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Um olhar histórico-morfológico
sobre a área central da cidade de
Fortaleza, CE
Resumo
A incursão sobre a área histórica do centro de Fortaleza revela uma herança patrimonial
bastante relevante, tanto em aspectos arquitetônicos quanto urbanísticos. Utilizando-se do
referencial teórico-metodológico da morfologia e história urbana de autores como Aldo
Rossi (2001) e José Lamas (2010), foi possível, em um percurso predefinido, identificar no
acervo patrimonial existente, temporalidades e espacialidades que possibilitam a leitura de
uma história da forma urbana desta área. A análise perpassa sobre os elementos
categorizados em fatos urbanos e fatos arquitetônicos, reconhecendo-os através de uma
parte da rede de praças do bairro (Praça do Ferreira, Praça José de Alencar, Praça dos Leões,
Passeio Público e Praça da Estação). A partir desse estudo, foi possível a compreensão dos
elementos responsáveis pela formação urbana da área central fortalezense.
Abstract
The route of the historic area of the Fortaleza downtown reveals a very important heritage
asset , both as architectural and urban aspects . Relying on the theoretical and
methodological references of urban history and morphology of authors such as Aldo Rossi
(2001) and José Lamas (2010), was possible in a pre-established route to identify the existing
asset base , temporality and spatiality that makes possible a reading of an urban historical
form in this area . The analysis goes through on the categorized elements in urban and
architectural facts , recognizing them through a part of the network of neighborhood
squares (Square Ferreira, José de Alencar Square, Square of Lions, Public Promenade and
Station Square). From this study , it was possible to understand the factors responsible for
the urban formation of the central area of Fortaleza.
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Introdução
O presente artigo objetiva analisar a área central de Fortaleza, sob o enfoque teórico-
metodológico da morfologia urbana e da história urbana presente na obra de Lamas (2011)
e de Rossi (2001), visando compreender as relações existentes entre arquitetura e cidade
para identificar os valores patrimoniais encontrados nessa área, repleta de significados e
simbologia para a memória da cidade, a partir do processo de construção e apreensão das
diversas temporalidades e espacialidades materializadas nos edifícios e espaços urbanos
remanescentes.
Foi realizada uma análise na área delimitada para que se possa compreender as dinâmicas
existentes em cada trecho. Setorizou-se o bairro com base nas praças, pois se percebe que
há nesses sistemas de espaços públicos um trajeto que remonta à história urbana da cidade
e que em seu entorno há os marcos edificados (fatos arquitetônicos). Grande parte desses
bens culturais encontra-se protegidos pelas instâncias governamentais, havendo dessa
forma o reconhecimento institucional sobre a representatividade desses equipamentos. A
escolha por esse percurso se fez pois eles foram implementados no período de consolidação
de Fortaleza como centro hegemônico do Ceará conhecido por Fortaleza Belle Époque
(1850-1930).
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Figura 1. Trecho do bairro Centro a ser analisado. Fonte: Base Google Earth adaptada pela
autora, 2014.
Na perspectiva de Rossi (1977) morfologia urbana define-se como “o estudo das formas da
cidade”. Para compreender a produção dessas formas, é necessário o aporte de outros
campos disciplinares que possuem interfaces com o campo disciplinar da arquitetura e
urbanismo, tais como: Geografia, Sociologia, Economia e Antropologia.
Na obra de Rossi (2001), o autor analisa a cidade através de dois olhares: o primeiro consiste
em considerá-la como um artefato arquitetônico e o segundo, seria compreendê-la através
do estudo de seus entornos, de seus fatos urbanos (elementos que constituem a estrutura
da cidade).
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Outra consideração abordada por Rossi é sobre o significado das permanências no tempo
presente, que se constituem como um passado que é ainda experimentado no momento
atual. A identificação dessas permanências dar-se-á através dos monumentos, das
edificações, do traçado urbano e do plano. É por meio dessas permanências que a história
urbana pode ser comprovada e recontada.
