Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROPOSTA CURRICULAR
PARA A EDUCAÇÃO
PARA INFANTIL
A EDUCAÇÃO INFANTIL
DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
DE FORTALEZA
DE FORTALEZA
Proposta Curricular para a Educação Infantil
da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Fortaleza - CE
2020
FICHA TÉCNICA
Prefeito Municipal de Fortaleza
Roberto Claudio Rodrigues Bezerra
Secretário Adjunto
Jefferson Queiroz Maia
Secretário Executivo
Joaquim Aristides de Oliveira
Ilustrações
Eduardo Azevedo
Revisão
Maria Celça Ferreira dos Santos
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................................ 08
Fazer Currículo no Dia a Dia das Instituições de Educação Infantil
– a Rede que nos une
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................................... 22
A Educação Infantil Como um Espaço Democrático
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................................... 35
O Planejamento Pedagógico: criando oportunidades de aprendizagens e
desenvolvimento para bebês e crianças
3.1 A Intencionalidade Pedagógica para um Planejamento em Cena .................... 40
3.2 As Relações Entre o Saber e o Fazer Pedagógico: um ato de planejar ......... 43
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................................... 54
Pensando e Transformando Espaços, Tempos, Materiais e Interações
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................................... 66
Os Processos de Avaliação e Documentação Pedagógica na Educação Infantil
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................................... 81
Educação Infantil e Família: ações que se complementam
CAPÍTULO 7 .......................................................................................................................................... 89
$m,lammUa_@UmkqMpq@^Ia^MHOmM
lU@_J@mM@
a_mplqJFaKMq^@
Cultura Colaborativa no Cotidiano das Instituições de Educação Infantil
££aIO_IU@Ia^MHOmM
lU@_J@mlMU_vM_p@_KaMIa_mplqU_Kaq^@_av@
imagem de professor/a na educação infantil ............................................................ 92
7.2. A Coordenação Pedagógica e o Papel de Liderança e Articulação no
Cotidiano das Instituições de Educação Infantil ....................................................... 95
7.2.1 A Qualidade das Relações para a Construção de uma Cultura
Colaborativa na Educação Infantil ............................................................................. 96
7.2.2 O Papel do Projeto Formativo para o Fortalecimento e para
Efetivação da Proposta Pedagógica das IEI ............................................................ 97
Ĝ cLj
0Lj
LJ
Lj !ć
$Lj (LjLj
0
,LjLjĜ
LJLj
*
$Lj,
!Lj
LJ
_
Lj
ŤLj
Ljć
LJLj
Y&
Lj
c
Lj
Lj
LJ
LjLj
Ljć
Lj
Lj
LjLjLjć
LJ Ljć c
Lj
Lj
LJLjhLj
Ĝ
hLj
LjLjLjć
ťLj
aLjLJ
Ĝ
com os documentos atuais.
LjLJ
LJ
Lj .
.aLj
ć
Lj / $LjLj Lj
!
Ĝ
Lj LJ ĻĹĺĿĜ
h
LJ
Lj
LJ LjLjć
Lj
LJ
Lj
/$LjLj Lj
Y%Ljť
LJ LJ *LjLj (Lj -Lj
Lj
ć
LjŌ+/%0ĜĻĹĹŀō+-Lj
(
LJLJ(Ljň+-((Ō+/%0Ĝ
ĻĹĺĿōY(
Ĝ
LJ
Ljć
_LjLJ
+-((ĜLJĻĹĺŁĜ
ćLJ
*
LJ
(Lj/Lj
(]Ō*(/(ōĜ0LjLj
LjhLj
à reformulação da Proposta.
%.
cLJŌŁōh
LJLjLj
LjLjLjćć
LjLjĜ
Zĺň!(h
LjLj
LjLjLjćć
LjLjʼn%/
[Ļň%ć
LjLj
LJ
LJ ć
LJ
]Lj
[ ļ ň & LJ
aLj
Z Lj
Lj
LjLJ
LjLJ
{Ljć[Ľň.
LJ
ć
ĜLJ
ĜLJLjLjLjć[ľň&
Ljć
LJć
aLj ć
LjLj[ Ŀ ň ć
LjLj LJhLjZ ć
LJLJLJ Ĝ
ŤLJĜ
Ł ň &
ŤLj
Lj LJ
LJ
{ Ljć
ć
LJ
Lj
LjLj
LjLjLjćć
LjLjY
ňLj
Lj
LjLjLjLj
Ljć
LJ
LJ
Lj
LJLjć
aLjLj
LjY
6
Capítulo 01 | 7
CAPITULO 1 Capítulo
FAZER 01
CURRICULO
NO DIA A DIA DAS
INSTITUICOES DE
EDUCACAO INFANTIL
FAZER CURRÍCULO
A REDE
NO DIA QUE NOS UNE
A DIA DAS
INSTITUIÇÕES DE
EDUCAÇÃO INFANTIL –
A REDE QUE NOS UNE
Capítulo 01 | 9
PDLV GLYHUVDV IXQo}HV FRPR SRUWHLURV YHQGHGRUHV SURÀVVLRQDLV GR FRPpUFLR SUHVWDGRUHV GH VHUYLoRV
HPSUHJDGDV GRPpVWLFDV SURIHVVRUHV PRWRULVWDV HQWUHJDGRUHV PDUFHQHLURV H SURÀVVLRQDLV OLEHUDLV H GDV
mais diversas origens, indigenas, quilombolas, oriundos do interior do estado, etc. Essa diversidade nos
impõe a busca cotidiana de uma gestão participativa e um currículo diverso.
Para que essa prática democrática de construção curricular ocorra é preciso ter clareza das funções
sociopolíticas e pedagógicas da educação infantil e estar comprometida com elas, a partir de relações que
FRQVWUXDP´QRYDVIRUPDVGHVRFLDELOLGDGHHGHVXEMHWLYLGDGHFRPSURPHWLGDVFRPDOXGLFLGDGHDGHPRFUDFLD
a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômico, étnico-
racial...” (BRASIL, 2009).
Destacamos que é na complexidade das relações que a criança se humaniza, se subjetiva enquanto ser.
É por meio das interações estabelecidas, principalmente, na primeira infância, que uma individualidade vai
se constituindo. A criança produz cultura, identidade e é (co)construtora de seu conhecimento na medida
HPTXHYLYHHFRQYLYHFRPSHVVRDVREMHWRVQDWXUH]D$VVLPRVHVSDoRVGHYLGDFROHWLYDH[HUFHPLQÁXrQFLD
nas subjetividades que se constituirão nesse ambiente.
Imbuídos dessa ideia, destacamos que essa concepção de criança nos acompanha na construção da
identidade da educação infantil de Fortaleza ao longo dos anos, podendo ser encontrada nos documentos
curriculares da Secretaria Municipal da Educação em suas diferentes edições. Reconhecem como criança
ativa, (co)construtora do seu conhecimento por meio dos sentimentos, da exploração, da investigação, da
FXULRVLGDGHHQÀP´FRPRFRQVHTXrQFLDGHVXDVDWLYLGDGHVUHODFLRQDPHQWRVHGRVUHFXUVRVDHODVGLVSRQtYHLV
por estarem em constante relação com o mundo” (DAHLBERG, MOSS E PENCE, p. 104, 2019).
Até chegarmos à visão de criança ativa, participativa e sujeito de direitos, um longo e recente processo
histórico se deu em torno das concepções de crianças e infâncias. Esse processo esteve atrelado à relação
estabelecida entre sociedade e criança, daí um conceito socialmente construído.
A construção histórica das concepções de infâncias e crianças e de seu atendimento institucionalizado
no Brasil, esteve vinculada à concepção que determinada sociedade tinha em cada momento histórico. Assim,
conforme as transformações sociais e políticas ocorriam, a forma de pensar e de conceber as crianças, as
infâncias e a educação infantil sofriam alterações.
$VVLJQLÀFDo}HVVRFLDOPHQWHFRQVWLWXtGDVDFHUFDGHFULDQoDVHLQIkQFLDVHVWDEHOHFHPXPDIRUPDGH
relacionar-se com elas, por meio de práticas e ações que se materializam no atendimento organizacional
voltados aos bebês e crianças.
Capítulo 01 | 11
CONJUNTO DE PRÁTICAS que buscam articular as experiências e os saberes das
crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
DUW¯VWLFR DPELHQWDO FLHQW¯ŧFR H WHFQROµJLFR GH PRGR D SURPRYHU R
desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade.
Essa concepção curricular nos representa na medida em que se distancia das perspectivas curriculares
transmissivas de previsão de conteúdos a serem ensinados e coloca o foco nas interações produzidas nos
ambientes escolares como base para a aprendizagem das crianças e na qualidade das práticas pedagógicas
produzidas pelos(as) professores(as). A nossa concepção de currículo valoriza o protagonismo das crianças
no processo de aprendizagem, como também o protagonismo docente - o(a) professor(a) como mediador(a)
potente desse processo. Uma prática democrática, compartilhada no sentido de dar visibilidade aos bebês
e crianças.
A visão de currículo para bebês e crianças também é compreendida a partir dos eixos estruturantes
das práticas pedagógicas: as interações e a brincadeira (DCNEI, 2009; BNCC, 2017; DCRC, 2019).
Considerar as interações e a brincadeira na prática docente pressupõe o reconhecimento de que estas são
DV SULQFLSDLV PDQHLUDV SHODV TXDLV D FULDQoD LQWHUDJH FRP R PXQGR HODERUDQGR VHQWLGRV VLJQLÀFDGRV H
conhecimentos, para o(a) professor(a) planejar experiências e ambientes que acolham essas manifestações
da criança e, ao mesmo tempo, estimule novas possibilidades.
Os documentos legais como a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017),
Documento Curricular Referencial Ceará - DCRC (2019) e a Proposta Curricular para a Educação Infantil
da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2016), corroboram uma compreensão ampla de garantia
dos diretos de aprendizagem e desenvolvimento para essa etapa da educação básica: conviver, brincar,
participar, explorar, expressar e conhecer-se'HDFRUGRFRPR'&5&S´RFRPSURPLVVR
é com a construção de ambientes que garantam as aprendizagens conectadas aos direitos”. Assim, com o
intuito de assegurar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos bebês e crianças, este currículo da
HGXFDomRLQIDQWLOHVWiRUJDQL]DGRSRUFDPSRVGHH[SHULrQFLDVSDUDRVTXDLVVmRGHÀQLGRVRVREMHWLYRVGH
aprendizagem e desenvolvimento, que, por sua vez, vão indicando aspectos que garantem os direitos de
bebês e crianças.
Os campos de experiências acolhem as vivências da vida cotidiana das crianças: a capacidade de
construir teorias sobre as coisas, suas narrativas associadas à cultura à qual faz parte, as descobertas de
novos conceitos, que só podem ser possíveis através das interações que estabelecem com seus pares e
professores(as). Assim, não podemos compreender os campos de experiências como disciplinas a serem
ensinadas e isoladas da vida cotidiana.
&RQVLGHUDPRV RV GRFXPHQWRV RÀFLDLV TXH QRUWHLDP D HODERUDomR GDV SURSRVWDV SHGDJyJLFDV GD
educação infantil e incentivamos às unidades escolares que revisitem suas próprias Propostas, estabeleçam
um diálogo com esses documentos, no âmbito do coletivo das comunidades escolares, evidenciem e
UHVVLJQLÀTXHPDVXDLGHQWLGDGHSHGDJyJLFDQXPFRQWH[WRVRFLRFXOWXUDOFRQFUHWRTXH
• Visa garantir que as crianças conquistem aprendizagens consideradas valiosas;
• Orienta a organização das atividades, dos espaços, dos materiais e das interações na instituição;
• Efetiva-se nas ações cotidianas das crianças e dos professores nos ambientes criados nas instituições
de educação infantil.
Portanto, um currículo que se dá numa construção partilhada, assegura aos bebês e às crianças seus
direitos de dignidade enquanto cidadãos ativos, criativos, inventivos, capazes, potentes, questionadores,
participativos numa sociedade contextualizada e conectada com o mundo real.
Capítulo 01 | 13
PARA REFLETIR E TRANSFORMAR
Sendo a instituição de educação infantil um espaço público, de que forma
temos contribuído para que além de produtora de conhecimento, ela também
seja um lócus para a cidadania?
Quanto aos princípios políticos, é relevante que as crianças tenham assegurado o direito à
participação e à decisão nas práticas envolvidas em sua rotina, tais como: lanches que gostariam de partilhar
com os colegas, escolhas de passeios, roupas ou brinquedos favoritos, que experiências gostariam de
vivenciar, participação em pequenos fóruns ou assembleia para tomada de decisões sobre situações vividas
na instituição ou na comunidade local. Tais formas de participação podem se constituir ótimas experiências
para exercitar e incentivar o poder de escolha, a democracia e o bem comum entre as crianças.
Quando as crianças têm acesso às diversas possibilidades nos contextos educacionais para investigar,
explorar, observar e conversar, constroem uma cultura da infância dentro da instituição, tornando-se
protagonistas do processo de aprendizagem.
Capítulo 01 | 15
CENAS DO COTIDIANO
As imagens abaixo mostram uma vivência realizada em pequenos grupos,
utilizando materiais não estruturados. As crianças foram convidadas a participar
sem interfência de adultos e puderam explorar os materias livremente.
$RORQJRGHXPVHPHVWUHIXLDOWHUDQGRDSURSRVWDPRGLÀFDQGRDOJXQVHOHPHQWRV
alternando os pares, explorando ambientes, porém a intenção era a mesma:
potencializar as narrativas, ampliar o repertório dos grupos e com isso desenvolver
a criatividade, autonomia e socialização.
Depois de vários meses utilizando a brincadeira heurística como ferramenta
SHGDJyJLFDSHUFHELTXHDVFULDQoDVUHVVLJQLÀFDPRVREMHWRVGDQGROKHVQRYDV
funções, tendo concentração e demonstrando sensibilidade ao convidar as salas
vizinhas para participarem também. Para cada criança um novo sentido para as
coisas foi internalizado, transformando-se em experiência.
CEI Mattos Dourado
Professora: Sônia Elane Araújo Pascarettas
Assistente: Edilene Monteiro
Capítulo 01 | 17
Uma imagem positiva da criança pode proporcionar muitas possibilidades ao trabalho pedagógico
na educação infantil, pois essa concepção também produz uma imagem de professor(a) potente, capaz,
que trabalha em parceria com as famílias das crianças. A concepção de que a criança é potente, construtora
de seu conhecimento, abre possibilidades da concretização de currículos por meio de relações humanas
cooperativas. O trabalho pedagógico reverbera a maneira como concebemos bebês e crianças e o modo
como procuramos garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento delas nos mais diversos contextos
de educação, como brincar, expressar, explorar, conhecer-se, participar e comunicar.
Este princípio da globalidade se materializa na prática quando os docentes planejam experiências de
aprendizagem a partir dos campos de experiências que acolhem a inteireza das crianças na construção dos
seus conhecimentos.
Considerar o princípio da autonomia como uma das bases para o trabalho pedagógico da Rede
Municipal de Fortaleza, está ligado à ideia de que instituições, educadores e crianças, terão seus direitos
UHVSHLWDGRVFRQFHSo}HVHYDORUHVDFROKLGRVGHQWURGDVHVSHFLÀFLGDGHVGDHGXFDomRLQIDQWLO
Segundo Paulo Freire (2006), a autonomia se caracteriza pela liberdade que o indivíduo possui para
tomar decisões, pela capacidade de fazer escolhas e conduzir suas próprias ações. Sendo assim, ressaltamos
a importância de um trabalho democrático, pautado na coletividade, onde as ações do(a) professor(a) são
dialogicamente executadas através de uma parceria com a gestão, com outros colegas e com as crianças
envolvidas.
Cada unidade escolar desempenha suas funções de acordo com as necessidades do seu grupo, levando
HPFRQVLGHUDomRDUHDOLGDGHQDTXDOHVWiLQVHULGDID]HQGRPRGLÀFDo}HVQDURWLQDFRQIRUPHYmRVXUJLQGR
prioridades, visando o bem-estar de todos. Promover autonomia, pressupõe, valorizar a diversidade
sociocultural da comunidade, a gestão de pessoas, o pensamento coletivo e, sobretudo, a ajuda mútua para
que cada pessoa envolvida sinta-se parte do grupo.
O(a) professor(a) desempenha, no desenvolvimento da autonomia das crianças e na sua própria
DXWRQRPLD HQTXDQWR SURÀVVLRQDO TXH FRQKHFH DV DERUGDJHQV HGXFDFLRQDLV VREUH D LQIkQFLD VHPSUH DV
melhores oportunidades de ambientes ricos e propícios a descobertas e explorações. Ser autônomo, para
(PPL3LNOHU´QmRpHVWDUVR]LQKR2EHErDXW{QRPRDJHSURJUHVVLYDPHQWHSRULQLFLDWLYDSUySULDGLDQWHGH
tarefas cotidianas que foram iniciadas por ele mesmo” (COSTA, 2020).
A gestão escolar é co-construtora de conhecimento e cultura e mobilizadora de competências de
FRQVWUXomRGHVLJQLÀFDGRVSDUDDHTXLSHYLDELOL]DQGRFRQGLo}HVGHWUDEDOKRGHPRFUiWLFRHVLWXDo}HVSDUD
proporcionar novas escolhas, ajudando o grupo a explorar formas de desenvolver um trabalho de qualidade,
GLDORJDQGRFRPSDUWLOKDQGRLQIRUPDo}HVHGLVFXVV}HVDFHUFDGDVGLÀFXOGDGHVTXHHYHQWXDOPHQWHSRVVDP
VXUJLU(VVDSRVWXUDUHTXHUXPDHTXLSHHQJDMDGDSHVTXLVDGRUDHUHÁH[LYDSURFXUDQGRHQWHQGHUFRPRD
aprendizagem dos bebês e das crianças ocorre e, para isso, conta com a participação da família.
O convívio na diversidade humana e com as diferenças sociais, econômicas, físicas, culturais,
UHOLJLRVDVUDFLDLVHLGHROyJLFDVDRPHVPRWHPSRTXHSRGHJHUDUFRQÁLWRVSRGHVHUFRPSUHHQGLGDHDFROKLGD
para a construção da convivência democrática no ambiente escolar. O reconhecimento da diversidade está
na base da construção desta Proposta Curricular por compreendermos que as crianças e suas infâncias são
marcadas pela diversidade dos seus contextos históricos, sociais e culturais da cidade de Fortaleza.
A diversidade perpassa os princípios da promoção da equidade e da inclusão, como base para a
construção dos valores de ética e cidadania, de construção de uma sociedade justa e igualitária. Pensar em
GLYHUVLGDGHQDVLQVWLWXLo}HVGHHGXFDomRLQIDQWLOQRVFRQYLGDDUHÁHWLUVREUHTXDOROXJDUTXHHODRFXSDQD
prática pedagógica do(a) professor(a) e sua importância para o desenvolvimento saudável do indivíduo.
,QYRFDQRV D UHÁHWLU VREUH R TXH VH HQWHQGH SRU GLYHUVLGDGH FRPR SRGHPRV FHOHEUDU HVVH SULQFtSLR
promovendo a igualdade de oportunidades de aprendizagem para todas as crianças; qual a concepção de
criança e de infância que temos. Em todas essas questões, os(as) professores(as) estão diretamente implicados
a elaborar estratégias que considerem realmente a diversidade no contexto educacional.
Capítulo 01 | 19
6HJXQGR R '&5& S ´D DEHUWXUD GD HVFROD SDUD DV GLIHUHQoDV VRE D FRPSUHHQVmR GD
diversidade, implica pedagogicamente na consideração da diferença dos estudantes, exigindo-se, assim,
produzir a igualdade de oportunidades para todos”. Assim, uma instituição de educação infantil inclusiva
em concepções, valores e práticas, acolhe as diferenças das crianças e implica seu currículo na produção de
SUiWLFDVGLYHUVLÀFDGDVHPPDWHULDLVPHWRGRORJLDVHDPELHQWHVFRPRLQWXLWRGHFRQVLGHUDUDVVLQJXODULGDGHV
de todas as crianças.
Aos educadores cabe a compreensão de que as práticas inclusivas de educação podem ser poderosas
ferramentas de transformação social e que práticas que não contemplem a diversidade contribuem para
DPDQXWHQomRGHXPVLVWHPDGHH[FOXVmRHGHGHVLJXDOGDGHV0DQWRDQDÀUPDTXHDIRUPDFRPR
aprendemos e como compreendemos o mundo está diretamente relacionada a como lidamos como as
GLIHUHQoDVFXOWXUDLVVRFLDLVpWQLFDVUHOLJLRVDVHQÀPFRPDGLYHUVLGDGHKXPDQDSRVWRTXHHVWiFDGDYH]
mais destacada na sociedade em que vivemos, convidando-nos a desbravá-la. GOMES (2007, p. 41) conclui:
´$VVXPLUDGLYHUVLGDGHpSRVLFLRQDUVHFRQWUDDVGLYHUVDVIRUPDVGHGRPLQDomRH[FOXVmRHGLVFULPLQDomRµ
A EDUCAÇÃO INFANTIL
COMO UM ESPAÇO
DEMOCRÁTICO
Esse é um dos grandes papéis da educação infantil, pensar essa diversidade de culturas infantis, que
PXLWDVYH]HVVmRLQYLVLELOL]DGDVSURYRFDUUHÁH[}HVDFHUFDGRSDSHOGDFRPXQLGDGHHVFRODUHPFRQVWUXLUXPD
educação democrática e promover práticas pedagógicas cotidianas que possibilitem trabalhar a diversidade
e que propiciem, em sua essência, uma cultura efetivamente inclusiva. Freire (1996) nos convida a um
FRPSURPLVVR FRP D WUDQVIRUPDomR SHVVRDO H VRFLDO DWUDYpVGD HVFRODTXDQGR GL] ´*RVWR GH VHU JHQWH
porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidade
e não de determinismo” (p.22).
