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PALÁCIO DA LIBERDADE

Histórico

Historiadora

Michele Abreu Arroyo

Estagiário de arquitetura

Cláudio Abreu Arroyo


2

1. A Construção da Cidade de Minas

Nessa primeira visão rápida e fugaz, Belo Horizonte me deu uma bela impressão de

opulência e grandeza. Nem uma rua: tudo avenidas! Nem uma habitação modesta: tudo

palácios, palacetes ou casas assobradadas, de aparência nobre, sacrificando ao jardim uma

boa parte do terreno. Azevedo: 1901.1

Belo Horizonte, cidade projetada no início da era republicana no Brasil, é mais

do que uma "nova" cidade, é uma tentativa de redistribuição do poder e

redefinição dos espaços. Para Beatriz Magalhães e Rodrigo Andrade,

A carga conceitual de mudança da Capital - enraizar o poder do Estado,

absoluto naquele momento de transição, mudar a visibilidade de uma cidade e

de sua população, indicando o que ver e o que não ver, de onde e como ver e

ser visto, impondo sensorialmente condutas - deve ser ressaltada como fato

inaugural do regime.2

Agora, em um outro espaço, as pessoas e as coisas são mudadas de lugar, as

referências são outras diante do "moderno". Os espaços de ocupação da cidade

são definidos e ordenados simetricamente. A Comissão Construtora da Nova

Capital, em um de seus relatos sobre o plano da cidade em 1895, nos mostra a

idéia de ordem e definição dos espaços urbanos:

1Azevedo, Arthur. Um passeio a Minas. (O Paiz, 22 de nov. 1901). Revista do Arquivo Público
Mineiro, XXXIII: 184, 1982.

2Magalhães, Beatriz e Andrade Rodrigo. Belo Horizonte: um espaço para a República. Belo
Horizonte: UFMG, 1989.
3

(...) Foi organizada a planta geral da futura cidade dispondo-se na parte

central, no local do atual arraial, a área urbana de 8.815.382 m., dividida em

quarteirões de 120m x 120m pelas ruas, largas e bem orientadas, que se cruzam

em ângulos rectos, e por algumas avenidas que as cortam em ângulos de 45°. Às

ruas fiz dar a largura de 20 metros, necessária para a conveniente arborização,

a livre circulação dos vehículos, o tráfego dos carris e os trabalhos da

colocação e reparações das canalizações subterrâneas. Às avenidas fixei a

largura de 35 m, sufficiente para dar-lhes a belleza e o conforto que deverão,

de futuro, proporcionar à população. Apenas a uma das avenidas - que corta a

zona urbana de norte a sul, e é destinada à ligação dos bairros opostos - dei a

largura de 50 m, para construil-a em centro obrigado da cidade a, assim, forças

a população, quanto possível, a ir-se desenvolvendo do centro para a peripheria,

como convém à economia municipal, à manutenção da hygiene sanitária, e ao

prosseguimento regular dos trabalhos téchnicos.

Essa zona urbana é delimitada e separada da suburbana por uma avenida de

contorno, que facilitará a conveniente distribuição dos impostos locaes, e que,

de futuro, será uma das mais apreciadas bellezas da cidade.3

Dentro da zona urbana seria instalado o centro administrativo, comercial e os

bairros residenciais. Na parte suburbana ficariam os sítios e chácaras. A zona

rural abasteceria a cidade e os sítios de pequena lavoura.

A Avenida Afonso Pena foi desenhada como principal via da zona urbana, uma

reta geométrica com largura de 50 metros ligando no sentido norte-sul a

Avenida do Contorno – da antiga Praça 24 de Fevereiro (atual Praça da

Rodoviária) até a Igreja Matriz que seria edificada na Praça do Cruzeiro (atual

Milton Campos). A Praça da Liberdade, local destinado para o poder do Estado,

3 Comissão Construtora da Nova Capital, 1896. APC-BH.


4

localizava-se em uma esplanada, local mais elevado da cidade, conformada pelo

intercruzamento de eixos importantes como a Avenida João Pinheiro, Avenida

Brasil e Avenida Bias Fortes.

Os locais referenciais da cidade carregavam na simetria do traçado todo uma

lógica simbólica de uma nova estrutura urbana. Estes lugares cívicos se

afirmaram no cotidiano da cidade como espaços que vão além da organização

das plantas enquanto estratégia socioeconômica e política. São “lugares” que se

construíram, que se fizeram enquanto paisagem urbana, enquanto referência

simbólica no viver dos habitantes da cidade.

Os caminhos e trajetórias de uma cidade podem ser traçados e estipulados nos

mapas, mas o andar dos passantes cria voltas e desvios que dão outras formas

e sentidos diversos às ruas, avenidas e praças. O que hierarquiza e ordena a

superfície da cidade acaba por dar lugar a outras significações - o valor

original dá lugar ao imaginário dos passantes. Nesses caminhos/trajetórias é

que se dá a acumulação dos valores históricos, dos símbolos e das práticas

sociais que constituem a identidade da memória coletiva.

Enquanto o racionalismo do plano da cidade se “desenhava” nas ruas, a

arquitetura, nas três primeiras décadas do século, se inspirou de maneira

geral, na corrente eclética e não na corrente histórica ou ainda na corrente

racionalista, dilema da modernidade arquitetônica na Europa na segunda

metade do século XIX.


