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FARMACOLOGIA

COLINÉRGIA
4 CLASSES:

1. AGONISTAS COLINÉRGICOS

2. ANTAGONISTAS

3. ANTICOLINESTERÁSICOS

4. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES

SÍNTESE DA ACETILCOLINA
Hemicolínio: inibe a entrada da colina no neurônio ao bloquear o transportador de colina
de alta afinidade que é responsável por recaptar a colina presente na fenda sináptica.

Vesamicol: impede que a acetilcolina seja armazenada ao inibir a proteína transportadora


responsável pelo envesiculamento e assim leva á degradação da ach no citosol.

TOXINA BUTOLÍNICA: possui alta afinidade pela VAMP e SNAP, proteínas


responsáveis pela união da vesícula e membrana pré sináptica para liberação da ach. A
toxina degrada a VAMP e a SNAP, com isso a ach se forma, mas não é liberada, dessa
forma, gera um bloqueio da transmissão colinérgica ao impedir a exocitose. Uso clínicos:
tratamento de paralisia, rugas, estrabismo, movimento involuntário dos olhos, etc.

RECEPTORES
NICOTÍNICO: localizado na junção neuromuscular, glânglios autônomos e SNC;
promove contração do músculo esquelético, estimulação glanglionar, estimulação da
dopamina.

M1: localizado no SNC e células parietais do estômago; promove SNC, formação de


memória recente no hipocampo, aumento de HCL.

M2: localizado no Coração; diminui FC e força de contração.

M3: localizado no músculo liso, glândulas exócrinas e vasos; promove contração do


músculo liso, secreção de glândulas exócrinas, vasodilação via NO.

M4 e M5: localizado no SNC, ação não bem descrita ainda.

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Qual efeito do cigarro no SNC?

Nicotina aciona receptor nicotínico no SNC, liberando dopamina no sistema límbico. Por
isso, quando o indivíduo está tentando parar, deve utilizar adesivos ou pastilhas de
nicotina para não causar abstinência.

AGONISTAS COLINÉRGICOS
ATIVAM o receptor da acetilcolina - reproduzem seu efeito celular.

Quais são esses efeitos?

No olho: miose, diminui a pressão intraocular.

No coração: diminui a frequência cardíaca e força de contração.

No TGI: aumenta o peristaltismo.

Nas glândulas exócrinas: aumento da secreção glandular.

Na bexiga: micção, pois há contração do músculo liso e abertura do esfíncter.

No útero: contração.

No SNC: excitação.

Nas células parietais do estômago: estimula a produção de ácidos.

O que é febre atropínica?

Ao tomar escopolamina o paciente pode ficar com a pele quente, como efeito colateral.
Ocorre a dificuldade em liberar calor através do suor, já que o receptor M3 estará
bloqueado. Caracterizando o quadro de febre atropínica.

AGONISTAS MUSCARÍNICOS
Fármacos não seletivos, podendo ativar do M1 ao M5.

1. PILOCARPINA

Mecanismo de ação: ativa o receptor M3 no músculo ciliar, o que aumenta a contração


(miose) e facilita a drenagem do humor aquoso, diminuindo a pressão intraocular. Usado para
Glaucoma.

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Além disso, ativa M3 na glândula salivar, aumentando a secreção de saliva (sialorreia).
Usado para xerostomia.

2. BETANECOL

Mecanismo de ação: ativa M3 no músculo liso intestinal, promovendo contração muscular.


Usado para ílio paralítico.

Também promove ativação no M3 do músculo detrusor da bexiga, promovendo contração da


bexiga e consequente eliminação da urina. Usado para retenção urinária. Também pode ser
usado em pacientes com aumento prostático que apresentarem sintomas como gotejamento
urinário e alterações na micção.

EFEITOS COLATERAIS:

Lacrimejamento, salivação, bradicardia, diarreia, micção, sudorese, insônia.

ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS
Não são seletivos.

ATROPINA

Mecanismo de ação: Bloqueia o receptor M2 no coração, aumentando FC e a força de


contração. É usada em bradicardia e parada cardíaca. Também bloqueia M3 nas glândulas
exócrinas diminuindo a secreção glandular, o que diminui as secreções traqueobrônquicas
(facilitando a intubação).

É usada geralmente em associação a adrenalina, que também aumenta FC através da ativação


de beta 1.

Já foi utilizada como colírio para dilatar a pupila, mas hoje não se faz mais esse uso.

ESCOPOLAMINA

Mecanismo de ação: Bloqueia M3 no músculo liso intestinal ou uterino, causando


relaxamento. É usada para cólicas intestinais e menstruais.

É comum sentir sono após seu uso, pois inibe também M1 no SNC causando efeito depressor.

Existem diferentes apresentações de excopolamina.

Buscopan simples: escopolamina.

Buscopan composto: escopolamina + dipirona.