Capítulo 02 | 23
Gomes (2001) nos chama a atenção, no entanto, para práticas educativas que pretendem ser iguais
SDUDWRGRVHDFDEDPVHPRVWUDQGRDVPDLVGLVFULPLQDWyULDVSRULQFRUUHUQRHUURGD´KRPRJHQHL]DomRHP
detrimento do reconhecimento das diferenças” (p. 86). Portanto, reconhecer as diferenças é um primeiro
passo para pensá-las de forma a promover uma prática educativa que enxergue cada criança em suas
SRWHQFLDOLGDGHVKLVWyULDVFXOWXUDVFRPSHWrQFLDVGLÀFXOGDGHVHWF
Colocar em prática essa ideia de diversidade como objetivo de um projeto pedagógico dentro da
LQVWLWXLomRGHHGXFDomRLQIDQWLOVLJQLÀFDSHQVDUHFXLGDUGHFDGDUHODomRTXHHQYROYHHVVHSURFHVVRSHQVDU
RVWHPSRVRVHVSDoRVDSXUDUDHVFXWDDSULPRUDURROKDUGLDORJDUFRPDVIDPtOLDVHUHÁHWLUMXQWRDRJUXSR
de trabalho. Essa sensibilidade transforma a escola em um ambiente que é democrático e inclusivo e que
respeita a diversidade.
Considerando a construção de uma escola inclusiva baseada na diversidade, é urgente novos arranjos
educacionais.
Esses arranjos incluem pensar práticas que levem em conta a individualidade de cada criança, pensar
nos espaços que irão abrigar as experiências vividas pelas crianças, considerando que elas se desenvolvem
na interação com o meio e com os pares, pensar o tempo que permeia a rotina da educação infantil,
possibilitando às crianças o respeito aos seus ritmos e pensar na parceria com as famílias e comunidade,
sempre levando em consideração, no fazer pedagógico, o contexto territorial ao qual cada instituição faz
SDUWHeSUHFLVRWDPEpPFRQVWDQWHVUHÁH[}HVVREUHDSUiWLFDSHGDJyJLFDHVREUHDVFRQFHSo}HVHFUHQoDV
TXHID]HPSDUWHGHFDGDSHVVRDSRLVHODVVHUHÁHWHPQDVQRVVDVUHODo}HVFRPRPXQGR
É importante levar em conta o valor da democracia na construção de uma escola inclusiva. Uma escola
democrática considera que promover situações de convivência com as diversidades e diferenças contribui
para o respeito e a participação de todos nos processos de tomada de decisões, preservando, assim, os
PDLVGLYHUVRVLQWHUHVVHVHFXLGDQGRGDVUHODo}HV6HQGRDVVLP´RSURFHVVRGHPRFUiWLFRpLQFOXVLYRSRU
excelência” (BRASIL, 2006, p. 18).
Capítulo 02 | 25
Uma escola democrática pressupõe a ética, no sentido que nos traz Freire (1996), uma ética universal
GRVHUKXPDQR´pWLFDHQTXDQWRPDUFDGDQDWXUH]DKXPDQDHQTXDQWRDOJRDEVROXWDPHQWHLQGLVSHQViYHOj
convivência humana” (p. 10). Para o autor, a ética é inseparável à prática educativa em todos os níveis e não
tolera discriminação de raça, de classe, etc. É preciso, portanto, colocá-la em prática, vivê-la nas relações
FRPRVHGXFDQGRV´2UHVSHLWRjDXWRQRPLDHjGLJQLGDGHGHFDGDXPpXPLPSHUDWLYRpWLFRHQmRXPIDYRU
que podemos ou não conceder uns aos outros” (p. 25).
5HÁHWLUFULWLFDPHQWHVREUHDSUiWLFDGRFHQWHpSULPRUGLDOSDUDTXHKDMDXPDHÀFD]FRQVWUXomRGH
uma educação cada vez mais democrática. É imprescindível ao professor compreender os bebês e crianças
como seres históricos, que produzem novos conhecimentos, que são questionadores e curiosos em sua
essência; favorecer um ambiente onde impere a escuta, o respeito e o diálogo constante; entender a sua
importância enquanto o adulto de referência no ambiente educacional, que seus gestos, sua fala, suas ações
VmRFRQVWDQWHPHQWHREVHUYDGRVSHORVEHErVHFULDQoDVHWHPJUDQGHVLJQLÀFkQFLDSDUDHVWHVUHFRQKHFHU
que somos seres inacabados e que aprendemos constantemente com as crianças, compreendendo o valor
do afeto, da intuição e da representatividade.
Na escola de educação infantil, os bebês e as crianças precisam se reconhecer no ambiente em que
estão inseridos, precisam ser valorizados pelo que são e pelo que trazem na sua história, precisam ser
apoiadas na construção de um sentimento de pertencimento ao ambiente da instituição educacional, visto
que é nessa fase da vida que se dá a construção das identidades de cada bebê e criança e a ampliação do
olhar para a diversidade humana. Cruz e Cruz (2017), reitera esse sentimento de pertença e valorização dos
bebês e crianças quando fala:
´6H GHVHMDPRV TXH DV H[SHULrQFLDV YLYLGDV QR FRQWH[WR GD HGXFDomR LQIDQWLO FRQWULEXDP SDUD
alimentar em todas as crianças um sentimento de segurança e de pertencimento, de acolhimento às
suas singularidades, precisamos lhes oferecer, nas suas experiências cotidianas, elementos para se
reconhecerem e valorizarem suas peculiaridades (físicas, culturais, religiosas etc), assim como as das
demais crianças e dos adultos” (p. 78)
Na busca desse sentimento de pertencimento, nas últimas décadas, grupos da sociedade que
foram historicamente marginalizados, invisibilizados e discriminados culturalmente e nas suas formas de
ser, lutaram por igualdade de oportunidades e exigiram o compromisso com a valorização de suas
LGHQWLGDGHVHXPDHGXFDomRTXHJDUDQWLVVHVXDVHVSHFLÀFLGDGHV
As conquistas vieram em forma de leis que garantissem o comprometimento com a diversidade e
também através de discussões e estudos que priorizassem o trabalho pedagógico pautado nas diferenças na
construção de uma cultura de equidade.
Marcos legais como as leis federais nº 10.639/03 e nº 11.645/08, bem como o Estatuto da Igualdade
Racial (2010), são importantes ferramentas para garantir a representação e a valorização da identidade
sócio-racial no Brasil. Essas lutas para a garantia da representatividade nos currículos brasileiros originaram
XPDDOWHUDomRQD/HLQTXHGHÀQHD/HLGH'LUHWUL]HVH%DVHVGD(GXFDomRSDVVDQGRDVVLPHP
2003, a ser obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e, em 2008, o ensino de
História e Cultura Indígena.
No momento da construção deste documento norteador para as práticas na educação infantil no
município de Fortaleza, está em processo de aprovação o Estatuto Municipal de Promoção da Igualdade
Racial. A cidade de Fortaleza dá um passo importante no combate ao racismo com a regulamentação
GHVVH(VWDWXWRTXHHVWDEHOHFHDDSOLFDomRHDDPSOLDomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVDÀUPDWLYDVjSRSXODomRQHJUD
de Fortaleza, incluindo ações que garantem o acesso à saúde, educação e esporte, respeitando, assim, a
composição plural da nossa cidade.
E, além de tudo, é importante que o projeto para construir uma escola inclusiva e democrática esteja
FODURQD3URSRVWD3HGDJyJLFDGHFDGDLQVWLWXLomReQHFHVViULRTXHVHSURPRYDPUHÁH[}HVHGLVFXVV}HV
com a comunidade escolar sobre a importância de uma educação transformadora e inclusiva que considere
todos os sujeitos capazes de opinar, de participar, de escolher, de escutar, de respeitar e conviver com as
GLIHUHQoDVGHGLDORJDUGHWHUHPSDWLDHTXHWRGDVDVYR]HVVHMDPRXYLGDV´2VXMHLWRTXHVHDEUHDRPXQGR
HDRVRXWURVLQDXJXUDFRPVHXJHVWRDUHODomRGLDOyJLFDHPTXHVHFRQÀUPDFRPRLQTXLHWDomRHFXULRVLGDGH
como inconclusão em permanente movimento na História” (FREIRE, 1996, p. 51).
Capítulo 02 | 27
2.2 Que diversidade queremos contemplar?
Bebês e crianças negras precisam se reconhecer em histórias que valorizem os seus traços identitários,
seus ancestrais e sua cultura, pois isso proporciona um sentimento de pertença ao grupo e ao espaço que
HVWmRLQVHULGDVHUHÁHWHQRUHVSHLWRHQWUHWRGDVDVFULDQoDVeXUJHQWHHQHFHVViULDXPDHGXFDomRDQWLUUDFLVWD
Nesse movimento de repensar a escola como um ambiente de transformação social e orientar esse
trabalho, em 17 de março de 2004, o Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução 01, que institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História
e Cultura Afro-Brasileira. O referido documento reitera a importância do reconhecimento da cultura afro-
EUDVLOHLUDDRWUD]HU´5HFRQKHFLPHQWRUHTXHUDGRomRGHSROtWLFDVHGXFDFLRQDLVHGHHVWUDWpJLDVSHGDJyJLFDV
GHYDORUL]DomRGDGLYHUVLGDGHDÀPGHVXSHUDUDGHVLJXDOGDGHpWQLFRUDFLDOSUHVHQWHQDHGXFDomRHVFRODU
brasileira, nos diferentes níveis de ensino” (BRASIL, 2004, p. 12).
$HGXFDomRTXLORPERODVHFRQVWLWXLXPDSROtWLFDDÀUPDWLYDTXHYLVDUHSDUDUHFRUULJLUGHVLJXDOGDGHV
históricas que reverbera sobre a população negra do Brasil. O artigo nº 3 do Parecer nº 8 de 2012, que
À[D 'LUHWUL]HV &XUULFXODUHV 1DFLRQDLV SDUD (GXFDomR (VFRODU 4XLORPEROD WUD] D VHJXLQWH GHÀQLomR GH
TXLORPERODV´,2VJUXSRVpWQLFRVUDFLDLVGHÀQLGRVSRUDXWRDWULEXLomRFRPWUDMHWyULDSUySULDGRWDGRV
GHUHODo}HVWHUULWRULDLVHVSHFtÀFDVFRPSUHVXQomRGHDQFHVWUDOLGDGHQHJUDUHODFLRQDGDFRPDUHVLVWrQFLDj
opressão histórica”. Dessa forma, é preciso que se pense em escolas e espaços que garantam a continuidade
das práticas culturais dentro dos territórios quilombolas, valorizando a relação destes com seus próprios
modos de ver o mundo (SANTOS e SANTOS, 2017).
Segundo Lima e Silva (2019), no Ceará as comunidades quilombolas são acompanhadas pela Comissão
Estadual de Comunidades Quilombolas Rurais do Ceará (CERQUICE) e esta reconhece a existência de 70
FRPXQLGDGHV TXLORPERODV VHQGR TXH SRVVXHP FHUWLÀFDomR SHOD )XQGDomR 3DOPDUHV yUJmR IHGHUDO
([LVWHQRQRVVR(VWDGRXPDSUHRFXSDomRFRPDOXWDGDFRPXQLGDGHTXLORPERODDÀPGHFRQVROLGDUDVXD
identidade e educação baseada no respeito às singularidades dos quilombolas.
Em relação à educação indígena no Brasil, precisamos considerar a questão territorial, muito forte
nessa população. A educação dos povos indígenas precisa ser pensada a partir de onde cada um deles está
ORFDOL]DGRHGHVXDVHVSHFLÀFLGDGHVeLPSRUWDQWHDQWHVGHWXGRUHFRQKHFHUDGLYHUVLGDGHTXHH[LVWHHQWUH
as culturas dos povos indígenas, desconstruir a ideia de que os indígenas são todos iguais, comumente
retratada há tempos nas escolas. Essa forma estereotipada de apresentar os povos indígenas às crianças
contribui para perpetuação de um modelo educacional homogeneizador.
O estado do Ceará tem origem fortemente ligada aos povos indígenas, atualmente cerca de 40%
dos indígenas do Estado do Ceará são da etnia Tapeba, residentes no município de Caucaia (Grande
Fortaleza), porém grande parte dos indígenas no nosso Estado pertencem ao grupo Tremembé (IPECE,
2007). Contamos, atualmente, com 38 escolas indígenas das Redes Estadual e Municipal, distribuídas em 16
municípios para 14 etnias (SOUSA e MARTINS, 2019).
O reconhecimento dessa diversidade é essencial para colocarmos em prática o que nos traz as DCNEI
(2009) em seu artigo 8º, parágrafo 1, inciso VIII, que orienta às instituições de educação infantil a oferecer
condições para o trabalho coletivo e para a organização de espaços, materiais e tempos que assegurem a
apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos povos indígenas. É importante salientar
TXHQDV'&1(,ÀFDGHÀQLGDDDXWRQRPLDGRVSRYRVLQGtJHQDVQDHVFROKDGRVPRGRVGHHGXFDomR
de seus bebês e crianças de 0 a 5 anos de idade.
Apresentação de capoeira no
CEI Projeto Nascente
Capítulo 02 | 29
Com a diversidade de povos indígenas que constituem nosso Estado e nossa cidade, as instituições de
educação infantil podem aliar-se a esse cenário e buscar parcerias na construção de uma cultura que valorize
os saberes indígenas. Para isso, é possível organizar visitas aos territórios indígenas, introduzir no cotidiano
dos bebês e crianças as brincadeiras indígenas, histórias que valorizem suas línguas e identidades, garantir
nos ambientes das instituições de educação infantil diferentes dimensões que expressem a riqueza desses
povos, com referências indígenas do nosso Estado (artefatos, objetos, redes, artesanatos, etc), apresentando
aos bebês e crianças elementos dos distintos grupos sociais.
Ainda nessa perspectiva de diversidade e inclusão, o Brasil tem se destacado nos últimos anos na
questão migratória, temos recebido estrangeiros do mundo todo. No intuito de acolher esses novos grupos,
foi promulgada em 2017, a nova Lei da Migração nº 13.445. Além de acolher e proteger os imigrantes que
FKHJDPDRSDtVHVVDOHLJDUDQWHHPVHXDUWLJRSDUiJUDIR;9,,RGLUHLWR´jSURWHomRLQWHJUDOHDWHQomR
ao superior interesse da criança e do adolescente migrante”.
(VSHFLÀFDPHQWHQD5HGH0XQLFLSDOGH)RUWDOH]DREVHUYDVHFUHVFHQWHQDVLQVWLWXLo}HVGHHGXFDomR
infantil o aumento de matrículas de crianças que vêm de outros países. Torna-se emergencial pensar na
inclusão desses bebês e crianças nessas instituições, no acolhimento a elas e a suas famílias/responsáveis
e em formas de conviver com essa nova realidade. A inclusão dessas crianças passa pela sensibilidade dos
HGXFDGRUHVQRROKDUHQDHVFXWDDHVVDVIDPtOLDVHQDYDORUL]DomRGDVXDFXOWXUDGDVVXDVHVSHFLÀFLGDGHVH
língua materna e no acolhimento das suas histórias de vida.
2XWURGHVDÀRTXHVHDSUHVHQWDjVHVFRODVGHHGXFDomRLQIDQWLOSDUDS{UHPSUiWLFDRTXHSUHFRQL]DR
Parecer nº 20/2009 sobre o cumprimento da sua função sociopolítica e pedagógica, diz respeito à promoção
GH LJXDOGDGH GH RSRUWXQLGDGHV SDUD PHQLQRV H PHQLQDV ´ FUHFKHV H SUpHVFRODV FRQVWLWXHPVH HP
estratégia de promoção de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, uma vez que permitem às
mulheres sua realização para além do contexto doméstico” (BRASIL, 2009, p. 5).
eSUHFLVRRXYLUDVFULDQoDVUHÁHWLUHGLVFXWLUFRPRVSDUFHLURVGHWUDEDOKRDUHVSHLWRGHVVDFRPSUHHQVmR
GDVUHODo}HVHUHDÀUPDURTXHWUD]RSDUHFHUQTXDQGRUHVVDOWDDLPSRUWkQFLDGRFRPEDWHDRUDFLVPRH
DRVGLYHUVRVWLSRVGHGLVFULPLQDo}HVVHQGRQHFHVViULRFRQVWDQWHVUHÁH[}HVHLQWHUYHQo}HVQRFRWLGLDQRGDV
instituições de educação infantil ( BRASIL, 2009).
Nesse sentido, vamos caminhando para uma educação mais igualitária, onde a escola, junto às famílias/
responsáveis busquem caminhos para o respeito e a empatia. Assim também aponta o DCRC (2019):
Faz-se urgente a necessidade de reformularmos alguns hábitos, conceitos e preconceitos
naturalizados em nossa sociedade. Um dos caminhos para a construção dessa sociedade justa e com
equidade é o trabalho que a escola pode desenvolver desde a Educação Infantil. A escola precisa
assumir o seu papel na construção do desenvolvimento integral como está garantido às crianças
na LDB (1994). Por isso, é essencial que a instituição mantenha diálogo com as famílias sobre a
importância do respeito nas relações interpessoais, da autonomia e, sobretudo, que exponha uma
abordagem não sexista do conteúdo didático (p. 100).
O desenvolvimento integral da criança, ao qual o referido documento faz menção, passa também
pela discussão da Educação Inclusiva nesse cenário da diversidade. A inclusão de crianças com
GHÀFLrQFLDDOWDVKDELOLGDGHSUHFRFLGDGHH7*'HPXPDRXPDLViUHDVGRGHVHQYROYLPHQWRKXPDQR
é uma realidade no Brasil, no estado do Ceará e no munícipio de Fortaleza. São muitos anos de lutas
nesse campo para chegarmos à compreensão de equidade no atendimento a essas crianças e à garantia
dos direitos iguais para todos.
Ressaltamos que em 2015 foi sancionada a lei da inclusão, Lei 13.146/15, que entrou em vigor em
janeiro de 2016 e, dentre alguns avanços obtidos na área, estão a proibição de cobrança adicionais pelas
HVFRODVSDUDLPSOHPHQWDomRGHUHFXUVRVGHDFHVVLELOLGDGHDUHFXVDGHPDWUtFXODGHDOXQRVFRPGHÀFLrQFLD
SDVVRX D FRQÀJXUDU FULPH H R SUHFRQFHLWR FRQWUD SHVVRDV FRP GHÀFLrQFLD VH WRUQRX FULPH HP GLYHUVDV
situações (BRASIL, 2015).
Capítulo 02 | 31
A Rede Municipal de Fortaleza oferece o Atendimento Educacional Especializado (AEE),
´2VHUYLoRHVSHFLDOL]DGRGHVWLQDGRjVFULDQoDVFRPGHÀFLrQFLDVItVLFDYLVXDODXGLWLYDLQWHOHFWXDO
e crianças com transtorno global do desenvolvimento e superdotação/altas habilidades, que
complementa as vivências das crianças na sala regular e pretende atender às suas necessidades
HVSHFtÀFDVJDUDQWLQGRDFRQVWUXomRGDVXDDXWRQRPLDGHQWURHIRUDGDVHVFRODV(VVHDWHQGLPHQWR
pUHDOL]DGRHPDUWLFXODomRFRPRSURIHVVRUUHJHQWHYLVDQGRXPDSDUFHULDTXHDPSOLHDVUHÁH[}HV
e as estratégias de acompanhamento pedagógico para o desenvolvimento das competências e
habilidades sócio afetivas, intelectuais e psicomotoras das crianças no próprio contexto da Educação
Infantil” (FORTALEZA, 2016, p. 58).
'LDQWH GR GHVHQYROYLPHQWR H D DSUHQGL]DJHP VLJQLÀFDWLYD GDV FULDQoDV ´2 $(( YROWDGR SDUD DV
crianças pequenas considera, sobretudo, a importância da brincadeira e da interação para o desenvolvimento”
)257$/(=$ S 3RU WXGR GLVVR UDWLÀFDPRV TXH D HTXLGDGH p XPD SUHPLVVD JDUDQWLGD jV
crianças da educação infantil na Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), onde é mencionado que
pSUHFLVRHIHWLYDUD´LJXDOGDGHGHRSRUWXQLGDGHVSDUDLQJUHVVDUSHUPDQHFHUHDSUHQGHUQDHVFRODµFRP
foco no desenvolvimento integral das crianças.
As instituições de educação se enriquecem cada vez mais com as diferenças a medida em que estas são
valorizadas. Os educadores promovem igualdade de oportunidades quando criam condições para atender
as necessidades e características de todos, assim a diversidade representa um pilar para a construção de um
projeto coletivo.
