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ARTIGO INÉDITO

Má oclusão de Classe II com deficiência mandibular:


protocolo de tratamento na dentição mista com o
aparelho Bionator de Balters — considerações clínicas
Class II malocclusion associated to mandibular deficiency: Treatment protocol in
the mixed dentition with the Balters’ Bionator appliance — clinical considerations

Rodrigo Castellazzi SELLA*


Wagner José Silva URSI**

Resumo Abstract

Introdução: a má oclusão de com deficiência mandibular na Introduction: The Class II mal- with mandibular deficiency in the
Classe II afeta boa parte dos dentição mista, salientando a occlusion is present in most of the mixed dentition, detach the
pacientes que procuram o con- importância do diagnóstico ade- patients of every professional’s importance of proper diagnosis,
sultório de profissionais clínicos. quado, explicando a necessidade clinical practice. There are cer- to explain the need for dentoal-
Determinadas situações reque- da descompensação dentoalveo- tain situations that require cor- veolar decompensation in both
rem a correção dessa má oclusão lar em ambas as arcadas e/ou a rection through mandibular ad- arches and/or maxillary jaw
por meio do avanço mandibular. correção ortopédica descompen- vancement and the consideration orthopedic correction before
Considerando os pacientes em satória da base óssea maxilar an- of mixed dentition patients, being mandible advancing, as well to
fase de dentição mista, pode-se tes do avanço mandibular, bem that this therapy can be accom- explain the presence of such
realizar essa terapia por meio de como apresentando o porquê da plished with fixed or removable compensation, besides highlight-
aparelhos ortopédicos funcio-nais presença de tais compensações, functional appliances. Objec-tive: ing the treatment protocol with
fixos ou removíveis. Obje-tivo: além de destacar o protocolo de This paper discusses the Balters’ Bionator appliance.
discutir as vantagens de se iniciar tratamento com o aparelho Bio- advantages of starting a treat-ment
o tratamento da Classe II nator de Balters. of Class II malocclusion

Palavras-chave: Keywords:
Má oclusão de Classe II de Angle. Aparelhos ativadores. Cresci- Angle’s Class II malocclusion. Activator appliances. Growth and
mento e desenvolvimento. development.

Como citar este artigo: Sella RC, Ursi WJS . Má oclusão de Classe II com deficiência man-
dibular: protocolo de tratamento na dentição mista com o aparelho Bionator de Balters — * Doutor em Ortodontia, UNESP. Professor, Departamento de Anatomia do Centro de
considerações clínicas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 ago-set;12(4):26-48. Ciências Biológicas, disciplinas de Anatomia Humana e Anatomia Dentária, UEL.
* Professor, Departamento de Odontologia Restauradora, Disciplina de Dentística, UEL.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financei-
ros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação


de suas fotografias faciais e intrabucais.

26 Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 ago-set;12(4):26-48


Sella RC, Ursi WJS

INTRODUÇÃO mandibular, que nessa fase do desenvolvimento, na dentição


mista, nos remete à utilização do aparelho Bionator de Balters.
A má oclusão de Classe II caracteriza-se por um degrau A literatura sobre o assunto é extensa, e apresenta evi-
sagital maxilomandibular aumentado9,10. dências científicas positivas do tratamento da Classe II na
Essa situação pode ser determinada por quatro dentição mista com uma série de aparelhos funcionais re-
situações: prognatismo maxilar, retrognatismo mandibular, movíveis, como Planas, Bimler, Regulador Funcional e o
associação de ambos (ou seja, do prognatismo maxilar ao pró-prio Bionator — todos eles dependentes de cooperação
retrognatismo mandibular), ou ainda, pelo padrão de do paciente. A descrição da terapia da Classe II nessa fase
crescimento acentua-do no sentido vertical9,10. do desenvolvimento com o aparelho de Herbst, que é fixo,
As três primeiras situações, normalmente, estão presen-tes tam-bém se mostra cientificamente respaldada10.
em indivíduos Padrão II, enquanto a última apresenta-se O presente artigo visa discutir o protocolo contemporâ-
naqueles indivíduos hiperdivergentes, dolicofaciais ou, ain-da, neo de tratamento da Classe II com deficiência mandibular
quando esse vetor de crescimento é acentuado nos indi-víduos na dentição mista, por meio do avanço mandibular com o
Padrão Face Longa. O crescimento no sentido vertical aparelho Bionator, destacando os fatores positivos e nega-
é capaz de gerar a má oclusão de Classe II por meio do giro tivos, bem como elucidar detalhes clínicos da terapia com
mandibular no sentido horário, que conduz a mandíbula a comentários que justifiquem a opção dos autores.
uma posição mais posterior9,10.
O tratamento dessa última situação, envolvendo indiví-duos
com padrão de crescimento vertical, também deve ser iniciado TRATAMENTO NA DENTIÇÃO MISTA
na dentição mista por meio de Ortopedia com con-trole vertical,
até a dentição permanente, constituindo uma tentativa de Os portadores da má oclusão de Classe II, tratados na
tratamento conservador por meio de compensa-ções que dentição mista, são indivíduos privilegiados. O tratamento
camuflem a discrepância esquelética instituída pelo padrão inicia-se no período intertransitório, a partir da dentição mis-
genético desfavorável. A avaliação clínica na denti-ção ta (Fig. 1), estendendo-se até a obtenção da dentição per-
permanente tardia pode, por outro lado, determinar a manente precoce ao término do segundo período transitó-
necessidade de tratamento envolvendo extrações dentárias, rio, ou seja, normalmente coincidente com a cronologia do
com mecânica de perda de ancoragem, giro antihorário da segundo pico de crescimento geral e mandibular 25, de forma
mandíbula e melhora das proporções faciais e cefalométricas que a eficácia do tratamento ortopédico pode ser maximiza-
quando a face é aceitável, ou pode indicar a descompensa-ção da e o sobretratamento evitado.
dentária e o preparo para cirurgia ortognática, conside-rando O objetivo do tratamento nessa fase é redirecionar o
faces esteticamente inaceitáveis. crescimento até a obtenção de certas referências dentárias,
O prognatismo maxilar isolado normalmente envolve o como a relação molar e de caninos de Classe I, sobremor-
tratamento por meio de controle do crescimento das maxi- dida e sobressaliência aceitáveis e linhas médias dentárias
las que exibem vetor de deslocamento anteroinferior, sendo superior e inferior próximas de coincidentes entre si e com a
frequentemente realizado com o splint de Thurow — deno- face (Fig. 2).
minado AEB conjugado —, que, por meio de uma força pos- Esse resultado, normalmente proporcionado pela terapia
terossuperior, controla e direciona o crescimento das bases por meio do aparelho de Herbst — que não depende de co-
ósseas superiores4. laboração —, nem sempre será atingido quando o tratamen-
Quando o paciente exibe Padrão II de crescimento facial to é instituído com o aparelho Bionator, mesmo quando toda
e o fator etiológico é a associação do prognatismo maxilar à cooperação necessária foi provida pelo paciente.
deficiência mandibular, o tratamento, usualmente, é realiza- Em 2002, Jacobs e Sawaengkit16 apresentaram uma
do por meio do AEB com ativador. Também existe a opção revi-são do tratamento da Classe II por meio do Bionator,
de, inicialmente, controlar o crescimento maxilar por meio promo-vida pelo Instituto Norte-americano de Pesquisas
do AEB conjugado (Ortopedia mecânica) e, então, intervir Dentárias e Craniofaciais. A terapia mostrou corrigir apenas
sobre a mandíbula, avançando-a com o Bionator de Balters 30% dos casos, apresentando discrepâncias da relação
(Orto-pedia funcional), que também exibirá papel de molar maiores que ½ Classe II (Fig. 3, 4).
contenção do tratamento inicial instituído nas maxilas. Quando uma relação molar Classe II completa mostra-se
Nesse sentido, a deficiência mandibular isolada deve re- presente ao início do tratamento, normalmente o resultado
ceber o tratamento ortopédico funcional por meio de avanço proporcionado pela terapia com o aparelho Bionator é a

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A B

Figura 1 Vistas laterais direita (A, C) e esquerda


(B, D) da má oclusão de Classe II na dentição
mista. O plano terminal dos segundos molares
decíduos mostra o degrau distal (linhas verme-
lhas) que guiou a erupção dos primeiros mola-
res permanentes em uma relação de Classe II
completa. Os caninos decíduos também mos-
tram relação de Classe II completa (linhas ama-
relas). Evidencia-se sobremordida e sobressa-
C D liência aumentadas (A, B).

A B

Figura 2 Vistas frontal (A, B) e oblíqua (C, D)


com a mandíbula em relação cêntrica (A, C), e
simulando o tratamento ortopédico funcional
por meio do avanço mandibular (B, D). Note
que o deslocamento da mandíbula para ante-
rior viabiliza a correção imediata do desvio de
linha média inferior e de ambas sobremordida
C D e sobressaliência exacerbadas.