5

(...) o ‘grupo histórico’ fiel da estética mais conhecida, aceitada somente as

arquiteturas que caracterizam as duas civilizações mais notáveis: a greco-

romana e a da Idade média (...); o ‘grupo racionalista’ é uma reação do presente

contra o passado (...) lançando mão dos novos materiais (...) esse grupo adotou a

liberdade da forma, sem a obrigação de atender às leis da estética legadas pelo

passado (...); o ‘grupo eclético’ reserva-se o direito de escolher em todos os

estilos, em todas as manifestações da construção o que mais perfeito julgar

para o fim que se tiver em vista”.

As edificações se voltavam a valores estilísticos de influência européia com a

adoção consciente da diversidade de linguagens e correntes, de uma mistura de

elementos funcionais e decorativos nas fachadas dos prédios públicos e

privados, como é o caso do Antigo Banco Hipotecário e Agrícola de Minas

Gerais, na confluência da Rua dos Carijós com Avenida Amazonas, das

Secretarias de Estado e do Palácio da Liberdade.

A análise da arquitetura de Belo Horizonte remete ao processo de formação de

uma cidade moderna, em que o centro administrativo ocupa lugar proeminente

na paisagem instituída: o Palácio Presidencial e as Secretarias de Estado vão

dispor-se na cena aberta de uma colina nivelada. Em Belo Horizonte, o novo

urbanismo parte deste centro, inscrevendo-se na monumentalidade provinciana

de uma praça “donde se irradia o sol da Liberdade, da Civilização e do

Progresso”. (...)

A heterogeneidade da linguagem arquitetônica do século XIX, transplantada

pêra Belo Horizonte, prevê a harmonia do tratamento formal de um edifício e

da natureza do programa. Da mesma forma que o modelo clássico é apropriado

para os edifícios públicos, há tipologias estilísticas específicas aos demais


6

edifícios, embora não raro se encontrem singularidades e exceções anacrônicas

em relação ao modelo formal europeu.4

Nas duas primeiras décadas do século Belo Horizonte passou por um período de

conformação de seu espaço. A escassez de recursos e a própria dinâmica social

fez com que o plano de Aarão Reis sofresse modificações mesmo com sua

estrutura básica mantida. Na década de 30 a cidade começa a se consolidar

como capital e centro econômico-geográfico do Estado e vê se um incremento

das atividades comerciais e industriais.

Na região central de Belo Horizonte inicia-se um processo de renovação

arquitetônica com a construção de edifícios mais altos e com volumes

diferenciados a partir dos anos 50. Este processo irá definitivamente alterar

as relações simbólicas, de proporção e de visibilidade propostas na planta

original da cidade. Apesar da manutenção do traçado original dentro da

Avenida do Contorno, os locais referenciais ganham novo contexto na paisagem

da cidade, muitas vezes perdendo a dimensão de amplitude proporcionada

anteriormente, como é o caso da esplanada da Praça da Liberdade.

(...) E sempre que vinha até aqui, volvia conformado pela verificação de que

prosseguia respeitando o conselho que formulara o célebre mestre Bouvard

quando, em 1911, teve desejo de visitar esta cidade:

_ “Nem uma linha deverá ser alterada, porque tudo foi habilmente previsto,

aproveitados inteligentemente os recursos da própria localidade”.5

4 Salgueiro, Eliana Angotti. O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930. São Paulo:
Nobel 1987.
5 Reis, Aarão. Bello Horizonte visto por quem delineou o plano inicial; Diário de Minas, Belo

Horizonte, 21 de jul. de 1926.


7

FIGURA 0
8

2. A Construção do Palácio Presidencial

Quanto aos especialistas em espaço, foi-lhes encomendado expressar, através de um

repertório de símbolos monumentais o que seria o novo “status quo” . Santos: 1982.6

O novo Palácio dos Governadores, agora na República, Palácio Presidencial,

acompanha toda a lógica do período republicano que se iniciava no Brasil. Na

Cidade de Minas ele é projetado enquanto símbolo do poder estadual tanto em

relação a sua forma e elementos arquitetônicos e decorativos, quanto em

relação à sua localização na planta da cidade.

Para o Palácio, símbolo do poder do Estado entendido na República como veículo

de ordenação e transformação social, foi escolhido o local mais alto dentro da

trama da cidade planejada. As relações entre visibilidade e iluminação são

reforçadas na malha urbana que através de uma determinação focal dirige

inicialmente à Praça da República (atual Praça Afonso Arinos) de onde inicia-se

a Avenida da Liberdade (atual Avenida João Pinheiro). Esta com uma relação de

proporção entre sua largura e escala volumétrica dos edifícios atinge seu ápice

na Praça da Liberdade, grande esplanada rodeada pelas secretarias de estado,

tendo em seu eixo central a alameda delimitada pelas palmeiras que direciona

ao Palácio Presidencial.

6 Santos, Carlos Nelson Ferreira dos. Processo de ocupação e crescimento da periferia. Rio de

Janeiro: IBAM, 1982, p. 33.


9

FIGURA 1

Que não seja perturbada a sua majestade, pois ele tem o encargo de anunciar,

desde longe, assunto de maior importância. Esse é o caminho do Estado. Chega-

se, no seu topo, ao já avistado conjunto de prédios do Executivo (...). Dispostos

simetricamente nas laterais mais longas da praça retangular, são capitaneados,

ao fundo, pelo Palácio do Governo Estadual, de mesma escala, ao qual se reserva,

além da posição de destaque, não muito mais do que isto: a distinção de uma

fachada em legítima bossagem de pedra, com a Liberdade entronizada, também

em pedra no início de seu frontão, e de uma cúpula mais requintada. Magalhães

e Andrade, 1989.

