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Manual do

Formando

Curso de:
Desenho Infantil: Da importância à
interpretação

Data
Fevereiro 2019
Manual do Formando – Educação Emocional para Crianças e Jovens

1. MÓDULO 1- ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................................................................ 3


1.1 A IMPORTÂNCIA DO DESENHO INFANTIL ............................................................................................................................. 3
1.2 FASES DO DESENHO INFANTIL........................................................................................................................................... 4
• GARATUJA (0-3) ............................................................................................................................................................... 4
• PRÉ ESQUEMATISMO (4-6) .................................................................................................................................................. 4
• ESQUEMATISMO (7-9) ....................................................................................................................................................... 4
• REALISMO (9-10) .............................................................................................................................................................. 4
• PSEUDO NATURALISMO (+ 10) ............................................................................................................................................ 4
1.3 ASPECTOS GERAIS DO DESENHO ....................................................................................................................................... 7
2. MÓDULO 2 – ANÁLISE DO DESENHO PARTE I .......................................................................................................... 13
2.1 O TESTE DO DESENHO DA FIGURA HUMANA DE GOODENOUGH ........................................................................................... 13
2.2 O TESTE DO DESENHO DA FAMÍLIA .................................................................................................................................. 17
3. MÓDULO 3 –ANÁLISE DO DESENHO PARTE II .......................................................................................................... 23
3.1 TESTE HTP (HOME-TREE-PERSON) ................................................................................................................................. 23
3.2. DESENHO DA CASA ............................................................................................................................................................ 27
3.3. DESENHO DA ÁRVORE ........................................................................................................................................................ 29
3.3. DESENHO DA PESSOA......................................................................................................................................................... 32
4. PARA PRATICAR… ............................................................................................................................................................ 38
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ...................................................................................................................................... 40

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1. Módulo 1- Enquadramento Teórico

O desenho, traz no seu conteúdo a expressão do sentir e pensar de um indivíduo.

(Pedral, 2011)

1.1 A importância do Desenho Infantil


Segundo Fávero e Salim, 1995 o desenho é uma das formas de comunicação mais primitivas. (Santos,2017 )

O desenho:

• Meio de autoexpressão;

• Reduz tensão e ansiedade;

• Permite expressar sentimentos;

• Permitem reconstruir e reorganizar conceitos;

• Fortalecem a relação terapêutica;

• Permite o relacionamento sem carga social ou cultural;

• É universal.

De acordo com Van Staden, 1997 os desenhos podem ser um reflexo de problemas afetivos, sociais, físicos ou

intelectuais.

De acordo com V. Lowenfeld desenhar, pintar ou construir, constituem um processo complexo em que a criança

reúne diversos elementos para formar algo novo e significativo. No processo de seleção , interpretação e alteração

desses elementos, a criança produz mais que uma imagem. Transporta parte de si própria, como pensa, como

sente, como vê.

(Pedral, 2011)

Instrumento projetivo que mostra as caraterísticas valorizadas pela criança. (Hammer, 1991, Machover, 1967)

Trata-se de um processo de comunicação simbólico.

É uma forma primitiva de comunicação. (Fávero e Salim, 1995)

“A criança desenha mais do que sabe e do que vê” (Santos, 2016)

Quando desenha a criança mostra mais sobre si do que sobre o que desenhou. (DiLeo, 1987)

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Inicialmente não há ligação fixa entre o objeto e a representação

• O Desenho da Figura Humana (DFH) começa a ser introduzido para avaliar o nível de maturidade inteletual

da criança por Goodenough em 1926.

• Em 1931 Appel já usava o desenho como instrumento psicológico de avaliação de crianças. “Desenha uma

casa, uma família e animais”.

• Alguns anos depois (1963) Harris propõe uma revisão do Teste de Goodenough, introduzindo o Desenho

do Homem, o Desenho da Mulher e o Desenho de Si Mesmo.

• É já no século XX que o desenho constitui técnica de avaliação psicológica, avaliando capacidades

cognitivas e características da personalidade (Bandeira, Costa & Arteche, 2008).

• Tem uma função semiótica e simbólica na medida que representa um significado.

• “As crianças são mais simbolistas do que realistas nos seus desenhos” (Rioux, 1951)

Meio de • Desenho Livre


expressão
Meio de • Teste do desenho da Figura Humana
avaliação de Goodenough

Meio de • Teste do Desenho da Família de


interpretação Corman

1.2 Fases do Desenho Infantil


• Garatuja (0-3)
• Pré esquematismo (4-6)
• Esquematismo (7-9)
• Realismo (9-10)
• Pseudo Naturalismo (+ 10)

FASE DA GARATUJA (ORDENADA E DESORDENADA)


• A criança sente prazer em dominar o lápis. Não existe figura humana e a cor assume-se como secundária;
• A criança ignora os limites do papel;

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• Desordenada-Movimentos amplos e desordenados;


• Ordenada- Movimentos longitudinais e circulares;
• Nesta fase indicam-se materiais tais como lápis de cera ,papel A3, guaches, pasta de modelar e fixar papel
na parede.
(Pedral, 2011)

FASE DO PRÉ-ESQUEMATISMO
• Surge a intencionalidade em produzir algo e a criança começa agora a respeitar os limites do papel;
• Elementos ainda dispersos e pouco relacionados entre si. Uso das cores é emocional;
• “Homem-girino” (com pernas e braços);
• Nesta fase a criança começa a verbalizar o que desenhou “Olha é um sol”;
• Muitas vezes não à consistencia entre o objeto e a sua representação. Hoje pode ser um sol e amanhã
uma maçã.
(Pedral, 2011)

4 anos 5 anos 6 anos

• Formas reconhecíveis • Traços fáceis de distinguir • Surgem desenhos


• A partir desta idade a • Geralmente desenham temáticos e claramente
criança geralmente pessoas, casas, árvores, identificáveis
procura usar cores animais, flores…
realistas • As personagens começam
• Figuras humanas mais a surgir vestidas
pormenorizadas
• Surge a linha da base

FASE DO ESQUEMATISMO

• Surge a noção de perspectiva;

• A criança torna-se extremamente exigente com as suas produções;

• A criança já usa a linha de base e há já uma relação entre cor-objeto. A criança já tem noção da figura

humana mas podem surgir algumas omissões ou exageros;

• Surge a transparência e o rebatimento.

