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FLUVOXAMINA:

EFICÁCIA ANTIDEPRESSIVA

O
transtorno depressivo maior (TDM) afeta aproxi- A doença compromete significativamente o funcionamento
madamente 350 milhões de indivíduos em todo o habitual dos pacientes e a sua qualidade de vida1. Estudos
mundo1 e é uma das principais causas de incapa- recentes demonstraram que o TDM promove maior incapaci-
cidade. Estudos clínicos mostram que a fluvoxamina tem dade do que outras doenças crônicas, como diabetes, doen-
eficácia semelhante à dos demais antidepressivos e repre- ças respiratórias, doenças cardíacas ou artrite1. No México, o
senta uma alternativa também eficaz para crianças e ado- TDM é a principal causa de perda de anos de vida ajustados
lescentes com fobia social, transtorno de ansiedade de pela incapacidade em mulheres e a nova causa entre os ho-
separação e transtorno de ansiedade generalizada2,3. Estima- mens1. Apesar de existirem diversos tipos de psicoterapia, a
-se que o transtorno depressivo maior afete mais de 16% intervenção farmacológica é a primeira opção no tratamento
da população adulta em algum momento da vida e pode do TDM, e os antidepressivos desempenham um papel im-
envolver, entre os fatores incapacitantes, limitações físicas, portante2,4. Estima-se que aproximadamente 27 milhões de
mentais e sociais, além de se associar ao aumento do risco indivíduos recebam terapia antidepressiva nos EUA, sendo os
de morte prematura1 . O TDM se inicia em idade jovem e antidepressivos de segunda geração os mais prescritos, já re-
é mais comum em mulheres (10,4%) do que em homens1. presentando a quarta classe de medicamentos mais vendida4.

DEPRESSÃO: PERFIL FARMACOLÓGICO


DA FLUVOXAMINA

Os antidepressivos de segunda geração incluem os ISRSs duzida pelo estresse7. Os fármacos que têm ligação específica
(fluoxetina, paroxetina, citalopram, escitalopram, sertralina, com receptores sigma-1 apresentam perfil farmacológico úni-
fluvoxamina), os inibidores da recaptação de serotonina e co, pois a ativação desses receptores promove a neurogênese
noradrenalina (IRSNs) (venlafaxina, desvenlafaxina, duloxeti- e induz a plasticidade neuronal adaptativa como mecanismos
na) e outros fármacos com mecanismos de ação relacionados de proteção ao estresse7. A fluvoxamina é um potente agonista
(bupropiona, mirtazapina, trazodona, nefazodona)4. dos receptores sigma-1 que se associou à melhora de modelos
Os ISRSs são diferentes quimicamente entre si e diferen- animais portadores de psicose, depressão, estresse, ansiedade,
tes dos antidepressivos de outras classes, como os tricíclicos transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e agressividade, além
e tetracíclicos6. A fluvoxamina é o único ISRS com estrutura de ter diminuído a piora cognitiva7. Em seres humanos, a flu-
monocíclica; ela pertence aos éteres de oxima de aminoetilo voxamina poderia reparar a atrofia do sistema nervoso central
alquil-cetonas, o que explica o seu perfil farmacológico dis- e restaurar a função cognitiva7.
tinto6. Os ISRSs exercem efeito antidepressivo pelo bloqueio
seletivo dos transportadores de serotonina (5-hidroxitripta- FLUVOXAMINA: EFICÁCIA ANTIDEPRESSIVA
mina, 5-HT) no cérebro6.
Por sua ação sobre os receptores neuronais sigma-1, a Embora os antidepressivos de segunda geração, como
fluvoxamina tem efeito neuroprotetor, o que ajuda a melho- a fluvoxamina, sejam considerados os fármacos de escolha
rar o desempenho cognitivo dos pacientes com depressão7. para o tratamento do TDM, existem controvérsias quando
Foi demonstrado que a fluvoxamina tem alta afinidade pelos são comparados seus benefícios e riscos com os de diferen-
receptores sigma-1, que têm papel importante em disfun- tes antidepressivos 4. Foi realizada uma metanálise com 234
ções como psicose e agressividade5. A afinidade pelo recep- estudos clínicos randomizados e controlados para comparar
tor sigma-1, acompanhada da baixa afinidade pelos demais os efeitos benéficos e adversos dos diferentes antidepres-
receptores, explicaria a maior eficácia da fluvoxamina na de- sivos de segunda geração no tratamento das fases aguda,
pressão psicótica5. de continuação e de manutenção do TDM 4. Demonstrou-se
O funcionamento normal do sistema cognitivo é um im- que, apesar de não haver diferenças clinicamente relevan-
portante mecanismo de defesa contra o estresse e minimiza os tes de eficácia entre os diversos antidepressivos de segunda
sintomas residuais que interferem na remissão da doença e na geração, incluindo a fluvoxamina (Figura 1), existem diferen-
recuperação do paciente7. Uma característica dos indivíduos ças significativas quanto ao início da ação e à incidência de
com TDM é a piora cognitiva causada por atrofia neuronal in- efeitos adversos 4.
FIGURA 1
Comparação da eficácia na fase aguda do tratamento do
TDM: fluvoxamina versus outros antidepressivos de segunda geração

