TRANSITO EM
JULGADO DA DECISÃO, independente de advogado constituído ou não, o
devedor deverá ser intimado pessoalmente!

Além disso, não podemos esquecer da SENTENÇA PENAL


CONDENATÓRIA, SENTENÇA ARBITRAL e SENTENÇA ESTRANGEIRA.

Lembram delas? Então, para essas sentenças, que são, igualmente,


títulos executivos judiciais, por não terem uma fase de conhecimento
tramitando no cível anteriormente, o Cumprimento de Sentença deverá ser
distribuído e o devedor deverá ser citado.

II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou
quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do  § 1º do art. 246  , não tiver procurador constituído
nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256  , tiver sido revel na fase de conhecimento.

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E, nessas hipóteses, por força do ENUNCIADO 85 do CJF31, essa


citação pode ser por correio.

OBS.: Na intimação feita ao devedor já deve contemplar o prazo para


pagamento da obrigação (15 dias) e, igualmente, o prazo sucessivo para se
defender (15 dias), nos termos do ENUNCIADO 92 CJF/STJ32.

IMPORTANTE: Antes de ser intimado, pode o devedor adimplir a


obrigação?

SIM! Antes de ser intimado o devedor pode comparecer em juízo e


oferecer em pagamento o valor que entende ser devido, apresentando
demonstrativo de cálculo atualizado.

Nessa hipótese, o credor será intimado para se manifestar em 5 dias,


podendo impugnar o valor, com a consequente intimação para
complementação por parte do devedor, ou pode aceitar o depósito,
extinguindo-se a execução.

6. PRAZO PARA CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO

Uma vez intimado, o devedor possui o prazo de 15 dias úteis para


pagar a dívida exequenda.

Ainda que logo após a entrada em vigor do CPC/15 a doutrina se


dividisse em ser o prazo para cumprimento da obrigação um prazo processual
e, portanto, contado em dias úteis, OU um prazo material e, portanto, contado
em dias corridos, o ENUNCIADO 89 do CJF/STJ 33 resolveu o problema: o
prazo é contado em dias úteis!

31
Enunciado 85 do CJF: Na execução de título extrajudicial ou judicial (art. 515, § 1º, do CPC)
é cabível a citação postal.
32
Enunciado 92 do CJF: A intimação prevista no caput do art. 523 do CPC deve contemplar,
expressamente, o prazo sucessivo para impugnar o cumprimento de sentença.
33
Enunciado 89 do CJF: Conta-se em dias úteis o prazo do caput do art. 523 do CPC.

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7. CASO O DEVEDOR NÃO CUMPRA A OBRIGAÇÃO, O QUE


ACONTECE?

Intimado, o devedor possui 15 dias úteis para efetuar o pagamento


integral da dívida (valor atualizado da dívida).

E nesses 15 dias o exequente não poderá tomar nenhuma medida


executiva, uma vez que não se pode prever se o executado pagará no 1º dia
ou no 15º dia, então deve aguardar “de braços cruzados”.

Passados os 15 dias úteis, três hipóteses:

a) Houve pagamento integral da dívida. Qual a consequência? Diante


do pagamento integral, os valores serão repassados o credor e a
execução será extinta!

b) NÃO HOUVE PAGAMENTO DA DÍVIDA. Qual a consequência?

Temos algumas consequências automáticas, que acontecem logo


após o 15º dia, independentemente de intimação, nos termos dos
parágrafos 1º e 3º do art. 523 do CPC34:

- MULTA DE 10% = a multa é fixa, independente do valor e


independente de quando o devedor resolva adimplir a obrigação.

- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (SUCUMBÊNCIA) DE 10% = também


fixos, independente do valor e independente de quando venha ocorrer o
pagamento.

Sobre a incidência dos honorários, desde a vigência da Lei n.


11.232/2005, que incorporou o procedimento do Cumprimento de Sentença
34
CPC, Art. 523. [...].
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput , o débito será acrescido de multa
de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput , a multa e os honorários
previstos no § 1º incidirão sobre o restante.
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo,
mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.

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ainda no CPC/73, as opiniões jurídicas divergiam do assunto. Apenas em 2015,


o Superior Tribunal de Justiça sumulou o entendimento da incidência dos
honorários advocatícios no cumprimento de sentença definitivo, provisório, e
independentemente de defesa do devedor 3536, o que foi corroborado com a
determinação legal prevista no CPC/15.

- EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PENHORA E AVALIAÇÃO DE BENS


= conforme já vimos anteriormente, o credor já relaciona no requerimento de
cumprimento de sentença os bens que pretende ver penhorados, nos termos
do art. 835 do CPC.

Mas, além dessas três consequências automáticas, temos algumas


consequências chamadas “facultativas”, ou seja, para incidirem dependem da
provocação do credor, que pode requerê-las ou não.

Na prática é sempre bom providenciar tais medidas, porém fica a critério


do credor. São elas:

- PROTESTO DA SENTENÇA: desde a entrada em vigor da Lei n.


9.492/97 foi viabilizado o protesto de títulos e outros documentos de dívida.

A lei não menciona expressamente títulos executivos extrajudiciais ou


judiciais, deixando em aberto o termo “títulos” 37. No entanto, se popularizou o
protesto de títulos extrajudiciais, como o cheque, a duplicata e outros
documentos de dívida.

Com o CPC/15 se positivou, no art. 517 38, a possibilidade de protesto da


sentença.

35
SÚMULA 517/STJ: São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja
ou não impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após
a intimação do advogado da parte executada.
36
SÚMULA 519/STJ: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença,
não são cabíveis honorários advocatícios.
37
Lei n. 9.492/97, Art. 1º. Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e
o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.
Parágrafo único.  Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e
fundações públicas.
38
CPC, Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos
termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.

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COMO FUNCIONA?

O credor deve solicitar ao Juízo uma certidão, contendo o nome e a


qualificação das partes (credor e devedor), número do processo, valor da
dívida (atualizado) e a data limite do pagamento espontâneo (decurso do prazo
dos 15 dias).

Essa certidão deverá ser fornecida em 3 dias e, para lavratura


do protesto, o credor deverá apresentar essa certidão em cartório (cartório
extrajudicial, tabelionato de protesto).

O devedor será notificado pelo cartório, nos termos da Lei 9.492/97 e,


efetuando o pagamento, comprovando-se a satisfação integral da obrigação,
o devedor poderá requerer ao juízo onde tramita a execução o cancelamento
do protesto, mediante ofício a ser expedido ao tabelionato, igualmente no
prazo de 3 dias, contados da data de protocolo do requerimento.

Caso o devedor, notificado pelo cartório, NÃO PAGUE A DÍVIDA, seu


nome será inscrito nos respectivos cadastros de inadimplentes e
permanecerá a pendência até a integral satisfação da obrigação.

IMPORTANTE: Caso o nome do devedor não seja registrado no Cadastro de


Inadimplentes, após o prazo para pagamento espontâneo da obrigação pode
ser requerido tal cadastro ao juízo. Determina o ENUNCIADO 99 do CJF/STJ
que “A inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes poder-
se-á dar na execução definitiva de título judicial ou extrajudicial”.

- CERTIDÃO PARA AVERBAÇÃO DE BENS: estabelecem os artigos


799, inciso IX e 828 do CPC sobre a possibilidade do credor, logo após o
escoamento do prazo para pagamento espontâneo da obrigação, promover a
averbação nos respectivos registros dos bens constritos judicialmente em
nome do devedor. Exemplo: foi penhorado um carro e um terreno do devedor.
O credor, querendo, pode pegar essa certidão de penhora e levar até o
DETRAN e ao Registro de Imóveis, respectivamente, e averbar essa penhora.

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Custas a cargo do credor, claro, mas tal procedimento acaba por garantir
que não haja fraude à execução sobre esses bens, expondo a constrição
judicial perante terceiros.

