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Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer - Angela Ferrari XavierAngela Ferrari Xavier – Jus.com.

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Antes de iniciarmos o estudo sobre o assunto específico, execução das obrigações de fazer e de não fazer, vamos para
um breve comentário do conceito do instituto chamado direito das obrigações. Conforme afirma (BARROS MONTEIRO
2003, p. 5) que: “obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto
consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao “Segundo, garantindo-lhe o
adimplemento através de seu patrimônio.” E nesse mesmo sentido , (STOLZE GAGLIANO E PAMPLONA FILHO
2011,p.53) diz: como sendo a relação jurídica pessoal por meio da qual uma parte (devedora) fica obrigada a cumprir,
espontânea ou coativamente, uma prestação patrimonial em proveito da outra (credor). Pois bem , podemos concluir
então, que, o direitos das obrigações é o conjunto de normas e princípios reguladores da relação jurídica que vincula o
credor ao devedor, impondo a este último uma prestação de dar, fazer ou não fazer, e também, é notório destacar que, é
por meio das “relações obrigacionais que se estrutura o regime econômico”.
Depois de uma rápida explanação do conceito do direito das obrigações, adentraremos então, em nosso estudo sob o
procedimento de execução da obrigação de fazer e não fazer, e trazendo algumas inovações dada a este instituto com a
nova redação do Código de Processo Civil Brasileiro. Com o conceito já exposto das obrigações, conseguimos
compreender melhor, a dinâmica que envolve e ao mesmo tempo um complexo de conjunto de meios consagrados no
código que asseguram que tais obrigações possam ser de fato cumpridos e honrados. No momento pelo qual passamos
que cada vez mais se busca a tutela jurisdicional, vamos de forma bem sucinta discorrer sobre tais direitos. Na obrigação
de fazer, o credor não é obrigado a aceitar de terceiro a prestação, quando for acordada que o devedor a faça
pessoalmente, como está previsto no artigo 878 do Código Civil. Ainda que, não esteja previsto no acordo o que diz o
art. 878, mesmo assim o caráter de obrigação personalíssima poderá resultar das circunstâncias do caso. Se a
prestação do fato se impossibilitar sem culpa do devedor, resolver-se-á. A obrigação, se por culpa do devedor,
responderá este pelas perdas e danos. Art. 880. Incorre também na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor,
que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível, Art.881. Se o fato puder ser executado por terceiro,
será livre ao credor mandá-lo executar a custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, ou pedir indenização por
perdas e danos. já a chamada obrigação fungível poderá ser prestada por terceiro, à custa do devedor, ou resolver-se-á
por perdas e danos, alternativa válida também para o caso de mora (artigos 881 e 955 e segs. do Código Civil).

OBRIGAÇÕES DE FAZER FUNDADA EM TÍTULO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL


