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FACULDADE SETE LAGOAS

LAIZA MENDES DE OLIVEIRA

CAMUFLAGEM ORTODÔNTICA NAS DISCREPÂNCIAS ESQUELÉTICAS

ALFENAS
2018
LAIZA MENDES DE OLIVEIRA

CAMUFLAGEM ORTODÔNTICA NAS DISCREPÂNCIAS ESQUELÉTICAS

Monografia apresentada ao curso de


Especialização Lato Sensu da Faculdade
Sete Lagoas, núcleo Alfenas, como requisito
parcial para conclusão do Curso de
Ortodontia.
Orientadora: Profa. Ms. Fernanda Rafaelly de
Oliveira Pedreira

ALFENAS
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
“Este trabalho é dedicado às pessoas que
não me deixaram desistir e me ajudaram a
persistir: meus pais e Luiz.”
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me proporcionar mais esta conquista profissional e por


me abençoar no exercício dela.
Aos mestres por compartilharem todo conhecimento, nãо apenas racional, me
inspirando e ensinando.
Aos meus pais que me incentivaram, ajudaram e não me deixaram desistir.
Ao Luiz por todo apoio e por sempre escutar com paciência e interesse o que
era aprendido em cada módulo.
Aos meus irmãos e à Deisy que sempre acreditaram em mim.
“Jamais considere seus estudos como uma
obrigação, mas como uma oportunidade
invejável para aprender a conhecer a influência
libertadora da beleza do reino do espírito, para
seu próprio prazer pessoal e para proveito da
comunidade à qual seu futuro trabalho
pertencer.”
Albert Einstein
RESUMO

A camuflagem ortodôntica, ou tratamento ortodôntico compensatório, é uma


considerável alternativa à cirurgia ortognática em casos de desarmonias
esqueléticas em pacientes adultos. Para que ela seja um sucesso, deve ser
realizado um detalhado diagnóstico, avaliando de maneira específica as
características dentárias e faciais. As vontades do paciente, os limites periodontais,
o padrão facial e o controle vertical devem ser levados em consideração. Desta
forma, o objetivo deste trabalho foi, por meio de uma revisão de literatura,
apresentar relatos atualizados sobre a camuflagem ortodôntica.

Palavras-chave: Classe II de Angle. Classe III de Angle. Ortodontia.


ABSTRACT

Orthodontic camouflage, or compensatory orthodontic treatment, is a considerable


alternative to orthognathic surgery in cases of skeletal disharmony in adult patients.
For it to be a success, a detailed diagnosis must be made, evaluating in a specific
way the dental and facial characteristics. The patient's wishes, periodontal limits,
facial pattern and vertical control should be taken into account. Thus, the objective of
this work was, through a literature review, to present updated reports on orthodontic
camouflage.

Keywords: Malocclusion, Angle Class II. Malocclusion, Angle Class III. Orthodontics.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tratamento com camuflagem ortodôntica .................................... 16

Figura 2 - Correção de Classe III com miniplacas ........................................ 20

Figura 3 - Antes, durante e pós-tratamento .................................................. 22


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 10

2 PROPOSIÇÃO ............................................................................... 12

3 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................... 13

3.1 NA CLASSE II ................................................................................ 13

3.2 NA CLASSE III ............................................................................... 15

4 DISCUSSÃO .................................................................................. 28

5 CONCLUSÃO ................................................................................ 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 30


10

1 INTRODUÇÃO

Existem dois tipos de tratamento para pacientes que não apresentam mais
crescimento ósseo, mas que possuem problemas esqueléticos: a camuflagem
ortodôntica por meio do tratamento ortodôntico convencional ou o reposicionamento
cirúrgico das bases ósseas. Embora as metas de tratamento das duas opções sejam
a oclusão perfeita, a melhoria da estética facial e dental e a estabilidade em longo
prazo, as formas de tratamentos são diferentes, geralmente envolvendo mecânicas
ortodônticas opostas (SABRI, 2006).
Sinclair; Thomas; Proffit (1995) destacaram que uma das mais difíceis
decisões para o ortodontista e o cirurgião é se o paciente com discrepância
esquelética limítrofe pode ser tratado com sucesso apenas com a Ortodontia. A
decisão deve ser tomada no início do tratamento. As tentativas de camuflar os
problemas que são muito graves possivelmente irão estender o tempo do tratamento
e comprometer os resultados finais, mas também a cirurgia desnecessária deve ser
evitada.
Segundo Cruz et al. (2004), o ortodontista deve satisfazer a queixa principal
do paciente para que este apresente uma estética facial agradável, uma oclusão
funcional e mastigatória saudáveis para uma melhor estabilidade dos casos a longo
prazo.
Para se decidir entre a cirurgia ortognática e a camuflagem ortodôntica, deve-
se levar em consideração a discrepância esquelética, a discrepância oclusal, a
condição periodontal e a estética facial (CHAQUES, 2016).
A camuflagem pode ser realizada ainda na Classe II (QAMRUDDIN et al.,
2014; VENKATESH; GANESHKAR; ROZARIO, 2014; THIND; TURBILL, 2015).
Além da Classe III (ANHOURY, 2013; HE et al., 2013; SEO et al., 2014;
VALLADARES NETO, 2014). E na mordida aberta (MATSUMOTO et al., 2012;
PITHON et al., 2016). A camuflagem também pode envolver extrações (CONLEY;
JERNIGAN, 2006).
Os pacientes Classe III tratados com camuflagem ou tratamento cirúrgico
provavelmente terminarão com incisivos superiores ligeiramente proclinados
(GEORGALIS et al., 2015).
11