Sobre a averbação nos registros de bens, alguns enunciados


importantes:

ENUNCIADO 130/FPPC: “a obtenção da certidão prevista no art. 828


independe de decisão judicial”

ENUNCIADO 104/CJF: “O fornecimento de certidão para fins de


averbação premonitória (art. 799, IX, do CPC) independe de prévio despacho
ou autorização do juiz”

ENUNCIADO 529/FPPC: “As averbações previstas nos artigos 799, IX e


828 são aplicáveis ao cumprimento de sentença”

c) Houve pagamento parcial da dívida. Qual a consequência? O


credor poderá solicitar o levantamento do valor depositado como
forma de quitação parcial e sobre o saldo remanescente recairá
multa de 10%, honorários de sucumbência de 10% e, desde logo
expedição de mandado de penhora e avaliação de bens,
conforme parágrafo 2º do art. 523 do CPC.

Portanto, essas são as três hipóteses que podem acontecer a partir do


momento em que o devedor é intimado para cumprir a obrigação de
pagamento.

8. DEFESA DO EXECUTADO: IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA

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A Impugnação ao Cumprimento de Sentença representa a defesa do


devedor quando intimado para cumprimento da obrigação revestida em título
executivo judicial.

Vamos SABER MAIS?

CONCEITO: a Impugnação é a defesa do devedor em sede de


Cumprimento de Sentença

NATUREZA JURÍDICA: tem natureza de defesa, sendo apresentada nos


próprios autos

PRAZO: A Impugnação ao Cumprimento de Sentença tem prazo de 15


dias úteis para ser protocolada.

Esse prazo corre automaticamente, logo após o escoamento do prazo


para pagamento espontâneo da obrigação. Por isso, FIQUE ATENTO: o
devedor não será intimado novamente para se defender. Ele é intimado uma
única vez para pagar. Não pagou dentro dos 15 dias, a partir do 16º dia já inicia
o prazo de 15 dias para oferecer a Impugnação ao Cumprimento de Sentença.

Nesse sentido é o ENUNCIADO 92 do CJF/STJ: “A intimação prevista


no caput do art. 523 do CPC deve contemplar, expressamente, o prazo
sucessivo para impugnar o cumprimento de sentença”

OBS.: A Impugnação ao Cumprimento de Sentença como regra, tem


prazo simples, de 15 dias, podendo, entretanto, ter prazo em dobro nos casos
de:
a) Litisconsórcio com diferentes procuradores de escritórios diferentes e
em autos físicos (art. 229 c/c art. 523, parágrafo 3º do CPC);
b) Quando o devedor for assistido pela Defensoria Pública
(ENUNCIADO 90 CJF/STJ).

SEGURANÇA DO JUÍZO: NÃO! A apresentação de Impugnação ao


Cumprimento de Sentença independe de penhora.

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O QUE ALEGAR NA IMPUGNAÇÃO? O devedor poderá alegar em sua


Impugnação qualquer matéria descrita no parágrafo 1º do art. 525 do CPC, são
elas:

- falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o


processo correu à revelia;
OBS.: falta é a citação que não aconteceu (mas lembrando do parágrafo
1º do art. 239 no sentido de que o comparecimento espontâneo do réu supre a
falta ou nulidade da citação) e nulidade é a citação que deveria ter sido feita
por uma modalidade, por exemplo, mediante oficial de justiça nas hipóteses
legais mas foi feita por correio.

- ilegitimidade de parte;
OBS.: a ilegitimidade de parte pode ser tanto do pólo ativo (credor) quanto
do pólo passivo (devedor), devendo observar-se o art. 778 39 e 77940 do CPC.

- inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;


OBS.: inexequibilidade é o título (o documento, a decisão) que não pode
ser executada e a inexigibilidade é a obrigação que ou não transitou em
julgado, ou já está prescrita, ou ainda, uma obrigação que foi reconhecida em
título fundado em lei/ato normativo considerado inconstitucional pelo STF.

- penhora incorreta ou avaliação errônea;

39
CPC, Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título
executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre
vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
40
CPC, Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do
título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

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OBS.: a penhora incorreta é aquela que ou viola a ordem do art. 835 do


CPC, injustificadamente, ou aquela que recai sobre bens impenhoráveis. Já a
avaliação errônea é aquela realizada por oficial de justiça ou perito, atribuindo-
se valores além ou aquém do que exatamente vale o bem.

- excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;


OBS.: o excesso de execução é quando o credor cobra no Cumprimento
de Sentença valores superiores aos efetivamente devidos. Já a cumulação
indevida de execuções ocorre quando o credor num mesmo Cumprimento de
Sentença, reúne várias obrigações do mesmo devedor, porém sem observar se
correspondem ao mesmo procedimento e ao mesmo juízo competente.

IMPORTANTE: Toda vez que o executado alegar EXCESSO DE


EXECUÇÃO deve, obrigatoriamente, juntar demonstrativo de débito
atualizado, informando o valor que entende correta a execução, sob pena de
rejeição liminar da Impugnação41.

E, você já deve saber que a rejeição liminar da Impugnação implica na


majoração dos honorários advocatícios para 20%!

- incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;


OBS.: a incompetência absoluta fixada em razão da matéria e da
hierarquia, podendo ser arguida a qualquer tempo, inclusive de oficio pelo juiz;
e a incompetência relativa, fixada em razão do território ou do valor, devendo
ser arguida pela parte para ser reconhecida, como regra.

- qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.
OBS.: aqui podemos citar o fato do devedor ter adimplido a obrigação
integralmente; ter formalizado um acordo (parcelamento) junto ao credor; ter a
divida compensado com uma outra dívida do credor; ou, ainda, a cobrança ter
sido fulminada pela prescrição (Súmula 150/STF).
41
CPC, 525. [...]
§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia
superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende
correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a
impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único
fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a
alegação de excesso de execução

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Professora Alexia Brotto
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EFEITO SUSPENSIVO: o simples fato de oferecer a Impugnação ao


Cumprimento de Sentença NÃO tem o condão de paralisar a execução ou
paralisar os atos executivos. Seguem, como regra, em paralelo a Impugnação
e os atos executivos (penhora, depósito, avaliação e expropriação).

Mas se o devedor quiser, pode pedir efeito suspensivo na Impugnação.


Pra tanto, basta demonstrar 3 requisitos, CUMULATIVAMENTE:

a) Fundamentos relevantes;
b) Dano irreparável ou de difícil reparação caso a execução não seja
suspensa;
c) Existência de penhora, depósito, caução ou qualquer outra
garantia.

Comprovando os 3 requisitos, o juízo deferirá o efeito suspensivo da


Impugnação. Isso significa que paralisa a execução?

NÃO! Paralisam apenas os atos de expropriação!

Ou seja, pode-se continuar com os atos de penhora, avaliação,


depósito... só não pode alienar o bem, expropriar o bem!

MAS... se o credor quiser dar continuidade à expropriação do bem ele


pode, desde que ele, credor, ofereça caução em juízo. São os termos dos
parágrafos 6º ao 10 do art. 525 do CPC42.

42
CPC, Art. 525. [...]
§ 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com
penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos
forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar
ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º não impedirá a efetivação dos
atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens
§ 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do
objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não
suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento
disser respeito exclusivamente ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer
o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente
e idônea a ser arbitrada pelo juiz.

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REJEIÇAO LIMINAR DA IMPUGNAÇÃO: a rejeição liminar da


Impugnação ao Cumprimento de Sentença significa que o juiz sequer vai ler
sua impugnação. Isso acontece quando:

a) Quando o devedor alegar excesso de execução e NÃO JUNTAR o


respectivo DEMONSTRATIVO DE DÉBITO;
b) Quando a Impugnação for oferecida fora do prazo;
c) Quando a Impugnação for indeferida (art. 330) ou tiver julgamento de
improcedência liminar do pedido (art. 332);
d) Quando a Impugnação for manifestamente protelatória

Isso em razão da previsão do ENUNCIADO 94 do CJF/STJ que


determina que: “Aplica-se o procedimento do art. 920 do CPC à impugnação
ao cumprimento de sentença, com possibilidade de rejeição liminar nas
hipóteses dos arts. 525, § 5º, e 918 do CPC”.

Mas, por força dos arts. 4º, 139, IX e 317 do CPC, toda vez que o juiz se
deparar com um vício sanável, antes de indeferir a petição deve oportunizar a
correção do vício. Este também é o entendimento do ENUNCIADO 95 do
CJF/STJ: “O juiz, antes de rejeitar liminarmente a impugnação ao cumprimento
de sentença (art. 525, § 5º, do CPC), deve intimar o impugnante para sanar
eventual vício, em observância ao dever processual de cooperação (art. 6º do
CPC)”.

