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TEMA 9.

CLASSIFICAÇÃO DOS ARCOS PARCIALMENTE DENTADOS E PLANEJAMENTO EM


PPR

Sumário
CLASSIFICAÇÃO DOS ARCOS PARCIALMENTE DENTADOS ............................................................ 2
Finalidade da classificação dos arcos em PPR ........................................................................................ 2
Classificação ideal ................................................................................................................................. 2
Classificações ........................................................................................................................................ 3
B. Critério fisiológico (Rumpel, 1921) .................................................................................................... 3
D. Critério topográfico (Classificação de Kennedy, 1925) ....................................................................... 4
Modificações da classificação de Kennedy ............................................................................................ 5
Regras de Applegate para a classificação de Kennedy ........................................................................... 5
E. Critério Biomecânico (Cummer, 1921) .................................................... Error! Bookmark not defined.
Referências bibliográficas ........................................................................................................... 6

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CLASSIFICAÇÃO DOS ARCOS PARCIALMENTE DENTADOS

Basicamente, o objetivo de uma classificação é agrupar os representantes de uma


população, segundo os pontos de semelhança que apresentem entre si, de maneira a poder
generalizar a todo o grupo o conhecimento relativo a cada representante em particular. Na
população representadas pelos indivíduos parcialmente edentados, se considerado tão somente
um dos arcos dentais, e levando-se em conta a ocorrência de uma simples variável, ou seja, a
localização dos espaços edentados em relação aos dentes presentes no arco, teremos, de acordo
com Cummer (1921), 64534 combinações possíveis. Cada combinação representando uma
situação para ser resolvida proteticamente por meio de próteses parciais fixas ou removíveis. Se
formos considerar os dois arcos e introduzirmos outras variáveis, este número se tornará
elevadíssimo. Por isso desde logo, os estudiosos compreenderam que não seria possível procurar
uma solução particular para cada caso, era preciso agrupar os casos semelhantes de maneira a
facilitar a elaboração do plano de tratamento.

Finalidade da classificação dos arcos em PPR


- Finalidade didática: fica mais fácil ao estudante entender os problemas protéticos próprios às
diferentes situações de edentados parciais, bem como viabilizar as soluções indicadas para os
casos de uma classe de maneira mais generalizada.
- Comunicação profissional/profissional, profissional/técnico e vice-versa: O conhecimento de uma
classificação evita a necessidade da descrição detalhada da situação apresentada para um caso
de edentado parcial. O simples enunciado da classe a que pertence o caso em questão põe em
destaque o problema que representa e as prováveis soluções que possam ser viabilizadas.
- Sistematização do desenho e do tratamento: É o que nos parece ser o grande mérito de uma
classificação, pois, consideradas as pequenas particularidades próprias a cada situação, a
solução proposta para um caso de uma determinada classe normalmente será válida, com
pequenas variações para todos os casos da mesma classe com relação ao desenho e projeto do
aparelho.

Classificação ideal
A classificação ideal deveria preencher os seguintes requisitos:
- Permitir a visualização imediata do tipo de arco dentário parcialmente desdentado, o número de
dentes remanescentes e de espaços protéticos.
- Permitir a diferenciação imediata entre as PPRs dentossuportadas e as dentomucossuportadas,
permitindo a avaliação qualitativa de ambos os tecidos de suporte.
- Ser universalmente aceita na comunicação entre os profissionais e os técnicos da área.
- Obter bases mecânicas de planejamento.

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- Deve ser simples e de elaboração lógica para que o usuário não dependa de memorização para
a sua utilização.

Os primeiros autores a apresentarem uma classificação dos parcialmente edentados foram


Cummer (1921), Kennedy (1925) e Rumpel (1927), seguido por outros de maneira que atualmente
existem cerca de 60 diferentes classificações dos parcialmente edentados. Cada autor procurou
fazer a sua classificação de acordo com determinados critérios, que assim serviram de base para
essas classificações. Entre estes, temos: a topografia, o rendimento do aparelho protético a ser
construído, a função, a fisiologia, e a biomecânica.
No entanto, é uma tarefa difícil agrupar em número reduzido de Classes todas as
possibilidades de arcos dentários parcialmente desdentados. Desta forma, seria utópico esperar
que, de uma única base de classificação, pudéssemos extrair toda a riqueza de detalhes que rege
a elaboração de um plano global. É comum lançarmos mão de mais de uma base de classificação
para podermos ter uma visão mais precisa do caso.

