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FACULDADE AVANTIS
CENTRO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ODONTOLOGIA DO MARANHÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

RAIMUNDO BOGÉA BRITO NETO

TRATAMENTO PRECOCE DE MÁ OCLUSÃO DE CLASSE III POR MEIO


DE TRAÇÃO REVERSA DA MAXILA: Um relato de caso

São Luís
2021
1

RAIMUNDO BOGÉA BRITO NETO

TRATAMENTO PRECOCE DE MÁ OCLUSÃO DE CLASSE III POR MEIO


DE TRAÇÃO REVERSA DA MAXILA: Um relato de caso

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de Especialização em Ortodontia da
Faculdade Avantis/ Núcleo São Luís como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Ortodontia.

Orientadora: Profa. Ms. Flávia Carvalho de


Oliveira Paixão

São Luís
2021
2

Neto, Raimudo Bogéa Brito


Tratamento dos problemas de classe III, deficiência maxilar e
excesso de mandíbula: um relato de caso

/Raimundo Bogéa Brito Neto – São Luís, 2021

Nº 25p
Orientador (a): Profa. Ms. Flávia Carvalho de Oliveira Paixão
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Faculdade
Avantis, Especialização em Ortodontia, 2021.

1. Má oclusão Classe III de Angle 2.Ortodontia 3.aparelhos de


tração extrabucal
3

RAIMUNDO BOGÉA BRITO NETO

TRATAMENTO PRECOCE DE MÁ OCLUSÃO DE CLASSE III POR MEIO


DE TRAÇÃO REVERSA DA MAXILA: Um relato de caso

Monografia apresentada ao curso de


Especialização em Ortodontia da Faculdade
Avantis/Núcleo São Luís como requisito
parcial para obtenção do título de
Especialista em Ortodontia.

Aprovada em: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________
Profª. Ms. Flávia Carvalho de Oliveira Paixão

___________________________________________________________
Profª. Ms. Heloiza Viana Freitas de Melo

____________________________________________________________
Profº. Dr. Benedito Viana Freitas
4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ser nosso bem maior e por nos proporcionar boas
oportunidades na vida.
Aos meus familiares que me apoiaram durante toda esta caminhada.
Aos professores pela paciência e por tirarem a maioria das minhas dúvidas.
À instituição de ensino pela oportunidade de aprendizagem.
Aos meus colegas de turma, pelo companheirismo e amizade.
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para o meu
crescimento profissional.
5

A educação é como moeda de


ouro, em qualquer lugar do
mundo tem valor. .

(Pe. Antônio Vieira)


6

LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Fotos Iniciais.................................................................................................. 15


Figura 2 Fotos durante a fase de correção da mordida cruzada................................... 16
Figura 3 Fotos mostrando a fase de tração reversa da maxila e disjunção palatina.... 17
Tabela 1 Medidas Iniciais e Finais (Cefalometria)...................................................... 18
Figura 4 Fotos mostrando a correção das mordida cruzada........................................ 19
Figura 5 Cefalometria inicial e final........................................................................... 19
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LISTA DE ABREVIATURAS

ANB Ângulo Formado entre ângulo SNA e SNB


DAT Dispositivo de Ancoragem Temporária
et al. Outros autores
FMA Ângulo formado entre plano mandibular e plano Frankfourt
IMPA Ângulo entre o plano mandibular e o longo eixo do incisivo central inferior
SNA Ângulo obtido da linha SN (sela ao násio) com a linha NA (násio ao ponto A)
SNB Ângulo obtido da linha SN (sela ao násio) com a linha NB (násio ao ponto B)
RC Relação Cêntrica
1.NA Ângulo formado entre a união da linha NA (násio ao ponto A) com a linha que
passa pelo longo eixo do incisivo central superior
1-NA Distância linear entre a linha NA (násio ao ponto A) até a face vestibular do
Central superior.
1.NB Ângulo formado entre a união da linha NB (násio ao ponto B) com a linha que
passa pelo longo eixo do incisivo central inferior.
1-NB Distância linear entre a linha NB (násio ao ponto B) até a face vestibular do
Incisivo central inferior
TCLE Termo de Compromisso Livre e Esclarecido
8