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A B

Figura 3 Paciente em fase de dentição mista,


final do primeiro período transitório, exibindo
C D
má oclusão de Classe II, Divisão 1, com mola-
res e caninos direitos em relação de Classe II
total (A), enquanto os molares e caninos es-
querdos apresentam relação de ¾ de Classe
II, sendo que os primeiros molares esquerdos
mostram-se cruzados (B). Após 18 meses de
tratamento com o aparelho Bionator de Balters
(C, D) é possível evidenciar a correção da rela-
ção de molares e caninos por meio do avanço
mandibular, bem como a adequação da sobre-
E F mordida e da sobressaliência (E, F).

obtenção de uma relação de ½ Classe II e, às vezes, de ¼ característica marcante nos indivíduos que exibem relação
de Classe II. Esse resultado é considerado um sucesso, e molar de Classe II completa. Nessas pessoas, a cúspide
envolverá uma segunda etapa na fase da dentição perma- me-siovestibular dos primeiros molares superiores deixa de
nente precoce para eliminação desse ¼ ou ½ Classe II, até se relacionar com o sulco mesiovestibular dos primeiros
a obtenção do objetivo primordial, que é o redirecionamento mo-lares inferiores para ocluir em uma região
do crescimento e a adequação da relação esquelética com transversalmente menos ampla — a ameia entre o primeiro
melhora do arquétipo facial, tendo como referência den-tária molar permanente e o segundo molar decíduo inferiores, na
a relação molar e caninos normal, ou de Classe I, re-dução dentição mista, que se tornará a ameia entre o primeiro
da sobressaliência e da sobremordida, bem como a molar e o segundo pré--molar inferiores na dentição
adequação das linhas médias. permanente.
Vale ressaltar que é possível atingir a correção da Como, agora, o sulco mesiovestibular do primeiro molar
relação Classe II completa de molares e de caninos ao final inferior recebe a cúspide distovestibular do primeiro molar
da tera-pia, pois essa é a referência para determinação da superior, esse dente assume giroversão mesiopalatina ou
quanti-dade de avanço mandibular. Entretanto, esse dis-tovestibular característica.
resultado não ocorre em grande parte dos casos tratados. Assim, determinados níveis de giroversão dos mola-res
Quando essa correção não ocorre em alguns casos de superiores podem impedir a correção da relação molar
pacientes cooperadores, muitas vezes isso deve-se ao Pa-drão (mesmo em indivíduos com padrão de crescimento
II de crescimento marcante. Por outro lado, certos casos não favorável e cooperadores), simplesmente porque a
permitem a estabilização mandibular em relação molar Classe anatomia dentária impede a manutenção dos dentes em
I, permanecendo cerca de ¼ ou ½ Classe II, muitas vezes por relação de normali-dade (Classe I) quando esses se
causa da atresia maxilar ou da expansão insuficien-te da mostram mal posicionados (girovertidos). Torna-se sensato
arcada superior, ou ainda da giroversão dos molares, corrigir tais giroversões e, assim, adequar o posicionamento
dos molares superiores antes do avanço mandibular.

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A B

Figura 4 Paciente em fase de dentição mista,


final do primeiro período transitório, exibindo
má oclusão de Classe II, divisão 1, com mo-
lares direitos exibindo ½ Classe II e caninos
direitos em relação de Classe II total (A), bem
como molares e caninos esquerdos apresen-
tando relação de Classe II total (B). Após 16
C D meses de tratamento com o aparelho Bionator
de Balters (C, D) e obtenção da relação molar
de Classe I de molares, o aparelho foi utiliza-
do como contenção até o estabelecimento da
dentição permanente precoce (E, F), momen-
to oportuno para o início do tratamento orto-
dôntico por meio de aparatologia fixa. Note
que, mesmo com os molares em relação de
Classe I, os caninos direitos exibem ½ Clas-
se II ao término da terapia, característica que,
muitas vezes, é um reflexo da curva de Spee
aumentada, frequentemente associada à má
E F oclusão de Classe II.

O adjetivo “privilegiado”, utilizado anteriormente para ca- intervenção na fase de dentição mista pode ser
racterizar o paciente que inicia o tratamento na dentição mis-ta, determinada, de modo que o primeiro passo para a grande
torna-se pertinente, pois salienta que a relação molar de maioria dos casos será a descompensação da arcada
Classe II será, no mínimo, diminuída ou parcialmente corrigida inferior (se neces-sário), seguida da realização da expansão
nessa primeira fase do tratamento. Essa condição reflete a re- rápida da maxila (ERM) e correção da giroversão dos
dução da discrepância entre o crescimento maxilar e mandibu- molares superiores pre-viamente ao avanço mandibular.
lar. A obtenção da relação molar de Classe I e a harmonização
esquelética sagital podem ser atingidas em uma segunda eta-
pa, a partir da dentição permanente precoce, caracterizando o COMPENSAÇÕES DENTÁRIAS PRESENTES

avanço mandibular gradativo ao longo do desenvolvimento. NA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE II


Dessa forma, o clínico utiliza um parâmetro dentário repre-
sentado pela relação molar normal para guia-lo em direção ao Atresia dentoalveolar na arcada inferior
equilíbrio esquelético anteroposterior das bases ósseas.
Após a análise clínica do profissional e a avaliação ade- O paciente submetido ao avanço mandibular deve apre-
quada da documentação ortodôntica, a necessidade de sentar a arcada inferior, base do diagnóstico ortodôntico, com

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características morfológicas de normalidade no sentido COMPENSAÇÕES DENTÁRIAS DE PRIMEIRA


transversal. Essa arcada não pode exibir compensações ORDEM NOS MOLARES SUPERIORES
den-tárias, que normalmente estão explícitas por meio da
incli-nação lingual de coroa e vestibular de raiz acentuadas A má oclusão de Classe II gera certas compensações den-
nos dentes posteriores. A avaliação da distância do ponto tárias. Na dentição mista, a cúspide mesiovestibular dos primei-
EV à borda WALA determinará a necessidade de ros molares superiores permanentes terá seu relacionamento
intervenção des-compensatória em nível dentoalveolar 6,7,26. alterado e deixará o sulco mesiovestibular do primeiro molar
Entretanto, uma análise visual da forma da arcada inferior permanente para ocluir na ameia entre o primeiro molar
inferior nos modelos de estudo pode rapidamente indicar permanente e o segundo molar decíduo inferiores (Fig. 6).
alterações dentoalveolares compensatórias. Arcadas Com o desenvolvimento dos dentes e da oclusão, o pa-
quadradas e/ou com curvatura reversa do segmento ciente passará pelo segundo período transitório (Fig. 7) até
posterior merecem es-pecial atenção, pois, na maioria das a obtenção da dentição permanente precoce, em que a cús-
vezes, mostram inclina-ções dentárias inadequadas. pide mesiovestibular dos primeiros molares superiores
Essas características dentárias compensatórias, quando oclui-rá na ameia entre o primeiro molar e o segundo pré-
presentes na arcada inferior dos indivíduos que exibem má molar inferiores (Classe II) ao invés de no sulco
oclusão de Classe II, constituem uma tentativa de camuflar mesiovestibular do primeiro molar inferior (Classe I) (Fig. 8).
a atresia maxilar gerada pelo degrau maxilomandibular Quando o paciente atingir a dentição permanente tar-
aumentado. dia, de modo análogo, os segundos molares apresentarão
A importância da adequação anatômica da arcada in- comportamento semelhante aos primeiros, de modo que a
ferior para longevidade e estabilidade dos resultados do cúspide mesiovestibular dos segundos molares superiores
tratamento ortodôntico foi destacada em outro artigo 26. A passará a ocluir na ameia entre primeiro e segundo molares
verticalização dos dentes posteriores pode ser obtida por inferiores, deixando o sulco mesiovestibular do segundo
meio do aparelho de Schwarz, da placa labioativa (P.L.A.) mo-lar inferior (Fig. 9 e 10).
expandida e do arco lingual de Nance expandido na fase de Assim, na relação molar normal ou de Classe I, os molares
dentição mista e/ou permanente, sendo que, nessa últi-ma, superiores não exibem giroversão e mostram 10º de desvio
pode-se, ainda, lançar mão dos elásticos intermaxilares distal nas faces vestibulares (Fig. 6A, 8A, 9A e 10A).
cruzados, dos braquetes autoligáveis, ou ainda, quando a Por outro lado, na relação molar de Classe II, os molares
atresia mostrar-se exacerbada, pode-se associar os DTAs superiores exibem giroversão mesiopalatina característica,
(dispositivos temporários de ancoragem) ou MPOs (mini-- equivalente à giroversão distovestibular, deixando de exibir os
parafusos ortodônticos). Os protocolos de cada técnica já 10º de desvio distal nas faces vestibulares e passando a exibir
descritos nesse periódico26. 0º, fator que inviabiliza a estabilização mandibular na posição
Independentemente da forma de se obter a adequação da corrigida (Classe I) após o avanço (Fig. 6B, 8B, 9B e 10B).
inclinação dos dentes posteroinferiores, o objetivo desse pro- Pode-se inferir que os 10º de desvio distal da face vesti-
cedimento é a remoção da atresia dentoalveolar compensató- bular dos molares superiores, presentes na relação molar
ria da arcada inferior, dando a ela condições de ser avançada de Classe I, são dissipados pela giroversão dos molares
em equilíbrio morfológico com a arcada superior (Fig. 5). superio-res na relação molar de Classe II (Fig. 11).