É importante destacar que além da melhora dentária, a camuflagem também


melhora o perfil facial (SEO et al., 2016). Sendo que os riscos do tratamento
cirúrgico obviamente são maiores que aqueles de um enfoque de camuflagem
(MIHALIK et al., 2003).
12

2 PROPOSIÇÃO

O objetivo deste trabalho foi, por meio de uma revisão de literatura,


apresentar relatos atualizados sobre a camuflagem ortodôntica.
13

3 REVISÃO DE LITERATURA

Kai et al. (2016) destacaram que ao considerar o tratamento ortodôntico de


camuflagem de uma má oclusão associada a assimetria facial significativa, é
importante definir a localização da linha média dentária. os autores relataram o
tratamento de uma paciente, uma mulher japonesa de 19 anos, que tinha uma
mordida aberta anterior e uma discrepância da linha média dental associada à
assimetria facial. Um plano de tratamento não cirúrgico foi considerado. O principal
objetivo do tratamento foi corrigir a mordida aberta anterior e as linhas medias
dentárias em ambos os arcos. A discrepância dentária da linha média foi eliminada,
e o overjet e overbite apropriados foram alcançados. Embora a assimetria facial
permaneceu, a estética oral melhorou drasticamente e obteve-se uma oclusão
favorável. Os resultados sugerem que a definição apropriada da localização da linha
média dental é fundamental para o tratamento bem sucedido da camuflagem da
assimetria facial.

3. 1 NA CLASSE II

Atik; Akarsu-Guven; Kocadereli (2017) compararam os efeitos no tecido mole


dos tratamentos de Classe II com o dispositivo resistente à fadiga do forsus (FRD), o
aparelho pendular e a extração de dois pré-molares superiores, todos combinados
com aparelhos fixos pré-ajustados como opções de camuflagem ortodôntica. A
amostra de 54 pacientes com má oclusão de Classe II foi dividida em três grupos: os
pacientes do grupo I (idade média = 15,91 anos) foram tratados com o FRD
simultaneamente utilizado em aparelhos fixos. Os pacientes do grupo II (idade média
= 16,08 anos) foram tratados com o aparelho pendular combinado com um tração e
botão de Nance seguido de aparelhos fixos. E os pacientes do grupo III (idade média
= 19,04 anos) foram tratados com a extração de dois pré-molares maxilares com
ancoragem com mini-implantes. Os parâmetros de tecido mole e dentoesqueléticos
foram medidos em cefalogramas laterais de pré-tratamento (T1) e pós-tratamento
(T2). As mudanças de T1 para T2 foram comparadas entre os grupos usando o teste
14

