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UNIVERSIDADE MAURÍCIO DE NASSAU

BACHARELADO EM FISIOTERAPIA
DISCIPLINA: FARMACOLOGIA

COLINÉRGICOS
Profa. Dra. Mariceli Baia Leão Barros
maricelibaia@gmail.com
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático
• Ativado pelo neurotransmissor acetilcolina.
• Acetilcolina tem ação no SNA e SNC.
• Acetilcolinesterase: degrada acetilcolina (SNA e SNC).
• Dois tipos de receptores: nicotínicos e muscarínicos.
• Nicotínicos: canais iônicos.
• Muscarínicos: Acoplados a proteína G.
RECEPTORES COLINÉRGICOS - NICOTÍNICO
Muscular
Excitatória (Aumenta a permeabilidade a cátions – Na+
Ganglionar e K+)
* Aumenta a permeabilidade a cátions Ca2+
SNC*
Receptores Nicotínicos
• N1 ou Nm → Junção
neuromuscular
• N2 ou Nn → Gânglios
autônomos e SNC
RECEPTORES COLINÉRGICOS - MUSCARÍNICOS
M1 Estimulatórios Gq M2 Inibitórios Gi
• Diacilglicerol • Inibem adenilato ciclase → Redução de
M3 • Inositol-3-fosfato M4 AMPc intracelular

M5
LOCALIZAÇÃO DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS
• Coração: M2 e M3
• SNC: M1 à M5
• Glândulas: M1 e M3
• Pâncreas: M2 e M3
• Intestino: M2 e M3
• Músculo liso: M2 e M3
• Bexiga: M2 e M3
• Pulmões: M2 e M3
• Estômago: M2 e M3

M2 (Inibitório) e M3 (Estimulatório)
FÁRMACOS QUE ATUAM SOBRE A TRANSMISSÃO COLINÉRGICA

Agonistas e antagonistas muscarínicos

Fármacos estimulantes ganglionares

Fármacos bloqueadores ganglionares

Fármacos bloqueadores neuromusculares

Anticolinesterásicos
FÁRMACOS QUE ATUAM SOBRE A TRANSMISSÃO COLINÉRGICA

• Agonistas muscarínicos
o Parassimpatomiméticos

Receptores SNA -
muscarínicos Parassimpático

• Ésteres de colina e alcalóides muscarínicos.


• Metacolina: sensível a acetilcolinesterase
• Carbacol
• Betanecol
• Arecolina: suposto potencial carcinogênico.
• Pilocarpina
• Muscarina (não usada)
FARMACOCINÉTICA DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS

• A absorção, distribuição e eliminação dos agonistas muscarínicos pode ser


predito pelas suas estruturas químicas.

Metacolina, Carbacol e Betanecol Amina quaternária


• Hidrossolúveis • Absorção oral: Diminui
• Carregados positivamente • Eliminação: Aumenta

Pilocarpina e Arecolina Amina terciária


• Lipossolúveis • Absorção oral: Aumenta
• Eliminação: Diminui
EFEITOS DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS

• Os fármacos agonistas muscarínicos podem atuar em praticamente todos os


órgãos inervados pelo SN Parassimpático porém, seu uso terapêutico é mais
restrito a distúrbios na bexiga, olho e pulmão.

AGONISTA CARDIOVASCULAR TRATO GI BEXIGA OLHO


(TÓPICA)
Acetilcolina ++ ++ ++ +
Metacolina +++ ++ ++ +
Carbacol + +++ +++ ++
Betanecol + +++ +++ ++
Pilocarpina + +++ +++ ++
EFEITOS DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS

Cardiovascular
• Receptor M2 - Inibitório
• Diminuição da frequência cardíaca e do débito cárdico.
• Receptor M3 – Excitatório (produção de óxido nítrico)
• Diminuição da pressão arterial – taquicardia reflexa.

Músculo Liso
• Receptor M3 – Excitatório
• Contração dos músculos lisos (exceto vasos).
• Atividade peristáltica aumentada.

Glândulas Exócrinas - Secreção


• Receptor M3 – Excitatório
• Aumento da produção de secreção.
EFEITOS DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS
Olhos
• Receptor M3 – Excitatório.
• Estimula o músculo constritor da pupila e ciliar.
• Ajuste da pupila em relação a intensidade da luz.
• Controle da pressão intra-ocular.
Simpatolíticos Simpatomiméticos
Receptor Localização Ação agonista Ação antagonista
M1, M4 e M5 SNC Pró-cognitivo Anticognitivo
M2 Coração Bradicardia Taquicardia
M3 Trato urinário Cont. da bexiga Relx. da bexiga
M3 Trato digestivo Peristaltismo Peristaltismo
M3 Glândulas exócrinas Secreção Secreção
M3 Olhos Cont. das pupilas Dilatação das pupilas
M3 Trato respiratório Broncoconstrição Broncodilatação
EFEITOS DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS

Efeitos Adversos
AGONSTAS ALVO
MUSCARÍNICOS TERAPÊUTICO

Ampla Distribuição

Exacerbação da via de sinalização causada pela


EFEITO EM ÓRGÃOS NÃO-ALVO
estimulação do SN Parassimpático.