(Pedral, 2011)

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FASE DO REALISMO

• Criança ganha maior consciência sobre as diferenças sexuais entre as pesonagens. Há um abandono da

linha de base e surge o plano e a sobreposição;

• Uso de formas geométricas, rigidez e formalismo;

• Os desenhos refletem a sua realidade, experiências e contexto;

• Crianças preocupam-se com a forma e os tamanhos.

(Pedral, 2011)

FASE DO PSEUDO NATURALISMO

• Operações mais abstratas. Fim da arte como “atividade espontânea”. (Pedral, 2011)

Segundo Santos, 2017 as fases do desenho juntamente com outras provas permitem compreender o nível de

desenvolvimento intelectual da criança.

A PREENSÃO DO LÁPIS E AS IDADES

DESENHOS DAS CRIANÇAS COM NEE (Pedral, 2011)

• Caracteristicas próprias;

• Expressam imaturidade;

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• Desenhos esteriotipados;

• Há um desiquilibrio entre a idade cronológica e mental.

1.3 Aspectos Gerais do Desenho

DIFERENÇAS DE GÉNERO (Santos 2017)

• Meninas mais atentas a padrões e a pormenores (ex: brincos e colares);


• Meninos geralmente desenham mais animais, carros e ações;
• Meninos mais atentos à proporção e perspectiva;
• Meninas geralmente representam “cenas” mais quotidianas;
• De acordo com Cheen e Kantner 1996, os meninos desenham cenas de ação e violência enquanto as
meninas representam emoções (choro e riso).
• Ainda de acordo com Chen e Kantner, 1996 as meninas preferem usar linhas curvas e formas
arredondadas. Já os meninos usam formas angulares;
• As meninas usam cores mais brilhantes e os meninos cores mais escuras e/ou sombrias.

IMPORTA PERCEBER…

• Se a criança está cansada, se é timida ou tem pouca confiança;

• O ambiente/contexto em que está a desenhar;

• Cada elemento em individual e depois o desenho no global;

• Os desenhos podem traduzir valores culturais (objetos valorizados, atividades,roupas, etc…).

SQUIGGLE

• Com esta técnica a criança entra de forma espontânea e divertida em interação com o terapeuta;

• É realizada como um jogo. O terapeuta faz um traço, a criança complementa, de forma a produzir um

desenho. Depois desta produção poderão criar uma história.

Squiggle Foundation's http://www.squigglefoundation.org/

(Winnicot,1981)

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O squiggle permite assim avaliar:

*A qualidade da relação terapêutica;

*A forma como a criança desenha;

*A criatividade da criança e o uso de padrões;

*A escolha das cores;

*Se é “desafiadora”;

*….

(Santos, 2017)

https://www.youtube.com/watch?v=Kb08XyJEu2U

Materiais:

• Uma caixa de lápis de cor;

• Papel;

• Empatia e sorriso;

• Imaginação.

É importante estudar o processo de elaboração do desenho e não só o produto final ( Di Leo, 1987).

O DESENHO COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO

• Permite à criança expressar-se;

• Reduz a tensão “característica” num momento de avaliação.

São também uma forma fácil de interagir permitindo a criação de narrativas. (McFadden, 1998)

O QUE AVALIAMOS NO DESENHO? (Santos, 2017)

• O traço;

• A cor;

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• A forma;

• A posição;

• Relacionamento entre figuras;

• Sequência das figuras;

• Qualidade do preenchimento das figuras;

• “Investimento” nas figuras;

• …

ANTES DE INICIAR A AVALIAÇÃO…

• Ter atenção que muitos dos “sinais” de psicoses são comuns em crianças pequenas;

• Falar sempre em possibilidades. Pode surgir, pode significar;

• Não tomar um desenho pelo todo;

• Dar liberdade e não ser sugestivo;

• Aspectos ganham mais importância quando permanecem em desenhos seguintes.

ASPETOS A TER EM CONTA DURANTE A AVALIAÇÃO (Vass, 2013)

• A disposição da criança para fazer o desenho;

• Que cores escolhe;

• Quem desenha primeiro;

• Quem desenha no final;

• Qual a personagem em que mais se detém;

• Que comentários faz.

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AS CORES (Widlocher, 1971)

Preguiça; Cores quentes:


Falta de motivação; Crianças alegres;
Traços depressivos; Tranquilidade e alegria;
Pobreza afetiva Boa adaptação.

Cores neutras:
Cores frias:
Crianças fechadas e
Crianças centradas em si mesmas
independentes

Impaciência;
Maturidade; Segurança;
Vida; Curiosidade; Necessidade Paz;
Sensibilidade; Insconsciente Planeamento;
Atividade Alegria de Contacto Tranquilidade
Intuição Organização
Social

(Pedral,2011)

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POSIÇÃO NO ESPAÇO (Widlocher, 1971)

• Representa o intelecto, a imaginação, o futuro;


Parte superior da folha • Exprime o “desejo de descoberta”.

• Representa o passado e a necessidade de suporte;


Parte inferior da folha • Necessidades físicas e materiais da criança.

Grande separação • Representa insegurança e baixa autoconfiança.


espacial
Ultrapassar os limites • Falta de controlo e imaturidade;
da folha • Pode representar atitude de oposição.

• Ligação ao passado;
Lado esquerdo • Impulsividade.

• Ligação ao presente e “disponibilidade” para o que a rodeia;


Centro da folha • Não há marcas de ansiedade ou tensão.

Lado direito • Ligação ao futuro, energia e esperança no que virá.

TRAÇO (Widlocher, 1971)

Muita pressão • Agressividade, impulsividade.

Pressão normal • Entusiasmo, motivação e vontade.

Pouca pressão • Pouca convicção, distanciamento.

Pressão variável • Hesitação, falta de consistência.

