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Farmacologia do Sistema

Nervoso Somático

Fisiologia da transmissão neuromuscular:

Transmissão neuromuscular.

Junção neuromuscular.

É um tipo de sinapse química entre o terminal axonal pré-sináptico de


um neurônio motor somático e a membrana pós-sináptica de uma
fibra muscular esquelética;

No lado pré-sináptico da junção neuromuscular, a membrana do


neurônio motor somático contém vesículas sinápticas de
acetilcolina (ACh).

No lado pós-sináptico da junção neuromuscular, a membrana da


fibra muscular esquelética se modifica formando a placa motora
terminal, uma região que contém altas concentrações de
receptores nicotínicos colinérgicos.

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Mecanismo da transmissão neuromuscular.

1. Um potencial de ação atinge o terminal axonal pré-sináptico,


provocando a abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem
presentes na membrana plasmática do neurônio motor somático;

2. O cálcio difunde-se para o interior da célula, a favor do gradiente


eletroquímico, desencadeando a liberação da ACh contida nas
vesículas sinápticas;

3. A acetilcolina difunde-se pela fenda sináptica e combina-se com os


receptores nicotínicos, que são canais iônicos, presentes na membrana
da fibra muscular esquelética;

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Efeito da transmissão neuromuscular.

A ação da acetilcolina na placa motora terminal do músculo


esquelético é sempre excitatória, produzindo contração muscular;

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Obs.: Não há inervação antagonista com a função de relaxar os músculos
esqueléticos. Em vez disso, o relaxamento ocorre quando os neurônios
motores somáticos são inibidos dentro do Sistema Nervoso Central,
impedindo a liberação de ACh sobre as fibras musculares esqueléticas.

Bloqueadores da transmissão neuromuscular:

Bloqueadores não despolarizantes.

Bloqueadores não despolarizantes de ocorrência natural.

Curare;

O componente mais importante é a tubocurarina.

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Efeitos → O principal efeito colateral da tubocurarina é a queda da
pressão arterial (↓ PA), resultante, sobretudo, do bloqueio
ganglionar e da liberação de histamina dos mastócitos. Além
disso, também pode provocar broncoespasmo em indivíduos
sensíveis.

Atualmente, é muito pouco utilizado na medicina clínica.

Bloqueadores não despolarizantes sintéticos.

Pancurônio;

É amplamente utilizado na medicina clínica.

Efeitos → O pancurônio também bloqueia os receptores


muscarínicos, particularmente no coração, o que acarreta
taquicardia modesta e hipertensão (↑ PA).

Vecurônio;

Atracúrio;

É amplamente utilizado na medicina clínica.

Efeitos → Queda transitória da pressão arterial (↓ PA) devido à


liberação de histamina.

Cisatracúrio;

É um isômero ativo puro do atracúrio, mais potente, mas com


menor liberação de histamina.

Mivacúrio;

Fármaco novo, quimicamente similar ao atracúrio, mas é inativado


rapidamente pelas colinesterases plasmática e hepática.

Efeitos → Queda transitória da pressão arterial (↓ PA) devido à


liberação de histamina.

Mecanismo de ação dos bloqueadores não despolarizantes.

Atuam como antagonistas competitivos dos receptores nicotínicos


colinérgicos situados na placa terminal;

Efeitos dos bloqueadores não despolarizantes.

O principal efeito é resultante da paralisia motora;

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Os bloqueadores neuromusculares são utilizados principalmente
em anestesia para produzir relaxamento muscular.

Metabolização dos bloqueadores não despolarizantes.

A maioria é metabolizada pelo fígado ou eliminada de forma inalterada


pela urina;

A via de eliminação é importante, pois muitos pacientes que se


submetem a uma anestesia apresentam algum comprometimento
da função hepática ou renal, que, dependendo do fármaco utilizado,
pode intensificar ou prolongar a paralisia de modo significativo.

Obs.: Fármacos anticolinesterásicos suplantam a ação bloqueadora dos


agentes não despolarizantes.

Bloqueadores despolarizantes.

Bloqueadores despolarizantes.

Decametônio;

Apresenta a desvantagem de ter uma ação muito prolongada.

Produz contrações espasmódicas transitórias (fasciculação) da


musculatura esquelética antes de provocar o bloqueio
neuromuscular.

Suxametônio (succinilcolina);

Atualmente, é o único fármaco despolarizante em uso clínico.

Atua de modo semelhante ao decametônio e à acetilcolina (ACh);


sua ação, contudo, dura apenas alguns minutos porque é
rapidamente hidrolisado pelas colinesterases hepática e do
plasma.

Obs.: A ACh, quando liberada do nervo, atinge a placa terminal e é


rapidamente hidrolisada in situ, de modo que nunca causa uma
despolarização suficientemente prolongada, tal que resulte em bloqueio.
Quando a colinesterase é inibida (por anticolinesterásicos), contudo, a
concentração da ACh circulante pode alcançar um nível suficiente para
provocar bloqueio neuromuscular por despolarização.

Mecanismo de ação dos bloqueadores despolarizantes.

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Causam despolarização prolongada da placa terminal da fibra
muscular, o que leva à perda da excitabilidade elétrica;

Efeitos adversos e situações de risco decorrentes do uso de suxametônio.

Bradicardia;

Liberação de potássio (↑ K+);

Em vítimas de traumatismos, especialmente queimaduras ou


lesões que provocam desnervação muscular, a hipercalemia
resultante pode ser suficiente para causar arritmia ventricular
ou até mesmo parada cardíaca. Isso ocorre porque a desnervação
leva a uma proliferação dos receptores nicotínicos da ACh até
regiões da fibra muscular distantes das placas terminais, de
modo que uma área muito maior da membrana torna-se sensível
ao suxametônio.

Aumento da pressão intraocular;

Paralisia motora prolongada;

Variantes genéticas, nas quais a colinesterase plasmática é


anômala. Muito raramente, a enzima está completamente ausente,
e a paralisia persiste por muitas horas.

Fármacos anticolinesterásicos podem inibir a colinesterase


plasmática e prolongar a ação do suxametônio.

Recém-nascidos podem apresentar colinesterase plasmática


com baixa atividade e exibir paralisia prolongada mediante o uso
de suxametônio.

Dores musculares no pós-operatório;

Obs. 2: Apesar dos efeitos adversos, o suxametônio permanece em uso


devido à rápida recuperação que se segue à sua retirada –
significativamente mais rápida que a recuperação quando são utilizados
agentes não despolarizantes.

Comparação entre bloqueadores não despolarizantes e despolarizantes.

Os fármacos anticolinesterásicos são muito eficazes em suplantar a ação


bloqueadora dos agentes competitivos não despolarizantes.

As chances de uma molécula de ACh, protegida da hidrólise, encontrar


um receptor

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desocupado são maiores;

O bloqueio por despolarização não é afetado, ou até mesmo


aumentado (através da
potencialização da ação despolarizante da ACh), pelos fármacos
anticolinesterásicos;

As fasciculações observadas com o decametônio como um prelúdio à


paralisia não ocorrem com os agentes competitivos não despolarizantes.

Os bloqueadores não despolarizantes aumentam a fadiga tetânica, o que


não ocorre com o músculo normal.

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