Discorrendo acerca da execução das obrigações de fazer fundada em título judicial percebemos que muito se parece
com o procedimento da execução das obrigações de entregar coisa. Também pode se fundar em título executivo judicial
ou extrajudicial. Quando for fundada em sentença tem-se, também, a chamada sentença executiva, e dessa forma, o
procedimento executivo, que será mero prolongamento do processo de conhecimento, poderá ser iniciado de ofício pelo
juiz. Falando agora um pouco sobre da execução fundada em título extrajudicial tem-se propriamente a execução
autônoma, não se fala, nesse caso, em processo sincrético, porque não há a precedente atividade de conhecimento. A
petição inicial deverá estar acompanhada do título executivo. Ao despachar a inicial o juiz determinará a citação de
executado para que cumpra a obrigação no prazo estabelecido no título.
Caso o título seja omisso o juiz deverá fixá-lo. Não sendo cumprida a obrigação, o procedimento será diferente daquele
previsto para a obrigação fundada em título judicial. Há que se verificar se trata de obrigação de fazer fungível ou
infungível. A obrigação infungível é aquela que só pode ser cumprida pelo próprio devedor. Já a obrigação fungível é
aquela cuja prestação pessoal do executado não é essencial, poderá ser cumprida por outrem, inclusive pelo próprio
credor, às custas do devedor. Sendo a obrigação infungível. Deverá, ainda, ser verificado se é possível obter, por outros
meios, resultado prático equivalente àquele que se teria caso o devedor cumprisse voluntariamente a obrigação. Não
sendo isso possível, a obrigação, necessariamente converter-se-á em perdas e danos. Contudo, caso se revele possível
a obtenção de resultado prático equivalente, o credor poderá optar entre esta e a conversão da obrigação em
indenização por perdas e danos.
Tendo o credor optado pela obtenção do resultado prático equivalente o juiz poderá valer-se das medidas de apoio
previstas no Código para garantia do adimplemento da obrigação. Quando se tratar de obrigação de fazer fungível, o
exequente poderá escolher entre o cumprimento da obrigação por terceiro às custas do devedor ou a conversão em
perdas e danos. Em qualquer caso, seja a obrigação fungível ou infungível, optando o exequente pela conversão em
perdas e danos, proceder-se-á à liquidação incidente e a partir daí segue-se a execução pelo rito da execução por
quantia certa. Obrigação de não fazer “é aquela em que o devedor se compromete perante o credor a abster-se de
algum ato ou a evitar algum fato de interesse jurídico, para o credor ou para terceiro” “Art. 882 CC. Extingue-se a
obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do fato que se obrigou a
não praticar. Art. 883 CC. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado, perdas e danos.” Também aí, no caso de
impossibilidade, a solução dependerá da ocorrência ou não de culpa: sem esta, o vínculo se resolve (artigo 882 do CC).
No tocante à prática pelo devedor do ato a cuja abstenção se obrigara, também existiria faculdade do credor de exigir
que o devedor desfaça seu ato, sob pena de ser desfeito à sua custa, pois, “se o credor não quiser utilizar-se dessa
faculdade, a questão pode resolver-se pura e simplesmente pela cobrança de perdas e danos, conforme os preceitos
gerais que regulam as consequências da inexecução das obrigações”. Convém insistir em que tal visão não corresponde
às normas processuais vigentes, especialmente em decorrência da recente reforma do nosso CPC. Execução das
obrigações de não fazer fundadas em título judicial e extrajudicial. Tratando-se de obrigação fundada em título judicial
não há alteração de procedimento em relação às obrigações de fazer. Tendo sido proferida a sentença que condene o
devedor a desfazer aquilo que foi feito indevidamente, o juiz fixará prazo para o cumprimento da sentença. Não sendo
implementada a obrigação no prazo fixado o juiz valer-se-á dos meios de coerção arrolados no Código de Processo Civil,
sem prejuízo da multa já fixada na sentença. Em se tratando de obrigação de não fazer fundada em título extrajudicial o
procedimento será o mesmo, contudo, como não há processo de conhecimento anterior, a demanda há que se
instaurada pelo exequente.