Classificações
A. Critério funcional (Saizar, 1958)
Corresponde a mais antiga classificação dos aparelhos protéticos (Saizar, 1958) e considera o
tipo de suporte do aparelho protético ou, mais precisamente, a via de transmissão das cargas
mastigatórias ao tecido ósseo. De acordo com essa classificação funcional, os aparelhos
protéticos estão assim divididos:
- Próteses dentossuportadas: compreendendo próteses parciais fixas e removíveis
- Próteses dentomucossuportadas: compreendendo os aparelhos parciais removíveis de
extremidade livre e os destinados aos casos de alavanca anterior.
- Próteses mucossuportadas: correspondendo às próteses totais.

B. Critério fisiológico (Rumpel, 1921)


Considera a fisiologia das vias de transmissão das cargas mastigatórias ao tecido ósseo:
- Próteses fisiológicas: correspondem às dentossuportadas. As cargas mastigatórias incidentes
sobre os dentes artificiais, sob a forma de pressão, são transmistidas ao tecido ósseo por meio
dos dentes suportes, portanto, dentro do esquema da dentição natural, sendo transformadas em
cargas de tração, ao nível da membrana periodontal. A neutralização dessas cargas acontece,
portanto, de maneira fisiológica.
- Próteses semi-fisiológicas: correspondentes às dentomucossuportadas. Neste caso, participam
da transmissão das cargas mastigatórias ao tecido ósseo tanto os dentes suportes, como a
fibromucosa, subjacente à base do aparelho protético. Se a participação dos suportes é
considerada fisiológica, como vimos acima, o mesmo não acontece com relação à fibromucosa,
cuja participação não segue o esquema estabelecido pela natureza para este trabalho. No seu

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caso, as cargas de pressão que se exercem sobre os dentes artificiais chegam ao tecido ósseo
através da base da prótese, sem passar por nenhuma transformação na sua natureza. Portanto,
atingem o osso como cargas de compressão, podendo resultar em um aumento na velocidade de
reabsorção desse tecido. Logo, ao nível do tecido ósseo, a neutralização dessas cargas dá-se
apenas de maneira parcialmente fisiológica.
- Próteses afisiológicas: correspondem às mucossuportadas. Unicamente a fibromucosa transmite
as cargas da mastigação ao osso e, como já visto acima, sem que haja nenhuma transformação
na natureza dessas cargas, portanto, de maneira inteiramente afisiológica.

D. Critério topográfico (Classificação de Kennedy, 1925)


O primeiro autor a ter o seu nome ligado a uma classificação dos arcos parcialmente
edentados foi Kennedy, que propôs em 1925 sua classificação baseada na posição dos espaços
edentados (protéticos) em relação aos dentes remanescentes no arco, portanto segundo um
critério topográfico. Portanto, a classificação de Kennedy está baseada nas relações entre as
selas e os dentes destinados a receber os retentores.
A classificação de Kennedy, conquanto seja uma classificação pioneira, é a que melhor
consegue abranger a população dos parcialmente edentados, não existindo praticamente nenhum
caso que não possa ser enquadrado em alguma de suas quatro classes. Todas as classificações
que surgiram depois, e são muitas, não conseguiram superá-la, não só com relação à sua
abrangência, mas sobretudo com relação à simplicidade. Por isso mesmo, é a classificação que
melhor atende às necessidades do ensino e do exercício clinico de PPR.
O autor elaborou sua classificação baseado na frequência de combinações de arcos dentários
desdentados de sua clínica particular, portanto, a Classe I de Kennedy refere-se à situação clínica
de maior frequência achada pelo autor.
Classes:
- Classe I: edentado posterior bilateral
- Classe II: Edentado posterior unilateral
- Classe III: Edentado posterior intercalar
- Classe IV: Edentado anterior intercalar. O caso mais comum é aquele no qual foram perdidos
os quatro incisivos e nenhum outro dente. Deve ainda ser mencionado que para ser
caracterizada a Classe IV, há necessidade que a área edentada que envolva também a linha
mediana, ou seja, que os dois incisivos centrais estejam ausentes.
A classificação de Kennedy é puramente topográfica, não considera o número de dentes
remanescentes nem a dimensão dos espaços desdentados. Por exemplo: a Classe I é
determinada pela ausência de pilares posteriores bilaterais, não importando qual o número de
dentes ausentes.