Buscoduo: escopolamina + paracetamol - indicado para as gestantes.

Buscofem: somente ibuprofeno (AINE). Não tem escopolamina.

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IPRATRÓPIO
Mecanismo de ação: Bloqueia M3 no músculo liso dos brônquios, fazendo broncodilatação,
além de diminuir as secreções traqueobrônquicas. É usado para asma, DPOC, doenças
respiratórias.

Ipratrópio + Fenoterol/Sabultamol: O ipratrópio é um anticolinérgico e


o fenoterol/sabultamol é um agonista beta 2 adrenérgico, ambos
promovem broncodilatação, através do músculo liso dos brônquios.
Porém em um há bloqueio da via colinérgica e no outro ativação da
vida adrenérgica.

Quando o paciente possui uma infecção de vias áereas superiores, além


do ipratrópio, pode-se usar um glicocorticoide, como a Beclometasona,
havendo a dilatação dos brônquios e diminuição da inflamação.

BIPERIDENO
Mecanismo de ação: bloqueia M1 no SNC diminuindo a impregnação tanto da dopamina
como do parksonismo medicamentoso.

IMPREGNAÇÃO/EFEITOS EXTRAPIRAMIDAIS:

Paciente com rigidez muscular, dificuldade de fala, tremores, etc. É


como se o paciente tivesse parkinson medicamentoso.

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, na qual há


destruição de neurônio dopaminérgico da via nigroestriatal. No
parkinson, há deficiência de dopamina e, para tentar compensar, o
organismo produz acetilcolina. A acetilcolina irá ativar M1, que gera
excitação e, consequentemente, os tremores. Para tratar, então, é feito o
bloqueio do M1, sendo o Biperideno o que mais atravessa a barreira
hematoencefálica.

Na esquizofrenia e em transtornos psicóticos, a via afetada é a


mesolímbica-mesocortical. Ao contrário do Parkinson, há excesso de
dopamina. Para o tratamento, então, são usados antipssicóticos que

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bloqueiam receptores de dopamina. Esses receptores, porém, também
estão presentes nas outras vias, o que ocasiona a deficiência da
dopamina na via nigroestriatal (mesma situação do Parkinson) o que
gera os efeitos extrapiramidais. Por isso, faz-se o uso de biperideno ou
fernegan (anti histamínico com propriedade anticolinérgica). Os
receptores também podem ser bloqueados na vida tuberoinfundibular,
gerando galactorreia, ginecomastia, impotência sexual.

CICLOPENTOLADO E TROPICAMIDA
Mecanismo de ação: Bloqueia M3 no músculo ciliar do olho, promovendo relaxamento e
dilatação da pupila. Pode promover aumento da pressão intraocular (ou seja, pacientes com
glaucoma não podem usar). São usados para exames oftalmológicos.

EFEITOS COLATERAIS DOS ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS:


Xerostomia, visão turva, constipação, sonolência, retenção urinária, taquicardia, xeroftalmia.

Possuem 2 contraindicações: glaucoma e Hiperplasia prostática benigna


(HBP). No glaucoma pois o anticolinérgico irá dificultar a drenagem do
humor aquoso, ocasionando aumento da pressão intraocular e aumento
da lesão do nervo óptico. Na HBP, é contraindicado pois haverá
bloqueio de M3 no músculo detrusor da bexiga, promovendo retenção
urinária e piora dos sintomas urinários.

ANTICOLINESTERÁSICOS
→ São fármacos que inibem a acetilcolinesterase promovendo aumento de acetilcolina.
Podem ser de ação curta (reversível), ação intermediária (reversível) ou ação longa
(irreversível).

→ Acetilcolinesterase verdadeira: AchE.


→ Butirilcolinesterase: pseudocolinesterase.

→As duas metabolizam Ach, sendo a ação da acetilcolinesterase mais no SNC e da


butirilcolinesterase mais periférica.
→ Os anti achE potencializam a transmissão colinérgica. Eles apresentam um efeito mais
potente que os agonistas colinérgicos, pois mantem um alto nível de acetilcolina.

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→ Com o aumento da dosagem, os inibidores da colinesterase podem causar bloqueio
despolarizante devido à elevada concentração de ACh na membrana da placa motora, devido
à sensibilização dos receptores.
→ Efeito celular dos Anti AchE:

Miose - diminuição da pressão intraocular.

bradicardia e diminuição da PA

Excitação do SNC e formação de memória

Micção

Aumento do peristaltismo

Bronconstrição

Secreção glandular

AÇÃO CURTA

Mecanismo de ação: Inibem a achE de forma transitória e curta, potencializando a


transmissão colinérgica e produzindo melhora na força muscular.

EDROFÔNIO

É usado no diagnóstico de miastenia gravis.

AÇÃO INTERMEDIÁRIA
Mecanismo de ação: Inibem a achE de forma intermediária e reversível, promovendo
aumento da acetilcolina.

