Você está na página 1de 16

PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA

GRAFISMO
INFANTIL
Prof. Aline Mizutani Gomes
SIGNIFICADO DO
DESENHO

Rabiscar, desenhar e escrever são formas


construídas pelo ser humano, ao longo dos
anos, para manifestar-se expressivamente e
comunicar-se, objetiva e subjetivamente.

Para Lowenfeld, ”desenhar, pintar ou


construir, constituem um processo complexo
em que a criança mostra parte de si própria,
como PENSA, como SENTE, como VÊ”.
HISTÓRICO
Os primeiros estudos sobre desenho infantil
datam do século 19

Estreita conexão entre a descoberta da


originalidade do universo infantil e o estudo das
produção gráficas
Comparação com a arte adulta: valor estético
Difusão de materiais gráficos
FUNÇÃO DO
DESENHO
Qual a importância de compreendermos
as fases e transformações do grafismo
infantil?
Contribuir para os nos processos de criação da
criança: toda criança é capaz de criar, basta dar-lhe
oportunidades para que isso aconteça.

A linguagem do desenho permite às crianças


inventarem e experimentarem suas idéias, suas
ações, seus desejos e seus sentimentos expressos de
formas variadas, deixando transparecer as suas
emoções e o seu imaginário
DESENVOLVIMENTO
DO GRAFISMO

O desenvolvimento do grafismo é paralelo a evolução


psicomotora e portanto, se faz por etapas. Começa pelo
rabisco, gesto essencialmente motor.
Inicialmente, qualquer traçado pode comunicar qualquer
significado.
Conforme a linguagem da criança vai evoluindo, seus
desenhos começam a mudar.
Cada forma adquire significado único e o conjunto de
representações na folha de papel pode até formar uma
história.
Em seguida, o desenho passa a ser muito menos individual
e expressivo e muito mais comunicativo, aproximando-se
mais da observação do que da imaginação.
MARTHE BERNSON (1966)

Estágio vegetativo Estágio


motor representativo Estágio comunicativo
Surge a vontade de comunicar algo
Nesta etapa o lápis não sai do A criança começa a levantar o
por meio do desenho. A imitação do
papel. É produzido um traçado lápis do papel e isso torna possível
adulto torna-se mais intensa. Nesta
mais ou menos arredondado ou o surgimento de novas formas
fase é difícil para a criança fazer
alongado formando descontínuas entre si. A execução
ângulos pontudos, pois isso exige
“redemoinhos”. O mais importante do desenho é um pouco mais lenta
que ela freie o lápis e o mude de
nesse momento é o exercício e existe intenção (muitas vezes
direção. Desta maneira, a maioria
motor (cerca de 18 meses) verbalizada) de reproduzir um
dos desenhos possui formas
objeto (entre 2 a 3 anos).
circulares (entre 3 a 4 anos)
LUQUET
O desenho infantil (1969)

Realismo Fortuito Involuntário Realismo Fortutito Voluntário


Em torno dos 2 anos
Em torno dos 2 anos
Depois da fase de rabiscos aleatórios, a criança começa
Conhecido como fase de rabiscos, a criança desenha
por traçar signos sem desejo de representação e descobre,
linhas sem intenção ou significado, o faz pelo prazer do
por acaso, uma analogia com um objeto e passa a nomear
movimento e do que vê no papel.
seu desenho (exemplo "desenhei uma cobra")
LUQUET
O desenho infantil (1927)

Realismo Fracassado Realismo Intelectual


entre 3 e 4 anos entre 4 e 10 -12 anos
tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança A criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo
procura reproduzir esta forma. Os elementos aparecem que sabe. Mistura diversos pontos de vista: plano deitado e
justapostos em vez de estarem coordenados num todo. a transparência
LUQUET
O desenho infantil (1927)

Realismo Visual as fases não devem ser vistas de


por volta dos 12 anos maneira rígida, devemos levar em
Descoberta da perspectiva, o que gera um
empobrecimento, um enxugamento progressivo do
conta as especificidades de cada
grafismo, que tende a se juntar as produções adultas. criança e suas experiências vividas.
LOWENFELD e BRITTAIN
Desenvolvimento da capacidade criadora (1947)