Comparação Razón de Odds (IC de 95%)

Citalopram vs. fluvoxamina 0.86 (0.46-1.81)

Escitalopram vs. fluvoxamina 1.20 (0.46-2.60)

Fluoxetina vs. fluvoxamina 1.83 (0.68-4.03)

Fluvoxamina vs. paroxetina 0.65 (0.29-1.77)

Fluvoxamina vs. sertralina 0.67 (0.30-1.80)

Fluvoxamina vs. desvenlafaxina 0.68 (0.30-1.89)

Fluvoxamina vs. duloxetina 0.62 (0.28-1.64)

Fluvoxamina vs. venlafaxina 0.78 (0.35-2.13)

Fluvoxamina vs. bupropiona 0.59 (0.26-1.65)

Fluvoxamina vs. mirtazapina 0.77 (0.33-2.32)

Fluvoxamina vs. nefazodona 0.67 (0.28-2.05)

Fluvoxamina vs. trazodona 0.52 (0.22-1.58)

l l l l l
0.2 0.5 1 2 5

Favorece o primeiro fármaco Favorece o segundo fármaco


Adaptado de Gartlehner G y cols. Ann Intern Med 2011 1

O transtorno de ansiedade é a doença psiquiátrica mais medida a evolução pela escala de Impressão Clínica Glo-
frequente em crianças, porém a maioria delas não rece- bal de Melhora, com pontuação total variando de 1 a 87.
be tratamento3. Na população pediátrica, a fobia social, o A dose da fluvoxamina foi aumentada em 50 mg/ semana
transtorno de ansiedade de separação e o transtorno de até o máximo de 300 mg/dia em adolescentes e de 250 mg/
ansiedade generalizada são causas de estresse e angús- dia em crianças com menos de 12 anos de idade3.
tia que interferem no funcionamento escolar e social3. Por O grupo fluvoxamina apresentou redução média de
outro lado, os transtornos de ansiedade que se iniciam na 9,7±6,9 pontos na Escala de Avaliação da Ansiedade Pedi-
infância são preditores de aumento do risco de distúrbios átrica, enquanto o grupo placebo exibiu redução média de
psiquiátricos posteriores na ordem de duas a cinco vezes – 3,1±4,8 pontos (p < 0,001)3. A superioridade da fluvoxamina
como TDM, tentativa de suicídio, internação hospitalar por foi observada a partir da terceira semana de tratamento,
doença psiquiátrica, entre outros3. Os ISRSs são fármacos com aumento progressivo até a sexta semana e, então, ma-
eficazes no tratamento de pacientes adultos com distúrbios nutenção do efeito até o final do estudo (Figura 2)3. Pela
do humor e ansiedade; contudo, ainda são limitados os da- escala de Impressão Clínica Global de Melhora, 76% das
dos sobre a segurança e a eficácia em crianças com trans- crianças do grupo fluvoxamina apresentam resposta ao
tornos de ansiedade3. tratamento – definida como pontuação menor que 4 –,
Dessa forma, nos EUA, foi realizado um estudo rando- enquanto que no grupo placebo o índice foi de apenas
mizado e duplo-cego que incluiu 128 crianças e adoles- 29% (p < 0,001) (Figura 3)3. A fluvoxamina é um fármaco
centes com idade entre 6 e 17 anos e diagnóstico de fobia eficaz em crianças e adolescentes com fobia social, trans-
social, transtorno de ansiedade de separação ou transtor- torno de ansiedade de separação ou transtorno de ansie-
no de ansiedade generalizada (segundo os critérios da 4ª dade generalizada3.
edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtor-
nos Mentais [DSM]) que não haviam apresentado melho-
ra após três semanas de tratamento psicológico3. Os pa-
cientes foram randomizados para receber fluvoxamina (n
= 63) ou placebo (n = 65) por oito semanas; a cada sete
dias foi aferida a pontuação da Escala de Avaliação da An-
siedade Pediátrica, que variou de zero a 25, sendo 25 o
maior grau de ansiedade; ao final do estudo, também foi
FIGURA 2 FIGURA 3
Escala de Avaliação da Ansiedade Pediátrica durante oito Ansiedade na população pediátrica: avaliação da melhora clínica global
semanas de tratamento: fluvoxamina versus placebo durante oito semanas: fluvoxamina versus placebo