• A intoxicação por agonistas muscarínicos pode ser explicada através de estudo


dos efeitos da intoxicação por cogumelos do gênero Inocybe.
Características: Salivação, lacrimejamento, náuseas,
vômitos, cefaleia, distúrbios visuais, bradicardia,
hipotensão, choque.

Inocybe lanuginosa
USO TERAPÊUTICO DOS AGONISTAS MUSCARÍNICOS
Cloridrato de Betanecol
• Estimulante da musculatura lisa do trato gastrointestinal e da bexiga.
Cloridrato de Pilocarpina
• Glaucoma.
(contração)
• Xerostomia
(Dificuldade em
produzir saliva).

Tensão na rede trabecular do tecido


conjuntivo abrindo o canal de
Schlemm
ANTICOLINESTERÁSICOS (AGONISTAS COLINÉRGICOS INDIRETOS)
• Bloqueiam a ação das colinesterases → Parassintomiméticos
• Atuam nos receptores nicotínicos N1 (Nm) → canais iônicos.
• N1: Presentes nas junções neuromuscular (Sistema Nervoso Somático).
Hidrólise Acetil
Colinesterases Acetilcolina
Colina

Domínio de ligação das colinesterases

3 • Inibidores Reversíveis: Formam


2 1
ligações não covalentes.
• Inibidores Irreversíveis: Formam
1. Bolsa acil do centro ativo. compostos fosforilados com os
2. Subsítio de colina do centro ativo. sítios 1 e 2. →
3. Local aniônico periférico. ORGANOFOSFORADOS
ANTICOLINESTERÁSICOS (AGONISTAS COLINÉRGICOS INDIRETOS)

• junção neuromuscular.
AÇÃO TERAPÊUTICA DOS ANTICOLINESTERÁSICOS
• Os fármacos anticolinesterásicos aumentam a concentração de acetilcolina em
todos os lugares na qual este neurotransmissor sinaliza. Logo distúrbios
causados pela diminuição da concentração de acetilcolina são prerrogativas
terapêuticas para o uso destes fármacos.
• Distúrbios que podem ser tratados com os anticolinesterásicos:
• Atonia do músculo liso da bexiga;
• Miastenia gravis;
• Glaucoma de ângulo aberto;
• Alzheimer.
FÁRMACOS ANTICOLINESTERÁSICOS
• Edrofônio: Usado no diagnóstico de miastenia gravis.
• Neostigmina: Usado no tratamento de miastenia gravis, constipação e retenção
urinária, consegue reverter o efeito anestésico dos bloqueadores
neuromusculares.
• Fisostigmina: Usado no caso de envenenamento por anticolinérgicos, constipação
e retenção urinária. (Não disponível no Brasil)
• Piridostigmina: Pode ser usado na esclerose múltipla e na lateral amiotrófica,
mioatrofias espinais e paresias consecutivas à poliomielite.
• Donezepila: Doença de Alzheimer.
• Rivastigmina: Usado no tratamento de problemas de memória e demência em
pacientes com Alzheimer e Parkinson.
ORGANOFOSFORADOS

• Moléculas tóxicas que apresentam ação irreversível sobre a enzima


acetilcolinesterase.
• Altamente lipofílicos → Parada respiratória
• Pouca aplicação clínica → Ecotiofato (Glaucoma de ângulo aberto).
• Compostos tóxicos:
• TABUN
• SARIN
• SOMAN
EFEITOS ADVERSOS DOS FÁRMACOS ANTICOLINESTERÁSICOS
• Glândulas: Salivação e lacrimação.
• Trato Gastrintestinal: Aumento da secreção de ácido gástrico, enjoo, cólicas
abdominais, diarreia.
• Trato respiratório: Broncoconstrição.
• Sistema cardiovascular: Hipotensão e bradicardia.
• SNC: Tremores e convulsão.
• Coração: Bradicardia e diminuição do débito cardíaco.
• Antídoto: Antagonista colinérgico (ex. atropina)
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS
• Os antagonistas muscarínicos são os fármacos capazes de bloquear os efeitos da
sinalização da acetilcolina nos receptores muscarínicos através da inibição dos
mesmos.

