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No caso de a prestação ser realizada por terceiro, ela consistirá sempre num ato
de disposição, uma vez que o terceiro não se encontra vinculado à sua realização
por um NJ anterior. Em consequência, parece que a capacidade de terceiro será
sempre exigida para a realização da prestação.
Já o credor deve ter capacidade para receber a prestação, uma vez que, no caso
contrário, ele poderia destruir o objeto da prestação ou não tirar qualquer proveito
do cumprimento. Daí que se a prestação for realizada a credor incapaz, o seu
representante legal poderá solicitar a sua anulação e a realização de nova
prestação pelo devedor. No entanto, também aqui o devedor pode opor-se ao
pedido de anulação da prestação realizada ou de nova prestação, na medida do
que tiver sido recebido pelo representante ou do seu enriquecimento (art. 764o/2).
Nesse caso, estaremos perante uma exceção fundada no princípio da proibição do
enriquecimento injustificado.
Pelo contrário, em relação ao devedor, o art. 765o/1 refere que “o devedor que,
de boa ou má fé, prestar coisa de que lhe não é lícito dispor não pode impugnar o
cumprimento, a não ser que ofereça uma nova prestação”. Efetivamente, não faria
sentido permitir ao devedor invocar em seu próprio benefício a ausência de
disponibilidade da coisa entregue, para impugnar o cumprimento, a menos que
ele possa imediatamente oferecer nova prestação em substituição da
anteriormente realizada.
3- Legitimidade para o cumprimento:
◊ Legitimidade ativa
◊ Legitimidade passiva
• (i) Se tal tiver sido estipulado ou consentido pelo credor (art. 770o/a));
• (v) Se a lei considerar, por outro motivo, liberatória a prestação feita a
terceiro (art. 770o/f)) – ex: insolvência do devedor (art. 81o/4 CIRE), a
constituição de penhor (art. 685o) ou de penhora sobre o crédito (art. 860o/
1 CPC).
4- Tempo do cumprimento:
o credor ou o devedor.
- Relativamente ao credor, a lei determina que quando este não use da faculdade
que lhe foi concedida, compete ao tribunal fixar o prazo, a requerimento do
devedor (art. 777o/3);
• ◊ Benefício do prazo:
A possibilidade de a prestação ser realizada ou exigida em momento
posterior constitui um benefício. Nos termos do art. 779o, a regra é a de
que o benefício do prazo compete em princípio ao devedor. Em certos
casos, porém, como no depósito, a lei atribui esse benefício ao credor, ou,
noutros casos, como no mútuo oneroso, estabelece a atribuição do benefício
a ambas as partes.
Exige-se, porém, que a renúncia ao benefício do prazo seja efetiva, ou seja, que a
prestação não seja antecipadamente realizada por erro desculpável, caso em que o
devedor teria direito a que o credor lhe restituísse o seu enriquecimento (art.
476o/3).
A perda do benefício do prazo é, no entanto, pessoal, pelo que não se estende aos
co-obrigados do devedor, nem aos terceiros que garantiram o cumprimento da
obrigação (art. 782o).
o A diminuição de garantias:
Nesse caso, exige-se, porém, que o perecimento das garantias resulte de culpa do
devedor. Se tal ocorrer, o credor pode exigir o cumprimento imediato da
obrigação, mesmo que as garantias ainda existente sejam mais do que suficientes
para assegurar a execução forçada da obrigação e não exista qualquer receio de
insolvência. Isto porque, quando o devedor, por facto que lhe é imputável, não
presta ou faz perecer alguma das garantias estipuladas, pratica uma infração
contratual, já que ele implicitamente se tinha obrigado a conservar ou, pelo
menos, a não prejudicar as garantias.
Há ainda casos em que a lei impõe que o devedor reforce as garantias quando
estas perecem casualmente, sob pena de o credor poder exigir o cumprimento
imediato da obrigação. É o que sucede na fiança (art. 633o/2 e 3), na hipoteca
(art. 701o), na consignação de rendimentos (art. 665o) e no penhor (art. 670o/
c)).
O regime aplicável nestes casos exige, para além de uma diminuição considerável
da garantia que a torne insuficiente para assegurar o cumprimento da obrigação, a
perda do benefício do prazo aparece como solução subsidiária, a aplicar apenas
quando o devedor não proceda à substituição ou reforço das garantias. Se o
perecimento das garantias se dê por facto imputável ao devedor, será aplicável o
regime do art. 780o, em lugar destas disposições.
5- Lugar do cumprimento:
• Em relação ao tempo e ao lugar do preço, o 885º estabelece que deve ser pago
no momento e lugar da entrega da coisa vendida
NOTA: Estas regras gerais cedem, porém, em certos casos particulares onde
vigoram outras regras, havendo por isso que averiguar se o regime especial
daquele contrato não estabelece regras específicas para o lugar do cumprimento,
diferentes das regras gerais dos arts. 772o e ss.
Pode, porém, suceder que o lugar do cumprimento não apareça como essencial
em relação à obrigação, podendo esta por natureza ser realizada tanto no local
fixado para o cumprimento como noutro qualquer. Nesta situação, o facto de ser
ou se tornar impossível realizar a prestação no lugar fixado para o cumprimento
não é motivo para considerar a obrigação extinta, pelo que deverá antes a
prestação ser realizada noutro lugar (art. 776o).
A determinação desse local é feita através das regras supletivas dos arts. 772o e
ss, que são aplicáveis, não apenas à ausência de estipulação das partes, mas ainda
perante a situação de impossibilidade de realização da prestação no lugar fixado.
Esta solução não cobre, no entanto, todas as situações, nomeadamente a hipótese
de a impossibilidade da prestação ocorrer precisamente no lugar designado pelas
regras supletivas dos arts. 772o e ss. para esses casos, permanece aberta a via da
integração dos NJ, com base no art. 239o.
6- Imputação do cumprimento:
Caso o devedor não efetue a designação, o credor não é livre de efetuar ele
mesmo a imputação, havendo antes que aplicar as regras supletivas do art. 784o:
7- Prova do cumprimento:
Para além deste caso de presunções de cumprimento, por vezes a lei também
presume que já ocorreu o cumprimento da obrigação, em virtude de já ter
decorrido certo prazo sobre a sua constituição – prescrições presuntivas (art.
312o e ss), que se encontram previstas nos arts. 316o e 317o
! REVOGAÇÃO
! RESOLUÇÃO
Vem prevista nos arts. 432o e ss, e consiste na extinção da relação contratual por
declaração unilateral de um dos contraentes, baseada num fundamento
ocorrido posteriormente à celebração do contrato. Assim, a resolução processa-se
sempre através de um negócio jurídico unilateral.
A lei exclui o direito de resolução nos casos em que não haja possibilidade de
restituir o que houver recebido (art. 432o/2). Isto porque, dado que a
impossibilidade extingue a sua obrigação de restituir, a parte que exercesse a
resolução obteria a restituição da prestação realizada à outra parte sem ser
onerada com qualquer contrapartida.
! CADUCIDADE