3DUD DOpP GH RUJDQL]DU HVSDoRV H WHPSRV D ÀP GH FRQWHPSODU D GLYHUVLGDGH QDV LQVWLWXLo}HV
HGXFDFLRQDLVDSUHVHQWDVHGLDULDPHQWHXPGHVDÀRSDUDRVHGXFDGRUHVTXHpRGHURPSHUFRPSDUDGLJPDV
da sua própria educação, romper com a ideia de uma educação individualista, punitivista e competitiva,
para então começarmos uma mudança efetiva de atitudes. A transformação começa em nós! Freire (1996,
SMiGL]LD´0HPRYRFRPRHGXFDGRUSRUTXHSULPHLURPHPRYRFRPRJHQWHµ9DPRVHQWmRSDUWLU
SDUD D DomR H FRQVWUXLUPRV ´QRYDV IRUPDV GH VRFLDELOLGDGH H GH VXEMHWLYLGDGH FRPSURPHWLGDV FRP D
ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação
etária, socioeconômica, étnico-racial...” (BRASIL, 2009, p. 2).
Capítulo 02 | 33
34 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Capítulo
03
O PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO: CRIANDO
OPORTUNIDADES DE
APRENDIZAGENS E
DESENVOLVIMENTO PARA
BEBÊS E CRIANÇAS
Capítulo 03 | 35
Uns com os outros se entendendo
esclarecendo as razões
e todos juntos fazendo
suas reivindicações
por uma democracia de direito e garantia
lutando de mais a mais
são estes os belos planos
pois nos direitos humanos
nós todos somos iguais.
(O agregado e o operário – Patativa do Assaré)
Nestas últimas duas décadas, a educação infantil (EI) tem sofrido intensas transformações de
concepções no que se refere à legislação para essa etapa, às pesquisas e estudos em relação a como as
crianças aprendem e se desenvolvem, assim como qual o papel do(a) docente que atua com bebês e crianças.
Além disso, é claro, existe uma busca e mobilização pela garantia de políticas públicas que respeitem os
direitos da infância brasileira e ofertem uma educação infantil de qualidade, inclusiva e democrática.
É importante sempre lembrar que a EI é a mais jovem das etapas da educação básica, o que envolve
uma novidade também na forma como pensamos os mais diversos aspectos e temas que envolvem a
educação e os cuidados de bebês e crianças em espaços não domésticos, como por exemplo, a questão do
planejamento pedagógico. Quando pensamos no ato de planejar, na EI, temos que considerar uma série de
aspectos objetivos (estrutura física, materiais, quantidade de adultos por criança etc.) e subjetivos (crenças,
valores e concepções) que ajudam a constituir o objetivo desse planejamento, a saber:
(VVHREMHWLYRWHPSRUEDVHDVFRQFHSo}HVH[SUHVVDVHPGRFXPHQWRVRÀFLDLVDWXDLV%5$6,/H
2017; CEARÁ, 2019) que sustentam o planejar nessa etapa da educação básica e ressaltam o papel dos(as)
SURIHVVRUHVDVQDVDo}HVFRQWtQXDVGHUHÁHWLUDPSOLDUHWUDQVIRUPDUDVFRQFHSo}HVTXHIXQGDPHQWDPD
VXDSUiWLFDSHGDJyJLFDMXQWRDRVEHErVHjVFULDQoDVUHFRQKHFHQGRDVHVSHFLÀFLGDGHVGDLQIkQFLDHGD(,
Neste documento, expressamos princípios como fundamentos das ações pedagógicas propostas na
Rede Municipal de Fortaleza, a saber: éticos, políticos, estéticos, da diversidade, da globalidade e da autonomia,
TXH SUHFLVDP VHU FRQVLGHUDGRV QR SODQHMDPHQWR SHGDJyJLFR $OpP GLVVR UHDÀUPDPRV DV LQWHUDo}HV
e a brincadeira como eixos estruturantes dos modos de organização das experiências com as crianças a
partir do arranjo curricular em campos de experiências que concretizam os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento sustentados em práticas sociais sistematizadas por meio dos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento de cada grupo etário.
No cotidiano dos bebês e das crianças na instituição de educação infantil, as interações e a brincadeira
devem ser concebidas como os eixos estruturantes nas práticas pedagógicas que promovem os seis direitos
de aprendizagem e desenvolvimento da criança: conviver, brincar, participar, explorar, expressar
e conhecer-se%5$6,/,VVRpXPFRPSURPLVVRÀUPDGRQDFLRQDOPHQWHHQDQRVVDFLGDGHFRP
as crianças da EI, que precisa ser considerado pelos(as) professores(as) na organização do planejamento
pedagógico, perpassando todas as ações pedagógicas, de modo a promover o bem-estar, a aprendizagem e
o desenvolvimento integral de bebês e crianças.
No planejamento é necessário considerar a organização curricular apresentada na BNCC (BRASIL,
2017), que estabeleceu cinco campos de experiências, os quais integram as propostas a serem planejadas
e desenvolvidas. Os campos de experiências enfatizam os diversos modos de pensar e agir das crianças. São
eles:
• O eu, o outro e o nós - é um conjunto de práticas sociais que possibilitam à criança ampliar o modo
de perceber a si mesma e ao outro, valorizando sua identidade, respeitando os outros e reconhecendo as
diferenças que nos constituem como seres humanos, pois é na interação com o outro que ela constrói os
seus modos de agir, sentir e pensar e compreende que há modos diferentes de vida, ampliando seu olhar
SDUDR´QyVµHDH[LVWrQFLDGHXPDPELHQWHVRFLDOSDUDDOpPGRVTXHOKHVVmRIDPLOLDUHV
• Corpo, gestos e movimentos - explicita que é através de seu corpo, dos seus gestos e do movimento
TXH D FULDQoD SURJUHVVLYDPHQWH FRQKHFH D VL DR RXWUR H DR PXQGR GH IRUPD EDVWDQWH VLJQLÀFDWLYD
Esses elementos são centrais na prática pedagógica dessa etapa e, portanto, o(a) docente que reconhece
tal importância, utiliza-se desse campo nas mais diversas propostas, buscando ampliar os repertórios de
consciência corporal, cuidados e experimentações de cada criança.
• Traços, sons, cores e formas - encontramos a importância sobre o desenvolvimento estético,
criativo, reconhecimento crítico do mundo e de si através da exploração de múltiplas linguagens e diferentes
formas de expressão, o que contribui para o desenvolvimento da sensibilidade, autoria e autonomia, além da
aquisição, ampliação de repertório da cultura local e, principalmente, a produção das práticas culturais que
emergem nas interações das crianças.
• Escuta, fala, pensamento e imaginação - diz respeito às diferentes formas de comunicação da
criança e à progressiva aquisição e ampliação das linguagens, vocabulários e formas de expressão. Práticas
de escuta entre crianças e adultos, rodas de histórias e a imersão na cultura escrita se fazem presentes nesse
campo.
Capítulo 03 | 37
• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações - tem relação com as diversas
experiências do mundo físico e social; orientações no tempo e espaço; noções de quantidades, medidas,
conhecimento de numerais etc. Ao interagir com os seus pares e professor(a), observar e explorar variados
materiais, as crianças têm a possibilidade de pensar sobre o mundo natural e social e viver de modo integrado
experiências relacionadas a esse campo.
Os campos de experiências são uma escolha para a
PARA SABER MAIS! organização das experiências já expressas nas DCNEI (BRASIL,
OLIVEIRA, Zilma M. R. Campos de 2009) no artigo 9º, de promover os direitos de aprendizagem e
GHVHQYROYLPHQWR(VVDGLVSRVLomRPRGLÀFDDPDQHLUDGHSODQHMDU
experiências: Efetivando direitos e
contribui na percepção da criança em sua inteireza, permite a
aprendizagens na Educação Infantil. ÁH[LELOLGDGHQHFHVViULDSDUDDYDORUL]DomRGDVFXOWXUDVLQIDQWLV
MEC, 2018. SP: Fundação Santillana; DVVLPFRPRDFROKHP´RVPXQGRVFRWLGLDQRVGHH[SHULrQFLDVµ
de meninas e meninos (ZUCCOLI, 2015).
Nesse arranjo curricular, a intencionalidade pedagógica
atribui sentidos a essa organização, distanciando-se de uma visão que prioriza os conhecimentos prontos,
possibilitando práticas abertas às iniciativas das crianças. Além disso,
podem subsidiar as práticas das crianças isoladamente ou reunindo os objetivos de um ou mais
campos e envolvem todos os momentos da jornada (diária e semanal) das crianças na Educação
Infantil, incluindo o acolhimento inicial, o momento das refeições, a participação no planejamento
das atividades, as festividades e os encontros com as famílias, as atividades de expressão, investigação
e brincadeiras (OLIVEIRA, 2018).
Queremos enfatizar que o trabalho pedagógico organizado por campos de experiências convoca
o(a) professor(a) a considerar em seu planejamento espaços de fala e de escuta, em que as crianças possam
se expressar por meio dos seus afetos, desejos, curiosidades e saberes. Dessa forma, observamos que os
aspectos socioemocionais envolvidos nas aprendizagens possibilitadas por essas experiências favorecem
o autoconhecimento, a autorregulação, as habilidades de se relacionar, a consciência social e a
tomada de decisões de forma responsável (COLAGROSSI; VASSIMON, 2017).
As referidas autoras indicam que esses aspectos são um dos fatores de proteção para o desenvolvimento
do indivíduo. Tais aspectos não devem ser vistos de forma fragmentada e nem como algo distante das
práticas sociais vivenciadas nas instituições de educação infantil. É preciso compreender os aspectos
socioemocionais de forma global, necessários para a construção da identidade humana, como algo que não
pRSFLRQDOHGHFDUiWHUSUHVFULWLYRDSUR[LPDQGRVHGHXPDYLVmRIDQWiVWLFDVREUHVHXV´HIHLWRVµQDYLGDGDV
crianças em um futuro a ser vivido.
Queremos, portanto, realçar que em cada direito de aprendizagem e desenvolvimento, em cada
campo de experiências, em cada aprendizagem essencial expressa pelos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento e nas práticas sociais propostas a serem vivenciadas com bebês e crianças na educação
infantil, os aspectos socioemocionais estão integrados, pois entendemos a criança como um ser completo
e com aprendizagens indivisíveis, sem hierarquização valorativa do que pode ser aprendido, assim como
compreendemos que esses aspectos permeiam o cotidiano das escolas de educação infantil. Ressaltamos que
FDGDJUXSRHWiULRWHPVXDVHVSHFLÀFLGDGHVHTXHRVDVSHFWRVVRFLRHPRFLRQDLVSUHFLVDPVHUFRPSUHHQGLGRV
respeitando suas características e necessidades. Por exemplo, trabalhar o conhecer-se (autoconhecimento)
com um bebê nos leva a criar situações que vão desde reconhecer quando é chamado pelo seu nome até
DH[SORUDomRGDLPDJHPGHVHXFRUSRQRHVSHOKRRXRUHFRQKHFLPHQWRGHVLHGHVXDVÀJXUDVGHDIHWR
HPIRWRJUDÀDV-iFRPDVFULDQoDVPDLRUHVRDXWRFRQKHFLPHQWRYDLHVWDUUHODFLRQDGRDSRUH[HPSORXP
LPSRUWDQWHREMHWLYRFRORFDGRQD%1&&TXHpR´DJLUGHPDQHLUDLQGHSHQGHQWHFRPFRQÀDQoDHP
suas capacidades, reconhecendo conquistas e limitações (no campo de experiências O eu, o outro e o nós).
Assim é a processualidade que se constrói nos anos da EI.
Capítulo 03 | 39
Esses objetivos não são metas a serem alcançadas, mas, sim, possibilidades na organização da ação
docente e abrangem processos de construção de conhecimentos mediante práticas sociais vividas por bebês
e crianças nos contextos de EI.
e LPSRUWDQWH FRQVLGHUDU TXH RXWURV REMHWLYRV SRGHP VHU GHÀQLGRV SHODV LQVWLWXLo}HV GH HGXFDomR
infantil, resguardados os cuidados com a coerência destes aos campos de experiências e aos direitos de
conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se de meninos e meninas.
'HVVD IRUPD D (, GD 5HGH 0XQLFLSDO GH (QVLQR GH )RUWDOH]D DSUHVHQWD D ÀJXUD D VHJXLU FRPR
representação desses processos integrados via planejamento:
CAMPOS DE
EXPERIÊNCIAS
Direitos de aprendizagem e
Direitos de aprendizagem e
INTERAÇÕES E desenvolvimento: organizam e
desenvolvimento: conhecer-se, potencializam as 12 experiências
BRINCADEIRAS
brincar, conviver, participar, (art. 9º das DCNEIs) e outras
expressar e explorar propostas de modo a garantir is
direitos nas práticas cotidianas
Capítulo 03 | 41
Essa cena, nos remete a uma concepção de criança como um indivíduo competente e construtor
de cultura na interação com o meio e com os pares e evidencia, ainda, a existência de uma docente co-
construtora de possibilidades, o que requer uma intencionalidade pedagógica coerente com essa imagem
potente da infância, para a garantia de pluralidade de situações, de modo a promover o desenvolvimento
pleno das crianças.
Para isso, a intencionalidade pedagógica se apresenta na organização e proposição de experiências,
que oportunizam aos bebês e às crianças conhecerem a si e ao outro, relacionarem-se com a natureza, com a
FXOWXUDHFRPDSURGXomRFLHQWtÀFDSRUPHLRGHSUiWLFDVVRFLDLVGLYHUVDVGHEULQFDGHLUDVH[SHULPHQWDo}HV
com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas (BRASIL, 2017).
Na cena retratada, percebemos que a intencionalidade docente não se sobrepõe à ação das
crianças QDVH[SHULrQFLDVTXHUHDOL]DUDPQRFRWLGLDQRPDVVLPDFRQVLGHURXFRPRE~VVROD,VVRVLJQLÀFD
pensar e agir na organização de tempos, espaços, materiais, para que os meninos e as meninas experienciem
situações diversas, que respeitem os objetivos e as intenções que estes constroem, sozinhos, com seus pares
ou com seus(as) professores(as). Nesse sentido, é preciso que os(as) professores(as) acolham os saberes
das crianças, relacionando-os com os conhecimentos construídos ao longo da história humana. Acolher
interesses, saberes, curiosidades e intenções das crianças é o elemento basilar da intencionalidade
pedagógica do docente na educação infantil, pressupondo uma perspectiva em que a criança é o centro
do planejamento curricular (BRASIL, 2009).
O planejamento pedagógico precisa ser vivo, dialogar com as necessidades e os interesses dos sujeitos
envolvidos e manter uma relação entre os diferentes momentos. Para dar conta da complexidade e das
HVSHFLÀFLGDGHVGHVVDDomRRDSURIHVVRUDSUHFLVDFRQVLGHUDUTXHRSODQHMDPHQWR
• Norteia o fazer cotidiano e está aberto ao inusitado;
• Possibilita experimentar novas ideias a partir da observação e da escuta dos interesses
dos bebês e das crianças;
• 6XVFLWDUHÁHWLUVREUHDSUiWLFDGRFHQWHH
• Permite revisitar, redimensionar e/ou continuar o desenvolvimento de ações educativas
TXHVHMDPVLJQLÀFDWLYDVSUD]HURVDVHGHVDÀDGRUDVSDUDEHErVHFULDQoDV
Com isso, além de enriquecer as práticas desenvolvidas para e com as crianças no cotidiano da
instituição educativa, considerar os referidos aspectos no planejamento pedagógico, potencializa o saber e
o fazer pedagógico do(a) professor (a).
PLANEJAMENTO
REGISTRO
REFLEXÃO INTERAÇÕES
OBSERVAÇÃO
A relação dialógica entre esses elementos é resultante da ação contínua do aprimoramento da prática
SHGDJyJLFDTXHpVREUHWXGRXPFRPSURPLVVRSURÀVVLRQDOGRDSURIHVVRUDHGRVDVJHVWRUHVDVHP
garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de bebês e crianças nas creches e pré-escolas de
Fortaleza.
Embora sabendo da interligação entre eles, nos deteremos, a seguir, em cada um:
• Registro: Refere-se ao ato de registrar os percursos escolhidos pelo(a) professor(a) para a
busca por garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento (BRASIL, 2017), articulado e
UHWURDOLPHQWDGRSRUPHLRGRVGLIHUHQWHVUHJLVWURVGRFRWLGLDQRIRWRVÀOPDJHQVDQRWDo}HVGDV
falas, dos gestos e diálogos das crianças).
O registro do planejamento pedagógico representa escolhas, revela os pensamentos, ações e teorias,
tanto do(a) professor(a) quanto das crianças. Assim, sua organização decorre da observação e da escuta dos
saberes dos bebês e das crianças, bem como dos seus interesses e curiosidades, evidenciados através das
interações e brincadeira vividas na turma e da articulação com os conhecimentos culturais já sistematizados
(BRASIL, 2009) para ampliar os seus saberes.
O planejamento pode se constituir como um conjunto de diferentes registros pensados a curto, médio
e longo prazos, por exemplo, numa perspectiva ampliada, como projetos pedagógicos e sequências didáticas,
H QR GHWDOKDPHQWR GR FRWLGLDQR FRPR D RUJDQL]DomR GLiULD RV WHPSRV SHUPDQHQWHV H GLYHUVLÀFDGRV H
RXWURV$LQGDGHYHVHUHVSHFLÀFDGDDRUJDQL]DomR
• do tempo, que diz respeito, fundamentalmente, ao desenvolvimento das ações, ao ritmo de cada
criança e a continuidade das suas experiências;
• dos materiaisTXHFRQVLVWHQDVHOHomRYDULHGDGHHTXDQWLGDGHVXÀFLHQWHSDUDTXHFDGDFULDQoD
tenha a oportunidade de realizar suas experimentações e acordos necessários;
Capítulo 03 | 43
• dos espaços, que equivale aos ambientes interno e externo à sala de referência da criança, como
a biblioteca, o pátio, o jardim, a quadra esportiva e outros; e
• dos agrupamentos nas diferentes atividades e nos modos de organização, que corresponde
à formação de pequenos grupos, duplas ou coletivo que levem em conta critérios resultantes da
observação do(a) professor(a) ou que derivem da decisão das crianças.
Os registros devem organizar as experiências que bebês e crianças podem viver no cotidiano das
instituições de EI, assegurando que todos os campos de experiências sejam possibilitados de forma articulada
HVLJQLÀFDWLYD
• 5HÁH[mR UHODFLRQDVH j DQiOLVH GH XPD VLWXDomR SHGDJyJLFD D ÀP GH LQWHUSUHWDU DSUHQGHU H
WUDQVIRUPDU DV VXDV Do}HV H[SUHVVDQGR R TXH VH SUHWHQGH $ UHÁH[mR IXQGDPHQWD DV GHFLV}HV
DVHUHPWRPDGDVHDVPRGLÀFDo}HVQHFHVViULDVSDUDVHDGHTXDUjVQHFHVVLGDGHVGDVFULDQoDVHD
buscar a garantia cotidiana dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento (BRASIL, 2017). O
SURFHVVRUHÁH[LYRDMXGDRDSURIHVVRUDDRUJDQL]DURSHQVDPHQWRSDUDUHSODQHMDUH[SHULrQFLDV
interessantes para as crianças. Esse aspecto é um dos componentes fundamentais do processo
de avaliação contemplando também as condições ofertadas nos ambientes mobilizadores das
aprendizagens na EI. Frente a isso, o(a) professor(a) precisa analisar as situações do cotidiano,
WDQWRLQGLYLGXDOPHQWHFRPRGHIRUPDFRPSDUWLOKDGDFRPDJHVWmRHVHXVSDUHVUHÁHWLQGRDSUiWLFD
na ação e sobre a ação (SHÖN, 2000).
Capítulo 03 | 45
Relembramos a cena da turma do Infantil II, em que as ações de registrar, interagir, observar e
UHÁHWLU VmR SHUFHELGDV j PHGLGD TXH D SURIHVVRUD YDL UHVVLJQLÀFDQGR D SDUWLFLSDomR RX QmR GDV FULDQoDV
nas situações que ela propõe ao longo da própria interação dela com o grupo. Isso ajuda a entender que o
movimento destas ações não acontece de forma linear, mas sim de forma concomitante.
Considerar estes e outros aspectos no planejamento na educação infantil ajuda a romper com propostas
de ensino e aprendizagem baseadas: no espontaneísmo (em que o(a) professor(a) deixa as crianças sem
QHQKXPDPHGLDomRQRDXWRULWDULVPRHPTXHRDGXOWRpTXHPGHÀQHWRGDVDVDo}HVVHPDHVFXWDGDV
crianças e famílias) e na transmissão de conteúdo (em que o foco da escola é apenas transmitir conteúdos
para as crianças).
O próprio ato de escolher a forma de planejar é um ato político, ético, estético, que expressa as
compreensões do(a) docente em relação a autonomia, ao respeito a diversidade e a globalidade dos modos
como bebês e crianças aprendem e se desenvolvem. Nenhum planejamento traz em si próprio neutralidade,
toda escolha na forma (como) e no conteúdo (o quê) ao planejar traz em si uma imagem de criança, de
aprendizagem, de educação, de professor(a) e de ser humano (OSTETTO, 2012).
