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ESQUIZOFRENIA
parte 1
Elkis, Helio. A evolução do conceito de esquizofrenia neste século. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2000,
v. 22, suppl 1 [Acessado 6 Abril 2022] , pp. 23-26. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-
44462000000500009>. Epub 21 Ago 2000. ISSN 1809-452X. https://doi.org/10.1590/S1516-44462000000500009.
ESQUIZOFRE
NIA: histórico
• No final do século XIX, Kraepelin em conjunto
com uma equipe de psiquiatras, da qual fazia
parte Alois Alzheimer, quem primeiro delineou,
os primeiros conceitos da esquizofrenia.
• Ele enfatizava a diversidade de sinais e sintomas
que ocorriam na demência precoce (anomalias
na volição e no afeto), mas considerava o curso
crônico e o desfecho pobre para estabelecer
características definitivas.
ESQUIZOFRE
NIA: histórico
• Complementando o conceito de Kraepelin e
buscando estabelecer sintomas típicos, em
1911, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler,
caracterizou os sintomas que considerava
fundamentais (embotamento afetivo +
desorganização do pensamento) em relação aos
outros que ele considerava acessório (delírios e
alucinações).
• Rebatizou a demência precoce com o nome de
ESQUIZOFRENIA (mente fragmentada).
ESQUIZOFRE
NIA: histórico
• Assim como Bleuler a busca por sintomas
patognomônicos continuou com Kurt Schneider,
que em 1939, classificando uma série deles
como sintomas de primeira ordem (essenciais):
- delírios e alucinações, tais como inserção de
pensamento, irradiação de pensamento, delírios
de controle ou vozes. percepção de si como
perdendo a autonomia dos seus pensamentos,
sentimentos e corpo ( “perda da fronteira do
Eu”)
Hoje, na prática, tanto a concepção kraepeliana (longitudinal)
como a bleuleriana/schneideriana (sintomatológica ou transversal)
podem ser reconhecidas nos critérios diagnósticos modernos.
ESQUIZOFRE
NIA: histórico
Na década de 70, pesquisadores da
Universidade de Washington publicaram os
primeiros critérios diagnósticos estruturados:
sintomas schneiderianos e bleulerianos, bem
como um período mínimo de doença de 6
meses (conceito evolutivo kraepeliniano).
A publicação do DSM-III, em 1980, sintetiza
esse período.
As edições seguintes do DSM, incluindo a
edição revisada da DSM-III (DSM-III-R) (1987)
e o DSM-IV (1994), mantiveram basicamente
o mesmo algoritmo diagnóstico.
ESQUIZOFRE
NIA: histórico
Alterações significativas nesta nova versão do
DSM:
Critério A (sintomatologia): continua requerendo
a presença de no mínimo dois dos cinco sintomas
para ser preenchido, mas a atual versão exige que
ao menos um deles seja positivo (delírios,
alucinações ou discurso desorganizado).
o DSM-IV permitia que o Critério A fosse
preenchido com apenas um sintoma se: delírios
bizarros ou alucinações auditivas de primeira
ordem.
O DSM-5 abandonou a divisão da esquizofrenia
em subtipos (paranóide, desorganizada,
catatônica indiferenciada e residual).
ESQUIZOFRENIA: conceito
• Transtorno psiquiátrico crônico que se manifesta como uma
combinação de múltiplos sintomas psicóticos (delírios, alucinações e
desorganização) e disfunções motivacionais e cognitivas.
• O prejuízo do funcionamento social é componente essencial da
esquizofrenia
• Possui um fundo genético e neurobiológico heterogêneo que
influencia o cérebro desde o início de seu desenvolvimento.
ESQUIZOFRENIA: Epidemiologia
• Incidência variável ente os países
• Mediana: 15,2/100.000/ano
• Prevalência: cerca de 1% da população
• Maior incidência em grupos de migrantes e predomina em áreas
urbanas
• H 1,4: M 1,0
• Pico da idade em homens: 18-25 anos
• Pico das idade em mulheres: 25-35 anos, com segundo pico por volta
da menopausa
ESQUIZOFRENIA: Fatores de Risco
ESQUIZOFRENIA: Genética
ESQUIZOFRENIA: Epigenética
Stahl, S. (2018). Beyond the dopamine hypothesis of schizophrenia to three neural networks of psychosis: Dopamine, serotonin, and
glutamate. CNS Spectrums, 23(3), 187-191. doi:10.1017/S1092852918001013
ESQUIZOFRENIA: Etiopatogenia
Teoria dopaminérgica:
•Década de 50, a melhora dos pacientes piscoticos tratados com
clorpromazina estava associada a uma síndrome parksoniana (na época
foi considerado necessário para o efeito terapêutico).
•Parkinson: diminuição da dopamina no striatum.