RESUMO

A má oclusão Classe III se caracteriza por uma discrepância dentária anteroposterior que pode
ser decorrente de uma deficiência maxilar, de um excesso mandibular ou de uma combinação
de ambos. Essa má oclusão é considerada pelos ortodontistas como um dos problemas
ortodônticos mais complexos e difíceis de diagnosticar e tratar. O objetivo deste estudo foi
relatar o tratamento precoce da má oclusão Classe III esquelética em um paciente na fase de
crescimento por meio da tração reversa da maxila com máscara de petit. Utilizou-se como
fonte de pesquisa: revistas e artigos encontrados nos principais bancos de dados (BIREME,
LILACS). Os aparelhos de protração em geral são desconfortáveis e antiestéticos, e a
colaboração do paciente se torna bastante relevante para o efeito do tratamento. A excelente
colaboração do paciente no uso do aparelho, proporcionou bons resultados clínicos
confirmados cefalometricamente, evidenciando que o tratamento precoce da má oclusão de
Classe III, com o uso da máscara facial constitui uma excelente opção de tratamento.

Palavras-chave: Má oclusão de Classe III de Angle, Ortodontia, Aparelhos de tração


extrabucal.
9

ABSTRACT

Class III malocclusion is characterized by an anteroposterior tooth discrepancy that may be


due to maxillary deficiency, mandibular excess, or a combination of both. This malocclusion
is considered by orthodontists as one of the most complex and difficult orthodontic problems
to diagnose and treat. This is a literature review, exploratory, descriptive study, with a
qualitative approach to data, whose main objective is to report the treatment of Class III
problems, maxillary deficiency and mandibular excess with the presentation of a case study.
We used as research source: journals, articles in databases (BIREME, LILACS). Protraction
appliances in general are uncomfortable and unsightly, and patient compliance becomes very
relevant to the treatment effect. The excellent collaboration of the patient in the use of the de-
vice, providing good clinnical results confirmed by cephalometrics, shows that the early treat-
ment of Class III malocclusion, with the use of a face mask, constitutes an excellent treatment
alternative.

Keywords: Mandibular Excess. Class III malocclusion. Maxillary Deficiency


10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................

2 METODOLOGIA...............................................................................................................

3 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................

4 RELATO DE CASO...........................................................................................................

4.1 Diagnóstico e etiologia.................................................................................................

4.2 Objetivos do tratamento.............................................................................................

4.3 Alternativas do tratamento........................................................................................

4.4 Progresso do tratamento............................................................................................

5 RESULTADOS....................................................................................................................

6 DISCUSSÃO........................................................................................................................

7 CONCLUSÃO.....................................................................................................................

REFERÊNCIAS......................................................................................................................
11

1 INTRODUÇÃO

A má oclusão Classe III esquelética pode ser definida como uma discrepância
óssea facial caracterizada pela mesialização da mandíbula em relação à maxila e/ou à base do
crânio e ocorre devido ao prognatismo mandibular, retrognatismo maxilar, ou pela
combinação de ambos[1] 18

Na população a incidência de pacientes Classe III é relativamente baixa, em torno


de 9%, dentre todas as más oclusões. No entanto essa má oclusão pode ser uma das mais
desfigurantes, pois reflete diretamente na estética facial, por isso, há a necessidade de
abordagens terapêuticas precoces, já nos primeiros estágios do desenvolvimento craniofacial.
Vale salientar que os portadores de más oclusões Classe III esquelética costumam apresentar
índices mais baixos de autoestima[2] .
18