• Um traço fraco pode também indiciar falta de motivação e/ou fadiga;

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• Linhas amplas- extroversão;

• Linhas curtas-inibição;

• Traço com interrupções – pode indicar insegurança e/ou impulsividade;

Desenhar da Esquerda para a direita – sentido normal, progressivo;

Desenhar da Direita para a esquerda- sentido regressivo.

ANÁLISE DO DESENHO

• 1º Analisar cada elemento isoladamente (Tamanho, forma, traçado…);

• 2ºObservar o que o desenho quer dizer. Fazer um apanhado geral de toda a informação.

OUTROS ASPETOS

• Tempo, latência e pausas (desenho com muita rapidez pode significar necessidade de se “livrar” de alguma

coisa. Demorar muito tempo pode significar uma importância extrema ou relutância em reproduzir algo.

O atraso/pausa pode também significar existência de conflito)

• Detalhes (o que a criança valoriza, atribuição de significado e importância)

• Uso excessivo da borracha ( autocrítica, reação emocional forte face ao objeto desenhado, existência de

conflito)

• Comentários (dão segurança, e ajudam a estruturar a situação. São EXTREMAMENTE importantes.

• Proporção adequada (capacidade de julgamento e de resolução de problemas, capacidade de atribuir um

valor objetivo a cada elemento);

• Transparências (dificuldades na visão crítica e na percepção da realidade);

• Movimento no desenho (é importante compreender a intensidade,o prazer e o movimento em si ,

voluntário ou não).

• Estes aspetos são apenas indicadores. Não devemos generalizá-los. Cada criança é um mundo, assim

como as regras de interpretação do desenho infantil.

• Os desenhos não podem ser tidos como uma resposta absoluta para todos os problemas das crianças.

(Trevisan, 1996)

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• Quando fazemos a avaliação de um desenho referimos que “pode indicar”, “pode significar”. Nada é exato.

PARA EXPLORAR…

“ A possibilidade da criança se expressar através da sua criatividade é uma das grandes pontes terapêuticas e um

alimento para um crescimento saudável.” (Santos, 2017)

2. Módulo 2 – Análise do Desenho Parte I

É importante lembrar sempre 3 aspetos!

• A idade cronológica da criança, uma vez que há aspetos do desenho que podem encaixar perfeitamente

no expectável para a idade;

• Se é conhecida alguma patologia do foro psiquiátrico e/ou défice cognitivo uma vez que determinados

aspetos se justificam com esses quadros clinicos;

• Que todos os significados apresentados são POSSÍVEIS leituras e significados. Pode sugerir, pode significar,

pode indicar. Nada é uma certeza absoluta.

2.1 O Teste do Desenho da Figura Humana de Goodenough

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O teste de Goodenough é aplicado a crianças dos 4 aos 10 anos (preferencialmente), podendo também ser
aplicado até aos 15 anos segundo alguns autores.
De acordo com a escala de Goodenough é avaliada a inteligência infantil. Quando aplicada a maiores de 12 anos
esta escala é aplicada como diagnóstico de personalidade.
Tal é possível através dos pormenores expressos no desenho da figura humana – Homem.
“a criança não desenha o que vê senão o que sabe a seu respeito, isto é, não realiza um trabalho estético mas sim
intelectual.”
(Lessa, s.d.)

De acordo com Goodenough através do desenho é possível avaliar:

• Associação;

• Observação analítica;

• Discriminação;

• Memória;

• Organização espacial;

• Formação de juízos de valor;

• Abstração;

• Coordenação visuomotora;

• Capacidade de adaptação.

(Lessa, s.d.)

Com o intuito de estabelecer um padrão ao nível dos resultados a idade cronológica (IC) e o ano de escolaridade

são tidos em linha de conta para mesurar o desenvolvimento mental.

A escala de Goodenough prevê a avaliação de 51 itens que estão organizados por grau de complexidade crescente.

A cotação de cada item consiste na avaliação da existência (+) ou ausência (-) de cada um deles.

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Esta listagem permite assim validar a complexidade e perfeição do desenho da criança.

(Lessa, s.d.)

Aspetos a avaliar:

1.Presença da cabeça

2.Presença de pernas

3.Presença de braços

4.a. Presença de tronco

4.b. Tronco mais longo que largo

4.c.Indicação de ombros

5.a. Braços e pernas unidos ao tronco

5.b. Pernas unidas ao tronco. Braços unidos ao tronco em correta ligação

6.a. Presença de pescoço

6.b. Contorno de pescoço como continuação da cabeça ou do tronco ou de ambos

7.a. Presença de olhos

7.b. Presença de nariz

7.c. Presença de boca

7.d. Boca e nariz em duas dimensões; lábios assinalados

7.e. Orificios do nariz indicados

8.a. Cabelos indicados

8.b. Cabelos que não excedam a circunferência da cabeça e que não sejam transparentes

9.a. Presença de roupa

9.b. Duas peças de roupa que não sejam transparentes

9.c. Desenho completo sem transparências quando indiquem mangas e calças

9.d. Quatro peças de roupa devidamente identificados

9.e. Vestuário completo sem incongruências

10. Indicação dos dedos

10.b. Número correto de dedos

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10.c. Dedos em duas dimensões, mais largos do que compridos e formando um ângulo não superior a 180º.

10.d. Polegar em oposição

10.e. Mão diferenciada do braço e dos dedos

11.a. Articulação do braço: cotovelo, ombro ou ambos

11.b. Articulação da perna: joelho, anca ou ambos

12.a. Cabeça proporcional

12.b. Braços proporcionais

12.c. Pernas proporcionais

12.d. Pés proporcionais

12.e. Braços e pernas em duas dimensões

13. Indicação de “tacos”

14.a. Coordenação Motora, Linhas A

14.b. Coordenação Motora, Linhas B

14.c. Coordenação motora, contorno da cabeça

14.d. Coordenação motora, contorno do tronco

14.e. Coordenação motora,contorno de braços e pernas

14.f. Coordenação motora, feições

15.a. Presença de orelhas

15.b. Orelhas proporcionais e corretamente localizadas

16.a. Detalhes dos olhos. Indicação de sobrancelhas e pestanas.

