Este documento discute as drogas que atuam no sistema nervoso parassimpático. São apresentadas as drogas colinérgicas, que imitam as ações do parassimpático, e as drogas anticolinérgicas, que bloqueiam suas ações. Também são descritos os dois tipos de receptores colinérgicos, nicotínicos e muscarínicos, e como as drogas colinérgicas atuam principalmente nos receptores muscarínicos.
Este documento discute as drogas que atuam no sistema nervoso parassimpático. São apresentadas as drogas colinérgicas, que imitam as ações do parassimpático, e as drogas anticolinérgicas, que bloqueiam suas ações. Também são descritos os dois tipos de receptores colinérgicos, nicotínicos e muscarínicos, e como as drogas colinérgicas atuam principalmente nos receptores muscarínicos.
Este documento discute as drogas que atuam no sistema nervoso parassimpático. São apresentadas as drogas colinérgicas, que imitam as ações do parassimpático, e as drogas anticolinérgicas, que bloqueiam suas ações. Também são descritos os dois tipos de receptores colinérgicos, nicotínicos e muscarínicos, e como as drogas colinérgicas atuam principalmente nos receptores muscarínicos.
Aula 01 – profa. Cristiane - Fibras pré-ganglionares (tanto simpáticas quanto parassimpáticas); e - Fibras pós-ganglionares parassimpáticas Nessa aula serão estudadas as drogas que Obs.: a fibra pós-ganglionar simpática que atuam no SNA Parassimpático. inerva glândulas sudoríparas é uma exceção As drogas colinérgicas, ou também do SNA Simpático, porque é uma fibra chamadas de parassimpatomiméticas são colinérgica (ao invés de ser adrenérgica), drogas que imitam as ações do SNA liberando também ACh. Parassimpático. Quando surge um potencial de ação nas Por outro lado, as drogas anticolinérgicas ou terminações nervosas colinérgicas, há a parassimpatolíticas são drogas que abertura de canais de cálcio, permitindo o bloqueiam as ações do SNA Parassimpático. influxo de Ca+. Esse íon faz com que a membrana das vesículas contendo ACh se É importante traçar um paralelo entre drogas funda com a membrana neuronal, e então o que atuam no SNA Simpático e neurotransmissor é liberado na fenda Parassimpático, e entender, por ex.: sináptica. - Ações de drogas colinérgicas = ações de A ACh na fenda sináptica pode: drogas antiadrenérgicas; e - Se ligar a receptores colinérgicos; ou - Ações de drogas adrenérgicas = ações de drogas anticolinérgicas. - Ser degradada, na própria fenda, pela enzima acetilcolinesterase (AChE), Ex.: droga ADRENÉRGICA causa formando colina e acetato, o que põe fim à broncodilatação por ATIVAR beta2; ao ação colinérgica. mesmo tempo que a droga ANTICOLINÉRGICA tem o mesmo efeito por A colina é recaptada para fazer nova síntese BLOQUEAR receptor muscarínico. de ACh nos neurônios pré-sinápticos. Enquanto que o acetato é excretado do organismo. Atenção! Na grande maioria das vezes, a A ACh é formada pela reação entre Colina e ACh não se difunde para a corrente AcetilCoA (molécula proveniente do sanguínea. Caso isso aconteça, as enzimas metabolismo do piruvato nas mitocôndrias), pseudocolinesterase e butirilcolinesterase performada pela enzima colina- a degradam. acetiltransferase (ChAT). Ressaltando: a AChE é o principal processo Milhares de moléculas de ACh são de regulação da ação de ACh. armazenadas em vesículas contidas no interior de terminações nervosas das:
Há 2 tipos de receptores colinérgicos:
1) Nicotínicos b) M2 2) Muscarínicos Localização: coração. RECEPTORES NICOTÍNICOS Ação: ↓FC e ↓força contrátil. São receptores do tipo canal iônico e, por isso, são capazes de responder mais c) M3 rapidamente ao estímulo colinérgico. Localizações: São compostos por 5 subunidades, sendo que - Músculo liso (ex.: brônquios). Ação: a ACh se liga a 2 dessas (as 2 subunidades contração; α), o que abre o canal iônico e permite o influxo de Na+. - Endotélio vascular. Ação: relaxamento (vasodilatação); e É esse influxo de Na+ que despolariza a célula efetora e origina os efeitos da - Glândulas exócrinas (ex.: glândulas neurotransmissão colinérgica. salivares, glândulas sudoríparas, pâncreas, glândulas da mucosa respiratória que liberam