Você está na página 1de 5

ESTUDO DIRIGIDO DE PSICOPATOLOGIA

1. A respeito do conceito de doença mental seria correto afirmar que o


modo como as sociedades reagem ao que estabelecem como
anormalidade, depende de seus valores e suposições sobre as ações
humanas? Explique.
Sim, pois tudo que era considerado “anormalidade” era frequentemente
atribuído à eventos sobrenaturais, exemplo disso era a crença de que pessoas
que apresentavam comportamentos incomuns estariam possuídas por espíritos
ou demônios malignos.

2. Durante muito tempo acreditava-se que que as pessoas que


apresentavam comportamentos incomuns, estivessem possuídas
por espíritos ou demônios malignos. Seria correto afirmarmos que
era dito que as pessoas estavam possuídas pelo “demônio”
quando apresentavam alguma alteração em seu modo de ser e se
comportar?
Não, pois quem apresentava esses comportamentos incomuns estavam
acometidos por alguma condição psicológica.

3. De acordo com o texto “Implicações práticas do conceito de


doença mental” quais eram os tratamentos oferecidos para época?
O tratamento típico era usar encantamentos, preces ou poções para persuadir
o demônio a ir embora. Também utilizava-se de punições físicas, como,
apedrejar ou açoitar, estas eram um meio de forçar os demônios para fora do
corpo da pessoa possuída.

4. Porque o comportamento incomum era submetido a práticas de


exorcismo na época?
Porque ele era visto como algo sobrenatural, como se a pessoa estivesse
possuída por demônios ou espíritos malignos.

5. Vimos que a doença mental não tem mesmo duzentos anos, que a
intervenção da medicina, com relação ao louco, em vez de ser
atemporal é, historicamente datada. Seria correto dizer que os
loucos assumiram uma espécie de herdeiros da lepra? Explique.
Havia uma segregação daqueles que apresentavam os comportamentos
incomuns, e estes eram punidos, exorcizados e confinados por conta destes
comportamentos.

6. Discorra a respeito da “Nau dos loucos” e do “Martelo das Bruxas”.


A Nau dos loucos era uma espaço de loucura, um barco que deslizava ao
longo dos rios e levava os loucos de uma cidade para outra, isto ocorreu no
final da Idade Média até o século XVII. Isto já mostrava a exclusão da loucura e
uma ambiguidade que ao mesmo tempo que se exclui a loucura era também
acolhida pelos portos das cidades.
O Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) era um manuel de caça às bruxas
utilizado pelos religiosos como guia técnico de exorcismo. Assim, o manual
igualava o comportamento incomum com possessão demoníaca e supunha-se
que as pessoas possuídas fossem bruxas. Portanto, para expulsar os
demônios as bruxas deveriam ser mortas, muitas vezes sendo queimadas
vivas.
7. Sobre o hospital geral e as internações realizadas, em sua opinião,
porque a loucura era reduzida ao silêncio? 
A sociedade não aceitava aqueles que eram diferentes ou que não
correspondia á determinados padrões da época, por isso era muito mais fácil
excluir e confinar estas pessoas; Era uma forma de não lidar com o diferente.

8. Explique a frase: A loucura é a impossibilidade do pensar, ou seja a


desrazão”.
A loucura seria o registro da desrazão, o único reconhecido como detentor da
verdade na modernidade seria a razão, aquela que quando se perde
instantaneamente a possibilidade de ser escutada, entendida e valorizada.
9. O que o hospital geral representou para sua época. Descreva.
Na sua época o Hospital Geral significou a ruptura com o Renascimento e um
surgimento de uma nova percepção da loucura, que seria chamada de
desrazão, durante essa época as internações feitas eram em sua grande
maioria por motivos políticos, sociais, econômicos, religiosos e morais, mesmo
que houvesse uma ausência de alguma patologia, com isso foi criado uma
espécie de classicismo, no qual eram vistos internados os pobres, os
devassos, os suicidas, assassinos, homossexuais e os loucos, constituindo
assim a desrazão, que foi o fator marcante dessa época.

