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PATRIMÔNIO E CIDADE
RESUMO
Analisa-se os elementos da matriz urbana portuguesa na cidade de Goiás-GO, tomada como pioneiro
e importante exemplar das cidades do ciclo do ouro na região da Capitania de Goyazes. Enfoca-se
nos espaços provenientes de seu primitivo núcleo gerador, em especial, suas ruas e largos, durante o
século XVIII, período de formação e consolidação da atual conformação urbana, estabelecendo-se
também uma relação com os diversos traços remanescentes desses primórdios ainda hoje
encontrados no local. Pretende-se, assim, refletir acerca dos vínculos de identidade estabelecidos
entre esses lugares com suas comunidades no princípio e na contemporaneidade, de modo a
compreender o impacto das configurações urbanas inicialmente criadas nessas impressões. Os
núcleos de ocupação da Coroa portuguesa nas diversas regiões no Brasil, a partir do século XVII,
carregam uma forte tradição urbanizadora desenvolvida ao longo de todo seu período colonial na
África e Ásia, apresentando características que remontam ao antigo Império Romano, passando pela
influência árabe até a cidade de origem cristã na península Ibérica, que atinge seu auge com o
aprimoramento da atuação dos engenheiros militares e dos “ruadores”. Esse modo de “fazer cidades”
está claramente presente nas configurações das ocupações urbanas do período colonial brasileiro em
seu ciclo aurífero, sendo considerado um forte elemento de imposição da presença da metrópole nas
regiões inóspitas e distantes do interior da colônia, tornando-se, assim, um forte traço de identidade
português no território brasileiro/goiano. Ao longo do tempo, nota-se que os habitantes da cidade de
Goiás também passaram a estabelecer vínculos afetivos e indentitários com o lugar, como verificado
nas poesias de Cora Coralina, por exemplo.
Palavras-chave: matriz urbana portuguesa; cidades coloniais brasileiras; ciclo do ouro; Vila Boa de
Goiás; identidade cultural.
A pesquisa foi construída com base no material cartográfico disponível desde o século
XVIII, sobre o qual foram sobrepostos os elementos formais desse modo português de fazer
cidades, sobretudo, os mais recorrentes na formação de ocupações urbanas no Brasil
Colônia e, em especial, nas regiões auríferas. Considerando-se o discurso de imposição da
presença do poder real no interior do país e a necessidade de efetiva ocupação desse
território, essa linguagem simbólica torna-se primordial para marcar historicamente a
passagem da Coroa portuguesa pelo Brasil, tornando-se um forte elemento de identidade
lusa nos primórdios da ocupação do hinterland local. Entretanto, ao longo dos séculos, a
imagem da cidade formada por largos, ruas-corredor tortuosas e becos estreitos passa
também a representar a identidade de uma parcela dos tradicionalistas goianos do século
XX e XXI, ricamente expressa em diversos suportes artísticos regionais, como a literatura de
Cora Coralina e as pinturas de Goiandira do Couto.
Revisão literária
O texto foi construído sobre três grandes eixos: a concepção de matriz urbana
portuguesa, sua influência nas cidades do ciclo do ouro em Goiás e a relação entre esses
dois elementos e a identidade coletiva local. O primeiro deles é o substrato base de análise,
do qual foram extraídos os componentes mais característicos da cultura urbana portuguesa,
fortemente presentes nas ocupações do período aurífero no interior do Brasil, adotando-se
Vila Boa de Goiás como estudo de caso. Considerando todos esses dados, estão sendo
analisados os possíveis reflexos que deixaram nos aspectos identitários observados na
O domínio muçulmano do século VIII ao XIII traz uma nova expansão urbana ao
território português. Surgem cidades mais densas, bem hierarquizadas e organizadas do
âmbito privado para o público, considerando três parâmetros fundamentais: defesa, clima e
religião. Contavam ainda com uma estrutura uniforme, apesar da desordem aparente,
apresentando uma clara preocupação com a escolha do sítio e um “carácter íntimo das suas
ruas, tortuosas, com diferentes perfis ao longo do percurso, das quais saíam ruas em
cotovelo ou becos que davam acesso a pequenos conjuntos de casas construídas em torno
de impasses” (Teixeira, 2000). Já as casas “eram por todas estas razões viradas para pátios
interiores, e as poucas aberturas para a rua eram protegidas por janelas, rótulas e
muxarabis” (Teixeira, 2000).