Dialogando com Lamas (2011), entende-se que a cidade pode ser lida como um objeto
arquitetônico, fato corroborado com a seguinte passagem:
Para o autor, o significado de forma urbana seria o meio urbano apreendido como uma
arquitetura, ou seja, uma série de equipamentos arquitetônicos correlacionados pelo espaço.
Conclui que forma é,
Desta forma há uma fragmentação dos elementos da análise da morfologia urbana a partir
de escalas existindo uma analogia com a arquitetura, correlacionando os elementos
arquitetônicos com os urbanísticos. Nessa leitura da urbe é considerada a “passagem do
tempo”, ou seja, as marcas que o tempo histórico imprime na forma urbana. Ele trabalha
com o conceito de elementos morfológicos identificáveis, que são aqueles essenciais que
compõem a forma urbana. São considerados esses componentes: o solo, os edifícios, o lote,
a fachada, o logradouro, o traçado (rua), a praça, o monumento, a vegetação e o mobiliário
urbano.
Fortaleza, um povoado que surgiu às margens do Forte de Nossa Senhora de Assunção, foi
elevada a categoria de vila em 1726, e recebeu por imposição da Coroa portuguesa, a função
de sede administrativa da capitania do Ceará. A vila como núcleo administrativo possuía uma
importância socioeconômica diminuta nesse período, pois não estava no foco da dinâmica
econômica.
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A hegemonia de Fortaleza como o núcleo urbano foi iniciada somente a partir de meados do
século XIX e teve sua consolidação na segunda metade deste mesmo século. A emancipação
do Ceará diante de Pernambuco em 1799 foi um dos fatores decisivos nesse processo, pois
foi necessário dotar a vila com a infraestrutura condizente ao status e função de sede
político-administrativa.
Na segunda metade do século XIX, Fortaleza assim como boa parte das cidades brasileiras,
sofreu transformações arquitetônicas e urbanísticas que objetivam a inserção do padrão das
cidades modernas europeias em detrimento da morfologia urbana e da arquitetura civil
colonial. Durante esse momento foi edificado grande parte do acervo arquitetônico de
interesse patrimonial remanescente nos dias atuais, como,
(...) Santa Casa de Misericórdia (1861), Cadeia Pública (1866), Assembléia Legislativa (1871),
Asilo de Mendicidade (1877), Escola Normal (1884), Quartel do Batalhão de Segurança
(1880), Estação da Estrada de Ferro de Baturité (1880), além dos mais antigos, como o
Palácio do Governo, Mercado Público, Palácio Episcopal, Tesouraria da Fazenda (1895),
conferiram a Fortaleza a marca de capital da Província. (LEMENHE, 1991, p.123)
O bairro possuía uma rica efervescência até meados do século XX. Paulatinamente nas
últimas décadas vem assistindo um esvaziamento com um caráter predominantemente
comercial, atividade que algumas vezes se torna predatória dos espaços públicos (praças e
ruas) e do conjunto arquitetônico, que se transforma em estacionamentos ou quando são
descaracterizados.
A análise se inicia pela Praça do Ferreira, seguindo pelas praças José de Alencar, General
Tibúrcio (dos Leões), Passeio Público e finaliza na Praça Castro Carreira (da Estação).(Figura 2)
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Figura 2. Sistema de praças do Centro de Fortaleza.Fonte: Base Google Earth adaptado pela
autora, 2014
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Praça do Ferreira
Considerada o “Coração do Centro”, foi nomeada em homenagem ao político Boticário
Ferreira, responsável pela ordem de urbanizar o espaço em 1871.
O lugar possui em seu entorno uma série de edificações que compõem uma multiplicidade
dos estilos arquitetônicos que perpassaram não só na história de Fortaleza, como também, a
do Brasil. Há diversos exemplares em bom estado de artdéco, eclético e moderno. Embora
essas edificações estejam bem conservadas, com a unidade potencialpresente, estão
mascaradas por letreiros ou por cores fortes que não se enquadram no padrão adequado
que ressaltaria a ambiência requerida pelo lugar. Sobre isso, na Carta de Brasília de 1995
aborda que,
(...) é necessário criar normas especiais que assegurem a manutenção do entorno primitivo,
quando for possível, ou que gerem relações harmônicas de massa, textura e cor. (CONE SUL,
1995, p.326)
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A praça foi objeto de intervenções em 1991, projeto dos arquitetos Delberg Ponce de Leon e
Fausto Nilo que buscou remontar diversos elementos simbólicos das várias fases da praça.