16.b. Detalhes do olho. Indicação das pupilas

16.c. Detalhe do olho. Proporção

16.d. Detalhes do olho, olhar dirigido para a frente em figuras de perfil

17.a. Indicação de frente e queixo

17.b. Indicação da projeção do queixo

18.a. Perfil com apenas um erro

18.b. Perfil correto

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Segundo Lessa, s.d. o teste de Goodenough deverá ser aplicado por técnicos que dominem as técnicas de

aplicação e avaliação repeitando o protocolo.

Alguns anos depois (1963) Harris propõe uma revisão do Teste de Goodenough, introduzindo o Desenho do

Homem, o Desenho da Mulher e o Desenho de Si Mesmo.

2.2 O Teste do Desenho da Família


Constituiu objeto de estudo por Minkowska em 1949, tendo por base a exploração de conflitos familiares. (Santos,

2017).

Este teste é geralmente aplicado dos 5 aos 16 anos, permitindo assim analisar a forma como a criança vê a família,

e a forma como se vê a si própria dentro da dinâmica familiar.

Porot (1952), sugere que no desenho da família sejam tidos em conta os seguintes aspetos:

 Composição da família;

 A posição da criança face à restante família;

 As valorizações/desvalorizações dos elementos representados;

 Análise geral do desenho.

De acordo com o Teste do Desenho Cinético da Família proposto por Burns and Kaufman 1970,1972 é pedido à

criança que:

“Desenha a tua família a fazer alguma coisa”.

De acordo com esta instrução é possível:

 Objetivar as relações familiares;

 Projetar a imagem do próprio corpo;

 Analisar ações individuais e coletivas.

De acordo com o Teste do Desenho da Família de Louis Corman (1967) é proposto à criança:

“Desenha uma família, uma família que tu imaginas.”

Com base nesta instrução é possível:

 Observar a projeção de tendências inconscientes;

 Além das vivências observar a imaginação da criança e a sua referência de “ideal”.

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Corman propõe a avaliação a 3 níveis:

 Nível gráfico;

 Nível das estruturas formais;

 Nível do conteúdo.

Corman nos seus estudos sobre o desenho deu relevância:

 Complexo de Édipo;

 Narcisismo;

 Rivalidade fraternal.

Kos e Biermann (1977) apresentam uma nova técnica “Teste da Família Encantada”.

Para a aplicação dessa técnica é seguida a seguinte instrução:

“Imagina que um mágico encantou uma família. Todas as pessoas dessa família. Já está? Agora vais desenhar essa

família.”

No final da elaboração do desenho é pedido à criança que conte a história

O Teste do Desenho da família foi abordado por vários autores dado o elevado poder desta ferramenta, mas

foquemo-nos nos apresentados anteriormente. Mas acima de tudo tomemos por referência o Teste de Corman.

• Desenho da família imaginária;


Etapa 1 • Aplicação do questionário;

• Desenho da família real;


Etapa 2 • Aplicação do questionário

Segundo Santos, 2017 O mais importante é avaliar… a dinâmica/relação entre as personagens. Ausência ou não de

interações.

Ainda de acordo com a mesma autora ao avaliar o desenho da família imaginária é necessário ter em conta:

Se é semelhante à família real pode indiciar…

• Falta de criatividade;

• Racionalidade;

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• Dificuldade em expressar emoções;

• Rigidez;

• …

Se é oposta à família real pode indiciar…

• Imaginário;

• Desejos;

• Capacidade de projectar o que realmente sente e/ou deseja;

• …

Questionário modelo para o desenho da Família:

• Quem manda mais?

• Quem manda menos?

• Quem é mais simpático?

• Quem é menos simpático?

• Quem está mais feliz?

• Quem está menos feliz?

• Se tu pertencesses a esta família, quem gostarias de ser?

• Imagina que iam dar uma volta de carro e que não cabiam todos, quem ficava de fora?

• Um dos filhos não se portou muito bem, qual deles foi?

• O que vai acontecer a essa criança?

• O que vai acontecer de seguida?

• Quem vai fazer o jantar?

• Quem vai dormir primeiro?

• Se pudesses mudar alguma coisa, o que mudavas?

Relativamente à peersonagem desenhada em primeiro lugar…

• Assume grande importância;

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• Se for a própria criança pode significar “tendência narcisica”, outras vezes pode significar dificuldade em

investir noutras figuras.

A personagem valorizada também se pode exprimir em:

• Posição acima da outras ou maior;

• Existência de mais detalhes;

• Maior tempo investido aquando o desenho.

(Santos, 2017)

A personagem desvalorizada pode exprimir-se por:

• Omissão da personagem;

• No caso de ser a própria criança demonstra pouca autoestima;

Também pode significar desvalorização…

• Desenhar a personagem mais pequena ou abaixo das outras;

• Desenhar em último;

• Não colocar nome;

• “Não caber na página”;

• Alterar a idade, o nome da personagem ou qualquer outro atributo negativo.

Relativamente à ligação entre as personagens:

• Omissão da personagem;

• No caso de ser a própria criança demonstra pouca autoestima;

Também pode significar desvalorização…

• Desenhar a personagem mais pequena ou abaixo das outras;

• Desenhar em último;

• Não colocar nome;

• “Não caber na página”;

• Alterar a idade, o nome da personagem ou qualquer outro atributo negativo.

Aspetos indicadores de perturbações emocionais ou relacionais segundo Santos, 2017:

• Personagens sem vida ou sem olhos;

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• Personagens imóveis ou isoladas;

• Mudança repentina de cor;

• Referir “cansaço” ou “preferir” outro jogo;

• Sombreado;

• Comportamentos de evitamento ou psicomotores podem significar o mesmo (olhar para baixo, pedir para

ir à casa de banho, etc…).