Conforme relatos do engenheiro chefe da Comissão Construtora da Nova

Capital, Francisco Bicalho, que substituiu Aarão Reis em fevereiro de 1896,

inicialmente edifícios das secretarias seriam construídos no centro da cidade,

mas já durante as obras de construção da cidade, em abril de 1896, ficou

definido que seriam colocados na praça do Palácio.


10

Pareceu-me acertado transferir os edifícios das Secretarias de Estado para a

mesma grande praça em que fora projetado o Palácio Presidencial e, merecendo

este alvitre a aprovação de V. Exa, assim foram eles definitivamente locados,

bem como aquele palácio. 7

O projeto do traçado da Praça da Liberdade, de 1895, estava incluído no Planta

original da Cidade de Minas de Aarão Reis. O paisagismo da Praça da Liberdade

foi assinado pelo arquiteto-paisagista Paul Villon8, em 1902, que utilizou o estilo

inglês para dar forma aos jardins. Projetou também os jardins do Palácio

Presidencial para o qual foi contratado em 1898. O cenário proposto

aproximava-se o máximo possível da natureza com formas orgânicas, pontes,

lagos, pedras, trazendo para o espaço construído e geométrico do traçado da

cidade as curvas e espontaneidade naturais.

Entre 1894 e 1895 o engenheiro-arquiteto José de Magalhães9 desenvolve o

projeto do Palácio Presidencial. Localizado então no fim da Avenida Liberdade,

se interligava à Praça através de um largo pavimentado, intercessão da Avenida

Brasil com Avenida Bias Fortes. O projeto vai buscar a partir da local

destinado para o edifício dar a forma de monumentalidade e hierarquia,

enquanto foco de poder.


Muitas praças, de tamanhos e formas diversos, cortarão as ruas e avenidas,

dando largueza para o efeito arquitetônico dos edifícios públicos, verdadeiros

7 Bicalho, Francisco. Relatório Minas Gerais. Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras. Ouro
Preto: Imprensa Oficial, v. 2, 1896.
8 Francês (1842), formado como arquiteto paisagista iniciou-se, já no Brasil, no paisagismo

pitoresco de influência inglesa. Em Belo Horizonte integrou a Comissão Construtora da Nova


a a
Capital na 4 Divisão – Estudos e Preparo do Solo – e na 6 Divisão – Arruamentos, Calçamentos,
Parques e Jardins.
9 Pernambucano (1851), formou-se em engenharia na Escola Central do Rio de Janeiro e estudou

arquitetura na École dês Beaux-Arts de Paris. Transferiu-se para Belo Horizonte para fazer parte
da Comissão Construtora da Nova Capital como chefe da Seção de Arquitetura.
11

palácios, esplendidamente situados. Assim, o Palácio Presidencial será erguido

no centro da Praça da Liberdade, para onde convergem cinco avenidas; os

Palácios da Administração e do Congresso ficarão frente à frente, na

esplêndida Praça da lei, circular e ponto de cruzamento de seis avenidas; o

Pala´cio da Justiça ficará na Praça da Justiça, fronteira à área reservada para

um grande hotel; o Palácio da Municipalidade ocupará com a biblioteca e o museu

o centro da Praça 14 de Setembro (data da lei que organizou os municípios

mineiros) sendo triangular a forma dessa praça.10

O projeto do Palácio Presidencial acompanhou as tendências estilísticas que

eram empregadas nos projetos desenvolvidos pela Comissão Construtora

marcados pela influência francesa na arquitetura. O estilo eclético, então

predominante nos projetos arquitetônicos da Nova Capital, estará evidenciado

no Palácio com predominância de elementos neoclássicos do Segundo Império

Francês. Projeto de grande sofisticação foram utilizados para sua construção

materiais nobres importados da Europa como as armações de ferro das

escadarias, as coberturas metálicas, vindas da Bélgica, telhas de Marselha, a

madeira, pinho de Riga da Letônia, o mármore de Carrara.

Eliana Angotti Salgueiro ressalta em seu trabalho “O Ecletismo em Minas

Gerais: Belo Horizonte 1894-1930”, na concepção geral do projeto do Palácio

da Liberdade reconhece-se o estilo de Garnier, além da transcrição de

elementos estilísticos próximos aos teatros europeus do século XIX. Conforme

desenho da fachada frontal os guarda-corpos eram em ferro trabalhado

acompanhando a serralheria da escadaria interna, estes foram substituídos

A Nova Capital do estado de Minas gerais, em Bello Horizonte (artigo extraído da Gazeta de
10

Notícias, Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 1985). Revista Geral dos Trabalhos da Comissão
Construtora da Nova Capital – I, 1895.
12

quando da construção do edifício por balaústres de massa como os das

Secretarias.

FIGURA 2

FIGURA 3

Só uma coisa me impressiona como artista: é essa tal ou qual uniformidade de

estilo, que forçosamente se deve originar de todos os edifícios serem

projetados por um só arquiteto de muito talento e recursos artísticos. (...) É

por isso que eu entendia que se deveria encomendar a outro arquiteto nacional

ou estrangeiro o plano de dois ou três edifícios destinados à nova capital;


13

seriam dois ou três tipos diferentes e que é natural ainda fizessem realçar mais

o talento do Dr. José de Magalhães. 11

FIGURA 4

FIGURA 5

11 Camarate, Alfredo. Minas Gerais, Ouro Preto, 14 de outubro de 1894. p. 2.


14

O Palácio Presidencial teve sua pedra fundamental lançada em 7 de setembro

de 1895 e obras iniciadas já em novembro do mesmo ano, uma das primeiras

obras de edifícios públicos a ser contratada. A fachada principal e as

balaustradas das entradas laterais ficaram a cargo de Antônio Teixeira

Rodrigues, Conde de Santa Marinha. As fachadas laterais e posterior foram

inicialmente encarregadas ao Sr. Carlos Antonini12.