20 - 100 -
p <0.001

Porcentagem de resposta acumulada


Placebo
15 - 80 -
Pontuação média

Fluvoxamina
Fluvoxamina 60 -
10 - *
* *

* 40 -
5- *
* p <0.001
Semana 20 -
0 -l Placebo
l l l l l l l l
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0- l l l l l l l l

1 2 3 4 5 6 7 8
Pontuação da Escala de Avaliação da Ansiedade Pediátrica
Semana
Adaptado de Walkup JT y cols. N Engl J Med 20017
Semana Fluvoxamina
0 1 2 3 4 5 6 8
18.7 15.4 13.4 12.0 11.1 10.6 7.6 7.1
± 2.9 ± 5.4 ± 5.7 ± 5.4 ± 6.0 ± 6.1 ± 5.6 ± 6.1
CONCLUSÕES
Estudos clínicos e relatos de farmacovigilân-
Semana Placebo cia demonstraram que a fluvoxamina é tão eficaz
0 1 2 3 4 5 6 8
quanto os demais fármacos de seu grupo no trata-
19.0 17.0 16.8 16.7 15.4 15.3 14.5 15.7
± 3.0 ± 3.6 ± 4.3 ± 4.0 ± 4.6 ± 4.4 ± 5.0 ± 5.4 mento do TDM, sendo eficaz também no tratamen-
to dos transtornos de ansiedade.
Adaptado de Walkup JT y cols. N Engl J Med 20017

REFERÊNCIAS
1. Berenzon S, Lara MA, Robles R, Medina-Mora ME. Depression: state of the art and 4. Gartlehner G, Hansen RA, Morgan LC, Thaler K, Lux L, Van Noord M, Mager U, Thie-
the need for public policy and action plans in Mexico. Salud Pública Mex 2013;55:74- da P, Gaynes BN, Wilkins T, Strobelberger M, Lloyd S, Reichenpfader U, Lohr KN. Com-
80. parative benefits and harms of second-generation antidepressants for treating major
2. Omori IM, Watanabe N, Nakagawa A, Akechi T, Cipriani A, Barbui C, McGuire H, depressive disorder: an updated meta-analysis. Ann Intern Med 2011;155:772-785.
Churchill R, Furukawa TA; Meta-Analysis of New Generation Antidepressants (MAN- 5. Westenberg HG, Sandner C. Tolerability and safety of fluvoxamine and other anti-
GA) Study Group. Efficacy, tolerability and side-effect profile of fluvoxamine for major depressants. Int J Clin Pract 2006;60:482-491.
depression: meta-analysis. J Psychopharmacol 2009;23:539-550. 6. Arima Y, Kubo C, Tsujimoto M, Ohtani H, Sawada Y. Improvement of dry mouth by
3. Walkup JT, Labellarte MJ, Riddle MA, y cols.; The Research Unit on Pediatric Psycho- replacing paroxetine with fluvoxamine. Ann Pharmacother 2005;39:567-571.
pharmacology Anxiety Study Group. Fluvoxamine for the treatment of anxiety disor- 7. Hindmarch I, Hashimoto K. Cognition and depression: the effects of fluvoxamine,
ders in children and adolescents. N Engl J Med 2001;344:1279-1285. a sigma-1 receptor agonist, reconsidered. Hum Psychopharmacol 2010;25:193-200.
FLUVOXAMINA:
PERFIL DE SEGURANÇA E TOLERABILIDADE

