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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA

ATENÇÃO EM SAÚDE E O
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

Disciplina: Política de Saúde 


Professor(a): Adriana Mendes

03 de Março de 2021.
Ausência de Modelo de Saúde 
BRASIL COLÔNIA Chegada da Família
Real ao Brasil em
(1500-1822) 1808

• Não havia nesta época o interesse da saúde pela saúde


e sim pelos lucros através das exportações. 
• A família real começa a se preocupar mais com a saúde
e trouxeram pessoas ligadas a saúde.
POLÍTICA MÉDICA 
Foram formados os primeiros médicos do Brasil:
• 1a. Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de
Janeiro (1808);
• E em seguida a Academia Médico Cirúrgica do Rio de
Janeiro (1813).
Intervenção na
• 1822 – Urbanização das cidades - foram construídas condição de vida e
favelas e surgiram as periferias, a população pobre foi
forçada a sair das grandes cidades; Saúde da População
• Desigualdades Sociais em saúde.

Vigiar/Controlar o
aparecimento de
epidemias 
OS PRIMEIROS HOSPITAIS – SANTAS CASAS 
DE MISERICÓRDIA

 a partir do século XIX o


hospital assume nova função:
formação de médicos (1808).
 clientes: pobres, forasteiros;
soldados e marinheiros pobres; •
nos séculos XVII e VXIII:
instituição leiga ou eclesiástica,
de origem privada (misericórdia)
 não eram concebidas enquanto - sem fundamentação científica
“espaço terapêutico”; a idéia de -aspecto religioso e cultural.
cura é inexistente ou secundária
(hospitalidade; caridade,
compaixão); 

 Destas derivaram outras


entidades similares, como as
Beneficências Portuguesas,
Hospitais Filantrópicos
das comunidades Judaica,
Japonesa, Sírio-Libanesa, ou
mesmo ligadas a
movimentos da igreja
Católica,
 Santas Casas de Santos Protestante, Evangélica,
(1543); Salvador Espírita, entre outras,
(1549); Rio de Janeiro totalizando, até os dias
(1567); Vitória (1818); atuais, cerca de 2.100
São Paulo (1599); estabelecimentos de
João Pessoa (1602); saúde espalhados por todo o
Belém (1619); São Luís território brasileiro.
(1657), Campos (1792)
e Porto alegre (1803)
entre outras. 
Teoria Miasmática (BRASIL, 2005):

 Concebia as emanações de
 Considerava que o ar era o
elemento do meio físico
principal causador de
como seus agentes
doenças, pois carregava
responsáveis e insalubres,
gases pestilenciais oriundas
porque ainda não se conhecia
de matéria orgânica
a existência de
em putrefação.
microorganismos.
 Criação de um
estabelecimento de controle
sanitário (lazareto) para a
quarentena de viajantes e de
Alvará de 22 escravos portadores de
moléstias epidêmicas. 
de Janeiro
de 1810
(BRASIL,
2005):  A autoridade sanitária poderia
conceber o visto de
entrada das pessoas nas
cidades.
BRASIL IMPÉRIO (1822-1889)
• Ações de combate a doenças transmissíveis 
• Era bacteriológica 

1822 - 1889 - Proclamação da república, e


Dom Pedro I, teve um papel importante na
qual instaurou a vacinação contra varíola em
todas as crianças, que foi o marco histórico no
Brasil.

Dom Pedro I, também criou:- Instituto vacínico; - a


Lei da Junta central d e higiene pública,
para controlar a tuberculose, a malária e a
febre amarela (1850-1889).

Com o desenvolvimento da bacteriologia


(Era Bacteriológica) e da utilização de recursos que
possibilitam a descoberta de microorganismos,
foi identidicado o agente etiológico da doença,
concretizada na segunda metade do século XIX e
no início do século XX (BRASIL, 2005). 
Junta Central de Higiene Pública

• Foi uma instituição fundada durante a segunda metade do século XIX,


destinada a zelar meticulosamente pela preservação ou restauração da
saúde da sociedade. 

• Nesse sentido, produzia, geria e controlava as informações de todo e


qualquer assunto que remetesse à gestão competente e técnica da coisa
pública em termos salutares. 

• O objetivo da Junta Central de Higiene Pública era resolver o problema da


epidemia de febre amarela, assessorando o governo imperial a respeito das
medidas necessárias que deveriam ser tomadas para primeiramente
controlar a doença e posteriormente, após descobrirem o foco causador da
mazela, erradicá-la. 
Teoria da Unicausalidade 
• Superação da Teoria Miasmática  

O Modelo unicausal de compreensão da doença baseava-


se na existência de apenas uma causa(agente) para um
agravo da doença. Essa conpeção causou sucesso na
prevenção de diversas doenças infecciosas, mais
apresentou uma visão única em relação ao combate às
enfermidades em geral (BATISTELLA, 2007). 
REPÚBLICA VELHA (1889-1930)
 Avanço da bacteriologia;
 Medicina Higienista;
 Planejamento das cidades;
 Deonças de destaque: Cólera, peste bubônica, febre
amarela, varíola, tuberculose, hanseníase e febre tifóide.