OBS.: Rejeitada liminarmente a Impugnação, como ficam os


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS? Nos termos do ENUNCIADO 450/FPPC:
“aplica-se a regra decorrente do art. 827, parágrafo 2º do CPC, ao
cumprimento de sentença”. Ou seja, o valor dos honorários, no caso de
rejeição liminar poderá ser elevado até 20%, quando rejeitada a Impugnação
ao Cumprimento de Sentença”

DECISÃO DA IMPUGNAÇÃO: a decisão da Impugnação ao


Cumprimento de Sentença, em regra, é decisão interlocutória, passível de
recurso de Agravo de Instrumento, nos termos do art. 1.015, parágrafo único,
do CPC. No entanto, se a decisão da Impugnação ensejar a extinção da
execução, como por exemplo, o juiz reconheceu a prescrição do direito do
credor, ou comprovou-se na Impugnação que o devedor já adimpliu

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integralmente a obrigação, referida decisão terá natureza de sentença, sendo


passível de recurso de Apelação (art. 1.012 do CPC).

ENUNCIADO 93 do CJF/STJ: “Da decisão que julga a impugnação ao


cumprimento de sentença cabe apelação, se extinguir o processo, ou agravo
de instrumento, se não o fizer”.

IMPORTANTE!!! E se, após o oferecimento da Impugnação ao


Cumprimento de Sentença aparecer algum vício como uma penhora incorreta,
por exemplo?

O que fazer? NÃO é possível oferecer Impugnação de novo!

APÓS O PRAZO DA IMPUGNAÇÃO, QUALQUER OUTRO VÍCIO DEVE


SER ALEGADO POR SIMPLES PETIÇÃO!

E, nessa simples petição que apontará o vício executivo cabe, inclusive,


pedido de efeito suspensivo, nos termos do já estudado art. 525 do CPC. Esse
é o entendimento no ENUNCIADO 531/FPPC: “é possível, presentes os
pressupostos, a concessão de efeito suspensivo à simples petição em que se
alega fato superveniente ao término do prazo de oferecimento da impugnação
ao cumprimento de sentença”.

9. QUESTÕES OBJETIVAS

1. Sobre a reforma da execução de títulos judiciais, assinale a alternativa


incorreta:
a)Os títulos executivos judiciais serão executados mediante cumprimento de
sentença.
b)Os títulos executivos extrajudiciais serão executados mediante processo
autônomo de execução.
c)O cumprimento de sentença se refere a um novo processo interposto
pela parte para dar cumprimento aos títulos executivos judiciais.
d)As sentenças penal condenatória, estrangeira e arbitral, em que pese serem
executadas mediante cumprimento de sentença, necessitam de citação.

2.Sobre o cumprimento de sentença assinale a alternativa correta:

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a) do auto de penhora e avaliação será, de imediato, citado o executado, para


que possa oferecer impugnação.
b) a impugnação será recebida com efeito suspensivo.
c) é definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória
quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não
foi atribuído efeito suspensivo.
d) a impugnação ao cumprimento de sentença versará sobre as mesmas
matérias alegáveis em embargos à execução.

3.Rogério ajuizou ação de indenização por danos materiais, pelo rito ordinário,
em face de Sérgio, pretendendo ressarcir-se dos prejuízos suportados com o
conserto do seu táxi, decorrentes de uma colisão no trânsito causada por
imprudência do réu. O pedido foi julgado procedente, mas a determinação do
valor exato da condenação dependia de apuração do quantum debeatur,
relativo às consequências do ato ilícito. Diante da atual sistemática do Código
de Processo Civil, é correto afirmar que a liquidação de sentença, na
hipótese, 
A) é considerada simples incidente processual, devendo o juiz, de ofício,
iniciá-la, determinando a citação do réu.
B) constitui-se em processo autônomo, iniciado mediante requerimento da
parte interessada, do qual será citado o réu.
C) constitui-se em fase do processo de conhecimento, iniciada mediante
requerimento da parte interessada, do qual será intimada a parte
contrária na pessoa de seu advogado.
D) constitui-se em procedimento autônomo, devendo o juiz, de ofício, iniciá-lo,
mediante intimação das partes.

4.Assinale a alternativa que contém afirmativa correta a respeito


da execução de sentença arbitral, condenatória-cível.
(A) Sempre ocorrerá perante o Juízo Arbitral em razão da competência
funcional, absoluta.
(B) Sempre será executada perante a Justiça Federal depois de homologada
pelo Superior Tribunal de Justiça.
(C) Deve ser proposta nova demanda, pois não é considerada título executivo
que enseje a instauração da execução.
(D) Deve ser executada perante a Justiça Estadual competente conforme
as regras do cumprimento de sentença.

5.No que se refere à liquidação de sentença, assinale a opção correta:


a)A sentença, ainda que ilíquida, constitui título executivo judicial, mas
para ser executada necessita estar liquidada.
b)A liquidação tem natureza de ação executiva, preparatória à fase do
cumprimento de sentença.

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c) A liquidação só poderá ser requerida pelo credor.


d)O cumprimento de sentença não poderá ser efetuado se pendente uma
parte da sentença ilíquida.

6.Nos autos de ação indenizatória movida por Henrique em face de Paulo,


ambos prósperos empresários, transitou em julgado sentença de procedência
do pleito autoral, condenando o réu ao pagamento de indenização, no
montante equivalente a 500 salários mínimos, na data da prolação da
sentença, acrescidos de juros legais e correção monetária. Assinale a
alternativa que apresenta a providência a ser imediatamente adotada pelo
advogado de Henrique.
A) Instauração da fase de liquidação de sentença por arbitramento, a fim de
apurar o valor da condenação em moeda corrente.
B) Instauração da fase de cumprimento de sentença, com a
apresentação da memória de cálculo contemplando o valor da
condenação em moeda corrente.
C) Instauração da fase de liquidação de sentença por cálculos do contador, a
fim de que o magistrado remeta os autos ao contador judicial, para que seja
apurado o valor da condenação em moeda corrente.
D) Ajuizamento de ação rescisória, a fim de que o tribunal apure o valor da
condenação em moeda corrente.

7.Sobre a impugnação ao cumprimento de sentença, assinale a alternativa


correta:
a) a impugnação permite ampla revisão do decidido na sentença.
b) a impugnação possui efeito suspensivo, podendo o juiz retirar-lhe tal efeito
quando for suscetível de causar ao credor grave dano de difícil ou incerta
reparação.
c) nos casos de excesso de execução, a não declaração imediata do
valor em dinheiro que o devedor entende ser correto acarreta a rejeição
liminar da impugnação.
d) se a impugnação tiver efeito suspensivo, não é lícito o prosseguimento da
execução, nem mesmo mediante o oferecimento e prestação de caução
suficiente e idônea.

8.Sobre a impugnação ao cumprimento de sentença assinale a alternativa


correta:
a) Independe de penhora.
b) É sempre recebida no efeito suspensivo.
c) Tem prazo de 10 dias para ser apresentada pelo executado.
d) A decisão que resolvê-la é, de regra, recorrível mediante apelação.

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9.Sobre a impugnação ao cumprimento de sentença, assinale a alternativa


correta:
a) A impugnação ao cumprimento de sentença não poderá versar sobre
nulidade de citação se o processo correu a revelia.
b) É possível, na impugnação alegar inexigibilidade do título, depósito
incorreto, e ilegitimidade de partes, apenas.
c) A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-
lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e suscetíveis de
causar a parte dano grave e de difícil reparação.
d) Atribuído o efeito suspensivo à impugnação, resta impossibilitado o
prosseguimento da execução.

10. José, em sede de execução por quantia lastreada em sentença judicial, foi
intimado no dia 31 de julho de 2020, na pessoa do seu advogado, por meio de
mandado postal. Nessa situação hipotética, para que se cumpra o devido
processo legal, José poderá
a) opor-se à execução por meio de ação de embargos à execução, a ser
proposta no prazo de quinze dias, contados a partir do primeiro dia útil após a
intimação.
b) opor-se à execução por meio de ação de embargos à execução, a ser
proposta no prazo de quinze dias, contados da juntada do mandado
devidamente cumprido.
c) opor-se à execução por meio de ação de embargos à arrematação, a ser
proposta no prazo de quinze dias, contados a partir do primeiro dia útil após a
intimação.
d) oferecer impugnação no prazo de quinze dias, contados após a
expiração do prazo para pagamento da obrigação.