As más oclusões de Classe III esquelética tendem se agravar com o passar do


tempo, uma vez que o crescimento da mandíbula se mantém ativo por um período mais longo
que o da maxila. Por isso, acredita-se que, a intervenção ortopédica, através da terapia com
aparelhos de tração extrabucal, em pacientes em crescimento, é eficaz e deve ser executada o
mais precocemente possível[1]. O diagnóstico precoce da Classe III esquelética poderá evitar a
submissão do paciente a tratamentos mais invasivos, como cirurgia ortognática. Sua
abordagem terapêutica através da utilização de aparelhos de tração reversa, como a máscara
facial, que propiciará sua correção por meio da reorientação do crescimento facial[3].
Dentre os diversos modelos disponíveis no mercado, a máscara de Petit pré-
fabricada, produz resultados satisfatórios e tem maior aceitação pelos pacientes, sendo de fácil
manuseio pelos ortodontistas. É um aparelho extrabucal, que se apoia em dois pontos da face:
mento e região glabelar, com isso a região molar fica livre, para um possível
reposicionamento maxilar anterior realizando uma mecânica ortodôntica e ortopédica[4].
Assim sendo, este estudo teve o propósito de relatar o tratamento precoce da má
oclusão Classe III esquelética, em um paciente na fase de crescimento, por meio de tração
reversa da maxila com máscara de Petit.
12

2 METODOLOGIA

Para a construção deste artigo foi realizada uma busca eletrônica nas bases de
dados e revistas científicas internacionais sobre tratamento de má oclusão de Classe III com
máscara facial com tração reversa em paciente na fase de crescimento. Foram revisados
artigos nos idiomas inglês e português. As palavras chaves utilizadas foram: Má Oclusão
Classe III de Angle/ Malocclusion, Angle Class III, Ortodontia/Orthodontics e Aparelhos de
tração extrabucal/ Extraoral Traction Appliances. Todos os dados pessoais bem como a
documentação ortodôntica (modelos, fotografias e radiografias) tiveram uso científico
previamente autorizado pelo responsável do paciente, no qual foi assinado o termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE).

3 REVISÃO DE LITERATURA

As más oclusões de Classe III tendem a tornar-se mais severas com o


desenvolvimento facial, uma vez que o crescimento da mandíbula se mantém ativo por um
período mais longo que o da maxila. Por isso, acredita-se que uma intervenção ortopédica em
pacientes em crescimento é bem-vinda e deve ser executada, quando a escolha for a
compensação dentária. A literatura tem revelado ainda que a prevalência deste tipo de má
oclusão varia segundo a raça, na população em geral, observa-se uma prevalência em torno de
3% a 5% para os brancos, enquanto que para os orientais ou da raça amarela pode chegar até a
14%[5].
De acordo com Petit[3] o primeiro relato sobre o tratamento com máscara facial foi
descrito por Potpeschnigg, em 1875. O diagnóstico da má oclusão deve ser realizado em
relação cêntrica (RC) para evitar que desvio da mandíbula para anterior, em função de
contatos prematuros, maximize o problema. O julgamento clínico, analisando o perfil facial,
sempre deve ser soberano em relação à análise cefalométrica, a qual junto com modelos de
estudo e fotografias é somente um meio auxiliar de diagnóstico[3].
A terapia com máscara facial está indicada nos seguintes casos: retrusão de
maxila; deformidades craniofaciais associadas à deficiência maxilar; combinação entre
hipoplasia maxilar e prognatismo mandibular; após cirurgias [3]. Com o uso da máscara facial,
pode-se promover um movimento anteroinferior da porção posterior da maxila e dos dentes
superiores, uma rotação horária da mandíbula e uma inclinação para lingual dos incisivos
13

inferiores[3-8]. Porém, um movimento do nariz para frente, reduzindo a concavidade do perfil,


resultando em um perfil mais harmonioso[9].
As terapias para tratamento da displasia estão relacionadas com o potencial do
crescimento do indivíduo. Quando o paciente se encontra na fase de 8 a 10 anos, ou seja, na
fase pré-surto de crescimento puberal, uma abordagem precoce é indicada com uso de tração
reversa da maxila, normalmente acompanhada de disjunção palatina. Com esta abordagem
procura-se obter um incremento do tamanho da maxila, junto a uma rotação horária da
mandíbula, conseguindo-se uma melhor relação entre esses ossos e uma oclusão satisfatória
.
[11-15]