$OpP GRV TXDWUR HOHPHQWRV GLVFXWLGRV DFLPD TXH HQJOREDP HVVD LGHLD GH SODQHMDPHQWR UHÁH[LYR
destacamos que os(as) professores(as) da Rede Municipal de Fortaleza, ao pensarem na organização do
FRWLGLDQRSHGDJyJLFRGDVFULDQoDVHVWmRUHDOL]DQGRXPD´GLGiWLFDGRID]HUµFRQVLGHUDQGRRVSULQFtSLRVGD
/XGLFLGDGHGD&RQWLQXLGDGHHGD6LJQLÀFDWLYLGDGH (BONDIOLI e MANTOVANI, 1998).
Capítulo 03 | 47
Considerando não apenas a atividade proposta
para o Tempo de chegada, mas todas as
decorrências que esse projeto de trabalho
acabou tomando, é possível perceber que todos
os campos foram mobilizados:
• O eu, o outro e o nós (diálogo com a turma
nas negociações e redimensionamento das
ações, observação dos elementos);
CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS • Corpo, gestos e movimentos (brincadeiras
com os elementos, banho nas pedras);
(BNCC e Artigo 9º das DCNEI)
• Traços, sons, cores e formas (desenhos a
partir da observação dos elementos);
• Escuta, fala, pensamento e imaginação
(diálogos com o grupo);
• Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações (exploração dos elementos
da natureza, especialmente as pedras).
Capítulo 03 | 49
3.3 Organizando e ampliando possibilidades
Considerando, ainda, que os bebês e as crianças ampliam suas experiências conforme a riqueza das
vivências propostas (GANDINI, 1999) e que todo o tempo na instituição envolve o cuidar e o educar, a
Rede Municipal de Fortaleza propõe que sejam assegurados cotidianamente os tempos permanentes
H RV WHPSRV GLYHUVLÀFDGRV nas instituições de educação infantil. Os tempos permanentes referem-
se aos momentos da rotina que não podem faltar no dia a dia dos bebês e das crianças, enquanto os
WHPSRVGLYHUVLÀFDGRV são construídos pelos(as) professores(as), a partir da observação dos interesses e
necessidades dos bebês e das crianças e do cotidiano da instituição. Eles se complementam numa rotina que
respeita os interesses e as necessidades das crianças.
Ressaltamos que a perspectiva de trabalhar com tempos permanentes na rotina da turma não
VLJQLÀFD D H[FOXVmR GH RXWUDV H[SHULrQFLDV HP RXWURV WHPSRV GLYHUVLÀFDGRV, ao contrário, amplia as
possibilidades de oportunidades de viver situações necessárias e importantes para as crianças. Outra questão,
é que uma mesma possibilidade de linguagem/experiência pode ser vivenciada em tempos permanentes e
GLYHUVLÀFDGRV
O desenho,SRGHWDQWRVHFRQVWLWXLUHPXPWHPSRGLYHUVLÀFDGRHSHUPDQHFHUQDURWLQDGDWXUPD
por um certo período de tempo, conforme a necessidade diante de um projeto pedagógico, uma sequência
didática que a turma esteja vivenciando, ou pode ser realizado como proposta no tempo do brincar,
ao ser disponibilizado para a turma e explorado pelas crianças livremente ou fazer parte do tempo de
alimentação ao convidar a turma a registrar com desenhos as frutas que experimentaram pela primeira vez
na hora do lanche da escola. Outro exemplo pode ser considerado a partir da cena apresentada inicialmente,
pois a professora do Infantil II organiza, dentro do tempo permanente Roda de Conversa, um debate
VREUHDYLYrQFLDGDH[SORUDomRGRVPDWHULDLVFRPÁH[LELOL]DomRRSRUWXQL]DQGRPRPHQWRVGHbrincar livre
ao perceber esse desejo nas crianças do seu grupo.
1DFRQVWUXomRGRTXHLUiDFRQWHFHUQRVWHPSRVSHUPDQHQWHVHGLYHUVLÀFDGRVRDSURIHVVRUDGHYHUi
criar oportunidades de interações e brincadeira através de diferentes modos de organização da prática
pedagógica, como: projetos pedagógicos, sequências didáticas, além de outras atividades eventuais,
em que as crianças tenham a oportunidade de interagir e se expressar por meio de variadas linguagens. Vale
esclarecer que tanto os tempos propostos como os modos de organizar o cotidiano de bebês e crianças
sustentam-se nas doze experiências expressas no Artigo 9º das DCNEI (BRASIL, 2009), nos direitos de
aprendizagem e desenvolvimento apontados na BNCC(BRASIL, 2017) e nos princípios desta Proposta
Curricular.
Dessa forma, destacamos duas modalidades de organização do cotidiano pedagógico que devem ser
favorecidas na EI.
Capítulo 03 | 51
3.3.2 Sequências didáticas
$SDUWLUGDVUHÁH[}HVHREVHUYDo}HVUHDOL]DGDVSHORDSURIHVVRUDIXQGDPHQWDGDVHPVHXVUHJLVWURVGR
cotidiano, compreendemos que os modos de organização das experiências junto às crianças podem realizar-
se em diferentes tempos e estes podem ser organizados também a partir do planejamento de sequências
didáticas. A sequência didática implica na organização de um conjunto de vivências sequenciais, articuladas
HGHFDUiWHUSURJUHVVLYRSRLVDRORQJRGDVH[SHULrQFLDVRVREMHWLYRVGLGiWLFRVGHYHPVHFRPSOH[LÀFDUQmR
no sentido de se tornar mais difícil ou de confundir, mas de sistematizar as relações entre os conhecimentos,
saberes e experiências, ampliando-as.
Além disso, a proposta de uma sequência didática na educação infantil pressupõe a intenção de
promover o entrelaçamento entre os direitos de aprendizagem e os campos de experiências, encadeando
espiralando os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento necessários a uma respectiva faixa etária.
(VVHPRGRGHRUJDQL]DomRGRWUDEDOKRSHGDJyJLFRWDPEpPGHÀQHXPSHUtRGRSDUDRGHVHQYROYLPHQWR
das vivências e se concretiza por meio de módulos continuados, que se constituem em etapas com
demarcação de objetivos didáticos, requisitos para as vivências seguintes. Os módulos continuados precisam
ser comunicados às crianças e iniciados por meio de uma vivência que convide a turma a co-construir e a
compreender o passo a passo do que pode ser vivido por todos.
No início da sequência e na transição entre os módulos é primordial que se realize um mapeamento
dos conhecimentos prévios da turma e autoavaliação das ações didáticas, de forma a assegurar possibilidades
de ampliação do repertório dos bebês e das crianças em articulação e continuidade com as etapas seguintes.
Vale lembrar que as sequências didáticas envolvem uma temática relacionada às curiosidades e interesses
GDVFULDQoDVHPFRQÁXrQFLDFRPRVREMHWLYRVGLGiWLFRVHVSHFtÀFRVGDTXHODIDL[DHWiULDHDJUXSDPHQWR
Essas formas de organizar o cotidiano no planejamento pedagógico reconhecem, produzem diferentes
ROKDUHVFRQVWLWXLQGRVHXPDSROLIRQLDGHYR]HVHGHHVFXWDDWHQWDjVHVSHFLÀFLGDGHVGDVLQIkQFLDVWRUQDQGR
R SODQHMDPHQWR SHGDJyJLFR VLJQLÀFDWLYR FRQWH[WXDOL]DGR SDUD RD SURIHVVRUD PDV IXQGDPHQWDOPHQWH
para os bebês e as crianças. Na Rede Municipal de Fortaleza aspiramos que o professor de EI, em parceria
FRP RV RXWURV SURÀVVLRQDLV GD LQVWLWXLomR VH ODQFH QXPD EXVFD FRQVWDQWH GH DSHUIHLoRDPHQWR GR ID]HU
SHGDJyJLFRTXDOLÀFDQGRRSODQHMDPHQWRGHVXDSUiWLFD
Entendemos que ao pensar o planejamento pedagógico do cotidiano de cada turma, para além
dos aspectos que foram dialogados neste capítulo, os(as) professores(as), em parceria com a gestão da
instituição, devem organizar ambientes de aprendizagens e desenvolvimento que primam por materiais,
espaços (internos e externos à sala de referência), interações e tempos que colaborem para que todo o
protagonismo de bebês e crianças seja expressado e potencializado.
PENSANDO E
TRANSFORMANDO
ESPAÇOS, TEMPOS,
MATERIAIS E INTERAÇÕES
Outro documento a ser considerado na estruturação dos ambientes são as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil/DCNEI (2009), que enfatizam alguns aspectos importantes: a
indissociabilidade dos processos de educar e cuidar, o desenvolvimento integral da criança, a escuta e a
SDUFHULD FRP D IDPtOLD H FRP D FRPXQLGDGH D ÀP GH JDUDQWLU XPD JHVWmR GHPRFUiWLFD H D YDORUL]DomR
dos saberes locais, o respeito a individualidade das crianças e a promoção das interações entre crianças da
mesma idade e de idades diferentes, os deslocamentos, os espaços internos e externos, a acessibilidade e a
representatividade nos espaços das instituições de educação infantil.
&RPSUHHQGHVHHQWmRTXHRDPELHQWHQmRpPHUDPHQWHItVLFRHOHUHÁHWHDVFRQFHSo}HVGHFULDQoDGH
LQIkQFLDGHHGXFDomRLQIDQWLOHFRPRRVSURÀVVLRQDLVTXHDWXDPQHOHHQWHQGHPFRPRVHGiDDSUHQGL]DJHP
nessa etapa da educação. Assim, entende-se que o espaço na educação infantil está para além da estrutura
física. Essa compreensão nos leva a um conceito mais amplo de ambiente. Segundo Forneiro (1998, p. 232-
´HVSDoRµVHUHVWULQJH´>@DRHVSDoRItVLFRRXVHMDDRVORFDLVSDUDDDWLYLGDGHFDUDFWHUL]DGRVSHORV
objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração”. No que se refere ao termo ambiente, é
R´>@FRQMXQWRGRHVSDoRItVLFRHDVUHODo}HVTXHVHHVWDEHOHFHPQRPHVPRDIHWRVDVUHODo}HVLQWHUSHVVRDLV
entre as crianças, entre crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto)”. Partindo dessas
Capítulo 04 | 55
FRQFHSo}HVHFRUURERUDQGRFRP%DUERVDSSRGHVHDÀUPDUTXH´DLQWHQFLRQDOLGDGHSHGDJyJLFD
transforma espaços físicos em ambientes”.
Diante disso, é de suma importância o olhar atento do educador para os diversos espaços da instituição
(salas de convivência, pátio, banheiros, refeitório, parque e outros). A observação o ajudará a pensar os
espaços de modo a atender as necessidades e interesses dos bebês e das crianças que neles se encontram,
bem como pensar nas possíveis interações que neles podem ocorrer.
Considerando que todos os espaços e materiais dentro da instituição de educação infantil devem ser
intencionalmente planejados, é inconcebível priorizar um espaço em detrimento de outros, como bem
nos alerta Horn (2004), pontuando que não existem espaços mais nobres. A intencionalidade com a qual
o educador planeja todos os ambientes de aprendizagem, além de considerar materiais, espaços, tempos e
interações deve atentar para a ampliação das experiências dos bebês e crianças, para as suas competências,
garantir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, bem como ter clareza quanto aos objetivos de
aprendizagem para cada etapa da educação infantil, descritos na Base Nacional Comum Curricular/BNCC
(2017).
Para planejar os materiais, os espaços e os tempos que irão compor os ambientes da instituição da
educação infantil, é preciso compreender as relações que esses ambientes são capazes de produzir e como
essas relações subsidiarão as aprendizagens dos bebês e crianças que estão nesses ambientes. O espaço
precisa ser pensado para promover os encontros entre grupos de crianças, entre elas e os adultos, para que
tenham diversas oportunidades de compartilhar com o grupo ou a sua individualidade respeitada.
Zingoni (2018) esclarece que:
Quando o projeto do espaço é capaz de acolher as diversidades, não depende de esquemas rígidos
em relação à faixa etária, mas oferece um grande leque de oportunidades difusas em que cada
individualidade encontra espaço, reconhecimento e possibilidades abertas de ação e de relação. O
ambiente é percebido como elemento de interação e é decisivo para a qualidade das relações, de
todas as relações, entre crianças, entre crianças e adultos e entre adultos, compreendidas como entre
educadores e pais (p. 56).
Além disso, os ambientes na educação infantil precisam ser estruturados de acordo com o que nos
traz o Documento Curricular Referencial do Ceará/DCRC (CEARÁ, 2019): precisam ser aconchegantes,
GHVDÀDGRUHVVHJXURVRUJDQL]DGRVOLPSRVHERQLWRVJDUDQWLUXPDRUJDQL]DomRIXQFLRQDOSDUDDUHDOL]DomR
das experiências (materiais próximos dos locais necessários); ambientes acessíveis para as crianças e adultos
FRP ORFRPRomR UHGX]LGD FRQVLGHUDU DV LQWHUDo}HV HP JUXSRV GXSODV RX LQGLYLGXDO VHU PRGLÀFDGR
conforme necessidades, interesses e grupos etários das crianças.
nessa construção?
Capítulo 04 | 57
No que se refere aos tempos permanentes, a
Secretaria Municipal da Educação orienta a organização
PARA SABER MAIS! do planejamento do cotidiano em seis tempos – tempo
6REUHDFRQÀJXUDomRGRVWHPSRVGDURWLQD de chegada, de brincar, de alimentação e higiene, de
proposta para as Instituições de Educação roda de história, de roda de conversa e saída.
Infantil da Rede Municipal de Fortaleza, Os tempos de chegada e saída são caracterizados
leia o capítulo 3: O planejamento pelo acolhimento a bebês e crianças no início da jornada
pedagógico: criando oportunidades de e na despedida. Por ser um momento de trânsito das
crianças e suas famílias, faz-se necessário que o ambiente
aprendizagens e desenvolvimento para
esteja organizado de forma a envolver o agrupamento,
bebês e crianças (p. 27) possibilitando livre escolha dos espaços e materiais,
que poderão estar organizados em áreas circunscritas,
seções ou cantinhos.
O tempo de brincar é compreendido como uma oportunidade de brincar livremente, seja na sala,
no pátio, no parque, na área verde ou em outros espaços. No entanto, é imprescindível que o professor
promova ambientes brincantes e que tenha intencionalidade pedagógica, oferecendo oportunidades
aos bebês e crianças de realizarem escolhas, seja de materiais, parceiros ou enredos, podendo exercer o seu
protagonismo.
É a partir da sua ação com os objetos e na interação com seus pares e com outros adultos que as
FULDQoDV DPSOLDP R VHX UHSHUWyULR GH H[SHULrQFLDV H UHHODERUDP IRUPDV GH UHSUHVHQWDU H UHVVLJQLÀFDU D
realidade em suas brincadeiras. Ressalta-se a compreensão de que os bebês e as crianças se comunicam
através das múltiplas linguagens e, portanto, não terem se apropriado, ainda, da linguagem oral, não os
impede de se comunicarem.
Sendo um dos direitos de aprendizagem, um dos eixos do trabalho pedagógico da educação infantil,
junto com as interações, torna-se evidente que a brincadeira atravessa todos os campos de experiências
e contextualiza vários objetivos de aprendizagem. Dada essa relevância, é primordial que o brincar seja
priorizado ao se planejar ambientes, tempos e materiais.
Nessa perspectiva, é relevante que o professor considere o contexto de sua turma: a faixa etária em
que se encontram os bebês, as crianças e suas diversidades, as brincadeiras mais próximas a sua vivência
cultural, os gostos e os interesses, para que se determine quais brinquedos, equipamentos e materiais devem
estar disponíveis no ambiente em que estão inseridos. Considerando isso, ressalta-se que a variedade de
PDWHULDLVHDVDPELrQFLDVGLIHUHPGHDFRUGRFRPDIDL[DHWiULDHDGLYHUVLGDGHLQVHULGDQHOD´$OLVWDGH
EULQTXHGRVHPDWHULDLVDSURSULDGRVDRDPELHQWH>@SRGHVHUTXDVHLQÀQLWD3UDWLFDPHQWHTXDOTXHUFRLVD
que você considera segura e interessante pode se tornar um instrumento de aprendizado para crianças
pequenas.” (GOZALEZ-MENA, EYER, 2014, p. 268).
O tempo da roda de história é um momento de apreciação, fruição, ampliação de repertório literário,
de contos de tradição oral e oportunidade de contato com o mundo da leitura e da narração oral. Como
um tempo permanente, deve ser pensado, planejado e organizado tempos, espaços, materiais e as interações
para as mais diversas situações. Organizar boas situações de leitura e narração de história é sinônimo de criar
hábitos para adquirir o comportamento leitor, ampliar vocabulário, instigar a curiosidade, a imaginação, a
memória e a percepção da diferenciação entre a oralidade e a escrita.
Assim como a leitura – que deve ser realizada todos os dias – a narração oral também é uma atividade
permanente na educação infantil. Ler e contar histórias são ações diferentes e é necessário explicitar isso às
crianças. Deve-se sempre deixar claro para elas quando será lida ou contada uma história. Por exemplo: ao
ler uma história, o(a) professor(a) sempre utilizará um livro, fará a predição (apresentando o autor, ilustrador,
editora, instigando a curiosidade sobre o que pode haver na história, etc.) e anunciará que fará uma leitura
(lendo tal qual como está escrito no livro). Já na narração oral – que pode ter como fonte de inspiração
um livro ou contos de tradição popular – deve-se informar à criança a fonte de inspiração e anunciar que a
história será contada com as próprias palavras do(a) professor(a) (FONSECA, 2012).
No caso da leitura, o(a) professor(a) deverá selecionar o livro a ser lido atentando para a faixa etária.
Nas crianças de 0 a 2 anos, histórias relacionadas ao seu cotidiano (família, escola, aniversário, etc.), a bichos
e a poesias e versos que evidenciem repetição, rima e musicalidade, geralmente, são preferidas. Com as
crianças de 3 a 5 anos há uma continuidade pelas mesmas preferências da faixa anterior, porém acrescidas
pela fascinação por contos clássicos e com narrativas mais longas, a depender, também, da familiaridade
com as situações de leitura. No que se refere à narração oral, a escolha do que será contado também deve
atender a predileção de cada faixa etária.
Desde pequenas, as crianças devem ser colocadas em contato com as histórias. Um lugar na instituição
deve ser garantido para que isso aconteça. Um espaço em que:
• as crianças se sintam aconchegadas e confortáveis para ler ou contar histórias;
• os livros para leitura, materiais e recursos para narração (por exemplo: baús de histórias, teatro de
sombras, fantoches, dedoches, etc.) sejam acessíveis;
• as regras de uso sejam claras (como: guardar o livro ou o recurso que utilizou, arrumar as almofadas
do jeito que encontrou, etc.);
• o acervo de livros possa ser trocado/revezado a cada quinzena/mês, por exemplo;
SRVVDWHULQIRUPDo}HVIRWRJUDÀDVVREUHDXWRUHVLOXVWUDGRUHVHOLYURVRXFRPHQWiULRGDVSUySULDV
crianças, pais e professores sobre determinada história/livro;
• possa ser incrementado, de vez em quando, com tendas, varais, móbiles confeccionados pelas
crianças ou suas produções sobre determinada história/livro.
A roda de conversa é um momento de partilha e construção de ideias em que as crianças relatam sobre
suas experiências vividas, expressam seus desejos, sentimentos, emoções, legitimando seus direitos previstos
na Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017). No momento da roda de conversa é essencial trazer
diferentes narrativas, promovendo as trocas entre as crianças e entre as crianças e o adulto, contribuindo
assim para que os bebês e crianças desenvolvam outras formas de pensar o mundo (OLIVEIRA, 2012).
Preparar espaços para que se efetive esse momento da rotina de forma a contemplar a todos, faz parte
do planejamento docente. Ambientes aconchegantes onde todos possam ver uns aos outros dizem muito
sobre o respeito e a segurança para aquele que está exercendo o seu direito de fala. Vale ressaltar, que a roda
de conversa com os bebês não acontece necessariamente em roda, pois alguns bebês já sentam sozinhos,
RXWURVSUHFLVDPGHDSRLRRXWURVÀFDPHPSpHQmRSDUDPTXLHWRVRTXHQmRTXHUGL]HUTXHQmRHVWHMDP
prestando atenção na conversa ou na brincadeira. Já as crianças maiores podem decidir pela roda ou outro
tipo de organização que lhes forem mais aconchegantes, já conseguem introduzir nesse tempo algumas
regras como: esperar a sua vez para falar, ouvir o outro, etc.