Rivastigmina - Padrão ouro para Alzheimer

Galanctamina e Donepizila - Alzheimer.

Fisostigmina

Neostigmina - Miastenia Gravis

Piridostigmina.

Usos clínicos: miastenia gravis, Alzheimer, ílio paralítico, retenção urinária e glaucoma.
Também pode ser usada para reverter bloqueio neuromuscular não despolarizante.
AÇÃO LONGA

Mecanismo de ação: inibem irreversilvemente a achE, gerando um excesso de acetilcolina.

Ecotiofato - usado no tratamento de galucoma (colírio)

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Organofosforados - formam uma ligação covalente com a achE, gerando bradicardia,
lacrimejamento, diarreia, micção, convulsão, brobncoconstrição, diminuição da PA e
excitação do SNC.

Como tratar a intoxicação:

até 2 horas: lavagem gástrica + carvão ativado.

Após isso, atropinização: bloquear os receptores muscarínicos e reverter os sintomas


colinérgicos.

até 72 horas: antídoto pralidoxima: reativador da achE quebrando a ligação achE-


OF. Porém após esse tempo a ligação fica muito forte.

BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES
Atuam na junção neuromuscular - bloqueiam a transmissão colinérgica entre o terminal
nervoso motor e o receptor nicotínico no músculo esquelético.

Podem atuar como antagonistas (não despolarizante) ou como agonistas (despolarizante).

Os BNMs são úteis clinicamente durante cirurgias para facilitar a intubação endotraqueal (
despolarizantes) e oferecer relaxamento muscular completo em doses anestésicas baixas (não
despolarizantes).

Os fármacos BNMs aumentaram significativamente a segurança da anestesia, provocando


paralisia neuromuscular, pois passou a ser necessário menos anestésico para obter
relaxamento muscular, permitindo ao paciente se recuperar mais rápida e completamente
após a cirurgia.
Uso hospitalar (pode bloquear os músculos costais e ser necessário ventilação hospitalar) e
parenteral.

BNM-ND

Mecanismo de ação: Bloqueiam o receptor nicotínico impedindo que ocorra despolarização,


uma vez que não ocorre a entrada de sódio, desse modo não há contração muscular.

Pancurônio

Roncurônio

Vencurônio

Mivacúrio

Atracúrio

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Cisatracúrio

→ A metabolização do atracúrio e do cisatracúrio é por meio de


degradação espontânea no plasma, pela diferença de pH, chamada de
degradação de Hoffman, sendo indicados para pacientes com
insuficiência hepática.

→ Mivacúrio é metabolizado pela colinesterase plasmática. Não é


indicado para insuficiência hepática pois essa enzima é produzida no
fígado.

→ Durante o processo cirúrgico, geralmente utiliza-se também anti-


histamínico ou corticosteroide, pois os BNM-ND são uma das classes
de medicamentos que mais causam reações alérgicas devido ao
aumento da liberação da histamina. No vaso, a histamina libera NO, o
que ocasiona vasodilatação e hipotensão. Quando a PA cai, o coração
aumenta os batimentos cardíacos (taquicardia) para compensar. Ocorre
também a broncoconstrição.

BNM-D

É metabolizada pela colinesterase plasmática chamada de butirilcolinesterase


(pseudocolinesterase) → não recomendada para pacientes com insuficiência hepática.

Succinilcolina

Mecanismo de ação: Ativa o receptor nicotínico, ocorre entrada de sódio e despolarização.


O paciente tem fasciculações iniciais com ativações repetitivas do receptor. Em seguida
ocorre relaxamento devido a dessensibilização do receptor de ACh. Ocorre em duas fases:

Fase 1: fasciculações iniciais

Fase 2: bloqueio de despolarização através da dessensibilização do receptor nicotínico, que


não irá mais abrir mediante a ligação do agonista.
Efeitos colaterais: são minúsculos, tendo em vista a ação curta. O aumento da pressão
intraocular (cuidado com pacientes com glaucoma), bradicardia e liberação de potássio.
A succinilcolina pode ocasionar hipertermia maligna ou síndrome neuroléptica maligna.

▪ O antídoto é o dantroleno → bloqueador de liberação de cálcio.

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→ Hipertemia maligna: A exposição aos anestésicos hidrocarbonetos
halogenados ou ao bloqueador neuromuscular succinilcolina pode
induzir hipertemia maligna (HM), uma condição ameaçadora à vida e
rara. A HM causa um aumento drástico e descontrolado do
metabolismo oxidativo no músculo esquelético (visto que aumenta o Ca
2+ intracelular e aumenta a contração muscular) excedendo a
capacidade corporal de suprir oxigênio, remover dióxido de carbono e
regular a temperatura, levando a colapso circulatório e morte se não for
combatido imediatamente. Tratar com resfriamento agressivo precoce e
dantroleno IV.

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