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MEDICAMENTOS
Profª Bianca Alves
Estudo aponta perfil de intoxicação medicamentosa por automedicação no Brasil –
Fonte: CFF
Entre os anos de 2010 e 2017, foram notificados 565.271 casos de intoxicação no Brasil.
Destes, 298.976 tiveram o medicamento como agente tóxico mais frequente,
correspondendo a 52,8% do total das ocorrências.
Drogas de abuso: 88.686 (15,6%)
Agrotóxicos agrícola: 37.950 (6,71%)
Raticida: 34.027 (6,01%)
Toxicologia de medicamentos
estuda os efeitos nocivos produzidos pela interação dos medicamentos com o indivíduo.
PRINCÍPIOS GERAIS RELACIONADOS AO
RISCO DO USO DOS MEDICAMENTOS -
Sobredosagem de medicamentos – intoxicações agudas
Conceito e classificação dos efeitos adversos
Riscos envolvidos nas diferentes vias de administração de medicamentos
A fase farmacêutica e suas implicações no aparecimento de efeitos adversos
Ácido Acetil Salicílico
analgésico e anti-inflamatório.
São encontrados em uma variedade de analgésicos prescritos e isentos de prescrição, como
as fórmulas para tratamento sintomático da gripe.
Ácido Acetil Salicílico
Mecanismos de toxicidade:
1-Estímulo central do centro respiratório que leva à hiperventilação e à alcalose respiratória.
Consequências secundárias da hiperventilação incluem desidratação e acidose metabólica
compensatória.
2-Efeitos intracelulares incluem desacoplamento da fosforilação oxidativa e interrupção do
metabolismo de glicose e ácidos graxos, que contribuem para a acidose metabólica.
3-Os salicilatos alteram a função plaquetária e podem também prolongar o tempo de
protrombina
Ácido Acetil Salicílico
Farmacocinética:
bem absorvidos pelo estômago e pelo intestino delgado.
A eliminação é feita principalmente pelo metabolismo hepático em doses terapêuticas, no
entanto, a excreção renal se torna importante em caso de superdosagem.
A eliminação renal depende do pH da urina.
Ácido Acetil Salicílico
Dose tóxica:
A dose média única terapêutica do ácido acetilsalicílico é de 10 mg/kg, e a dose terapêutica
diária usual é de 40 a 60 mg/kg.
A ingestão aguda de 150 a 200 mg/kg de ácido acetilsalicílico produzirá intoxicação
branda (ex: 20 comprimidos de 500 mg para pessoa com 50 Kg).
A ocorrência de intoxicação grave é provável após a ingestão de 300 a 500 mg/kg.
A intoxicação crônica com ácido acetilsalicílico poderá ocorrer com ingestão superior a
100 mg/kg/dia durante 2 dias ou mais.
Ácido Acetil Salicílico
Tratamento:
1-Medidas de apoio sintomático e suporte à vida.
2-Descontaminação por administrar carvão ativado se as condições forem apropriadas
3-Eliminação aumentada: alcalinização urinária
4-Hemodiálise: manifestações graves de intoxicação.
Paracetamol
Mecanismo de toxicidade:
1-Lesão hepática.
2-Lesão renal pode ocorrer pelo mesmo mecanismo da lesão hepática, devido ao metabolismo
do CYP renal.
Doses muito elevadas de paracetamol podem causar acidose láctica e estado mental
alterado por mecanismos desconhecidos, provavelmente envolvendo disfunção
mitocondrial.
Paracetamol
Farmacocinética:
- O paracetamol é rapidamente absorvido, com seus maiores níveis sendo alcançados
normalmente entre 30 a 120 minutos.
- A eliminação é feita principalmente por conjugação hepática (90%). A meia-vida de
eliminação é de 1 a 3 horas após uma dose terapêutica, mas poderá ser superior a 12 horas
após uma superdosagem.
Paracetamol
Dose tóxica:
- A ingestão aguda de mais de 200 mg/kg por crianças ou de 6 a 7 g por adultos é
potencialmente hepatotóxica. Pacientes de alto risco incluem alcoólatras e aqueles que
recebem indutores de CYP2E1, como a isoniazida. Jejum e desnutrição também podem
aumentar o risco de hepatotoxicidade, provavelmente reduzindo os reservatórios celulares de
glutationa.
- Toxicidade crônica tem sido observada após o consumo diário de doses supraterapêuticas no
caso de ingestão superior a 150 mg/kg/dia (ou 6 g/dia) durante dois dias ou mais.
Paracetamol
Tratamento:
1-Medidas de apoio sintomático e suporte à vida.
2- Fármacos específicos e antídotos: N-acetilcisteína.
Descontaminação:
Administrar carvão ativado VO se as condições forem apropriadas. Não administrar carvão
caso tenham se passado 1 a 2 horas desde a ingestão, a menos que haja suspeita de absorção
retardada (p. ex., como no caso do Tylenol de Liberação Estendida).
Benzodiazepínicos
Mecanismo de toxicidade:
- Aumentam a ação do neurotransmissor inibidor ácido γ-aminobutírico (GABA). Elas também
inibem outros sistemas neuronais por mecanismos muito pouco conhecidos.
- O resultado é a depressão generalizada de reflexos espinais e do sistema ativador reticular.
Esta pode levar ao coma e à parada respiratória.