Após esse panorama geral, Rafael Moreira apresenta um conceito chave para o
entendimento do saber fazer cidade português, conforme nomeado pelos próprios no
período colonial: arte ou ciência da ruação1. Muito distante do ainda inexistente termo
urbanismo, tratava-se de “uma teoria empírica e, sobretudo, pragmática, de terreno mais
que de gabinete, a que se procurou dar credibilidade e forma científica no séc. XVII, mas
que é fruto de uma evolução específica do império português com raízes em Portugal no
passado medieval, na sua situação de país-limite da Europa” (Moreira, 2003, p. 8). O autor
complementa que “‘arruar’ não significaria mais do que alinhar, traçar a direito, sem implicar
ortogonalidade”, indicando uma tendência cada vez mais acentuada ao regular, sem chegar
à esquadria perfeita. Foi inclusive elaborado um Tratado de Ruação por José de Figueiredo
Seixas (cerca de 1763), havendo outros documentos orientadores do processo de ocupação
1
Essa profissão parece não ter existido em Portugal, apenas na Colônia, sendo que “mais do que aos
engenheiros, a esses humildes funcionários municipais deve-se a aparência moderna das cidades brasileiras,
mais regulares que as da metrópole e do Oriente; e a sua prática profissional, a arte da ruação, marca da
entrada na era moderna” (Moreira, 2003, p. 24). Assim, o “arruador podia ser um engenheiro, um funcionário
administrativo, um governador, etc.”, pois arruar “era o ato de desenhar no território aquilo que se estabelecia
com umas regras simples ditadas pela tradição, pela convenção de uma Carta Régia ou pelo projeto, mas com
as potencialidades de reflexão e adaptação à realidade que o desenho permite” (Boaventura, 2007, p. 221). O
método resiste até o final do século XVIII em Goiás, sendo utilizado na implantação de igrejas e largos.
Assim, o autor conclui que o fazer cidades português do período colonial seria a soma
das diversas influências já mencionadas, estabilizando-se entre 1540 e 1620 em “um tipo
‘clássico’ de cidade portuguesa (ou definida uma metodologia de desenho urbano), fruto da
geometria do sistema abaluartado” (Moreira, 2003, p. 16). Em suma, trata-se da união da
“criatividade dos ‘práticos’ nacionais e sua experiência, agora enriquecida pela síntese entre
o saber erudito ou livresco e o seu tradicional empirismo” (Moreira, 2003, p. 23). Nesse
ponto, é possível comprovar, portanto, que os processos de criação de cidades e redes
urbanas lusos não ocorriam sem qualquer planejamento, como equivocadamente afirmado
ao longo de anos, possivelmente, em razão da inconsistente interpretação da “pouca
ordenação que remetia à ocasionalidade e à espontaneidade do sítio no qual se
implantavam as cidades” (Medeiros; Holanda; Barros; 2011, p. 32), assim como, da
comparação com as malhas urbanas espanholas em xadrez.
2
Para Deusa Boaventura (2007, p. 218), elas impunham uma regularidade, ainda que marcada pelo
pragmatismo e flexibilidade necessários às circunstâncias locais, através da lógica de organização dos
espaços, iniciada pela “marcação de uma praça, considerada o elemento central da malha urbana, a abertura
de ruas em linha reta e a uniformização das fachadas, as quais deveriam obedecer às construções de uma rua,
de uma praça ou mesmo de uma cidade”.
3 Coelho (1997, p. 62) afirma que esses profissionais vieram para o Brasil desde 1549, promovendo melhores
condições e padrões de qualidade nos núcleos urbanos ao “abrir caminhos” e “traçar novas povoações já
perfeitamente regulares”, a exemplo da própria Vila Boa de Goiás, que tem conformação semelhante a
diversas outras vilas criadas na mesma época, como Icó (1736), São José do Rio Negro (1755) e Oeiras (1761)
(Moreira, 2003, p. 23).
4 Antigo método herdado da náutica e baseado no uso de bússola, compasso, marcos e cordas enceradas para
a marcação do traçado urbano diretamente no sítio e em escala real (Moreira, 2003, p. 22), não descartando
uma possível influência da arte romana da Costrametação (castra metatio ou “balizar acampamentos”)
(Moreira, 2003, p. 11).
