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Cópia não controlada: documento com caráter apenas de estudo, orientação e treinamento. Está cópia deve ser utilizada para consulta local,
não sendo arquivada e após a sua utilização, deve ser destruída. O HCPA não se responsabiliza se a versão desta cópia estiver obsoleta.
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Abrangência e Definições
O manejo desses pacientes se dá de acordo com o mecanismo biológico da dor, que difere nos
casos de Dor Oncológica, Dor Crônica Não-Oncológica, e Dor Nova ou Pós Operatória. Cada
um desses tópicos é discutido em mais detalhes a seguir.
Todos os pacientes devem ser avaliados no momento da admissão quanto à presença de dor e
ao histórico prévio do sintoma. A anamnese da dor deve incluir informações quanto a:
Localização: superficial (tegumentar), somática profunda (com origem em ossos,
músculos, tendões ou articulações) ou visceral; bem delimitada ou difusa; presença de
dor referida;
Característica: pulsátil, em queimação ou ardência, pontada, choque, aperto,
formigamento ou cólica;
Início: súbito ou gradual;
Duração: minutos ou horas, dias ou meses;
Periodicidade: contínua ou intermitente;
Fatores de agravamento ou alívio: posicionamento, aplicação de calor ou frio, repouso
ou movimento (dor dinâmica), durante respiração profunda ou tosse;
Presença de manifestações associadas, como náusea, vômito, sudorese, alterações de
pressão arterial, frequências respiratória e cardíaca;
Presença de limitação funcional por dor;
Intensidade no momento da admissão, mensurada por meio de:
- Escalas Numérica Verbal (ENV) ou Analógica Visual (EAV), com escores que
variam de 0 a 10 (em que 0 significa ausência de dor e 10, a pior dor possível), ou
- Escala Categórica Verbal (ECV), em que a dor é categorizada como leve
(equivalendo a escores ENV ou EAV de 1 a 3), moderada (escores de 4 a 6) ou intensa
(escores de 7 a 9) e insuportável (escore de 10).
Uso de medicamentos com finalidade analgésica: nome(s), dose, intervalo de
administração e horário da última dose, com registro do alívio obtido (avaliado por ENV,
EAV ou ECV).
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O exame físico deve ser dirigido, tendo como base as informações da anamnese,
especialmente quanto ao local e características da dor. A avaliação inicial deve buscar afastar
condições clínicas de potencial urgência/emergência, que necessitam intervenções imediatas
(por exemplo, cefaleia por hemorragia subaracnoide, dor torácica, abdome agudo, entre
outras).
Quando relevante, o exame físico deve incluir exame neurológico (força, sensibilidade,
dermátomos acometidos) e/ou exame musculoesquelético (sinais inflamatórios, pontos
dolorosos, contraturas musculares, exame das articulações).
A dor visceral apresenta localização difusa e início insidioso. Pode ser continua ou em
cólicas, e ter área de projeção em camadas superficiais (dor referida). São exemplos as
dores relacionadas a pancreatite, úlcera péptica, neoplasias de fígado e cólon.
A dor neuropática é definida como aquela causada por lesão ou disfunção do sistema
nervoso, resultando da ativação anormal da via nociceptiva (fibras de pequeno calibre e
trato espinotalâmico). Suas principais causas são neuropatia por diabetes melito, neuralgia
pós-herpética, neuralgia trigeminal, dor regional complexa, dores relacionadas a acidente
vascular encefálico, esclerose múltipla ou lesão medular, entre outros. É descrita como uma
dor em “queimação”, em “choques” ou lancinante, e o paciente pode apresentar alterações
de sensibilidade tais como alodinia.
Dor persistente é mais bem tratada com esquemas de fármacos e doses fixos.
O uso repetido de doses adicionais, em esquema de demanda (“se necessário”) aponta
para a necessidade de revisão da analgesia basal (em esquema de doses fixas).
A prescrição deve especificar parâmetros objetivos para a administração de analgésicos
de demanda (intensidade da dor, intervalo mínimo de uso e/ou dose máxima diária).
Tratamento analgésico eficaz é aquele que reduz a intensidade da dor em pelo menos
50%, propiciando melhora de padrão de sono e desempenho locomotor,
desaparecimento de posturas antálgicas, realização de movimentos respiratórios e
tosse efetiva com conforto, diminuição de espasmos musculares, incapacidade
funcional e outras manifestações dependentes de localização e intensidade da dor.
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Manejo Medicamentoso
Dose de resgate: se houver dor nos intervalos, utilizar 50% da dose calculada, por via
intravenosa, até de hora em hora.
Reavaliação
A adequação da analgesia deverá ser verificada após 30 min a 1 h, por meio da mensuração
da intensidade da dor, utilizando-se os escores ENV ou EAV.