•Anfetaminas: induzem aumento da dopamina, produzem psicose
semelhantes à esquizofrenia
ESQUIZOFRENIA: Etiopatogenia
Figure 1: Stahl, S. (2018). Beyond the dopamine hypothesis of schizophrenia to three neural networks of psychosis: Dopamine,
serotonin, and glutamate. CNS Spectrums, 23(3), 187-191. doi:10.1017/S1092852918001013
ESQUIZOFRENIA: Etiopatogenia
• Mas a teoria não explica o fato de que 30% ou mais dos pacientes
não respondem a dois tratamentos consecutivos com dois
antipsicóticos – sendo considerado resistentes, passando a responder
em grande parte dos casos, ao tratamento da clozapina, cujo
bloqueio dopaminérgico é bem menos pronunciado, comparando a
outros antipsicóticos fortemente bloqueadores dopaminérgicos, tais
como risperidona ou haloperidol.
ESQUIZOFRENIA: Etiopatogenia
Figure 2: Stahl, S. (2018). Beyond the dopamine hypothesis of schizophrenia to three neural networks of psychosis: Dopamine,
serotonin, and glutamate. CNS Spectrums, 23(3), 187-191. doi:10.1017/S1092852918001013
ESQUIZOFRENIA: Etiopatogenia
Figure 3: Stahl, S. (2018). Beyond the dopamine hypothesis of schizophrenia to three neural networks of psychosis: Dopamine,
serotonin, and glutamate. CNS Spectrums, 23(3), 187-191. doi:10.1017/S1092852918001013
ESQUIZOFRENIA: quadro clínico
Síndrome geralmente presente com vários sintomas dominates:
-Sintomas positivos
-Sintomas negativos
-Piora cognitiva
-Sintomas de ansiedade e de depressão
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Alucinações auditivas
- Mais comum: 40-80%
- Vozes*, músicas, barulhos do corpo e maquinaria
- Podem vir de dentro da cabeça ou externo
- Mais responsiva a antipsicótico: alguns pacientes
relatam redução do volume, conseguindo lidar bem
com isso.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Alucinações visuais:
- Frequentemente são sem forma, como esferas brilhantes, flashes de
cores. Algumas pessoas relatam figuras humanas, faces ou partes do
corpo.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Alucinação somática: sente que está sendo tocado (insetos ou cobras
sob a pele), dor ou intercurso sexual
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Alucinação olfatória ou gustativa
- Ocasionalmente o paciente relatar gosto ou cheiro estranho
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Delírios: presentes em 80% dos pacientes com a doença. São crenças
falsas e fixas (resistente à mudança, mesmo diante de forte evidência).
Insight prejudicado > delírios para explicar as alucinações.
- Bizarro: claramente não plausíveis
- Não-Bizarro: possibilidade de ser verdade
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Categorias dos delírios:
- Delírios de referência: a crença falsa de que os acontecimentos,
objetos do comportamento de outras pessoas e demais percepções
(geralmente de natureza negativa) que o paciente capta estão
relacionados com sua pessoa em grau intenso.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
- Delírios de grandeza: a pessoa acredita ser especial ou ter um grande
poder.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
- Delírios paranoides: clinicamente importante porque pode impedir
que o indivíduo coopere com a avaliação e o tratamento.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
- Delírios niilistas: são incomuns, crenças bizarras que a o paciente está
morto, que seu corpo está quebrando, que ele não existe, que seus
órgãos estão podres.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
- Delírio erotomaníaco: convicção delirante de uma pessoa que
acredita que outra pessoa, geralmente de uma classe social, cultural,
econômica mais elevada, está apaixonada por ela - também conhecida
como síndrome de Clérambaul.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Desorganização do pensamento: avaliado a partir da fala do paciente.
A fala desconexa traduz a interrupção da organização do pensamento.
As formas mais comuns de falas anormais são:
- Discurso tangencial = pessoa fica cada vez mais longe do tema da
pergunta, sem responder a pergunta
- Discurso circunstancial = A pessoa eventualmente responderá a uma
pergunta, mas de forma marcadamente indireta.
ESQUIZOFRENIA: sintomas positivos
• Desorganização do pensamento: avaliado a partir da fala do paciente.
A fala desconexa traduz a interrupção da organização do pensamento.
Outras formas de falas anormais:
- Descarrilhamento: muda de temas sem qualquer lógica
- Neologismo
- Salada de palavras
ESQUIZOFRENIA: sintomas negativos
• Os sintomas negativos são muito resistentes ao tratamento e muito
relacionado a desfecho funcional.
• A gravidade dos SN é independente da gravidade dos SP
• SN também podem ser secundários a outras manifestações da
doença e do tratamento. Ex: paranoia leva ao isolamento social;
expressão facial fixa pode ser devido a EC extrapiramindal dos
antipsicóticos
ESQUIZOFRENIA: sintomas negativos
EXPRESSÃO DIMINUIDA
ESQUIZOFRENIA: sintomas negativos
EXPRESSÃO DIMINUIDA
POBREZA NO DISCURSO
BLOQUIEO DE PENSAMENTOS
ALOGIA
AUMENTO NA LATÊNCIA DAS
REPOSTAS
ESQUIZOFRENIA: sintomas negativos
HIGIENE E AUTO-CUIDADO
PREJUDICADO
APATIA
DIFICULDADE DE CUMPRIR AS
RESPONSABILIDADES
ANERGIA
APATIA/AVOLIÇÃO
Torrey EF. Studies of individuals with schizophrenia never treated with antipsychotic medications: a review. Schizophr Res. 2002 Dec
1;58(2-3):101-15. doi: 10.1016/s0920-9964(02)00381-x. PMID: 12409150.