Para a construção do palácio e das secretarias, quando se preparava a

esplanada, que viria a ser, mais tarde, a Praça da Liberdade, estando este

trabalho a cargo do mesmo empreiteiro, Sr. Carlos Antonini, verificou-se que

ele não desenvolvia convenientemente o serviço urgentíssimo daquela esplanada,

pelo que o engenheiro-chefe encarregou o Sr. Leonardo Gutierrez de executar

o mesmo trabalho por conta do mesmo empreiteiro. Assim procedendo, dentro

em pouco viu desaterrada a colina então existente ali, da qual foram removidos

nada menos que 1.800.000 metros cúbicos de terra, com a qual se aterrou a

barrocas de grande profundidade que avia entre as ruas Bernardo Guimarães,

Sergipe e Avenida da Liberdade. 13

Posteriormente ao assentamento da área destinada a Praça, às Secretarias e

ao Palácio, foi instalada a canalização provisória com canos de chumbo para

suprir de água as obras dos edifícios. Foram edificados nas proximidades

grandes barracões para depósito de materiais e canteiros de obra.

12 Italiano (1847) era construtor projetista e industrial. Veio para Belo Horizonte para realizar

trabalhos de movimento de terra e cantaria para a Praça da Liberdade, Palácio Presidencial e


algumas das secretarias. Por volta de 1898 montou a Cerâmica Horizontina, responsável pela
produção de materiais para a construção de varias casas na capital.
13 Barreto, Abílio. Belo Horizonte: memória histórica e descritiva. História Média. Belo Horizonte:

Fundação João Pinheiro, centro de Estudos Culturais, 1995. p. 485.


15

Já em maio de 1896 foram executados os alicerces, os embasamentos, a

alvenaria ordinária (paredes) e a alvenaria de tijolos na altura do vigamento de

ferro na ala posterior do lado esquerdo. Foi realizado o vigamento para o forro

e o travejamento de aço para a cobertura. Em meados de 1896, com as obras

do Palácio mais adiantadas, foi definida a vinda do artista Frederico Antônio

Steckel14 para execução da pintura e decoração.


Envio a V. Sa. o incluso passe da Estrada de Ferro Central do Brasil para

entrega-lo ao Sr. Frederico Steckel, a quem de novo convidará para vir até aqui

entender-se comigo sobre a ornamentação e pintura dos palácios e edifícios em

construção. O passe autoriza bagagem para poder o Sr. Steckel trazer

amostras das ornamentações em papel comprimido e outras que, por ventura,

tenha, e modelos ou desenhos para ornamentação interna de tetos e paredes de

palácios e casas.15

De acordo com a cláusula 9a do seu contrato, ficam aprovadas as especificações

constantes da sua proposta para ornamentação e pintura do Palácio

Presidencial, Secretarias do Interior, das Finanças, e da Agricultura, na parte

relativa à ornamentação com estuque-cartão e, quanto à pintura,

provisoriamente, como está indicado nas mesmas propostas, mas podendo eu

altera-las até o momento de sua execução. Fica, portanto, V, Sa. autorizado a

fazer em nome e por conta dessa Comissão, a encomenda de todo o material,

quer do referido estuque-cartão, que de tintas e mais ingredientes, remetendo-

14 ‘Alemão (1834), o pintor e estucador formou-se na Escola de Belas Artes de Berlim e radicou-se
no Rio de Janeiro por mais de 30 anos. Veio para Belo Horizonte a convite da CCNC quando
trouxe uma equipe especializada em estuque e papier marchê, entre eles, bertolino Machado,
Cânfora Luigi, Antônio Augusto Giestal, Francisco Ferreira da Silva, João Morandi, Cassimiro
Gracia, Domingos Marques Barbosa, Francisco Soucassaux, Jaime Salse, Manoel Domingues,
Ângelo Casagrande, Pedro Bacheta, Felix Pisolanti, garnaro Garcia, Francisco Narbona, Miguel
Tregellas.
15 Carta do engenheiro-chefe da CCNC de 24 de julho de 1896 para o Agente no Rio de Janeiro

sobre a vinda de Steckel para Belo Horizonte.


16

me, oportunamente, as relações detalhadas dessas encomendas e respectivos

orçamentos para eu poder providenciar sobre o pagamento.16

Em dezembro desse ano foram respaldadas as paredes à altura das cimalhas e

foi feita uma cobertura provisória de zinco corrugado no Palácio para aguardar

a armação metálica e não se interromper o trabalho interno. Foram assentados

os assoalhos e forros. Assim, em dezembro de 1896, com o término das obras

de cantaria e chegando vários edifícios na fase de receber os serviços de

pintura e ornamentação foi solicitada a vinda do artista que chegou em Belo

Horizonte em janeiro de 1897. A cargo do Sr. Steckel ficaram os trabalhos de

pintura decoração e ornamentação do Palácio Presidencial, das Secretarias, do

Quartel do 1o batalhão, dos antigos prédios da Imprensa Oficial, Secretaria da

Polícia, Escolas, palacetes para a residência dos secretários e chefe de polícia

e das casas para funcionários. Steckel teve como seu principal auxiliar o pintor

e decorador Bertolino Machado.