Os tempos vividos pelas crianças cotidianamente, como alimentação, sono e higiene precisam ser
pensados coletivamente como momentos de construção de aprendizagens pelos bebês e crianças, devendo
VHUSODQHMDGRVDPELHQWHVQDSHUVSHFWLYDGHUHVSHLWRjVHVSHFLÀFLGDGHVGHFDGDXP
Esses momentos de cuidados não estão relacionados somente às necessidades do corpo, propiciam
também o estabelecimento de relações culturais, emocionais e de trocas de afeto que começam no contexto
familiar e continuam na escola. Muitos bebês, ao chegarem nas instituições de educação infantil, têm as suas
primeiras experiências alimentares, alguns ainda sendo amamentados, portanto é preciso que se pensem
HVSDoRVTXHDWHQGDPDHVVDVUHODo}HVHVSHFtÀFDVGRWUDEDOKRFRPEHErVHFULDQoDVSHTXHQDV8PDPELHQWH
como o refeitório pode propiciar aos bebês e crianças o contato com cheiros, sabores, cores, sons, texturas e
Capítulo 04 | 59
interações com outras crianças, com adultos e com outras culturas alimentares que promovam experiências
VLJQLÀFDWLYDV6DOLHQWDPRVDLPSRUWkQFLDGRFRQVWDQWHGLiORJRFRPDVIDPtOLDVSDUDDVWURFDVGHLQIRUPDo}HV
sobre a alimentação dos bebês e crianças, bem como propiciar um espaço para a família que deseja
amamentar seu bebê na instituição, como salas de amamentação acolhedoras e reservadas (STIVANIN e
ALBUQUERQUE, 2017).
Da mesma forma, as práticas de cuidado com a higiene do corpo são excelentes oportunidades
para pensar ambientes que potencializem a autonomia dos bebês e crianças, as interações respeitosas entre
crianças e adultos e a garantia dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos mesmos. Para além de
´HQVLQDUµDRVEHErVHFULDQoDVDODYDUDVPmRVDXWLOL]DURYDVRVDQLWiULRRXDWRPDUEDQKRFRPDXWRQRPLD
é no atendimento respeitoso e na satisfação dessas necessidades que as crianças vão aprendendo, por meio
do reconhecimento do seu corpo, a expressar o sentimento do seu próprio bem-estar.
Há, portanto, uma sutileza e delicadeza nas relações que são estabelecidas entre crianças e adultos
em todos os momentos cotidianos, mas as situações de cuidado corporal merecem destaque. Se estas
acontecem de forma aligeirada e mecânica, os cuidados não representarão para elas uma fonte de prazer,
mas de angústia e de insegurança.
2VRQRpXPPRPHQWRGDURWLQDGDVLQVWLWXLo}HVGHHGXFDomRLQIDQWLOTXHWDPEpPVHFRQÀJXUDFRPR
cuidado e requer um planejamento que compreenda a importância do respeito da necessidade de sono dos
bebês e crianças, pois ele regula o corpo e mantém o equilíbrio na energia do organismo. A quantidade do
tempo de sono e das sonecas durante o dia terá uma evolução gradual dos bebês às crianças pequenas e
devemos considerar que cada indivíduo é um ser único, cada bebê e cada criança possui um ritmo próprio
em relação à rotina de sono (PRATES, 2001).
Dessa forma, organizar propostas que respeitem a necessidade das crianças e seus ritmos é fundamental
para estabelecer uma rotina saudável na instituição de educação infantil.
eSHUWLQHQWHWDPEpPUHÁHWLUVREUHDSURSRVWDGHSDUWLFLSDomRGDVFULDQoDVHPDWLYLGDGHVFROHWLYDV
HPTXHSUHGRPLQDPGHFLV}HVHGHWHUPLQDo}HVGRVDGXOWRVVREUHVHXGHVHQYROYLPHQWRFRQÀJXUDQGRVH
assim numa pedagogia transmissiva que muitas vezes reverbera no tempo de espera acompanhado de
ociosidade, usurpando da criança os seus direitos, a qualidade do tempo na instituição e desconsiderando
os seus ritmos e necessidades.
Ao falar sobre o tempo de espera, Andrade (2002) evidencia a nociva e frequente associação da
espera com a ociosidade na rotina de uma creche e de como essa ligação
Além de não estimular o desenvolvimento da autonomia das crianças, uma vez que não lhes é
FRQÀDGD TXDVH QHQKXPD UHVSRQVDELOLGDGHSDUWLFLSDomR QD UHDOL]DomR DWp PHVPR GDV DWLYLGDGHV
relacionadas aos cuidados básicos com o seu corpo (banho, troca de roupa, escovação dentária,
etc.), a concretização dessa rotina impõe grande passividade e submissão às crianças, o que contraria
a perspectiva sociointeracionista de desenvolvimento, em que papel ativo é atribuído tanto à
professora como à criança. (p. 66)
O tempo é um elemento importante do trabalho pedagógico, sua organização evitará que os bebês e
as crianças passem longos momentos de espera entre a realização das vivências. Assim, quando for inevitável
o tempo de espera, que sejam oportunizadas propostas em que as crianças possam optar em participar ou
não, evitando a ociosidade. Ou seja, no exercício de planejar e assegurar a qualidade do tempo da criança,
pSUHFLVRUHÁHWLUVREUHTXDOPRPHQWRpDGHTXDGRDXPDGHWHUPLQDGDSURSRVWDTXDQWRWHPSRDFULDQoD
terá para dedicar-se a uma determinada vivência, o que propor para as crianças que concluírem e/ou se
desinteressarem mais rapidamente.
Quanto aos WHPSRV GLYHUVLÀFDGRV emergem da observação atenta, cuidadosa e respeitosa do
SURIHVVRUTXHUHYHUEHUDPHPSURMHWRVHRXVHTXrQFLDVGLGiWLFDV2SODQHMDPHQWRGRVWHPSRVGLYHUVLÀFDGRV
a partir da escuta atenta dos bebês e crianças valida a compreensão desses bebês e dessas crianças como
centro do planejamento, fomentam o desenvolvimento de suas múltiplas linguagens e os oportunizam
H[SHULPHQWDUDPSOLDUHVRÀVWLFDUQRYDVDSUHQGL]DJHQV
Capítulo 04 | 61
Nessa proposta, podemos constatar a atenção da professora para os espaços da instituição, quando
promoveu um ambiente de aprendizagem em uma área externa à sala de convivência, possibilitando outra
funcionalidade para os espaços da IEI.
Observa-se, ainda, o protagonismo da professora no planejamento e na organização prévia, em
que considerou o tempo para a exploração do ambiente, as interações, o espaço, a estética, a qualidade, a
quantidade e a diversidade dos materiais e a montagem desse ambiente. Sobre esse tipo de proposta, Fochi
DÀUPDTXH
Aprender por meio da exploração e experiência acaba tornando-se um princípio importantíssimo
para a proposta com as crianças pequenas. Apostar em propostas investigativas a partir de
diferentes materialidades, de objetos não-estruturados, bem como da descoberta de como ocorre
DFRPELQDomRGHGLIHUHQWHVPDWHULDLVHPTXDQWLGDGHHTXDOLGDGHVXÀFLHQWHRIHUHFHjVFULDQoDVD
RSRUWXQLGDGHGHFULDUVLJQLÀFDGRVSHVVRDLVHFROHWLYRVS
$ SURIHVVRUD DR SUHSDUDU R ´FRUUHGRU GH EULQFDJHPµ GHPRQVWURX JXLDU VXDV Do}HV SHGDJyJLFDV
por meio da articulação do planejamento com os registros e observações das crianças, atendendo suas
QHFHVVLGDGHVHLQWHUHVVHVHPEDVDGDFRP3URHQoDTXHDÀUPD
No planejamento, o tempo, o espaço, os materiais a serem utilizados e as interações passíveis de
acontecer são quatros fatores determinantes [...]. O planejamento é construído no registro do dia
a dia do grupo, adequado a necessidades e interesses das crianças, mas tem o papel de manter a
FRHVmRHDSURSRVWDLQLFLDOGRHGXFDGRUSDUDQmRFDLUHPXPDDWLWXGH´HVSRQWDQHtVWDµHVHGLVWDQFLDU
dos objetivos propostos (p. 48-49)
Além de pensar sobre os fatores determinantes citados por Proença (2018), a professora demonstra
preocupação com a dimensão estética ao pontuar a beleza dos ambientes como um dos aspectos que
interfere na qualidade da proposta. Em relação ao valor estético trazido pela professora, Vea Vecchi (2017)
ressalta a ideia da relevância da beleza na construção da identidade:
O habitar um lugar belo e bem cuidado é percebido como condição de bem-estar físico e psicológico,
por isso, como um direito das pessoas em geral e, ainda mais, das crianças, de todas as crianças [...]
o ambiente incide na construção da identidade [...] (p.134)
A dimensão funcional FRPR DÀUPRX )RUQHLUR S ´UHODFLRQDVH FRP D IRUPD GH
utilização dos espaços, a sua polivalência e o tipo de atividade à qual se destinam”. No que se refere à
utilização desses espaços pelas crianças, deve ser assegurado a elas sua autonomia para se locomover e ter
acesso aos materiais que dele fazem parte. É importante salientar que as instituições devem contemplar as
FULDQoDVFRPGHÀFLrQFLDVQDSHUVSHFWLYDGDHTXLGDGH
Sobre a polivalência, refere-se às diferentes funções que um mesmo espaço pode assumir. Por
exemplo, os ambientes externos, geralmente, são utilizados para brincadeiras de movimentação livre, que
acolhe várias crianças ao mesmo tempo. Todavia, esse mesmo ambiente pode ser utilizado para vivências
mais tranquilas, como apreciação da natureza, contação de história, almoço ao ar livre ou até mesmo para
tirar uma soneca. E sobre o tipo de atividade, dependendo do que as crianças estão realizando, o espaço
pode assumir uma ou outra dimensão.
Nessa perspectiva, as crianças vão constituindo as suas identidades nesses ambientes da instituição
que fazem parte e construindo o seu pertencimento àquele espaço. As instituições de educação infantil da
Rede Municipal de Fortaleza apresentam diversas realidades, em bairros e comunidades com diferentes
ordenamentos: próximos à praia, próximos a rios, lagoas, praças, etc. Cada local tem a sua história e a escola
precisa fazer parte dela, as crianças precisam reconhecer a história do seu contexto social, valorizá-la e
apropriar-se da sua cultura.
OS PROCESSOS
DE AVALIAÇÃO E
DOCUMENTAÇÃO
PEDAGÓGICA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Capítulo 05 | 67
Além dos documentos referidos, cada instituição de educação infantil - IEI pode elaborar critérios de
autoavaliação que considerem os contextos e busquem auxiliar na consolidação dos direitos de aprendizagem
das crianças, estabelecidos na Base Nacional Comum Curricular - BNCC. O mais importante é que se
busque direcionar o olhar do grupo para o Projeto Político Pedagógico da instituição, com o intuito de
revisá-lo, atualizá-lo e, sobretudo, torná-lo vivo no dia a dia da instituição. Para ajudá-los nessa construção,
na qual cada agrupamento deve olhar para o seu contexto, apresentamos alguns exemplos de perguntas:
$VFULDQoDVWrPRSRUWXQLGDGHVGLYHUVLÀFDGDVSDUD
escolher suas atividades, assim como com quem
Brincar cotidianamente de diversas formas, desejam brincar?
em diferentes espaços e tempos, com - As brincadeiras propostas consideram o repertório
diferentes parceiros (crianças e adultos), que as crianças apresentam, com o intuito de ampliar
DPSOLDQGR H GLYHUVLÀFDQGR VHX DFHVVR D esse repertório?
produções culturais, seus conhecimentos,
- Como os espaços têm sido utilizados para as
sua imaginação, sua criatividade, suas
brincadeiras?
experiências emocionais, corporais,
sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e - Nas brincadeiras, estão previstos o uso de materiais
relacionais. GLYHUVLÀFDGRV"
- Com que frequência as crianças têm oportunidades
de criar suas próprias brincadeiras?
Capítulo 05 | 69
- Como o acolhimento às diferenças existentes
na comunidade tem sido efetivado por todos os
Conhecer-se e construir sua identidade educadores?
pessoal, social e cultural, constituindo uma
imagem positiva de si e de seus grupos de - Todos os grupos étnicos estão representados nos
pertencimento, nas diversas experiências livros, nas paredes, em todas as organizações?
de cuidados, interações, brincadeiras e - Os gostos e as preferências têm sido observados de
linguagens vivenciadas na instituição escolar quais formas?
e em seu contexto familiar e comunitário.
- Em quais oportunidades as crianças veem a si
mesmas e aos colegas dos diferentes grupos em ação?
$UWLFXODGR j DYDOLDomR GRV FRQWH[WRV D DYDOLDomR QD (GXFDomR ,QIDQWLO ´GL] UHVSHLWR D HVWUDWpJLDV
utilizadas no interior dessas instituições que têm como foco as crianças” (CRUZ, 2018, p. 66). Essa avaliação
deve cumprir a função de subsidiar o docente no conhecimento dos processos cotidianos vivenciados
pelas crianças e, por isso, deve ser formativa, ou seja, ocorrer ao longo do processo, e estar atrelada ao
SODQHMDPHQWR FRP R REMHWLYR GH SURPRYHU UHÁH[mR VREUH D SUiWLFD DSHUIHLoRDU H DPSOLDU DV SURSRVWDV
ofertadas.
A responsabilidade na elaboração dos procedimentos para o acompanhamento do trabalho pedagógico
cabe às instituições, que devem respeitar a normatização existente. Nessa elaboração é imprescindível que
cada professora e professor considere os seguintes aspectos:
a. O protagonismo, a potencialidade, a complexidade, a diversidade e a particularidade
das crianças, de forma integral, percebida em suas várias formas e situações, dentro de todo o cotidiano
vivenciado, sem ressaltar nenhuma aprendizagem em detrimento de outras;
b. O papel de observador/investigador do docente, protagonista junto com a criança na construção
do conhecimento, portanto, necessita se perceber como curioso, promotor de possibilidades, parceiro e
JXLDDOpPGHVXMHLWRTXHUHÁHWHVREUHDSUiWLFDSHGDJyJLFD
c. A parceria das famílias, que traz conhecimentos privilegiados de cada criança, que devem ser
considerados.
A orientação para a elaboração dos procedimentos de acompanhamento do trabalho pedagógico
e para a avaliação do desenvolvimento e aprendizagem das crianças consta nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009). O artigo 10º do documento solicita que a avaliação se
dê através de:
I - observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;
II - utilização de múltiplos registros UHDOL]DGRV SRU DGXOWRV H FULDQoDV UHODWyULRV IRWRJUDÀDV
desenhos, álbuns etc.);
III - continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas
aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação
Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino
Fundamental);
IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às
crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
V - não retenção das crianças na Educação Infantil.
A indicação da observação de forma sistemática utilizando criticidade e criatividade revela o
caráter processual dessa avaliação. Essa ação é permanente e intencional, considera os eixos estrututantes
da aprendizagem e o planejamento para cada situação. Para auxiliar no direcionamento do olhar, o docente
pode elaborar pautas de observação, contendo questões, interesses ou hipóteses a seguir, mantendo uma
ÁH[LELOLGDGHYLVWRTXHDVFULDQoDVUHVVLJQLÀFDPDVSURSRVWDVDSUHVHQWDGDV
Essa observação precisa ser criteriosa e cuidadosa e ao mesmo tempo, sensível e acolhedora. É muito
importante ressaltar que a observação constante precisa atender ao objetivo de subsidiar as próximas ações,
construir uma nova relação educativa. Deve também contemplar as diferentes situações do cotidiano, como
banho, alimentação, brincadeiras, saída, etc.
Como indicado nas DCNEI (BRASIL, 2009), para registrar as observações realizadas o professor(a)
SRGHUiXWLOL]DULQVWUXPHQWRVYDULDGRV²UHODWyULRVIRWRJUDÀDVGHVHQKRViOEXQVHWF'HVVDIRUPDHVVHVUHJLVWURV
FRQVWLWXLUmRD´GRFXPHQWDomRHVSHFtÀFDµUHIHULGD,QFLVR,9$XWLOL]DomRGHIRUPDVYDULDGDVGHUHJLVWURp
FRQGLomRQHFHVViULDSDUDWHQWDUDSUHHQGHUHFRPSUHHQGHURVPRGRVHVSHFtÀFRVGHFRPRFDGDFULDQoDH[SORUD
e se apropria dos conhecimentos construídos no ambiente escolar.
Capítulo 05 | 71
Tentar captar a
É importante pensar no singularidade de
objetivo do registro; cada criança
CEI Francisco Nogueira da Silva CEI Antônia Maria de Lima
• PORTFÓLIO
É uma coleção das produções das crianças, ou de registros vivenciais
com evidências das aprendizagens das crianças. O uso do portfólio permite a
participação ativa da criança na construção, organização e escolha de quais
momentos/registros/elementos comporão essa coleção. Desse modo, docente e
crianças acompanham juntas o progresso individual de cada um (VILLAS BOAS,
2014).
CEI Herbert de Sousa
Por exemplo, no trecho de relatório semestral abaixo, as professoras situam a família sobre o contexto
vivido, quais foram as propostas daquela situação, o envolvimento das crianças, os tempos da rotina no qual
se deram as interações expostas, algumas habilidades apresentadas pela criança, seus gostos e interesses e a
expressão da criança.
Capítulo 05 | 73
CENAS DO COTIDIANO
O projeto “Brincadeiras de Criança”, inspirado nas obras do pintor Ricardo
Ferrari, teve o objetivo de ampliar o repertório de brincadeiras das crianças.
Além da apreciação das obras (Cavalinho, Cabo de Guerra, A Menina
Brincando de Boneca, A Menina e o Balão, Futebol Aéreo e Bolinha de
Gude), as crianças foram convidadas a vivenciar diversas brincadeiras
tradicionais retratadas nas obras. Percebemos um grande envolvimento de
todos.
Um dos tempos da rotina mais apreciados por Ana Clarice, além do tempo
de parque é o momento da contação de história. Apresenta habilidade
leitora sendo capaz de manusear adequadamente os livros, permanece
atenta e interage com a história fazendo inferências e leitura de imagens.
Apresenta vasto repertório de leitura, aspecto constatado durante as rodas
de conversa, nos diálogos com as demais crianças e nas atividades de
desenho:
- Tô desenhando a princesa e o castelo!
Capítulo 05 | 75
Desse modo, a SME vem fomentando a compreensão desse processo numa perspectiva de contribuir
na reelaboração de uma proposta educativa que se constrói cotidianamente de forma situada e contextual,
considerando a participação de todos os sujeitos, visto que o processo da Documentação Pedagógica
favorece o envolvimento, a colaboração e uma parceria consciente entre eles.
Perguntas como “o que a criança está fazendo, como está se sentindo e o que está aprendendo”
(OLIVEIRA-FORMOSINHO; FORMOSINHO, 2019, p. 52), servem como pontos de partida para o
PRYLPHQWRGHGRFXPHQWDUUHÁHWLUYLVLELOL]DUUHSODQHMDUTXHGHYHQRUWHDUDVSUiWLFDVGHVHQYROYLGDV
Para auxiliar nessa elaboração, deixamos aqui outras perguntas trazidas no Documento Curricular
Referencial do Ceará (2019) que podem contribuir no seu processo investigativo:
Capítulo 05 | 79
80 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Capítulo
06
EDUCAÇÃO
INFANTIL E FAMÍLIA:
AÇÕES QUE SE
COMPLEMENTAM
Capítulo 06 | 81
É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.
Provérbio africano
A creche, assim, deve começar a ser vista e vivida como a possibilidade de desenvolvimento, de
aprendizado, de construção de conhecimento para as crianças, para as famílias e para os próprios
SURÀVVLRQDLV(QTXDQWRQmRKRXYHUHVVDFRPSUHHQVmRRVPRPHQWRVGHLQWHUDomRHQWUHIDPtOLDV
e creche, continuarão sendo um protocolo inconsciente, inconsistente, e fortemente na rotina
burocratizada.
Capítulo 06 | 83
Instituições abertas ao diálogo com as famílias, além de oportunizarem o desenvolvimento da
construção de vínculos, a troca de experiências, a ampliação do sentimento de pertença e a aprendizagem
de todos os agentes da comunidade escolar, intima a todos os envolvidos a perseguir o bem comum em
detrimento do individualismo que tanto tem adoecido a sensibilidade da nossa sociedade atual. Abrir as
portas e os ouvidos da instituição à comunidade fomenta o exercício da democracia e da cidadania.
Partindo da perspectiva de comunidade, de pessoas que se unem para somar e compartilhar
responsabilidades – objetivando melhoria ou mudanças de situações respectivas ao processo de educação e
cuidado com os bebês e crianças – como as instituições de educação infantil de Fortaleza podem melhorar,
continuar, ou iniciar um movimento de responsabilidade compartilhada com as famílias, preconizada na
legislação nacional? Como envolvê-las no vivido da instituição, de modo a fomentar suas participações não
somente em festas comemorativas e reuniões pontuais, mas nas tomadas de decisões e no enriquecimento
de propostas para a instituição, por meio de suas visões plurais?
3RU VH WUDWDU GH LQVWLWXLo}HV TXH VH HQFRQWUDP QRV PDLV GLYHUVLÀFDGRV WLSRV GH FRQWH[WRV H SRU
acolherem os mais variados tipos de pessoas, não há uma resposta fechada para essas perguntas quando
se referem as instituições de educação infantil de Fortaleza. A resposta está implícita nas peculiaridades,
características, identidade de cada instituição e somente a sua comunidade escolar poderá descobrir.
Todavia, inspirar-se em experiências de outras comunidades escolares é uma alternativa que tem
ajudado algumas instituições, por exemplo, do Programa Ateliê, a pensar, a partir dos seus contextos, ações
que proporcionem maior engajamento das famílias na cotidianidade da instituição.
