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Políticas

de

Profa Vânia Cardoso Santos


adaptada de aula cedida pela
Profa Luana Mendes.
Antecedentes históricos
• Até o século XIX, os “loucos” eram incorporados à paisagem urbana
como tipos de rua e não como internos do hospício.
– “Os alienados, os idiotas e os imbecis foram tratados de acordo com suas posses. Os abastados e relativamente tranqüilos
eram tratados em domicílio e às vezes enviados para a Europa quando as condições físicas dos doentes o permitiam e nos
parentes, por si ou por conselho médico, se afigurava eficaz a viajem. Se agitados punham-nos em algum cômodo
separado, soltos ou amarrados, conforme a intensidade da agitação. Os mentecaptos pobres, tranqüilos, vagueavam pela
cidade, aldeias ou pelo campo entregues às chufas da garotada, mal nutridos pela caridade pública. Os agitados eram
recolhidos às cadeias onde, barbaramente amarrados ou piormente alimentados, muitos faleceram mais ou menos
rapidamente” (Medeiros, 1993, p. 75).

• Início do século XIX: passou a ser tratado em Santas Casas de


Misericórdia.
– “o doente mental que ainda podia desfrutar de apreciável grau de tolerância social e de relativa liberdade...” (Resende,
1987, p.34).

• A partir de 1830, médicos da “Academia Imperial de Medicina”


reivindicam a competência para lidar com a loucura, mobilizam a
opinião pública no sentido de construir um hospício para os alienados.
• 1852: Inauguração, do Hospício Pedro II.
• 1889: Proclamação da República aliança entre a ciência psiquiátrica
e os projetos estatais de controle social.
– O Modelo Asilar respaldado na proposta de tratamento moral formulada por Pinel e Esquirol.
• A partir de 1931: condenar a mestiçagem e a atribuir a
todos os indivíduos não-brancos um caráter patológico.
A solução seria o saneamento racial através da eugenia.
Antecedentes • 1952: França  primeiro anti-psicótico. Eficaz. Alta foi
possível.
históricos • 1960: Primeiro anti-depressivo.
• 1961: Franco Basaglia (Italia) médico psiquiatra assume
a direção do hospital psiquiatra de Gorizia e faz
mudanças para transformá-lo em Comunidade
Terapêutica  ele e sua equipe são demitidos.
Antecedentes históricos

“...uma coleta desenfreada. Um homem não podia dar nascença ou curso à mais simples mentira do mundo, ainda daquelas que aproveitam ao
inventor ou divulgador, que não fosse logo metido na Casa Verde. Tudo era loucura. Os cultores de enigmas, os fabricantes de charadas, de
anagramas, os maldizentes, os curiosos da vida alheia, os que põem todo o seu cuidado na tafularia, um ou outro almotacé enfunado [...]. Ele
respeitava os namorados e não poupava as namoradeiras, dizendo que as primeiras cediam a um impulso natural e as segundas a um vício. Se
um homem era avaro ou pródigo, ia do mesmo modo ara a Casa Verde; daí a alegação de que não havia regra para a completa sanidade mental.”
p.58

ASSIS, Machado de. O Alienista. Editora Imprensa Nacional, 1948, 70p.


HOLOCAUSTO
BRASILEIRO

https://www.youtube.com/watch?v=rlU-jVvfgV0
https://www.youtube.com/watch?v=5hTNtWEMAco
Manicômio de
Barbacena – um campo
de concentração

• Militantes políticos;
• Mães solteiras;
• Homossexuais;
• Epiléticos;
• Mendigos;
• Portadores de
transtornos mentais;
• Todos que não se
enquadravam no
padrão social.
• 1968: I Conferência de Saúde Mental das Américas (no Texas):
criação de serviços de modalidade comunitária 