Em março de 1897 estava já adiantado o trabalho de revestimento de emboço

e reboco das paredes internas e externas. Estavam também forrados diversos

cômodos dependendo de estuque e ornamentação dos vão da escada principal e

o salão de jantar. Em junho do mesmo ano estavam concluídos os trabalhos de

assentamento das portas e janelas bem como a cobertura das duas alas

posteriores quando foram iniciados sos trabalhos de decoração e pintura dos

tetos e a cobertura do salão de jantar. Também já se encontravam cobertas e

forradas as “loggias” laterais. Restava ainda por se assentar a cúpula do vão da

escada e das alas laterais bem como a escadaria principal, que ainda se

16 Carta do Sr. Steckel para o engenheiro–chefe da CCNC de 7 de agosto de 1896.


17

encontrava no Rio de Janeiro. Ficou a cargo dos Srs. Francisco Ferrari17 e

Pedro Bacheta18 o engradamento metálico do Palácio. Conforme o “Informe

Histórico – Palácio da Liberdade” elaborado pelo Instituto do Patrimônio

Histórico Estadual – IEPHA/MG, de 1982,

Na escolha dos pisos prevaleceu o gosto e a harmonia com o restante da

decoração; no hall empregou-se o mármore de Carrara e nos diversos salões

optou-se pelo parquet, ricamente trabalhado formando desenhos.

FIGURA 6

A nova capital, a Cidade de Minas, é inaugurada em dezembro de 1897, quando

ainda estava em obras de acabamento do Palácio Presidencial que será

inaugurado apenas em 1898. O maior destaque foi dado à escadaria no vestíbulo

do Palácio executada em estilo art-nouveau. Trabalhada em ferro com

17 Italiano, serralheiro, executou obras de assentamento de estruturas metálicas no Palácio da


Liberdade e outros edifícios na capital.
18 Italiano (1840), serralheiro executou obras de assentamento de partes metálicas, cobertura,

calhas e condutores no Palácio da Liberdade e outros edifícios na capital.


18

ornamentação em motivos florais possui um sistema de confecção desmontável

(joly) avançado para a época e foi feita nas oficinas belgas de Aciéres Bruges.

O desenho da escadaria foi conferido à Edgard Nascentes Coelho, onde

trabalho com a composição de três lances de sustentação de treliça losangular

em ferro laminado e fundido formando os ornatos florais. Para a decoração

final do Palácio foram importadas, principalmente da França, peças de

mobiliário, tapeçarias, cristais, porcelanas e talheres.

O hall e escadaria evidenciam a importância conferida aos espaços centrais,

dimensionados e decorados para a circulação e recepção do público. A

combinação ferro, vidro, estuque, pintura inscreve-se num programa

internacional de arquitetura, que recebe a rubrica de Ecletismo.19

FIGURA 7

Salgueiro, Eliana Angotti. O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930. São Paulo:
19

Nobel 1987.
19

FIGURA 8

A 6 de maio, em ofício n. 63, ao secretário da Agricultura, o engenheiro –chefe

pedia-lhe incumbir ao Dr. Davi campista de adquirir na Europa o christofle,

cristais e louça para o serviço de 48 pessoas em jantares oficiais, devendo tudo

ser marcado com o escudo do Estado.20

A Comissão Construtora da Nova Capital foi extinta em 3 de janeiro de 1898,

quando foi realizado no Palácio Presidencial o primeiro banquete que foi

oferecido pelo então Presidente do Estado, Bias Fortes, aos membros da

Comissão e outros convidados.

À cabeceira da mesa sentou-se o Sr. Dr. Bias Fortes, tendo a sua esquerda os

Srs. Drs. Henrique Dinis, Francisco Sales e Francisco Sá, e à direita os Srs.

Drs. Francisco Bicalho, Adalberto Ferraz e Estevão Lobo. Os demais lugares

foram ocupados pelos engenheiros da Comissão e outros convidados. (...)

20 Barreto: 1995. Op. cit., p. 497.


20

E assim terminou aquele banquete congratulatório e de agradecimento, o

primeiro realizado no Palácio da Liberdade, e que significava a consagração dos

heróicos e gloriosos esforços dos construtores da nova capital.21

Assim, extinta a Comissão, os serviços restantes de construção passaram à

cargo da Secretaria da Agricultura, conforme Decreto n. 1095. Já os serviços

de caráter municipal foram transferidos para a Prefeitura, criada em 29 de

dezembro de 1897, através do Decreto n. 1.088.

Os detalhes relativos à ornamentação e acabamentos decorativos internos do

Palácio foram contratadas e terminadas ao longo dos primeiros anos do século

XX. Em 1899 iniciaram-se os trabalhos artísticos nos jardins sob a

responsabilidade de Paul Villon e confecção de desenhos para a conclusão do

edifício por Edgard Nascentes Coelho. Foram contratados ainda nesse ano

serviços ornamentais das paredes das salas laterais do segundo pavimento

executados por Loren Nielsen.

As obras relativas ao revestimento e ornamentação do salão de honra e

paredes e teto do segundo pavimento foram encomendadas a João Morandi e

Félix Pizzolanti em março de 1900. No mesmo ano as duas portas do salão

foram executadas por Miguel Tregrellas. Em 1901 Frederico Steckel será

novamente contratado agora para realizar, entre os meses de setembro e

outubro, as obras de decoração dos tetos dos torreões e, no ano seguinte,

21 Barreto: 1995. Op. cit., p. 772-773.


21

realiza as obras relativas à confecção do painel central do salão de honra. As

obras descritas serão concluídas em 1903 também com a colocação dos vidros.22

Conforme reprodução de texto de Alfredo Moreira Pinto, de 1902, constante

do Informe Histórico elaborado pelo IEPHA,

O Palácio Presidencial está construído em uma eminencia de uma collina,

surgindo a vasta praça da Libredade (...) É elle composto de dous pavimentos e

tem a fachada de cantaria lavrada, encimada por um busto da Liberdade,

também de cantaria.