Figura 5 Arcada inferior na fase de denti-


ção mista após a descompensação transver-
sal (A, B) que adequou a forma e inclinação
dos dentes posteriores. A P.L.A. expandida foi
utilizada para normalizar a dimensão transver-
sal e o posicionamento vestibulolingual dos
dentes posteriores, ao mesmo tempo em que
o escudo vestibular permitiu a vestibularização
dos incisivos. Após a obtenção do equilíbrio
anatômico, o aparelho foi mantido como con-
tenção (B), passivo nos sentidos laterolateral e
A B anteroposterior 26.

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A B

Figura 6 Relacionamento do primeiro molar superior com a arcada inferior na dentição mista. Dente vermelho: primeiro molar superior perma-
nente; dente branco: primeiro molar inferior permanente; dente cinza: segundo molar inferior decíduo; círculos vermelhos: pontas das cúspides
mesio- e distovestibular do primeiro molar superior. Círculo azul: sulco mesiovestibular do primeiro molar inferior. Linha vermelha: linha da ameia
de Andrews6, que passa pelo sulco oclusal principal mesiodistal. Linha branca: paralela à linha da ameia de Andrews 6, que passa pelo ponto mais
proeminente da face vestibular. Linha amarela: une as cúspides vestibulares dos molares superiores na face vestibular 6. (A) Relação molar normal
ou Classe I: a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior oclui no sulco mesiovestibular do primeiro molar inferior, gerando uma angula-
ção de 10º da linha que une as cúspides vestibulares dos molares superiores na face vestibular (amarela) em relação à linha branca, que é
paralela e equivalente à linha da ameia (vermelha) 6, e caracterizando um desvio distal característico dos molares superiores na relação molar de
Classe I. (B) Relação molar de Classe II: a cúspide mesiovestibular do primeiro molar permanente superior passa a ocluir na ameia entre o
primeiro molar permanente e o segundo molar decíduo inferiores, ocasionando giroversão característica e eliminação dos 10º de desvio distal nas
faces vesti-bulares. O sulco mesiovestibular do primeiro molar inferior permanente passa a se relacionar com a cúspide distovestibular do primeiro
molar superior permanente.

Figura 7 Paciente no segundo período tran-


sitório, exibindo má oclusão de Classe II, di-
visão 1. Os primeiros molares permanentes
e caninos decíduos direitos mostram relação
de ½ Classe II, enquanto os primeiros molares
permanentes e caninos decíduos esquerdos
A B apresentam relação de ¾ de Classe II.

A B

Figura 8 Relacionamento do primeiro molar superior com a arcada inferior na dentição permanente precoce. Na relação molar normal ou Clas-se I
(A), a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior oclui no sulco mesiovestibular do primeiro molar inferior, enquanto na relação molar de
Classe II (B), a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior passa a ocluir na ameia entre o primeiro molar e o segundo pré-molar infe-
riores, ocasionando giroversão característica e eliminação dos 10º de desvio distal nas faces vestibulares.

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Figura 9 Relacionamento do segundo molar


superior com a arcada inferior na dentição
permanente tardia. Na relação molar normal
ou Classe I (A), a cúspide mesiovestibular do
segundo molar superior oclui no sulco mesio-
vestibular do segundo molar inferior, enquan-
to na relação molar de Classe II (B), a cúspide
mesiovestibular do segundo molar superior
passa a ocluir na ameia entre o primeiro e o
segundo molares inferiores, ocasionando gi-
roversão característica e eliminação dos 10º
A B de desvio distal nas faces vestibulares.

Figura 10 Relacionamento dos primeiros e


segundos molares superiores com a arca-da
inferior na dentição permanente tardia. Na
relação molar normal ou de Classe I (A), os
molares superiores não exibem giroversão e
mostram 10º de desvio distal necessários
para estabilização mandibular pós-avanço. Na
relação molar de Classe II (B), os molares
superiores exibem giroversão característica,
deixando de mostrar os 10º de desvio distal e
passando a exibir 0º, fator que instabiliza do
A B deslocamento mandibular para anterior.

A B

Figura 11 Relacionamento do primeiro molar


superior com a arcada inferior na dentição
mista (A, B) e relacionamento dos primeiros e
segundos molares superiores com a arcada
inferior na dentição permanente tardia (C, D).
Os 10º de angulação da linha amarela em re-
lação à branca/vermelha na relação molar de
Classe I (A, C) continuam presentes na
relação molar de Classe II (B, D). Entretanto,
a giro-versão com os molares superiores em
Clas-se II acarretará em 0º de desvio distal
nesses dentes quando a arcada estiver
C D alinhada e nivelada (B, D).

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A correção dessas giroversões constitui um fator necessá- COMPENSAÇÕES DENTÁRIAS DE TERCEIRA


rio para estabilização da mandíbula após o avanço em qual- ORDEM EM DENTES POSTEROSSUPERIORES
quer fase do crescimento e desenvolvimento craniofacial.
Lamons e Holmes19 salientaram a prevalência de 90% a Essa migração dos molares superiores para uma região
95% de molares girovertidos em indivíduos com má oclusão mais anterior da arcada dentária inferior (e, consequente-
Classe II, divisão 1. mente, em uma dimensão transversal menor) durante o de-
Para aferir a presença de giroversões nos molares supe- senvolvimento dos dentes e da oclusão, faz com que, desde
riores, Ricketts24 estabeleceu o traçado de uma linha pelas a fase de dentição mista, a arcada superior mostre-se
pontas das cúspides distovestibular e mesiopalatina dos atrésica. Quando o tratamento não é iniciado nessa fase e o
primeiros molares superiores. Quando os molares estive- paciente continua a crescer e a se desenvolver conforme
rem bem posicionados, ou seja, sem a presença de rotação, seu Padrão II, essas características são mantidas por meio
essa linha deverá cruzar na região distal do canino do lado da dentição permanente precoce até a dentição permanente
oposto. Conforme os molares exibem níveis gradativamen- tardia, ou seja, o degrau maxilomandibular aumentado
te maiores de giro mesiopalatino, essa linha migra em dire- associado ao relacionamento dos molares em Classe II
ção distal (Fig. 12). promove a atresia dos ossos basais superiores (maxilas).
O dispositivo ortodôntico que elegemos para correção da Nesse cenário, a deficiência transversal esquelética
giroversão dos molares superiores é a barra transpalatina maxi-lar pode gerar compensações dentárias nos dentes
(BTP). A utilização de arcos ortodônticos full size (0,017" x posteros-superiores no sentido vestibulolingual — 3ª ordem.
0,025" no slot 0,018" x 0,025" e 0,021" x 0,025" no slot 0,022" Quando o posicionamento vestibulolingual mostra-se
x 0,028") inse-ridos nos tubos com 10º de off-set (desvio distal) correto, os dentes posterossuperiores exibem inclinação lin-
e soldados às bandas dos molares superiores vem gual de coroa (vestibular de raiz). Uma avaliação precisa e
complementar a ação da BTP para a correção das giroversões. rápida pode ser realizada por meio de uma placa de vidro.

A B C

Figura 12 Arcada superior da paciente da Figura 7. Segundo Ricketts 24, o traçado de uma linha (vermelha) pelas pontas das cúspides
distovestibular e mesiopalatina (círculos vermelhos) do primeiro molar superior direito, cuja extremidade cruzou o primeiro molar superior esquerdo,
evidenciou a giroversão desse dente (B). Da mesma forma, o traçado de uma segunda linha (amarela) pelas pontas das cúspides distovestibular e
mesiopalatina (círculos amarelos) do primeiro molar superior esquerdo, cuja extremidade cruzou a ameia entre o primeiro molar permanente e o
segundo molar decíduo, superiores direitos, também evidenciou a giroversão do dente 26 (B). Note a giroversão mesiopalatina/distovestibular dos
primeiros molares superiores permanentes, característica da má oclusão de Classe II (A, C).