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O espaço protético mais posterior é o que determina a classificação, todos os outros são
considerados em número. Portanto, outros espaços protéticos que certamente ocorrerão, além do
principal, serão considerados suplementares e determinarão modificações dentro de uma mesma
classe. À exceção da Classe IV, todas as outras classes poderão apresentar modificações.
Enquanto a identificação da classe é feita por meio de algarismos romanos, as modificações serão
representadas por algarismos arábicos. Assim, teremos, por exemplo, Classe I – Modificação 2;
Classe II – Modificação 3, etc.

Modificações da classificação de Kennedy


Como mencionado anteriormente, o que rege a classificação de Kennedy é a presença ou não
de pilar posterior uni ou bilateral. Espaços protéticos adicionais são também considerados, mas
secundariamente, e denominados, por Kennedy, de modificação.
- Modificação 1 da classe I: quando houver um só espaço suplementar devido, por exemplo, à
perda do incisivo central, do lateral ou do canino.
- Modificação 2 da Classe II: quando houver dois espaços edentados não-unidos, quer dizer,
com dentes entre ambos.
- Modificação 3 da Classe I: Quando houver três espaços separados por dentes.
- Modificação 4 da Classe I: quando houver quatro espaços protéticos separados por dentes.
O mesmo sucede com as outras classes, Classe II e Classe III.
- A Classe IV, como já mencionada, não admite modificações, pois se existisse mais de um
espaço protético, cairia dentro de uma das outras três classificações.

Regras de Applegate para a classificação de Kennedy


Em 1935, Applegate sugeriu algumas regras que viriam a elucidar e facilitar a aplicação da
classificação de Kennedy.
1. As áreas desdentadas posteriores determinam a classificação.
2. As áreas desdentadas adicionais são denominadas modificações ou subclasses.
3. A extensão da modificação não é considerada, mas apenas o número de áreas
desdentadas.
4. A classe IV não apresenta modificação. O que caracteriza a Classe IV é o espaço protético
anterior que cruza a linha mediana.
5. A Classificação deve ser realizada após o planejamento e preparo de boca, pois cirurgias
ou PPFs podem alterar a classificação ou a modificação que caracteriza o caso.
6. Quando o terceiro molar estiver ausente, a área não deve ser levada em consideração,
desde que não seja reposto proteticamente.
7. Se o terceiro molar for utilizado como suporte, então deve-se considera-lo na classificação.
8. Nos casos em que não se planeja a reposição protética do segundo molar (ausência do
antagonista), a área não será levada em consideração para efeito de classificação.

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Referências bibliográficas
TODESCAN, R.; BERNARDES DA SILVA, E.E.; SILVA, O.J. Atlas de Prótese Parcial Removível. São Paulo; Ed.
Santos, 2009.

DE FIORI, S.R.; DI FIORE, M.A.; DI FIORE, A.P. Atlas de Prótese Parcial Removível: Princípios biomecânicos,
bioprotéticos e de Oclusão. São Paulo: Santos, 2010.

ZANETTI, AL., LAGANÁ, DC. Planejamento: Prótese Parcial Removível. São Paulo; Sarvier, 1988.

KLIEMANN, C.; OLIVEIRA, W. Manual de Prótese Parcial Removível. 4ª reimp. São Paulo: Santos, 2011.

MCGIVNEY GP, CASTLEBERRY DJ. Prótese Parcial Removível de McCracken. Artes Médicas, São Paulo, 9ª.
Edição. 1995.

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