OUTROS ASPETOS A TER EM CONTA:

• Personagem a negrito – Existência de conflito;

• Personagem riscada- Desejo de eliminação ou afastamento;

• Personagem num círculo – Desejo de afastamento, pode também significar situações de doença, por

exemplo;

• Presença de pessoas falecidas- Pode indiciar um “luto patológico”;

• Personagem “mal desenhada” –Insegurança face aos sentimentos dessa pessoa;

• Braços estendidos- Sugerem tentativa de controlar o ambiente;

• Personagens em plano elevado- Dominação e poder.

• Mãos ou pés grandes: a criança pode estar preocupada com as funções (Ex. mãe que bate e/ou pai que

acaricia); Pode também estar relacionado com atividades desportivas e/ou outras absolutamente

normativas. Jogar à bola, por exemplo – pés grandes. Exagero das orelhas pode significar que um indivíduo

é desconfiado ou sensível à opinião social e crítica;

• Excesso de cor pode sugerir perfeição, agressão ou abuso;

• Genitais excessivamente grandes podem significar abusos sexuais;

• Se a criança adiciona outro personagem ao desenho pode indicar necessidade de proteção.

• Chapéu – Necessidade de proteção;

• Nuvens – Preocupações e/ou depressão;

• Luz e fogo – Afeição e amor, energia , interação (avaliar sempre o contexto do desenho);

• Uso excessivo da borracha – Insegurança, conflitos emocionais;

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• Desenhar uma personagem escondida- Necessidade de proteção.

Sinais de Alerta segundo Gillespie, 1994; Albertyn, 1996:

• Uma figura esboçada com uma linha quebrada;

• Genitais sombreados;

• Mamas sombreadas;

• Figuras de palhaço;

• Omissão de braços;

• Boca grande;

• Coloração de partes sexuais;

• Grande genitais;

• Nudez ou transparência.

• Além dos símbolos possíveis anteriormente referidos, Kaufman e Wohl (1992) identificaram os seguintes

índicios de abuso sexual:

• Uma casa vermelha;

• Apenas uma janela numa casa;

• Uma árvore fálica;

• Uma chaminé fálica;

• A cor de um rosto (por exemplo, uma cor diferente);

• Conteúdo violento;

• A ausência de cor quando a cor é oferecida e existe variedade (exemplo: flores sem cor).

PARA EXPLORAR:

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3. Módulo 3 –Análise do desenho Parte II

3.1 Teste HTP (Home-Tree-Person)

Criado por John Buck em 1948;

O House-Tree-Person é um teste projetivo que busca avaliar aspectos da personalidade através do desenho de

uma casa, de uma árvore e de uma pessoa;

Técnica não verbal aplicada com crianças (mais adequado a partir dos 8 anos), jovens e adultos.;

Geralmente entre 30 a 90minutos.

• De acordo com Buck, 2003 os elementos reunidos na aplicação do HTP Teste devem ser combinados com

outras avaliações e não analisados isoladamente.

• Cunha, 2000 e Tavares, 2003 recordam que o objetivo último desta avaliação é compreender o individuo

excluindo julgamentos e preconceitos.

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Fase 1
• Fase não-verbal, criativa, não estruturada

Fase 2
• Inquérito posterior referente a cada imagem

Fase 3
• Produção dos mesmos desenhos com lápis de cera

Fase 4
• Questões complementares

MATERIAL NECESSÁRIO:

• Manual HTP;

• Folhas de registo/cotação;

• Folhas brancas;

• Lápis de grafite;

• Borracha;

• Lápis de cor.

INSTRUÇÕES:

• “Desenha uma casa. Pode ser o tipo de casa que quiseres. Faz o melhor que conseguires e podes levar

todo o tempo que precisares.”

• “Desenha uma árvore. Pode ser o tipo de árvore que quiseres. Faz o melhor que conseguires e podes levar

todo o tempo que precisares.”

• “Desenha uma pessoa. Faz o melhor que conseguires e podes levar todo o tempo que precisares.”

• No desenho da árvore e da pessoa a folha deve ser entregue na vertical. No desenho da casa a folha deve

ser entregue na horizonal. Se a criança virar a posição da folha conta como uma rotação.Pode indicar

espontaneidade ou dificuldade em seguir as regras.

• No final de cada um dos três desenhos solicita-se à criança que acrescente a linha da base e um sol ao

seu desenho.

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Nota: O desenho não deve permitir o uso de réguas.

O tempo deve ser cronometrado. (Rigoni, Redivo e Ferreira, s.d.)

ASPETOS A AVALIAR:

• Tempo de latência inicial;

• Ordem dos detalhes desenhados;

• Duração das pausas e detalhes;

• Verbalizações durante o desenho;

• Tempo total dispendido;

• Traço e Pressão (Linhas finas – vulnerabilidade, sensibilidade, ansiedade, timidez ; Linhas grossas-

Necessidade de proteção, ansiedade,agressividade; Linhas interrompidas- indecisão e rigidez).

• Proporção (Muito pequena – Inadequação, tendência para se afastar do ambiente; Muito grande-

Frustração, hostilidade, irritabilidade).

• Detalhes (Excesso – Preocupação com o item que simboliza; Ausência – Rejeição ou tentativa de minorar

a importância). (Buck, 2003)

• Existência de detalhes bizarros – Indicam dificuldade em estabelecer contacto com a realidade; eventual

psicopatologia.

• Detalhe evidenciado (sombreado por exemplo) – Caso o sombreamento seja leve pode indicar

sensibilidade, caso seja reforçado pode indicar agressividade.

• Sequência no detelhe (em caso de repetição)- Potencial patologia.

• Transparência: Pode indicar falha ao nível da noção de realidade.

• Linha representativa do solo: Ligação à realidade.

• Linha representativa do solo muito enfatizada: Ansiedade nos relacionamentos.

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LOCALIZAÇÃO E PERSPECTIVA

No centro Equilibrio, Segurança, Comportamento Emocional

Adaptativo

Superior Esforço, Frustração, Elevadas expectativas

Inferior Depressão, insegurança, inadequação

Esquerda Retraimento, Regressão, Preocupação, Ligação ao

passado, Impulsividade

Direita Ligação ao futuro, Estabilidade e Controlo

Visto de baixo – No desenho da casa pode indicar rejeição, desejo de afastamento…

A IMPORTÂNCIA DAS VERBALIZAÇÕES:

As verbalizações durante o processo do desenho podem revelar:

• Necessidade de estruturar o pensamento e/ou alguma situação;

• Pensamentos ou emoções reprimidas.

