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APOSTILA DE

ENFERMAGEM EM
SAÚDE MENTAL

GONÇALVES DIAS-MA
História da Psiquiatria
Os primeiros hospitais psiquiátricos
As instituições para loucos, ao decorrer da história, receberam diversas denominações tais como
hospícios, asilos, manicômios, hospitais psiquiátricos; mas independente do nome como eram
conhecidas, todas elas tinham a mesma finalidade: esconder o que não se desejava ser visto. As
primeiras instituições com a finalidade de esconder aquilo que não se queria mostrar datam do século
XV, iniciadas na Europa, particularmente na Espanha em Zaragoza, e na Itália em Florença, Pádua e
Bérgamo.
Vale ressaltar que muitas bibliografias apontam o primeiro hospício sendo o fundado pelo Frei Jofré,
em Valência, na Espanha, em 1410. Na verdade, esta instituição não passava de um hospital geral com
caráter de albergues para pobres. No século XVII os manicômios abrigavam além dos doentes mentais
também os demais marginalizados da sociedade, que igualmente perturbavam a ordem social, dentre
os quais se cita os mendigos, desempregados, criminosos, prostitutas, doentes crônicos, alcoólatras e
pessoas sem domicílio. E o enclausuramento coletivo destas pessoas, consideradas incômodas à
sociedade, ocorreu no intuito de esconder a miséria que era gerada pela desordem social e econômica
da época. O cuidado, nestas instituições era prestado por religiosas que almejavam o perdão de seus
pecados.
Com essa mistura de doentes e não-doentes, estes locais tornaram-se depósitos de marginalizados, que
excluídos e enclausurados, não eram cidadãos. Mas com a nova ordem social que se instalava, era
preciso uma nova conceituação da loucura e, principalmente, de suas formas de atendimento. A partir
desta nova concepção social de loucura, a clausura deixa de ser sinônimo de exclusão e passa a
assumir um caráter terapêutico: era necessário isolar o paciente em locais adequados – nos
manicômios – afastando-o do meio do qual gerava os distúrbios.

Início das instituições hospitalares no Brasil


A loucura no Brasil só começa a ser objeto de intervenção do Estado a partir da chegada da família
Real. Então muitas mudanças ocorrem no período que segue, exigindo um controle efetivo sobre o
crescimento da sociedade. Desta forma, a medicina, enquanto mecanismo reordenador do social passa
a desenhar o projeto do qual emerge a psiquiatria brasileira. O tratamento oferecido aos loucos era de
péssima qualidade. Os doentes mentais ficavam sob a responsabilidade das santas casas de
misericórdia, sendo abrigados em porões. O atendimento oferecido não incluía cuidados médicos,
visto que a principal finalidade era fornecer abrigo, alimento e cuidados religiosos aos alienados. Era
necessário reestruturar o atendimento prestado a estas pessoas.
Em 1830, a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro realizou um diagnóstico da situação dos loucos
na cidade. Sendo assim, os loucos passaram a ser reconhecidos como doentes mentais, e como tal
mereciam um espaço próprio para tratamento e recuperação. Assim, a medicina reivindicava os
espaços para tratar a doença mental, e solicitava a abertura de instituições específicas para esta
clientela, com o lema: “Aos loucos o hospício!”. Isso ocorreu na intenção do que os loucos, de fato,
tivessem o direito ao tratamento médico e cuidado de saúde. Na intenção de expor uma posição crítica
da classe médica e entendendo a clausura como forma de tratamento, foi iniciada a luta pela abertura
dos hospitais psiquiátricos. O isolamento de Pinel ainda permanecia em voga, sendo compreendido
como uma boa e adequada terapêutica.
Este movimento pela criação de instituições específicas para doentes mentais resultou na instalação do
primeiro hospital psiquiátrico brasileiro. Este foi inaugurado em 1852, durante o Segundo Reinado,
denominado Hospício de Alienados Pedro I, no Rio de Janeiro. Posteriormente, por seu grande porte e
pelas decorações de luxo que possuía ficou conhecido como “palácio dos loucos”. E no período de
1852 a 1886 muitas instituições psiquiátricas foram criadas em todo território nacional, devido a
necessidade de atender a esta demanda. Vale aqui apresentar alguns nomes importantes deste período.

Os hospitais psiquiátricos hoje


Como já vimos no decorrer do texto, algumas mudanças tem sido realizadas nos hospitais
psiquiátricos. Em alguns locais, no momento da internação, o paciente não é mais obrigado a deixar
todos os seus pertences pessoais com os familiares. Pode permanecer com aqueles que não
representam risco de vida como relógios, pulseiras, brincos, as próprias roupas, visto que em muitos
lugares não se utiliza mais o uniforme. Outra mudança observada em alguns locais é a convivência
entre homens e mulheres. As alas são separadas, mas há espaços em comum a ambos os sexos. Isto
favorece o seu reconhecimento enquanto homem ou mulher, permitindo relacionarem-se entre si.
Reconhece-se a transformação da instituição hospitalar, mas no ponto mais crítico do tratamento o
hospital não apresentou nenhuma mudança ou avanço: continua segregando, excluindo e
estigmatizando o doente mental. As mudanças que têm ocorrido somente são observadas no interior da
instituição; a sociedade não percebe essas mudanças. Então a imagem do paciente psiquiátrico como
louco perigoso e incapaz ainda é muito presente, persistindo a antiga ideia do isolamento. Não há
ações efetivas no hospital psiquiátrico de reinserção na sociedade, de retorno do paciente ao seu meio
familiar e social. Tanto isso é verdade que o número de reinternações é muito elevado, mostrando e
reafirmando a ineficiência deste modelo excludente. Chegamos ao momento de repensar essa prática
que não vê o paciente como o ator principal e, por isso, não o valoriza enquanto beneficiário do
sistema. As ações desenvolvidas devem atender às necessidades do paciente e não ser aquelas que a
equipe, a sociedade e a instituição determinam que seja importantes e suficientes.

Doença Mental
Popularmente há uma tendência em se julgar a sanidade da pessoa, de acordo com seu
comportamento, de acordo com sua adequação às conveniências socioculturais como, por exemplo, a
obediência aos familiares, o sucesso no sistema de produção, a postura sexual, etc. Medicamente,
entretanto, Doença Mental pode ser entendida como uma variação mórbida do normal, variação esta
capaz de produzir prejuízo na performance global da pessoa (social, ocupacional, familiar e pessoal)
e/ou das pessoas com quem convive. Organização Mundial de Saúde diz que o estado de completo
bem estar físico, mental e social define o que é saúde, portanto, tal conceito implica num critério de
valores (valorativo), já que, lida com a ideia de bem-estar e mal-estar.

Quanto a forma de manifestação


Há duas classificações básicas de doenças mentais:
A. Neuroses
B. Psicoses
A. Neurose é chamada neurose toda a psicopatologia leve, onde a pessoa tem a noção (mesmo que
vaga) de seu problema.
Ele tem contato com a realidade, porém há manifestações psicossomáticas, que são notadas por este, e
que servem de aviso para a pessoa procurar um tratamento psicológico, ou psiquiátrico. É um fator
comum a ansiedade exacerbada. Existe inúmeras classificações menores; para citar algumas temos:
1) TOC - Transtorno obsessivo-compulsivo: é a repetição de algum ato diversas vezes ao dia, não
controlável e causador de grande ansiedade;
2) Síndrome do pânico: causa grande aflição, e medo perante alguma situação.
3) Fobias: é o medo a alguma situação. Pode ser medo de ambientes fechados (claustrofobia), medo
de água (hidrofobia), medo de pessoas (sociofobia), etc.
4) Transtornos de ansiedade: o indivíduo têm ataques de ansiedades antes ou depois de realizar
algo, ou muitas vezes nem realizá-lo. É comum em pequena escala na maioria das pessoas, porém seu
excesso é denominado como patológico.
5) Depressão: também chamada de distimia, ou depressão maior. Se caracteriza por intenso
retraimento e medo do mundo exterior. Causa baixa autoestima e pode levar ao suicídio.
6) Síndrome de burnout: é a consequência de um grande estímulo estressor, como conflitos no
trabalho ou família. Causa apagamento e falta de vontade.
Obs: FREUD citou, em uma de suas obras, que todas as pessoas têm um pouco de neurose em si. É
normal no ser humano ser um pouco neurótico, sendo apenas o excesso chamado de patológico.