10. Você acredita que os internos constituem a categoria dos inúteis


sociais legitimando sua exclusão? Explique baseado na noção do
jogo de poder social para época.  Os internos constituem a categoria
dos inúteis sociais legitimando, assim, a sua exclusão, os associais. Há
todo um jogo de poder que cria a desrazão, que a isola e exerce tutela
sobre ela. A desrazão é desarmada, localizada e constituída como
personagem – a outra coisa.

11. Existia alguma relação entre loucura, desrazão e pobreza?


Explique. Sim. A grande internação tem motivos políticos, sociais,
econômicos, religiosos e morais. A igreja junta-se ao poder real e a
burguesia participando do movimento. Sob esse gesto, vão encontrar-se
atrás dos muros dos hospitais gerais, os pobres, os devassos, os
suicidas, os assassinos, os homossexuais e os loucos, ambos eram
excluídos, passando a ser internos no hospital geral constituindo assim a
categoria dos inúteis sociais legitimando, assim, a sua exclusão, os
associais.
12. Quando a loucura começa a aparecer como um problema de difícil
solução? Os loucos são remetidos às suas famílias, porém essas se
mostram incapazes de resolver o problema. No final do século XVIII, a
medicina e a prática do internamento aproximam-se como objetivo de
uma primeira convergência. 

13. Os considerados loucos poderiam fazer parte da sociedade de


forma livre? Explique. Não. A loucura encontra-se na mesma situação
dos prisioneiros e condenados. Se aos pobres prescreviam-se o
trabalho, estava fora de cogitação deixar os loucos se misturar à
sociedade.

14. Discorra sobre como ocorreu a abertura para o surgimento de um


espaço destinado aos loucos: os asilos. A função médica nos asilos
foi introduzida no dia 25 de agosto de 1793, com a entrada do médico
francês Philippe Pinel para as enfermarias do Bicêtre, em Paris, onde
começava a ser percebido que o comportamento-problema deveria ser
tratado pela medicina: assim, nasceu a psiquiatria e, com ela, o conceito
de doença mental. Esse fato passou a ser considerado pela história
como a Primeira Revolução Psiquiátrica.  O asilo, em sua estrutura e
seus procedimentos, aparece como uma instituição integrante da ordem
social. Assim como o grande internamento foi um fato da Idade Clássica,
o asilo é um fato do final do século XVIII, fazendo parte da nova forma
com que a sociedade agora se expressa. A vida asilar permite o
nascimento daquela estrutura como um espaço onde se busca a origem
da loucura nas causas orgânicas ou nas disposições hereditárias, fato
que ainda continua sendo registrado nos dias atuais. 

15. Qual a relação da nova forma de poder dentro da medicina “a


psiquiatria” para a nova forma de internamento? A loucura
individualiza-se no plano do conhecimento e muda de figura no plano da
percepção, dando lugar a uma nova forma de internamento.

16. Em sua opinião a concepção de comportamentos bizarros como


sintomas de psicose, dificulta a sua compreensão e dá margens a
explicações não científicas? Explique. Sim, um exemplo disso é a
mania que nós temos de definir como patologia qualquer tipo de
comportamento que seja “incomum”, por exemplo, uma pessoa que
normalmente é legal, conversadora, tem um episódio no qual ela age de
forma completamente diferente, logo pensamos que possa ser que ela
tenha algum transtorno de identidade, com isso estamos reduzindo o
indivíduo a nossa frente apenas a um comportamento que ocorreu em
um contexto específico e não compreendendo ele em sua totalidade.  

17. Os transtornos mentais possuem marcadores biológicos que os


definem? Explique. Não, pois tudo aquilo que se nomeia de
psicopatologia é fundamentada em comportamentos. E os
comportamentos devem ser investigados com o uso de operações
experimentais.
18. Sobre a reforma psiquiátrica seria suficiente mudar as instituições
em que se presta assistência, ou também precisariam ser levadas
em conta as características das práticas exercidas no interior
destas? Não seria suficiente mudar as instituições em que se presta
assistência, dito que as práticas internas dessas instituições trazem
muito mais danos aos internados.