• Elevado tempo de latência – Relutância em exprimir-se;

• Excesso de rapidez na produção do desenho – Vontade de se “livrar” da tarefa;

• Mais do que 30 segundos para iniciar o desenho pode indicar psicopatologia;

• Pausas superiores a 5 segundos podem indicar fortes conflitos.

(Rigoni, Redivo e Ferreira, s.d.)

CAPACIDADE CRITICA

• Comentários negativos “Eu não tenho muito jeito para desenhar”;

• Abandono de um objeto para se dedicar a outro;

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• Apagar e voltar a desenhar (no caso de ter ficado melhor, é um aspeto favorável) em excesso pode tratar-

se de insegurança ou reações emocionais.

3.2. Desenho da Casa

• Casa associada às relações familiares, também à capacidade de agir sob pressão no relacionamento com

os outros.

• Permite perceber o nível de rigidez e contacto com a realidade.

• Investiga a ligação à infância e o auto-conceito.

DETALHES ESSENCIAIS: Uma porta, uma janela, uma parede, um telhado e uma chaminé.

(Buck, 2003)

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INQUÉRITO APÓS DESENHO:

Casa:

• Quantos andares tem esta casa?

• De que é feita?

• De quem é esta casa?

• Gostarias que essa casa fosse tua? Porquê?

• Quem gostarias que vivesse contigo nessa casa?Porquê?

• Que diferenças existem entre essa e a tua casa?

• Qual a probabilidade de vires a ter uma casa como essa?

• Que quarto escolherias para ti?

• Qual a diferença na localização do teu quarto na tua casa e na casa que desenhaste?

• A que parte da casa a chaminé está ligada?

Nota: Façam uma planta da casa por andares e quem costuma estar em cada uma das divisões.

• Em que estavas a pensar enquanto desenhavas?

• Ao olhares para essa casa ela parece-te estar perto ou longe?

• Ao olhares para essa casa ela parece-te estar acima ou abaixo do nível que vês?

• O que é que esta casa te faz pensar/lembrar?

• É um tipo de casa feliz?Porquê?

• A maioria das casas são assim?Porquê?

• Como está o tempo neste desenho?

• De que tipo de tempo é que tu gostas?

• Quem é que esta casa te faz lembrar?Porquê?

• Do que é que esta casa mais precisa?Porquê?

• Se esta casa fosse uma pessoa quem seria?

ASPETOS A AVALIAR SEGUNDO (Rigoni, Redivo e Ferreira, s.d.):

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Teto Paredes Janelas

Representa a fantasia. Quanto Representa o ego e a Representa a ligação com o meio.

maior o teto, maior é a fantasia e o personalidade. Paredes a cair – Janelas fechadas- Necessidade de

afastamento do contacto com os desintegração; Paredes enfatizadas defesa e proteção; Janelas no sótão

outros. Existência de telhas revela – Preocupação com as relações – fantasia e imaginação; Vidros –

perfecionismo. Teto reforçado- sociais; Transparentes - Necessidade de estar isolado mas

necessidade de controlo. imaturidade controlando o meio envolvente

Porta Chaminé Outros Aspectos

Representa o contacto com o Relacionada com a sexualidade. Fechaduras ou dobradiças- Defesa

ambiente. Porta fechada- Defesa; Fumo – tensão interna; Chaminé Ênfase na porta/maçaneta-

Porta aberta – Necessidade de proporcional – ajustamento; Preocupação fálica

afeto; Porta aberta e com caminho- Ausência- Falta de afeto; Cortinas- Ansiedade

Equilibrio. Chuva e neve- Sentimento de

pressão e opressão pelo ambiente

Cerca- Necessidade de proteção

3.3. Desenho da Árvore


• Revela sentimentos profundos e duradouros em relação a si próprio.
• Pode indiciar o nível de equilibrio sentido bem como a capacidade para se relacionar com o ambiente.
• Com o desenho da árvore vamos percebendo como o individuo vê o seu crescimento.
DETALHES ESSENCIAIS: Um tronco, um galho
(Buck, 2003)

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INQUÉRITO APÓS DESENHO (Buck, 2003):


• Que tipo de árvore é esta?
• Onde está localizada essa árvore?
• Que idade tem esta árvore?
• Esta árvore está viva? Porquê? (Ou o que provocou a sua morte?)
• Ela vai voltar a viver? Alguma parte da árvore está morta?Qual?
• Para ti estaárvore é um homem ou uma mulher?Porquê?
• Se fosse uma pessoa, para onde estava virada?
• Esta árvore está sozinha ou num grupo?
• Como está o tempo no teu desenho?
• Há vento?Que tipo de vento/chuva é?
• Ao olhares para esta árvore ela parece-te estar ao nível acima ou abaixo dos teus olhos?
• O que é que esta árvore te faz lembrar?
• Esta árvore é saudável?Porquê?
• Esta árvore é forte?Porquê?
• Quem é que esta árvore te faz lembrar?

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• Do que é que esta árvore mais precisa?


• Alguém já magoou esta árvore?Como?
• Se esta árvore fosse uma pessoa quem seria?

ASPETOS A AVALIAR SEGUNDO (Rigoni, Redivo e Ferreira, s.d.):

Tronco Galhos Desenho no geral

Representa o Ego, a força interior e Capacidade para obter satisfação Como o individuo se sente; O seu

o desenvolvimento emocional. do ambiente, capacidade de equilibrio.