O
transtorno depressivo maior (TDM) afeta até 16% da
FIGURA 2
população adulta em algum momento da vida, sendo Potência relativa de ligação ao transportador de noradrenalina.
uma das principais causas de incapacidade1. As proprie- Valores comparativos da concentração inibitória média (CI50):
dades farmacológicas da fluvoxamina, como a baixa afinidade fluvoxamina versus outros antidepressivos
pelos receptores muscarínicos e histaminérgicos, a diferenciam
de outros antidepressivos e conferem a ela o atributo da inci- Desmetilcitalopram CI50: 740
dência reduzida de efeitos adversos2. O tratamento farmacoló-
gico é a primeira opção no TDM, com destaque para os fárma- Fluvoxamina CI50: 620
cos antidepressivos2,4. Desde o desenvolvimento dos clássicos
antidepressivos tricíclicos, tem sido crescente o uso de outros Venlafaxina CI50: 620
fármacos dessa natureza, especialmente depois do surgimento
dos antidepressivos de segunda geração, como os inibidores Fluoxetina CI50: 370
seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), que são mais bem
tolerados que os tricíclicos3. Sertralina CI50: 160
Os ISRSs exercem efeito antidepressivo pelo bloqueio se-
letivo dos transportadores de serotonina (5-hidroxitriptamina, Paroxetina CI50: 81
5-HT) no cérebro2. Contudo, seu espectro de ação se estende
para além do bloqueio serotoninérgico, podendo envolver a
Desmetilcitalopram: componente ativo do citalopram
inibição de receptores para outros neurotransmissores, o que
Adaptado de Westenberg HG e Sandner C. Int J Clin Pract 20064
contribui para o surgimento de efeitos adversos2.
Dessa forma, a sertralina apresenta certa potência sobre o Os antidepressivos com afinidade pelos receptores mus-
receptor α1-adrenérgico, enquanto a fluoxetina tem afinidade carínicos e histamínicos frequentemente se associam a efeitos
significativa pelos receptores 5-HT2 C2. Em comparação com adversos2. A fluvoxamina é o único ISRS com estrutura mono-
outros ISRSs, a paroxetina possui maior seletividade pelo re- cíclica; ela pertence aos éteres de oxima de aminoetilo alquil-
ceptor muscarínico, motivo pelo qual, em doses altas, ou doses -cetonas, o que explica o seu perfil farmacológico distinto2. Por
baixas em indivíduos com metabolismo lento, ela pode causar outro lado, a fluvoxamina exibe baixa ligação com os receptores
efeitos adversos colinérgicos, como boca seca, constipação, muscarínicos e histamínicos H1 e com os transportadores de
tontura, taquicardia, embaçamento visual, retenção urinária e noradrenalina2. Um estudo demonstrou que a substituição da
fadiga (Figura 1)2. Outros efeitos colinérgicos não desejados paroxetina pela fluvoxamina 50 mg/dia melhora o sintoma de
são problemas de memória, confusão, dificuldade de concen- boca seca desde o primeiro mês5.
tração e disfunção sexual2. A paroxetina ainda apresenta alta Entre os ISRSs, o citalopram tem a maior afinidade pelos
afinidade pelos transportadores de noradrenalina (Figura 2)2. receptores histamínicos H1 (Figura 3)2. Frequentemente, essa

FIGURA 1 FIGURA 3
Potência relativa de ligação a receptores muscarínicos. Potência relativa de ligação a receptores histamínicos H1.
Valores comparativos da concentração inibitória média (CI50): Valores comparativos de Ki (constante de dissociação):
fluvoxamina versus outros antidepressivos fluvoxamina versus outros antidepressivos

Fluvoxamina CI50: 34 Fluvoxamina Ki: 29,250

Venlafaxina CI50: 11 Paroxetina Ki: 23,770

Citalopram CI50: 5600 Venlafaxina Ki: 11

Fluoxetina CI50: 3100


Sertralina Ki: 6578

Sertralina CI50: 1100


Fluoxetina Ki: 1548
Paroxetina CI50: 210
Citalopram Ki: 283
Adaptado de Westenberg HG e Sandner C. Int J Clin Pract 2006 4