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Ao posicionar-se o modelo da arcada superior sobre a placa, Vale lembrar que para a realização do avanço mandibu-lar
deve-se verificar quais cúspides tocam o vidro. Em uma situa- na dentição permanente tardia, os torques dos segundos
ção de inclinações adequadas, ambas as cúspides, vestibula- molares superiores também podem ser adequados com a BTP,
res e palatinas, tocam a placa, ou, ainda, as palatinas podem e em ambas as dentições (permanente precoce ou tar-dia),
mostrar-se suavemente aquém do vidro (Fig. 13). usa-se arcos ortodônticos full size de 0,017" x 0,025" no slot
Conforme a atresia maxilar vai se manifestando, os dentes 0,018" x 0,025" e 0,021" x 0,025" no slot 0,022" x 0,028", in-
posteriores começam a mostrar compensações de inclinação, seridos nos braquetes e tubos dos dentes posteriores (pres-
justamente para camuflar a deficiência esquelética transversal, crições Capelozza: pré-molares exibem 7º e molares 10º de
de modo que as cúspides vestibulares passam a se distanciar inclinação lingual de coroa), que corroboram com a ação da
da placa de vidro e o torque lingual de coroa (vestibular de raiz) BTP para a correção das inclinações dentárias.
vai sendo reduzido, podendo até ser eliminado (Fig. 14), ou em A partir de uma nova condição em que todas as compensa-
situações mais severas, tornar-se negativo. ções dentárias (giroversões e inclinações) e esqueléticas (atresia
Nesse sentido, quando a atresia maxilar se torna mais maxilar) tiverem sido eliminadas, o tratamento ortopédico fun-
acentuada, os dentes posteriores simultaneamente passam a cional pode ser instituído, permitindo que o reposicionamento
exibir níveis maiores de compensações no torque, em uma mandibular equilibre o relacionamento entre as bases ósseas.
tentativa de camuflagem da deficiência esquelética transver-
sal. As cúspides vestibulares passam a apresentar uma dis-
tância considerável da placa de vidro e o torque vestibular de MANIPULAÇÃO DOS MODELOS DE ESTUDO
coroa (lingual de raiz) torna-se evidente (Fig. 15).
A correção da atresia maxilar é realizada por meio da É interessante detectar que, mesmo após a terapia associan-do
ERM, enquanto as inclinações dos molares são adequadas, expansão da arcada superior e avanço mandibular consti-tuir um
nessa fase de dentição mista, com a BTP. protocolo clássico para o tratamento da Classe II com

Figura 13 Inclinações adequadas ou torque ideal. Quando o posicio-


namento vestibulolingual mostra-se correto, os dentes posteriores
exibem inclinação lingual de coroa (vestibular de raiz) e ambas as cús-
pides, vestibulares e palatinas, tocam a placa de vidro (linha pontilha-
da vermelha), ou, ainda, as palatinas podem mostrar-se suavemente
aquém do vidro. Ao conectarmos as linhas azuis verticais referentes
aos longos eixos dos primeiros molares superiores por meio de duas
linhas azuis horizontais, todas elas traçadas em um plano de secção
frontal, o resultado é um trapézio (sombreado azul) com base maior
voltada para apical e base menor voltada para oclusal.

Figura 14 Pequena correção de torque. Quando os dentes posterio-res


começam a mostrar compensações de inclinação para camuflar a
atresia maxilar, as cúspides vestibulares (linhas pontilhadas amarelas)
começam a se distanciar da placa de vidro (linha pontilhada vermelha)
e o torque lingual de coroa/vestibular de raiz vai sendo reduzido, po-
dendo até ser eliminado, ou, em situações mais severas, tornar-se ne-
gativo. O traçado dos longos eixos dentários (linhas azuis verticais) em
um plano de secção frontal evidencia certo paralelismo, de modo que,
ao conectarmos essas linhas por meio de duas linhas azuis horizontais,
o resultado é o desenho de um retângulo (sombreado azul).

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ARTIGO INÉDITO Má oclusão de Classe II com deficiência mandibular: protocolo de tratamento na dentição mista com o aparelho Bionator de Balters — considerações clínicas

Figura 15 Grande correção de torque. Conforme a atresia maxilar se


torna mais acentuada, os dentes posteriores simultaneamente passam
a exibir níveis maiores de compensações de inclinação em uma tenta-
tiva de camuflagem da deficiência esquelética transversal. As cúspides
vestibulares (linhas pontilhadas amarelas) passam a apresentar uma
distância considerável da placa de vidro (linhas pontilhadas vermelhas)
e o torque lingual de coroa/vestibular de raiz tornar-se acentuadamen-
te negativo. O traçado dos longos eixos dentários em um plano de
secção frontal (linhas azuis verticais) mostra divergência em sentido co-
ronário, equivalente à convergência em sentido apical, de modo que, ao
conectarmos essas linhas por meio de duas linhas azuis horizontais,
evidencia-se um trapézio (sombreado azul) com base menor voltada
para apical e base maior voltada para oclusal.

deficiência mandibular em fase de dentição mista, certos Vale ressaltar que essa situação está presente em boa parte
fatores relacionados com a má oclusão continuam sendo dos casos, mas não em sua totalidade, devendo o profissional estar
estudados, talvez por apresentarem alta relevância clínica. sempre atento para aquelas situações menos frequentes que
O estudo de Alarashi et al.2 é um exemplo claro. Os autores descartam a necessidade de expansão da arcada superior.
compararam dois grupos de indivíduos com diferentes con- Ao realizarmos a manipulação anteroposterior dos mode-los
figurações craniofaciais em norma frontal: um com oclusão de estudo, podemos nos deparar com diversas situações, que
normal, e outro com má oclusão de Classe II, ambos em requerem diferentes quantidades de expansão para a arcada
fase de dentição mista. As variações da forma nos superior. O parâmetro quantitativo clínico de ativação do
indivíduos Clas-se II foram constituídas, principalmente, por parafuso expansor que utilizamos é o seguinte:
uma contração da maxila, tanto em nível esquelético quanto 1) Mordida cruzada posterior unilateral: 4mm.
dentoalveolar, além de um estreitamento da base do nariz. 2) Mordida cruzada posterior bilateral: 8mm.
Assim, ao nos depararmos com um tratamento envolven-do 3) Topo a topo unilateral – metade da mordida cruzada
o avanço mandibular, uma avaliação essencial envolve a posterior unilateral: 2mm.
manipulação dos modelos de estudo para uma relação molar 4) Topo a topo bilateral – equivalente à mordida
de Classe I (Fig. 16, 17). Esse simples exercício tem por ob- cruzada posterior unilateral: 4mm.
jetivo detectar a presença de compensações esqueléticas e 5) Pequena correção de torque, 1,0mm para cada lado:
dentárias, representadas, respectivamente, pela atresia ma- 2mm.
xilar e pelas inclinações inadequadas, e determinar a neces- 6) Grande correção de torque, 2,0mm para cada lado:
sidade e a quantidade de expansão da arcada superior para 4mm.
acomodação da mandíbula em uma posição mais anterior. 7) Sobrecorreção: avaliação individual; 0mm –
A correção das inclinações dos dentes superiores em uma sobrecor-reção desnecessária; 1mm (0,5mm para
condição de atresia maxilar pode acarretar em uma “piora” da cada lado) – casos moderados; 2mm (1mm para
relação transversal entre as arcadas, com possíveis interfe- cada lado) – casos graves.
rências dentárias e consequente trauma oclusal pela tendên- 8) Descompensação inferior: avaliação individual – o va-
cia a uma relação topo a topo dos dentes posteriores. lor deve ser incorporado ao somatório da arcada su-
A maioria dos casos requer a expansão da arcada supe- perior.
rior, pois, o degrau maxilomandibular aumentado, ou seja, o Nesse sentido, certas situações clínicas podem associar
posicionamento mandibular acentuadamente para posterior em problemas, o que requer a soma dos parâmetros quantita-
relação à maxila, acaba por gerar características de atre-sia à tivos. Por exemplo, um caso de mordida cruzada posterior
arcada superior. Assim, a atresia maxilar e consequente bilateral, que requer 8mm de expansão, associado a torque
envolvimento transversal da arcada superior, camuflado pelo vestibular de coroa acentuado em ambos os lados, que exi-
posicionamento posterior da mandíbula, são expostos ao girá 4mm de expansão sendo 2mm para cada lado,
conduzirmos a arcada inferior anteriormente (Fig. 16 e 17), e totalizará 12mm de ativação do parafuso expansor.
justificam a terminologia “atresia maxilar relativa” presente na Por outro lado, uma situação de mordida cruzada uni-
maioria das más oclusões de Classe II (Fig. 18). lateral, que requer 4mm de expansão, associada a torque

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A B

Figura 16 Modelos recortados em relação cêntrica (A) e a manipulação dos modelos de estudo até a correção da relação dos molares e dos cani-
nos (B). A má oclusão de Classe II camufla a atresia maxilar, denominada relativa (A), e evidenciada pela relação de topo dos molares, ou até pela
obtenção de mordida cruzada posterior quando o avanço mandibular é simulado (B).

