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Centro Universitário de João Pessoa

Curso de Graduação em Farmácia


Disciplina de Farmacologia
Agonistas colinérgicos

Profa. Dra. Antonilêni Medeiros


Sistema Nervoso Autônomo (SNA)

Controle das funções viscerais


para a homeostase do
organismo

Parassimpático: manutenção da
homeostase no organismo em
saciedade ou simplesmente em
baixa atividade

Simpático: gerencia funções


vitais do organismo em
atividade intensa

Fonte
Ações no SNA de acordo com órgão-alvo

Órgão alvo Simpático Parassimpático


Ações opostas
Olhos Midríase Miose

↑ Frequência e Força de ↓ Frequência e Força de


Coração
contração contração

TGI - esfíncteres Contração Relaxamento

TGI - músc. liso Relaxamento Contração

Bexiga - esfíncter/
Contração Relaxamento
trígono
Bexiga - detrusor Relaxamento Contração
3
Ações no SNA de acordo com órgão-alvo

Órgão alvo Simpático Parassimpático

Ações semelhantes ou sinérgicas

Secreções Estímulo Estímulo

Reprodução Ejaculação Ereção

4
Ações no SNA de acordo com órgão-alvo

Órgão alvo Simpático Parassimpático


Ações seletivas
Vasos Contração Nenhum

Fígado Glicogenólise Nenhum

Rins Secreção de renina Nenhum

Glâdulas sudoríparas Secreção Nenhum

Suprarrenal Estímulo Nenhum

Glândulas lacrimais Pouca ação Estímulo

5
Distribuições dos receptores muscarínicos nos tecidos

Receptor Órgão Ação


M1 Tec. gástrico Estímulo de secreção
Inibição da freq. cardíaca e força
M2 Músc. cardíaco
de contração

Contração: motilidade do TGI,


Musculatura lisa
contração da bexiga, etc.
M3
Estímulo de secreção: sudorese,
Glândulas
salivação, lacrimejamento

M4 SNC Hiperpolarização de neurônios

M5 SNC Despolarização de neurônios


6
Junção neuroefetora e sinapse colinérgica

(LINARDI, 2016) 7
Receptores colinérgicos - Mecanismos

Tipo Localização Proteína G Mecanismo


SNC, glândulas Ativa PLC, ↑[Ca2+]i, ↑PKC,
M1 Gq/G11
gástricas e salivares ↓canais de K+
Inibe AC, ↓cAMP, ↓PKA,
M2 Coração, SNC Gi
↑canais de K+, ↓[Ca2+]i
Músculo liso (TGI, Ativa PLC, ↑[Ca2+]i, ↑PKC,
M3 Gq
respiratório), ↑cGMP
glândulas gástricas Inibe AC, ↓cAMP, ↓PKA,
M4 SNC Gi
↑canais de K+, ↓[Ca2+]i
Ativa PLC, ↑[Ca2+]i, ↑PKC,
M5 SNC Gq/G11
↑cGMP

Nm Placa mioneural Ionotrópico Passagem de íons

Sinapses do SNA
Nn Ionotrópico Passagem de íons
e SNC
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Sinapse colinérgia

Fonte
Fármacos colinomiméticos

Algumas patologias ou disfunções de órgãos


requerem a ativação das vias colinérgicas

Uso de ACh I.V. é bastante raro


- Efeitos sistêmicos indesejados: hipotensão
imediata, taquicardia reflexa, sudorese, etc.
- Butirilcolinesterase sanguínea inviabiliza a
manutenção de [ACh] no sangue, ↓ seu potencial
terapêutico
- Usam-se compostos com propriedades
far macocinéticas e/ou far macodinâmicas
diferentes da ACh

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Classificação dos colinomiméticos

Agonistas colinérgicos ou colinomiméticos de ação


direta

Inibidores da acetilcolinesterase (I-AchE) ou


colinomiméticos de ação indireta ou anticolinesterásicos

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Colinérgicos de ação direta

Agonistas de receptores muscarínicos


Diferem quanto à distribuição ou resistência à degradação
por colinesterases
São divididos em duas classes: os ésteres de colina e os
alcaloides naturais

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Agonistas muscarínicos

Ésteres de colina Alcaloides

Acetilcolina Muscarina

Betanecol Pilocarpina

Carbacol Arecolina

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Estruturas químicas

(GOODMAN, 2012) 14
Ésteres de colina

Fármacos sintéticos cuja estrutura se baseia na ACh


Modificações nas fórmulas objetivam a seletividade para
receptores muscarínicos e conferir resistência às
colinesterases (efeito mais duradouro)

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Mecanismo de ação

Indução de sintomas relativos à


ativação de receptores
muscarínicos

✔ Miose, bradicardia,
broncoconstrição, ↑ motilidade
GI, incontinência urinária,
salivação, lacrimejamento e
sudorese

Aplicações clínicas específicas

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Fonte
Atividade muscarínica e suscetibilidade a AChE