De acordo com Araújo[16], o diagnóstico dessa má oclusão deverá ser embasado no


estudo da face, da cefalometria, das características dentais; e na análise hereditária dos pais,
irmãos e parentes. Além disso, aproximadamente 60% dos casos de Classe III esquelética, são
devidos a uma maxila curta, acompanhada ou não de mandíbula longa, sendo necessária
especial atenção tanto para a respiração nasal quanto para a postura da língua[17]
O diagnóstico precoce da Classe III esquelética poderá evitar a submissão do
paciente a tratamentos mais invasivos, como cirurgia ortognática. Sua abordagem terapêutica
através da utilização de aparelhos de tração reversa, como a máscara facial, propiciará sua
correção sua correção através da reorientação do crescimento facial[17].
Dentre os diversos modelos disponíveis no mercado, a máscara de Petit, pré-
fabricada, tem maior aceitação pelos pacientes, sendo de fácil manuseio pelos ortodontistas,
produzindo, por essas razões, resultados satisfatórios[4]. A máscara de Petit é um aparelho
extra bucal, que se apoia em dois pontos da face: mento e região glabelar, com isso a região
molar fica livre, para um possível reposicionamento maxilar anterior. Produz uma mecânica
ortodôntica e ortopédica, cujo principal objetivo é a correção do problema dentário e/ou
esquelético [5].
Geralmente, o tratamento com a máscara é complementado com a expansão
rápida da maxila. Ressaltando ainda que, a colaboração do paciente é decisiva para o sucesso
do tratamento, já que o tempo de utilização é em torno de 12 meses, por cerca de 14 horas por
dia. Esta terapia tem mostrado bons resultados estéticos, ortopédicos e funcionais [1,2].
Dentre alguns aspectos principais para a avaliar o prognóstico de cada caso, a
idade avançada, as grandes discrepâncias esqueléticas e compensações dentárias precoces; a
presença de prognatismo mandibular de moderado a severo e os padrões de crescimento
excessivamente verticais, determinam um prognóstico ruim para a interceptação dessa má
oclusão[18].
14

As más oclusões de Classe III esquelética tendem se agravar com o passar do


tempo, uma vez que o crescimento da mandíbula se mantém ativo por um período mais longo
que o da maxila. Por isso, acredita-se que, a intervenção ortopédica, através da terapia com
aparelhos de tração extra bucal, em pacientes em crescimento, é eficaz e deve ser executada o
mais precocemente possível[1].
O tratamento precoce com máscara facial, proporciona a redução de futuras
intervenções cirúrgicas e restabelecem as funções do sistema estomatognático, tendo também
importância no fator psicológico do paciente, pois resgata sua autoestima. Apesar disso, esse
tratamento ortopédico representa um dos principais desafios para os ortodontistas na sua
prática clínica, devido ao seu complexo controle, pois depende em muito da colaboração por
parte dos pacientes [11].
A literatura relata que, o acompanhamento em longo prazo de casos tratados
precocemente por meio da protração maxilar, tem demonstrado que bons resultados podem
ser atingidos em cerca de 65 a 75% dos casos[18,2].
Quando o paciente é adulto e o crescimento já cessou, o tratamento vai ser
decidido entre os procedimentos de camuflagem, caso a displasia não seja muito significativa,
e os procedimentos ortocirúrgicos clássicos, podendo envolver avanço de maxila, recuo da
mandíbula ou procedimentos combinados[12]. O problema quanto à decisão terapêutica está na
abordagem das Classes III com envolvimento esquelético significativo na fase em que
certamente a abordagem preventiva não mais surtirá efeito, mas ainda há crescimento.