TOC - Transtorno obsessivo-compulsivo


TOC, ou transtorno obsessivo-compulsivo, é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade, que se caracteriza
pela presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões. Entende-se por obsessão pensamentos,
ideias e imagens que invadem a pessoa insistentemente, sem que ela queira. Como um disco riscado
que se põe a repetir sempre o mesmo ponto da gravação, eles ficam patinando dentro da cabeça e o
único jeito para livrar-se deles por algum tempo é realizar o ritual próprio da compulsão, seguindo
regras e etapas rígidas e pré-estabelecidas que ajudam a aliviar a ansiedade. Alguns portadores dessa
desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer-lhes. No entanto, a ocorrência
dos pensamentos obsessivos tende a agravar-se à medida que são realizados os rituais e pode
transformar-se num obstáculo não só para a rotina diária da pessoa como para a vida da família inteira.
Classificação
Existem dois tipos de TOC:
a) Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico – as obsessões e rituais se repetem com frequência,
mas não atrapalham a vida da pessoa;
b) Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as obsessões persistem até o exercício da
compulsão que alivia a ansiedade.
Causas
As causas do TOC não estão bem esclarecidas. Certamente, trata-se de um problema multifatorial.
Estudos sugerem a existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas cerebrais que
utilizam a serotonina. Fatores psicológicos e histórico familiar também estão entre as possíveis causas
desse distúrbio de ansiedade.
Sintomas
Em algumas situações, todas as pessoas podem manifestar rituais compulsivos que não caracterizam o
TOC. O principal sintoma da doença é a presença de pensamentos obsessivos que levam à realização
de um ritual compulsivo para aplacar a ansiedade que toma conta da pessoa. Preocupação excessiva
com limpeza e higiene pessoal, dificuldade para pronunciar certas palavras, indecisão diante de
situações corriqueiras por medo que uma escolha errada possa desencadear alguma desgraça,
pensamentos agressivos relacionados com morte, acidentes ou doenças são exemplos de sintomas do
transtorno obsessivo-compulsivo.
Frequência
Em geral, só nove anos depois que manifestou os primeiros sintomas, o portador do distúrbio recebe o
diagnóstico de certeza e inicia do tratamento. Por isso, a maior parte dos casos é diagnosticada em
adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa acometer crianças a partir dos três, quatro
anos de idade. Na infância, o distúrbio é mais frequente nos meninos. No final da adolescência, porém,
pode-se dizer que o número de casos é igual nos dois sexos.
Tratamento
O tratamento pode ser medicamentoso e não medicamentoso. O medicamentoso utiliza
antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. São os únicos que funcionam. A terapia
cognitivo-comportamental é uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a
doença. Seu princípio básico é expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando pelos
sintomas mais brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se associam os dois tipos de
abordagem terapêutica.
Recomendações
* Não há quem não tenha experimentado alguma vez um comportamento compulsivo, mas se ele se
repete a ponto de prejudicar a execução de tarefas rotineiras, a pessoa pode ser portadora de transtorno
obsessivo-compulsivo e precisa de tratamento;
* Crianças podem obedecer a certos rituais, o que é absolutamente normal. No entanto, deve chamar a
atenção dos pais a intensidade e a frequência desses episódios. O limite entre normalidade e TOC é
muito tênue;
* Os pais não devem colaborar com a perpetuação das manias e rituais dos filhos. Devem ajudá-los a
enfrentar os pensamentos obsessivos e a lidar com a compulsão que alivia a ansiedade;
* O respeito a rituais do portador de TOC pode interferir na dinâmica da família inteira. Por isso, é
importante estabelecer o diagnóstico de certeza e encaminhar a pessoa para tratamento;
* Esconder os sintomas por vergonha ou insegurança é um péssimo caminho. Quanto mais se adia o
tratamento, mais grave fica a doença.

Síndrome do pânico
A síndrome do pânico, na linguagem psiquiátrica chamada de transtorno do pânico, é uma
enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas de medo e desespero. A pessoa
tem a impressão de que vai morrer naquele momento de um ataque cardíaco porque o coração dispara,
sente falta de ar e tem sudorese abundante. Quem padece de síndrome do pânico sofre durante as
crises e ainda mais nos intervalos entre uma e outra, pois não faz a menor ideia de quando elas
ocorrerão novamente, se dali a cinco minutos, cinco dias ou cinco meses. Isso traz tamanha
insegurança que a qualidade de vida do paciente fica seriamente comprometida.
Sintomas físicos de uma crise de pânico
Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente
(apesar de existir, mas fica difícil de se perceber). Os sintomas são como uma preparação do corpo
para alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do perigo, o
organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir - em
detrimento de outras partes do corpo, incluindo os órgãos sexuais. Eles podem incluir:
 Contração / tensão muscular, rijeza
 Palpitações (o coração dispara)
 Tontura, atordoamento, náusea
 Dificuldade de respirar (boca seca)
 Calafrios ou ondas de calor, sudorese
 Sensação de "estar sonhando" ou distorções de percepção da realidade
 Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes a acontecer e de que
se está impotente para evitar tal acontecimento
 Confusão, pensamento rápido
 Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso
 Medo de morrer
 Vertigens ou sensação de debilidade
Uma crise de pânico dura caracteristicamente vários minutos e é uma das situações mais angustiantes
que podem ocorrer a alguém. A maioria das pessoas que tem uma crise terá outras (se não tratar).
Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que
tem transtorno do pânico.
Tratamento
Existe uma variedade de tratamentos para o T.P. O mais importante neste aspecto é que se introduza
um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral numa primeira etapa. Isto pode
ser feito através de medicamentos seguros e que não produzam risco de dependência física dos
pacientes. Numa segunda etapa prepara-se o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as
adversidades vitais de uma maneira menos estressante. Em última análise, trata-se de estabelecer junto
com o paciente uma nova forma de viver onde se priorize a busca de uma harmonia e equilíbrio
pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser realizada com esse objetivo.
O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao engajamento do paciente com o mesmo. É
importante que a pessoa que sofre de T.P. entenda todas as peculiaridades que envolvem este mal e
que queira fazer uma boa "aliança terapêutica" com seu médico no sentido de juntos superarem todas
as adversidades que poderão surgir na busca do seu equilíbrio pessoal.

