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Histórico
Historiadora
Estagiário de arquitetura
Nessa primeira visão rápida e fugaz, Belo Horizonte me deu uma bela impressão de
opulência e grandeza. Nem uma rua: tudo avenidas! Nem uma habitação modesta: tudo
de sua população, indicando o que ver e o que não ver, de onde e como ver e
ser visto, impondo sensorialmente condutas - deve ser ressaltada como fato
inaugural do regime.2
1Azevedo, Arthur. Um passeio a Minas. (O Paiz, 22 de nov. 1901). Revista do Arquivo Público
Mineiro, XXXIII: 184, 1982.
2Magalhães, Beatriz e Andrade Rodrigo. Belo Horizonte: um espaço para a República. Belo
Horizonte: UFMG, 1989.
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quarteirões de 120m x 120m pelas ruas, largas e bem orientadas, que se cruzam
zona urbana de norte a sul, e é destinada à ligação dos bairros opostos - dei a
A Avenida Afonso Pena foi desenhada como principal via da zona urbana, uma
Rodoviária) até a Igreja Matriz que seria edificada na Praça do Cruzeiro (atual
mapas, mas o andar dos passantes cria voltas e desvios que dão outras formas
contra o passado (...) lançando mão dos novos materiais (...) esse grupo adotou a
Progresso”. (...)
Nas duas primeiras décadas do século Belo Horizonte passou por um período de
fez com que o plano de Aarão Reis sofresse modificações mesmo com sua
diferenciados a partir dos anos 50. Este processo irá definitivamente alterar
(...) E sempre que vinha até aqui, volvia conformado pela verificação de que
_ “Nem uma linha deverá ser alterada, porque tudo foi habilmente previsto,
4 Salgueiro, Eliana Angotti. O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930. São Paulo:
Nobel 1987.
5 Reis, Aarão. Bello Horizonte visto por quem delineou o plano inicial; Diário de Minas, Belo
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repertório de símbolos monumentais o que seria o novo “status quo” . Santos: 1982.6
a Avenida da Liberdade (atual Avenida João Pinheiro). Esta com uma relação de
proporção entre sua largura e escala volumétrica dos edifícios atinge seu ápice
tendo em seu eixo central a alameda delimitada pelas palmeiras que direciona
ao Palácio Presidencial.
6 Santos, Carlos Nelson Ferreira dos. Processo de ocupação e crescimento da periferia. Rio de
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Que não seja perturbada a sua majestade, pois ele tem o encargo de anunciar,
além da posição de destaque, não muito mais do que isto: a distinção de uma
e Andrade, 1989.
foi assinado pelo arquiteto-paisagista Paul Villon8, em 1902, que utilizou o estilo
inglês para dar forma aos jardins. Projetou também os jardins do Palácio
Brasil com Avenida Bias Fortes. O projeto vai buscar a partir da local
7 Bicalho, Francisco. Relatório Minas Gerais. Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras. Ouro
Preto: Imprensa Oficial, v. 2, 1896.
8 Francês (1842), formado como arquiteto paisagista iniciou-se, já no Brasil, no paisagismo
arquitetura na École dês Beaux-Arts de Paris. Transferiu-se para Belo Horizonte para fazer parte
da Comissão Construtora da Nova Capital como chefe da Seção de Arquitetura.
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A Nova Capital do estado de Minas gerais, em Bello Horizonte (artigo extraído da Gazeta de
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Notícias, Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 1985). Revista Geral dos Trabalhos da Comissão
Construtora da Nova Capital – I, 1895.
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Secretarias.
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por isso que eu entendia que se deveria encomendar a outro arquiteto nacional
seriam dois ou três tipos diferentes e que é natural ainda fizessem realçar mais
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esplanada, que viria a ser, mais tarde, a Praça da Liberdade, estando este
em pouco viu desaterrada a colina então existente ali, da qual foram removidos
nada menos que 1.800.000 metros cúbicos de terra, com a qual se aterrou a
12 Italiano (1847) era construtor projetista e industrial. Veio para Belo Horizonte para realizar
ferro na ala posterior do lado esquerdo. Foi realizado o vigamento para o forro
entrega-lo ao Sr. Frederico Steckel, a quem de novo convidará para vir até aqui
palácios e casas.15
14 ‘Alemão (1834), o pintor e estucador formou-se na Escola de Belas Artes de Berlim e radicou-se
no Rio de Janeiro por mais de 30 anos. Veio para Belo Horizonte a convite da CCNC quando
trouxe uma equipe especializada em estuque e papier marchê, entre eles, bertolino Machado,
Cânfora Luigi, Antônio Augusto Giestal, Francisco Ferreira da Silva, João Morandi, Cassimiro
Gracia, Domingos Marques Barbosa, Francisco Soucassaux, Jaime Salse, Manoel Domingues,
Ângelo Casagrande, Pedro Bacheta, Felix Pisolanti, garnaro Garcia, Francisco Narbona, Miguel
Tregellas.