de Kruskal-Wallis e as diferenças de tratamento foram avaliadas com o teste de


Wilcoxon. As alterações de medição de tecidos moles relacionados aos lábios
superior e inferior foram significativamente maiores no grupo II do que no grupo III.
As alterações da medida do incisivo superior foram significativamente diferentes
entre os grupos II e III. As alterações mais baixas da medida dos incisivos foram
significativamente diferentes entre os grupos I e III e os grupos II e III. Os grupos de
tratamento do pêndulo e da extração mostraram diferenças significativas em relação
às alterações posicionais do lábio superior e inferior, que foram significativamente
maiores no grupo do pêndulo. O tempo de tratamento com o tratamento de extração
foi estatisticamente menor do que com os protocolos de não-extração.
Raposo et al. (2017) compararam os resultados dentários, esqueletais e
estéticos entre camuflagem ortodôntica e tratamento cirúrgico-ortodôntico, em
pacientes com má oclusão esquelética de Classe II e uma mandíbula retrognática
que já terminou seu período de crescimento. Uma pesquisa de literatura foi
conduzida e uma lista de verificação modificada Downs e Black foi usada para
avaliar a qualidade metodológica. A meta-análise foi realizada utilizando o método
de efeitos aleatórios DerSimonian-Laird para obter estimativas resumidas das
diferenças médias padronizadas e correspondentes intervalos de confiança de 95%.
Nove artigos foram incluídos na síntese qualitativa e sete na meta-análise. A
diferença entre os tratamentos não foi estatisticamente significativa em relação ao
ângulo SNA, a medida linear do lábio inferior à linha estética de Ricketts, a
convexidade do perfil esquelético ou o perfil do tecido mole excluindo o nariz. Em
contraste, o tratamento cirúrgico-ortodôntico foi mais eficaz em relação aos ângulos
ANB, SNB e ML/NSL e o perfil de tecido mole, incluindo o nariz. Diferentes efeitos
de tratamento sobre overjet e overbite foram encontrados de acordo com a
gravidade dos valores iniciais. Estes resultados devem ser interpretados com
cautela, devido ao número limitado de estudos incluídos e por não serem ensaios
clínicos não randomizados. Estudos adicionais com tamanhos de amostra maiores e
condições semelhantes de pré-tratamento são necessários.
Sant’Anna et al. (2017) relataram o tratamento bem-sucedido de uma má
oclusão esquelética de Classe II em um adulto com uma mordida aberta severa com
camuflagem ortodôntica. O tratamento consistiu em uma terapia de puxada alta após
a falência de mini-implantes durante a terapia ortodôntica fixa. Foi alcançada uma
estética e uma função adequadas. Apesar de sua baixa probabilidade, o evento
15

inesperado do insucesso do mini-implante durante tratamentos complexos deve ser


considerado. Portanto, a mecânica ortodôntica clássica deve ser estabelecida,
especialmente quando tratam pacientes para os quais procedimentos invasivos
como miniplacas ou cirurgia ortognática não estão disponíveis.

3. 2 NA CLASSE III

Farret (2016) descreveu o tratamento de um paciente de 27 anos que foi


previamente tratado com duas extrações de primeiros pré-molares superiores. O
paciente apresentava má oclusão esquelética Classe III, relação canina Classe III,
mordida cruzada anterior e perfil côncavo. À medida que o paciente recusou a
cirurgia ortognática, uma miniplaca foi usada no lado direito do arco inferior como
uma unidade de ancoragem após a extração de primeiros pré-molares
mandibulares, auxiliando a retração dos dentes anteriores como camuflagem
ortodôntica. No final do tratamento, foi corrigida a mordida cruzada anterior, em que
os primeiros molares e caninos estavam em uma relação Classe I e uma excelente
intercuspidação foi alcançada (FIGURA 1). Além disso, o perfil do paciente melhorou
notavelmente como resultado da retração do incisivo mandibular. Um seguimento de
30 meses mostrou boa estabilidade dos resultados obtidos.
16
17
18
19

FIGURA 1 – Tratamento com camuflagem ortodôntica.


Fonte: Farret (2016)

Farret; Farret; Farret (2016) enfatizaram que a má oclusão esquelética de


Classe III é frequentemente indicada para tratamento ortodôntico combinado com
cirurgia ortognática. No entanto, com a ajuda de miniplacas, algumas discrepâncias
moderadas tornam-se viáveis para serem tratadas sem cirurgia. Os autores
relataram o caso de um homem de 24 anos de idade com má oclusão esquelética
severa do Angle Classe III com mordida cruzada anterior e consequente perfil facial
côncavo. O paciente se recusou a ser submetido a cirurgia ortognática; portanto, foi
proposto tratamento de camuflagem ortodôntica com a ajuda de miniplacas
colocadas no arco mandibular (FIGURA 2). Após 18 meses de tratamento, foi
conseguida uma relação molar e canina de Classe I, enquanto a mordida cruzada
20

anterior foi corrigida pela retração dos dentes mandibulares. O consequente


decréscimo na plenitude do lábio inferior e aumento da exposição dos incisivos
maxilares resultou em uma notável melhora do perfil facial do paciente, além de um
sorriso esteticamente agradável, respectivamente. Um ano depois, o seguimento
revelou boa estabilidade de resultados.
21

FIGURA 2 – Correção de Classe III com miniplacas.