Há 2 subtipos de receptores nicotínicos: muco*). Ação: ↑secreção. a) Nicotínicos musculares (Nm) * O SNA Parassimpático faz broncoconstrição Localização: musculatura estriada esquelética e ↑liberação de muco, o que dificulta ainda (mais precisamente na placa motora ou mais a respiração. junção neuromuscular). d) M4 e M5 Ação: contração muscular. Localização: SNC. Inserção toxina botulínica: age inibindo a São pouco importantes para a farmacologia. fusão da membrana da vesícula contendo ACh com a membrana neuronal, o que impede Em relação ao mecanismo de transdução dos a liberação de ACh e sua ação nos receptores receptores muscarínicos, eles são agrupados Nm (que é a contração muscular). Dessa em 2 mecanismos: forma, sem contração muscular, não há rugas. 1) Mecanismo dos ímpares Porém, essa ação é autolimitada, isto é, com o tempo, essa toxina é degradada e há o É o mecanismo de transdução dos receptores retorno da liberação de ACh e das rugas. M1, M3 e M5. b) Nicotínicos neurais (Nn) São acoplados à proteína Gq/11, que ativa a fosfolipase C e despolariza a célula, o que Localizações: sinaliza uma resposta excitatória ao tecido. - Gânglios do SNA. Ações: despolarização do Essa despolarização gera as ações já citadas neurônio pós-ganglionar e medula adrenal; e nos devidos órgãos em que esses 3 tipos de - Neurônios do SNC. Ação: controle da receptores muscarínicos estão localizados liberação de neurotransmissores. (gânglios autonômicos, SNC, músculo liso, endotélio vascular e glândulas exócrinas). RECEPTORES MUSCARÍNICOS É importante ressaltar que a ação gerada pelo São receptores acoplados à proteína G. receptor M3 nos músculos lisos é a contração. Há 5 subtipos de receptores muscarínicos: Entretanto, o endotélio vascular é uma exceção, onde ocorre, ao invés de contração, a) M1 o relaxamento (vasodilatação). Localizações: Sempre ouvimos que não há inervação parassimpática sobre vasos, e isso é - Gânglios do SNA. Ações: despolarização do verdadeiro, não há um nervo parassimpático neurônio pós-ganglionar e medula adrenal; e que chegue até os vasos. No entanto, o - SNC. Ação ainda indefinida. endotélio dos vasos possui receptores M3 que, quando ativados, geram a liberação de óxido 3) Alcalóides naturais: nítrico, potente vasodilatador. - Pilocarpina (obtida do jaborandi); 2) Mecanismo dos pares - Muscarina (obtida de um cogumelo); e É o mecanismo de transdução dos receptores M2 e M4. - Arecolina (obtida em uma noz).
São acoplados à proteína Gi, inibidora do Ações farmacológicas:
adenilato ciclase, o que abre canais de K+ e o Útero: variável; efluxo desses íons, resultando na hiperpolarização da célula que sinaliza uma TGI: contração e ↑peristaltismo. Usos resposta inibitória ao tecido. terapêuticos: distúrbios gastrointestinais (ex.: distensão no pós-operatório, atonia gástrica). Por isso, há ↓FC e ↓força contrátil. Efeito adverso: cólicas; Glândulas: ↑secreção exócrina. Usos terapêuticos: xerostomia (“boca seca” após São drogas que apresentam ação radioterapia de cabeça e pescoço, por ex.); farmacológica similar à ação fisiológica da Aparelho cardiovascular: ↓FC, ↓força ACh. contrátil e vasodilatação. Efeito adverso: As drogas colinérgicas agem principalmente hipotensão; em receptores muscarínicos. Trato urinário: ↑frequência urinária (por Há 2 classificações de drogas colinérgicas: contração de músculo liso do trígono da bexiga e relaxamento do esfíncter uretral). 1) Ação direta; e Uso terapêutico: retenção urinária; 2) Ação indireta Aparelho respiratório: broncoconstrição e DROGAS DE AÇÃO DIRETA ↑secreção de muco pelas glândulas da São drogas também chamadas de mucosa respiratória; muscarínicas, pois agem, principalmente, Olho: miose (por contração do músculo sobre os receptores muscarínicos, isto é, constritor da pupila). Uso terapêutico como estimulam diretamente o receptor colinérgico. colírio: glaucoma (contração do músculo ciliar Representantes: e do constritor da pupila, o que abre o canal de Shlemm, permite a drenagem do humor 1) ACh (semelhante ao neurotransmissor aquoso e reduz a pressão intraocular), endógeno): utilização sistêmica limitada aderências entre a íris e o cristalino, cirurgias devido à ação da AChE, que a degrada de catarata (que necessitam de miose rápida). rapidamente, por isso é mais utilizada por via tópica como colírio; DROGAS DE AÇÃO INDIRETA