10. MODELO DE PEÇA – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

AO JUÍZO DE DIREITO DA ....... VARA CÍVEL DA COMARCA


DE ............................... DO ESTADO DE ............................

Autos n. ................................

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FULANO DE TAL, já devidamente qualificadao nos autos em epígrafe,


vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em atenção à decisão
de mov. ......., com fulcro no artigo 523 e seguintes do Código de Processo
Civil, para requer o CUMPRIMENTO DA SENTENÇA transitada em julgado,
relativa à pretensão indenizatória, em face de BELTRANO DE TAL, igualmente
qualificado nos presentes autos.

O v. acórdão, proferido pelo E. Tribunal de Justiça do Estado


de ................... (mov. ........), manteve a r. sentença de procedência parcial do
pedido da ação indenizatória que condenou o Réu ao pagamento de R$
55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais).

O valor atualizado do débito importa em R$ 67.582,34 (sessenta e sete


mil, quinhentos e oitenta e dois e trinta e quatro centavos).

Desta forma, considerando o título executivo judicial, representado pela


r. decisão, nos termos do artigo 515, I, do CPC/15, bem como a certeza,
liquidez e exigibilidade da respectiva obrigação, requer-se o processamento do
presente CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, a fim de intimar a
executada, .................., por meio de seu advogado, para pagar,
espontaneamente, em 15 dias, o montante de R$ 67.582,34 (sessenta e sete
mil, quinhentos e oitenta e dois e trinta e quatro centavos) sob pena de multa
de 10%, honorários advocatícios de 10% e consequente expedição de
mandado de penhora e avaliação de bens, nos termos do artigo 523 e
seguintes do CPC/15.

Para fazer frente à execução, requer-se, desde logo, a penhora em


dinheiro, nos termos do art. 854 do CPC, a fim de bloquear eventuais ativos
financeiros existentes em nome do devedor, pelo sistema SisbaJud.

Local, data

Advogado
OAB

11. MODELO DE PEÇA – IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA

AO JUÍZO DE DIREITO DA ....... VARA CÍVEL DA COMARCA


DE ........................... DO ESTADO DE .......................

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Cumprimento de Sentença n. ..............................

FULANO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe,


por intermédio de seu advogado, (qualificação do advogado com endereço
eletrônico e endereço profissional, nos termos dos arts. 77, inciso V e 106,
inciso I do CPC), vem perante este Juízo, apresentar:

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

em face de BELTRANO DE TAL, igualmente qualificado, pelas razões de fato


e de direito a seguir aduzidas.

I. BREVE RELATO
Trata-se de Ação indenizatória ...... pleiteando a condenação do Réu
no importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Em sede de contestação, restou demonstrada a inexistência de dano
moral, razão pela qual o r. juízo da ...... Vara Cível da Comarca de ........... do
Estado de ......... julgou parcialmente procedentes os pedidos do autor, a fim
de acolher apenas a pretensão indenizatória a título de danos materiais,
condenando-se o réu ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
As partes interpuseram recurso de Apelação, tendo o Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado de ......... mantido a r. sentença de primeiro grau, em
todos os seus fundamentos.
Após o trânsito em julgado, o autor requereu o respectivo cumprimento
de sentença, tendo sido o réu intimado para efetuar o pagamento em 15 dias.
No entanto, conforme se demonstrará a seguir, o presente cumprimento é
eivado de vícios, aos quais se espera reconhecimento por meio da presente
Impugnação.

II. DO DIREITO

Nos termos do art. 525, parágrafo 1º, inciso IV do CPC a impugnação


do devedor, independentemente de penhora poderá versar sobre PENHORA
INCORRETA.

No caso dos autos, verifica-se que o bem penhorado – imóvel


situado ........... – refere-se a bem de família do devedor, nos termos da Lei
8009/90, não consistindo a presente execução nas hipóteses excepcionais do
art. 3º da referida lei, que habilitam a penhora.

Portanto, conforme se depreende da matrícula do imóvel ora anexada,


bem como a declaração de bens e direitos do devedor, igualmente anexada, o

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bem penhorado na presente execução trata-se de bem de família do devedor,


ou seja, absolutamente impenhorável, devendo ser cancelado o presente
termo de penhora.

III. DO EFEITO SUSPENSIVO

A presente impugnação deve ser recebida no seu efeito suspensivo.


Isso porque, muito embora a Impugnação ao Cumprimento de Sentença, nos
termos do art. 525, parágrafo 6º do CPC, não possua efeito suspensivo
automático, deve ser atribuído tal efeito quando houver fundamentos
relevantes, dano irreparável ou de difícil reparação, além do feito já estar
devidamente garantido por penhora, depósito ou caução.

No caso dos autos, verifica-se que a penhora do bem de família do


devedor, além de inconstitucional face à proteção do direito de moradia,
retratada como garantia social no art. 6º da CF e, igualmente na norma
infraconstitucional enquanto direito de todos, salvo as exceções previstas nas
leis, nas quais não se enquadra o presente caso, causará ao devedor e à sua
família dano grave e de difícil reparação, por meio da perda injusta e indevida
de sua moradia.

Ademais, o feito já se encontra devidamente garantido por caução


judicial prestada nos próprios autos ( documento .........)

Nestes termos, por preencher os requisitos legais, requer-se a


atribuição de efeito suspensivo à presente Impugnação.

III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer-se:

a) Que seja recebida a presente impugnação de cumprimento de sentença,


deferindo-se o efeito suspensivo, suspendendo-se a presente execução do
título executivo judicial;
b) Que seja citado o exequente para, querendo, manifestar-se sobre a
Impugnação;
c) Que ao final sejam julgados procedentes os pedidos do executado para
reconhecer a penhora incorreta, diante da impenhorabilidade do bem de
família.

Pretende-se provar a veracidade dos fatos alegados por todos os meios de


prova em direito admitidos, especialmente, documental, juntadas a esta
petição.

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Local, data

Advogado
OAB

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IV. A EXECUÇÃO DE TÍTULOS EXECUTIVOS


EXTRAJUDICIAIS: O PROCESSO DE EXECUÇÃO

Vamos aprender como é o procedimento de execução dos títulos


executivos judiciais?

1. CONCEITO: é a forma de executar um título executivo extrajudicial.

2. NATUREZA JURÍDICA: é uma AÇÃO AUTÔNOMA. Um processo


novo, ação nova.

3. REQUISITOS: os requisitos para ajuizamento do Processo de


Execução são:

a) TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: (todos aqueles previstos no art.


784 do CPC e vários outros, uma vez que o rol é exemplificativo).

b) OBRIGAÇÃO CERTA, LÍQUIDA E EXIGÍVEL: uma obrigação que existe,


possui valor certo (ou objeto específico), já houve o vencimento e ainda não foi
fulminada pela prescrição.

*Se quiser saber mais sobre os adjetivos da obrigação, volta lá na nossa


aula sobre os requisitos para a tutela executiva!

Está faltando alguma coisa?

SIM! Sempre, em toda e qualquer execução de pagar quantia é


primordial juntar o demonstrativo de débito atualizado, que contempla a
obrigação de pagar corrigida monetariamente.

Aliás, não juntar o demonstrativo de débito é violar o art. 798, inciso I,


alínea “b”, do CPC, fazendo com que o juiz indefira de plano tal requerimento.

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Claro que pelo princípio da primazia do mérito 43, o juiz intimará o exequente
para emendar o pedido, nos termos do art. 801 do CPC, a fim de juntar tal
demonstrativo.

IMPORTANTE!!! O art. 79844 e 79945 do CPC estabelecem os requisitos


que devem conter na inicial executiva.

Da leitura desses artigos, o que é ESSENCIAL?