Fobias (transtornos fóbico-ansiosos)


O medo é um sentimento comum a todas as espécies animais e serve para proteger o indivíduo do
perigo. Todos nós temos medo em algumas situações nas quais o perigo é iminente. A fobia pode ser
definida como um medo irracional, diante de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer
perigo para a pessoa. Com isto, essa situação ou esse objeto são evitados a todo custo. Essa evitação
fóbica leva muito freqüentemente a limitações importantes na vida cotidiana da pessoa. As fobias são
acompanhadas de ansiedade importante e também freqüentemente de depressão. Os transtornos
fóbico-ansiosos constituem um grupo de doenças mentais onde a ansiedade é; ligada
predominantemente a uma situação ou objeto. Há três tipos principais de fobia:
1. Agorafobia: inclui medo de espaços abertos, da presença de multidões, da dificuldade de escapar
rapidamente para um local seguro (em geral a própria casa). A pessoa pode ter medo de sair de casa,
de entrar em uma loja ou shopping, de lugares onde há; multidões, de viajar sozinho. Muitas pessoas
referem um medo aterrorizante de se sentirem mal e serem abandonadas sem socorro em público.
Muitas pessoas com agorafobia apresentam também o transtorno de pânico.
2. Fobia social: neste caso a pessoa tem medo de se expor a outras pessoas que se encontram em
grupos pequenos. Isto pode acontecer em reuniões, festas, restaurantes e outros locais. Muitas vezes
elas são restritas a uma situação, como por exemplo, comer ou falar em publico, assinar um cheque na
presença de outras pessoas ou encontrar-se com alguém do sexo oposto. Muitas pessoas apresentam
também baixa autoestima e medo de criticas. Usualmente a pessoa nessas situações apresenta rubor na
face, tremores, náuseas. Em casos extremos pode isolar-se completamente do convívio social.
3. Fobias especificas (ou isoladas): como o próprio nome diz, são fobias restritas a uma situação ou
objeto altamente específicos, tais como, animais inofensivos (zoofobia), altura (acrofobia), trovões e
relâmpagos (astrofobia), voar, espaços fechados (claustrofobia), doenças (nosofobia), dentista, sangue,
entre outros. A incapacitação da pessoa no dia a dia depende do tipo de fobia e de quão fácil é evitar a
situação fóbica.
Tratamento
O tratamento das fobias se faz com a associação de medicamentos com psicoterapia. Os
medicamentos mais utilizados pertencem ao grupo dos antidepressivos; os ansiolíticos também são
freqüentemente indicados. A psicoterapia auxilia na compreensão de fatores que podem agravar ou
perpetuar os sintomas fóbicos.

Transtornos de Ansiedade
Todos os Transtornos de Ansiedade têm como manifestação principal um alto nível de ansiedade.
Ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que algo ruim aconteça
acompanhado por várias reações físicas e mentais desconfortáveis.
Os principais Transtornos de Ansiedade são: Síndrome do Pânico, Fobia Específica, Fobia Social,
Estresse Pós-Traumático, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Distúrbio de Ansiedade Generalizada.
É comum que haja comorbidade e assim uma pessoa pode apresentar sintomas de mais de um tipo de
transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e destes com outros problemas como depressão. No geral, os
transtornos de ansiedade respondem muito bem ao tratamento psicológico especializado.
Estresse Pós Traumático:
Estado ansioso com expectativa recorrente de reviver uma experiência que tenha sido muito
traumática. Por exemplo, depois de ter sido assaltado, ficar com medo de que ocorra de novo, ter medo
de sair na rua, ter pesadelos, etc. Geralmente após um evento traumático a ansiedade diminui logo no
primeiro mês sem maiores consequências. Porém, em alguns casos, os sintomas persistem por mais
tempo ou reaparecem depois de um tempo, levando a um estado denominado como Estresse Pós
Traumático.
Distúrbio de Ansiedade Generalizada:
Estado de ansiedade e preocupação excessiva sobre diversas coisas da vida. Este estado aparece
frequentemente e se acompanha de alguns dos seguintes sintomas: irritabilidade, dificuldade em
concentrar-se, inquietação, fadiga e humor deprimido.
Sinais e sintomas
A pessoa pode sentir tremores, inquietação, dor de cabeça, falta de ar, suor em excesso, palpitações,
problemas gastrointestinais, irritabilidade e facilidade em alterar-se. Esses sintomas podem ocorrer na
maioria dos dias por pelo menos seis meses. É muito difícil controlar a preocupação, o que pode gerar
um esgotamento na saúde física e mental do indivíduo.
Tratamento
O especialista utiliza técnicas psicoterápicas de apoio. Muitas vezes faz-se necessário o uso de
medicação (antidepressivos e/ou ansiolíticos) por um determinado período. A maioria das pessoas
experimenta uma acentuada redução da ansiedade quando lhes é oferecida a oportunidade de discutir
suas dificuldades com um profissional experiente.

Depressão
A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda
de interesse por atividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço
fácil. Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afetam
de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas
consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda. A depressão pode afetar pessoas de todas
as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma
consequência frequente da depressão.
A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica, e conduz à diminuição substancial da
capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia. A depressão pode durar
de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença
crónica. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.
Fatores de risco
 Pessoas com episódios de depressão no passado;
 Pessoas com história familiar de depressão;
 Pessoas do género feminino – a depressão é mais frequente nas mulheres, ao longo de toda a
vida, mas em especial durante a adolescência, no primeiro ano após o parto, menopausa e
pós-menopausa;
 Pessoas que sofrem um qualquer tipo de perda significativa, mais habitualmente a perda de
alguém próximo;
 Pessoas com doenças crónicas - sofrendo do coração, com hipertensão, com asma, com
diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças reumáticas, SIDA,
fibromialgia, cancro e outras doenças;
 Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e crónica (por exemplo,
pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer);
 Pessoas com tendência para ansiedade e pânico;
 Pessoas com profissões geradoras de stress ou em circunstâncias de vida que causem stress;
 Pessoas com dependência de substâncias químicas (drogas) e álcool;
 Pessoas idosas.
Sintomas da depressão
A depressão diferencia-se das normais mudanças de humor pela gravidade e permanência dos
sintomas. Está associada, muitas vezes, a ansiedade e/ou pânico.
Os sintomas mais comuns são:
 Modificação do apetite (falta ou excesso de apetite);
 Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
 Fadiga, cansaço e perda de energia;
 Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de autoestima, sentimentos de culpa e
sentimento de incapacidade;
 Falta ou alterações da concentração;
 Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
 Desinteresse, apatia e tristeza;
 Alterações do desejo sexual;
 Irritabilidade;
 Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, enjoo.
Causas da depressão
As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar-se que há fatores que
influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de
vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com
determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos, etc.
Determinar qual o fator ou os fatores que desencadearam a crise depressiva pode ser importante, pois
para o doente poderá ser vantajoso aprender a evitar ou a lidar com esse fator durante o tratamento.
Diagnóstico
Pela avaliação clínica do doente, designadamente pela identificação, enumeração e curso dos
sintomas bem como pela presença de doenças de que padeça e de medicação que possa estar a tomar.
Não existem meios complementares de diagnóstico específicos para a depressão, e a bem da verdade,
tão pouco são necessários: o diagnóstico clínico é fácil e bastante preciso, um médico psiquiatra faz o
diagnóstico e a orientação terapêutica (o medicamento a usar, a dose, a duração, a resposta esperável
face ao tipo de pessoa, a indicação para um tipo específico de psicoterapia, a necessidade de outros
tipos de intervenção, etc.).
Tratamento
Normalmente, através do uso de medicamentos, de intervenções psicoterapêuticas, ou da conjugação
de ambas. As intervenções psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reativas
às adversidades da vida bem como em associação com medicamentos nas situações moderadas e
graves. Os medicamentos usados no tratamento das depressões são designados por antidepressivos.