(Figura 3)
Um dos fatos arquitetônicos mais marcantes é o Cine São Luiz de 1958. Foi tombado em
1991 pela Secultfor (Secretaria de Cultura de Fortaleza). Sua arquitetura é representativa do
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estilo art déco. O térreo, onde funcionava o cinema, está sendo restaurado com previsão de
ser entregue no segundo semestre de 2014. Nos andares superiores está funcionando a
Secult (Secretaria da Cultura), órgão de proteção cultural do estado.
O Hotel Excelsior é um dos principais marcos da praça. Foi erguido onde antigamente se
localizava o Hotel Central. Desde 1987, a edificação não funciona com a função original.
Inaugurado em 1932, era a mais alta torre de Fortaleza. O seu terraço era panorâmico, onde
se podiam avistar as serras ao sul e o mar ao norte. É conhecido na contemporaneidade
pelas canções natalinas entoadas pelas crianças durante as festividades de final de ano.
A Farmácia Oswaldo Cruz fundada em 1934 é um dos pontos comerciais mais tradicionais da
cidade. A edificação de 1927 se encontra em processo de tombamento municipal.
Há mais duas edificações verticalizadas na praça. O Hotel Savanah e o Edifício Sul América. O
hotel em traços modernistas e inaugurado em 1963. Em 1983 foi fechado. Atualmente o
imóvel está sendo adaptado para receber uma filial da Faculdade Maurício de Nassau.
Infelizmente somente a volumetria que está sendo preservada. O Sul América foi inaugurado
em 1953, com cerca de dez pavimentos e em traços do artdéco. Pertencia ao grupo Sul
América até 1968, quando foi revendido, mas permanecendo o uso comercial no imóvel.
A malha urbana sofreu alterações significativas, o plano de Hélio Modesto em 1962, propôs
a transformação das ruas convencionais Guilherme Rocha e Liberato Barroso, em vias
pedonais. Dessa maneira o logradouro adquiriu maiores contornos.
O Theatro José de Alencar é um dos símbolos mais conhecidos de Fortaleza que a praça
possui em seu entorno. Seu nome é homenagem ao romancista e político cearense José
Martiniano de Alencar. Em 1929, por razões das comemorações do romancista, a praça foi
renomeada tal como é conhecida atualmente. O teatro em estilo eclético foi inaugurado em
1910. (Figura 4)
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A Estação José de Alencar é uma obra contemporânea dos anos 2010. Foi inaugurada em
julho de 2013, após muitos entraves, disputas entre a Prefeitura de Fortaleza e os
comerciantes que ocupavam o lugar. O sistema de transporte entrou em operação em fase
de testes no final de 2012 e a previsão do funcionamento pleno está para 2014. Estima-se
que esse equipamento fomentará o fluxo de usuários ao bairro e a Praça José de Alencar se
consolidará como um dos principais pontos de acesso.
A sede do Iphan Ceará se localiza na Antiga Escola Normal. Edificação de 1884, adjacente ao
Theatro José de Alencar, possui seus traços ecléticos. A edificação foi a Escola Normal até
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O Lord Hotel foi célebre por ser receber grandes personalidades em seu período áureo entre
os anos de 1960 a 1970. Construído em 1956, foi tombado em 2005 pela Prefeitura de
Fortaleza. Devido às obras do Metrofor, teve sua existência ameaçada, mas por intermédio
da resistência de alguns moradores, foi mantido e se encontra em processo de restauração.
O Centro de Saúde José de Alencar (CSJA) é uma edificação modernista da década de 1960.
Obedecendo as diretrizes da arquitetura moderna, o edifício em concreto possui as fachadas
bem delineadas em brises verticais.