Adaptado de Westenberg HG e Sandner C. Int J Clin Pract 20064


propriedade é associada a sonolência, sedação, disfunção se- Por outro lado, a venlafaxina foi associada ao aumento
xual, ganho de peso, problemas de memória, déficit de aten- da frequência cardíaca e da pressão arterial2. Em estudo com
ção e alterações psicomotoras2. 3.744 pacientes com TDM, a venlafaxina provocou aumento
Ainda, diversos antidepressivos podem provocar piora dose-dependente da pressão arterial diastólica e favoreceu a
cognitiva relevante devido a suas ações α-adrenérgicas, an- ocorrência de crises hipertensivas, o que obrigou a monito-
ticolinérgicas e anti-histamínicas6. Por sua vez, a fluvoxamina, ração regular da pressão arterial dos participantes e suscitou
por ação agonista sobre os receptores sigma-1, se associa a a recomendação de sua interrupção nos pacientes que apre-
redução da piora cognitiva6. sentaram aumento sustentado da pressão arterial2.
Por sua vez, os antidepressivos tricíclicos se associara a
maior número de casos de hipotensão ou bradicardia do que a
PERFIL DE SEGURANÇA E TOLERABILIDADE fluvoxamina, enquanto que hipertensão ou taquicardia foram
DA FLUVOXAMINA: VANTAGENS SOBRE mais frequentes nos indivíduos que receberam milnaciprana
OUTROS ANTIDEPRESSIVOS do que naqueles que receberam fluvoxamina3. Devido ao seu
perfil de segurança cardiovascular, a fluvoxamina é uma opção
Desde o início da comercialização, os ISRSs e os inibi- segura nos pacientes com doença cardiovascular2.
dores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSNs) Entre as reações adversas dermatológicas, foi observada
apresentaram diversas vantagens sobre os antigos antide- maior incidência de sudorese nos pacientes tratados com
pressivos tricíclicos e os inibidores da monoaminoxidase, paroxetina, em comparação àqueles do grupo fluvoxamina3.
especialmente em relação à segurança e à tolerabilidade2. Efeitos adversos gastrointestinais, como constipação e boca
Apesar de serem os fármacos de primeira linha para o tra- seca, foram menos frequentes no grupo fluvoxamina do que
tamento do TDM e dos transtornos de ansiedade, os antide- com os antidepressivos tricíclicos3.
pressivos de segunda geração não estão isentos de efeitos Também foi observado melhor perfil de segurança neu-
adversos2,4. Em pacientes com TDM e doença cardiovascu- ropsiquiátrica com a fluvoxamina, em termos de ansiedade,
lar, foi demonstrado que os ISRSs são mais adequados que agitação e sonolência, do que com a mirtazapina3. O uso
os antidepressivos tricíclicos devido ao melhor perfil de se- de antidepressivos tricíclicos foi associado à maior incidên-
gurança cardiovascular2. cia de tremores, tontura ou vertigem do que o uso da flu-
A fluvoxamina foi amplamente estudada, e os resultados voxamina (Figura 4)3.
indicam que ela não apresenta efeitos cardiovasculares em Pode-se dizer que um dos fatores decisivos para a ade-
indivíduos sem doença cardiovascular e é segura nos pacien- rência terapêutica é o impacto que ele provoca sobre a fun-
tes com doença cardiovascular2. ção sexual do paciente2. Foi demonstrado que pacientes com

FIGURA 4
Perfil de segurança no tratamento do transtorno depressivo maior: fluvoxamina versus outros antidepressivos

Evento adverso Comparador Participantes Riesgo relativo A favor A favor


(IC de 95%) fluvoxamina comparador

Cardiovascular

Hipotensión/Bradicardia Tricíclicos 930 0.50 (0.27-0.92)


Hipertensión/Taquicardia Milnaciprán 241 0.42 (0.19-0.93)
l l
Dermatológico 0.5 1.5

Sudoración Paroxetina 60 0.30 (0.09-0.98)


l l
Gastrointestinal 0.5 1.5

Constipación Tricíclicos 1357 0.68 (0.49-0.94)