Síndrome de burnout
A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito
em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no Grupo V da CID-
10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Sua
principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de
trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em
pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes
penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de
desenvolver o transtorno.
Sintomas
O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional que se
reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças
bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade,
depressão, pessimismo, baixa autoestima. Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação,
pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são manifestações
físicas que podem estar associadas à síndrome.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta o levantamento da história do paciente e seu envolvimento e realização
pessoal no trabalho.
Tratamento
O tratamento inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia. Atividade física regular e exercícios de
relaxamento também ajudam a controlar os sintomas.
Recomendações
* Não use a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar
momentos de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir
ou tratar a síndrome de burnout;
* Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e
depressão não é um bom remédio para resolver o problema;
* Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando
sua saúde física e mental. Avalie também a possibilidade de propor nova dinâmica para as atividades
diárias e objetivos profissionais.
B - PSICOSE: se caracteriza por uma intensa fuga da realidade. É, como a filosofia e as artes
chamam, a loucura, propriamente dita.
Pode ser classificada de três formas:
A) pela manifestação,
B) pelo aspecto neurofisiológico,
C) pela intensidade
A - Manifestação: se divide em dois tipos principais:
a) Esquizofrenia: tem como aspectos principais a fuga da realidade, as manias de perseguição, as
alucinações, entre outros. Têm ainda subdivisões, que são a esquizofrenia paranóide, a esquizofrenia
desorganizada (ou hebefrênica), a esquizofrenia simples, a catatonia ou a esquizofrenia indiferenciada;
b) Transtorno de afeto bipolar: tem por característica picos muito grandes de humor, em pouco espaço
de tempo, para o lado da depressão (ou distimia ou disforia), e pro lado da mania (euforia ou eutimia).
Por estes dois aspectos também conhecemos este transtorno como psicose maníaco-depressiva. O
doente sofre de mudanças de humor constantes, sendo perigoso e gastador em fases maníacas, e
retraído, podendo se suicidar, no estado depressivo.
B - Aspecto neurofisiológico:
1) Funcional: age apenas no funcionamento do aparelho psíquico, em suas ligações.
2) Orgânica: tem como característica mudanças ocorridas na química do cérebro, ou em mudanças
fisiológicas e estruturais.
C - Intensidade:
Como intensidade entendemos a agressividade e impulsividade do doente em:
1) Aguda: também chamada de fase de surto; é quando o doente se torna violento, impulsivo e fora da
realidade. É necessária observação psiquiátrica constante, pois o doente oferece risco para si, para
outros e para o patrimônio.
2) Crônica: é a fase de relaxamento do doente, onde ele está fora da realidade, mas não põe em risco
os outros e sua vida. Este estágio é permanente, e resulta de algum caso onde não há cura.

Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta na adolescência ou início da idade
adulta. Sua frequência na população em geral é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca
de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6
milhão de esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira
vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral inicia-se mais cedo no homem, por
volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos 25-30 anos.

Sintomas
A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas do funcionamento psíquico.
Os principais sintomas são:
1. delírios: são ideias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta. Por exemplo, ele se acha
perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que
passam na rua querem lhe fazer mal.
2. alucinações: são percepções falsas dos órgãos dos sentidos. As alucinações mais comuns na
esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O paciente ouve vozes que falam sobre ele, ou
que acompanham suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes dão ordens de como
agir em determinada circunstancia. Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas
podem ocorrer também na esquizofrenia.
3. alterações do pensamento: as ideias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas,
tornando o discurso do paciente difícil de compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção
de que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos são roubados
de sua mente ou inseridos nela.
4. Alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda da capacidade de reagir
emocionalmente às circunstancias, ficando indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes o
paciente apresenta reações afetivas que são incongruentes, inadequadas em relação ao contexto
em que se encontra. Torna-se pueril e se comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente
que o cerca.
5. Diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica desanimado e apático, não sendo mais
capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente.
Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da motricidade, desconfiança
excessiva, indiferença, podem aparecer na esquizofrenia. Dependendo da maneira como os sintomas
se agrupam, é possível caracterizar os diferentes subtipos da doença. A esquizofrenia evolui
geralmente em episódios agudos onde aparecem os vários sintomas acima descritos, principalmente
delírios e alucinações, intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos.
Causa da esquizofrenia
Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A hereditariedade tem uma importância relativa,
sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico tem chance maior de desenvolver a
doença do que as pessoas em geral. Por outro lado, não se sabe o modo de transmissão genética da
esquizofrenia. Fatores ambientais (p. ex., complicações da gravidez e do parto, infecções, entre outros)
que possam alterar o desenvolvimento do sistema nervoso no período de gestação parecem ter
importância na doença. Estudos feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia
computadorizada e ressonância magnética mostram que alguns pacientes tem pequenas alterações
cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas do cérebro. Alterações bioquímicas
dos neurotransmissores cerebrais, particularmente da dopamina, parecem estar implicados na doença.
Diagnóstico
O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das manifestações da doença. Não há
nenhum tipo de exame de laboratório (exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.)
que permita confirmar o diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames, mas estes
servem apenas para excluir outras doenças que podem apresentar manifestações semelhantes à
esquizofrenia.
Tratamento
O tratamento da esquizofrenia visa ao controle dos sintomas e a reintegração do paciente. O
tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e psicossocial. O tratamento
medicamentoso é feito com remédios chamados antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na
fase aguda da doença para aliviar os sintomas psicóticos, e também nos períodos entre as crises, para
prevenir novas recaídas. A maioria dos pacientes precisa utilizar a medicação ininterruptamente para
não ter novas crises. Assim o paciente deve submeter-se a avaliações médicas periódicas; o médico
procura manter a medicação na menor dose possível para evitar recaídas e evitar eventuais efeitos
colaterais. As abordagens psicossociais são necessárias para promover a reintegração do paciente à
família e à sociedade. Devido ao fato de que alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse,
isolamento social e outros) podem persistir mesmo após as crises, é necessário um planejamento
individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam em geral de psicoterapia, terapia
ocupacional, e outros procedimentos que visem ajudá-lo a lidar com mais facilidade com as
dificuldades do dia a dia.
Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na reintegração do paciente. é importante
que estejam orientados quanto à doença esquizofrenia para que possam compreender os sintomas e as
atitudes do paciente, evitando interpretações errôneas. As atitudes inadequadas dos familiares podem
muitas vezes colaborar para a piora clínica do mesmo. O impacto inicial da noticia de que alguém da
família tem esquizofrenia é bastante doloroso. Como a esquizofrenia é uma doença pouco conhecida e
sujeita a muita desinformação as pessoas se sentem perplexas e confusas. Freqüentemente, diante das
atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares reagem também com atitudes inadequadas,
perpetuando um circulo vicioso difícil de ser rompido. Atitudes hostis, criticas e superproteção
prejudicam o paciente, apoio e compreensão são necessários para que ele possa ter uma vida
independente e conviva satisfatoriamente com a doença.

Transtorno afetivo bipolar


O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva.
Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser
considerado uma perturbação afetiva. A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica
dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa
que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um
episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível
conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer
várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será
descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão,
mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.
Características
O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo
de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes
confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros
mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos
retardando o diagnóstico da fase em atividade.
Tipos
Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma
clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases
maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por
maníacas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com
depressão.

Fase maníaca
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado
de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva.
Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da autoestima, sentimentos
de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa
especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade
motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono.
O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as ideias correm rapidamente a
ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma ideia não concluída em outra
sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-ideias. Aumento do interesse e da atividade sexual.
Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa
socialmente inconveniente ou insuportável.
Fase depressiva
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a autoestima em baixa com
sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é
constante. As ideias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse
pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável.
Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que
satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca
pode durar meses também.
Sintomas (maníacos):
 Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo
más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem
abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
 Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais,
é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político.
Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se
fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta ideia
torna-se uma convicção delirante.
 Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
 Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do
que alguns minutos ou relaxar.
 O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco
para integridade física como patrimonial.
 O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo
numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
 Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de
fora a grande confusão de ideias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de
terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim
sucessivamente numa fuga de ideias.
 A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto frequente
nesses pacientes.
 A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica
durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
 Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por
algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.