4 RELATO DE CASO

4.1 Diagnóstico e etiologia

Paciente do sexo masculino, A.S.I.D., 7 anos, braquifacial, diagnosticada com má


oclusão de Classe III esquelética, mordida cruzada anterior e dentição mista. A queixa
principal da mãe do paciente era “dentes anteriores cruzados’’. Não possuía história médica
relevante e não havia sido submetida a tratamento ortodôntico anteriormente.
Clinicamente observou-se perfil reto, selamento labial passivo e boa simetria
facial. No exame intraoral foi verificado que o paciente tinha boa higiene, leve diastema na
região dos incisivos superiores, incisivos laterais inferiores em erupção, cruzamento anterior
dos incisivos e dentição mista no período Inter-transitório.
15

A radiografia panorâmica confirma o estágio inter-transitório da dentição mista


com germes permanentes em erupção. Na avaliação cefalométrica foi detectada Classe III de
Angle (ANB = -1º; APDI= 86º), (FMA = 29°); boa posição mandibular (SNB=79º), maxila
retruida (SNA = 78°), caracterizando um quadro de incisivos superiores e inferiores
lingualizados (1.NA=19°, IMPA=86°, 1.NB=23°). (Tabela 1).
Figura 1 - Fotos Iniciais

Fonte: Próprio Autor

4.2 Objetivos do tratamento

O objetivo deste trabalho foi realizar a correção da má oclusão de Classe III


esquelética por meio de tração reversa da maxila utilizando a máscara facial de Petit.

4.3 Alternativas de tratamento

Levando em consideração a idade que o paciente se encontrava na fase de


crescimento, a única alternativa de tratamento era a tração reversa da maxila com a finalidade
de estimular o crescimento da mesma, evitando assim, tratamentos cirúrgicos no futuro.
16

4.4 Progresso do tratamento

Inicialmente foi realizada a instalação de aparelho móvel com mola digital para
descruzamento dos incisivos superiores. Após 4 meses foi confeccionado um aparelho com e
expansor palatino realizando ativação de 2/4 de volta a cada 15 dias. Após 1 ano de
tratamento com aparelho móvel foi realizada uma nova documentação e nova moldagem para
confecção do hyrax associado a máscara facial de Petit.

Figura 2 - Fotos durante a fase de correção da mordida cruzada


17

Figura 3 - Tração reversa da maxila e disjunção palatina

Figura 4 – pós tratamento com máscara facial


18

TABELA 1 – Medidas Iniciais e Finais (Cefalometria)


Medida inicial Medida final
maxila
Sna: 74º 77º
Co-A(mm) 79cm 7.9
A-nperp 0 -3

Medida inicial Medida final


mandibula
SNB (°) 79º 80º

Co-Gn (mm) 55mm 50mm

P-Nperp (mm) 4
-5
Padrão de crescimento Medida inicial Medida final

FMA (°) 29º 31º

SN.Ocl (°) 21º 20º

SN.GoGn (°) 35º 33º

AFAI (mm) 5.5 6.1mm

Relação Medida inicial Medida final


Maxilomandibular

ANB (°) -1º -3º

Wit’s (mm) -1 -5mm


Dentes superiores Medida inicial Medida final

1.NA (°) 19º 38º

1- NA (mm) 1mm 5mm

1.PP (°) 105º 120º

1- PP (mm) 30mm

6- PP (mm) 16mm 16mm

Dentes inferiores Medida inicial Medida final

1.NB (°) 23º 20º


19

1-NB (mm) 4mm 3mm

IMPA (°) 86º 80º

Tecidos moles Medida inicial Medida final

ÂnguloNasolabial (°) 80º 92º

Linha E (mm) 72mm

Figura 5 – Cefalometrias Inicial e Final

5 RESULTADOS

Constatou-se que o objetivo principal do tratamento foi alcançado, com a correção de


má oclusão Classe III de Angle (Figuras 4 e 5). Estes registros demonstram melhora na
harmonia do sorriso, assim como, boa posição dos dentes que estavam em erupção e o sucesso
do tratamento.