15 Carta do engenheiro-chefe da CCNC de 24 de julho de 1896 para o Agente no Rio de Janeiro
foi feita uma cobertura provisória de zinco corrugado no Palácio para aguardar
e das casas para funcionários. Steckel teve como seu principal auxiliar o pintor
assentamento das portas e janelas bem como a cobertura das duas alas
escada e das alas laterais bem como a escadaria principal, que ainda se
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(joly) avançado para a época e foi feita nas oficinas belgas de Aciéres Bruges.
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Salgueiro, Eliana Angotti. O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930. São Paulo:
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Nobel 1987.
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À cabeceira da mesa sentou-se o Sr. Dr. Bias Fortes, tendo a sua esquerda os
Srs. Drs. Henrique Dinis, Francisco Sales e Francisco Sá, e à direita os Srs.
edifício por Edgard Nascentes Coelho. Foram contratados ainda nesse ano
obras descritas serão concluídas em 1903 também com a colocação dos vidros.22
também de cantaria.
torreões redondos, com raio de três e meio metros, circulados por sete janelas
altura.
cimalha, bonitas obras de estuque. No fundo vê-se uma bonita vidraça com
“Libertas quae sera tamen” . O systema Joly foi adaptadonessa escada, sendo
seus corrimões uma artística obra em ferro com florões e seus degraos de
mármore branco.
Esperança e ao Trabalho.
O salão de honra é acanhado, mas bem decorado no estylo Luiz XV. Tem na
quadro pintado pelo artista Belmiro. Nas paredes lateraes ficam quatro
espelhos e duas salas que se communicam por sua vez com os torreões.23
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utilizado pelos Inconfidentes com o verso “Libertas quae sera tamem respexit
nos jardins do Palácio da Liberdade. Posteriormente, entre 1914 e 1919 não foi
física.
Várias obras serão realizadas entre elas o remodelamento dos jardins da Praça
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24 Ver A Visita dos Soberanos Belgas. Diário de Minas. Bello Horizonte, 30 de setembro de 1920.
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Um deles ficou posteriormente conhecido como Sala da Rainha por ter sido
Belo Horizonte preparava-se para receber dois ilustres visitantes: o Rei Alberto e a
Rainha Elizabeth da Bélgica. (...) Caravanas vieram de todo o interior e até de
outros estados. No dia marcado, a Praça da Estação estava repleta. A chegada do
trem real era anunciada com uma salva de dinamites. O governador Artur
Bernardes recebeu o monarca ao som de hinos nacionais da Bélgica e do Brasil.
Escoltado pelo esquadrão da Cavalaria, ele desfilou em carro aberto rumo ao
Palácio da Liberdade. 25
25 Silva , Luiz Roberto da. Doce Dossiê de BH. Belo Horizonte, 1991.
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salão nobre, executado por Belmiro Braga. O novo painel de autoria de Antônio
outros menores, tendo todos eles por motivo Apollo. No painel do centro surge
varonil figura de Zeus rodeado das doze horas, e os quatro menores, que
foi muito felicitado por todos os presentes pelo exellente desempenho que
chinesas com suportes dourados e tampos de mármore nos vãos das paredes do
modificar a partir de fins dos anos 60, início dos 70 quando começam a ser
dos anos 30, ao longo da Avenida Cristóvão Colombo, Rua da Bahia e Rua Tomé
de Souza.
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A Praça da Liberdade passou por uma grande reforma em 1991 que lhe devolveu
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29 Palácio da Liberdade – Restauração dos Jardins e da Arte Aplicada. IEPHA/MG, janeiro de 1997.
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Engenherios.
Minas Gerais.
5. Fontes Bibliográficas
Edusp, 1997.
1930.
1932-1933.s/d.
Gráfica, 1981.