(GOODMAN, 2012)

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Seletividade a receptores e suscetibilidade a AChE
Hidrólise
Compostos Seletividade
pela AChE

Musc Nic

Acetilcolina +++ +++ +++

Metacolina +++ + ++

Betanecol +++ __ __

Carbacol ++ +++ __
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Metacolina

Uso: testes de diagnóstico de função


pulmonar por indução muscarínica

Degradação por colinesterases:


Relativamente suscetível

V. A.: inalatória - adultos e crianças (a


partir de 5 anos )

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Metacolina

Uso de beta-adrenérgico: resposta exagerada ou


prolongada

Durante o teste: equipamento de ressuscitação de


emergência, O2 e medicação para broncoespasmo
grave devem estar disponíveis

20
Fonte 21
Metacolina

Contraindicação: pacientes com


distúrbios cardiovasculares,
asmáticos estabelecidos ou
portadores de úlcera péptica

22
Metacolina

Efeitos colaterais mais comuns: irritação nas vias


respiratórias, cefaleia, tontura e prurido

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Betanecol

Uso: hipomotilidade do TGI, retenção


urinária cirúrgica ou neurogênica

Degradação por colinesterases:


Resistente (6 h de duração)

V.O.: 10-50mg, 3-4 x/dia, estômago


vazio (1h antes ou 2h após refeições
para ↓ náuseas e êmese)
Injetável: 5mg/mL

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25
Betanecol

Contraindicação: além das descritas para a


metacolina, temos ainda pacientes epilépticos, com
mal de Parkinson ou hipertireoidismo

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Carbacol

Uso: glaucoma, indução de miose em


cirurgias oftálmicas

Baixa seletividade muscarínica

Administração: colírio, sol. 0,01-3%

27
Carbacol

Efeitos colaterais: locais, como visão turva, cegueira


noturna e dor de cabeça

Evitar: pacientes com coronariopatias e asmáticos

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Pilocarpina

Uso: xerostomia (radioterapia) ou


síndrome Srj Ö gen; miose em
cirurgia oftálmica, glaucoma

Ação predominantemente
muscarínica

Administração: colírio, sol. 0,5-6%;


comp. 5-10 mg, 3 x/dia

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30
Pilocarpina

Efeitos colaterais: típicos de administração


colinérgica, diaforese é o mais comum

Usar dose oral reduzida na insuficiência


hepática

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Agonistas diretos - Efeitos indesejáveis

✔ Diaforese, diarreia, cólicas intestinais, náuseas/vômitos


✔ Sensação de aperto na bexiga
✔ Dificuldade de acomodação visual
✔ Hipotensão que pode diminuir acentuadamente o fluxo
sanguíneo coronário, especialmente se já está
comprometido

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Agonistas diretos - Contraindicações

Asma crônica
Doença Pulmonar Obstrutiva
Obstrução urinária ou do TGI
Doença ácido-péptica
Doença cardiovascular acompanhada
de bradicardia e hipotensão

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Agonistas diretos - Intoxicação

Ingestão de plantas
contendo pilocarpina,
muscarina ou arecolina
C o g u m e l o s d o g ê n e ro
Inocybe e Clitocybe (ricos
Inocybe rimosa
em muscarina)

Clitocybe fragans Pilocarpus microphyllus 34


Agonistas diretos - Intoxicação

Sinais e sintomas (atribuíveis à muscarina): 30-60 min


após ingestão
Salivação, lacrimejamento, náuseas e vômitos,
cefaleia, distúrbios visuais, cólicas abdominais,
diarreia, broncoespasmo, bradicardia, hipotensão e
choque

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Agonistas diretos - Intoxicação

Medidas de suporte das funções


respiratória e cardiovascular e
intervenções para reverter o edema
pulmonar
Atropina: 1-2 mg IM a cada 30 min

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Colinérgicos de ação indireta

Colinomiméticos de ação indireta ou anticolinesterásicos


são os inibidores da AChE (I-AChE)

Diminuem a degradação e ↑[ACh] sináptica produzindo


maior ativação dos receptores pós-sinápticos

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Colinérgicos de ação indireta

Maior ativação ocorre nas sinapses periféricas

Fármacos anticolinesterásicos: reversíveis ou irreversíveis,


seletivos para AChE (inativos para a butirilcolinesterase)

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Mecanismo de ação dos I-AChE

39
(LINARDI, 2016)
Efeitos da ACh

Órgão Efeito
Coração Cronotropismo, inotropismo, dromotroprismo (-)

Vasos sanguíneos Relaxamento


Sist. Respiratório Contração
↑ motilidade, relaxamento dos esfíncteres e ↑
TGI
secreção
Vesícula e ductos Contração
biliares Contração do detrusor e relaxamento do trígono
Bexiga urinária
e esfíncter → micção
Glândulas salivares Secreção