A conservação da praça é precária, por ter um uso intenso e ao comércio ambulante, muitos
de seus monumentos estão escondidos ou depredados. A paginação do piso está em vários
trechos desgastada ou quebrada e os canteiros estão mal cuidados. Um desprestígio com o
logradouro tão simbólico para a memória do fortalezense e também fortemente inserido no
contexto da cidade e do bairro.
Com desenho eclético, possui uma escadaria icônica trabalhada com balaustrada que
acompanha a mudança de nível de cerca de 3 m. As esculturas de leões foram trazidas da
França. Outro ornamento presente na área desde 2005 é uma homenagem à escritora Rachel
de Queiroz, uma escultura em tamanho real está localizada em um dos bancos. (Figura 5)
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Dos elementos de seu entorno tem-se notadamente a Igreja do Rosário. É a mais antiga de
Fortaleza, data de 1730, possui traços da arquitetura colonial. Foi tombada em 2006 pelo
município.
O Museu do Ceará que foi construído para ser a sede da Assembleia Provincial do Ceará teve
sua inauguração em 1871. O prédio de estilo neoclássicoé tombado em duas instâncias: em
1973 pelo Iphan, quando ainda era sede da Assembleia Legislativa do Estado e em 2006 pela
Secultfor. Em 1977, a Assembleia foi transferida e o imóvel passou a abrigar a Academia
Cearense de Letras. No ano de 1990 foi restaurado e a sediar o museu.
O Palácio da Luz é outro marco de valor patrimonial no entorno da praça. Foi construído
com mão de obra indígena no final do século XVIII. Em 1814 foi adquirido pelo governo e
passou a sediar a Câmara Municipal. Em 1839 sofreu acréscimos. Foi tombado em 1968 pela
Secult e em 2006 pela Secultfor. Atualmente é sede da Academia Cearense de Letras.
Passeio Público
A Praça dos Mártires é considerada a mais antiga praça da cidade. Situada às margens da
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção era conhecida como Largo do Paiol, pois havia no
lugar da atual Santa Casa, um depósito de pólvora.
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No período de 1879 e 1880, o logradouro foi remodelado, tendo os seus três níveis bem
delimitados. Esses patamares setorizavam a vida pública do fortalezense, pois o acesso a um
nível estava intrinsecamente relacionado com a classe social dos usuários. O primeiro plano,
o único remanescente nos dias atuais, era o espaço da elite, continha esculturas que eram
réplicas de célebres esculturas, jardins, coreto, café, mobiliário elegante. No segundo, havia
um espaço densamente arborizado, com um lago e um cassino, onde se reuniam as pessoas
da classe média. O terceiro, reservado para as pessoas mais humildes, possuía um lago
artificial que era alimentado pelo Riacho Pajeú.
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A Santa Casa da Misericórdia constitui uma das mais importantes edificações do entorno do
Passeio Público, foi inaugurada em 1861, exemplar da arquitetura eclética na cidade, teve sua
proteção decretada pela Prefeitura de Fortaleza em 2011.Apesar das crises financeiras, a
Santa Casa continua exercendo sua função original.
O Antigo Hotel do Norte é um imóvel datado do final do século XIX. Foi a sede da Sociedade
União Cearense entre os anos de 1895 e 1935 e posteriormente abriga a repartição dos
Correios. Ainda em 1935, o imóvel foi adquirido pela “The Ceará Tramway Light & Power Co.
Ltd.”, companhia inglesa que explorou a produção e o consumo de energia elétrica e o
serviço de bondes da cidade. Sofre acréscimos provavelmente após 1935, seguindo as
mesmas características arquitetônicas ecléticas e construtivas. No início da década de 1980 o
imóvel é desocupado e passa por processo de degradação até que em 2004 é tombado pelo
Estado e inicia o processo de restauro. Em 2007 é palco do evento de ambientações “Ceará
Cor” e teve sua reabertura. Foi anunciado para ser sede do IAB Ceará, Museu da Indústria e
Instituto de Música Thomaz de Souza Brasil, no entanto, sete anos após o último evento, a
edificação permanece fechada, entrando novamente por um processo de má conservação.
Praça da Estação
A Praça da Estação, oficialmente denominada de Praça Castro Carreira possui em seu
entorno imediato um dos principais bens responsáveis pela consolidação de Fortaleza como
núcleo hegemônico do Ceará, a Estação João Felipe.