Benzodiazepínicos
Dose tóxica:
- Em geral, a razão toxicoterapêutica das benzodiazepinas é muito alta. Por exemplo,
superdosagens de diazepam VO têm sido registradas com o excesso de 15 a 20 vezes a dose
terapêutica sem depressão séria de consciência.
- Da mesma forma, a ingestão de outro fármaco com propriedades depressoras do SNC (p. ex.,
etanol, barbitúricos, opioides) provavelmente produzirá efeitos adicionais.
Benzodiazepínicos
Sintomatologia:
O aparecimento da depressão do SNC pode ser observado em 30 a 120 minutos da
ingestão, dependendo do composto. Podem ocorrer letargia, fala arrastada, ataxia, coma e
parada respiratória.
Em geral, pacientes com coma induzido por benzodiazepínicos apresentam hiporreflexia e
pupilas pequenas ou semicerradas. Hipotermia poderá ocorrer. As complicações sérias são
mais prováveis quando outros fármacos depressores são ingeridos.
Benzodiazepínicos
Tratamento:
- Tratar coma, hipotensão e hipotermia caso ocorram.
- O flumazenil é um antagonista específico do receptor da benzodiazepínico, que pode
rapidamente reverter o coma.
- Considerar carvão ativado caso a ingestão tenha ocorrido nos 30
minutos anteriores e outras condições sejam apropriadas.
Barbitúricos
Os barbitúricos têm sido utilizados como hipnóticos e como agentes sedativos para a
indução de anestesia e para o tratamento de epilepsia e estados epiléticos. Eles têm sido
amplamente substituídos por fármacos mais recentes.
Barbitúricos
Mecanismo de toxicidade:
Todos os barbitúricos causam depressão da atividade neuronal generalizada no cérebro.
Barbitúricos
Dose tóxica:
- A dose tóxica de barbitúricos varia amplamente e depende do fármaco, da via e da taxa de
administração e da tolerância de cada paciente. Em geral, a toxicidade é esperada quando a
dose excede 5 a 10 vezes a dose hipnótica. Usuários crônicos ou viciados poderão apresentar
uma surpreendente tolerância aos efeitos depressivos.
- A dose oral potencialmente fatal dos agentes de ação rápida, como o pentobarbital, é de 2 a 3
g, comparada com 6 a 10 g para o fenobarbital.
Barbitúricos
Tratamento:
- Medidas de apoio, proteger a via aérea e fornecer ventilação quando necessário, tratar coma,
hipotermia e hipotensão caso ocorram.
- Não há antídoto específico.
- Administrar carvão ativado VO se as condições forem apropriadas.
- A alcalinização da urina aumenta a eliminação urinária do fenobarbital, mas não de outros
barbitúricos.
- A hemodiálise ou a hemoperfusão podem ser necessárias no caso de pacientes gravemente
intoxicados que não estejam respondendo ao tratamento de apoio (como hipotensão intratável).
Antidepressivos tricíclicos
Dose tóxica:
A maior parte dos antidepressivos tricíclicos apresenta um estreito índice terapêutico, de
modo que até doses inferiores a 10 vezes a dose diária terapêutica poderá produzir
intoxicação grave.
Em geral, a ingestão de 10 a 20 mg/kg é potencialmente fatal.
Antidepressivos tricíclicos
Tratamento:
- Emergência e medidas de apoio incluem Tratar coma, choque, hipertermia, hipotensão e
arritmias caso ocorram.
- Fármacos específicos e antídotos: o uso de lidocaína poderá ser considerado, embora as
evidências em humanos ainda sejam limitadas. A lidocaína compete com os antidepressivos
tricíclicos pela ligação no canal de sódio, porém se liga durante um menor período de tempo,
podendo, portanto, reverter algum bloqueio do canal de sódio.
Antidepressivos tricíclicos
A intoxicação poderá ocorrer após a ingestão aguda acidental, ou com fins suicidas, ou
com a terapia crônica.
Digoxina
Dose tóxica:
- A ingestão aguda de apenas 1 mg de digoxina por uma criança ou de 3 mg de digoxina por
um adulto pode levar a concentrações séricas bem superiores à faixa terapêutica.
Digoxina
Sintomatologia:
- Os sinais e os sintomas dependem da cronicidade da intoxicação.
- Na superdosagem aguda, normalmente são observados vômito, hiperpotassemia e arritmias
cardíacas (bradiarritmias e taquiarritmias).
- Na intoxicação crônica, são comuns náuseas, anorexia, dor abdominal, distúrbios visuais,
fraqueza, bradicardia sinusal, fibrilação atrial com redução da taxa de resposta ventricular ou
ritmo de escape juncional e arritmias ventriculares.
Digoxina
Tratamento:
- Emergência e medidas de apoio
- A hipopotassemia e a hipomagnesemia deverão ser corrigidas, pois poderão contribuir para a
toxicidade cardíaca.
- Tratar a bradicardia ou o bloqueio cardíaco com atropina, 0,5 a 2 mg, IV.
- As taquiarritmias ventriculares poderão responder à correção dos baixos níveis de potássio
ou magnésio. A lidocaína e a fenitoína também podem ser usadas.
Digoxina
Descontaminação:
- Administrar carvão ativado VO se as condições forem apropriadas.
- A lavagem gástrica não será necessária após ingestões leves a moderadas se o carvão ativado
for administrado prontamente.