Tronco cortado- depressão; relacionamento. Existência de folhas e flores-

dificuldades comunicação Galhos cruzados- dificuldade de Preocupação com fantasia e

Tronco alargado (A) – Inibição, relacionamento, desorientação aparência

amnivalência, necessidade de Galhos disseminados na copa- Falta

suporte. de preserverança, improviso

Tronco reto – Imaturidade, Galhos da copa cobertos de

Insegurança e Inadaptação membrana – Timidez, dificuldade

de relacionamento

Linha do Solo Raíz Copa

Existência linha solo- Segurança, Raiz- inconsciente, instinto, Vida social e criatividade;

necessidade de suporte. contacto com realidade. Copa em formato de raios –

Linha acima do tronco- Raiz vísivel solo transparente- Nervosismo, regressão,

Passividade; Perda da noção de realidade, agressividade

Linha inclinada – Insegurança, imaturidade Copa em arcos- Adequação, boa

desconfiança Raiz em “garras”- Preocupação capacidade comunicativa

Linha enfatizada- Necessidade de excessiva, psicose, impulsividade

cortar controlo materno, Ansiedade

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Linha tipo ilha – Isolamento, Raiz com um traço- Pouca Copa pontiaguda- Medo em

rejeição ou abandono independência, grande ligação à relacionar-se com o meio,

família ansiedade

Outros detalhes:

Ninhos/Passarinhos- Necessidade de proteção

Ave sobre a árvore ou um cão a urinar- Sentimento de culpa, desvalorização e baixa autoestima

Homem com machado- Agressão física, Agressividade, Terror

Linha com vegetação- Insegurança, dificuldades afetivas

3.3. Desenho da Pessoa

Além de revelar o ajustamento individual revela a aptidão para se relacionar com os outros.

Aspetos relevantes do desenho segundo Buck, 2003:


• Contexto cultural;
• Nível de desenvolvimento intelectual;
• O objetivo do teste;
• Momento específico da aplicação do teste.

DETALHES ESSENCIAIS: Cabeça, tronco, duas pernas e dois braços.

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Segundo Payne, 1996 ao analisar a figura humana é igualmente importante avaliar…


• Objetos valorizados;
• Roupas;
• O que fazem;

Recordemos que a criança desenha mais do que vê. Desenha o que sente. Assim umas mãos grandes podem ser…?
Mãos que acarinham
Mãos que punem
Daí ser muito importante conhecer a história da criança, realizar a entrevista inicial e a anamnese. Um desenho é
tão mais relevante quanto consistente. Se uma personagem é desenhada da mesma forma muitas vezes…

INQUÉRITO APÓS DESENHO (Buck, 2003):


• Esta pessoa é um homem ou uma mulher? Um menino ou uma menina?
• Quantos anos tem?
• Quem é ele/ela?

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• É um familiar, um amigo,…?
• Em que pensavas enqquanto desenhavas?
• O que está a fazer? E onde?
• Em que está a pensar?
• Como é que se sente?Porquê?
• O que é que essa pessoa te faz pensar?
• Essa pessoa está bem?Porquê?
• Essa pessoa está feliz?Porquê?
• A maioria das pessoas são assim?
• Achas que gostarias dessa pessoa? Porquê?
• Como está o tempo neste desenho?
• Quem é que esta pessoa te faz lembrar?
• Do que é que esta pessoa mais precisa?
• Alguém já magoou essa pessoa?Como?
• Se este desenho fosse uma pessoa quem seria?
• Que tipo de roupa veste esta pessoa?

Aspetos a ter em conta (Buck, 2003):

Relativamente à Proporção:

• Grande- Ambiente restritivo, tensão;

• Pequeno- Insegurança, retraimento;

• Simetria excessiva- Rigidez,fragilidade;

• Assimetria- Inadequação fisica, confusão de género.

• Braços enfatizados- Necessidade de realização, agressão punição;

• Braços finos- Dependência;

• Omissão de braços- Culpa, inadequação,rejeição;

• Cabeça grande- Regressão, grandiosidade;

• Cabeça pequena, irregular ou não ligada ao corpo – Psicose;

• Traços faciais omitidos ou leves- Retraimento;

• Traços faciais enfatizados- Dominação social;

• Traços faciais de animais ou bizarros- Psicose;

• Olhos enfatizados- Paranóia;

• Olhos pequenos, fechados ou omissos- Introversão;

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• Pupilas omitidas- Fraco contacto com a realidade (comum em crianças pequenas);

• Orelhas enfatizadas-Paranóia, alucinações auditivas;

• Boca enfatizada- Dependência (comum em crianças pequenas);

• Dentes- Agressividade, problemas de relacionamento ou preocupação social;

• Boca omissão- Agressão oral, depressão.

• Nariz enfatizado- Preocupações sexuais (comum em crianças pequenas);

• Género oposto desenhado em primeiro lugar- Confusão com identificação de género (atenção, pode

também estar relacionado com as figuras de referência);

• Pernas omissas, diminuidas ou cortadas- Desamparo, perda de autonomia;

• Pernas juntas- Rigidez, tensão;

• Pernas afastadas- Agressão;

• Pernas em posição instável- Insegurança e dependência.

• Tronco e corpo aberto, fragmentado ou omisso- Psicopatologia;

• Seios- Imaturidade;

• Ombros quadrados ou enfatizados- Hostilidade;

• Linha da cintura enfatizada- Conflito sexual (comum em crianças pequenas);

• Muita ou pouca roupa- Narcisismo, desajustamento sexual;

• Botões enfatizados- Imaturidade (comum em crianças pequenas);

• Genitais desenhados- Patologia (comum em crianças pequenas, estudantes de arte ou alunos em

psicanálise).

• Pés cortados ou omissos- Desamparo, perda de autonomia, preocupações sexuais;

• Dedos dos pés em figura vestida- Agressão;

• Cabelo enfatizado ou omitido- Preocupações sexuais;

• Luvas- Agressividade reprimida;

• Pescoço enfatizado- Necessidade de controle;

• Pescoço muito fino- Psicose;

• Pescoço omisso- Impulsividade;

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• Observar detalhes (detalhes bizarros são comuns em crianças pequenas);

• Sombreamento do detalhe- Ansiedade;

• Omitir partes do corpo – Pode indicar abuso, maus tratos ou algum problema psicológico.