ESQUIZOFRENIA: Critérios diagnósticos
• A: 2 ou mais sintomas presentes na maior parte do tempo durante o período de
1 mês (ou menos de tratamento )
- Delírios
- Halucinações
- Discurso desorganizado
- Comportamento desorganizado ou catatonia
- Sintomas negativos (embotamento, alogia, avolição)
• Catatonia
APOFANIA CONSOLIDAÇÃO
Santos, M. B.; Rodrigues, V. A.. Esquizofrenia – Persperctiva de Conrad. Notas Didácticas, 111-117
Cardose, C. M.. O mundo esquizofrênico por Klaus Conrad – Psi-Logos – Revista do Serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando Fonseca, 57-72
ESQUIZOFRENIA: fases da esquizofrenia
Miguel EC, Gentil V, Gattaz WF. Clínica psiquiátrica. 2011 ; Esquizofrenia 471-491
ESQUIZOFRENIA: curso da doença
• Consideravelmente heterogêneo
• Um dos primeiros e mais importantes estudos longitudinais descreve
oito tipo de cursos no que difere:
- Inicio abrupto ou insidioso
- Apresentação dos sintomas contínuo ou intermitente
- Prognóstico ruim ou bom
• A maioria tem um inicio agudo, sintomas intermitentes e
posteriormente não tem sintomas ou sintomas leves
• 20% tem inicio insidioso, sintomas contínuos e prognóstico ruim
ESQUIZOFRENIA: curso da doença
• Fatores que influenciam o curso:
- Intervenção precoce e tratamento multidisciplinar
- Recaídas com fatores estressores (trauma, luto, problemas financeiros)
- Pior prognóstico quando os sintomas negativos são predominantes
- Aderência a medicação
• A taxa de suicídio é 4 vezes maior que na população geral e é maior
entre os jovens (18-34 anos). 5% dos pacientes comentem suicídio ao
longo da vida. Mas o risco diminui com o tratamento
ESQUIZOFRENIA: curso da doença
• REMISSÃO: paciente sem sintomas ou sintomas mínimos que não
interfere no comportamento por um período que dura pelo menos 6
meses.
ESQUIZOFRENIA: diagnóstico
diferencial
• Esquizofrenia é um transtornos psicótico, mas nem todo transtorno
psicótico é esquizofrenia.
• Screening na primeira manifestação psicótica: exame físico e
neurológico, hemograma, funções tireoidianas e hepáticas,
eletroencefalograma, presença de substâncias psicoativas na urina, TC
ou RM de encéfalo, cálcio e cobre sérico, sorologia para sífilis e HIV, e
eventualmente líquor.
ESQUIZOFRENIA: diagnóstico
diferencial
ESQUIZOFRENIA: diagnóstico
diferencial
ESQUIZOFRENIA: diagnóstico
diferencial
ESQUIZOFRENIA: diagnóstico
diferencial
• Transtorno esquizofreniforme: < 6 meses
• Transtorno esquizoafetivo, bipolar e depressão com sintomas
psicóticos
• Transtorno psicótico induzidopor substâncias
• Psicose devido condição médica geral
• Transtorno delirante
• Transtorno de personalidade esquizotipico
• Transtorno de personalidade esquizoide
ESQUIZOFRENIA: diagnóstico diferencial
Bibliografia:
1. Fischer, B. A., Buchanan, R. W., (2022). Schizophrenia in adults: Epidemiology and
pathogenesis. In Mader, S., Friedman, M. (Ed), UpToDate.
2. Fischer, B. A., Buchanan, R. W., (2022). Schizophrenia in adults: Clinical manifestations, course,
assessment, and diagnosis. In Mader, S., Friedman, M. (Ed), UpToDate.
3. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders
(5th ed.). https://doi-org.ezproxy.frederick.edu/10.1176/appi.books.9780890425596
4. Elkis H, Kayo M, Freitas RR, Oliveira, GMR, Leite SA, Fortes M, Pantarotto I, Louzã MR.
Esquizofrenia. In: Clínica psiquiátrica: as grandes síndromes psiquiátricas. Barueri,SP: Manole;
2021.
5. Lock AA. Pródromos da esquizofrenia. In: Clínica psiquiátrica: as grandes síndromes
psiquiátricas. Barueri,SP: Manole; 2021.
ESQUIZOFRENIA
parte 2
Considerações: antes de considerar resposta insatisfatória (verificar uso correto e adesão); interações
medicamentosas que estejam impedindo a melhora. Lembrar também pacientes no primeiro
episódio são mais sensíveis, precisando de doses menores que pacientes com múltiplos surtos.
ESQUIZOFRENIA: tratamento
• Tratamento farmacológico do quadro agudo:
5.Se a resposta não foi satisfatória, substituir por um segundo anti-
psicótico (mesma estratégia)
6.Se sem resposta: ou tenta terceiro antipsicótico ou considera
resistente.