A fase depressiva
 Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas
de tristeza, desespero e autoestima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter
prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem
dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O
começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles
sabem que terão um longo dia pela frente.
Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados,
faltam ideias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também
fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O
apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.
Tratamento
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos.
Freqüentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o
depakene, o depakote, o topamax. Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária
os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas
depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos.

Distúrbios Alimentares
1. Anorexia nervosa
2. Bulimia

Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa é um distúrbio caracterizado por uma distorção da imagem corporal, um medo
extremo da obesidade, a rejeição de manter um peso normal e, nas mulheres, a ausência de
menstruação. Cerca de 95% das pessoas que sofrem desse distúrbio são mulheres. Em geral, começa
na adolescência, às vezes antes, e com menos frequência na idade adulta. A anorexia nervosa afeta
principalmente as pessoas de classe socioeconômica média e alta. Na sociedade ocidental o número de
pessoas com esse distúrbio tende a aumentar.
A anorexia nervosa pode ser leve e transitória ou grave e duradoura. Fala-se em taxas de óbito de 10%
a 20%. No entanto, como os casos leves muitas vezes nem são diagnosticados, ninguém sabe
exatamente quantas pessoas têm anorexia nervosa ou qual a porcentagem que morre dela. A causa é
desconhecida, mas os fatores sociais parecem importantes. O desejo de ser magro é frequente na
sociedade ocidental e a obesidade é considerada pouco atraente, doentia e indesejável. Mesmo antes da
adolescência, as crianças já estão envolvidas nessas convenções sociais e 70% das adolescentes
seguem alguma dieta ou adotam outras medidas para controlar o peso. Porém, só uma pequena parte
destas meninas desenvolvem anorexia nervosa.
Sintomas
Muitas mulheres que desenvolvem anorexia nervosa são meticulosas e compulsivas, com metas e
expectativas muito elevadas de realização e sucesso. Os primeiros sinais de uma anorexia iminente são
a crescente preocupação com a alimentação e o peso corporal, inclusive entre aquelas que já são
magras, como é o caso da maioria das pessoas com anorexia nervosa. A preocupação e a ansiedade
intensificam-se à medida que emagrecem. Mesmo quando magra, a pessoa declara que se sente obesa,
nega ter qualquer problema, não se queixa da falta de apetite ou da perda de peso e, geralmente, resiste
ao tratamento. A pessoa não costuma ir ao médico até que os familiares a obriguem.
Anorexia significa "falta de apetite", mas as pessoas com anorexia de fato sentem fome e se
preocupam com a alimentação, estudando dietas e calculando calorias; acumulam, escondem e
desperdiçam a comida; colecionam receitas e cozinham pratos elaborados para outras pessoas. Cerca
de 50% das pessoas com anorexia nervosa ingerem uma quantidade excessiva de comida e a seguir
provocam o vômito ou tomam laxantes ou diuréticos. A outra metade simplesmente restringe a
quantidade de comida que ingere. A maioria pratica também exercício em excesso para controlar o
peso.
Sintomas
As mulheres deixam de menstruar. Observa-se tanto nos homens quanto nas mulheres uma perda de
interesse sexual. As pessoas com anorexia nervosa têm uma frequência cardíaca lenta, pressão arterial
baixa, baixa temperatura corporal, inchaços por acúmulo de líquidos e cabelo fino e suave, ou então,
excesso de pelos na face e no corpo. As pessoas com anorexia que emagrecem muito tendem a manter
uma grande atividade, incluindo a prática de programas de exercícios intensos. Não têm sintomas de
deficiências nutricionais e estão surpreendentemente livres de infecções. A depressão é comum e as
pessoas com esse distúrbio mentem acerca do que comeram e escondem os seus vômitos e os seus
hábitos alimentares peculiares.
As alterações hormonais que resultam da anorexia nervosa incluem valores de estrogênios e de
hormônios tireoidianos acentuadamente reduzidos e concentrações aumentadas de cortisol. Se uma
pessoa está gravemente desnutrida, é provável que todos os órgãos principais sejam afetados. Os
problemas mais perigosos são os relacionados com o coração e com os líquidos e os eletrólitos (sódio,
potássio, cloro). O coração fica debilitado e bombeia menos sangue. A pessoa pode ficar desidratada e
desmaiar. O sangue pode ficar ácido (acidose metabólica) e os valores de potássio no sangue podem
diminuir. Vomitar e tomar laxantes e diuréticos pode piorar a situação. Pode ocorrer uma morte súbita
devido a uma arritmia cardíaca.
Diagnóstico e Tratamento
A anorexia nervosa é geralmente diagnosticada com base numa perda de peso acentuada e nos
sintomas psicológicos característicos. A anoréxica típica é uma adolescente que perdeu pelo menos
15% do seu peso corporal, teme a obesidade, deixou de menstruar, nega estar doente e parece
saudável.
Geralmente, o tratamento é feito em duas fases. A primeira é a restauração do peso normal. A segunda
é a psicoterapia, muitas vezes completada com remédios. Quando a perda de peso foi rápida ou intensa
(por exemplo, mais de 25% abaixo do peso ideal), a recuperação de peso é crucial; essa perda de peso
pode pôr em perigo a vida da pessoa. O tratamento inicial é geralmente feito num hospital, onde
profissionais experientes animam de forma calma mas firmemente, a paciente a comer. Raramente, a
paciente é alimentada por via endovenosa ou através de SNG.
Quando o estado nutricional estiver aceitável, começa o tratamento a longo prazo, que deve ser feito
por especialistas em distúrbios alimentares. Esse tratamento pode incluir psicoterapia individual, de
grupo e familiar, bem como medicamentos. Se houver o diagnóstico de depressão, a pessoa poderá
tomar antidepressivos. O tratamento tende a estabelecer um ambiente tranquilo, estável e focado na
pessoa, animando-a a ingerir uma quantidade adequada de comida.

Bulimia Nervosa
A bulimia nervosa é um distúrbio caracterizado por episódios constantes de apetite voraz seguidos por
vômitos autoinduzidos ou utilização de laxantes ou diuréticos, dietas rigorosas ou excesso de exercício
para compensar os efeitos das refeições exageradas. Tal como na anorexia nervosa, as pessoas que têm
bulimia nervosa são, em geral, mulheres; profundamente preocupadas com a sua aparência e peso e
que pertencem a um nível socioeconômico médio e alto. Embora a bulimia nervosa tenha sido
considerada uma epidemia, somente 2% das jovens universitárias, consideradas como o grupo de
maior risco, são verdadeiramente bulímicas.
Sintomas
A ingestão excessiva de alimentos é seguida de um intenso sofrimento e do uso de laxantes, dieta
rigorosa e excesso de exercício. Muitas vezes, o estresse emocional desencadeia o apetite voraz,
geralmente satisfeito em segredo. Embora as pessoas com bulimia tenham a preocupação de se
tornarem obesas (algumas são), o seu peso tende a voltar ao normal. Os vômitos autoinduzidos podem
causar erosão do esmalte dentário, dilatar as glândulas salivares (parótidas) e inflamar o esôfago. Os
vômitos podem diminuir os níveis de potássio no sangue, provocando arritmia cardíaca. Existem
relatos de morte súbita por superdoses de ipeca, para induzir os vômitos.
Em comparação com os indivíduos que apresentam anorexia nervosa, aqueles com bulimia nervosa
tendem a ser mais conscientes de seu comportamento e sentem remorso ou culpa. Eles apresentam
maior tendência a admitir suas preocupações ao médico ou a um outro confidente. Geralmente, os
bulímicos são mais extrovertidos e mais propensos a um comportamento impulsivo (p.ex., abuso de
drogas ou álcool).
Diagnóstico e Tratamento
O médico suspeita de bulimia nervosa quando uma pessoa está muito preocupada com o aumento de
peso, que apresenta grandes flutuações, em especial se existem sinais evidentes de uma utilização
excessiva de laxantes. Outros indícios incluem o inchaço das glândulas parótidas, cicatrizes nos nós
dos dedos por terem sido utilizados para induzir o vômito e erosão do esmalte dentário. No entanto, o
diagnóstico vai depender da descrição do paciente.
As duas abordagens de tratamento são a psicoterapia e os medicamentos. A psicoterapia pode ser
muito eficaz, principalmente se for feita por um terapeuta com experiência em distúrbios alimentares.
Muitas vezes, um medicamento antidepressivo pode ajudar a controlar a bulimia nervosa, inclusive
quando a pessoa não parece deprimida. Porém, o distúrbio pode reaparecer quando a pessoa para de
tomar o medicamento.