Para Paulo Santos (apud Coelho, 1997, p. 58), existem quatro modelos característicos
de traçados no Brasil Colônia: o traçado inteiramente irregular; o traçado com relativa
regularidade; o traçado inicialmente irregular, que passou por regularizações; e traçados de
perfeita regularidade. Os dois primeiros caracterizam-se pela ausência de participação
oficial em sua constituição, sendo aquelas ocupações iniciais das regiões mineradoras, sem
tempo hábil para planejamentos, segundo o autor. Os últimos são aqueles elaborados pelos
engenheiros militares, que ainda assim não apresentavam grandes interferências no
traçado, apenas elementos ordenadores, já que continham um sentido provisório e fugaz,
devido à economia agrícola com foco no ambiente rural na qual se desenvolveram.
Segundo Coelho (1997, p. 6), as cartas régias definiam “preceitos que acabaram por
se constituir em um corpo de doutrina”. Entretanto, afirma que a fundação de cidades no
Brasil estava estreitamente vinculada às especificidades locais, que eram respeitadas e
trabalhadas de forma individual, como em Vila Boa. Assim, foram observadas adaptações às
características climáticas e geográficas regionais, realizadas pelos responsáveis pela
ocupação inicial, predominando “formas baseadas em conceitos e conhecimentos populares
de organização e estruturação tanto do espaço urbano quanto do espaço edificado”.
Destaca que a ocupação “não apresenta nem os elementos próprios da restauração
portuguesa, que por essa época expressavam-se principalmente nos aglomerados de
interesse da dominação política, nem aqueles característicos do Barroco, movimento ainda
em pleno desenvolvimento criativo por ocasião da fundação e da implantação da vila”.
Por fim, Deusa Boaventura (2007, p. 26) afirma que as raízes do que chama de
urbanismo colonial, responsáveis pelas formações urbanas goianas, são “sínteses de
diferentes modelos de cidades, reproduzidos ora por ações dos bandeirantes, ora por
governadores como Luiz de Mascarenhas, José de Almeida e Cunha Menezes”,
complementado sob a perspectiva de Nestor Goulart que:
David Lowenthal (1998, p. 83) retoma a vinculação com a memória, ligando-a à ideia
de continuidade, ao afirmar que “relembrar o passado é crucial para nosso sentido de
identidade: saber o que fomos confirma o que somos”. Relaciona também a concepção de
identidade nacional “como símbolos duradouros da história e da memória, as relíquias
tangíveis” (Lowenthal, 1998, p. 166).
Conclui-se com Maria Elaine Kohlsdorf, que trata da identidade dos lugares no âmbito
patrimonial, com o foco em sua materialidade, na capacidade de serem facilmente
reconhecíveis (serem fortes, possuírem um genius loci marcante, ou seja, apresentarem um
conjunto de características que os tornam inconfundíveis, apelando à percepção5), de
evocarem memórias (articulando-se através dos símbolos que os transformaram em lugares
com forte significado, de modo que, beneficiadas pelos “processos de percepção universal”,
possibilitam a “formação de uma identidade coletiva” (KOHLSDORF, 2012, p. 58)) e de
criarem vínculos afetivos.
5
Kohlsdorf (2012, p. 57-58) afirma que “a percepção se apóia nos sistemas sensoriais e, por isso, capta
informações sensíveis (tais como cenas contidas nos campos visuais do observador) e durante deslocamentos
do indivíduo. Ela é seletiva, motivo pelo qual se registram apenas campos visuais com grau adequado de
estímulo da configuração espacial e em alguns momentos de nossos trajetos. As informações visualmente
recolhidas sofrem mudanças profundas em nossa inteligência, tornando-se noções sobre o lugar percebido,
ricas e abrangentes. São essas decodificações que constroem a ideia sobre a identidade de certo lugar”.
6
Segundo Boaventura (2007, p. 67), Goiás, “ao final da primeira metade do século XVIII, possuía uma vila, mais
de cinquenta arraiais e quatro aldeamentos erguidos às margens da estrada de São Paulo.