Antecedentes •
compareceram os principais professores das escolas médicas
brasileiras.
Segunda metade da década de 70: redemocratização; críticas

históricos •
a ineficiência da assistência; denúncias.
1978: Criado o Movimento dos Trabalhadores em Saúde
Mental (MTSM). Reivindicações trabalhistas e um discurso
humanitário  liderou acontecimentos que fizeram avançar a
luta até o seu caráter antimanicomial.
• Em paralelo... A reforma sanitária.
Antecedentes
históricos
• A VIII CNS (1986) também
defendeu a reestruturação do
modelo assistencial em Saúde
Mental, criticando fortemente o
hospitalocentrismo e o
institucionalismo dominantes,
dando destaque, sobretudo, à
necessidade de revisão da
legislação psiquiátrica, pondo
em foco a preservação dos
direitos dos chamados doentes
mentais.
• 1987: I Conferência Nacional de
Saúde Mental.
• Nasce da crítica à violência e
Princípios ineficácia do manicômio.
• Sustenta-se em tradições teóricas e
da Reforma histórias diversas.
• Reorientação do modelo assistencial.

Psiquiátrica • Mudança na maneira de cuidar.


• Mudança na maneira de olhar o

Brasileira território.
• Mudança na clínica (clínica de
atenção psicossocial).
• Mudança na gestão (gestão
participativa, com o protagonismo
do usuário e familiares.
• Mudança política (micro e macro
política)  agenda política.
• Mudança cultural (representações
sociais sobre a loucura e sobre o
cuidado).
Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental

 Primeiro momento: crítica ao modelo hospitalocêntrico (1978 – 1991)

1989 foi apresentado o Projeto de Lei nº 3.657/89 pelo Deputado


Paulo Delgado que propunha extinção dos manicômios e
regulamentação à internação compulsória.
Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental

 Segundo momento: na década de 80, começaram a se fortalecer


serviços substitutivos nos moldes de Centros de Atenção
Psicossocial – CAPS.

Objetivo: oferecer aos usuários um tratamento mais humanizado.


Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental

 Segundo momento: implementação da Rede de Atenção


Psicossocial (RAPs) - (1992 – 2000).

RAPs: atender diferentes graus de complexidade; promover a assistência integral


(demandas  mais simples às mais complexas/graves); abordagens e condutas
baseadas em evidências científicas.

Promover uma maior integração e participação social do indivíduo que apresenta transtorno mental.
Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental

 Terceiro momento: a Reforma Psiquiátrica depois da Lei Federal


10.216 - 2001, desinstitucionalização e consolidação dos CAPS

LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das


pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial
em saúde mental.

1989 foi apresentado o Projeto de Lei nº 3.657/89 pelo Deputado Paulo Delgado que propunha
extinção dos manicômios e regulamentação à internação compulsória.
RAPS instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088, de
23/12/2011
• Constitui-se a partir de 1991,
com as primeiras diretrizes
no âmbito do SUS;
Política • Tem sustentação jurídica;
Nacional de • Articula-se estruturalmente
Saúde Mental com a Política do SUS.
(PNSM) • Abre-se para a
LEI N. 10.216, Intersetorialidade como o
DE 6 DE ABRIL único futuro possível.
• Legitima-se em sua
DE 2001 efetividade e no apoio social.
Diretrizes da 1. Reestruturação da assistência psiquiátrica
hospitalar – desinstitucionalização.

Politica – Programa de redução planificada de


leitos – PNASH-Psiquiatria.

Nacional de
– Programa “De volta para Casa”.
– Expansão dos serviços residenciais
terapêuticos.
Saúde – Reorientação
judiciários.
dos manicômios

Mental: 2.
– Leitos em Hospitais Gerais.
Expansão e consolidação da rede de
atenção psicossocial (CAPS I, II, III, i e AD).
3. Inclusão das ações de saúde mental na
Atenção Básica.
4. Atenção integral a usuários de álcool e
drogas.
5. Programa Permanente de Formação de
profissionais para a Reforma Psiquiátrica.
6. Inclusão social e empoderamento: geração
de renda e trabalho, mobilização de
usuários e familiares.
Componentes da Rede de Atenção
Psicossocial
Serviços de Residência Terapêutica
Portaria 106 / MS, de 11 de Fevereiro de 2000