43
“O art. 4º do novo CPC estabelece que as partes têm direito de obter em prazo
razoável “a solução integral do mérito”. Além do princípio da duração razoável,
pode-se construir do texto normativo também o princípio da primazia do
julgamento do mérito, valendo dizer que as regras processuais que regem o
processo civil brasileiro devem balizar-se pela preferência, pela precedência,
pela prioridade, pelo primado da análise ou do julgamento do mérito. O juiz deve,
sempre que possível, superar os vícios, estimulando, viabilizando e permitindo
sua correção ou sanação, a fim de que possa efetivamente examinar o mérito e
resolver o conflito posto pelas partes ”(CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de
Direito Processual Civil. Salvador: Juspodium, 2018).
44
CPC, Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de
execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe
assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão
mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser
realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros
utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
45
CPC, Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a
penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre
bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em
relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito
aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;

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a) Instruir a INICIAL EXECUTIVA com: o título executivo


extrajudicial + o demonstrativo de débito atualizado (contendo os
requisitos do parágrafo único do art. 798: índice de correção, juros etc.)

OBS.: Nas obrigações condicionais ou bilaterais é importante instruir a


inicial com a prova da condição ou termo ou o adimplemento da
contraprestação, se for o caso.

b) Indicar: a espécie de execução quando por mais de um modo


puder ser realizada; os nomes das partes (exequente e executado) +
seus respectivos números de CPF/CNPJ; os bens suscetíveis de
penhora (seguindo-se a ordem do art. 835 do CPC, no mesmo sentido
em que conversamos a respeito do Cumprimento de Sentença);

c) Nas obrigações cujo bem penhorado possui alguma garantia (penhor,


hipoteca) ou algum direito real (usufruto, superfície, direito de laje) ou
no caso de penhora de quota social, deve o exequente requerer a
intimação do credor 46pignoratício, hipotecário, superficiário, ou seja,
do credor com garantia ou direito real, nos termos do art. 799 do
CPC;

d) Pleitear medidas urgentes, objetivando o resultado;


V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de
superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito
real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de
superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície,
enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso,
quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de
sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7º  ;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de
constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem como, se for o caso, do titular de
lajes anteriores, quando a penhora recair sobre o direito real de laje;            
XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora recair sobre a construção-base.
46
ENUNCIADO 97 DO CJF/STJ: “A execução pode ser promovida apenas contra o titular do
bem oferecido em garantia real, cabendo, nesse caso, somente a intimação de eventual
coproprietário que não tenha outorgado a garantia”.

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e) Proceder à averbação em registro público do ato de propositura da


execução e dos atos de constrição.

4. COMPETÊNCIA

Determina o art. 781 do CPC47 que a competência para ajuizamento do


Processo de Execução é o foro do domicílio do devedor, ou o foro de eleição
(no caso de contrato ou título semelhante, se houver), ou o foro do local onde
se encontrem os bens, ou no foro do local onde se praticou o ato, mesmo o
devedor não residindo mais nele.

Trata-se, portanto, de competência relativa.

5. CITAÇÃO DO DEVEDOR

Proposta a execução, o juízo competente fará o exame de


admissibilidade, podendo, inclusive, determinar a emenda da petição inicial
(art. 801 do CPC), para corrigir em 15 dias, sob pena de indeferimento.

Também poderá indeferir de plano a inicial quando o credor for parte


ilegítima ou carecer de interesse processual, por exemplo (art. 330 do CPC),
ou, ainda julgar pela improcedência liminar do pedido, no caso de prescrição,
por exemplo (art. 332, parágrafo 1º do CPC).

O juiz também poderá declarar a nulidade da execução caso o título não


corresponda à obrigação certa, líquida e exigível, ou o executado não for
47
CPC, Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo
competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do
título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta
no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro
de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que
ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.

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regularmente citado, ou ainda, se a execução for instaurada antes de verificado


o termo/condição nas obrigações condicionais (art. 803 do CPC).

Mas, estando regular e apta a inicial executiva, o juiz determinará a


CITAÇÃO do réu.

Essa citação poderá ser feita por TODOS os meios legais previstos no
CPC: correio, oficial de justiça, edital, meio eletrônico, por escrivão/chefe de
secretaria. NÃO HÁ NECESSIDADE DE SER REALIZADA APENAS POR
OFICIAL DE JUSTIÇA, como era no revogado CPC/73. Nesse sentido, informa
o ENUNCIADO 85 do CJF/STJ: “Na execução de título extrajudicial ou judicial
(art. 515, § 1º, do CPC) é cabível a citação postal”.

IMPORTANTE! Ao despachar a inicial o juiz já FIXARÁ OS


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE 10% A SEREM PAGOS PELO
DEVEDOR.

E aqui, é importante estabelecer a diferença entre o Cumprimento de


Sentença e o Processo de Execução: Lá no Cumprimento de Sentença o
devedor tinha 15 dias para pagar espontaneamente a dívida, sob pena de
honorários de 10%.

AQUI no Processo de Execução os honorários advocatícios de 10% já


são fixados desde logo.

MAS, CUIDADO: Se o devedor pagar a obrigação espontaneamente,


no prazo legal, receberá um “prêmio”, uma “sanção premial” que é o
pagamento dos honorários advocatícios pela metade (art. 827 do CPC48).

Assim, o devedor será CITADO para, em 3 dias pagar a dívida, nos


termos do art. 829 do CPC.

48
CPC, Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de
dez por cento, a serem pagos pelo executado.
§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários
advocatícios será reduzido pela metade.

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OBS.1: Esse prazo de 3 dias deve ser contado a partir da própria


citação.

OBS.2: Esse prazo de 3 dias deve ser contado em dias úteis, tal como o
prazo para pagamento do Cumprimento de Sentença.

OBS.3: Do mandado de citação também conterá a ordem de penhora e


avaliação de bens, nos termos do art. 835 do CPC.

6. CONSEQUENCIAS PELO NÃO PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO NO


PRAZO LEGAL

Aqui, diferentemente do Cumprimento de Sentença, teremos APENAS


uma consequência “automática” no caso de não cumprimento da obrigação,
que é a EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PENHORA E AVERBAÇÃO DE
BENS.

Isso porque os honorários advocatícios de 10% já foram fixados (mesmo


que o devedor pague a dívida no prazo de 3 dias, serão devidos honorários do
mesmo jeito, apenas terão seu valor reduzido pela metade).

E a multa de 10% pelo não pagamento NÃO EXISTE aqui no Processo


de Execução.

Sobre as consequências “facultativas”, a possibilidade de protesto do


respectivo título executivo extrajudicial é fenômeno que pode já ser feito antes
mesmo do ajuizamento da Ação Executiva, bastando, portanto, o vencimento
da obrigação e a caracterização do seu inadimplemento.

Isso vale para cheque, duplicata, nota promissória e qualquer outro título
executivo, inclusive a Certidão de Dívida Ativa (cobrança pelo Poder Público) 49.

Muitos credores, na prática, diante de um título executivo extrajudicial


não adimplido correm direto para o Cartório de Protesto de títulos e
49
A ADI 5135 06.02.2018 determinou que o parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 9.492/1997,
inserido pela Lei nº 12.767/2012, que inclui as Certidões de Dívida Ativa - CDA no rol dos títulos
sujeitos a protesto, é compatível com a Constituição Federal, tanto do ponto de vista formal
quanto material.

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documentos para protestar o título, nos termos da Lei 9.492/97,


independentemente do ajuizamento da Execução. E, às vezes, seus devedores
pagam a dívida, quando notificados pelo Cartório, não necessitando, portanto,
ingressar no Poder Judiciário.

Ou seja, para protestar um título executivo extrajudicial NÃO HÁ


necessidade de ingressar com a ação executiva e aguardar o devedor ser
citado.

Mas, uma consequência facultativa que pode ocorrer aqui na


execução é a certidão para fins de averbação da penhora nos registros de
bens:

CERTIDÃO PARA AVERBAÇÃO DE BENS: estabelecem os artigos 799,


inciso IX e 828 do CPC sobre a possibilidade do credor, logo após o
escoamento do prazo para pagamento espontâneo da obrigação, promover a
averbação nos respectivos registros dos bens constritos judicialmente em
nome do devedor. Exemplo: foi penhorado um carro e um terreno do devedor.
O credor, querendo, pode pegar essa certidão de penhora e levar até o
DETRAN e ao Registro de Imóveis, respectivamente, e averbar essa penhora.