Foi neste período, que a Medicina Higienista passou a ter ênfase no Brasil e a
determinar o planejamento urbano das grandes cidades. No momento em que
os tripulantes estrangeiros receavam desembarcar nos portos brasileiros, com
medo de contrair inúmeras doenças que se proliferavam aqui, o saneamento
foi a solução encontrada para melhorar a imagem do País no exterior
(BRASIL, 2005). 
Medidas Jurídicas Impositivas 

Notificação
de Vigilância
Doenças  Sanitária 

Vacinação
obrigatória 
Nomeação de Oswaldo Cruz para Diretor do
Departamento Federal de Saúde Pública (1903) 
Iniciativas governamentais:
-Combate à Febre Amarela;
- Desinfecção das casas
(queimavam lençois e colchões)
- Vacinação obrigatória anti-
varíola;
- Revolta da Vacina;
- Diretoria Geral de Saúde Pública
- modelo organizacional
- Registro Demográfico (elaborava
estratégias em saúde para o
diagnóstico das necessidades em
saúde).
Modelo Campanhista 

As campanhas contra febre amarela, peste bubônica e varíola, assim


como as medidas gerais destinadas a promoção de higiene urbana,
caracterizavam-se pela utilização de medidas jurídicas impositivas de
notificação de doenças, vacinação obrigatória e vacinação sanitária em
geral (BRASIL, 2005).  
Elementos das Ações de Saúde 
• Registro demográfico: conhecer a composição e os fatos vitais de
importância da população;
• Introdução ao laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico;
• Fabricação organizada de produtos profiláticos para serem utilizados pela
população.

1920 – Carlos Chagas descobre a Doença de Chagas; Inicia a


articulação das Políticas de saúde;

 Reestruturação do Departamento Nacional de Saúde 


 Propaganda
• Educação Sanitária 
ASSISTÊNCIA MÉDICO-PREVIDENCIÁRIA
Expandiram-se as atividades
de saneamento para outros
Estados.

Em 1923, foi celebrado o Considerada o marco do


convênio com o Brasil e a início da Previdência Social n
Fundação Rochefeller e o Brasil e que criou as Caixas
promulgada a Lei Eloy de Aposentadorias e
Chaves. Pensões (CAP).
Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS-1923)

 Organização das Empresas (privado);

 O contribuinte recebia a garantia de benefícios como


Aposentadoria e Assistência Médica;

 Trabalhadores contribuintes (carteira assinada)


1º CÓDIGO SANITÁRIO (31/12/1923)

• O Decreto No. 16.300, pôs em vigor o


Regulamento Sanitário Federal. Esse foi
o primeiro código sanitário nacional.

  Incluiu pela primeira vez a expressão


Vigilância Sanitária. Significado:
controle sanitário de pessoas doentes
ou suspeitas de doenças transmissíveis,
além do controle de estabelecimentos e
locais.
ERA VARGAS (1930-1964)
• 1930: Criação do Ministério da Educação e Saúde (MESP);

A Saúde Pública era de responsabilidade do MESP, ou melhor, tudo que fosse


relacionada a Saúde da população e que não se encontrava na área as medicina
previdenciária era desenvolvido pelo Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio. Nesse sentido o MESP prestava serviços para os identificados como
pré-cidadãos: os pobres, os desempregados, os que exerciam atividades
informais, ou seja, as pessoas que não eram seguradas pela Previdência Social
(BRASIL, 2005). 

• 1933: Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAP) , organização dos


trabalhadores em categorias profissionais;

• 1953: Criação do Ministério da Saúde.


ERA VARGAS (1930-1964)

Getúlio Vargas no poder - Política não participativa;

1941 - I CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE. 

Ministério do Trabalho - Imposição das Leis trabalhistas;

Modelo centrado em grandes hospitais, equipamentos


sofisticados e caráter curativo. (não havia nesta época
o conceito de saúde ampliado).
SESP - Serviço Especial de Saúde Pública (1942)

Foco: áreas geográficas distantes e carentes para cuidar da população de forma eficaz,
por meio da informação, permanece na busca pela garantia dos direitos de
cidadãos oriundos de áreas menos assistidas. Mais do que o apoio técnico e
financeiro, que garantem a água, o esgotamento sanitário, o despejo e tratamento
dos resíduos, ela oferece dignidade..

Mediante a lei nº 3.750, de 1960, o SESP foi transformado em Fundação vinculada


ao Ministério da Saúde, Fundação Serviço de Saúde Pública, adquirindo caráter
permanente. Entretanto, a partir de 1990, foi extinta passando a integrar junto
com a Superintendência Nacional de Campanhas (Sucam) um novo órgão
denominado Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com sede em Brasília.
Em 2017, a história do SESP completou 75 anos. São 75 anos lutando pela
promoção da saúde pública e pela inclusão social.
CLT e MS

Focos: malária, doença de
Chagas, peste bubônica e
febre amarela.