Para pacientes com dores leves e moderadas, considera-se como resposta adequada a
redução de pelo menos 50% do escore de dor, enquanto que, naqueles com dores intensas,
considera-se como resposta adequada a obtenção de escore ≤3 (equivalendo a dor leve).
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Para os pacientes que não obtiverem resposta adequada ao controle da dor, sugere-se:
Verificar a utilização correta (dose, intervalo) dos analgésicos;
Avaliar aderência de paciente e equipe ao tratamento proposto;
Melhorar posicionamento e conforto ambiental;
Avaliar se há piora do quadro clínico ou intercorrência;
Avaliar a presença de ansiedade de paciente, família e equipe;
Utilizar analgesia de resgate e revisar o esquema analgésico prescrito.
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Primeiras 48 h:
- Morfina:
- 0,05 mg/kg, a cada 3 h, via intravenosa, ou a cada 4 h, via subcutânea, em doses fixas.
- Dose de resgate: se houver dor nos intervalos, utilizar 50% da dose calculada, por via
intravenosa, até de hora em hora.
- Dipirona:
- 1.000 mg, via intravenosa, a cada 6 h, em doses fixas.
- Se via oral disponível, utilizar paracetamol 750 mg, a cada 6 h, em doses fixas.
- Tenoxicam:
- 40 mg, via intravenosa, uma vez ao dia, em dose fixa.
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Dor oncológica tem alta prevalência, estando presente em 60-80% durante a evolução da
doença oncológica, sendo 1/3 desta severa (AV>7).
A sua etiologia está relacionada, na maioria dos casos, a envolvimento direto do tumor ou
suas metástases, mas em algumas situações são decorrente do seu tratamento
(quimioterapia, radioterapia ou cirurgia).
Avaliação semiológica é fundamental na definição do manejo farmacológico, além de ser
responsáveis diretamente pela indicação de exames complementares capazes de modificar
a conduta.
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É preciso atenção especial ao diagnóstico fisiopatológico que direciona para a causa da dor
e o manejo específico mais adequado:
a) Noceptiva visceral: tumor primário ou metastático de fígado, pâncreas, tracto
digestivo, útero, ovário, etc...
b) Noceptivo somático: primário ou metastático de pele, músculo, osso, etc...
c) Neuropático: dor neuropática periférica ou central por tumor primário, metastático ou
complicações por compressão ou fratura patológica.
É importante atuar precocemente na dor e reavaliar frequentemente modificações no
quadro clínico são fundamentais para um resultado satisfatório.
O tratamento concomitante de outros sintomas associados a doença ou ao seu tratamento,
favorece ao tratamento adequado da dor e melhor qualidade de vida.Tratamento
concomitante de outros sintomas associados a doença ou ao seu tratamento, favorece ao
adequado manejo da dor e melhor qualidade de vida.
Manejo Medicamentoso
_______________
Opióide forte ±
AINE e adjuvantes
______________
Opióide fraco ±
AINE e adjuvantes
______________
AINE ± adjuvantes
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TRAMADOL:
- Apresenta efeito teto, possuindo baixa afinidade sobre receptor opióide, mas com
ação sobre receptores serotoninérgicos e noradrenérgicos,
- potencializando do efeito analgésico.
- Apresentação entérica e parenteral.
- Apresenta maior incidência de náuseas e vômitos, mas menor incidência de
constipação em relação aos outros opióides.
- Necessita cuidado com uso de outros inibidores da receptação da serotonina, pela
possibilidade de síndrome serotoninérgica.
- Dose: 200-300mg/dia.
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METADONA:
- Droga com ampla ação sobre os receptores opióides, além de receptores NMDA,
serotoninérgicos e noradrenérgicos, que permite ser uma
- opção interessante em pacientes com dor neuropática e na rotação dos opióides.
- Apresenta na formulação convencional com meia vida longa e variável, melhorando
assim, a comodidade posológica. Esta droga necessita titulação
- cuidados, pelo risco de acúmulo e toxidade.
- Apresenta biodisponibilidade de 80% com eliminação renal e hepática, sendo boa
indicação em pacientes com perda de função renal pela ausência
- de metabólitos ativos conhecidos.
- A metadona apresenta como desvantagem múltiplas interações farmacológicas, além
de variável dose equianalgésica com relação aos outros
- opióides.
- Apresentação parenteral e enteral.
- Dose: 2,5-5mg/8-12h(importante cuidar na titulação da dose inicial pelo risco de
toxidade).
OXICODONE:
- Opoióide com excelente ação sobre receptores kapa, que lhe confere uma boa opção
para a rotação de opióides.