Custas a cargo do credor, claro, mas tal procedimento acaba por garantir
que não haja fraude à execução sobre esses bens, expondo a constrição
judicial perante terceiros.

Sobre a averbação nos registros de bens, nos mesmos termos que


tratamos no Cumprimento de Sentença, seguem alguns enunciados
importantes:

ENUNCIADO 130/FPPC: “a obtenção da certidão prevista no art. 828


independe de decisão judicial”

ENUNCIADO 104/CJF: “O fornecimento de certidão para fins de


averbação premonitória (art. 799, IX, do CPC) independe de prévio despacho
ou autorização do juiz”.

7. REAÇÕES DO EXECUTADO

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CITADO, o devedor pode:

a) No prazo de 3 dias contados da citação, PAGAR a


integralidade da obrigação (valor atualizado da dívida + custas iniciais +
honorários advocatícios pela metade), caso em que o credor poderá levantar
o respectivo valor e a execução será extinta;

b) No prazo de 15 dias contados da juntada do mandado de


citação aos autos DEPOSITAR 30% do valor integral da dívida (valor
atualizado da dívida + custas iniciais + honorários advocatícios no valor
normal de 10%) e solicitar o PARCELAMENTO do restante em até 6x
iguais e com juros de 1% ao mês.

Quer saber mais sobre esse PARCELAMENTO?

Vamos lá!

Esse PARCELAMENTO, previsto no art. 916 do CPC 50 refere-se


ao parcelamento legal, ou seja, o parcelamento previsto na lei e que deve
ser realizado da forma descrita na lei.

Mas nada impede que credor e devedor combinem outra forma de


parcelamento, em mais parcelas, sem juros, por exemplo. Esse seria o

50
CPC, Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e
comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de
honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante
em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por
cento ao mês.
§ 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos
do caput , e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias.
§ 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas
vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os
atos executivos.
§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será
convertido em penhora.
§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente:
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o
imediato reinício dos atos executivos;
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não
pagas.
§ 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor
embargos
§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença

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parcelamento convencional que depende da anuência do credor e pode


ser realizado tanto no Processo de Execução como no Cumprimento de
Sentença.

Já esse parcelamento legal só é permitido no PROCESSO DE


EXECUÇÃO (não cabe no Cumprimento de Sentença) e independe de
anuência do credor. Será válido e deferido desde que preenchidos os
requisitos legais:

a) O devedor deverá no prazo de 15 dias contados da juntada do


mandado de citação aos autos, depositar em juízo 30% do
valor total da dívida e pedir o parcelamento do restante em até
6x, com juros de 1% ao mês;
b) O juízo deverá intimar o credor para se manifestar (essa
intimação NÃO é para o credor dizer se concorda ou não, é
só para verificar se preenche os requisitos legais);
c) Deferido o parcelamento, serão suspensos os atos executivos
e o credor poderá ir levantando mês a mês as parcelas
depositadas até a quitação integral, momento em que a
execução será extinta. SE indeferido o parcelamento, seguem-
se os atos executivos e o depósito converte-se em penhora

MAS, CUIDADO! O não pagamento de uma parcela acarretará o


vencimento antecipado das demais prestações vincendas + multa de
10% sobre o valor das prestações não pagas.

IMPORTANTE: Quando o devedor deposita os 30% e pede o


parcelamento do restante está abrindo mão do direito de se defender por meio
dos Embargos à Execução.

A opção pelo parcelamento importa em renúncia ao direito de


embargar a execução. Ou o devedor quer/precisa se defender e, portanto não
paga e Embarga a execução, OU o devedor reconhece que deve e propõe o
parcelamento.

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c) No prazo de 15 dias contados da juntada do mandado de


citação aos autos oferecer os Embargos à Execução, que é a defesa do
devedor no Processo de Execução.

Sobre os Embargos, vamos conversar no próximo tópico.

8. DEFESA DO EXECUTADO: EMBARGOS À EXECUÇÃO

Os Embargos à Execução representam a defesa do devedor quando


intimado para cumprimento da obrigação revestida em título executivo
extrajudicial.

Vamos SABER MAIS?

CONCEITO: Os Embargos à Execução são a defesa do devedor em


sede de Processo de Execução.

NATUREZA JURÍDICA: tem natureza de ação. Nova demanda, novo


processo, apresentados em autos apartados, sendo distribuídos por
dependência aos autos da Ação Executiva.

Mas como assim, os Embargos são defesa mas são Ação nova?

Os embargos representam SIM a defesa do devedor num Processo de


Execução. Mas, o processo de execução, como vimos, é um processo que se
destina à aplicação da vontade concreta da lei mediante intervenção estatal.
Logo, NÃO é um processo de cognição exauriente, que admite ampla
produção probatória, própria do processo de conhecimento, uma vez que o juiz
apenas verifica a regularidade do título e obrigação e manda o devedor pagar,
sob pena de penhora!

Assim, é um processo de cognição rarefeita, conhecimento reduzido,


pois a única coisa que o juiz precisa conhecer é o título e as características da

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obrigação. O resto é aplicação da lei: prazo para pagamento, penhora,


avaliação, expropriação etc.

E essa cognição rarefeita não comporta a ampla produção probatória


dos Embargos à Execução.

SIM, os Embargos comportam ampla produção probatória, uma vez


que o título executivo extrajudicial foi formado fora do âmbito do Poder
Judiciário e, assim, além da execução poder apresentar vícios processuais e
vícios dos atos executivos, o devedor poderá questionar nos embargos a
nulidade do título, a anulabilidade em razão de algum vício do consentimento, a
falsificação de sua assinatura, dentre tantos outros motivos.

Por isso, admitindo ampla produção probatória, os embargos são uma


ação de conhecimento, com cognição exauriente, iniciados por uma petição
inicial, seguidos da comunicação do embargante (credor) para manifestação,
fase de saneamento, fase instrutória e encerrados por uma sentença!

Uma ação normal de conhecimento apensada e distribuída por


dependência aos autos executivos.

PRAZO: Os Embargos à Execução têm prazo de 15 dias úteis para ser


distribuídos, contados da juntada do mandado de citação aos autos.

OBS.1: O prazo para os embargos é sempre simples, ainda que haja


litisconsórcio passivo

OBS.2: O prazo dos embargos é individual, ou seja, ainda que haja


litisconsórcio, juntou o mandado de citação do réu “A”, começa o prazo de “A”,
juntou o mandado do réu “B”, começa o prazo de “B”, salvo de A e B forem
cônjuges.

SEGURANÇA DO JUÍZO: NÃO! O oferecimento dos Embargos à


Execução independe de penhora (salvo nos embargos à execução opostos na
execução fiscal contra a Fazenda Pública).

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O QUE ALEGAR NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO? O devedor poderá


alegar nos seus embargos qualquer matéria descrita no art. 917 do CPC, são
elas:

- inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;


OBS.: inexequibilidade é o título (o documento, o papel) que não pode ser
executado, como por exemplo um cheque de brinquedo, uma nota promissória
que não se reveste das formalidades exigidas pela Lei Uniforme de Genebra.
Já a inexigibilidade é a obrigação que ou não venceu (e, portanto, ainda não
caracterizou o inadimplemento), ou já está prescrita.

- penhora incorreta ou avaliação errônea;


OBS.: a penhora incorreta é aquela que ou viola a ordem do art. 835 do
CPC, injustificadamente, ou aquela que recai sobre bens impenhoráveis. Já a
avaliação errônea é aquela realizada por oficial de justiça ou perito, atribuindo-
se valores além ou aquém do que exatamente vale o bem.

- excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;


OBS.: o excesso de execução, para fins de embargos a execução, pode
ser: a) quando o credor pleiteia quantia superior ao título; b) quando a
execução recai sobre coisa diversa da declarada no título; c) quando a
execução se processa de forma diferente da fixada no título; d) quando o
credor, sem cumprir a parte que lhe cabe, exige a parte do devedor; e) quando
o credor não prova que a condição se realizou. Já a cumulação indevida de
execuções ocorre quando o credor num mesmo Processo de Execução, reúne
várias obrigações do mesmo devedor, porém sem observar se correspondem
ao mesmo procedimento e ao mesmo juízo competente.