Nessa esteira de inspiração que considera o contexto particular de cada instituição, existem iniciativas
que podem ser promovidas, indistintamente, junto às instituições, como ponto de partida ou que podem
ser ampliadas, como:
• envolver os responsáveis pelas crianças na elaboração ou reelaboração das propostas pedagógicas;
• discutir e encontrar, coletivamente, caminhos para alcançar os objetivos descritos nelas;
• sugerir a criação de fóruns, rodas de debates em que os pais/responsáveis pelas crianças ampliem
sua participação e representem a voz do coletivo;
• solicitar ajuda na elaboração e organização de comemorações da instituição;
• proporcionar momentos de interação em que a intenção seja a fruição, a leveza do encontro e o
fortalecimento dos vínculos;
• oportunizar encontros formativos – podem ser conduzidos por pais/responsáveis pelas crianças
ou especialistas sobre um determinado assunto – que tenha a intenção de ampliar o conhecimento sobre
DVVXQWRVHVSHFtÀFRVRXDSUHQGHUDOJXPDWpFQLFDXP´DSUHQGHUID]HQGRµ
• promover às famílias um momento em que elas possam contribuir, concretamente, com a melhoria
da instituição, como mutirões para revitalização ou limpeza dos espaços comuns.
Capítulo 06 | 85
Ao planejar ações visando envolver a família numa relação de corresponsabilidade, o CEI Teodora
Maria da Silva amplia a qualidade das interações com ela, dando-lhe voz e vez, abrindo canal de comunicação,
possibilitando espaços para discussão das suas demandas e desejos, no que se refere às crianças, e para
QHJRFLDo}HVHUHDÀUPDo}HVGHGLUHLWRVHGHYHUHVHQTXDQWRFRPSRQHQWHGDFRPXQLGDGHHVFRODUGHL[DQGR
clara a importância da família no contexto institucional.
A partir de uma gestão democrática e participativa, a instituição revela aos pais o trabalho realizado
com as crianças e os insere nesse contexto, ressaltando a importância da família para o desenvolvimento e
aprendizagem de todos.
O que se deve ter como premissa ao propor ações que ampliem e fortaleçam a participação das
famílias nas IEI é que
O tempo dedicado aos pais também constitui uma dimensão imprescindível do projeto educativo, o
trabalho com as famílias se caracteriza como uma atividade paralela e complementar, que acompanha
e sustenta o trabalho com as crianças durante todo o ano letivo. O envolvimento dos pais é proposto
não tanto para melhorar a organização da escola, nem para sustentar uma parentalidade necessitada
de cuidados e atenção especial, mas é inerente a um pensamento de educação entendido como um
processo de reciprocidade, compartilhamento, escuta, comunicação e diálogo (ZINGONI, 2019,
p. 58).
A família é o primeiro grupo social do qual a criança participa e deve ser respeitado e valorizado. Nesse
VHQWLGRR'RFXPHQWR&XUULFXODU5HIHUHQFLDOGR&HDUiRULHQWD´TXHDVIDPtOLDVVHMDPWUDWDGDVFRPUHVSHLWR
e igualdade, independentemente de sua raça, credo, poder aquisitivo, composição familiar, aparência física,
local onde reside ou trabalha” (DCRC, 2019, p. 163).
$ SHUVSHFWLYD DTXL p TXH HVVD SDUWLFLSDomR UHÁLWD XPD UHVSRQVDELOLGDGH FRPSDUWLOKDGD QR TXH VH
refere à educação dos bebês e crianças e imprima nas instituições de educação infantil o exercício constante
da cidadania e democracia.
Corroborando com a assertiva de que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança, a
triangulação – criança, escola e família é fundamental para a garantia de uma vivência plena da infância. Essa
relação terá um impacto positivo no bem-estar, na saúde física e emocional e no desenvolvimento integral
dos meninos e meninas. A escola e a família têm, colaborativamente, o papel de educar e formar sujeitos
conscientes e responsáveis por uma sociedade mais justa e igualitária.
Nesse sentido, o cuidado e a proteção das crianças envolvem a atenção das famílias ao contato excessivo
dos bebês e crianças com as mídias digitais, considerando que elas roubam o tempo precioso da infância
como as brincadeiras e contato com a natureza, podendo gerar danos irreversíveis ao desenvolvimento
social, cognitivo, emocional e motor.
Outro aspecto que merece destaque é a exposição cotidiana as propagandas que costumam despertar
o desejo das crianças ao consumo exacerbado do que é desnecessário, inacessível ou inapropriado para a
faixa etária.
De acordo com o programa Criança e Consumo2, as crianças são mais vulneráveis que os adultos
e sofrem cada vez mais cedo com as graves consequências relacionadas ao excesso do consumismo:
obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização
da agressividade e violência, entre outras. (INSTITUTO ALANA, 2006).
2 Criado em 2006, o Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana desenvolve atividades relacionadas ao fomento de uma consciência crítica na sociedade
a respeito do consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes e, principalmente, atividades que buscam debater e apontar meios de minimizar os
impactos negativos do consumismo no desenvolvimento infantojuvenil. (INSTITUTO ALANA, 2007). Para saber mais: https://criancaeconsumo.org.br/o-
programa/
Capítulo 06 | 87
88 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Capítulo
07
OS PROFISSIONAIS
QUE ATUAM COM
BEBÊS E CRIANÇAS E A
CONSTRUÇÃO DE UMA
CULTURA COLABORATIVA
NAS INSTITUIÇÕES DE
EDUCAÇÃO INFANTIL DE
FORTALEZA
Capítulo 07 | 89
Todos juntos somos fortes
6RPRVÁHFKDHVRPRVDUFR
Todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
- Ao meu lado há um amigo
Que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes
Não há nada pra temer
E no mundo dizem que são tantos
Saltimbancos como somos nós.
Chico Buarque
2 WUHFKR DFLPD GD FDQomR ´6DOWLPEDQFRVµ HVFULWD SRU &KLFR %XDUTXH HP SRGH DMXGDU QD
UHÁH[mRTXHHVWHFDStWXORSURS}HRSHQVDUVREUHDFROHWLYLGDGHDFRODERUDomR3, o respeito, a amizade, a
união, o companheirismo, as interações afetivas, as relações com o outro em vários contextos, inclusive nas
Instituições de Educação Infantil – IEI do município de Fortaleza.
´7RGRV QyV QR PHVPR EDUFRµ GL] D FDQomR (VVH EDUFR SRGH VHU YLVWR FRPR DV ,QVWLWXLo}HV GH
Educação Infantil da Rede, em que bebês, crianças, famílias, professores, assistentes/auxiliares, secretários,
zeladores, coordenadores pedagógicos, diretores, formadores, técnicos da SME, porteiros, manipuladores
GH DOLPHQWRV H RXWURV SURÀVVLRQDLV SDVVDP SDUWH VLJQLÀFDWLYD GH VXDV YLGDV 1HVVH VHQWLGR DV UHODo}HV
estabelecidas nesses contextos devem ser sustentadas no respeito ao outro e na colaboração, pois, como
OHPEUD%XDUTXH´7RGRVMXQWRVVRPRVIRUWHVQmRKiQDGDSUDWHPHUµ
6mRPXLWDVDVSUREOHPiWLFDVGRFRWLGLDQRTXHID]HPRVSURÀVVLRQDLVTXHDWXDPFRPEHErVHFULDQoDV
se questionarem e temerem o erro. Assim, é preciso construir uma cultura colaborativa entre todos eles, no
VHQWLGRGHSDUFHULDGHHVFXWDDWLYDHGHEXVFDFROHWLYDQDUHVROXomRGHGHVDÀRVTXHVXUJHPQRGLDDGLDGDV,(,
5HFRQKHFHUTXHWRGRVRVSURÀVVLRQDLVVmRIXQGDPHQWDLVSDUDTXHR´EDUFRµIXQFLRQHpXPLPSRUWDQWH
primeiro passo para que todos se sintam corresponsáveis por tudo que acontece nas IEI. Para isso, a
gestão da escola, direção e coordenação, com o apoio das equipes técnicas e formativas, tem um papel
FHQWUDO HODERUDU SURMHWRV IRUPDWLYRV FRQWLQXDGRV TXH HQYROYDP WRGRV RV SURÀVVLRQDLV REMHWLYDQGR XP
HQWHQGLPHQWRFDGDYH]PDLRUGDVHVSHFLÀFLGDGHVGRWUDEDOKRFRWLGLDQRFRPEHErVFULDQoDVHVXDVIDPtOLDV
Assim, além de ser criada uma cultura colaborativa, também se criará uma cultura formativa, focada nas
discussões das demandas e necessidades que emergem de cada contexto.
Nesse sentido, é fundamental que as instituições iniciem um rompimento com a lógica de que o único
responsável pelos cuidados e educação das crianças é o(a) professor(a), sozinho(a) na sua sala, com sua
WXUPD²QDHGXFDomRLQIDQWLOVHQGRQHFHVViULDDSDUFHULDGHWRGRVRVRXWURVSURÀVVLRQDLVGDLQVWLWXLomRH
WDPEpPGDVIDPtOLDV,VVRVLJQLÀFD
[...] propor uma formação que não seja a do trabalho individual, mas coletivo. O adulto deixa de
ser o centro para compartilhar, com outro adulto e com as crianças, o papel de gerir diferentes
aspectos da sala e seu funcionamento. Para que isso seja possível, é preciso investir nas relações
humanas e no trabalho cooperativo (BARBOSA, 2009, p. 36).
3 O conceito de colaboração defendido neste documento sustenta-se nas ideias da autora Damiani (2008) que realizou um aprofundado estudo sobre váriO
conceito de colaboração defendido nestas pesquisas que tratam sobre trabalho colaborativo no âmbito escolar, a saber: Na colaboração [...], ao trabalharem
juntos, os membros de um grupo se apoiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização,
OLGHUDQoDFRPSDUWLOKDGDFRQÀDQoDP~WXDHFRUHVSRQVDELOLGDGHSHODFRQGXomRGDVDo}HV
$VUHODo}HVGHUHVSHLWRGLiORJRHDIHWRHVWDEHOHFLGDVHQWUHRVSURÀVVLRQDLVGDLQVWLWXLomRDVFULDQoDV
e as famílias são um caminho para a transformação de uma sociedade mais justa, ética e solidária.
$VVLPVHID]QHFHVViULRHXUJHQWHTXHRVSURÀVVLRQDLVTXHDWXDPQDLQVWLWXLomRHQWHQGDPDLGHLD
H[SUHVVDQDP~VLFDQRLQtFLRGHVWHFDStWXORQRYHUVR´6RPRVÁHFKDHVRPRVDUFRµRXVHMDWRGRVVmR
importantes, têm funções distintas que se complementam e um sem o outro se enfraquece.
Entendendo que nos últimos anos a docência e a gestão com bebês e crianças vêm sendo repensadas
SHORVSURÀVVLRQDLVGDHGXFDomRLQIDQWLODSDUWLUGHLQ~PHURVHVWXGRVSHVTXLVDVHH[SHULrQFLDVQDFLRQDLVH
LQWHUQDFLRQDLVHPUHODomRDRSDSHOGHVVHVSURÀVVLRQDLVWUDUHPRVQRVWySLFRVDVHJXLUXPDGLVFXVVmRPDLRU
sobre os/as professores/as e os/as coordenadores/as pedagógicos/as de educação infantil.
Capítulo 07 | 91
7.1 A docência com bebês e crianças: reinventando e construindo uma nova imagem de
professor/a na educação infantil
2VDVSURIHVVRUHVDVGDHGXFDomRLQIDQWLOWrPVLGRSURYRFDGRVDVDVHUHLQYHQWDUQDVXDSURÀVVmRD
desconstruir uma ideia tradicional de docência que foi construída na nossa sociedade ao longo da história.
Para que essa reinvenção se inicie é preciso um primeiro passo: construir uma nova imagem de criança, de
(GXFDomR,QIDQWLOHDVVLPXPDQRYDLPDJHPSDUDDSURÀVVmRTXHHVFROKHXGRFHQWHGHEHErVHFULDQoDV
$VTXHVW}HVGRTXDGURDFLPDSRGHPDMXGDURVDVGRFHQWHVDUHÁHWLUHPVREUHDHVFROKDGDSURÀVVmR
nas marcas que o/a constituem como pessoa e professor/a. A história de cada um ao longo da vida enquanto
estudante (educação básica, ensino superior) impacta diretamente na imagem que foi se construindo do
TXHpVHUSURIHVVRUDGRTXHFRQIHUHFRPSHWrQFLDRXQmRDHVVHSURÀVVLRQDO6HQGRDVVLPPXLWRGRTXH
somos hoje como professores/as carrega as experiências que tivemos como estudantes, observando nossos
professores, carrega as imagens tradicionais ou revolucionárias do que é ser docente4.
Nesse sentido, ao mesmo tempo que temos ideias e crenças já construídas de imagens tradicionais de
docência e de alunos, uma nova imagem de criança rica de potencialidades, competências, ação, interação,
interesses, protagonismo, tem sido amplamente discutida nesta proposta e nos demais documentos
produzidos pela SME de Fortaleza e também nacionais (BRASIL, 2009; 2017), assim como nos vários
estudos e pesquisas nacionais e internacionais que tratam da infância em distintas áreas, tais como a:
SHGDJRJLDVRFLRORJLDSVLFRORJLDÀORVRÀDGHQWUHRXWUDVTXHVHLQWHUHVVDPHPUHFRQKHFHUDSRWHQFLDOLGDGH
e o desenvolvimento infantil na contemporaneidade.
Acreditar nessa imagem de criança protagonista é algo extremamente complexo, um processo que
SUHFLVD VHU DSRLDGR H UHÁHWLGR FRQVWDQWHPHQWH SRLV UHTXHU QHFHVVDULDPHQWH D FRQVWUXomR FRQFHLWXDO H
atitudinal de uma nova imagem de docência que atua com a primeira infância, de um(a) professor(a) também
protagonista, criativo, curioso, potente, aberto ao inusitado e à escuta.
Assim, essa docência pede uma atitude primordial para a ação docente: agir para que toda a
competência dos bebês e das crianças seja estimulada, desenvolvida e visibilizada.
OPORTUNIDADES TEMPO
As ideias de Aldo Fortunati e outros autores italianos (2017) sobre novas pedagogias para a infância
apontam na direção de três elementos importantes para uma prática pedagógica que acredita no
protagonismo infantil:
ɼ O/A professor/a de EI precisa ter FRQÀDQoDnas capacidades e ações dos bebês e crianças com
os quais divide seu cotidiano pedagógico;
ɼ O/A professor/a de EI necessita oportunizar aos bebês e crianças contextos (espaços, materiais
e interações) potentes de possibilidades, linguagens, interações e brincadeira;
ɼ O/A professor/a de EI precisa dar tempo para que bebês e crianças vivam suas experiências,
interajam, brinquem, descubram a si, o outro e o mundo.
Para iniciar uma inquietação e transformação na imagem tradicional de professor/a que dá aulas
para alunos, transmite conteúdos, é detentor de todo o conhecimento, tem como objetivo apenas o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, tem como centro do seu planejamento livros didáticos e tarefas
SURQWDVpQHFHVViULRSULPHLURFRQÀDUQDVFULDQoDVHDFUHGLWDUQDFDSDFLGDGHH[WUDRUGLQiULDGHODVDSUHQGHUHP
e na própria capacidade de reaprender com elas a ser professor/a da educação infantil.
É preciso que o docente esteja disposto a se reinventar, a reaprender junto com as crianças, no
cotidiano, com elas, com as famílias e com seus colegas professores/as, na parceria com as assistentes e
GHPDLVSURÀVVLRQDLVFRQVWUXLQGRXPDQRYDHSRGHURVDLGHQWLGDGHGRFHQWH
1RYDPHQWHDSHGDJRJDHDXWRUDEUDVLOHLUD0DULD&DUPHP%DUERVDDSRQWDUHÁH[}HVTXHSRGHPDMXGDU
nessa discussão:
[...] ao educar e cuidar de crianças pequenas, o professor não oferece apenas aquilo que sabe,
mas também aquilo que é através das interações. +i XPD HVSHFLÀFLGDGH FODUD QR WUDEDOKR
do professor de educação infantil que é a de ter a sensibilidade para as linguagens da criança,
SDUD R HVWtPXOR j DXWRQRPLD SDUD PHGLDU D FRQVWUXomR GH FRQKHFLPHQWRV FLHQWtÀFRV DUWtVWLFRV
e tecnológicos e, também, para se colocar no lugar do outro, aspectos imprescindíveis no
estabelecimento de vínculos com bebês e crianças pequenas (BARBOSA, 2009, p. 37, grifo nosso).
Capítulo 07 | 93
COM A PALAVRA...OS/AS PROFESSORES
Sinto- me privilegiada em ser professora de Educação Infantil porque
posso acompanhar e contribuir com o desenvolvimento de seres tão
fascinantes que são as crianças. E aprendendo muito com essa convivência.
Elas me mostram a riqueza da simplicidade, o entusiasmo de viver cada
aprendizado, cada descoberta. E isso me impulsiona a querer aprender
sempre
Profa. Cybele Pereira Silveira
Capítulo 07 | 95
desse contexto, os/as diretores/as precisam (com)partilhar com os/as coordenadores/as pedagógicos/as
do objetivo de primar pela sustentação do projeto pedagógico da instituição, em um trabalho que possua
FRPSURPHWLPHQWRFRPDIRUPDomRGRFHQWHHWRGRVRVSURÀVVLRQDLVGDV,(,
Assim, os/as coordenadores/as pedagógicos/as dessa Rede possuem um papel sine qua non, que se
refere a sua atuação em efetivar, no cotidiano educativo da instituição à qual coordena, o projeto pedagógico
e formativo da instituição, agindo enquanto agente transformador, potente formador de professores/as e
articulador das relações.
Destaca-se que o trabalho desenvolvido pelos/as coordenadores/as pedagógicos/as no contexto da
educação infantil deve ocorrer em parceria com o/a diretor/a, consoante a ideia de Domingues (2014. p.
DXWRUDTXHFRQVLGHUDTXHHVWHSURÀVVLRQDO´PHVPRVHRFXSDQGRGHWDUHIDVPDLVDGPLQLVWUDWLYDVH
burocráticas [...] tem sua função diretamente ligada ao pedagógico, e seu distanciamento ou aproximação
está associado às diferentes concepções de gestão escolar [...]”. Desse modo, essa parceria tem sido cada
vez mais vista como elemento de fundamental importância para a efetivação de uma educação infantil que
promova a aprendizagem e o bem-estar das crianças.
Seguindo essa perspectiva, para que o trabalho da coordenação pedagógica seja reconhecido por
todos os segmentos da instituição é preciso que os/as diretores/as valorizem e pratiquem uma gestão
GHPRFUiWLFDHSDUWLFLSDWLYDGHPRQVWUDQGRUHVSHLWRSHORWUDEDOKRGHVHPSHQKDGRSRUWRGRVRVSURÀVVLRQDLV
presentes nas instituições. O apoio dos/das diretores/as é imprescindível para o desenvolvimento das ações
e melhor atuação dos/das coordenadores/as pedagógicos/as.
A ação de gerir e coordenar requer habilidades e conhecimentos que são desenvolvidos ao longo
GRSURFHVVRGHDWXDomREHPFRPRGHGHGLFDomRGHVVHVSURÀVVLRQDLVDRVHVWXGRVVLVWHPiWLFRVVREUHRV
FRQKHFLPHQWRVHVDEHUHVJHUDLVUHODFLRQDGRVjVIXQo}HVEHPFRPRjVHVSHFLÀFLGDGHVGDHGXFDomRLQIDQWLO
GHPRGRDVDEHUHPOLGDUFRPDVSDUWLFXODULGDGHVGHVVDHWDSDTXHYHPVHDÀUPDQGRQRFRQWH[WRHGXFDWLYR
já que existem fragilidades na formação inicial do professor, que não garantem uma compreensão mais
efetiva dessa função.
e QR ID]HU GR GLD D GLD QRV GLiORJRV QRV GHVDÀRV QDV DOHJULDV RX SRU PHLR GH DSUHQGL]DJHQV
construídas em percursos formativos e das experiências de trabalho, bem como o somatório do que esses
SURÀVVLRQDLVSHQVDPGHVLPHVPRVGDVVXDVDWULEXLo}HVHGRTXHRRXWURHVSHUDGHOHVTXHRDGLUHWRUDHRD
FRRUGHQDGRUDSHGDJyJLFRDWrPDRSRUWXQLGDGHGHFRQVWLWXLUVXDVLGHQWLGDGHVSURÀVVLRQDLVDWXDQGRQDV
relações cotidianas estabelecidas nas instituições, norteados pelas dimensões de liderança, de articulação
e de formação GRVSURÀVVLRQDLVTXHFRPS}HPDVXQLGDGHVHGXFDFLRQDLVWHQGRRFRPSURPLVVRSROtWLFR
pedagógico de garantir os direitos das crianças de 0 a 5 anos de idade.
Nessa perspectiva, esta proposta curricular destaca dois aspectos fundamentais para a efetivação de
uma gestão democrática, visando um trabalho de qualidade com os bebês, crianças bem pequenas e crianças
pequenas.
O primeiro aspecto, refere-se à qualidade das relações para a construção de uma cultura colaborativa
na educação infantil; o segundo, diz respeito ao papel do projeto formativo para o fortalecimento e a
efetivação da proposta pedagógica das IEI.