1 2 3 4

PRÉ-
ESQUEMÁTICO
GARATUJAS ESQUEMÁTICO REALISMO
4 a 7 anos
Primeiras tentativas de 7 a 10 anos 10 a 12 anos
2 aos 4 anos
representação A criança desenvolve o Maior rigidez e
Rabiscos desordenados
Estreita relação com o conceito da forma e seus formalismo. A autocrítica
que ao passar do tempo
desenvolvimento da desenhos simbolizam o que não se manifestava
vão se tornando mais
linguagem que pertence ao seu antes agora aparece
organizados
Quanto ao espaço, os meio, de maneira pela maior consciência
Prazer na gesticulação
desenhos são dispersos descritiva de si e do ambiente.
inicialmente, não
relacionados entre si
PIAGET O desenho é uma das manifestações
semióticas. Desenvolve-se
concomitantemente às outras
manifestações, entre as quais o brinquedo e
a linguagem verbal

A criança desenha mais o que sabe do que


realmente consegue ver. Ao desenhar ela
elabora conceitualmente objetos e eventos.
Daí a importância de se estudar o processo
de construção do desenho junto ao
enunciado verbal que nos é dado pelo
indivíduo.

(Alexandroff, 2010)
GARATUJA ORDENADA
(até 3 ou 4 anos)
caracteriza-se por movimentos mais
GARATUJA DESORDENADA distantes e circulares, apesar de conseguir
(sensório motora) desenhar caracóis. Seu limite não ultrapassa
remete às características de movimentos as margens da folha mesmo tentando
amplos e desordenados, não havendo utilizar todo espaço possível, neste estágio
nenhuma preocupação com o desenho em si, ela não se preocupa com a posição,
pois a criança desenha várias vezes no tamanhos ou ordens em que cada desenho
mesmo local, não se preocupando com o que está localizado e sim pelas formas
já foi desenhado anteriormente.
ESQUEMÁTICO
(operações concretas - 7 aos 10 anos)
PRÉ-ESQUEMÁTICO caracteriza-se pelos esquemas
representativos que se inicia na construção
(pré-operatória - 4 aos 7 anos)
de novas formas que por ela eram isentas.
Apresenta relações entre desenho,
percebem o uso da linha do caderno como
pensamento e realidade. Esta descoberta
base, facilitando sua escrita e também seus
para a criança parte de suas emoções, onde
traçados e descobrem a relação cor-objeto,
seus traçados ou cores não têm relação com
característica que era desconhecida na fase
características reais, apenas utilizam da sua
anterior, pois partiam de suas
imaginação para desenharem e estes
emoções e não da realidade.
elementos finais são dispersos que não se
relacionam entre si.
REALISMO PSEUDO-NATURALISMO
(final das operações concretas) (operações abstratas)
aparecem a consciência do sexo e a autocrítica põe fim da arte como atividade espontânea
pronunciada. as crianças abandonam a linha de e inicia-se uma investigação de sua própria
base que é encontrada na fase do Esquematismo personalidade, tem como características o
e aderem às formas geométricas, na qual realismo, a objetividade, a profundidade, o
aparecem com maior rigidez e formalismo. Tem- espaço subjetivo e também o uso consciente
se também a descoberta do plano e a da cor em seus traçados.
superposição, que nada mais é, que a colocação
de objetos sobre sua visão, como realmente é
encontrado na realidade
FIGURA DO BONECO
Ela se torna possível por meio das
conquistas motoras da fase do rabisco, já
apresentada aqui, que permitem que a
criança seja capaz de fazer círculos que se
encostam (a cabeça e o corpo) e de criar
linhas (os membros). Normalmente a
criança colocará no desenho aquilo que
entende sobre seu esquema corporal e
tenderá a representar um pouco de si em
todos os objetos que desenhar. As figuras
irão ganhando complexidade à medida que
é possível combinar formas cuja execução
já se domina.

Meredieu, O desenho infantil (1974)


Esse livro traz uma visão do desenho infantil
que foge da ideia de dom, talento ou
aptidão, esclarecendo a opção por uma
visão construtivista do desenho como
“objeto simbólico e cultural, expressivo e
construtivo, individuado e influenciado pela
cultura”, acessível a todos através do
ensino-aprendizagem, que caminha “do pré-
simbolismo à construção de poéticas
próprias, com marca pessoal e diversidade
cultural”

Você também pode gostar