2) Ésteres de colina (obtidos quando se São drogas também chamadas de
modifica quimicamente a molécula de ACh, e anticolinesterásicas, pois inibem a enzima a torna mais resistente à AChE): acetilcolinesterase (AChE), resultando no acúmulo de ACh na fenda sináptica, o que - Metacolina: agonista muscarínico, ação prolonga e aumenta a ação colinérgica. principal no aparelho cardiovascular (maior afinidade por M2 e M3); Atenção! A ação desse grupo é até mais ampla e eficiente do que a das drogas de ação - Betanecol: agonista muscarínico, ação direta, visto que o acúmulo da própria ACh principal em TGI e bexiga (maior afinidade por endógena promove maior efeito do que as M3); e drogas sintéticas agonistas colinérgicas, já que essa age tanto em receptores - Carbacol: agonista nicotínico e muscarínico, muscarínicos quanto nicotínicos (ao contrário ação principal em gânglios autonômicos das sintéticas, que agem predominantemente (maior afinidade por Nn e M1). em muscarínicos). Há 3 grupos de drogas anticolinesterásicas: 3) Organofosforados 1) Compostos de amônio quaternário Representantes: Representantes: - Paration; - Edrofônio; - Malation; - Tacrina; e - Ecotiofato; - Donezepil ou donezepila. - Metrifonato; e São drogas de inibição reversível da AChE, - Gases dos nervos (tabun, sarin e soman): isto é, se ligam a um dos sítios dessa enzima, armas biológicas. impedindo que ela se ligue à ACh e a degrade. Porém, por serem reversíveis, com o tempo, São drogas de inibição irreversível da AChE. essa ligação cessa e a AChE volta a agir. Dessa forma, ao contrário dos grupos anteriores de anticolinesterásicos, os Uso terapêutico: tratamento de Alzheimer organofosforados promovem fosforilação da (principalmente tacrina e donezepil, que AChE, convertendo-a em enzima atravessam a barreira hematoencefálica). envelhecida, que é incapaz de degradar a ACh, visto que não consegue mais se acoplar No Alzheimer, há deficiência da colina- a ela. acetiltransferase, o que provoca a ↓síntese de ACh. O uso das drogas anticolinesterásicas Nesse sentido, na prática clínica, há inibe a AChE e prolonga a ação da ACh ainda predominância do tratamento de intoxicações existente na fenda sináptica. por organofosforados do que a utilização terapêutica dessas substâncias. 2) Carbamatos Os organofosforados promovem ação em Representantes: massa da ACh, resultando em muitos efeitos - Neostigmina; adversos:
- Rivastigmina; - Bradicardia que pode evoluir para parada
cardíaca; - Fisostigmina ou Escrina; e - Vasodilatação, que aliada à bradicardia gera - Piridostigmina. hipotensão grave; São drogas de inibição reversível da AChE, - Broncoconstrição e aumento da secreção de com mecanismo de ação similar à dos muco na mucosa respiratória, que evolui para compostos de amônio quaternário. parada respiratória; Usos terapêuticos: - Visão turva (miose); - Tratamento de Alzheimer: administração da - Neurotoxicidade: convulsões (↑ACh no SNC) rivastigmina, que é até mais utilizada do que e coma; tacrina e donezepil (compostos de amônio quaternário), porque bloqueia mais fortemente - Fala arrastada; e por mais tempo a AChE; e - Sudorese e diurese aumentadas, vômitos e - Tratamento da Miastenia gravis: é uma diarreia, que corroboram para a desidratação doença autoimune que consiste na destruição do paciente; e dos receptores Nm, o que resulta em ptose - Primeiramente há a presença das palpebral, fraqueza muscular. O uso de fasciculações (devido ao aumento excessivo piridostigmina (principalmente) e de da ação da ACh) que levam a uma ataxia; e neostigmina prolonga a ação da ACh na fenda depois há o relaxamento muscular, que leva à sináptica, o que promove o estímulo dos atonia flácida (fraqueza muscular). receptores Nm ainda não destruídos. Atenção! Esses efeitos adversos ocorrem principalmente pela intoxicação por organofosforados, já que realizam ligação haverá mais efeitos adversos do que irreversível com a