Fonte: Farret; Farret; Farret (2016)
22

Kumari; Nayan (2016) relataram o tratamento de uma paciente do sexo


feminino de 16 anos com má oclusão esquelética de Classe III e mordida cruzada
posterior bilateral queixosa de dificuldade em mastigar que foi tratada
ortodônticamente sem cirurgia (tratamento de camuflagem). O tratamento consistiu
em aparelho ortodôntico fixo com prescrição de MBT (slot de 0.022"×0.028")
utilizando aparelho quadrihélice para expansão bilateral do arco maxilar e elásticos
de Classe III para correção oclusal. Os registros pós-tratamento mostraram overbite
normal e overjet com oclusão aceitável. Assim, com esta estratégia de tratamento de
expansão do arco maxilar usando um aparelho de quadrihélice e uso de elásticos de
Classe III, conseguiu-se um bom resultado com oclusão ótima (FIGURA 3).
23
24
25

FIGURA 3 – Antes, durante e pós-tratamento.


Fonte: Kumari; Nayan (2016)

Lee et al. (2016) avaliaram os efeitos do tratamento de camuflagem


ortodôntica (OCT) e cirurgia de mandíbula na correção da linha de lábios (LLC) e
examinaram fatores que afetam a correção de LLC em pacientes com assimetria
craniofacial de Classe III. Uma amostra de 30 pacientes com assimetria craniofacial
de Classe III foi dividida em grupos OCT (n = 10), cirurgia de uma base óssea (n =
10) e cirurgia de duas bases ósseas (n = 10), de modo que o LLC de pré-tratamento
era semelhante em cada grupo. As verificações de tomografia computadorizada de
pré-tratamento e pós-tratamento foram utilizadas para medir os parâmetros
dentários e esqueléticos e LLC. As medidas de pré-tratamento e pós-tratamento
foram comparadas em grupos e entre grupos. Os testes de correlação de Pearson e
as análises de regressão múltipla foram realizados para investigar fatores que
afetam a quantidade e a taxa de correção de LLC. A correção média da LLC foi de
1,00° no grupo de cirurgia com base óssea única e, no grupo de cirurgia de duas
26

bases óssesas, foi de 1,71°. No grupo OCT foi -0,04°, que diferiu estatística e
significativamente da correção LLC nos outros dois grupos. A quantidade e a taxa de
correção de LLC podem ser explicadas pela liquidação de discrepâncias
esqueléticas ou LLC no pré-tratamento com porcentagens de ajuste de
aproximadamente 82% e 41%, respectivamente. A cirurgia ortognática resultou em
correção significativa da LLC em pacientes com assimetria craniofacial Classe III,
enquanto a OCT não.
Marañón-Vásquez et al. (2017) relataram o tratamento de um paciente do
sexo masculino, com idade de 17 anos, que foi diagnosticado com má oclusão
esquelética de Classe III, mordida aberta anterior e overjet negativo. Um perfil
desagradável foi a queixa principal do paciente mostrando interesse na melhoria da
estética facial. No entanto, o paciente e seus pais preferiram fortemente uma
abordagem de tratamento não cirúrgica. Ele foi tratado com um arco multiloop para
facilitar o movimento vertical e distal em massa dos dentes inferiores, corrigir a má
oclusão de mordida aberta Classe III, alterar a inclinação do plano oclusal e obter a
consequente adaptação morfológico-funcional da mandíbula. A má oclusão Classe
III foi corrigida e foram obtidas alterações satisfatórias no perfil do paciente. O
tratamento ativo foi concluído em 2 anos e o resultado facial permaneceu estável
aos 2 anos 6 meses.
Martinez et al. (2017) compararam diferentes variáveis cefalométricas em
pacientes adultos com má oclusão de Classe III antes e após o tratamento, a fim de
determinar quais variáveis são indicativas de camuflagem ortodôntica ou cirurgia
ortognática. Foram avaliados os casos de 156 pacientes adultos: 77 tratados com
camuflagem ortodôntica e 79 tratados com ortodontia e cirurgia ortognática. As
seguintes variáveis cefalométricas foram medidas no pré-tratamento (T1) e nos
cefalogramas laterais pós-tratamento (T2): ponto A de sella-nasion (SNA), ponto B
de sella-nasion (SNB) e ponto A-ponto- ângulos nasion-B-point (ANB), avaliação de
Wits, ângulo do eixo facial, ângulo do plano mandibular, inclinação do incisivo
superior e inferior e ângulo inter-incisal. Houve diferenças estatisticamente
significativas nas variáveis cefalométricas antes e após o tratamento entre os dois
grupos. A porcentagem de medições normais de pré-tratamento no grupo de
Ortodontia de camuflagem foi de 30,7%, o que piorou ligeiramente para 28,4% após
o tratamento. No entanto, no grupo que recebeu a cirurgia, este foi 24,5% de pré-
tratamento, melhorando para 33,5% após a cirurgia. SNA, SNB, avaliação de Wits,
27