A praça por volta dos anos de 1830 era conhecida como Campo da Amélia. Era lugar para a
prática de esportes hípicos. No terreno onde atualmente se localiza a estação ferroviária, era
o antigo cemitério, inaugurado em 1848 (Cemitério de São Casimiro). Por motivos de
salubridade, foi transferido em 1866 para a Jacarecanga (na época uma área com pouca
ocupação). Em 1871, com a inauguração da ferrovia, passou a ser conhecida como Praça da
Estação. Em 1900 foi aformoseada seguindo as influências europeias.
No ano de 1991 ela recebeu a atual conformação de terminal rodoviário, o que acarretou
uma desvalorização de seu entorno. Atualmente, a praça é lugar para comércio ambulante,
abrigo de moradores de ruas e um intenso movimento de ônibus (municipais e
intermunicipais).
Em janeiro de 2014, ela foi desativada. Será destinada para um equipamento cultural, a
Pinacoteca do Estado do Ceará. Além dessa função, a estação abrigará a sede do Iphan, o
Centro de Referência da Arqueologia do Ceará e o Centro de Referência Documental. A
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Os galpões que conformam o entorno, a oeste da Praça da Estação, são datados de 1925.
Com traços ecléticos, eles agregam harmonia ao conjunto da estação. Foram construídos
para exportação, importação e almoxarifado. Atualmente, sediam o escritório do Metrofor.
Outro fato arquitetônico é a antiga Cadeia Pública, que abriga o Centro de Turismo do Ceará
(Emcetur), é patrimônio tombado pelo Estado desde 1982. Foi edificada a partir de 1850,
mas sendo finalizada em 1866. Possui seus traços seguindo o estilo neoclássico. Teve sua
função original mantida até 1967, ano que foi inaugurado o Presídio Paulo Sarasate e os
presos foram transferidos. Sofreu intervenções em 1973 para abrigar o equipamento ligado
ao turismo, mas procurou preservar as características originais do edifício.
Do exposto, entende-se que o centro de Fortaleza pode ser apreendido como uma
enciclopédia, que abriga o acervo arquitetônico da história local e internacional. Em suas
praças e edifícios, estão impressas as marcas do tempo que persistem e são apropriadas na
contemporaneidade. Calvino (2006), afirma que,
Poderia então dizer que Paris, eis o que é Paris, é uma gigantesca obra de consulta, uma
cidade que se consulta como uma enciclopédia: na abertura da página, ela lhe dá uma série
de informações de uma riqueza como nenhuma outra cidade. (CALVINO, 2006, p. 187).
Considerações finais
O presente trabalho realizou uma leitura urbana e arquitetônica sobre área central histórica
de Fortaleza. O trecho selecionado foi escolhido por ser notoriamente reconhecido tanto
pelas instâncias governamentais quanto pelos fortalezenses como berço da capital cearense.
Referências bibliográficas
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Giovanni Carbonara. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. Coleção Artes & Ofícios.
CALVINO, Italo. Eremita em Paris. 1.e.d. São Paulo: Companhia das Letras, 2006
CONE SUL. Carta de Brasília 1995. In: CURY, Isabelle. (Org.) Cartas Patrimoniais. 3ª
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LAMAS, José M. Ressano Garcia. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. 6.e.d. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkien, 2011.
MOURA FILHA, Maria Berthilde. O cenário da vida urbana a concepção estética das cidades no
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PONTE, S. R.Fortaleza Bellle Époque: reforma urbana e controle social 1860-1930. 4ª E.d.
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conceitos e métodos. Arquitextos (São Paulo), v. 13, p. 4421, 2012. Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.146/4421>. Acesso em: 10 jan.
2014.
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Como citar:
Elane Ribeiro Peixoto; Pedro P. Palazzo; Maria Fernanda Derntl; Ricardo Trevisan; (orgs.)
Tempos e Escalas da Cidade e do Urbanismo. XIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo .
Brasília: Editora FAU–UnB, 2014. ISBN 978-85-60762-19-4
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