AChE. Porém, podem terapêuticos; ocorrer também em altas doses dos outros grupos de anticolinesterásicos. Obs.: nem sempre a administração de atropina dá resultado, isso depende muito de Para entender as fasciculações: quanto tempo o indivíduo já está intoxicado. Fasciculações são tremores musculares, que 3ª etapa se a intoxicação for por ocorrem por aumento do estímulo sobre os organofosforados – Utilização de receptores Nm. pralidoxima: é um reativar enzimático. A pralidoxima se liga ao outro sítio da AChE. Elas ocorrem principalmente na utilização de Caso a enzima já tenha sofrido fosforilação e agonistas colinérgicos de ação direta, visto já esteja envelhecida, nada ocorre. Porém, se que demoram para serem degradados e sua a enzima ainda não tiver envelhecido, há a ação excessiva sobre os receptores Nm gera ligação do organofosforado com a como que uma “dessensibilização” desses pralidoxima, o que resulta no deslocamento do receptores, resultando, posteriormente, no organofosforado e a consequente reativação relaxamento muscular. da AChE, que volta a ter os 2 sítios livres e é As fasciculações que ocorrem na utilização de capaz de degradar a ACh, diminuindo a ação anticolinesterásicos podem ser explicadas da colinérgica. seguinte forma: há aumento excessivo da Obs.: caso seja intoxicação por carbamatos quantidade de ACh endógena na fenda ou compostos de amônio quaternário, não se sináptica, que, mesmo sendo degradada mais utiliza pralidoxima, pois essa só possui rapidamente do que os agonistas sintéticos, afinidade pelos organofosforados. ainda assim, devido à alta concentração, estimula demasiadamente os receptores Nm, Obs.: a administração de pralidoxima também o que resulta também no posterior corrobora para a diminuição gradativa da dose relaxamento muscular. de atropina, porque haverá cada vez ↓ACh na fenda sináptica. Atenção! Fisiologicamente, a ação colinérgica não causa fasciculações, porque a Atenção! A droga essencial para combater ACh endógena é degradada rapidamente, o intoxicação por organofosforado ainda é a que evita estimulação excessiva sobre os atropina, visto que a pralidoxima só age caso receptores Nm. Dessa forma, quando ACh se a enzima não tenha sido fosforilada ainda. liga a Nm, ocorre contração muscular, e DEMAIS USOS TERAPÊUTICOS DOS quando é finalmente degradada, relaxamento. ANTICOLINESTERÁSICOS TRATAMENTO DE INTOXICAÇÃO POR Obs.: são praticamente os mesmos usos das ANTICOLINESTERÁSICOS drogas colinérgicas de ação direta. 1ª etapa – Tratamento de suporte: Além do uso terapêutico dos carbamatos e hidratação com soro fisiológico, compostos de amônio quaternário em oxigenioterapia (são necessárias devido ao tratamento de Alzheimer e miastenia gravis, quadro de desidratação e hipóxia em que o há também o uso para tratamento de: paciente se encontra); - Íleo paralítico; 2ª etapa – Utilização de atropina: é um anticolinérgico que bloqueia receptores - Atonia de bexiga; muscarínicos. Dessa forma, mesmo que haja - Glaucoma e aderência entre íris e córnea ↑ACh na fenda sináptica (por ação dos (administração de colírio a base de anticolinesterásicos), esse neurotransmissor fisostigmina, por ex.); é incapaz de se ligar ao receptor. Por ser um antagonista competitivo, a atropina precisa - Intoxicação por agentes anticolinérgicos: ser administrada em doses relativamente são drogas antagonistas competitivas que altas, a fim de se superar a [ACh]. Porém, há bloqueiam a ação do parassimpático. Dessa uma dose máxima a ser administrada e que forma, caso haja a administração de precisa ser respeitada porque, para além dela, anticolinesterásicos, haverá o aumento das concentrações de ACh na fenda sináptica, superando os anticolinérgicos; e - Reversão do bloqueio por curare: drogas cumarínicas são bloqueadores neuromusculares, isto é, antagonistas competitivos de Nm. Caso haja a administração de anticolinesterásicos, haverá aumento de ACh na fenda sináptica, superando o bloqueio por curare.
Docero Com BR - Doc n08nx1 - n08nx1 - Apostila - Farmacologia - 02 Medicamentos Que Atuam No Sistema Nervoso Autônomo Sna - Medicamentos Colinérgicos e Adrenérgicos PDF