6 DISCUSSÃO

Desde as primeiras publicações que relataram o desvio da normalidade a má


oclusão de Classe III tem recebido maior atenção dos ortodontistas. A má oclusão de Classe
III é caracterizada por uma discrepância esquelética ântero-posterior, podendo ou não estar
acompanhada por alterações verticais, mas comumente com alterações transversais
20

associadas. Estas discrepâncias esqueléticas provocam alterações no posicionamento dos


dentes inter e intra-arcos. O aspecto facial fica comprometido nesses pacientes, sendo
justamente esse fator que os motiva a procurar tratamento para esse tipo de má oclusão[19-20]
A grande variação de expressão desta má oclusão e sua relação com alterações
no crescimento e desenvolvimento craniofaciais sempre levantaram muitas dúvidas quanto à
época correta de se intervir e a correta mecânica a ser empregada. Dentre as várias
modalidades terapêuticas sugeridas na literatura encontramos o uso de elásticos
intermaxilares, as extrações dentárias, aparelhos ortopédicos intra e extrabucais e tratamentos
ortocirúrgicos4, normalmente com indicações específicas para a fase de desenvolvimento em
que se encontra o paciente[19].
Durante muito tempo acreditou-se que o potencial de crescimento inerente a
cada indivíduo seria um fator etiológico tão intenso nos casos de Classe III que qualquer
tentativa de modificação do padrão de crescimento estaria fadada ao insucesso. Nas últimas
décadas, com o sucesso de terapias como o uso de mentoneiras e, principalmente, o uso da
tração reversa para protração maxilar, esses dogmas em relação à possibilidade de
intervenções ortopédicas têm sido derrubados[14].
Atualmente, a terapia de tração da maxila é um procedimento extremamente
divulgado e aceito para a fase de pré-surto de crescimento puberal, quando o paciente
apresenta uma displasia esquelética leve ou moderada . Porém, a passagem por essa fase
[11,14]

sem tratamento e uma tendência de crescimento desfavorável podem levar os pacientes a uma
indicação de tratamento com terapias ortocirúrgicas associadas, para a obtenção de resultados
satisfatórios[12,21]. Em nosso caso clínico, o sucesso do tratamento pode estar relacionado a
intervenção em tempo apropriado uma vez que o paciente se encontrava no início da curva de
crescimento puberal.
Para a correta seleção e indicação dos casos a serem tratados por essa
modalidade terapêutica é importante realizar-se análises faciais, cefalométricas, oclusais e
funcionais. Outros fatores, como expectativa do paciente, sua motivação e seu perfil
psicológico, complementam as informações para a correta indicação do caso para a
cirurgia[22,23]. A terapia ortocirúrgica é indicada para uma fase mais tardia, normalmente cerca
de 1 ano e meio após o término do surto de crescimento, devido à tendência de crescimento
tardio da mandíbula nesses pacientes[10,24].
........
A terapia mais aceita na atualidade é aguardar o crescimento cessar e proceder
com um tratamento ortocirúrgico convencional. Entretanto, a tentativa de se realizar uma
21

intervenção precoce pode ser considerada em casos onde a deformidade é acentuada e o