inclinação do incisivo inferior e ângulo inter-incisal mostraram diferenças entre os


dois grupos antes e depois do tratamento. A avaliação de Wits, a inclinação do
incisivo inferior e o ângulo inter-incisal foram indicativos de um ou outro tratamento.
A descompensação do incisivo superior e inferior em ambos os grupos não atingiu
valores ideais, o que impediu a correção esquelética completa em 52% dos casos
cirúrgicos.
Mazzini; Torres (2017) destacaram que a camuflagem ortodôntica fornece um
tratamento alternativo para a má oclusão de Classe III, pois pacientes com recursos
econômicos limitados não podem optar pela cirurgia ortognática, sendo claro que a
correção será alcançada no nível dentário e não no complexo ósseo. Os autores
determinaram um tratamento alternativo para pacientes que não possuem a
possibilidade de realizar cirurgia ortognática. A paciente era do gênero feminino de
13 anos, biótipo facial dólico com perfil ligeiramente côncavo, com Classe III por
prognatismo mandibular, mordida cruzada anterior, diastema anterior e grande corpo
mandibular, Classe molar e canino III. Foram colocados braquetes da técnica de
Alexander; a extração de pré-molar não foi planejada. Uma vez que o caso foi
concluído, a correção da mordida cruzada anterior foi alcançada, graças ao uso dos
espaços que existiam no início do tratamento e também de uma distalização correta
dos caninos e retração do segmento anterior inferior.
Park; Yu; Bullen (2017) relataram o tratamento de camuflagem com não-
extração juntamente com elásticos de Classe III de uma mulher de 39 anos de idade
com um padrão esquelético de Classe III e um ângulo pequeno de plano mandibular
e uma altura facial anterior inferior baixa. O tempo total de tratamento ativo foi de 26
meses. Sua oclusão, estética de sorriso e perfil de tecido mole foram
significativamente melhorados após o tratamento.
Park; Yu; Chae (2017) descreveram o tratamento de um paciente com 29
anos de idade, Classe III esquelética que foi tratado com elásticos posteriores e de
Classe III para corrigir a mordida aberta lateral e a mordida cruzada anterior. Ao
final, a oclusão, estética de sorriso e perfil de tecido mole do paciente foram
significativamente melhorados após 25 meses de tratamento ortodôntico ativo de
camuflagem combinado com quatro restaurações anteriores finais ao tratamento
ortodôntico.
28

4 DISCUSSÃO

O planejamento da camuflagem ortodôntica deve ser extremamente


cuidadoso e bem realizado (KAI et al., 2016; KUMARI; NAYAN, 2016; LEE et al.,
2016; MARTINEZ et al., 2017).
Nos casos de Classe II esquelética, diversos são os relatos de sucesso de
pacientes que não estavam dispostos a passar pela cirurgia ortognática e que
optaram pelo tratamento com camuflagem ortodôntica (ATIK; AKARSU-GUVEN;
KOCADERELI, 2017; RAPOSO et al., 2017). Sant’Anna et al. (2017) relataram a
combinação da correção da Classe II com uma mordida aberta severa.
A Classe III esquelética é a que mais comumente passa pela discussão entre
cirurgia versus camuflagem, mas o sucesso das camuflagens é registrado. Farret
(2016) realizou duas extrações de primeiros pré-molares inferiores em um paciente
que já havia extraído os primeiros pré-molares superiores anteriormente. Já Farret;
Farret; Farret (2016) utilizaram miniplacas. Kumari; Nayan (2016) usaram aparelho
ortodôntico fixo com prescrição MBT e aparelho quadrihélice para expansão bilateral
do arco maxilar e elásticos de Classe III. Marañón-Vásquez et al. (2017) trataram
com camuflagem, uma Classe III com mordida aberta anterior com arco multiloop.
Mazzini; Torres (2017) utilizaram braquetes da técnica de Alexander sem extrações.
E Park; Yu; Chae (2017) e Park; Yu; Bullen (2017), elásticos de Classe III.
29

5 CONCLUSÃO

Após o exposto, pode-se concluir que a camuflagem ortodôntica apresenta


resultados bem satisfatórios quando bem decidida pelo ortodontista e pelo paciente.
30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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