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NORMAL OU PATOLÓGICO?

Normal ou patológico?
Para discutir...
• O que é normal?
• O que é patológico?
• Quem determina a normalidade e a
patologia?
• Ser ou estar doente? E o laudo de sanidade
mental?
• Com quem pode-se comparar?
Normal ou patológico?
Para pensar...

• Época
• Sociedade
• Cultura
• Conceitos de doenças. Silêncio do corpo...
Juízo do corpo...
• Diferentes ciências: medicina (neurologia,
psiquiatria), sociologia, antropologia,
filosofia
Transtornos mentais
Não existe uma causa específica para o desenvolvimento de
transtornos mentais.

• Transtornos mentais relacionados a neuroanatomia


• Transtornos mentais relacionados a neurofisiologia
• Transtornos mentais relacionados a endocrinologia
• Questões genéticas
• Questões associadas ao trabalho (Intoxicações Ocupacionais -
Produtos Neurotóxicos)
• Também existem questões que podem desencadear um distúrbio
mental, como luto, traumas ou uma situações de estresse intenso.
Qual a diferença de psiquiatria e saúde
mental?
Psiquiatria

• Psiquiatria é uma especialidade médica que trata


de patologias mentais.
• Transtornos mentais sem alterações anatômicas,
mas a nível de alterações funcionais.
• Alterações neurofisiológicas, neuroendócrinas.
• O tratamento medicamentoso se dá para manejo
destes neuro hormônios e estabilizar os sintomas
para que ele está sendo administrado.
Saúde Mental
• De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde
mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo
é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-
se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir
com a sua comunidade.

• A Saúde Mental se justifica por ser uma área do


conhecimento que, mais do que diagnosticar e tratar,
liga-se a prevenção e a promoção da saúde,
preocupando-se em reabilitar e reincluir o paciente no
contexto social.

• Ampliando o olhar sobre o sofrimento psíquico,


apostando na reabilitação psicossocial, nas ações
humanizadas evitando o estigma e o preconceito.
Saúde Mental

No segundo, a saúde é
Há dois paradigmas principais para No primeiro, o foco é exclusivamente na mais complexa que as
discussão dos conceitos de saúde e saúde doença e em suas manifestações, a manifestações das
mental, ou seja, o paradigma biomédico e loucura como sendo essencialmente o doenças e inclui aspectos
o da produção social de saúde. objeto de estudo da psiquiatria. sociais, econômicos,
culturais e ambientais.
PSIQUIATRIA OU SAÚDE
MENTAL?

• Vamos falar em transtornos


mentais, mas com os olhos voltados
para a reabilitação, a saúde e a
reintegração.

• Para se entender a Saúde Mental


nos dias de hoje, é necessário que
se tenha conhecimento do processo
histórico ao longo do qual ela
evoluiu.
Um pouco da história

•Evolução histórica da psiquiatria e da enfermagem psiquiátrica.


Deuses ou demônios? Antiguidade grega e romana.
•Várias doenças eram atribuídas ao poder dos deuses, demônios e forças
sobrenaturais.

•Na Grécia antiga ela já foi considerada até mesmo um privilégio.

•Era através do delírio que alguns privilegiados, podiam ter acesso a verdades divinas.
Um pouco da história
Antiguidade clássica.
•A loucura afasta-se do seu papel de portadora da verdade.

•Já não é mais porta-voz da verdade divina e em pouco tempo, a loucura passará a
ocupar o lugar de representante simbólico do mal.

Sobrenatural
•Na Europa durante toda a Idade Média, a loucura era vista como pobreza de espírito.
Um pouco da história
Feudalismo e Aceitação social.
• As famílias deixavam relativa liberdade à seus filhos que por ventura tivessem enlouquecido.
Confiavam na caridade alheia. Os diferentes – retardados loucos e pobres – eram parte da
sociedade.
Decadência do feudalismo
•Com a destruição do sistema de produção e da cultura feudais, o novo sistema social se ergue sobre
uma outra filosofia ou ideologia cristãs, a Reforma e Contra Reforma.
•A decadência do feudalismo trouxe importantes mudanças sociais. As cidades cresceram e passaram a
apresentar problemas sanitários e sociais.
•A nova ordem social emergente exige a extirpação de tudo aquilo que não possa entrar em sua
máquina produtiva.
Um pouco da história

A lepra x a loucura.
• O leproso encarnava a representação do mal e castigo divino, causando pavor e sentenciando
seus portadores à exclusão.