O primeiro pavimento abrangeo perystillo, o vestíbulo e o corpo da guarda; o

segundo o salão de honra (na frente), o salão de jantar, bibliotheca, salas de

despacho, commodos particulares do presidente e os terraços em forma de

torreões redondos, com raio de três e meio metros, circulados por sete janelas

guarnecidas de columnas jônicas (fantasia) e o tecto em forma de metade de

um espheroide com pinturas decorativas a óleo. Occupa uma superfície de 1898

metros quadrados, tendo 36,50 metros de frente, 52 de fundo e 20,50 de

altura.

A escadaria de mármore que dá accesso ao segundo pavimento é trabalho de

grande gosto artístico.

O vão desta escada é bellamente decorado, tendo no tecto alegorias à

Liberdade, à Ordem, à Fraternidade, e ao Progresso, e nas paredes a frisa da

cimalha, bonitas obras de estuque. No fundo vê-se uma bonita vidraça com

vitraux, encimada por um escudosobre o quel lê-se o lemma dos inconfidentes:

“Libertas quae sera tamen” . O systema Joly foi adaptadonessa escada, sendo

seus corrimões uma artística obra em ferro com florões e seus degraos de

mármore branco.

22 Arquivo Público Mineiro. Livro-Caixa Obras Públicas 1898/1913. Secretaria da Agricultura,


a
Comércio e Obras Públicas. 3 secção. S.A 594.
22

O salão de jantar é decorado no estylo Luiz Xv e guarnecido de grandes

pilastras com pintura imitando mármore, com capitéis e bases de bronze

dourado. Na frisa da cimalha estão allegorias à Saudação, à Fortuna, à

Esperança e ao Trabalho.

O salão-bibliotheca e as duas salas lateraes são decorados no estylo

Renaissance e o dormitório no de Luiz XV.

O salão de honra é acanhado, mas bem decorado no estylo Luiz XV. Tem na

rança do tecto quatro quadros pintados a óleo e no rectangulo central um

quadro pintado pelo artista Belmiro. Nas paredes lateraes ficam quatro

espelhos e duas salas que se communicam por sua vez com os torreões.23

FIGURA 9

23 Pinto, Alfredo Moreira. Monografia de Belo Horizonte, 1902.


23

FIGURA 10

As representações simbólicas que envolvem os ornamentos e pinturas internas

como externas do Palácio da Liberdade vinculam-se a elementos republicanos

da iconografia clássica. Como descrito no relato acima, a alegoria à Liberdade é

bastante utilizada em suas várias representações como no frontão logo na

fachada frontal quando a figura feminina, maternal – domínio da natureza pela

ternura – veste túnica branca simbolizando a paz e coroa de louro

representando imortalidade e glória. A estes símbolos clássicos foram

agregados símbolos da Revolução Francesa onde o lema “ Liberdade, Igualdade

e Fraternidade” vem representado no triângulo (harmonia e equilíbrio),

utilizado pelos Inconfidentes com o verso “Libertas quae sera tamem respexit

inerten”, adotado como emblema do Estado de Minas Gerais.

Durante os dez anos subseqüentes foram realizados pequenos reparos, obras

de conservação, finalização dos passeios e instalação de postes de iluminação


24

nos jardins do Palácio da Liberdade. Posteriormente, entre 1914 e 1919 não foi

identificada nenhuma fonte primária que relate algum tipo de intervenção

física.

Em 1920, durante o governo de Artur Bernardes, diante da visita do Reis da

Bélgica24 à Belo Horizonte a cidade se movimenta para receber os monarcas.

Várias obras serão realizadas entre elas o remodelamento dos jardins da Praça

da Liberdade e pequenas reformas no Palácio. A Praça receberá novo projeto

de paisagismo assinado por Reinaldo Dierberger, da Dierberger & Companhia,

quando assume um elaborado traçado simétrico, clássico de influência

francesa, rigorosamente estruturado por marcos visuais e pontos focais. São

introduzidos novos elementos decorativos como esculturas, fontes, sendo

mantido apenas o coreto, projeto de Luiz Olivieri.

FIGURA 11

24 Ver A Visita dos Soberanos Belgas. Diário de Minas. Bello Horizonte, 30 de setembro de 1920.
25

FIGURA 12

O Palácio da Liberdade também passou no mesmo ano por algumas intervenções

internas e decorativas assinadas pelos arquitetos Enoch Lima e Elisário

Bahiana. Na ocasião predominou a decoração no estilo Luiz XVI e alguns

cômodos foram especialmente adaptados para a estadia dos nobres em 1922.

Um deles ficou posteriormente conhecido como Sala da Rainha por ter sido

utilizado para chás da tarde quando a Rainha Elizabeth da Bélgica e o rei

Alberto se hospedaram no Palácio.