Epilepsia
A epilepsia é uma doença do sistema nervoso que provoca mudanças súbitas, breves e repetidas na
atividade cerebral. Durante uma crise epiléptica, popularmente conhecida como convulsão, os
neurônios do cérebro podem funcionar, de forma incontrolável, até quatro vezes mais rápido que o
normal, afetando temporariamente a forma com que a pessoa se comporta, locomove, pensa ou sente.
A causa pode ser uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma infecção
(meningite, por exemplo), neurocisticercose ("ovos de solitária" no cérebro), tumores cerebrais,
condições genéticas (esclerose tuberosa, por exemplo), problemas circulatórios no cérebro, abuso de
bebidas alcoólicas, de drogas, etc.
Sintomas
Os sintomas da epilepsia variam conforme as áreas do cérebro que são afetadas, sendo divididas em
crises generalizadas e crises parciais. A crise convulsiva é a forma mais conhecida pelas pessoas e é
identificada como "ataque epiléptico". É uma crise generalizada porque envolve todas as áreas do
cérebro. Nesse tipo de crise a pessoa pode cair ao chão, apresentar contrações musculares em todo o
corpo, morder a língua, ter salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar.
A crise do tipo "ausência" é conhecida como "desligamentos". A pessoa fica com o olhar fixo, perde
contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração (questão de segundos), muitas
vezes não é percebida pelos familiares e/ou professores. Também é considerada uma crise
generalizada e, geralmente, se inicia na infância ou na puberdade.
Há um tipo de crise que se manifesta como se a pessoa estivesse "alerta" mas sem o controle de seus
atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos involuntários, a
pessoa pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida. A
crise se inicia em uma área do cérebro. Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu quando a
crise termina. Esta é a chamada crise parcial complexa. Porém, se a atividade elétrica se espalhar para
outras áreas do cérebro, ela pode se tornar uma crise generalizada.
Na condição chamada status epilepticus (SE), a pessoa tem uma crise epiléptica generalizada que dura
de 20 a 30 minutos, ou mais; ou a pessoa tem uma série de crises nas quais não consegue recobrar
completamente a consciência. Essa é uma emergência médica que pode ser fatal.
Existem outros tipos de crises que podem provocar quedas ao solo sem nenhum movimento ou
contrações ou então, ter percepções visuais ou auditivas estranhas ou ainda, alterações transitórias da
memória.

Assistência de enfermagem durante as crises epilépticas


Coloque a pessoa em decúbito dorsal, em lugar confortável, retirando de perto objetos com que ela
possa se machucar, como pulseiras, relógios, óculos;
Não introduza objetos na boca
Levante o queixo para facilitar a passagem de ar;
Afrouxe as roupas;
Caso a pessoa esteja salivando muito, mantenha-a deitada com a cabeça voltada para o lado, evitando
que ela se sufoque com a própria saliva;
Quando a crise passar, deixe a pessoa descansar;
Verifique se existe pulseira ou outra identificação médica de emergência que possa sugerir a causa da
convulsão;
Nunca segure a pessoa (deixe-a debater-se);
Não dê tapas;
Não jogue água sobre ela.
Tratamento da Epilepsia
O tratamento da epilepsia é feito através de medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais
anormais, que são a origem das crises epilépticas. Entre esses medicamentos estão a carbamazepina,
clonazepam, ethosuximida, felbamato, gabapentina, lamotrigina, fenobarbital, fenitoína, primidona,
topiramato e valproato. O tipo de medicamento depende do tipo de crise epiléptica a ser tratada.
Acredita-se que pelo menos 25% dos pacientes com epilepsia no Brasil são portadores de estágios
mais graves, ou seja, com necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, sendo as crises
frequentemente incontroláveis e, portanto, candidatos a intervenção cirúrgica.

Mal de Alzheimer
O mal de Alzheimer é uma doença progressiva e irreversível que afeta o cérebro. Ela atinge
primeiramente a memória e, progressivamente, as outras funções mentais, tirando toda a autonomia da
pessoa, que passa a depender completamente de outras pessoas. É uma doença muito relacionada com
a idade, afetando as pessoas com mais de 50 anos. A estimativa de vida para os pacientes varia de 2 a
15 anos.
Causa do Mal de Alzheimer
Ainda não se sabe qual é a causa do mal de Alzheimer. No entanto, há um consenso entre os
especialistas de que o mal de Alzheimer é uma doença genética, embora não seja necessariamente
hereditária. Isto é, nem todos os casos são transmitidos entre familiares, principalmente dos pais para
os filhos.
Diagnóstico
Não existe nenhum exame que permita diagnosticar, de modo inquestionável, o mal de Alzheimer. A
única forma de fazer o diagnóstico é examinando o tecido cerebral obtido por uma biópsia ou
necrópsia. Dessa forma, o diagnóstico do mal de Alzheimer é feito pela exclusão de outras causas de
demência, pela análise do histórico do paciente, por exames de sangue, tomografia ou ressonância,
entre outros exames.
Sintomas do Mal de Alzheimer
A princípio, observam-se pequenos esquecimentos e perdas de memória que vão se agravando
progressivamente. Os pacientes tornam-se confusos e, às vezes, agressivos, passando a apresentar
alterações de personalidade, com distúrbios de conduta. Acabam por não reconhecer os próprios
familiares e nem a si mesmos quando colocados de frente a um espelho. À medida que a doença
evolui, tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, até mesmo para as atividades elementares
do dia-a-dia como alimentação, higiene, vestuário, etc.
Tratamento
O mal de Alzheimer não tem cura e o tratamento consiste de duas variáveis:
 Aspectos comportamentais. Nesta vertente, além da medicação, convém também contar com
a orientação de diferentes profissionais de saúde;
 Desequilíbrios químicos que ocorrem no cérebro. Existem remédios que ajudam a corrigir
esses desequilíbrios e que são mais eficazes na fase inicial da doença. Todavia, tais remédios,
infelizmente, têm efeito temporário. Por enquanto, não existem medicamentos que impeçam a
progressão da doença.