• Com as mudanças sociais do período inicia-se a exclusão do louco.

• Surgem os primeiros estabelecimentos criados para circunscrever a loucura destinados a


retirar do convívio social as pessoas que não se adaptavam a ele.
Um pouco da história
Mudança de ideais.
• Na época da Revolução Francesa, final do séc. XVIII, a loucura era considerada uma afronta as regras.
Surge então a ideia de norma, para definir o normal e o anormal;
• Apareceram os ideais capitalistas, A ideologia religiosa perdera sua força e cresceu a ideologia
burguesa baseada no trabalho e no dinheiro.
Ameaça/Solução
• Estas populações famintas e sem mais nenhum vínculo com qualquer determinação ou identidade
sociais, constituem uma ameaça à segurança da cultura europeia e suas cidades.
• Como solução, os conselhos de "cidadãos“, em quase toda a Europa, propõem à aristocracia e ao clero
as casas de internamento.
Um pouco da história
Tratamento?
• O tratamento consistia em purgantes, sangrias, jejuns, rezas, sacrifícios, punições pelos erros
na tentativa de domesticar o animal que vive dentro do homem.
Internação
• Os denominados miseráveis eram sequestrados e destinados ali permanecerem até que se
tornassem "úteis" e "bons", ou então para que morressem.
• Philippe Pinel (1745 – 1826) retirou da cadeia os loucos, separando-os dos pobres e
conduzindo-os aos asilos.
http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/mostra/pinel.html
Um pouco da história
Um pouco da história
Sec. XVIII – O saber médico

• Marca a apreensão do fenômeno da loucura como objeto do saber médico, caracterizando-o como
doença mental e, portanto, passível de cura.

• Instauração de medidas disciplinares para manutenção do espaço. Tratamento moral.

• Descrição das doenças mentais.

• Neste momento, os transtornos mentais foram considerados como resultados de tensões sociais,
causas hereditárias, decorrentes de acidentes.

• Neste momento distinguiram-se doenças e sintomas. Porém, o ser errante do mal, da natureza, o
alienado passa a ser submetido ao ser da cultura, o alienista.

• A psiquiatria é classificatória.
Um pouco da história

Sec. XIX
• Diferenciação da loucura de males físicos.

• Charcot e a hipnose. (1870)

• A histeria

• Breur, Freud – a psicanálise (1880)

• Medicação (1952)
Um pouco da história

Pós-guerra...
• Surgem movimentos reformistas da psiquiatria na contemporaneidade. Surgem
questionamentos ao modelo hospitalocêntrico.

• Franco Basaglia inicia experiências em Gorizia e Trieste (Itália), as quais tinham como principal
referência a defesa da desinstitucionalização. (1976)

• Questiona-se o conceito de “doença mental” percebendo a loucura enquanto “existência-


sofrimento” do sujeito em relação com o corpo social.
Um pouco da história

E no Brasil?
• Séc. XVIII não há política que
proporcione assistência aos loucos.
• Séc. XIX os doentes que vagavam
pelas ruas passam a ser internados
nas Santas Casas de Misericórdia.
Um pouco da história
Internação
• Vinda da Família Real no Brasil, requer controle social recolhendo das ruas quem ameaçasse a
paz e a ordem.

• Em 1852 foi inaugurado o Hospício D. Pedro II sob a direção das freiras das Santas Casas e em
1881 passa a ser controlado pelo Estado.

• O hospital psiquiátrico tinha no isolamento a principal técnica, surge o enfermeiro para ser
vigilante e, seguia as instruções quanto ao tratamento.

• Em 1890 surge a primeira Escola Profissional de Enfermeiros no Hospício Nacional dos


Alienados, com um enfermeiro controlador disciplinador e vigilante.
Um pouco da história
Medicações!

• Década de 50 surgem então as terapias somáticas (neurolépticos) e o enfermeiro passa a ter


uma função específica.
• 1952 - Clorpromazina (Amplictil)

• 1958 - Haloperidol (Haldol)


Mudanças?
• Década de 70 no Brasil, incentivo à criação de novas instituições e leitos hospitalares.
Um pouco da história

Desinstitucionalização
• Década de 70 – enfermagem procura redefinir e reorganizar a assistência através de
mudanças no ensino.