Figura 17 Vista oclusal do relacionamento dos


dentes superiores (vermelho) com os dentes
inferiores (branco). Os pontos em azul
representam as pontas de cúspides ves-
tibulares dos pré-molares inferiores e sulcos
mesiovestibulares dos molares inferiores, en-
quanto os pontos em vermelho representam
as pontas de cúspides vestibulares dos pré--
molares superiores e mesiovestibulares dos
molares superiores.
A) Relação de molares e caninos normal, ou
A B seja, Classe I, e diferença positiva (linhas la-
ranja) entre as cúspides mesiovestibulares
dos molares superiores e o sulco
mesiovestibular dos molares inferiores.
B) Relação de molares e caninos em Classe II,
com as devidas compensações envolvidas.
C) A simulação do avanço mandibular evi-
dencia a necessidade de expansão da arcada
superior a partir da diferença negativa (linhas
pretas) entre as cúspides mesiovestibulares
dos molares superiores e o sulco mesiovesti-
bular dos molares inferiores.
D) Simulação da ERM e descompensação da
arcada superior associada ao avanço mandi-
bular para restabelecimento da relação de
normalidade transversal e anteroposterior en-
C D tre as arcadas, exemplificada em (A).

Figura 18 Forma adequada da arcada dentá-


ria inferior (B) e “aparentemente” adequada
da superior (A). Lembre-se de que, apesar da
forma da arcada superior (A) aparentar nor-
malidade, existe a presença de atresia
maxilar relativa devido ao degrau sagital
maxiloman-dibular aumentado. A arcada
inferior (B) está adequado no sentido
transversal, apresenta forma parabólica
satisfatória e distâncias da borda WALA aos
pontos EVs normais, sem a presença de
inclinação acentuada dos den-tes posteriores
A B para lingual, característica da atresia
dentoalveolar inferior.

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ARTIGO INÉDITO Má oclusão de Classe II com deficiência mandibular: protocolo de tratamento na dentição mista com o aparelho Bionator de Balters — considerações clínicas

vestibular de coroa moderado nos dois lados, que exigirá maneira insatisfatória, sem deslocar-se para região anterior
2mm de expansão, sendo 1mm para cada lado, totalizará do sapato. Mas, quando o sapato é amplo, o pé consegue
em 6mm de ativação do parafuso expansor. deslizar ao longo de seu comprimento, posicionando-se an-
Cabe destacar a importância de se considerar a neces- teriormente, de maneira mais equilibrada (Fig. 21)18,23.
sidade de descompensação da arcada inferior 26. O valor Assim, a correção da atresia maxilar por meio da ERM
numérico de descompensação transversal dontoalveolar acaba por favorecer o posicionamento mandibular em dire-
inferior deve ser acrescentado ao total de ativação do ex- ção anterior em indivíduos que exibem má oclusão de
pansor maxilar. Se a arcada inferior receber 3, 4, 5 ou 6mm Classe II com deficiência mandibular.
de expansão, essa quantidade deve ser incorporada ao so- Outro benefício proporcionado por esse procedimento
matório da arcada superior. é o aumento do perímetro da arcada, que poderá ser uti-
Por fim, a sobrecorreção, principalmente nos casos de lizado para correção de apinhamento dentário, ou, ainda,
atresia maxilar acentuada, constitui um fator a ser avaliado, para compensar os dentes anterossuperiores, retraindo-os
considerado e individualizado para amenizar os riscos de re- ou inclinando-os para palatino naqueles pacientes cujo perfil
cidiva. Pode-se desconsiderar a necessidade de sobrecorre- aceita tal alteração. Adkins, Nanda e Currier 1 salientaram
ção para situações consideradas sob controle; ou, naqueles que cada milímetro de expansão do parafuso corresponde a
casos mais críticos, acrescentar 1mm (0,5mm para cada lado um aumento de 0,7mm no perímetro da arcada superior.
– nível moderado) ou 2mm (1mm para cada lado – nível No sentido transversal, a ampliação da arcada superior
gra-ve), conforme a severidade menor ou maior da atresia favorece a correção da inclinação axial dos dentes poste-
maxi-lar e das compensações dentárias. rossuperiores no sentido vestibulopalatino, ou seja, cor-
reção da inclinação vestibular de coroa representativa de
torque inadequado21.
ERM E PARTICULARIDADES DO COMPORTAMENTO A arcada inferior pode se beneficiar nessa condição de
MANDIBULAR PÓS-EXPANSÃO NA CLASSE II ampliação maxilar e ter as inclinações dos dentes posteroin-
feriores adequadas por meio da verticalização espontânea
A ERM é um procedimento ortopédico mecânico, neces- desses dentes20,21. Quando a correção da atresia da arcada
sário à maior parte dos tratamentos da Classe II e capaz de inferior não acontece de modo espontâneo, deve-se
agregar muito valor à terapia13,14. realiza--la por meio de aparelhos devidamente
A capacidade da maxila de ser manipulada no sentido selecionados26.
transversal por meio de aparelhos que geram a ruptura da Assim, vale salientar que esse procedimento é indicado
sutura palatina mediana e consequente disjunção maxilar, para remover a atresia maxilar e/ou atresia dentoalveolar
como Haas, Hyrax, Expansor Encapsulado, T-Rex ou T-Hy- compensatória da arcada superior, dando a ela condições
rax27, constitui uma característica que pode proporcionar de receber o avanço da mandíbula e favorecendo esse
uma série de benefícios (Fig. 19)21. desloca-mento espontâneo ou provocado, mas que permite,
Quando a base óssea superior é ampliada, a estabilidade ainda, amenizar e/ou eliminar o apinhamento dentário,
do posicionamento mandibular para posterior é quebrada, corrigir in-clinações dentárias inadequadas
proporcionando um ambiente favorável para que a base ós-sea anterossuperiores ou pos-teriores em ambas as arcadas e,
inferior se desloque para anterior, melhorando o relacio- ainda, retrair os dentes an-terossuperiores 1,21.
namento maxilomandibular por meio da redução do degrau Mesmo após a determinação cautelosa do parâmetro
maxilomandibular acentuado e, consequentemente, atuan-do a quantitativo de expansão da arcada superior e realização da
favor do tratamento. Essa melhora do posicionamento ERM conforme esse cálculo, deve-se simular o tratamento
mandibular, deslocando-a para anterior, muitas vezes trans- ortopédico funcional por meio do avanço mandibular após a
forma o procedimento de ERM em um “aparelho ortopédico expansão, orientando o paciente a avançar a mandíbula,
funcional intrínseco” para o tratamento da Classe II (Fig. 20). guiando-a para a posição desejada, para avaliar a correção
Muito já foi discutido a respeito, e uma analogia clássica da relação dos molares, caninos, sobremordida, sobressa-
dessa situação envolve o exemplo do pé posicionado no sa- liência, linhas médias e, claro, aferir se a quantidade de au-
pato “apertado” e no sapato com tamanho adequado, ou mento da dimensão transversal foi suficiente para sustentar
“folgado”, sendo que o sapato representa a maxila e o pé a a mandíbula em sua nova posição, respeitando as metas te-
mandíbula. Na primeira situação, onde o sapato é aperta- rapêuticas. Caso seja detectada a necessidade de comple-
do, o pé para na metade do caminho, acomodando-se de mentar a expansão da arcada superior, essa pode ser
iniciada imediatamente (Fig. 22).

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A B C

Figura 19 Arcada superior imediatamente após a instalação do expansor de Haas (A). A ativação de 6mm do parafuso expansor viabilizou a dis-
junção maxilar, e o aparelho foi estabilizado por meio de resina composta (B). Decorridos cinco meses da expansão rápida da maxila — período
suficiente para ossificação da sutura palatina —, realizou-se a remoção do disjuntor.

A B C

D E F

Figura 20 Exemplo de acomodação mandibular espontânea para anterior após a ERM. Vista frontal pré-expansão (A) e pós-expansão (D). Note
que a relação de ½ Classe II dos molares do lado direito (B) torna-se Classe I (E) após a disjunção palatina. Os molares do lado esquerdo (C), que
apresentavam relação de Classe I, passam a exibir ¼ de Classe III (F). O relacionamento dos caninos também apresentou melhora de ambos os
lados, reflexo do efeito do “aparelho ortopédico funcional intrínseco” proporcionado pela ERM.