Boca seca Tricíclicos 1427 0.47 (0.36-0.63)

Neuropsiquiátrico l l
0.5 1.5
Agitación/Ansiedad Mirtazapina 412 0.19 (0.05-0.63)
Somnolencia Mirtazapina 412 0.55 (0.38-0.81)
Temblor Tricíclicos 1247 0.62 (0.44-0.88)
Mareo/Vértigo Tricíclicos 1283 0.31 (0.22-0.44)
l l l
0.5 1 1.5
Adaptado de Omori IM y cols. J Psychopharmacol 20093
TDM têm probabilidade duas vezes maior de apresentar no tratamento do transtorno depressivo maior7. A farmaco-
disfunção erétil. Além desse inconveniente, os pacientes tra- vigilância pós-comercialização oferece vantagens por avaliar
tados com ISRSs podem apresentar disfunção sexual como a segurança de um medicamento nas condições clínicas co-
efeito adverso da medicação2. Nesse sentido, foi relatado que tidianas; trata-se de uma ferramenta útil para a detecção de
a paroxetina, a sertralina e o citalopram acarretam retardo na efeitos adversos com incidência menores, de até 1:10.0007.
ejaculação2. Em estudo randomizado, duplo-cego e compa- Foi realizado um estudo do perfil de segurança da fluvoxa-
rativo que incluiu sessenta pacientes com ejaculação precoce, mina com base em dados obtidos durante dezessete anos
observou-se que nem a fluvoxamina, nem o placebo, tiveram de vigilância pós-comercialização sobre uma população es-
efeitos sobre o tempo de ejaculação durante as seis semanas timada de 28 milhões de pacientes em todo o mundo7. Foi
de tratamento, enquanto a paroxetina, a fluoxetina e a sertra- confirmado o perfil de segurança favorável da fluvoxamina
lina aumentaram significativamente o tempo de latência para observado em estudos clínicos7: há níveis muito reduzidos de
a ejaculação (p < 0,05)2. Assim, os ISRSs foram associados à tendência suicida, alteração para estado de mania ou disfun-
disfunção sexual na seguinte ordem decrescente de indução: ção sexual7. A síndrome serotoninérgica é uma complicação
paroxetina, fluoxetina, citalopram, sertralina e fluvoxamina2. muito raramente associada ao tratamento com fluvoxamina e
Dados de farmacovigilância pós-comercialização indicam não foram relatados casos de síndrome de abstinência após
que a administração de fluvoxamina é segura e bem tolerada sua interrupção7.

CONCLUSÕES
Os antidepressivos de segunda geração apresentam diferenças em seu perfil de segurança e tolerabilidade,
os quais determinar a escolha de um antidepressivo específico. Resultados de estudos clínicos e relatos de farma-
covigilância mostraram que a fluvoxamina apresenta baixo risco de efeitos adversos, devido a suas propriedades
farmacocinéticas e à baixa seletividade pelos receptores muscarínicos e histamínicos, que a diferenciam dos demais
antidepressivos. Assim, a fluvoxamina é um fármaco seguro no tratamento do TDM.

REFERÊNCIAS
1. Berenzon S, Lara MA, Robles R, Medina-Mora ME. Depression: state of the art and the P, Gaynes BN, Wilkins T, Strobelberger M, Lloyd S, Reichenpfader U, Lohr KN. Comparative
need for public policy and action plans in Mexico. Salud Pública Mex 2013;55:74-80. benefits and harms of second-generation antidepressants for treating major depressive di-
2. Westenberg HG, Sandner C. Tolerability and safety of fluvoxamine and other antidepres- sorder: an updated meta-analysis. Ann Intern Med 2011;155:772-785.
sants. Int J Clin Pract 2006;60:482-491. 5. Arima Y, Kubo C, Tsujimoto M, Ohtani H, Sawada Y. Improvement of dry mouth by repla-
3. Omori IM, Watanabe N, Nakagawa A, Akechi T, Cipriani A, Barbui C, McGuire H, Churchill cing paroxetine with fluvoxamine. Ann Pharmacother 2005;39:567-571.
R, Furukawa TA; Meta-Analysis of New Generation Antidepressants (MANGA) Study Group. 6. Hindmarch I, Hashimoto K. Cognition and depression: the effects of fluvoxamine, a sig-
Efficacy, tolerability and side-effect profile of fluvoxamine for major depression: meta-a- ma-1 receptor agonist, reconsidered. Hum Psychopharmacol 2010;25:193-200.
nalysis. J Psychopharmacol 2009;23:539-550. 7. Buchberger R, Wagner W. Fluvoxamine: safety profile in extensive post-marketing sur-
4. Gartlehner G, Hansen RA, Morgan LC, Thaler K, Lux L, Van Noord M, Mager U, Thieda veillance. Pharmacopsychiatry 2002;35:101-108.