Fernando Lemes (2013, p. 92) considera que a nova vila substituiria “a instabilidade e
os deslocamentos, que caracterizam o mundo dos arraiais, pelo sedentarismo e o equilíbrio
7
Segundo Boaventura (2007, p. 220-221), “a região do Largo do Chafariz deveria ser a representação dessa
grande inovação espacial, planejada para assumir o papel gerador de sua malha urbana. Com ela, pretendia-
se organizar os espaços da Vila e fixar os edifícios de representação eclesiástica e estatal. A realidade
construída mostrou, entretanto, distorções na implantação da capital, acabando por diferir das prescrições
enunciadas na sua Carta Régia, por causa de alterações motivadas, provavelmente, por particularidades do
sítio e outras pela resistência do povo em manter-se em Santana, reforçada pelo pouco incentivo de D. Luiz de
Mascarenhas à transferência da população para o novo núcleo. (...) Mas os mais significativos e marcantes
testemunhos dessas distorções foram a permanência da Matriz no Largo de Santana e as modificações na
praça demarcada por D. Luiz de Mascarenhas e, conseqüentemente, dos lugares definidos para a Casa de
Câmara e Cadeia e o pelourinho”.
8 Para separar a vila e seu desenvolvimento do núcleo preexistente e transferir a população do arraial para a
nova vila, foram proibidas novas residências do lado do núcleo relativo à jurisdição da Casa de Câmara e
Cadeia e do pelourinho. Segundo Coelho (1997, p. 96), essa ordem nunca foi obedecida, ficando essa região
semiabandonada, de modo que, até a atualidade, ela não funcionada como núcleo agregador de público.
FIGURAS 3 e 4: “Planta da antiga Villa Boa dos Goyazes” e “Proposta de realinhamento do tecido
urbano de Vila Boa, 1782”, respectivamente
FONTE: Nestor Goulart ("Prospectos De Cidades, Villas, Povoaçoens, Fortalezas, e Edificios, Rios, e
Cachoeiras Da Expedição Philosophica do Pará, Rio Negro, Mato Grosso, e Cuyabá. Originaes") e
Boaventura, 2007, p. 231
Coelho (1997, p. 101-102) destaca ainda outra influência mourisca9 na “largura com
que as ruas se apresentam”, revelando o “meio de comunicação e espaço de referência no
9
Além de técnicas e elementos construtivos como largos, chafarizes, janelas de rótula e gelosias (Coelho, 1997,
p. 123).
A rua principal do núcleo geralmente liga dois pontos fundamentais da cidade, como
os pátios das igrejas mais importantes, cadeia ou palácio, e centraliza o comércio, buscando
aproximar as demais atividades públicas. Em Vila Boa, trata-se da Rua Direita que também
estabelece a “ligação das duas principais portas da cidade” e da “estrada que leva ao núcleo
mais próximo”. Do largo do Rosário, ponto de encontro das ruas Bartolomeu Bueno e Dom
Cândido, “sairia também a estrada para o arraial da Barra, posteriormente transformada em
rua, com o nome de rua Nova” (Coelho, 1997, p. 98-99). Observa-se que “não só o seu
traçado reproduzia o encontrado em Portugal como também a designação das ruas”
(Coelho, 1997, p. 66).
FIGURA 5: Perspectivas de Vila Boa em 1751 de Norte para o Sul, Sul para o Norte e Noroeste
para Sudeste, respectivamente
Conclusão
Em suma, Deusa Boaventura (2007, p. 206) afirma que os bandeirantes, como
primeiros responsáveis pelas ocupações em Goiás, trazem a clássica forma lusa de fazer
cidades, privilegiando “aspectos topográficos da região, desenvolvimento linear às margens
da estrada que vinha de São Paulo e a construção de uma primitiva capela em um lugar
distante do rio, marco de fixação e primeiro espaço fundacional da cidade, logo ligado ao
segundo largo, o do Rosário, e que, juntos, desenhavam o tradicional sistema” português.
10 Recebe essa denominação por se tratar de um “esquema bipolar traçado em forma de cruz, como símbolo da
Cruz da Ordem de Cristo, que determinaria, pela repetição de quarteirões e lotes, uma estrutura linear
orientada para o porto, marítimo ou fluvial, ou a principal estrada” (MOREIRA, 2003, p. 11).
FIGURA 7: Representação do largo do Rosário realizada pela pintora vilaboense Goiandira do Couto
FONTE: https://www.opopular.com.br/editorias/magazine/100-anos-de-goiandira-1.944093
No poema “Minha Cidade”, Cora Coralina (1993, p.47/8/9 apud Bittar, 1997, p. 137-
138) registra sua vinculação afetiva com a cidade:
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