A B

Figura 21 Analogia do relacionamento maxilomandibular por meio da acomodação do pé no sapato de Körbitz 18. O sapato representa a maxila e o
pé a mandíbula. Em um sapato apertado (A), o pé para na metade do caminho, acomodando-se de maneira inadequada, sem deslocar-se para
região anterior do sapato. Quando o sapato apresenta dimensões adequadas ou é amplo (B), o pé consegue deslizar ao longo do comprimento do
sapato, posicionando-se anteriormente, de maneira mais equilibrada. (Figura modificada a partir de Reichenbach, Brückl e Taatz 23).

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ARTIGO INÉDITO Má oclusão de Classe II com deficiência mandibular: protocolo de tratamento na dentição mista com o aparelho Bionator de Balters — considerações clínicas

Figura 22 Paciente das figuras 7, 18 e 19 após a


ERM. Vista lateral direita (A) e esquerda (B) da
mandíbula em relação cêntrica, e simulando o
tratamento ortopédico funcional por meio do
A B avanço mandibular (C, D). Esse exercício viabili-
za aferir se a quantidade de aumento da dimen-
são transversal foi suficiente para comportar a
mandíbula em sua nova posição (C, D). A cur-va
de Spee acentuada evidencia que a arcada
dentária a ser corrigida é a inferior. O avanço
mandibular viabilizará, concomitantemente, a
correção da relação de molares e caninos, bem
como da sobremordida, sobressaliência e da
curva de Spee — todas acentuadas. O espaço
entre as arcadas, gerado na região posterior pelo
deslocamento anterior da mandíbula, é ideal para
C D a correção da curva de Spee.

BIONATOR DE BALTERS convexidade facial, com diminuição dos ângulos ANB e NAP.
Considerando a relação vertical, não houve alterações signi-
Apesar da publicação do autor, intitulada de “Guia de la téc- ficativas no padrão de crescimento craniofacial. O posiciona-
nica del Bionator”8, ter sido realizada apenas em 1969, o apare-lho mento vertical da maxila (SN.PP) não se alterou com a terapia 3
desenvolvido por Wilhelm Balters, na década de 50, já era ou girou no sentido horário3 A altura facial anteroinferior (AFAI)
amplamente utilizado desde então (Fig. 23). Trata-se de um apa- e a altura facial posterior não mostraram alterações significati-
relho ortopédico funcional com ação de verdadeira ginástica e vas, não se constatando os propagados efeitos deletérios dos
treinamento muscular, cujo objetivo é a normalização funcional por aparelhos ortopédicos no aumento dessas variáveis5.
meio da alteração postural da mandíbula em relação à ma-xila, Almeida et al.3,5 destacaram os efeitos dentoalveolares pro-
devolvendo ao sistema estomatognático estímulos normais de porcionados pelo tratamento por meio do Bionator. Detectou--
crescimento e desenvolvimento, proporcionando condições para a se inclinação para lingual e retrusão dos incisivos superiores.
obtenção do equilíbrio por meio de forças próprias do or-ganismo. Os primeiros molares superiores não extruíram significativa-
A terapia preocupa-se, portanto, com o equilíbrio das estruturas mente, mantendo estáveis suas posições no sentido vertical;
faciais em relação ao componente dentoalveolar, para que o entretanto, no sentido anteroposterior, esses dentes sofreram
equilíbrio do aparelho mastigatório possa ser alcançado. 22 mesialização5. Os incisivos inferiores exibiram inclinação para
O tratamento por meio do Bionator é indicado para pa-cientes vestibular e protrusão ao término da terapia. Os primeiros mola-
que se encontram na fase de crescimento, uma vez que promove res inferiores apresentaram deslocamento nos sentidos vertical
alterações esqueléticas e dentárias para a correção da má oclusão (extrusão)3,5 e horizontal (mesialização)5.
de Classe II associada à deficiência mandibular, que, A efetividade do tratamento em longo prazo e o momento
frequentemente, exibe como características dentárias sobressa- ideal para iniciar a terapia foram abordados por Faltin Jr. et al. 12
liência e sobremordida acentuadas e curva de Spee aumentada. Os autores afirmaram que o tratamento com o aparelho Biona-
As alterações esqueléticas geradas pelo tratamento com o tor, seguido de aparatologia fixa, constitui um protocolo efetivo
Bionator foram destacadas por Almeida et al.3, em 2001, e e estável em longo prazo, quando iniciado imediatamente antes
reiteradas por Almeida-Pedrin et al.5, em 2005. A terapia não do surto de crescimento pubertal. A determinação radiográfica
propiciou alterações significativas no desenvolvimento ma-xilar, do momento ótimo para começar o tratamento com o Biona-tor
mas promoveu um aumento significativo na protrusão é quando uma concavidade mostra-se evidente nas bordas
mandibular3,5. As dimensões mandibulares aumentaram sensi- inferiores da segunda e terceira vértebras cervicais, ou seja, no
velmente no grupo tratado com o Bionator, porém, foram es- segundo estágio de maturação das vértebras cervicais (CVMS
tatisticamente insignificantes5. Entretanto, vale ressaltar que, II). A quantidade de aumento em comprimento do corpo man-
clinicamente, os resultados podem ser significativos5. Houve dibular em longo prazo nos indivíduos tratados com o Bionator
uma melhora significativa na relação maxilomandibular e na durante o surto pubertal foi 5,1mm maior em relação àqueles

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A B

Figura 23 Aparelho ortopédico funcional Bionator de Balters8.

não tratados e com má oclusão Classe II. Resultados favoráveis indicaram o recobrimento dos incisivos inferiores por meio de
semelhantes foram registrados por meio de incrementos na al-tura acrílico com objetivo de restringir alterações verticais, além de
do ramo mandibular pelo direcionamento significativamen-te maior reduzir a tendência à vestibularização desses dentes.
do crescimento condilar para posterior. A instalação consiste em inserir o aparelho na cavidade
Esse tipo de aparelho, muito utilizado na prática clínica, bucal e verificar a adaptação adequada dos dentes superio-
apresenta-se bastante efetivo. Siara-Olds et al. 28 compara-ram res e inferiores ao acrílico, bem como do arco vestibular aos
os resultados do tratamento de pacientes tratados com Herbst, dentes anterossuperiores, elemento, esse, responsável por
MARA, Twin Block e Bionator, e os resultados mostra-ram não proporcionar certa retenção ao aparelho (Fig. 24).
haver diferenças dentoesqueléticas estatisticamente O aparelho é ativado por meio de desgaste gradativo do
significativas ao término do tratamento entre os grupos. acrílico na região que recobre os dentes posteroinfe-riores
Apesar da semelhança dos resultados em terapias realizadas (Fig. 25) e visa equilibrar o relacionamento maxilo-
com diversos aparelhos, consideramos algumas vantagens do mandibular, modificando a curva de Spee, amenizando a
Bionator em relação aos outros dispositivos ortopédicos funcio-nais sobremordida e a sobressaliência, adequando as linhas
quando o elegemos para o tratamento da má oclusão de Classe II médias e corrigindo a relação dentária de Classe II.
com deficiência mandibular na fase de dentição mista: Esse procedimento proporcionará um guia de erupção
Vantagens do Bionator de Balters: simples confecção, dos dentes posteroinferiores com a mandíbula em uma
fácil manuseio, boa adaptação do paciente, alta resistência posi-ção avançada e com molares em relação de Classe I.
e previsibilidade dos resultados. As alterações dentoesqueléticas estão baseadas no
Por ser removível, o Bionator apresenta, ainda, todas as van- princípio de erupção diferencial de Harvold 15 (Fig. 26), que
tagens e desvantagens de qualquer aparelho dessa categoria. promove o deslocamento dos dentes posteroinferio-res para
Vantagens de um aparelho móvel: pode ser removido cima e para anterior, ou seja, nos sentidos verti-cal e
para a alimentação e higienização da boca e do aparelho, sagital, limitando alterações de posicionamento dos dentes
ou, ainda, para algum evento social importante, propor- posterossuperiores. Note que o desgaste do acrí-lico é
cionando conforto nessas situações cotidianas. realizado na região dos dentes posteroinferiores,
Desvantagens de um aparelho móvel: o sucesso do tra- preservando o acrílico na região dos dentes posterossu-
tamento depende da cooperação do paciente em utilizá-lo o periores (Fig. 25).
maior período de tempo possível, removendo-o apenas nas Cabe salientar que em determinadas situações, menos
situações anteriormente descritas e armazenando-o apro- frequentes e pontualmente selecionadas, pode-se desgas-
priadamente em um recipiente com água, nesses momentos. tar o acrílico em locais específicos para induzir um movi-
O aparelho original de Balters sofreu algumas modifi- mento diferencial dos dentes superiores, com o intuito de
cações, como as sugeridas por Janson e Noachtar 17, que potencializar essa correção.