19. Qual nome dado para atual política pública destinada à assistência
a pessoas com transtornos psiquiátricos graves em vigor no
Brasil? Política nacional de saúde mental

20. Quais são as que as principais estratégias da Política nacional de


saúde mental?
• Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria
(PNASH/Psiquiatria) (2002)
• Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica no
SUS (PRH) (2004)
• Programa de Volta para Casa (2003)
• Expansão de serviços como as Residências Terapêuticas e o CAPS
• Programa de Inclusão Social pelo Trabalho das pessoas com transtornos
mentais e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas – 2005
• PSF – integralidade – década de 90
• Centros de Convivência e Cultura – 2002
• outros

21. No cenário atual de saúde mental busca-se alternativas que


possibilitem a harmonia nessas relações, sendo estas ações
consideradas de extrema necessidade. Desse modo, falar de Saúde
Mental é falar de que? Explique. É falar de  Participação, atenção
Básica (organização Política), diferenças (gênero, raça, etnia, religião,
sexualidade.... ), saúde  Educação, justiça, trabalho, cultura, alimentação
e habitação. Pois a saúde mental não é somente pautada em ausência
de doença e sim bem estar.

22. Quais são as principais características constituintes do modelo


assistencial em saúde mental? Considerando os apontamentos de
Basaglia (1985). Basaglia (1985) afirma a partir de alguns exemplos de
práticas desenvolvidas em escolas e manicômios que nessas
instituições é notória a divisão entre quem tem o poder e aqueles que
não têm, sendo perceptível uma “relação de opressão e de violência
entre poder e não poder, que se transforma em exclusão do segundo
pelo primeiro” (Basaglia, 1985, p. 101).

23. Qual importância do atendimento integral ao indivíduo que busca


serviços em saúde mental, considerando a atuação de uma equipe
multidisciplinar e transdisciplinar. A qualidade do atendimento deve
ser garantida integralmente, pois a recuperação do paciente tal exige
atenção, para sua estabilização.

24. Como você explicaria o modelo médico baseado apenas em


internações psiquiátricas, como principal modo de atuação para
época? O bem estar do paciente e da família não se trata de
simplesmente internação, prescrever um ansiolítico ou desenvolver uma
psicoterapia que possibilite ao indivíduo sobreviver à ansiedade, mas de
compreender o porquê da ansiedade e do sofrimento psíquico, no
âmbito de sua vida comunitária, para poder, então, tratá-la.

25. Explique o seguinte trecho: “O ser humano – doente ou sadio - está


implicado no mundo e sua abertura a este mundo histórico não é
um a priori ou uma ilusão, mas uma característica inerente ao ser”.
O texto traz a reflexão sobre a ligação do ser humano ao mundo,
independente de sua saúde, sendo uma peculiaridade do existir.

26. Quais as principais contribuições da psicopatologia crítica para o


seu entendimento? Descreva. A proposta de uma psicopatologia
crítica inclui a priorização de uma lente cultural que possibilite uma
análise histórica e ideológica da doença mental, rompendo,
radicalmente, com os modelos mais conhecidos de psicopatologia que
atribuem a origem e responsabilidade da doença mental ao indivíduo. A
psicopatologia crítica não pretende uma neutralidade científica. Com
este princípio esta proposta também se diferencia radicalmente do que é
ensinado como dogma na clínica psicológica e psiquiátrica tradicional.

27. O que estamos dizendo quando afirmamos que há dentro da


psicopatologia crítica uma compreensão de que está existindo
atualmente uma “gripe da saúde mental? A patologia mental é
culturalmente determinada através de processos sociais e ideológicos
de opressão que, por sua vez, também geram, obviamente, sofrimento
psíquico. O perigo é tratar este sofrimento psíquico como se fosse
doença, que é o que acontece na ‘cultura da psicopatologia’ na
sociedade em que vivemos. Antidepressivos são prescritos para alguém
que vive o luto pela perda de um ente querido e ansiolíticos para dar
conta da vida competitiva do mundo pós moderno.

Você também pode gostar