Década de 1950: criação do


Ministério da Saúde, no Rio
de Janeiro. II CONFERÊNCIA
NACIONAL DE SAÚDE. 

Em 1943 foi criada a CLT


(Consolidação das Leis do
Trabalho).
Garante assistência médica,
licença remunerada,
gestante trabalhadora e a
jornada de trabalho de oito
horas.
Golpe Militar – 1964 – O
poder militar assume as Foram adotadas políticas
AUTORITARISMO organizações
do País; Alteração das
voltadas para a população
urbana;
(1964-1985) Políticas Públicas do País;

 A Saúde pública era de baixa


qualidade e limitada;
Todo empregado era
 1966: Fusão dos IAP´s, o que contribuinte automático e
resultou a Criação do Instituto Crise no sistema obrigatório, com
Nacional de Previdência Social previdenciário; altas índices
de arrecadações
(INPS); econômicas;

 1977: Criação do Instituto Nacional


de Assistência Médica e
Previdência Social (INAMPS) 

Privilégios ao setor privado


Iniciam alocação de recursos
através da compra de
públicos em iniciativas
serviços de assistência
privadas;
médica.
1970: Movimento de Reforma Sanitária 

O Movimento de Reforma Sanitária surgiu da indignação dos setores


da sociedade sobre o dramático quadro do setor de saúde. O
movimento atingiu sua maturidade a partir do fim da década de 1970
e princípio dos anos 1980 e mantem-se mobilizado até o presente. Ele
é formados por técnicos e intelectuais, partidos políticos, diferentes
correntes e tendências e movimentos sociais diversos. Um dos marcos
dessa luta foi a realização da 8ª Conferência de Saúde , em 1986
(BRASIL, 2007).
1975: V Conferência Nacional de Saúde

Começou a se impor ao Estado a


necessidade de se converter a
 Reconhecimento da Crise no política de saúde adotada até
Setor Saúde então.

 Más condições de vida da Organização do Sistema Nacional


população de baixa renda e a de Saúde. Este propõe
política de saúde se caracterizava a integração da Medicina
pelo descaso com as medidas de Previdenciária e da Saúde
saúde pública. Pública através da rearticulação
entre as diversas esferas do
governo: os diferentes
Ministérios, Secretarias Estaduais
e Municipais de Saúde e entre os
órgãos governamentais e o
setor privado.
1977: VI Conferência Nacional de Saúde

2. Operacionalização dos novos


diplomas legais básicos
4. Política Nacional de Saúde.
aprovados pelo governo federal
em matéria de saúde; 

1. Situação atual do controle 3. Interiorização dos serviços de


das grandes endemias;  saúde;  
 1980 - VII Conferência Nacional
de Saúde.

1978: Conferência
Alma-Ata
Germinou o debate entre os vários
países sobre a importância da
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, e
que impulsionou o debate de um
novo Modelo de Saúde no Brasil. 

 No discurso de abertura, o diretor geral


da Organização Mundial da Saúde (OMS)
questionou os participantes sobre o
interesse e compromisso em modificar o
quadro da saúde no Brasil e alcançar
o objetivo de saúde para todos no ano
2000.
CONASP e AIS

 Instituição do Plano CONASP


(Conselho consultivo de
Administração da Saúde
1981 Previdenciária). O plano se dividia
em três grandes grupos de
programas, um deles eram as
Ações Integradas em Saúde (AIS);

Criação das AIS. Essa foi uma das


primeiras experiências com um
1983
sistema de saúde mais integrado
e articulado (RONCALI, 2003). 
NOVA REPÚBLICA (1985-1988)
1986: 8a. Conferência Nacional de Saúde 

Pela primeira vez, na história do país, essa


Conferência permitiu a participação da
sociedade civil organizada no processo de
contrução de um novo ideário para a saúde.
Foi norteada pelo princípio da "Saúde como
direito de todos e dever do Estado". Suas
principais deliberações foram a base para a
institucionalização do SUS pela constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 2007). 
NOVA REPÚBLICA (1985-1988)
1987: Criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde
(SUDS)

Enquanto se aprofundavam as discussões sobre o


financiamento e a operacionalização para a constituição do
Sistema Único de Saúde (SUS), em julho de 1987, criou-se o
SUDS, cujos princípios básicos eram, também: a equidade, a
descentralização, a regionalização, a hierarquização e a
participação comunitária (BRASIL, 2011). 
NOVA REPÚBLICA (1985-1988)
1988: Institucionalização do SUS pela Constituição Federal de 1988, com
disposições sobre a Seguridade Social nos arts. 194 e 195 e, em relação à saúde, nos
arts. 196 a 200. 

1990: Regulamentação do SUS pelas Leis Orgânicas da Saúde: Lei nº 8.080/1990,


que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
providências; a Lei nº 8.142, que dispõe sobre a participação da comunidade na
gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros
na área de saúde e dá outras providências. 
PRÓXIMA AULA VEREMOS... OS MODELOS DE ATENÇÃO À
SAÚDE

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