Relativamente às cores:

• Combinações bizarras- Distúrbio sério;

• Cor usada apenas no contorno- Superficialidade, reserva, oposição;

• Branco usado como cor- Alienação;

• Cor fora dos contornos- Impulsividade e imaturidade.

Outros aspectos;

• Existência da linha de solo- Ansiedade, insegurança;

• Transparência- Fraca noção de realidade, psicose (caso represente órgãos internos), não é incomum em

crianças pequenas;

• Detalhes excessivos- Ansiedade;

• Falta de detalhe- Retraimento (também comum em crianças pequenas).

OUTROS ASPETOS A AVALIAR SEGUNDO (Rigoni, Redivo e Ferreira, s.d.):

Cabeça Rosto Olhos

Representa necessidade de Interação com o meio, Espelho da alma, contacto com o

relacionamento. comunicação. Mundo exterior.

Cabeça grande- Preocupação com Rosto oval- Sentido estético Olhos muito grandes- Tendências

o intelecto, excesso de fantasia ou Rosto enrugado- Stress, exibicionistas

deficiência mental. insatisfação Olhos muito pequenos-Introversão

Cabeça geométrica- Psicose Rosto de perfil- Medo da realidade Olhos para baixo – Depressão,

Excesso de detalhes na cabeça- e de a encarar “de frente” ausência de controlo

Fantasia, homossexualidade ou

narcisismo.

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Orelhas Nariz Mãos e Braços

Orelhas simbolizam sensibilidade à Simboliza a persistência e Braços – Adaptação social

crítica. Pequenas – inferioridade, sexualidade Mãos- Afetividade, agressividade

Grandes – Desconfiança e Nariz pequeno- Sentimento de Braços para trás ou no

necessidade de aprovação impotência bolso/Punhos cerrados-

Narinas – Agressividade Necessidade de controlar agressão

Nariz em formato de botão- Braços longos- Procura de atenção

Dependência, imaturidade

Boca Pernas e Pés Ombros e Postura

Simboliza a comunicação e Pernas- Estabilidade do corpo, Ombros- autonomia, poder fisico

afetividade atitude face à vida Ombros arredondados- Confusão

Pernas longas- autonomia, sexual

desajuste do ambiente Ombros angulares- Defesa e

Pés- Ponto de apoio, contacto com hostilidade

a realidade Ombros grandes- Sensação de

Pés para dentro- Ambivalência força, desejo de afirmação

Postura- Como se apresenta face

ao meio

Outros aspectos:

• Acrescentar outra pessoa no desenho da figura humana pode revelar necessidades afetivas ou solidão.

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• De acordo com Freud, a presença de desenhos pontiagudos ou alongados como facas, paus, bengalas

têm significado fálico.

PARA EXPLORAR:

http://www.testehtp.com/

NÃO ESQUECER:

Também ao longo deste teste devemos ter em atenção o comportamento da criança;

A realização deste teste não invalida a realização de testes e avaliações complementares bem como uma entrevista

inicial e anamnese.

Toda a interpretação deve ser realizada de forma cuidada, sem juizos de valor. Não há verdades absolutas no

desenho. Apenas possíveis significados.

4. Para Praticar…

MÓDULO 1

Faça um desenho livre.


No final deste módulo avalie os aspetos aqui abordados.
Qualquer dúvida que surja nessa avaliação submeta-a por e-mail para t.o.cristele.matias@gmail.com.

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MÓDULO 2

Analise os próximos desenhos e estabeleça se possível relação entre os sinais de alerta apresentados.
Qualquer dúvida que surja nessa avaliação submeta-a por e-mail para t.o.cristele.matias@gmail.com.

MÓDULO 3

Desenhe uma casa, uma pessoa e uma árvore e no final deste módulo procure intrepretar o que desenhou.
Qualquer dúvida que surja nessa avaliação deverá submete-la por e-mail para t.o.cristele.matias@gmail.com.

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Bibliografia

Albertyn, H. J. (1996). The Use of Children's Free Drawings in Assessing the Presence of Paediatric Pain. Cape Town:
University of Cape Town.
Buck, J. – The house-tree-person technique – São Paulo, Vetor
Burns, Robert C. (1987). Kinetic-house-tree-person drawings (K-H-T-P) : an interpretative manual. New York :
Brunner/Mazel
Corman, L. (1967). O Teste do Desenho de Família. Paris: PU
Di Leo, J. (1987). A interpretação do desenho infantil (2ª ed.). Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Artes Médicas.
Gillespie, J. (1994). The Projective Use of Mother and Child Drawings: A Manual for Clinicians. New York: Brunner-
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Hammer, E. (1969)Testes proyectivos gráficos. Buenos Aires, Paidós
Kaufman, R. & Wohl, A.(1992). Casualties of childhood: A Developmental Perspective on Sexual Abuse Using
Projective Drawings. New York: Brunner/Mazel.
Lessa,L. (s.d.) Estudo da Escala de Goodenough. – Arquivos brasileiros de psicotécnica
Pedral, C. (2011) Oficina do Desenho Infantil
Rigoni, M. Redivo,L. Ferreira, M. (s.d.)- HTP House, Tree,Person).
Santos, P. (2016) Interpretação do Desenho Infantil
Santos, P. (2017) Desenho infantil, interpretar para intervir
Vass, Z. (2013). A Psychological Interpretation of Drawings and Paintings. The SSCA Method: A Systems Analysis
Approach.
Widlöcher, D. (1971). Interpretação dos desenhos infantis. Vozes.

Bibliografia Recomendada

Cox, M. V. 1993. Children's Drawings of Human Figure: Essays in Developmental Psychology. Hove: Lawrence
ErlbumAssociates Publishers
Luquet, G.H. O desenho infantil. Barcelos, Companhia Editora do Minho, 1969
Mortensen, K. V. 1991. Form andContent in Children's Human Figure Drawings
Ortega, A.C. (1981). O desenho da família como técnica de investigação psicológica. Arquivos Brasileiros de
Psicologia
Parkin, A. (2001). The Bene-Anthony Family Relations Test revisited: Directions in the assessment of children's
perceptions of family relations.
Piaget, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971
Vygotsky, l. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.

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