• Década de 80 – contratação de enfermeiros para a rede extra hospitalar;


desinstitucionalização e desconstrução dos hospitais psiquiátricos/ Movimento por uma
sociedade sem manicômios/ Tramitação da lei de Paulo Delgado
Um pouco da história
Conferência de Alma-Ata URSS – Conferência Internacional sobre Cuidados Primários
de Saúde – Declaração de Alma Ata- setembro de 1978

• Expressou a necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham


nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a
saúde de todos os povos do mundo.
Um pouco da história
8ª Conferência Nacional de Saúde - Março de 1986
• Define os princípios básicos do novo sistema no qual o Estado brasileiro deve prover saúde a
todos.

• Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS).

• A nova Constituição Federal, promulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o


processo, criando o Sistema Único de Saúde (SUS) e determinando que "a saúde é direito de
todos e dever do Estado" (art. 196)
Um pouco da história

I Conferência de Saúde Mental (1987)


• Sugere mudanças com relação a legislação civil (interdições), código penal, legislação
sanitária e psiquiátrica (direitos dos pacientes internados, não ser ato obrigatório, escolha do
tipo de tratamento, criação de centros de reabilitação profissional, prevenção da fadiga
mental, que dependência não seja causa de exclusão no trabalho).

• Proposta de política de saúde mental da nova república.

Rio de Janeiro
Um pouco da história
II Conferência de Saúde Mental (1992)
• A Conferência Regional de Caracas para Reestruturação da Atenção Psiquiátrica nas Américas
(1990) e a IX Conferência Nacional de Saúde (1992) apontaram para a premência de ampla
revisão da legislação específica e do modelo assistencial predominante na área de saúde
mental, o que está expresso no temário central da presente Conferência.

• Resultados:

• Reforma psiquiátrica

• Portarias da Secretaria Nacional de Assistência à Saúde/Ministério da Saúde

• 189/91 (D.O.U. 11/12/91) e 224/92 (D.O.U. 30/01/92) referente a serviços e equipe mínima.
Um pouco da história
Cronologia da Legislação

• Declaração de Caracas (nov./1990)


• Portaria GM - 106/2000 – Residência Terapêutica
• Lei 10216/2001 Reforma Psiquiátrica
• Portaria GM – 251/2002 - Processo sistemático e anual de avaliação e supervisão da rede
hospitalar em psiquiatria (PNASH)
• Portaria GM – 336/2002 – Modalidades de CAPS I, II e III
• Lei 10708/2003 – De volta para casa
• Portaria GM – 3088/2011 – Institui a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)

*GM Gabinete do Ministro


Um pouco da história
CAPS, NAPS, HD
• Década de 90 – combate a cultura manicomial presente nas instituições e na maioria da
população. Criação de modelo assistencial em saúde mental que tornasse desnecessária a
internação (CAPS, NAPS, HD, Centros de convivência , Lares abrigados).
• Confronto político do poder público contra a instituição manicomial e asilar e seus interesses
subjacentes.
PNASH
• Década de 90 – Criado o PNASH instrumento de avaliação dos hospitais psiquiátricos que os
classificam em notas que são revertidas em fundos para as instituições mais adequadas ao
tratamento humanitário, digno e que fortalece a reabilitação psicossocial.
Um pouco da história

LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001


• Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
III Conferência de Saúde Mental (2001)
• Construção de marcos norteadores para uma nova era na saúde mental em nosso país, mais
consoante com os ideais de equidade e justiça social em que se baseia o Sistema Único de
Saúde brasileiro.
Referências

LAPS – Memória da Reforma Psiquiátrica do Brasil. Linha do Tempo. FIOCRUZ. Disponível em: http://laps.ensp.fiocruz.br/linha-do-
tempo Acesso em 29/07/2022
Pitta, AMF. Um balanço da reforma psiquiátrica brasileira: instituições, atores e políticas. Debate. Ciênc. saúde coletiva 16
(12) Dez 2011. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011001300002 Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/JnBHtt8Q8NNHFHbVw5ww5mC/# Acesso em: 29/07/2022

• Devera, D; Costa-Rosa, A. Marcos históricos da reforma psiquiátrica brasileira: Transformações na legislação, na ideologia e na
práxis. Revista de Psicologia da UNESP, 6(1), 2007 Disponível em: https://seer.assis.unesp.br › article › view Acesso em
29/07/02022

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