Indexado na SIIC Data Bases (Publicado no suplemento Farmacologia Clínica)


http://www.siicsalud.com/pdf/pc_fluvoxamina1_o2917.pdf
O ISRS com maior afinidade
e ação agonista sobre os
receptores Sigma-1.1

85% ou mais dos pacientes com depressão apresentam


sintomas ou transtornos de ansiedade comórbidos.2

Tratamento da depressão
com ou sem sintomas ansiosos.2,3

ISRS com menor índice de alteração


de peso e disfunção sexual.4

Referências bibliográficas: 1. Hindmarch I, Hashimoto, K. Cognition and depression: the effects of fluvoxamine, a sigma-1 receptor agonist, reconsidered. Hum Psychofarmacol Clin Exp, 25: 193-200, 2010. 2. Gorman JM. Comorbid depression and anxiety spectrum
disorders. Depression and Anxiety, 4: 160-168, 1996/1997. 3. Sonawalla et al. Efficacy of fluvoxamine in the treatment of Major Depression with comorbid Anxiety Disorders. J Clin Psychiatry, 60: 580-583, 1999. 4. Westenberg HGM, Sandner C. Tolerability and safety of
fluvoxamine and other antidepressants. Int J Clin Pract, 60(4): 482-491, 2006.

LUVOX® (maleato de fluvoxamina). MS: 1.0553.0352. USO ADULTO E PEDIÁTRICO* ACIMA DE 8 ANOS (*apenas para o tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo). VIA ORAL. INDICAÇÕES: Depressão em pacientes adultos. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) em
pacientes adultos e pediátricos acima de 8 anos. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da fórmula. É contraindicado a administração concomitante de LUVOX® com tizanidina ou inibidores da monoamino-oxidase (iMAOs). Se os últimos estiverem sendo
utilizados, seu uso poderá ser iniciado duas semanas após a descontinuação do iMAO irreversível ou um dia após a descontinuação do iMAO reversível. Não deve ser utilizados em combinação com ramelteon. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Comportamento e ideação suicida: tem sido relatado
um aumento no risco de pensamentos e comportamentos suicidas nos estágios iniciais do tratamento e da recuperação, os pacientes devem ser cuidadosamente monitorados até que ocorra tal melhora. Acatisia/inquietação psicomotora: durante as primeiras semanas de tratamento. Pacientes com
insuficiência renal ou hepática: devem iniciar o tratamento com doses baixas e ser cuidadosamente monitorados. Descontinuar tratamento quando houver aumento das enzimas hepáticas (geralmente acompanhadas por sintomas clínicos. Pacientes com distúrbios no sistema nervoso: evitar uso
nos pacientes com epilepsia não controlada, monitorar aqueles com epilepsia controlada. Nos casos raros de síndromes serotoninérgica e neuroléptica, o tratamento com fluvoxamina deve ser descontinuado e deve ser iniciado tratamento sintomático de apoio. Pacientes com distúrbios nutricionais
ou do metabolismo: o controle glicêmico pode ser afetado, especialmente nos estágios iniciais do tratamento. Pacientes com alterações hematológicas: recomenda-se cautela naqueles pacientes em uso concomitante de substâncias que afetam a função plaquetária ou substâncias que aumentam
o risco de sangramento, assim como em pacientes com risco ou história de alterações sanguíneas ou ainda, com alterações da coagulação. Pacientes com alterações cardíacas: não administrar concomitantemente a de terfenadina, astemizol ou cisaprida , pois as concentrações plasmáticas
destas substâncias podem sofrer aumento, resultando em risco aumentado de prolongamento do intervalo QT no eletrocardiograma ou de Torsade de Pointes, A fluvoxamina pode provocar discreta diminuição na frequência cardíaca (2 a 6 batimentos por minuto). Outras precauções: utilizar com