Alcoolismo
O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado do álcool;
é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e todas as
consequências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos. Dentro do
alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado),
intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes amnéstica (perdas restritas de memória), demencial,
alucinatória, delirante, de humor. Distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos.
Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal.
Problemas Psiquiátricos causados pelo Alcoolismo
Abuso de Álcool
A pessoa que abusa de álcool não é necessariamente alcoólatra, ou seja, dependente e faz uso
continuado. O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas que eventualmente, mas
recorrentemente têm problemas por causa dos exagerados consumos de álcool em curtos períodos de
tempo. Critérios: para se fazer esse diagnóstico é preciso que o paciente esteja tendo problemas com
álcool durante pelo menos 12 meses e ter pelo menos uma das seguintes situações: a) prejuízos
significativos no trabalho, escola ou família como faltas ou negligências nos cuidados com os filhos.
b) exposição a situações potencialmente perigosas como dirigir ou manipular máquinas perigosas
embriagado. c) problemas legais como desacato a autoridades ou superiores. d) persistência no uso de
álcool apesar do apelo das pessoas próximas em que se interrompa o uso.

Dependência ao Álcool
Para se fazer o diagnóstico de dependência alcoólica é necessário que o usuário venha tendo
problemas decorrentes do uso de álcool durante 12 meses seguidos e preencher pelo menos 3 dos
seguintes critérios: a) apresentar tolerância ao álcool -- marcante aumento da quantidade ingerida para
produção do mesmo efeito obtido no início ou marcante diminuição dos sintomas de embriaguez ou
outros resultantes do consumo de álcool apesar da continua ingestão de álcool. b) sinais de abstinência
-- após a interrupção do consumo de álcool a pessoa passa a apresentar os seguintes sinais: sudorese
excessiva, aceleração do pulso (acima de 100), tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos,
agitação psicomotora, ansiedade, convulsões, alucinações táteis. A reversão desses sinais com a
reintrodução do álcool comprova a abstinência. Apesar do álcool "tratar" a abstinência o tratamento de
fato é feito com diazepam ou clordiazepóxido dentre outras medicações. c) o dependente de álcool
geralmente bebe mais do que planejava beber d) persistente desejo de voltar a beber ou incapacidade
de interromper o uso. e) emprego de muito tempo para obtenção de bebida ou recuperando-se do
efeito. f) persistência na bebida apesar dos problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e
das relações familiares.

Abstinência alcoólica
A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observado nas pessoas que
interrompem o uso de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves de abstinência se
apresentam com tremores, aumento da sudorese, aceleração do pulso, insônia, náuseas e vômitos,
ansiedade depois de 6 a 48 horas desde a última bebida. A síndrome de abstinência leve não precisa
necessariamente surgir com todos esses sintomas, na maioria das vezes, inclusive, limita-se aos
tremores, insônia e irritabilidade. A síndrome de abstinência torna-se mais perigosa com o surgimento
do delirium tremens. Nesse estado o paciente apresenta confusão mental, alucinações, convulsões.
Geralmente começa dentro de 48 a 96 horas a partir da ultima dose de bebida. Dada a potencial
gravidade dos casos é recomendável tratar preventivamente todos os pacientes dependentes de álcool
para se evitar que tais síndromes surjam. Para se fazer o diagnóstico de abstinência, é necessário que o
paciente tenha pelo menos diminuído o volume de ingestão alcoólica, ou seja, mesmo não
interrompendo completamente é possível surgir a abstinência. Alguns pesquisadores afirmam que as
abstinências tornam-se mais graves na medida em que se repetem, ou seja, um dependente que esteja
passando pela quinta ou sexta abstinência estará sofrendo os sintomas mencionados com mais
intensidade, até que surja um quadro convulsivo ou de delirium tremens. As primeiras abstinências são
menos intensas e perigosas.

Intoxicação pelo álcool


O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é obtida
voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem alteração da fala (fala arrastada),
descoordenação motora, instabilidade no andar, nistagmo (ficar com olhos oscilando no plano
horizontal como se estivesse lendo muito rápido), prejuízos na memória e na atenção, estupor ou coma
nos casos mais extremos. Normalmente junto a essas alterações neurológicas apresenta-se um
comportamento inadequado ou impróprio da pessoa que está intoxicada. Uma pessoa muito
embriagada geralmente encontra-se nessa situação porque quis, uma leve intoxicação em alguém que
não está habituado é aceitável por inexperiência mas não no caso de alguém que conhece seus limites.

Wernicke-Korsakoff (síndrome amnéstica)


Os alcoólatras "pesados" em parte (10%) desenvolvem algum problema grave de memória. Há dois
desses tipos: a primeira é a chamada Síndrome Wernicke-Korsakoff (SWK) e a outra a demência
alcoólica. A SWK é caracterizada por descoordenação motora, movimentos oculares rítmicos como se
estivesse lendo (nistagmo) e paralisia de certos músculos oculares, provocando algo parecido ao
estrabismo para quem antes não tinha nada. Além desses sinais neurológicos o paciente pode estar em
confusão mental, ou se com a consciência clara, pode apresentar prejuízos evidentes na memória
recente (não consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos antes) e muitas vezes para
preencher as lacunas da memória o paciente inventa histórias, a isto chamamos fabulações. Este
quadro deve ser considerado uma emergência, pois requer imediata reposição da vitamina B1(tiamina)
para evitar um agravamento do quadro. Os sintomas neurológicos acima citados são rapidamente
revertidos com a reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode se tornar permanente. Quando
isso acontece o paciente apesar de ter a mente clara e várias outras funções mentais preservadas, torna-
se uma pessoa incapaz de manter suas funções sociais e pessoais. Muitos autores referem-se a SWK
como uma forma de demência, o que não está errado, mas a demência é um quadro mais abrangente,
por isso preferimos o modelo americano que diferencia a SWK da demência alcoólica.

Síndrome Demencial Alcoólica


Esta é semelhante a demência propriamente dita como a de Alzheimer. No uso pesado e prolongado
do álcool, mesmo sem a síndrome de Wernicke-Korsakoff, o álcool pode provocar lesões difusas no
cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de abstração de conceitos; a
personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo fica prejudicado. A pessoa torna-se
incapaz de sustentar-se.

Tratamento das doenças mentais


CAPS
Seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção
social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos
laços familiares e comunitários.
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental,
têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-
se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de
saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. Os CAPS podem ser de tipo
I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPS).
É função dos CAPS:
- prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais
psiquiátricos;
- acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e
fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
- promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
- regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
- dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
- organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
- articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território
- promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos
civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Estes serviços devem ser substitutivos e não complementares ao hospital psiquiátrico. De fato, o
CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à
responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento.
Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de
suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua
história, sua cultura e sua vida cotidiana.
O perfil populacional dos municípios é sem dúvida um dos principais critérios para o planejamento da
rede de atenção à saúde mental nas cidades, e para a implantação de centros de Atenção Psicossocial.
O critério populacional, no entanto, deve ser compreendido apenas como um orientador para o
planejamento das ações de saúde. De fato, é o gestor local, articulado com as outras instâncias de
gestão do SUS, que terá as condições mais adequadas para definir os equipamentos que melhor
respondem às demandas de saúde mental de seu município.