Belo Horizonte preparava-se para receber dois ilustres visitantes: o Rei Alberto e a
Rainha Elizabeth da Bélgica. (...) Caravanas vieram de todo o interior e até de
outros estados. No dia marcado, a Praça da Estação estava repleta. A chegada do
trem real era anunciada com uma salva de dinamites. O governador Artur
Bernardes recebeu o monarca ao som de hinos nacionais da Bélgica e do Brasil.
Escoltado pelo esquadrão da Cavalaria, ele desfilou em carro aberto rumo ao
Palácio da Liberdade. 25

25 Silva , Luiz Roberto da. Doce Dossiê de BH. Belo Horizonte, 1991.
26

FIGURA 13

Posteriormente, em 1925, tem-se notícia da substituição do painel central do

salão nobre, executado por Belmiro Braga. O novo painel de autoria de Antônio

Parreiras baseado em figuras mitológicas, foi inaugurado pelo então presidente

Mello Vianna, conforme artigo do Minas Gerais.


Com a presença do sr. Preseidente Mello Vianna e dos auxiliares do Governo, foi

antehontem inaugurada às 12 horas a nova decoração do salão de honra do

Palácio da Liberdade, executada pelo grande artista Antônio Parreiras.

O belíssimo trabalho, que impressiona agradavelmente pela sua concepção e

maravilhosa technica, é dividido em um grande painel de 6m x 4m e quatro

outros menores, tendo todos eles por motivo Apollo. No painel do centro surge

varonil figura de Zeus rodeado das doze horas, e os quatro menores, que

circundam aquele, representam a Esculptura, a Poesia, a Pintura e a Musica,

sendo todo o trabalho executado em Paris. A solemnidade foi rápida e consistiu

apenas na retirada do véo que envolvio as maravilhosas telas. Antônio Parreiras

foi muito felicitado por todos os presentes pelo exellente desempenho que

soube dar à incumbência que lhe confiou o Governo Mineiro.26

26 Minas Geraes. Bello Horizonte, 7 e 8 de dezembro de 1925. p. 10.


27

3. Reformas e Proteção pelo Patrimônio Histórico Estadual e Municipal

As décadas de 30 40 e 50 apresentam poucos registros de intervenções no

Palácio da Liberdade. Certamente foram executadas obras de pintura e

manutenção sem grandes alterações. Em 1944 foram inseridas peças antigas

chinesas com suportes dourados e tampos de mármore nos vãos das paredes do

salão nobre, adquiridas pelo então governador Benedito Valadares. Conforme

inscrição no teto de um dos salões foi realizada no ano de 1948 a restauração e

pintura dos mesmos sob a direção de J. Frieiro. Em 1956 um artigo no jornal

Diário de Minas de 10 de julho, intitulado “Mãos de sabotador ornamentam o

Palácio da Liberdade”, noticia e execução por Ladislaw Prokot de trabalhos

ornamentais no interior do Palácio.

O acelerado crescimento da cidade inicia uma alteração na paisagem urbana

considerando os altos edifícios que se sobressaem a partir dos anos 50 na área

central da cidade. O entorno do Palácio e da Praça da Liberdade começa a se

modificar a partir de fins dos anos 60, início dos 70 quando começam a ser

edificados prédios de 5 e posteriormente de mais de dez pavimentos. A quadra

destinada no projeto original da cidade para o Palácio da Liberdade passará a

ter parte loteada e ocupada por residências unifamiliares já a partir de fins

dos anos 30, ao longo da Avenida Cristóvão Colombo, Rua da Bahia e Rua Tomé

de Souza.
28

FIGURA 14

FIGURA 15

A grande circulação de veículos nas ruas da região acabou por interromper a

ambiência que interligava a Praça e os jardins do Palácio. Assim, em 1968 foram

instaladas grades ao redor do Palácio, holofotes para melhor iluminação do

jardim. Foram realizadas no mesmo ano mudanças na distribuição interna dos

cômodos e construção de novos apartamentos no segundo pavimento do Palácio

da Liberdade para atender a necessidades de funcionalidade naquele momento.


29

As reformas ficaram a cargo do CARPE e foram acompanhadas pelo então

intendente do Palácio, o engenheiro José Maciel de Paiva.

FIGURA 16

FIGURA 17
30

Considerando as intervenções sofridas pelo Palácio da Liberdade ao longo dos

anos e a necessidade de garantia de sua preservação adequada e integral, foi

realizado em 27 de janeiro de 1975 o tombamento integral do monumento pelo

IEPHA/MG. Na ocasião foram também protegidos todos os elementos

decorativos internos e externos do imóvel.

A partir de então o IEPHA/MG passou a realizar o inventário e monitoramento

do bem cultural. Já em 1978 através de vistoria realizada foi constatada

existência de trincas e rachaduras generalizadas provocadas, conforme

relatório por recalque da fundação. Assim, em novembro de 1980 foram

iniciadas obras de estabilização estrutural do edifício e obras de restauração

do palácio, administradas pelo IEPHA, que incluíram recuperação da cobertura,

recuperação dos forros, recuperação dos pisos em parquet e tábua corrida,

restauração da escadaria nobre, revisão das instalações elétricas e hidráulicas,

recuperação dos lustres e elementos ornamentais. O projeto integral de

restauração foi finalizado em 1983.27 Nesse ano também a “sala da rainha”,

localizada no segundo pavimento passou por uma reforma para receber o

Gabinete de Apoio da Secretaria Particular do Governador.

Em 1991 o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo

Horizonte protegeu o Conjunto Urbano da Praça da Liberdade/Avenida João

Pinheiro e Adjacências quando o Palácio da Liberdade recebeu tombamento

específico municipal. Em 1994 o mesmo Conselho deliberou por novos

tombamentos de imóveis no entorno do Palácio. Em 2000 o Conjunto Urbano

27 Ver “Palácio da Liberdade – Restauração 1981-1983”. IEPHA/MG.


31

recebeu diretrizes de proteção com relação à visibilidade dos bens tombados e

ambiência que conformam com seu entorno.28

FIGURA 18

FIGURA 19

A Praça da Liberdade passou por uma grande reforma em 1991 que lhe devolveu

o seu aspecto do projeto de 1920, com a remodelação e recuperação da área de

28 Processo de Tombamento Municipal n. 010592279569. GEPH/SMRU/PBH.


32

circulação, restauração do coreto, fontes e bens integrados e adequação e

recuperação paisagística. O projeto é de autoria da arquiteta Jô Vascolcellos.