cautela em pacientes que tenham maior risco de glaucoma agudo de ângulo estreito. A experiência clínica da administração concomitante de fluvoxamina e terapia eletroconvulsivante é limitada. Podem ocorrer reações à descontinuação do tratamento, geralmente leves a moderadas e com duração
autolimitada. Aconselha-se a retirada gradual da medicação. É recomendada cautela até que seja determinada a resposta individual do paciente ao medicamento para dirigir e operar máquinas. A titulação da dose deve ser mais lenta em pacientes idosos. Uso durante a gravidez: Categoria de risco: C.
Uso durante a amamentação: a fluvoxamina é excretada no leite materno. Deve-se avaliar os riscos e benefícios da amamentação durante o tratamento com fluvoxamina. REAÇÕES ADVERSAS: efeitos colaterais mais comuns (entre 1% e 10%) observados nos estudos clínicos: anorexia; agitação,
nervosismo, ansiedade, insônia, sonolência, tremor, cefaleia e vertigem; palpitação/taquicardia; dor abdominal, constipação, diarreia, boca seca, dispepsia, náusea e vômito; hiperidrose; astenia e mal estar. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: fluvoxamina não deve ser utilizada em combinação com
iMAOs). As seguintes drogas podem apresentar elevadas concentrações plasmáticas quando coadministradas com fluvoxamina: antidepressivos tricíclicos, neurolépticos e benzodiazepínicos. A administração concomitante com compostos com índice terapêutico estreito (tacrina, teofilina, metadona,
mexiletina, fenitoína, carbamazepina, ciclosporina e ramelteon) deve ser monitorada. Os níveis plasmáticos de ropinirol podem estar aumentados. Pode ser necessário reduzir a dose de propranolol. Administração concomitantemente com varfarina eleva a concentração plasmática de varfarina e
há prolongamento do tempo de protrombina. Casos isolados de toxicidade cardíaca foram reportados quando fluvoxamina foi combinada com tioridazina. Os pacientes devem ser avisados para evitar a ingestão de álcool. POSOLOGIA: as doses mínima e máxima de fluvoxamina que podem ser
administradas com segurança ao paciente são, respectivamente, 50mg/dia e 300mg/dia em adultos e 200mg/dia em crianças. Depressão: a dose inicial recomendada é de 50mg ou 100 mg ao dia, devendo ser ajustada de acordo com a resposta do paciente. A dose eficaz diária geralmente é
de 100mg. Transtorno Obsessivo-Compulsivo: a dose inicial recomendada é de 50mg ao dia, por 3-4 dias, devendo ser aumentada até a obtenção da resposta clínica desejada. A dose eficaz diária geralmente varia entre 100mg e 300mg. Sugere-se que doses totais diárias de até 150mg sejam
administradas uma vez ao dia, de preferência ao anoitecer, e acima de 150mg sejam administradas em doses divididas. A descontinuação abrupta deve ser evitada e a dose gradualmente reduzida por um período de, no mínimo, uma ou duas semanas. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ
PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Registrado e Importado por: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda. – Rua Michigan, 735 – São Paulo-SP – CNPJ: 56.998.701/0001-16. ABBOTT CENTER: 0800 703 1050. MB 01 (BU26).

CONTRAINDICAÇÃO: ADMINISTRAÇÃO CONCOMITANTEMENTE DE FLUVOXAMINA COM TIZANIDINA E INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE (IMAOS).INTERAÇÃO


MEDICAMENTOSA: FLUVOXAMINA PODE INIBIR O METABOLISMO DE DROGRAS METABOLIZADAS POR CERTAS ISOENZIMAS DO CITOCROMO P450.
BRCNS170126 - LUV Sep: Fluvoxamina Eficácia e Segurança (SBN 41)
MATERIAL DESTINADO EXCLUSIVAMENTE À INFORMAÇÃO DA CLASSE MÉDICA.
PRODUZIDO EM DEZEMBROL/2017. REPRODUÇÃO PROIBIDA.

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