7.2.1 A qualidade das relações para a construção de uma cultura colaborativa na educação
infantil
O/A coordenador/a pedagógico/a e o/a diretor/a são atores que fazem parte do grupo gestor
da instituição, corresponsáveis por primar pelo zelo do ambiente escolar, no que se refere às relações
estabelecidas. Tendo em vista essa perspectiva, para que o projeto pedagógico da instituição seja efetivado
e uma cultura colaborativa seja cultivada, é de suma importância que as relações interpessoais estejam
equilibradas e saudáveis.
Capítulo 07 | 97
3DUDTXHHVVHWUDEDOKRIRUPDWLYRGDVVLWXDo}HVHVSHFtÀFDVGHWUDEDOKRVHGHVHQYROYDGHPRGRSURItFXR
a coordenação pedagógica deve contar com a parceria do/da diretor/a, valorizando e legitimando seu
trabalho, bem como o apoio dos/das formadores/as da Rede5. Seguindo essa perspectiva, o/a formador/a
tem um papel importante, tanto de acompanhar as formações realizadas no espaço escolar, como de
contribuir para o/a coordenador/a pedagógico/a enxergar as necessidades formativas da instituição,
sugerindo possíveis caminhos para viabilização de momentos formativos. Nesse sentido, há um trabalho de
FRUUHVSRQVDELOLGDGHHQWUHHVVHVSURÀVVLRQDLVDÀPGHSRWHQFLDOL]DUDHIHWLYDomRGHXPROKDUYROWDGRSDUDD
instituição como locus de formação continuada.
O projeto pedagógico da instituição deve reverberar na constante necessidade de um cotidiano atento
DRIRUWDOHFLPHQWRGDIRUPDomRFRQWtQXDGRVSURÀVVLRQDLV_$VVLP é fundamental que sejam pensadas
YDULDGDV HVWUDWpJLDV GH IRUPDomR TXH YLDELOL]HP XPD FXOWXUD UHÁH[LYD QD LQVWLWXLomR ou seja, é
preciso que se compreenda que a principal característica da formação no locus da instituição é exatamente
DLQVWDXUDomRGDUHÁH[mRSDUDDPXGDQoDGHSUiWLFDVSHGDJyJLFDV
Embora seja necessário organizar espaços formais, para que as formações aconteçam, é preciso que
VHMDFRPSUHHQGLGRTXHHVSDoRVGHFDUiWHUPDLVLQIRUPDOWDPEpPSRGHPVHUSRWHQFLDOL]DGRUHVGHUHÁH[}HV
RXVHMDRVRPDWyULRGHHVSDoRVIRUPDLVHLQIRUPDLVVmRIXQGDPHQWDLVSDUDHIHWLYDUXPDFXOWXUDUHÁH[LYD
VREUHDSUiWLFDGRFHQWHSRLV´DHVFRODFRPRXPOXJDUGHSURGXomRGHVDEHUHVSRGHVHFRQVWLWXLUHP
ambiente de aprendizagem permanente, a depender de como as situações são conduzidas” (SALVADOR,
2012 p. 51).
Esta proposta defende que a identidade de formador de professores do/da coordenador/a
pedagógico/a é revelada nas diversas estratégias formativas que ocorrem no cotidiano da instituição. O
quadro abaixo descreve algumas delas:
• Encontros pedagógicos;
• Tempo de planejamento dos(as) professores(as);
• Reuniões coletivas;
• Reuniões individuais;
ALGUMAS ESTRATÉGIAS
*UXSRGHSURÀVVLRQDLVOLJDGRVj60('LVWULWRVGH(GXFDomRTXHUHDOL]DPDIRUPDomRQRVSRORVWDQWRGHSURIHVVRUHVFRPRGHFRRUGHQDGRUHVEHPFRPR
acompanham os processos pedagógicos das instituições.
Capítulo 07 | 99
COM A PALAVRA A COORDENAÇÃO
Observando alguns momentos de interação e brincadeiras
nos espaços externos da instiuição, percebi que as crianças
de um determinado agrupamento permaneciam por muito
tempo dentro da sala de referência/convivência. Ao dialogar
com a professora, que demonstrou insegurança em conduzir o
JUXSR D DPELHQWHV PDLV DPSORV UHÁHWLPRV VREUH HVWUDWpJLDV
TXHSRGHULDPVHUGHÀQLGDVDÀPGHDVVHJXUDUPRVRVGLUHLWRV
de aprendizagem das crianças (conviver, brincar, participar,
explorar, expressar e conhecer-se). Uma das estratégias
sugeridas foi a de iniciar a exploração dos ambientes extrassala
a partir de espaços mais delimitados, como a videoteca, sala de
leitura e o ateliê.
Outra sugestão foi a de que, durante os momentos de
exploração de determinados locais (parques, horta...), a professora
de menor carga horária pudesse acompanhá-la. Assim, elas
compartilhariam os seus saberes e a professora se sentiria mais
segura para que esses momentos fossem contemplados durante
a rotina das crianças. Não desconsideramos as interações que já
aconteciam no ambiente de sala, mas enfatizamos a necessidade
de ampliarmos as possibilidades para que os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento daquela faixa etária fossem
atingidos em sua totalidade.
100 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
No que se refere ao valor identitário da proposta pedagógica da instituição é preciso que o/a
FRRUGHQDGRUDSHGDJyJLFRDIDoDDPHGLDomRMXQWRDRJUXSRGHSURÀVVLRQDLVWHQGRFRPRIRFRDJDUDQWLD
GRVSULQFtSLRVGHIHQGLGRVQHVWHGRFXPHQWR$VVLPRPHOKRUFDPLQKRSDUDDVUHÁH[}HVVREUHDHIHWLYDomR
dos preceitos perpassa pelo fortalecimento da comunicação, do diálogo e do sentimento de coletividade no
GLDDGLDGHWUDEDOKRGRVSURÀVVLRQDLVGHPDQHLUDTXHUHSHQVHPVXDVSUiWLFDV
Ao compreender o seu papel como formador de professores o/a coordenador/a pedagógico/a tem
DRSRUWXQLGDGHGHSHUFHEHUVHFRPRXPGRVUHVSRQViYHLVSHORGHVHQYROYLPHQWRGDSURÀVVLRQDOLGDGHGRV
docentes da educação infantil e ao mesmo tempo contribuir para a construção da identidade destes e
D VXD SUySULD LGHQWLGDGH SURÀVVLRQDO 1R kPELWR GD IRUPDomR GRV GHPDLV SURÀVVLRQDLV GDV ,(, RVDV
FRRUGHQDGRUHVDVHGLUHWRUHVDVGHYHPUHDOL]DUQRORFXVGDLQVWLWXLomRPRPHQWRVGHUHÁH[mRDFHUFDGDV
HVSHFLÀFLGDGHVSDUDXPDWHQGLPHQWRGHTXDOLGDGHjVFULDQoDV
$RORQJRGHVWHGRFXPHQWRYiULDVUHÁH[}HVHGLiORJRVVmRSURSRVWRVQRLQWXLWRGHVXEVLGLDUDVDo}HV
formativas de cada IEI. As questões tratadas nos capítulos anteriores devem ser articuladas aos temas,
necessidades e demandas pulsantes em cada CEI, Escola ou Creche Parceira, objetivando sempre a melhoria
das práticas pedagógicas com meninos e meninas das creches e pré-escolas municipais de Fortaleza.
É notável que a função da gestão escolar é valiosa para a sustentação do projeto pedagógico da IEI.
'HVVHPRGRHVVHSURÀVVLRQDOWHPDLQFXPErQFLDGHPDQWHUUHODo}HVKDUPRQLRVDVHQWUHRVSURÀVVLRQDLVTXH
DWXDPQDLQVWLWXLomRFXOWLYDQGRXPDFXOWXUDGHGLiORJRGHFRUUHVSRQVDELOLGDGHEHPFRPRGHUHÁH[}HV
estudos sistemáticos sobre as práticas que estão sendo oferecidas, articulando com maestria a efetivação do
papel social das instituições, que perpassa pela garantia do bem-estar, da aprendizagem e do desenvolvimento
dos bebês e das crianças da cidade de Fortaleza.
Capítulo 07 | 101
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
102 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ANDRADE, Rosimeire Costa de. A rotina da creche comunitária de Fortaleza: tempo de espera e
ociosidade. Revista Educação em Debate, Fortaleza, ano 24, v. 2, nº 44, 2002. Disponível em: <http://www.
repositorio.ufc.br/handle/riufc/15153>. Acesso em: 08 ago. 2020.
ANGELO, Adilson de. O espaço-tempo da fala na Educação Infantil: a roda de conversa como dispositivo
pedagógico. In: KRAMES, Sonia (Org.) Educação Infantil: enfoques e diálogos. Campinas: Papirus, 2011.
______; HORN, M. G. S. Organização do espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, C.;
KAERCHER, G. E. Educação Infantil. Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
______. Praticar uma educação para a diversidade no dia-a-dia da escola de educação infantil. In:
FRANCISCO, Denise A.; MENEZES, Mireila S. 5HÁH[}HV VREUH DV SUiWLFDV SHGDJyJLFDV. Novo
Hamburgo: Feevale, 2009.
BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na Educação Infantil. Trad. Cristina Maria
de Oliveira. Porto Alegre: Artmed, 1999.
_______. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
HVWDEHOHFHDVGLUHWUL]HVHEDVHVGDHGXFDomRQDFLRQDOSDUDLQFOXLUQRFXUUtFXORRÀFLDOGD5HGHGH(QVLQR
DREULJDWRULHGDGHGDWHPiWLFD´+LVWyULDH&XOWXUD$IUR%UDVLOHLUDµHGiRXWUDVSURYLGrQFLDV%UDVtOLD')
2003.
______. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. MEC/SEB: Brasília, DF,
2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol2.pdf.
_______. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2004a.
_______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Indagações sobre currículo: diversidade
e currículo. Brasília: MEC, SEB, 2007.
Referências | 103
______. Ministério da Educação. Parecer CNE/CEB nº 20/2009, de 11 de novembro de 2009. Diretrizes
curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Básica - CEB, nov. 2009.
______. Indicadores de Qualidade na Educação Infantil. MEC/SEB: Brasília, DF, 2009. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf.
______.Estatuto da igualdade racial. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010.
_______. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. Brasília, DF, 2017.
______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação infantil e ensino
fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.
BBBBBB0LQLVWpULRGD(GXFDomRWH[WRÀQDO=LOPDGH0RUDHV5DPRVGH2OLYHLUDCampos de Experiência:
efetivando direitos e aprendizagens na Educação Infantil. São Paulo: Fundação Santillana, 2018. p. 29-48.
Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/70985172/campos-de-experiencias efetivando-
GLUHLWRVHDSUHQGL]DJHQVQDHGXFDFDRLQWDQÀO!$FHVVRHPGHDJRGH
BBBBBBB3UiWLFDV&RWLGLDQDVQD(GXFDomR,QIDQWLO²%DVHVSDUD5HÁH[mRVREUHDV2ULHQWDo}HV&XUULFXODUHV
Projeto de Cooperação Técnica MEC / Universidade Federal do Rio Grande do Sul para Construção de
Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Brasília, MEC/Secretaria de Educação Básica/ UFRGS,
F 'LVSRQtYHO HP +<3(5/,1. ´DERXWEODQNµ KWWSSRUWDOPHFJRYEUGPGRFXPHQWVUHODWB
seb_praticas_cotidianas.pdf >.Acesso em: julho, 2020.
BRUNER, J. Realidade mental, mundos possíveis. Trad. Marcos A. G. Domingues. Porto Alegre: Artes
médicas, 1997.
______. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Marco Referencial dos Povos Indígenas
do Estado do Ceará. Fortaleza: IPECE, 2007.
104 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
COLAGROSSI, Ana Luiza Raggio; VASSIMON, Geórgia. A aprendizagem socioemocional pode
transformar a educação infantil no Brasil. Revista Construção Psicopedagógica, vol. 25, 2017.
CRUZ, Silvia Helena V. Aprender a ler e escrever: as expectativas das famílias e da escola. In: BRASIL.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Caderno 8. Diálogo com
as famílias: a leitura dentro e fora da escola. Coleção Leitura e escrita na educação infantil - 1.ed.- Brasília:
MEC/SEB, 2016.
______. CRUZ, Silvia H. V. Avaliação e Educação Infantil. In: SANTOS, M. W.; TOMAZZETTI, C. M.;
MELLO, S. A. (org.). Eu ainda sou criança: Educação Infantil e resistência. São Carlos: EdUFSCar, 2018.
DAHLBERG, G. Documentação pedagógica: uma prática para a negociação e a democracia. In: EDWARDS,
C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: a experiência de Reggio Emilia em
transformação. Porto Alegre: Penso, 2016.
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a abordagem
de Reggio Emília na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999. 320 p.
FONSECA, Edi. Interações: com olhos de ler, apontamentos sobre a leitura para a prática do professor da
educação infantil. São Paulo: Blucher, 2012.
FORMOSINHO, J. Modelos curriculares na educação básica – o caminho das pedagogias explícitas. In:
OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. (Org.). Modelos curriculares para a Educação de Infância. Porto:
Porto Editora, 2013.
FORNEIRO, Lina Iglesias. A Organização dos Espaços na Educação Infantil. In: ZABALZA, Miguel
Antonio. Qualidade na Educação infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 229-280.
FORTALEZA. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Marco Referencial dos Povos
Indígenas do Estado do Ceará. Fortaleza: IPECE, 2007.
______. Secretaria Municipal da Educação. Proposta curricular para a Educação Infantil da Rede
Municipal de Ensino de Fortaleza. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2016.
Referências | 105
______.Secretaria Municipal da Educação. Diretrizes Pedagógicas da Educação Infantil de 2020.
Fortaleza: SME, 2020.
FORTUNATI, Aldo (org.). Por um currículo aberto ao possível: protagonismo das crianças e educação.
San Miniato: La Bottega Di Geppetto, 2017.
______. Identidade, diversidade e mudança: a aventura da educação sob o ponto de vista da criança. In:
FORTUNATI, Aldo; PAGNI, Barbara. As crianças e a revolução da diversidade. San Miniato: Buqui, 2018.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra,
1996 (Coleção Leitura).
GOMES, Nilma Lino. Educação Cidadã, Etnia e Raça: O trato pedagógico da diversidade. (pag. 83-
95) em CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e Anti-Racismo na Educação Repensando Nossa Escola. São
Paulo:Summus, 2001.
GONZALEZ-MENA, Janet, & EYER, Dianne Widmeyer. O cuidado com bebês e crianças pequenas
na crecheXPFXUUtFXORGHHGXFDomRHFXLGDGRVEDVHDGRHPUHODo}HVTXDOLÀFDGDVHG3RUWR$OHJUH
McGraw-Hill, 2014.
_____. Brincar e interagir nos espaços da escola infantil. Porto Alegre: Penso, 2017.
HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, sons, cores e aromas: a construção do espaço na Educação
Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
______. GOBATTO, Carolina. Percorrendo trajetos e vivendo diferentes espaços com crianças
pequenas. In: FLORES, Maria Luiza Rodrigues; ALBUQUERQUE, Simone Santos (Orgs.).
Implementação do Proinfância no Rio Grande do Sul: perspectivas políticas e pedagógicas.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015.
INSTITUTO ALANA. Projeto Criança e Consumo, 2007. Balanço de atividades e resultados. Disponível
em: https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Relat%C3%B3rio-Anual-20071.pdf
LEITE, Maria Ilnair Martins. Formação continuada para professores de educação infantil: concepções
GHSURÀVVLRQDLVGD5HGH0XQLFLSDOGH(QVLQRGH)RUWDOH]D0DULD,OQDLU0DUWLQV/HLWH
106 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
LIMA, Aline M. G. )DWRUHVDVVRFLDGRVjHÀFiFLDHVFRODU: estudo de instituições educacionais públicas
municipais de Fortaleza – CE. 2012.
LIMA, Ivan Costa; SILVA, David da. Territórios quilombolas no Ceará: educação, processo histórico e
identidades. Braz. J. of Develop, Curitiba, v. 5, n. 6, p. 5814 - 5827, jun. 2019.
LIMA, Lícinio C. Gestão democrática. In: STRECK, Danilo R.; REDIN, Euclides; ZITKOSKI, Jaime
José (Org.). Dicionário Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 196.
MACHADO, Regina. A arte da palavra e da escuta. São Paulo: Editora Reviravolta, 2015.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna ,
2003. — (Coleção cotidiano escolar).
______. O desenvolvimento das educadoras de infância: entre os saberes e os afectos, entre a sala e o
mundo. In: MACHADO, M. L. de A. (org.). Encontros e Desencontros em Educação infantil.HGLomR
São Paulo: Cortez, 2011.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. A parceria com a família na educação da criança. In: OLIVEIRA, Zilma
Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 7. Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
_____. MARANHÃO, Damaris; ABBUD, Ieda. O trabalho do professor na educação infantil. São
Paulo: Editora Biruta Ltda, 2012.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948.
Disponível em: https://nacoesunidas. org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf . Acesso em:
21/12/ 2018.
PLACCO, Vera Maria N. de S.; ALMEIDA, Laurinda R. (orgs). O coordenador pedagógico e o espaço da
mudança. In: Laurinda Ramalho Almeida. O relacionamento interpessoal na coordenação pedagógica.
6 ed. São Paulo: Loyola.h 2007.
Referências | 107
PRATES, Cibeli de Souza; OLIVEIRA, Maíra Sanhudo de. Temas de Saúde em Instituições de Educação
Infantil. In: CRAIDY, Carmem M. e KAERCHER, Gládis E. P. S. Educação infantil: pra que te quero?
Porto Alegre: Artmed, 2001.
PROENÇA, Maria Alice. Prática docente: a abordagem de Reggio Emília e o trabalho com projetos,
portfólios e redes formativas. São Paulo: Panda Educação, 2018.
Projeto Institui o Estatuto Municipal da promoção da Igualdade Racial. Disponível em: https://
www.cmfor.ce.gov.br/2019/07/24/projeto-institui-o-estatuto-municipal-de promocao-e-igualdade-racial/
REIS, Gesiele; NEITZEL, A. A. Família, literatura e creche: uma relação de mediação cultural. In: REIS,
Gesiele; NEITZEL, A. A. Experiências literárias com crianças pequenas em San Miniato. Santa
Catarina: Ed. Universal, 2018.
RINALDI, C. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
ROCHA, Nara Maria Forte Diogo. Relações étnico-raciais e educação infantil: dizeres de crianças sobre
cultura africana e afro-brasileira na escola. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de
Educação, Programa de Pós- Graduação em Educação Brasileira, Fortaleza, 2015.
SANTOS, Ana Paula; SANTOS, Marlene Pereira dos. Infância e quilombos: as relações étnico-raciais
e as crianças quilombolas. In: COSTA, M. F. V.; PEREIRA, J. A.; SILVA, M. S.; ASTIGARRAGA, A.
$H6$17261$&2UJ,QIkQFLDHUHODo}HVHWQRUUDFLDLVHPSHVTXLVD([SUHVVmRJUiÀFDH(GLWRUD
Fortaleza, 2017.
62$5(6*LVHOH5)/25(60DULD/XL]D5´'HVHPSDUHGDUµQD(GXFDomR,QIDQWLORTXHGL]HPDOLWHUDWXUD
e os documentos curriculares nacionais sobre o uso das áreas externas. In: ALBUQUERQUE, Simone S.
FELIPE, Jane. CORSO, Luciana V. (orgs). Para pensar a Educação Infantil em tempos de retrocessos:
lutamos pela Educação Infantil. Porto Alegre: Evangraf, 2017.
SOUSA, Maria Veirislene Lavor; MARTINS, Daniel Valerio. As escolas indígenas no Estado do Ceará: uma
história de resistência. Revista Temas em Educação, João Pessoa, v. 28, n. 2, p. 138-151, maio/ago, 2019.
STIVANIN, Greice Ben; ALBUQUERQUE, Simone Santos de. O que tem na alimentação do bebê? In:
ALBUQUERQUE, Simone Santos de; FELIPE, Jane e CORSO, Luciana Vellinho (orgs.). Para pensar a
Educação Infantil em tempos de retrocessos: lutamos pela Educação Infantil. Porto Alegre: Evangraf, 2017.
TIRIBA, Léa. Crianças da natureza. In: Anais do I Seminário Nacional: Currículo em Movimento –
perspectivas atuais. Belo Horizonte, novembro, 2010.
VILLAS BOAS, Benigna de F. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 2012.
108 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
VECCHI, Vea. Arte e criatividade em Reggio Emilia: explorando o papel e a potencialidade do ateliê na
educação da primeira infância. Tradução Thais Helena Bonini. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2017.
ZINGONI, Sara. Manter unidas as diversidades e dar valor as relações: entre as crianças e as famílias. In:
FORTUNATI, Aldo; PAGNI, Barbara. As crianças e a revolução das diversidades. Tradução: Paula
Baggio; San Miniato: La Bottega di Geppetto, 2019, p. 52-59.
ZUCCOLI, F. As indicações nacionais italianas: campos de experiência e artes. In: FINCO, D; BARBOSA,
M. C. S.; FARIA, A. L. G. de. (orgs.). Campos de experiências na escola da infância: contribuições
italianas para inventar um currículo de Educação Infantil brasileiro. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica,
2015.