IMPORTANTE: Toda vez que o executado alegar EXCESSO DE


EXECUÇÃO deve, obrigatoriamente, juntar demonstrativo de débito
atualizado, informando o valor que entende correta a execução, sob pena de
rejeição liminar dos embargos à execução51.

E, você já deve saber que a rejeição liminar dos embargos implica na


majoração dos honorários advocatícios para 20%!

51
CPC, Art. 917. […]. § 3º Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia
quantia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende
correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.

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- retenção por benfeitorias necessárias ou úteis (nos casos de


execução para entrega de coisa);
OBS.: esse inciso só vale para as execuções de entrega de coisa certa,
lembrando as 3 modalidades de benfeitorias: úteis, necessárias e
voluptuárias52.

- incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;


OBS.: a incompetência absoluta fixada em razão da matéria e da
hierarquia, podendo ser arguida a qualquer tempo, inclusive de oficio pelo juiz;
e a incompetência relativa, fixada em razão do território ou do valor, devendo
ser arguida pela parte para ser reconhecida, como regra.

- qualquer matéria que seria lícito deduzir em processo de


conhecimento.
OBS.: aqui podemos encaixar toda e qualquer outra matéria não
arrolada nos incisos anteriores como: pagamento, prescrição, novação,
compensação, sub-rogação, falsificação de assinatura, vícios do consentimento
etc. OU SEJA, QUALQUER MODALIDADE DE DEFESA!

EFEITO SUSPENSIVO: o simples fato de oferecer Embargos à


Execução NÃO tem o condão de paralisar a execução ou paralisar os atos
executivos. Seguem, como regra, em paralelo os autos de embargos à
execução e os atos executivos do processo de execução (penhora, depósito,
avaliação e expropriação).

Mas se o devedor quiser, pode pedir efeito suspensivo nos Embargos,


tal qual acontece na Impugnação ao Cumprimento de Sentença. Pra tanto,
basta demonstrar 3 requisitos, CUMULATIVAMENTE:

52
CC, Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1  o  São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2  o  São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3  o  São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
CC, Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao
bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

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a) Probabilidade do direito;
b) Dano irreparável ou de difícil reparação caso a execução não seja
suspensa;
c) Existência de penhora, depósito, caução ou qualquer outra
garantia.

Comprovando os 3 requisitos, o juízo deferirá o efeito suspensivo dos


Embargos à Execução. Isso significa que paralisa a execução?

NÃO! Mesma regra da Impugnação ao Cumprimento de Sentença.


Paralisam apenas os atos de expropriação!

Ou seja, pode-se continuar com os atos de penhora, avaliação,


depósito... só não pode alienar o bem, expropriar o bem!

REJEIÇAO LIMINAR DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO: a rejeição


liminar dos Embargos à Execução significa que o juiz sequer vai ler os
embargos. Isso acontece quando:

a) Quando o devedor alegar excesso de execução e NÃO JUNTAR o


respectivo DEMONSTRATIVO DE DÉBITO (art. 917, parágrafo 4º,
inciso I, do CPC);
b) Quando os Embargos forem oferecidos fora do prazo;
c) Quando a Impugnação for indeferida (art. 330) ou tiver julgamento de
improcedência liminar do pedido (art. 332);
d) Quando os Embargos forem manifestamente protelatórios

OBS.: Rejeitada liminarmente os Embargos à Execução, como ficam


os HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS? Nos termos do art. 827, parágrafo 2º do
CPC, o valor dos honorários, no caso de rejeição liminar poderão ser elevado
até 20%, quando rejeitados os Embargos à Execução”.

PROCEDIMENTO DOS EMBARGOS: recebidos os embargos à


execução, o juízo realizará o exame de admissibilidade, podendo requerer
emenda da inicial (art. 321), determinar o indeferimento da inicial (art. 330) ou a
improcedência liminar do pedido (art. 332).

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Estando tudo certo com a inicial dos embargos que, DEVE VIR
ACOMPANHADA DAS PEÇAS PROCESSUAIS RELEVANTES (art. 914 do
CPC), o juiz determinará a intimação do embargado (credor) para se manifestar
sobre os embargos no prazo de 15 dias. Após, se houver necessidade, o juiz
abrirá a instrução probatória, podendo, inclusive, determinar audiência de
instrução e julgamento e, após, proferirá sentença 53.

Da sentença dos embargos à execução cabe Recurso de Apelação.

DECISÃO DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO: a decisão dos embargos à


execução é uma sentença, sendo passível, portanto, de recurso de Apelação.
Sendo os embargos uma ação nova, um processo de conhecimento novo, todo
processo deve encerrar com uma sentença. É o que determina o art. 920,
inciso III do CPC.

9. QUESTÕES OBJETIVAS

1. Assinale a afirmativa falsa acerca dos títulos executivos extrajudiciais:


(a) São títulos executivos extrajudiciais a escritura pública ou outro documento
público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e
por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores.
(b) Os títulos executivos extrajudiciais devem ser certos, líquidos e
exigíveis.
(c) Constituem títulos executivos extrajudiciais o crédito, documentalmente
comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio, e os créditos
decorrentes de foro e laudêmio.
(d) A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante de título
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

2.Em termos de execução, o Código de Processo Civil estabelece as seguintes


normas:
(A) A morte de quaisquer das partes extingue a execução.
53
CPC, Art. 920. Recebidos os embargos:
I - o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias;
II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência;
III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.

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(B) Na execução de alimentos o devedor será citado para pagar ou oferecer


bens a penhora.
(C) Na ordem da penhora os imóveis antecedem os móveis.
(D) A decisão que rejeita a exceção de pré-executividade é recorrível através
de apelação.

3. Assinale a correta:
a) A Lei 11.382/2006, que reformou o processo de execução brasileiro,
extinguiu o instituto da exceção de pré-executividade, positivamente
estabelecido no Livro II do CPC.
b) O juiz da execução pode conceder ao credor o usufruto de bem imóvel
ou móvel, quando o reputar menos gravoso ao devedor e eficiente para o
recebimento.
c) Na execução de cheque do valor de R$ 500.000,00, o devedor poderá
defender-se por meio de impugnação à execução, no prazo de 15 dias
contados da juntada aos autos do mandado de citação.
d) A extinção de execução não precisa de sua declaração por sentença para
que produza efeitos.

4.Assinale a opção correta a respeito do processo de execução.


A) A legislação processual civil estabelece regime especial para a execução
contra a fazenda pública, mas não estabelece regime diferenciado quando a
fazenda publica é credora.
B) Constitui título executivo extrajudicial a certidão de dívida ativa da
fazenda pública da União, dos estados, do DF, dos territórios e dos
municípios correspondente a créditos devidamente inscritos na forma da
lei.
C) Caracteriza-se a fraude de execução somente quando o devedor aliena
bens durante o processo de execução.
D) Caso o exequente proponha execução fundada em título extrajudicial sem
que a petição inicial venha acompanhada dos documentos indispensáveis à
sua propositura, o juiz deverá, de plano, indeferir o pedido, pois, no processo
de execução, é incabível emenda à inicial.

5. Os embargos do devedor:
a) como regra, serão recebidos no efeito suspensivo.
b) deverão ser opostos após garantia do juízo por meio de penhora, depósito
ou caução, necessariamente.
c) quando houver mais de um executado, com diferentes procuradores, o prazo
para oposição dos embargos do devedor será contado em dobro.
d) não podem ser rejeitados liminarmente, exigindo sempre julgamento
meritório das razões aduzidas nos autos.
e)serão oferecidos no prazo de 15 dias, contados da data da juntada aos
autos do mandado de citação devidamente cumprido.

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6. A concessão de efeito suspensivo aos embargos do executado retrata


um provimento:
a) de natureza satisfativa, voltado a proteger o direito subjetivo alegado pelo
embargante;
b) de natureza inibitória, voltado a afastar uma conduta ilícita e potencialmente
lesiva por parte do embargado;
c) de natureza cautelar, voltado a proteger o resultado útil do processo;
d) de natureza dialética, voltado a proteger o efetivo exercício do contraditório;
e) de natureza cognitiva, voltado a promover o acertamento jurídico da questão
deduzida em juízo.