Relacionamento terapêutico no cuidado de enfermagem na saúde mental


É baseado na comunicação, não há possibilidade de haver o relacionamento terapêutico sem a
comunicação, essa comunicação se apresenta de forma verbal e não-verbal a partir do momento em
que o sujeito emite uma mensagem seja ela verbal ou não-verbal e há outro sujeito que interpreta essa
mensagem podemos dizer que aí existe uma comunicação. Podemos dizer que a comunicação é a base
do relacionamento terapêutico. Entretanto apesar de ser a base para o relacionamento terapêutico, ela
não constituí em si mesma o relacionamento terapêutico, a comunicação não é sinônimo de
relacionamento terapêutico é preciso acrescentar a essa comunicação algumas habilidades entre
aqueles que emite mensagens e os que recebem a mensagem que no relacionamento terapêutico
recebem o nome de ajudador e ajudado, é importante ressaltar que essas habilidades não são
exclusivas dos profissionais da saúde, existem pessoas que já possuem pela própria SENSIBILIDADE
pela forma de encarar a vida e de lidar com as outras pessoas, já possuem essas habilidades, entre os
profissionais de saúde infelizmente também encontramos aqueles que não possuem qualquer
habilidade. A partir do momento que o sujeito se dispõem ao outro através da comunicação e acredita
nessa possibilidade essas habilidades podem ser treinadas. O ajudador é convocado a assumir a sua
responsabilidade no processo de ajuda e adquiri habilidade para lidar melhor com suas dificuldades,
contribuindo para uma vida mais plena e satisfatória, ou seja, a abordagem terapêutica pressupõem
uma postura ativa tanto do ajudador quanto do ajudado. Vejamos então algumas habilidades:
Habilidades do ajudador
* Atender - Comunicar disponibilidade e interesse.
*Responder -Demostrar compreensão,
*Personalizar- Ajudar o outro a se responsabilizar pelo que está vivendo,
*orientar - Avaliar com o outro as alternativas.
Habilidades do ajudado
*Envolver-se - Disponibilidade para enfrentar seus problemas,
*Explorar - Avaliar a situação a qual está,
*Compreender - Estabelecer ligações de causa e efeito e estabelecer metas.
*Agir - Viabilizar as metas através de ações.

O relacionamento terapêutico no cuidado de enfermagem:


As ações de enfermagem são pautadas no cuidado ao cliente. Podemos entender o cuidado como algo
bastante abrangente que não se restringe apenas nas execuções técnicas, mas sim a tudo que leve esse
sujeito, a aprender a fazer por si mesmo, assim a abordagem terapêutica faz parte do cuidado de
enfermagem, nesse sentido podemos perceber que a abordagem terapêutica, contribui para:
* Adesão ao tratamento - No momento em que o cliente é chamado a participar ativamente e
intensamente do seu processo de tratamento, se sente comprometido, dando o melhor de si,
permanecendo empenhado inclusive em traçar metas para a sua vida, que evitem o adoecimento.
* Recuperação - É claro que o relacionamento terapêutico irá contribuir para a sua recuperação,
principalmente s ele se comprometer em cumprir suas metas para evitar o adoecimento.
* Qualidade na sobrevida - Mesmo que a morte seja inevitável o cliente pode se sentir melhor, mais
amparado e menos sozinho, se puder compartilhar a sua dor e sofrimento nesse momento e irá
permanecer vivo com mais dignidade.
Tratamento Medicamentoso
Durante os últimos quarenta anos, foram desenvolvidos vários medicamentos psiquiátricos de eficácia
comprovada e amplamente utilizados pelos psiquiatras e outros médicos. Frequentemente, esses
medicamentos são classificados de acordo com o distúrbio para o qual foram prescritos inicialmente.
Por exemplo, os antidepressivos (p.ex., imipramina, fluoxetina e bupropiona) são utilizados no
tratamento da depressão, enquanto que os antipsicóticos (p.ex., clorpromazina, aloperidol e tiotixeno)
são úteis no tratamento de distúrbios psicóticos como a esquizofrenia. Novos medicamentos
antipsicóticos (p.ex., clozapina e risperidona), são úteis para alguns pacientes que não respondem a
outros medicamentos antipsicóticos.
Por sua vez, os medicamentos contra a ansiedade (ansiolíticos), como o clonazepam e o diazepam, são
os indicados no tratamento dos distúrbios da ansiedade (p.ex., síndrome do pânico e fobias). Os
estabilizadores do humor (p.ex., lítio e carbamazepina) vêm sendo utilizados com algum êxito em
pacientes com doença maníaco-depressiva.
Medicamentos essenciais na área da saúde mental
Ácido valproico + Valproato de Sódio 500mg Depakene; Valpakine comprimidos
Ácido Valproico xarope 100ml frascos Depakene; Valpakine
Amitiptilina 25mg comprimido Tryptanol; Limbitrol
Biperideno 2mg comprimido Akineton
Carbamazepina 200mg comprimido Tegretol
Carbonato de Lítio 300mg comprimido Carbolatium; Carbolim
Clomipramina 25mg comprimido Anafranil
Clonazepan 2mg comprimido Rivotril
Clorprmazina 25mg comprimido Amplicitil
Cloridato de Prometazina 25mg comprimido Fenergan
Cloridato de Tioridazina 50mg comprimido Melleril
Diazepan 5mg comprimidoprax Vallium
Fenitoína 100mg comprimido Hidantal
Fenorbabital 100mg comprimido Gardenal; Fenocris
Fenorbabital gotas Gardenal
Fluoxetina 20mg comprimido Fenocris Eufor; Prozac; Deprax
Haloperidol 5mg comprimido Haldol
Haloperidol 4% gotas Haldol
Haloperidol decanoato injetável Haldol
Mirtazapina 30mg comprimido Remerron
Nortiptilina 25mg comprimido Pamelor
Nortriptilina 50mg comprimido Pamelor

Terapia Eletroconvulsivante
Na terapia Eletroconvulsivante, eletrodos são fixados à cabeça do paciente e é realizada uma série de
descargas elétricas no cérebro visando induzir convulsões. Já foi claramente demonstrado que esse
procedimento é o mais eficaz para a depressão grave. Ao contrário do que é propagado pelos meios de
comunicação, a terapia Eletroconvulsivante é segura e raramente causa qualquer complicação grave. O
uso moderno de anestésicos e miorrelaxantes (relaxantes musculares) reduziu enormemente qualquer
tipo de risco para o paciente.

Psicoterapia
Nos últimos anos, têm sido obtidos avanços significativos no campo da psicoterapia. A psicoterapia é
o tratamento que o terapeuta aplica ao paciente através de técnicas psicológicas, fazendo uso
sistemático da relação terapeuta-paciente. Os psiquiatras não são os únicos profissionais de saúde
mental especializados na prática da psicoterapia. Também estão incluídos os psicólogos clínicos, os
assistentes sociais, os enfermeiros, alguns conselheiros religiosos e muitos profissionais paramédicos.
No entanto, os psiquiatras são os únicos profissionais de saúde mental que podem prescrever
medicamentos.
Embora a psicoterapia individual seja praticada de muitas formas diferentes, quase todos os
profissionais de saúde mental estão filiados a uma das quatro escolas de psicoterapia: a dinâmica, a
cognitiva-comportamental, a interpessoal ou a comportamental.
A psicoterapia dinâmica deriva da psicanálise e a sua base é ajudar o paciente a compreender as
estruturas e padrões inconscientes que podem estar criando sintomas e dificuldades de relacionamento.
A escola cognitiva-comportamental centraliza-se principalmente nas distorções do pensamento do
paciente.
A terapia interpessoal enfoca como uma perda ou uma alteração em uma relação afeta o paciente.
A terapia comportamental visa ajudar os pacientes a modificarem as maneiras condicionadas de reagir
a eventos que ocorrem ao seu redor.
Na prática, muitos psicoterapeutas combinam técnicas, de acordo com as necessidades do paciente. A
psicoterapia é adequada em uma grande variedade de condições. Mesmo os indivíduos que não
apresentam qualquer distúrbio psiquiátrico podem considerar que a psicoterapia lhes é útil para
enfrentar problemas como, por exemplo, dificuldades no trabalho, perda de um ente querido ou uma
doença crônica na família. A psicoterapia de grupo e a terapia familiar também são amplamente
utilizadas.

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