comprometimento psicossocial significativo.
Em um estudo, a osteotomia do tipo Le Fort I, em indivíduos com excesso
vertical, foi realizada em 48 pacientes, para impacção de maxila. Foi avaliada a fixação rígida
em 23 pacientes e fixação esquelética com fios em 25 pacientes. Os autores [25], verificaram
que este tipo de cirurgia teve pouco ou nenhum efeito sobre o crescimento vertical da maxila,
posteriormente à cirurgia, ou seja, a cirurgia não paralisou o crescimento, nem mesmo mudou
o padrão de crescimento dos pacientes. Por isso afirmaram ser muito importante avisar ao
paciente e familiares que uma nova cirurgia poderá se fazer necessária para corrigir
novamente o problema[25-27].
Em relação às cirurgias precoces de maxila, a avaliação da impacção cirúrgica
realizada em pacientes em crescimento não demonstrou efeito prejudicial no crescimento
mandibular ou na altura facial. A impacção precoce da maxila não normalizou ou inibiu o
padrão de crescimento vertical e o crescimento vertical pós-cirúrgico foi similar aos
indivíduos com padrão vertical não tratados, mas foi diferente dos não tratados e com
crescimento normal [26].
Quanto às cirurgias para correção das deformidades mandibulares existem três
opções, em relação à época do tratamento cirúrgico do paciente em crescimento com
hiperplasia mandibular: adiar a cirurgia até o crescimento estar completado, mesmo
considerando que possa haver problemas funcionais, com prejuízos na mastigação e fonação,
desfiguramento estético, dor e estigmas psicossociais associados à deformidade facial severa;
executar a cirurgia de recuo mandibular, com sobrecorreção, durante a fase de crescimento,
pois o crescimento acelerado é esperado após a cirurgia e novo procedimento será necessário
se a sobrecorreção for insuficiente ou excessiva; ou eliminar cirurgicamente o crescimento
mandibular subsequente com a condilectomia alta e, simultaneamente, corrigir a deformidade
mandibular, sendo esta a opção preferida por alguns autores[27].
Pacientes adolescentes com deformidades dentofaciais podem receber
tratamento cirúrgico durante a fase de crescimento ativo, devido a problemas funcionais, de
estética e fatores psicossociais. O conhecimento do crescimento facial, das opções de
tratamento e dos efeitos da cirurgia no padrão de crescimento pós-operatório irá ajudar o
ortodontista a melhorar seus cuidados com estes pacientes[26-27].
Mesmo em casos onde questões como as sugeridas pelos autores estejam
presentes, são necessárias ainda condições específicas de oclusão que permitam que os
princípios relacionados a esse tipo de terapia sejam respeitados. Esses princípios dizem
22

respeito a uma possibilidade de preparo pré-cirúrgico rápido, com movimentação dentária


mínima, pois se a fase pré-cirúrgica for longa, provavelmente, vai se aproximar do final do
surto de crescimento, o que não justificaria mais uma cirurgia precoce. Além disso, a grande
movimentação dentária no preparo pré-cirúrgico também teria um alto custo biológico, para
depois se instituir uma nova terapia, que frequentemente se faz necessária[26].
O resultado cirúrgico deve objetivar o melhor resultado estético e funcional para
a época do tratamento, não considerando a sobrecorreção, já que a estimativa do crescimento
residual é incerta. O paciente e os responsáveis devem ser alertados sobre a necessidade,
quase certa, de um tratamento ortocirúrgico convencional após o final do crescimento
maxilomandibular

7 CONCLUSÃO

Quando o paciente apresenta grande comprometimento psicossocial ou funcional


a cirurgia precoce para tratamento da Classe III deve ser indicada. Entretanto, alguns critérios
ortodônticos devem ser indicados para que essa terapia possa ser utilizada, como por exemplo,
pouca discrepância intra-arco e possibilidade de preparo pré-cirúrgico sem grandes
recolocações dentárias, devem ser observados.
Possivelmente um segundo tratamento ortocirúrgico se fará necessário após o
término do crescimento. Para casos criteriosamente selecionados, esse tratamento não deve
ser considerado como tratamento de rotina, mas sim como uma possibilidade terapêutica.
23

REFERÊNCIAS

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