7. Maria, ao perceber que o seu bem imóvel foi arrematado por preço vil, em
processo de execução de título extrajudicial, procurou você, como
advogado(a), para saber que defesa poderá invalidar a arrematação. Você
verifica que, no 28o dia após o aperfeiçoamento da arrematação, a carta de
arrematação foi expedida. Uma semana depois, você prepara a peça
processual.
Assinale a opção que indica a peça processual correta a ser proposta.
A)  Impugnação à execução.
B)  Petição simples nos próprios autos do processo de execução.
C)  Ação autônoma de invalidação da arrematação.
D)  Embargos do executado.

10. MODELO DE PEÇA – AÇÃO EXECUTIVA

AO JUÍZO DE DIREITO DE ...... VARA CÍVEL DA COMARCA .................... DO


ESTADO DE..................

 
FULANO DE TAL LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob n.............., com endereço eletrônico .......... e sede na Rua ......,
n......, bairro ........ na cidade de ............ estado de ........., neste ato
representado por seu sócio-gerente, BELTRANO DE TAL, brasileiro,
divorciado, empresário, portador da Cédula de Identidade RG n. ...............,
inscrito no CPF sob n. ................, com endereço eletrônico .................,
residente e domiciliado na Rua ....., n......, na cidade de ................., estado
de .............por intermédio de seu advogado, ao final assinado, vem

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respeitosamente perante este Juízo, com fundamento nos arts. 783 e 784, I do
CPC, bem como art. 47, I e 52 da Lei n. 7.357/1985, ajuizar

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL (CHEQUE)

em face de  BELTRANO DE TAL, brasileiro, casado, enfermeiro, inscrito no


CPF sob n ......, endereço eletrônico ................, residente e domiciliado na Rua
……, n. na cidade de .............., estado .............., pelas razões de fato e de
direito abaixo.

O exequente é pessoa jurídica que atua no ramo ................... e recebeu


como pagamento de ................., o cheque anexo das mãos do executado,
emitido em 31 de dezembro de 2019.

Infelizmente, ao descontar referido cheque em instituição bancária, nos


termos do art. 33 da Lei n. 7.357/1985, o cheque voltou pela primeira vez
em 19 de janeiro de 2020, pelo motivo 11 (sem fundos) e, numa segunda
tentativa, em 28 de fevereiro de 2020, voltou pelo motivo 12 (sem fundos, 2ª
apresentação), sem compensação.

Em que pesem os esforços do exequente na tentativa de um acordo com


o executado para o devido pagamento do débito, restaram infrutíferas todas as
tentativas.

Assim sendo, não resta alternativa ao exequente a não ser de executar o


respectivo título executivo extrajudicial – cheque – que contempla uma
obrigação certa, líquida e exigível, no montante de R$ 22.000,00 (vinte e dois
mil reais), conforme demonstrativo de débito anexo, com o fim de satisfazer a
obrigação devida.

Diante do exposto, requer-se a este Juízo:


a) no despacho inicial, seja fixado de plano 10% de honorários
advocatícios, por força do art. 827 do CPC, os quais serão reduzidos
pela metade no caso de pagamento espontâneo;
b) seja citado o executado, por correio, para que pague, em 3 (três) dias, o
valor do crédito;
c) em sendo encontrado e não tendo pago o valor da dívida, seja realizada
tentativa de penhora online, pelo sistema SisbaJud, nos termos do art.
854 do CPC, a fim de bloquear eventuais ativos financeiros em nome do
devedor;
d) Restando infrutífera a penhora SisbaJud, requer-se a pesquisa, através
dos convênios RenaJud, InfoJud e CCBS a fim de encontrar outros bens
passíveis de constrição legal;
e) A inclusão do nome do executado no cadastro de inadimplentes até que
seja cumprida a obrigação, nos termos do art. 782, parágrafo 3º do CPC;

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Professora Alexia Brotto
Direito Processual Civil – Tutela Executiva

f) Ademais, requer a aplicação das medidas coercitivas necessárias para o


fiel e efetivo cumprimento da obrigação, nos termos do art. 139, inciso IV
do CPC.

A produção de todo meio de prova em direito admitido, especialmente


documental.

Dá-se à causa o valor de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais).

Local, data

Advogado
OAB

11. MODELO DE PEÇA – EMBARGOS À EXECUÇÃO

AO JUÍZO DE DIREITO DA ...... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ..................


ESTADO DE .................

Distribuição por dependência aos autos de Execução de Título


Extrajudicial n. ..........................

FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, comerciante, inscrito no CPF sob


n..........., com endereço eletrônico ..........., residente e domiciliado na rua.....,
n....., na cidade de ................... estado de .............., por seu advogado que esta
subscreve (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, perante
este Juízo, com fulcro nos arts. 914 e ss do CPC, opor

EMBARGOS À EXECUÇÃO
com pedido de efeito suspensivo

em face da Execução movida por BELTRANO DE TAL, brasileiro, casado,


empresário, inscrito no CPF sob n......, com endereço eletrônico..........,
residente e domiciliado na Rua ..............., n........., na cidade de ................
estado de ......................, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I. BREVE RELATO

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Professora Alexia Brotto
Direito Processual Civil – Tutela Executiva

Trata-se de execução de título executivo extrajudicial, na qual se


pretende o recebimento de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Ocorre que a presente execução é eivada de vícios conforme se
demonstrará a seguir, impossibilitante o fiel cumprimento do que ora se
pretende na execução.
 
II. PRELIMINARMENTE

Preliminarmente, cumpre informar que a presente execução deveria ter


sua inicial indeferida de plano, nos termos do art. 330, c/c o art. 485, I, do CPC,
tendo em vista que o ora embargado fundamenta a presente execução em
“instrumento particular de contrato de compromisso de compra e venda” do
qual não fez parte (mov ....), ou seja, é parte flagrantemente ilegítima.

Deve portanto, ser extinta a presente execução em razão da


ilegitimidade de parte do exequente, julgando-se extinta, sem resolução do
mérito, nos termos do art. 485, inciso I do CPC.

Ora, o instrumento que supostamente empresta suporte à vertente execução


sequer teve o embargado como parte, mas, apenas, como anuente, faltando ao
exequente, por esta razão, título passível de execução.

III. DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO

Os embargos à execução de título executivo extrajudicial não são


recebidos, como regra, em seu efeito devolutivo, nos termos do art. 919, § 1º,
do Código de Processo Civil, mostrando-se a sua concessão em situações
excepcionais e desde que garantida a execução por penhora, depósito ou
caução suficiente.

No presente caso, utilizando-se da execução inadequadamente para


perceber a quantia de 100.000,00, de instrumento do qual não fez parte, são
motivos relevantemente idôneos e suficientes, a demonstrar, à teor do art. 300
do CPC, a probabilidade do direito bem como a concretização de um dano
irreparável ou de difícil reparação, acaso não seja deferido respectivo efeito
suspensivo.

Ademais, o bem imóvel indicado à penhora, cuja matrícula segue anexa


mostra-se suficiente a garantir a execução.

Assim, a suspensão não trará prejuízos ao embargado, mas o


prosseguimento da execução nos termos em que foi proposta coloca o
embargante em graves prejuízos.

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Professora Alexia Brotto
Direito Processual Civil – Tutela Executiva

Isto posto, a concessão do efeito suspensivo, com fundamento no § 1º


do art. 919 do CPC é medida que se impõe e desde logo se requer e espera
concessão.

IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer-se:

a) o recebimento dos presentes Embargos à Execução no efeito suspensivo,


requer seja o embargado declarado carecedor das condições da ação de
execução por ilegitimidade, devendo a vertente execução ser extinta, sem
resolução de mérito, nos termos do art. 485, I do CPC;

b) a condenação do embargado no pagamento das custas e honorários


advocatícios, nos termos do art. 85 do CPC;

Protesta-se pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente documental.

Informa, nos termos do parágrafo 1º do art. 914 do CPC que os presentes


embargos estão instruídos com as cópias das peças processuais relevantes,
declaradas, neste ato, autenticas pelo advogado subscrevente;

Dispensa-se a audiência de conciliação e mediação do art. 334 do CPC, nos


termos do art. 319, inciso VII do mesmo diploma legal.

Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Local, data

Advogado
OAB

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