X
• Útil em casos de
envenenamento com
inseticidas inibidores de

X
colinesterase.

• Bloqueia os efeitos do
excesso de Acetilcolina.
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS
Tipos de Fármacos Antagonistas Muscarínicos
1. Alcaloides naturais
• Atropina → Fármaco de referência
• Escopolamina
Beladona
2. Derivados Semissintéticos (Atropa belladonna)
• Homotropina
• Nitrato de metilatropina Permanecem mais tempo no organismo.
• Brometo de metilescopolmina

3. Derivados Sintéticos
• Pirenzepina
• Ipratrópio Maior seletividade por determinados receptores.
• Tiotrópio
• Tolterodina
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS
Aminas terciárias

Aminas quaternárias
AÇÃO TERAPÊUTICA DOS ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS
• Os antagonistas muscarínicos são usados principalmente para diminuir a
atividade parassimpática nos tratos urinário, respiratório, gastrintestinal,
olhos, coração e SNC.

• A incidência de efeitos adversos geralmente limita seu uso.


• Boca seca
• Fotofobia
• Taquicardia
• Constipação
• Dificuldade de deglutição
• Confusão
• Delírio
• Alucinação
INTOXICAÇÃO POR ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS

Características
• Vermelho como beterraba.
• Seco como ossos.
• Cego como um morcego.
• Quente como pederneira.
• Louco como chapeleiro.
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS - ATROPINA

Trato Gastrintestinal
• Redução da atividade do TGI.
• Distúrbios gastrintestinais espásticos funcionais ou neurogênicos.
• Tratamento de úlceras pépticas.
• Via oral ou subcutânea.

Olhos

Incapacidade
Midríase
de responder a
persistente
luz
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS - ATROPINA

Sistema Cardiovascular
• Baixas doses proporcionam: BRADICARDIA
PARADOXAL.
• Doses terapêuticas moderadas geram:
TAQUICARDIA RELATIVA.

Sistema Urinário
• Reduz a hipermotilidade da bexiga.

Secreções
• Bloqueia as glândulas salivares ressecando a mucosa oral (XEROSTOMIA).
• Glandulas sudoríparas e lacrimais.
ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS - ESCOPOLAMINA
• Possui ação similar a da atropina.
• Ultrapassa a barreira hematoencefálica → SNC
Contrações do estômago e do intestino;

Antiespasmótico Espasmos e discinesias das vias biliares;

Espasmos do trato geniturinário.


(Datura stramonium)
É o farmaco anticinetósico mais eficaz disponível.

Vias de administração:
• Oral
• Parenteral
• Transdérmica
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR

• Os bloqueadores
neuromuscular provocam
paralisia flácida em toda a
musculatura esquelética do
corpo.

• DESPOLARIZANTES

• NÃO DESPOLARIZANTES

X
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR NÃO DESPOLARIZANTE
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE
• Ligam-se ao receptor nicotínico e atuam como um agonista, despolarizando-o:
BLOQUEIO DE FASE I
 Abertura do receptor.
 Despolarização da placa terminal.
Propagação e despolarização da
membrana adjacente.
 Contração muscular generalizada
e desorganizada (fasciculação).2
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE
• Ligam-se ao receptor nicotínico e atuam como um agonista, despolarizando-o:
BLOQUEIO DE FASE II
 Exposição continuada ao bloqueador neuromuscular.
 Repolarização iniciada porém membrana incapaz de repolarizar-se novamente.
 Bloqueio do canal.
 Dessensibilização.
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR NÃO DESPOLARIZANTE

compostos aminoesteróides compostos benzilisoquinolinas


pancurônio (Pancuron®) atracúrio (Tracrium®)
vecurônio doxacúrio
pipecurônio mivacúrio
rocurônio (Esmeron®) cisatracúrio
galamina (Flaxedil®)
d-tubocurarina
galamina (Flaxedil®)

Alguns efeitos * Paralisia Motora;


* “Fadiga Tetânica”
* Queda da Pressão Arterial (Bloqueio Ganglionar).
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR NÃO DESPOLARIZANTE
• Tubocurarina sobre a placa motora.

Strydinos toxífera
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE

DESPOLARIZANTES
Succinilcolina (suxametônio) (Quelicin®)
Decametônio Intubação
endotraqueal
rápida
BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE

Alguns efeitos:
* Paralisia Motora (Paralisia Flácida – em Fase II)
* Bradicardia.
* Liberação de Potássio (levando a disritmias).
* Aumento da Pressão Intra-ocular.
* Hipertermia Maligna (congênita rara).

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