- Droga com boa biodisponibilidade, apresentação entérica na forma de liberação curta e
prolongada, esta última à disposição no mercado nacional.
- Dose: inicial de 10mg/12hs (liberação prolongada).
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FENTANIL TRANSDÉRMICO:
- Opióide potente disponível em patch de liberação gradual em várias concentrações(12-
100mcg/h).
- Apresenta a vantagem em dispensar a via entéricanos em paciente com inviabilidade
desta, além de menor incidência de constipação intestinal.
- Desvantagem na dificuldade titulação da dose respostapela latência de 12hs e duração
do efeito por 72hs.
Drogas adjuvantes:
Utilizadas em qualquer degrau da escada conforme o diagnóstico fisiopatológico.
Potencializam o efeito dos opióides.
Tratamento de outros sintomas da doença ou paraefeitos dos opióides.
ANTIDEPRESSIVOS:
- Evidência com os tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina, etc...) e duais (duloxetina e
venlafaxina).
- Ação sobre receptores de serotonina e noradrenalina.
- Tricíclicos responde a doses baixas não terapêuticas para a depressão e modula o
sono.
ANTICONVULSIVANTES:
- Evidência para os bloqueadores dos canais de Ca++ α2δ (gabapentina e pregabalina)
- Resposta em sintomas positivos(alodinia, hiperalgesia e hiperestesia)
- Dose de resposta semelhante as dose anticonvulsivantes.
CETAMINA:
- Droga que em dose subanestésica permite um melhor controle da dor e redução da
dose de opióide em paciente com dor neuropática ou com progressiva tolerância aos
opióides.
- Mecanismo de ação principal pelo bloqueio dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA),
além de possíveis ações sobre os canais de sódio e cálcio,
- óxido nítrico e receptores opióides ao nível central.
- Droga de uso hospitalar e apresentação parenteral, com baixa biodisponibilidade quanto
a administração entérica(<20%). A norcetamina é o seu
- metabólito ativo com potencial analgésico.
- A cetamina tem efeito precoce em melhora do humor, mas podem desencadear
sintomas psíquicos como alucinação e agitação psicomotora,
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BIFOSFONADOS:
- Indicado para melhora da dor e redução de fraturas em pacientes com doença
metastática para óssos, principalmente neoplasia maligna de mama e melanoma.
- Ação por inibição da atividade dos osteoclastos. Apresentando toxidade renal e
gastrointestinal.
- Drogas: pamidronato ,clodronate, ibandronate, etc.
RADIOFÁRMACOS:
- Utilizado principalmente nos pacientes com neoplasia metastática para ossos com
predomínio osteoblástico (ex: próstata).
- Apresentam mielotoxidade como principal efeito colateral.
- Drogas: stroncium-89 e samarium-153.
Para pacientes com dor persistentemente elevada (ENV ou EAV acima de 4), com dor não
oncológica em uso crônico de opióides, ou em outras situações que exijam manejo
especializado devem receber consultoria do Serviço de Dor.
É importante que cada paciente seja avaliado e tenha sua prescrição individualizada. Evite
prescrever medicamentos dos segundo e terceiro degraus da escada analgésica de dor como
“se necessário” indiscriminadamente.
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Pacientes com dor moderada-intensa (ENV ≥ 4), com reavaliação registrada nas 2 horas
subsequentes
Pacientes com dor intensa (ENV ≥ 7) e com registro de ausência de dor ou dor leve (ENV <
4) registrada nas 2 horas subsequentes
Taxa de prescrições de analgésico (paracetamol) com parâmetros de intensidade para
administração
Glossário
CPA – Cuidados Pós-Anestésicos
CTI – Centro de Tratamento Intensivo
EAV – Escala Analógica Visual
ECV – Escala Categórica Verbal
ENV – Escala Numérica Verbal
Referências Bibliográficas
Wells N, Pasero C, McCaffery M. Improving the quality of care through pain assessment and management (Chapter
17). In: Patient safety and quality: An evidence-based handbook for nurses. Rockville: Agency for Healthcare
Research and Quality (US); 2008 Apr. Chapter 17. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK2658/
McCaffery M, PAsero C. Pain assessment and pharmacological management. St Louis: Elsevier, 2011. p.15-159.
Hurley RW, Wu CL. Acute post-operative pain. In: Miller´s anesthesia. 7th Ed. Philadelphia; Churchill Livingstone;
2010: p. 2757-2781.
Elaborado por: Adivânio Cardoso Américo, Luciana Paula Cadore Stefani, Simone Silveira Pasin, Wolnei Caumo.
(autores em ordem alfabética)
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Código do documento
Título: Protocolo Assistencial de Dor em Adultos
PROT-0009
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