Referências | 109
ANEXOS
110 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
NOSSA CAMINHADA NA REELABORAÇÃO COLETIVA DA PROPOSTA CURRICULAR DA
EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICIPIO DE FORTALEZA COM BASE NO DOCUMENTO
CURRICULAR REFERENCIAL DO ESTADO DO CEARÁ - DCRC
A Secretaria Municipal de Fortaleza (SME) pauta suas ações no princípio democrático de gestão,
envolvendo toda a comunidade educacional nas tomadas de decisão, planejamento e construção de
documentos que respaldam as práticas da educação infantil.
Diante disso, o percurso da Rede Pública de Ensino na reelaboração da Proposta Curricular para a
Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza foi permeada de ações voltadas para mais
XPD JUDQGH FRQTXLVWD GRV HGXFDGRUHV H GHPDLV SURÀVVLRQDLV GD HGXFDomR LQIDQWLO GH )RUWDOH]D TXH p R
fortalecimento das práticas pedagógicas, a partir de um documento legitimado, através de Consulta Pública,
por toda comunidade escolar.
2 GHVDÀR GH HODERUDU XP GRFXPHQWR TXH FRQWDVVH FRP D SDUWLFLSDomR GRV VXMHLWRV TXH ID]HP D
educação infantil de Fortaleza (professores, assistentes, coordenadores, pessoal de apoio e famílias) se
WRUQRXLQLFLDOPHQWHXPGHVDÀRTXDVHTXHLQWUDQVSRQtYHOFRQVLGHUDQGRRPRPHQWRYLYHQFLDGRGDSDQGHPLD
mundial causada pelo novo coronavirus. No entanto, fomos aprendendo em companhia (Formosinho, 2019)
TXHDSHVDUGHQmRSRGHUPRVHVWDUMXQWRVÀVLFDPHQWHSRGHUtDPRVVLPHVWDUPRVXQLGRVYLUWXDOPHQWHQXP
único propósito: trabalharmos em prol de uma educação infantil que garanta os direitos de aprendizagem
e desenvolvimento integral de todas as crianças.
Embora, afetados por uma pandemia, que nos impôs distanciamento social, o exercício da participação
não deixou de ocorrer. Fomos nos reinventando para minimizar os impactos da distância física, para nos
mantermos conectados, unidos em um propósito social que é garantir uma educação pública de qualidade
FRPHTXLGDGHUHDÀUPDQGRRGLUHLWRGHFULDQoDVHGHVXDVIDPtOLDVDWHUHPXPDHVFRODTXHDFROKHHHVFXWD
2 SURFHVVR GD FRQVXOWD S~EOLFD IRL GHVDÀDQWH SHOR GLVWDQFLDPHQWR VRFLDO PDV QmR PHQRV ULFR
participativo e criativo. As Unidades Escolares mobilizaram as famílias por meio de aplicativo de Whatzapp
e nos momentos de entrega dos kits de alimentação. Os encontros foram organizados virtualmente, via
google meet e Whatzapp para estudo do Documento preliminar da Proposta Curricular com professores,
assistentes, pessoal de apoio e famílias. A articulação desse movimento contou com a participação
imprescindível dos Distritos de Educação e gestores das Unidades escolares que ofertam educação infantil.
A participação de toda a comunidade escolar foi fundamental para uma grande ação coletiva, séria
e comprometida, movidos por um interesse comum e pela esperança de uma educação infantil pública
promotora dos valores humanos fundamentais a uma sociedade justa e democrática.
Anexos | 111
Registros da consulta pública
112 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Registros da consulta pública
Anexos | 113
Registros da consulta pública
114 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Registros da consulta pública
Anexos | 115
Registros da consulta pública
116 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Registros da consulta pública
ŗ$ HVFROD TXH GHVHMR SDUD PLQKD ŧOKD « XPD HVFROD TXH
valorize e possibilite a inclusão.” ( Famílias )
“Uma escola que esteja atenta aos fatores emocionais
das crianças, e também desenvolva a compreensão, a
responsabilidade e habilidades de vida diária sobre como
cuidar do meio ambiente”. (Famílias)
Anexos | 117
Registros da consulta pública
118 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Quadro de síntese
da integração e
organização das
experiências
Anexos | 119
ALGUNS PONTOS QUE NÃO PODEMOS PERDER DE VISTA NA NOSSA PRÁTICA
PEDAGÓGICA AO DISCUTIRMOS O QUADRO SÍNTESE DA INTEGRAÇÃO E
ORGANIZAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS:
120 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
Bebês: 0 a 1 e 6 meses
FAIXA ETÁRIA Crianças bem pequenas: 1 e 7 meses a 3 anos e 11 meses
Crianças pequenas: 4 anos a 5 anos e 11 meses
Anexos | 121
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI01EO02) Perceber as
possibilidades e os limites de seu
corpo nas brincadeiras e interações
das quais participa.
BRINCAR, CONVIVER,
O EU,
EXPLORAR, PARTICIPAR,
Bebês O OUTRO (EI01EO04) Comunicar
EXPRESSAR E
E O NÓS necessidades, desejos e emoções,
CONHECER-SE
utilizando gestos, balbucios,
palavras.
122 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 123
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI01CG01) Movimentar as
partes do corpo para exprimir
corporalmente emoções,
necessidades e desejos.
(EI01CG02) Experimentar
as possibilidades corporais
nas brincadeiras e interações
em ambientes acolhedores e
GHVDÀDQWHV
(EI01CG05) Utilizar os
movimentos de preensão, encaixe
e lançamento, ampliando suas
possibilidades de manuseio de
diferentes materiais e objetos.
124 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 125
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
126 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 127
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
BRINCAR, CONVIVER,
(EI01EF05) Imitar as variações de
EXPLORAR, ESCUTA, FALA,
entonação e gestos realizados pelos
Bebês PARTICIPAR, PENSAMENTO E
adultos, ao ler histórias e ao cantar.
EXPRESSAR E IMAGINAÇÃO
CONHECER-SE
(EI01EF06) Comunicar-se com outras
pessoas usando movimentos, gestos,
balbucios, fala e outras formas de
expressão.
128 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 129
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI01ET01) Explorar e
descobrir as propriedades de
objetos e materiais (odor, cor,
sabor, temperatura).
(EI01ET03) Explorar o
ambiente pela ação e observação,
manipulando, experimentando e
fazendo descobertas.
BRINCAR,
ESPAÇOS, TEMPOS,
CONVIVER, EXPLORAR,
QUANTIDADES, (EI01ET04) Manipular,
Bebês PARTICIPAR,
RELAÇÕES E experimentar, arrumar e
EXPRESSAR E
TRANSFORMAÇÕES explorar o espaço por meio de
CONHECER-SE
experiências de deslocamentos
de si e dos objetos.
(EI01ET05) Manipular
materiais diversos e variados
para comparar as diferenças e
semelhanças entre eles.
130 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
• Vivência de situações nas quais sejam utilizadas noções espaciais e temporais: na frente - atrás, ao/
do lado, em cima - embaixo, dentro - fora, deitado - em pé, longe-perto, agora-depois, amanhã-hoje-
ontem;
• Experiências que oportunizem a exploração sensorial (com o paladar, tátil, audição, olfato e visão);
8WLOL]DomRGHDPELHQWHVGLYHUVLÀFDGRVFRPREMHWRVEULQTXHGRVHRXWURVPDWHULDLVFDUDFWHUtVWLFRV
de cada um deles) à escolha das crianças, possibilitando descobertas;
• Situações em que os bebês tenham oportunidade de escolher espaços, objetos e brinquedos para
suas descobertas e brincadeiras;
&RQWDWRFRPRVSURÀVVLRQDLVGDLQVWLWXLomRRXIRUDGHODREVHUYDQGRDVDWLYLGDGHVTXHHOHVUHDOL]DP
• Vivências, por meio de brincadeiras, de deslocamentos de si e de objetos pelo espaço, tendo seu
corpo como referência;
6LWXDo}HVGHVDÀDGRUDVHO~GLFDVHPTXHRVEHErVSRVVDPYLYHQFLDUWUDQVIRUPDo}HVSRUPHLRGH
brincadeiras com água, vento, farinha, alimentos etc;
• A exploração e a brincadeira dos bebês com diversos tipos de materiais, tais como argila, areia, água,
folhas etc. nas quais possam observar transformações nesses elementos;
• A percepção e a brincadeira dos bebês com a sua imagem e sombra, assim como as das demais
crianças do grupo;
• O estabelecimento, pelos bebês, da relação entre os seus atos (puxar, empurrar, bater etc.) e as
consequências dos mesmos;
• Brincadeiras que envolvam música, gestos, danças, sons da natureza etc. nas quais os bebês possam
experimentar diferentes ritmos (lento, médio, rápido).
Anexos | 131
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI02EO01) Demonstrar
atitudes de cuidado e
solidariedade na interação com
crianças e adultos.
(EI02EO02) Demonstrar
imagem positiva de si e
FRQÀDQoDHPVXDFDSDFLGDGH
SDUDHQIUHQWDUGLÀFXOGDGHVH
GHVDÀRV
(EI02EO03) Compartilhar
os objetos e os espaços com
crianças da mesma faixa etária e
adultos.
EI02EO04) Comunicar-se
BRINCAR, CONVIVER, com os colegas e os adultos,
CRIANÇAS EXPLORAR, O EU, buscando compreendê-los e
BEM PARTICIPAR, O OUTRO fazendo-se compreender.
PEQUENAS EXPRESSAR E E O NÓS
CONHECER-SE
(,(25HVROYHUFRQÁLWRV
nas interações e brincadeiras,
com a orientação de um adulto.
132 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
• Situações em que as crianças bem pequenas aprendam a brincar e a conviver com as outras crianças
e com os adultos, escolhendo espaços e brinquedos;
• Incentivo as situações em que as crianças bem pequenas sejam chamadas pelo seu próprio nome,
bem como visualizá-lo em seus objetos de pertença;
• Criação de situações que desenvolvam a autonomia das crianças para que estas aprendam a
responsabilizar-se por seus pertences e materiais compartilhados em sala;
• Apoio às conquistas das crianças bem pequenas nos cuidados pessoais e coletivos;
• Favorecimento das brincadeiras de faz de conta, proporcionando que as crianças bem pequenas
DVVXPDPGLIHUHQWHVSDSpLVFULDQGRFHQiULRVGLiORJRVHWUDPDVGLYHUVDVTXHSHUPLWDPVLJQLÀFDUH
UHVVLJQLÀFDURPXQGRVRFLDOHDVUHODo}HVFRPRVSDUFHLURVGHEULQFDGHLUD
• Favorecimento do diálogo, valorizando a escuta das crianças bem pequenas, sobretudo, nos
PRPHQWRVGD5RGDGH&RQYHUVDHVHPSUHTXHVXUJLUHPG~YLGDVHFRQÁLWRV
• Atividades que promovam a interação e o conhecimento da cultura local e regional (carnaval, festas
juninas, bumba-meu-boi, reisados, maracatu etc.);
• Conhecimento, convivência e valorização das diversidades (religiosa, étnica, cultural, de gênero etc.)
pelas crianças bem pequenas;
• Momentos de pesquisa com o objetivo de conhecer a história de vida das crianças bem pequenas,
inclusive possibilitando o envolvimento e a contribuição da comunidade;
• Apropriação de regras de convívio social pelas crianças bem pequenas, de forma dialogada e
cuidadosa;
• Oportunidades regulares e diárias para brincar no espaço externo da instituição, usando diversos
materiais/brinquedos (bolas, bambolês, brinquedos diversos, latas, garrafas plásticas, cordas etc.);
Anexos | 133
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI02CG01) Apropriar-se de
gestos e movimentos de sua
cultura no cuidado de si e nos
jogos e brincadeiras.
(EI02CG03) Explorar
formas de deslocamento no
espaço (pular, saltar, dançar),
BRINCAR, combinando movimentos e
CRIANÇAS
CONVIVER, EXPLORAR, CORPO, GESTOS seguindo orientações.
BEM
PARTICIPAR, EXPRESSAR E MOVIMENTOS
PEQUENAS
E CONHECER-SE
(EI02CG04) Demonstrar
progressiva independência no
cuidado do seu corpo.
(EI02CG05) Desenvolver
progressivamente as
habilidades manuais,
adquirindo controle para
desenhar, pintar, rasgar,
folhear, entre outros.
134 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
'XUDQWHDEULQFDGHLUDOLYUHRFRQWDWRFRPRXWUDVFULDQoDVGLIHUHQWHVHVSDoRVHPDWHULDLVDÀPGH
ampliar as percepções e o conheci- metno das crianças bem pequenas sobre o seu corpo;
• Favorecimento às várias possibilidades do corpo no espaço. Ex: sentar, arrastar, engatinhar, rolar,
ÀFDU HP Sp FRP DSRLR DQGDU FRUUHU SXODU FKXWDU VDOWDU URGDU GDQoDU PDUFKDU VXELU HVFDGDV
ultrapassar obstáculos, passar dentro, equilibrar-se, abraçar, esconder, passar por circuitos, túneis,
trilhas, imitar e criar personagens etc.;
• Exploração dos espaços internos e externos da instituição e contato com os demais adultos;
• Situações que favoreçam as várias possibilidades de deslocamento do corpo no espaço, com objetos
GLYHUVLÀFDGRVFRPRREVWiFXORVXWLOL]DQGRRVHXFRUSRFRPRUHIHUrQFLD
• Exploração, por meio de brincadeiras de faz de conta, de situações em que aprendam a cuidar do
próprio corpo e dos amigos e de ser cuidado por eles;
6LWXDo}HVGHVDÀDGRUDVHPTXHDVFULDQoDVEHPSHTXHQDVVHMDPFRQYLGDGDVDSHQVDUQRFXLGDGRFRP
o espaço que frequentam, na arrumação e organização dos brinquedos e objetos utilizados;
Anexos | 135
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
136 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 137
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI02ET01) Explorar e
descrever semelhanças e
diferenças entre as características
e propriedades dos objetos
(textura, massa, tamanho).
(,(7,GHQWLÀFDUUHODo}HV
espaciais (dentro e fora, em cima,
embaixo, acima, abaixo, entre
e do lado) e temporais (antes,
BRINCAR, CONVIVER, durante e depois).
ESPAÇOS, TEMPOS,
CRIANÇAS EXPLORAR,
QUANTIDADES,
BEM PARTICIPAR, (,(7&ODVVLÀFDUREMHWRV
RELAÇÕES E
PEQUENAS EXPRESSAR E considerando determinado
TRANSFORMAÇÕES
CONHECER-SE atributo (tamanho, peso, cor,
forma etc.).
138 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 139
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI03EO01) Demonstrar
empatia pelos outros,
percebendo que as pessoas
têm diferentes sentimentos,
necessidades e maneiras de
pensar e agir.
(EI03EO05) Demonstrar
valorização das características
de seu corpo e respeitar as
características dos outros
(crianças e adultos) com os quais
convive.
140 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 141
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI03CG02) Demonstrar
controle e adequação do uso
de seu corpo em brincadeiras
(EI03CG05) Coordenar
suas habilidades manuais no
atendimento adequado a seus
interesses e necessidades em
situações diversas.
142 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
• Proposição de relações que as crianças estabelecem com o seu corpo, com o espaço, com objetos
e com a natureza através de brincadeiras de esconder objetos e dar dicas para as crianças acharem,
como: perto, longe, embaixo, em cima etc.;
• A participação das crianças pequenas, como protagonistas, tanto no planejamento como na realização
das atividades que envolvam a expressão corporal;
• A expressão de desejos, de sentimentos e de idéias por meio das diferentes linguagens (dança, teatro,
dramatização…) pelas crianças pequenas;
• A leitura e contação de histórias nas quais as crianças pequenas dramatizem, imitando, gestualmente
suas características marcantes ou criando personagens a partir do reconto, bem como utilizando
objetos sonoros e instrumentos musicais;
• Estimulação das crianças quanto às possibilidades de conhecer seu próprio corpo, bem como
expressar corporalmente os sentimentos, as sensações, pensamentos, formas de conhecer os seres,
objetos e fenômenos que as rodeiam;
• Pequenas construções e produções pelas crianças (recorte, colagem, pintura, maquete, desenho,
escultura, composição com tecidos, inclusive enfeites para personagens em dramatizações etc.);
Anexos | 143
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI03TS02) Expressar-se
BRINCAR, CONVIVER, livremente por meio de
CRIANÇAS EXPLORAR, PARTICIPAR, TRAÇOS, SONS, desenho, pintura, colagem,
PEQUENAS EXPRESSAR E CORES E FORMAS dobradura e escultura, criando
CONHECER-SE produções bidimensionais e
tridimensionais.
(EI03TS03) Reconhecer
as qualidades do som
(intensidade, duração, altura e
timbre), utilizando-as em suas
produções sonoras e ao ouvir
músicas e sons.
144 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 145
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI03EF01) Expressar ideias,
desejos e sentimentos sobre suas
vivências, por meio da linguagem
oral e escrita (escrita espontânea), de
fotos, desenhos e outras formas de
expressão.
(EI03EF02) Inventar brincadeiras
cantadas, poemas e canções, criando
rimas, aliterações e ritmos.
(EI03EF03) Escolher e folhear
livros, procurando orientar-se por
temas e ilustrações e tentando
LGHQWLÀFDUSDODYUDVFRQKHFLGDV
(EI03EF04) Recontar histórias
ouvidas e planejar coletivamente
roteiros de vídeos e de encenações,
GHÀQLQGRRVFRQWH[WRVRV
personagens, a estrutura da história.
(EI03EF05) Recontar histórias
BRINCAR,
ouvidas para produção de reconto
CONVIVER,
ESCUTA, FALA, escrito, tendo o(a) professor(a)
CRIANÇAS EXPLORAR,
PENSAMENTO E como escriba.
PEQUENAS PARTICIPAR,
IMAGINAÇÃO (EI03EF06) Produzir suas próprias
EXPRESSAR E
CONHECER-SE histórias orais e escritas (escrita
espontânea), em situações com
IXQomRVRFLDOVLJQLÀFDWLYD
(EI03EF07) Levantar hipóteses
sobre gêneros textuais veiculados
em portadores conhecidos,
recorrendo a estratégias de
REVHUYDomRJUiÀFDHRXGHOHLWXUD
(EI03EF08) Selecionar livros e
textos de gêneros conhecidos para
a leitura de um adulto e/ou para
sua própria leitura (partindo de seu
repertório sobre esses textos, como
a recuperação pela memória, pela
leitura das ilustrações etc.).
(EI03EF09) Levantar hipóteses em
relação à linguagem escrita, realizan-
do registros de palavras e textos, por
meio de escrita espontânea.
146 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
Anexos | 147
DIREITOS DE OBJETIVOS DE
FAIXA CAMPOS DE
APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM
ETÁRIA EXPERIÊNCIAS
DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO
(EI03ET01) Estabelecer
relações de comparação entre
objetos, observando suas
propriedades.
(EI03ET02) Observar e
descrever mudanças em
diferentes materiais, resultantes
de ações sobre eles, em
experimentos envolvendo
fenômenos naturais e
DUWLÀFLDLV
(,(7,GHQWLÀFDU
e selecionar fontes de
informações, para responder a
questões sobre a natureza, seus
fenômenos, sua conservação.
(EI03ET04) Registrar
observações, manipulações
e medidas, usando múltiplas
BRINCAR, CONVIVER, ESPAÇOS, TEMPOS, linguagens (desenho, registro
CRIANÇAS EXPLORAR, PARTICIPAR, QUANTIDADES, por números ou escrita
PEQUENAS EXPRESSAR E RELAÇÕES E espontânea), em diferentes
CONHECER-SE TRANSFORMAÇÕES suportes.
(,(7&ODVVLÀFDUREMHWRV
HÀJXUDVGHDFRUGRFRPVXDV
semelhanças e diferenças.
(EI03ET08) Expressar
medidas (peso, altura etc.),
FRQVWUXLQGRJUiÀFRVEiVLFRV
148 | Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
ORGANIZAÇÃO E
INTEGRAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS
CM
2FRQYtYLRHPVLWXDo}HVGHFRRSHUDomRQDUHVROXomRGHSUREOHPDVVLPSOHVDGTXLULQGRFRQÀDQoD
MY
• Cantinhos de jogos simbólicos que disponibilizem e remetam a situações sociais de uso dos números
(organização da casa, do escritório, ida ao supermercado, pagamento de passagem no transporte
coletivo etc.), com eventual construção de caderninho de anotações, operações (não convencionais),
cédulas e moedas etc.;
• Uso de lupa, termômetro, binóculo e outros artefatos que incentivem a investigação, a observação
e o registro pelas crianças;
3DUWLFLSDomR GDV FULDQoDV QD HODERUDomR GH OLVWDV WDEHODV JUiÀFRV FRP PHGLGDV GH GLIHUHQWHV
grandezas;
([SHULrQFLDV HQYROYHQGR IHQ{PHQRV QDWXUDLV H DUWLÀFLDLV FRP GLIHUHQWHV PDWHULDLV D ÀP GH
observarem e descreverem oralmente as mudanças resultantes das ações (das crianças, do tempo,
da temperatura etc) sobre os materiais e fenômenos, como: o derretimento do gelo, crescimento de
plantas, apodrecimento de frutos, etc.
• Organização de situações-problemas envolvendo quantidades, nas quais as crianças expressem suas
hipóteses e confronte-as com as dos colegas;
Anexos | 149