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O controle do uso pode ser realizado, verificando-se a pre- Procedimento de desgaste: ativação
sença de marcas do arco vestibular na mucosa das bochechas
do paciente (Fig. 27). Os cooperadores usualmente exibem tais Siqueira e Mondelli29 recomendaram o uso do aparelho por
características, devido à alta frequência de uso do aparelho. três meses, para, então, iniciar o desgaste do acrílico na re-
gião posteroinferior, envolvendo todos os dentes posterio-
Registros necessários para confecção do aparelho res presentes, que, na dentição mista, são representados
pelos primeiros e segundos molares decíduos e primeiros
Os procedimentos realizados e os registros que o profis- molares permanentes inferiores.
sional deverá obter para encaminhar ao laboratório que con- Entretanto, utilizamos um protocolo de remoção grada-tiva
feccionará o Bionator de Balters são: da resina acrílica na região oclusal dos primeiros mola-res
1) Moldagem da arcada superior: obtenção do modelo inferiores a partir do momento da instalação do aparelho (Fig.
de trabalho da arcada superior; 25). Entendemos que a ativação imediata do mecanismo de
2) Moldagem da arcada inferior: obtenção do modelo de erupção diferencial pode diminuir o tempo de tratamen-to, e,
trabalho da arcada inferior; por se tratar de um aparelho removível, totalmente de-
3) Mordida construtiva em cera: tomada a partir da nova pendente da cooperação do paciente, é um fator importan-te,
posição mandibular e guiada pela relação dos que deve ser considerado desde o início do tratamento.
molares em Classe I e coincidência das linhas A remoção gradativa da resina mantém o aparelho mais
médias dentárias com a face. Simultaneamente, a resistente por mais tempo, característica interessante, tan-
relação dos caninos será melhorada, bem como a to para o tipo de tratamento que envolve a incidência de
sobremordida e a sobressaliência amenizadas. altos níveis de força devido ao avanço mandibular quanto

A B

C D

Figura 24 Instalação do aparelho e verificação


da adaptação adequada dos dentes posteros-
superiores e inferiores ao acrílico (A-D), bem
como do arco vestibular nos dentes anteros-
E superiores (E).

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pelo perfil do paciente, que exibe idade crítica para os fa- estabilidade nesse momento em virtude da erupção dos
tores colaboração e cuidados com o aparelho. pré--molares superiores.
Cabe ressaltar que pequenos alívios da resina por lin- Após alguns meses de desgaste, a resina será comple-
gual podem tornar-se necessários para otimizar o proces-so tamente removida, proporcionando a intercuspidação dos
de erupção guiada. dentes posteriores, que caracteriza um elemento para esta-
Conforme o segundo período transitório entra em pro- bilidade do tratamento.
cesso, os molares decíduos serão sequencialmente Nesse momento, a instalação de um novo aparelho pode
substituí-dos pelos pré-molares, de modo que a mesma tornar-se necessária, para proporcionar uma adaptação mais
técnica de desgaste do acrílico pode ser empregada adequada nesta nova fase, agora com a dentadura permanen-
também para os pré-molares inferiores. te precoce, continuando o processo de erupção diferencial.
Os dentes posterossuperiores continuam servindo como Ao considerarmos o sucesso da terapia, uma discussão
apoio para o aparelho, que pode perder um pouco de sua concernente à correção da relação molar torna-se pertinente.

A B

Figura 25 Vistas laterais do aparelho Bionator


em posição após sua ativação inicial, que con-
siste no desgaste do acrílico na região oclusal
C D e lingual dos primeiros molares inferiores.

Figura 26 Princípio de erupção diferencial de


Harvold et al.15, que promove o desenvolvi-
mento vertical e sagital, em sentido oclusome-
sial, dos dentes posteroinferiores, limitando o
A B deslocamento dos dentes posterossuperiores.

Figura 27 Marcas do arco vestibular na mu-


cosa das bochechas. Pacientes cooperadores
usualmente exibem tais características devido
A B à alta frequência de uso do aparelho.

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A experiência clínica mostra que, na maioria dos casos, a rela-ção 1.2. BTP: contenção da ERM e correção das giroversões e
molar é alterada em ½ do nível de sua gravidade no sentido da inclinações dos primeiros molares superiores.
correção. Assim, uma relação molar de Classe II completa 1.3. Descompensação da arcada inferior (se
normalmente será alterada para ½ Classe II. O relacionamento de necessária): Aparelho de Schwarz, PLA expandida
¾ de Classe II poderá ser alterado para ¼ de Classe II e, naqueles ou Arco lin-gual de Nance expandido.
indivíduos que exibem relação molar de ½ Classe II, é possível a 1.4. Avanço mandibular: Bionator.
obtenção da relação molar normal, ou Classe I.
Vale lembrar que o resultado é totalmente dependente da Procedimentos realizados na fase de dentição permanente
cooperação do paciente, e apresenta variações individuais.
O tratamento visa o redirecionamento do crescimen-to 1.5. Ortodontia corretiva.
maxilomandibular, com resultados benéficos para face, 1.6. Possível necessidade de continuar o tratamento por
diminuindo a convexidade facial, adequando as linhas meio de aparelhos propulsores mandibulares e/ou
médias e amenizando a sobremordida, a sobressaliência e elásticos intermaxilares de Classe II.
a curva de Spee. O parâmetro clínico e quantitativo da 1.7. Finalização.
terapia pode ser determinado pela alteração da relação dos
molares. O objetivo é, e sempre será, a correção da relação Protocolo 2: O paciente busca tratamento na
molar para Classe I, mesmo a partir de uma Classe fase de dentição permanente
II completa, e em muitos casos, essa meta será obtida.
Entretanto, conforme foi destacado anteriormente, existe Procedimentos
uma variação individual e uma série de variáveis envolvidas
com esse tipo de tratamento, de modo que, em muitos ca- 1.8. ERM: correção da atresia maxilar e/ou descompen-
sos, a relação entre os molares pode não ser sação da arcada superior: Expansor Haas, Hyrax
completamente corrigida, mas amenizada. ou Encapsulado.
Esse resultado deve ser entendido como sucesso, pois, se 1.9. BTP: contenção da ERM e correção das giroversões e
o paciente foi submetido ao tratamento em uma fase de den- inclinações dos primeiros molares superiores.
tição mista e teve a oportunidade de passar pelo segundo
período transitório, com ambas as arcadas anatomicamente Presença de interferências dentárias para o avanço mandibular,
adequados nos níveis esqueléticos e dentoalveolar, e, ainda, frequentemente envolvendo os incisivos laterais superiores
com o direcionamento do crescimento maxilomandibular no
sentido de diminuir a discrepância esquelética sagital e guiar a 2.0. Ortodontia corretiva: aparelho fixo – alinhamento e
erupção dentária para correção parcial ou total da má oclu-são, nivelamento dentário antes do avanço mandibular.
por que entender esse processo como negativo? Se o 2.1. Avanço mandibular: Aparelho Herbst.
problema não foi completamente eliminado, no mínimo uma 2.2. Ortodontia corretiva: aparelho fixo associando elás-
série de outros fatores foram amenizados ou corrigidos. ticos intermaxilares de Classe II para contenção do
tratamento ortopédico funcional.
PROTOCOLOS 2.3. Finalização.

Existem dois protocolos de tratamento ortodôntico-orto- Ausência de interferências dentárias


pédico para Classe II com deficiência mandibular em para o avanço mandibular
pacien-tes dentro da fase de crescimento.
2.4. Avanço mandibular: aparelho de Herbst.
Protocolo 1: o paciente busca 2.5. Ortodontia corretiva: aparelho fixo associando elás-
tratamento na fase de dentição mista ticos intermaxilares de Classe II para contenção do
tratamento ortopédico funcional.
Procedimentos realizados na fase de dentadura mista 2.6. Finalização.
Embora o tempo de tratamento ativo por meio do apare-
1.1. ERM: correção da atresia maxilar e/ou descompen- lho Bionator de Balters gire em torno de 18 meses, ele nem
sação da arcada superior: Expansor Haas, Hyrax sempre é maior no protocolo 1, e, mesmo quando for, os
ou Encapsulado. be-nefícios justificam sua escolha.