ASTREINTE
Vamos tecer um pouco sobre as famosas , ‘’Astreintes’. Conceito e finalidade , emerge a astreinte, dentre as outras
medidas de apoio, como importante instrumento utilizado pelo juiz com o intuito de persuadir o executado ao
cumprimento da obrigação, em prol da efetividade do processo. Com grande incidência nos Tribunais, a multa fixada por
tempo de atraso tem por escopo compelir o devedor a cumprir, em tempo razoável, o que determinado na sentença ou
decisão interlocutória.Importa esclarecer que referida multa tem origem num instituto criado pelo direito francês, as
chamadas astreintes. O termo astreintes traduzido para o português significa “sanções”. Essa sanção consiste numa
multa pecuniária fixada no processo judicial a uma das partes, com a finalidade de compeli-la ao cumprimento de
determinada obrigação ou a abstenção de certo ato. É nesse contexto que surge a astreinte, como meio capaz de
conferir maior agilidade ao cumprimento da decisão, em razão do receio que proporciona ao executado quanto à
incidência de multa pecuniária.
Natureza Jurídica da astreinte a doutrina não é unânime no que diz respeito à natureza jurídica da astreinte, porém
prevalece a idéia de que consiste numa medida coercitiva.Em outras palavras, a multa não possui caráter indenizatório,
nem mesmo sancionatório. Sua natureza jurídica está no caráter intimidatório, capaz de persuadir o executado à prática
(ou abstenção) de um comportamento específico, pleiteado pelo autor e determinado pelo magistrado.Trata-se de
medida coercitiva que atua sobre a vontade do executado, com o intuito de coagi-lo moralmente e de forma indireta ao
adimplemento da obrigação determinada pelo juiz.
A redação do Novo Código de Processo Civil, trouxe inovações significativas sobre o presente tema, principalmente no
que diz respeito ao momento de execução da astreinte. A questão foi abordada no art. 537 do novo diploma legal,
situado no Capítulo VI, Seção I, que trata “Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação
de Fazer, de Não Fazer ou de Entregar Coisa”. A primeira e mais relevante das novidades trazidas pelo novo Código, diz
respeito à possibilidade de execução provisória da astreinte, permitindo, porém, o levantamento do valor cobrado só
após o trânsito em julgado ou na pendência de agravo em face de decisão denegatória de seguimento de recurso
especial. Logo, com a vigência do novo Código de Processo Civil, a divergência até então existente acerca do momento
de exigibilidade da multa, será pacificada. Outro esclarecimento promovido pelo Novo Código é que o valor da multa
diária será devido única e exclusivamente ao exequente (§2º), extirpando do mundo jurídico interpretações até então
existentes que pregavam a necessidade de divisão da astreinte entre o exequente e o Estado. Disposição importante,
também, é a que permite ao magistrado, de ofício ou a requerimento da parte, modificar o valor ou periodicidade da
astreinte, ou até mesmo excluí-la, conforme o caso (§1º). Com base no exposto, constata-se que a nova redação do
Código de Processo Civil trata de questões relativas à astreinte, até então silenciadas pela legislação vigente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as últimas reformas promovidas no Código de Processo Civil, é de fácil constatação que o direito
processual vem tentando proporcionar maior eficácia à tutela jurisdicional, por meio de um processo mais célere e em
consonância com a cláusula constitucional do devido processo legal.
Na sequencia, a busca prioritária pela tutela específica, com a finalidade de oferecer ao jurisdicionado uma adequada
proteção de seus direitos, deixando de lado a regra geral anterior que era a conversão em perdas e danos, representa
mais um avanço marcante nessa espécie de obrigação.
A astreinte, como inibidora do desrespeito às decisões impostas pelo Estado-Juiz no exercício da tutela jurisdicional.
Nesse aspecto, a multa por tempo de atraso, além de sua natureza coercitiva, possui caráter pedagógico, pois nos casos
marcados pelo inadimplemento, sua fixação serve de elemento dissuasório, capaz de demonstrar aos demais
integrantes da sociedade as consequências do descumprimento de uma decisão judicial. Parte da doutrina entende que
a exigibilidade da astreinte está condicionada ao trânsito em julgado da sentença que julga procedente o pedido do
autor. Por outro lado, alguns doutrinadores acreditam ser possível a exigibilidade imediata da multa, desde que
observados os trâmites de uma execução provisória. O Novo Código de Processo Civil, prevê que a multa por tempo de
atraso será exigível de imediato, porém, mediante execução provisória, ou seja, o levantamento dos valores só poderá
ser realizado após o trânsito em julgado da sentença que julgar procedente o pedido do autor.

1) Defina obrigação de fazer.


2) Defina obrigação de não fazer.
3) Quando utilizo a execução extrajudicial de obrigação de fazer e não fazer e quando utilizo o cumprimento de sentença
de obrigação de fazer e não fazer?
3) Quais as principais diferenças procedimentais entre a execução extrajudicial de obrigação de fazer e não fazer e do
cumprimento de sentença de obrigação de fazer e não fazer?
4) Quais os meios de coerção colocados ao juiz para que o executado faça cumprir a obrigação de fazer determinada no
título?
5) Defina a “astreinte” como medida de coerção da obrigação de fazer e não fazer.
6) Na execução de obrigação de fazer e não fazer o juiz tem poder vinculado ou discricionário para obrigar ao
cumprimento da obrigação prevista no título executivo. Explique.
7) Uma vez fixada a astreinte, seu valor e periodicidade, pode o juiz alterá-la posteriormente ao prazo de recurso contra
a decisão que a fixou? Fundamente.

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