Olhos Miose e escoamento do humor aquoso


40
Substâncias importantes na clínica:
Medicamentos

41
Substâncias importantes na clínica:
Medicamentos

Reversíveis Irreversíveis

Aminas 3ª Aminas 4ª Amina 4ª

Fisostigmina Neostigmina Ecotiofato

Donepezila Edrofônio

Galantamina Piridostigmina

Rivastigmina

42
Substâncias importantes na clínica: Inseticidas e
armas químicas

43
Substâncias importantes na clínica: Inseticidas e
armas químicas

Carbamatos Organofosforatos

Carbaril (Sevin) Malation (Chemation)

Propoxur (Baygon) Paration

Aldicarb (Temik) Metilparation (Folisuper)


Tabun, sarin, soman (gazes dos
nervos)
44
Inseticidas carbamatos

45
Inseticidas organofosforados

46
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012)
Inseticidas organofosforados

47
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012)
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012) 48
49
(KLAASSEN; WATKINS III, 2012)
Colinérgicos de ação indireta: Uso clínico

Atonia intestinal e atonia da bexiga pós-cirurgia


Neostigmina (ProstigmineⓇ)
Administração: EV ou IM
Dose: 0,5 mg EV ou IM

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I-AChE - Neostigmina

51
Ângulo fechado - emergência médica, fármacos usados para
controle agudo da pressão intraocular (PIO). Controle a longo
prazo é cirúrgico
52
Ângulo aberto → início gradual, pode não melhorar com a
cirurgia. Controle a longo prazo da PIO é a base de fármacos (↓
da produção e ↑ da drenagem do humor aquoso)
53
Representação
do ângulo do
trabéculo de
drenagem do
humor aquoso

54
Representação de glaucoma de ângulo fechado

55
Tratamento farmacológico do glaucoma tradicional
Agonistas colinérgicos (carbacol, pilocarpina) ou
I-AChE (ecotiofato)
Causam miose, escoamento do humor aquoso e
contração do músculo ciliar

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I-AChE - Ecotiofato

Provoca miose, ↑ o fluxo do humor aquoso

Ação muito longa: inibição irreversível, pode causar


catarata e descolamento de retina, evitar em
glaucoma de ângulo fechado por causa da extrema
miose, impede adaptação ao escuro

57
I-AChE - Ecotiofato

Efeitos sistêmicos mais frequentes que com mióticos


de ação direta

Sudorese, cefaleia, tremores, hipersalivação, diarreia,


cólicas abdominais, náuseas

58
I-AChE - Ecotiofato

59
Tratamento farmacológico do glaucoma tradicional

Efeitos indesejáveis → acomodação da visão para


perto (objetos próximos são nítidos, objetos
distantes são embaçados)
Uso: casos de refratariedade às drogas mais
modernas

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Tratamento farmacológico do glaucoma atual

Análogos de PGs: latanoprosta, unoprostana


Antag. β-adrenérgicos: timolol (não-seletivo),
betaxolol (β1)
Inibidores da anidras carbônica: acetazolamida
São a principal terapia no glaucoma de ângulo
aberto

61
Miastenia gravis

Doença neuromuscular
autoimune, caracterizada por
fraqueza com acentuada
fatigabilidade do músculo
esquelético
Confirmação da suspeita da
doença: neostigmina
Tratamento sintomático: I-AChE

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63
Miastenia gravis

64
Tratamento farmacológico da Miastenia Gravis

Piridostigmina (MestinonⓇ) - cp
Neostigmina (ProstigmineⓇ) - inj.

65
Reversão da paralisia por bloq. neuromusc. competitivos

Neostigmina (ProstigmineⓇ) IV ou EM

66
Reversão da paralisia por bloq. neuromusc. competitivos

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Doença de Alzheimer

Fisiopatologia: acúmulo da prot. amiloide β (Aβ), formação


de placas amiloides no cérebro

Emaranhados de proteínas TAU e microtúbulos, disfunção


e morte neuronal, ocasionando interferência na
transmissão sináptica, estresse oxidativo, neuroinflamação

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69
Doença de Alzheimer

Atrofia e degeneração de neurônios colinérgicos: def.


de ACh

Sinais e sintomas: perda transitória de memória


anterógrada, colocação de objetos em locais
inadequados, perda de compromissos agendados,
esquecimento de detalhes do cotidiano

70
Tratamento farmacológico da Doença de Alzheimer

Inibidores reversíveis da AChE: ampliam a transmissão


colinérgica
Não alteram a evolução da doença
Retardam o declínio das funções cognitivas e as
manifestações comportamentais

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Tratamento farmacológico da Doença de Alzheimer

Donepezila
Galantamina
Rivastigmina

72
Tratamento farmacológico da Doença de Alzheimer

Efeitos indesejáveis
Desconforto GI, cãibras musculares, sonhos alterados
Usar com cautela em pacientes com bradicardia ou
síncope

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Centro Universitário de João Pessoa
Curso de Graduação em Farmácia
Disciplina de Farmacologia
Agonistas colinérgicos

Profa. Dra. Antonilêni Medeiros

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