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A grande vantagem é a correção gradativa da má oclusão. O que, conhecendo a criança, sabem que ela não irá cooperar
paciente recebe a ERM na fase de dentição mista (perío-do com qualquer tratamento que lance mão de aparelhos re-
intertransitório), e um avanço inicial por meio do aparelho movíveis, ou quando o profissional já conhece ou detecta o
Bionator, ainda nessa fase ou no início do segundo período perfil não colaborador da criança.
transitório, ou seja, na evolução da dentição mista para perma- Diante dessas duas situações, ou seja, de perfil não coo-
nente precoce. Caso a correção da Classe II não seja obtida, o perador da paciente e/ou presença de inclinações acentua-
término da terapia ocorrerá na fase de dentição permanente, das em sentido palatino dos incisivos superiores, deve-se
por meio do avanço mandibular seguido pelo uso de apare- orientar os responsáveis a aguardar o estabelecimento da
lhos de propulsão mandibular e/ou elásticos intermaxilares. dentição permanente precoce para realização do avanço
Por outro lado, o protocolo 2 instituído na fase de den- mandibular com o aparelho de Herbst, que é fixo.
tição permanente envolve a realização da ERM e o avanço Os benefícios imediatos que o avanço mandibular propor-
mandibular com o aparelho Herbst, ambos nessa fase. ciona para o perfil facial de um paciente Padrão II com defi-
A correção acontecerá em uma única fase do desenvol- ciência mandibular, dentição mista, com má oclusão Classe II
vimento dentofacial, quando se aplica o protocolo 2, o que de molares e caninos, podem ser evidenciados na Fig. 30.
justifica nossa preferência em utilizar o protocolo 1, que Os pais devem ser informados que esse resultado facial
trata o paciente gradativamente em duas fases do ime-diato e maravilhoso será dissipado durante o tratamento
crescimento e desenvolvimento dos dentes e da face. pelo Padrão II de crescimento, determinado geneticamente e
Entretanto, para instituir essa terapia, o profissional inal-terável pela ação ortopédica/ortodôntica do profissional9,10,
depende da busca do tratamento no momento oportuno e de modo que a terapia proporcionará a correção da má oclusão
tem a obrigação de demonstrar todo seu conhecimento em uma face que apresentará algum ganho, mas um arquétipo
concernente ao tratamento da doença, esclarecendo que a do perfil muito próximo do que seria sem o tratamento.
melhor opção, em inúmeros sentidos, é iniciar a terapia na Por fim, quando os responsáveis apresentam o pa-ciente
dentição mista. na fase do primeiro período transitório, devem ser
O protocolo 2 será utilizado quando o paciente buscar orientados a aguardar o estabelecimento da dentição mista,
tratamento na fase de dentição permanente ou tardia, para que os incisivos e primeiros molares perma-nentes
desde que exista crescimento remanescente. completem sua erupção e permitam melhor adap-tação do
As únicas exceções que se aplicam à regra, ou seja, em que aparelho.
aguardamos a dentição permanente quando os responsáveis Caso os pais busquem tratamento em fase de dentição
buscam tratamento para a criança na fase de dentição mista, é decídua, o profissional deve, cuidadosamente, explicar que
quando a criança apresenta incisivos superiores extremamente aguardar o término do primeiro período transitório constitui o
lingualizados (Fig. 28A e B) e/ou perfil de cooperação mínima. protocolo, pois, com o estabelecimento da dentição mis-ta, a
Essa característica clínica de inclinação acentuada de co- maxila já terá expressado boa parte de seu potencial de
roa para lingual exigiria mecânica 4x2 para correção do po- crescimento, e a mandíbula entrará no segundo surto,
sicionamento dentário e viabilização do avanço mandibular. constituindo um panorama favorável para o tratamento efi-
Caso contrário, o avanço sem a correção dos incisivos acarre- caz, evitando a recidiva e o sobretratamento25.
taria em mordida cruzada anterior (Fig. 28C e D).
O preocupante nessa etapa é o contato indesejável das
raízes dentárias dos incisivos laterais com o folículo CONSIDERAÇÕES FINAIS
pericoronário11 dos caninos permanentes ainda não ir-
rompidos (Fig. 29). Mesmo com toda cautela para uma A Ortopedia funcional dos maxilares (OFM) é essencial
movimentação dentária controlada por meio de colagem para o tratamento de pacientes que exibem Padrão II de
passiva de braquetes Straight-Wire ou utilização de bra- crescimento craniofacial devido à deficiência mandibular.
quetes Edgewise convencionais, que não exibem angula- Esses pacientes exibem um degrau maxilomandibular
ção, qual é a garantia de que um movimento tão amplo aumentado em virtude da mandíbula curta ou retroposicio-
quanto a correção de inclinações dentárias nessa situa-ção nada, de modo que o tratamento adequado para essa
clínica não promoverá perda tecidual caracterizada pela condi-ção é o avanço mandibular.
reabsorção radicular? Essa terapia é capaz de gerar inúmeros efeitos
A segunda exceção é quando, durante as orientações a benéficos para o tratamento da má oclusão de Classe II
cerca do tratamento, os responsáveis já se adiantam, dizendo associada à discrepância esquelética acentuada.

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A B

Figura 28 Paciente em relação cêntrica, na fase


de dentição mista, com primeiros mola-res
permanentes e caninos decíduos em Clas-se II
(A, B). A simulação do avanço mandibular e
correção da relação dos molares e dos cani-nos
evidencia uma mordida cruzada dos den-tes
anteriores devido à inclinação acentuada dos
C D incisivos superiores para palatino (C, D).

Figura 29 Radiografia panorâmica da pa-


ciente da Figura 28 (A). Note que, na fase de
dentição mista, existe íntimo relacionamento
das raízes dos incisivos laterais com o folículo
pericoronário dos caninos permanentes ainda
A B não irrompidos (B).

Figura 30 A mesma paciente das Figuras 28 e


29 em relação cêntrica (A) e com a simulação
do avanço mandibular (B). Nota-se a redução
do degrau maxilomandibular acentuado e a
considerável melhora imediata do perfil fa-cial.
A característica de não cooperação da
paciente associada às inclinações acentuadas
em sentido palatino dos incisivos superiores
levou a orientar os responsáveis para aguar-
darem o estabelecimento da dentição per-
manente precoce para realização do avanço
A B mandibular com o aparelho de Herbst.

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Aqueles profissionais que justificam, em pleno sécu-lo Os horizontes estão abertos por meio das evidências
XXI, não aceitar o avanço mandibular devido aos “mí- científicas àqueles que quiserem explora-los e estiverem
nimos” efeitos esqueléticos que ele produz no côndilo dis-postos e atentos a aceitar a mudança.
mandibular, eminência articular e fossa mandibular, ou no Até quando vamos cruzar com pré-adolescentes utili-
ramo e/ou corpo da mandíbula, provados em muitos es- zando um AEB em seus momentos de lazer, ou ouvir seus
tudos clássicos, deveriam realizar uma reflexão... relatos de que precisam usar esse aparelho para ir à escola
Ora, não será o momento de entender que estas “peque- e, também, para dormir, e com a deficiência mandibular
nas” alterações mandibulares vêm associadas a modificações “estampada na cara”?
nas maxilas e também a uma série de alterações de posi- Até quando as maxilas ortognáticas terão seu crescimen-to
cionamento dentário, denominadas compensações, benéfi-cas controlado e os dentes superiores deslocados em direção à
para camuflar o erro esquelético, e que esse conjunto de uma mandíbula deficiente e/ou retroposicionada?
efeitos, sim, é capaz de tratar a Classe II com deficiência A OFM deve sempre estar associada à Ortodontia para o
mandibular de modo adequado em pacientes com face acei- tratamento da Classe II com deficiência mandibular e vice-
tável e potencial de crescimento presente? versa, pois uma depende da outra. É o avanço man-dibular
Mesmo que pesquisas demonstrem que as alterações que desencadeia uma cascata de eventos esque-léticos e
esqueléticas geradas pelo avanço mandibular não propi- dentoalveolares que são complementados e/ou mantidos
ciem alterações dimensionais estatisticamente significati-vas por meio do tratamento ortodôntico.
para as estruturas mandibulares envolvidas, não deve-mos A Ortodontia vem fechar com chave de ouro o tratamen-
esquecer que, clinicamente, os resultados podem ser to ortopédico instituído inicialmente, ou seja, corrigir girover-
significativos5, e que as modificações nos dentes e no osso sões, eliminar discrepância de proporções dentárias entre
alveolar acompanham as alterações ortopédicas. as arcadas, finalizar a adequação da sobremordida e da
Os efeitos dentoalveolares que caracterizam o fenôme-no sobres-saliência, ajustar os pontos de contato proximais e
de compensação do posicionamento dentário podem ser estabele-cer contatos oclusais efetivos.
evidenciados pela inclinação para palatino e retrusão dos in- Os cuidados para manutenção ou acentuação das
cisivos superiores, inclinação para vestibular e protrusão dos compensações dentárias são explícitos por meio da utili-
incisivos inferiores3,5,9,10, redução da angulação dos dentes su- zação de aparelho fixo com prescrição adequada para o
periores e acentuação da angulação nos dentes inferiores9,10. Padrão II.

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA


Rodrigo Castellazzi Sella
Rua Benjamin Constant, 1879 – Londrina – PR
CEP: 86020-320 – E-mail: rodrigosella@hotmail.com

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