• Moradias inseridas na
comunidade (localizadas no
espaço urbano).
• Destinados a indivíduos com
transtornos mentais, egressos
de internações psiquiátricas de
longa permanência.
• Para os que não possuem
suporte social e laços
familiares e, que viabilizam sua
inserção social.
• Inseridos em Projetos
Terapêuticos e acompanhados
nos CAPS.

http://www.saude.am.gov.br/visualizar-noticia.php?id=3458
Sobre as • Mudanças no Modelo assistencial – instituições fechadas
baseadas na abstinência para uma rede de atenção integral
mudanças na que reduza à exclusão e a falta de cuidados.
Politica Nacional • Redução de danos como estratégia.
de Saúde Mental • Integração intra e intersetorial.
Desafios
Pesquisa aponta 83% dos profissionais de saúde com Síndrome de
Burnout: 'Desgastante'

• https://globoplay.globo.com/v/8835497/
https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/20
20/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf
COMUNIDADE
TERAPÊUTICA
https://www.youtube.com/watch?v=vdIfP6-
urIg
https://www.youtube.com/watch?v=vdIfP6-urIg
MEDICALIZAÇÃO
⮚ Escuta qualificada;

⮚ Trabalho multiprofissional e

interdisciplinar;

⮚ Encaminhamento aos

equipamento;

⮚ Acompanhamento;

⮚ Tratamento humanizado;

⮚ Cautela no prescrição de

psicotrópicos.
CUIDEM

Cuidem-se
Referências bibliográficas
• Brasil/MS. (1986). VIII Conferência Nacional de Saúde - Relatório Final. Brasília: Autor.
• Brasil/MS (2001). III Conferência Nacional de Saúde Mental. Brasília:Caderno de Textos.
• Devera, D., & Costa-Rosa, A. (2007). Historic landmarks of the brazilian psychiatric reform: transformations in legislation,
ideology and praxis. Revista de Psicologia da UNESP, 6(1), 60-79.
• LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm#:~:text
=L10216&text=LEI%20No%2010.216%2C%20DE,modelo%20assistencial%20em%20sa%C3%BAde%20mental.
• LEI N. 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE MENTAL. Dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Disponível em:
http://cgj.tjrj.jus.br/documents/1017893/1038413/politica-nac-saude-mental.pdf
• Medeiros, T. (1993). Uma história da Psiquiatria no Brasil. In J. F. Silva Filho & J. Russo (orgs.), Duzentos anos de psiquiatria.
Rio de Janeiro: Relume-Dumarã.
• Paparelli, R. Grupos de enfrentamento do desgaste mental no trabalho bancário: discutindo saúde mental do trabalhador
no sindicato. Rev. Bras. Saúde Ocup. n. 36, v. 126, 2011. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbso/v36n123/a13v36n123.pdf. ato
• Paparelli, R., Sato L., Oliveira, F. A Saúde Mental relacionada ao trabalho e os desafios aos profissionais da saúde. Rev.
Bras. Saúde Ocup. n. 36, v. 123, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbso/v36n123/a11v36n123.pdf. ● Jardim
S. Depressão e trabalho: ruptura de laço social. Rev. Bras. Saúde Ocup. n. 36, v. 123, 2011. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbso/v36n123/a08v36n123.pdf.
• Resende, H. (1987). Políticas de Saúde Mental no Brasil: uma visão histórica. In S. Tundis & N. R. Costa (orgs.), Cidadania e
Loucura: Políticas de Saúde Mental no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes.
• Seligmann-Silva E. et al. O mundo contemporâneo do trabalho e a saúde mental do trabalhador. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbso/v35n122/a02v35n122.pdf.
• Vieira I. Conceito(s) de burnout: questões atuais da pesquisa e a contribuição da clínica. Rev. Bras. Saúde Ocup. n. 35, v.
122, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbso/v35n122/a09v35n122.pdf.
• Vilela R. A. G., Silva R. C., Filho J. M. J. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre Agentes Comunitários de Saúde.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbso/v35n122/a11v35n122.pdf.

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