FIGURA 20 FIGURA 21

Conforme relatórios do IEPHA/MG, foram realizadas em 1994 restauração de

elementos decorativos internos no Palácio da Liberdade e pintura externa das

fachadas nas cores branco, pêssego e cinza. Posteriormente, em 1997, foram

previstas novas obras de restauração dos elementos decorativos internos e

pintura do Palácio da Liberdade que incluíram também a restauração dos

jardins e de arte aplicada.29

FIGURA 22

29 Palácio da Liberdade – Restauração dos Jardins e da Arte Aplicada. IEPHA/MG, janeiro de 1997.
33

FIGURA 23 FIGURA 24

FIGURA 25
34

4. Fontes Iconográficas e arquivísticas

a. Plantas: 13 plantas das fachadas, cortes e pavimentos, assinadas por

José de Magalhães – Arquivo Público Mineiro – acervo da Comissão

Construtora da Nova Capital.

b. Fotos: Figura 0: Planta Geral da Cidade de Minas organizada sobre a

planta geodésica, topográfica e cadastral do Arraial de Belo

Horizonte. Comissão Construtora da Nova Capital. 1895. Figura 1:

Vista panorâmica da Praça da Liberdade. Álbum de Belo Horizonte,

1940, MHAB; Figura 2: Projeto original do Palácio Presidencial,

fachada frontal, 1895, APM. Figura 3: Projeto original do Palácio

Presidencial, fachada lateral, 1895, APM; Figura 4: Projeto do Palácio

Presidencial, parte da fachada lateral, 1894, APM. Figura 5: Projeto

do Palácio Presidencial, frontão, 1894, IEPHA/MG; Figura 6: Projeto

do gradil do Palácio Presidencial, 1896, IEPHA/MG; Figura 7: Praça

da Liberdade, festividades de inauguração da cidade, 1897, MHAB;

Figura 8: projeto das escadarias do hall do Palácio Presidencial, 1895,

APM; Figura 9: pintura do forro dos torreões do palácio da

Liberdade, 1997, IEPHA/MG; Figura 10: Palácio da Liberdade, Álbum

de Bello Horizonte, 1911, MHAB; Figura 11: Vista do Palácio da

Liberdade e parte da Praça da Liberdade, década de 20, MHAB;

Figura 12: Palácio da Liberdade, década de 20, MHAB; Figura 13:

Vista do Palácio da Liberdade e Praça da Liberdade com paisagismo

original, Álbum de Bello Horioznte, 1911, MHAB; Figura 14: Vista do

Palácio da Liberdade em direção à Igreja de Lourdes, década de 10,

MHAB; Figura 15: Vista do Palácio da Liberdade em direção à Igreja


35

de Lourdes, 2000, acervo GEPH; Figura 16: Vista do Palácio da

Liberdade para a Alameda Central da Praça da Liberdade, década de

20, MHAB; Figura 17: Vista do Palácio da Liberdade para a Alameda

Central da Praça da Liberdade, 2000, acervo GEPH; Figura 18 e 19:

Vista da Praça da Liberdade com a “Feira Hyppie”, 1989, projeto de

restauração da Praça; Figura 20 e 21: Projeto de restauração e

paisagismo da Praça da Liberdade, 1991, Jô de Vasconcellos; Figura

22: Palácio da Liberdade, 1997, acervo GEPH; Figura 23: Vista da

porta principal do Palácio para a Alameda Central, década de 20,

MHAB; Figura 24: Vista da porta principal do Palácio para a Alameda

Central, 2000, GEPH; Figura 25: Vista panorâmica da Praça da

Liberdade, década de 80, acervo da Sociedade Mineira de

Engenherios.

c. Relatórios: Comissão Construtora: Acervo da Comissão Construtora

da Nova Capital – APM, MHAB e APC-BH; Coleção dos Relatórios e

Sinopses dos Trabalhos da Câmara dos Deputados do Estado de

Minas Gerais – 1891-1928 – APC-BH.

d. Jornais e Revistas: Revista Alterosa – 1939-1947 – Acervo APC-BH;

Revista Belo Horizonte – 1933-1947 - Acervo APC-BH; Coleção

Revistas Diversas - Acervo APC-BH; Fundo Nelson Coelho de Senna -

Acervo APC-BH; Jornal Diário de Minas - Hemeroteca do Estado de

Minas Gerais.

e. Dossiês de Tombamento: Dossiê de Tombamento do Conjunto

Arquitetônico da Praça da Liberdade – Palácio da Liberdade –

Informe Histórico, Restauração dos Jardins e da Arte Aplicada

(1997) e Restauração 1981-1983 – IEPHA-MG; Dossiê de


36

Tombamento do Conjunto Urbano Praça da Liberdade/Avenida João

Pinheiro e adjacências – CDPCM-BH.

5. Fontes Bibliográficas

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história antiga e história média. Belo Horizonte: Fundação João

Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995

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Edusp, 1997.

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g. Dicionário Biográfico de Construtores e Artistas de Belo Horizonte –

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e tempos em construção. Belo Horizonte: CEDEPLAR, Coleção BH 100

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Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1987.

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