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2021
CONCEITOS DE ENDODONTIA
No tratamento endodôntico todo o processo leva ao final de sucesso, ou seja, todas as etapas têm a
mesma importância.
Radiografia; Análise da radiografia; Localização das entradas; Cateterismo; Preparo do terço cervical e
médio; Odontometria; Preparo do terço apical; Conicidade final
LIMAS ENDODÔNTICAS
Limas manuais
Constituição: cabo, haste metálica (intermediário e parte ativa) e guia de penetração. Na haste metálica,
o intermediário pode ter seu tamanho variando entre 18, 21, 25, 28 e 31mm, já a parte ativa sempre terá
um tamanho fixo de 16mm. Lembrando que a lima possui ponta inativa, apenas a parte ativa tem poder de
corte.
O número de série é o tip, indicando o diâmetro da ponta da lima (D0), sendo representado por # (ex. #35
- 0,35mm). O tip sempre será o primeiro número da lima, no caso na lima #35, será 35.05.
O taper é a conicidade do instrumento. Existe um padrão, em todas as limas manuais de aço inoxidável, o
taper é de 2 (0,02mm), isso significa dizer que a cada mm que se desloca em direção a porção cervical, a
lima vai ficando 0,02mm maior no seu diâmetro. O taper é representado pelo símbolo da porcentagem (%).
Interpretando o “35.05”, é a lima 35 com conicidade de 5%. Sabendo que o taper é a conicidade do
instrumento, quanto maior, mais cônico aquele instrumento será.
Tendo esses conceitos em mente, nota-se que a lima é 16x maior que a ponta (D0), ou seja, para as limas
manuais de aço inoxidável (que cresce 0,02mm), o começo da parte ativa (D16) terá 0,32mm a mais que a
ponta (tip - D0).
A função da variação do tip/taper é fazer com certas limas toquem mais a ponta, outras toquem mais o
corpo e isso fará com que elas sejam menos estressadas. A função do preparo escalonado é deixar o
canal mais cônico, isso se dá por conta do taper que também é aumentado, observe o exemplo 3.
Lembrando que nesse processo de limas, é importante estar sempre repassando a lima memória, a fim de
deixar as paredes do canal lisas.
Exemplo 3: características do canal após o preparo coroa ápice (taper 2) / preparo escalonado recuo
programado (taper 5)
Secções transversais
Na maioria dos casos em limas manuais, suas secções são triangulares ou quadrangulares.
O quadrado possui mais massa que o triângulo, (conceito 1) levando em consideração que quanto menos
massa, mais flexibilidade, o triângulo seria mais flexível. (conceito 2) Outro conceito é que quanto maior a
massa de uma lima, maior o seu poder de penetração.
Quem tem o menor ângulo interno, tem maior poder de corte. No caso do triangulo e quadrado, o triângulo
“ganha”.
(conceito 3) As limas possuem concavidades para que os irrigantes na hora penetração passem por elas, e
depois que, quando corta a dentina, a sujeira se acumula dentro dessas regiões e se esse espaço for todo
ocupado, a lima não corta mais. Quanto mais concavidade, mais sujeira será acumulada, ou seja, o tempo
de uso deve ser reduzido para limpeza dessa região.
No processo de desgaste da dentina, as laminas raspam a dentina que se acumula nos sulcos entre as
bordas cortantes do instrumento. Quanto mais profundo e amplo for este espaço, maior é o tempo que o
instrumento pode ser acionado no canal antes que o acúmulo de dentina em suas espirais o tornem
ineficaz (já que ele pode acumular mais sujeira).
No caso das limas especiais, devido ao seu pequeno diâmetro (6, 8 e 10), elas são consideradas finas, por
conta disso, para compensar sua pouca massa, suas secções são quadrangulares.
Nas limas primeira série, suas secções podem ser tanto do tipo quadrangular quanto triangular, por conta
da quantidade mediana de massa, sendo necessário assim, uma regra de diferenciação para as duas. Se
na caixa estiver apenas “Lima Tipo K”, ela é secção quadrangular, mas se estiver “Lima Tipo K Flexível”, a
secção é triangular. Lembrando que essa regra só vale para a primeira série.
No caso das limas de segunda e terceira série, estas são limas com muita massa, então para compensar
essa quantidade e manter a funcionalidade das limas, estas terão secção triangular.
Em relação ao preparo biomecânico, a análise radiográfica será para determinar o comprimento aparente
do dente com uma régua escolar transparente. Por medida de segurança e visando trabalhar os terços
cervical e médio, é retirado sempre 3mm do CAD. A radiografia não dá diagnóstico, mas sugere.
É preciso ter uma abertura coronária satisfatória e para deve se ter conhecimento anatômico do assoalho,
além das outras questões que envolvem essa etapa.
Cateterismo
Essa etapa é a de reconhecimento do canal radicular, verificando se ele é atrésico, amplo, qual a sua
direção, presença de curvas ou calcificações, e é a partir dessa etapa que vai começar de fato o preparo
químico-mecânico. Com o dente acessado e bastante irrigado, ao cair na câmara pulpar, pega a lima #10
(não passar de 3mm) para fazer esse processo de entendimento do canal. Existe um movimento correto
para realização do cateterismo, no sentido horário é feito corte e apreensão de dentina, já no sentido anti-
horário, desengata e penetra.
A ação mecânica de instrumentação dos canais radiculares é feita pela lima endodôntica. A ação química
é feita pelo hipoclorito de sódio. A ação física é obtida através do ato de irrigar / aspirar. E vai ser o
conjunto dessas três ações que constituirá o preparo biomecânico.
Preparo biomecânico
Tem como objetivo tornar o canal cônico e com diâmetro apical maior, consequentemente ao fazer isso o
irrigante tocará em mais paredes, consegue uma limpeza melhor do canal, tendo assim, uma
previsibilidade maior de vedar essa região.
No preparo mecânico, nunca o ápice é trabalhado de primeira, inicialmente é feito o preparo dos terços
cervical e médio, por fim, o terço apical.
A importância dessa etapa é eliminar as interferências e fazer com que a lima entre menos estressada,
além de evitar que sujeiras e bactérias entre no terço apical e seja possível penetrar de forma mais
tranquila.
Se o tratamento estiver sendo realizado em polpa viva, no momento do preparo dos terços cervical e
médio, já é feito a pulpectomia. Se o dente estiver com necrose pulpar, nesse momento estará sendo feita
a penetração desinfectante.
São utilizadas as limas de primeira série (imagem 1) e as brocas de Gates-Glidden (imagem 2). Existem
Gates-Glidden de #1 a #6 no mercado, sendo sinalizado no cabo qual o diâmetro da ponta ativa. A Gates
#1 equivale a uma lima D1 = 50, aumentando de 20 em 20 a cada tipo. Essa é uma broca utilizada em
baixa-rotação no sentido horário para preparo da porção reta do canal (imagem 3), antes da sua utilização,
é passada a lima #15 e a #20 para facilitar o caminho para a penetração da broca GG. Uma outra opção
para preparo reto é a pré-race (imagem 4).
Vantagens do uso das brocas Gates-Glidden: remoção da contaminação cervical; diminui a formação de
degrau, desvio apical e fratura de instrumentos; maior controle sobre a parte ativa dos instrumentos; maior
penetração da solução irrigadora; minimiza a influencia das curvaturas; facilita a inserção da medicação
intracanal e manobras de obturação; facilita o preparo para colocação de núcleos; favorece o retratamento.
Desvantagens do uso das brocas Gates-Glidden: rasgo no canal.
Como utilizar as brocas Gates-Glidden: no caso de dentes superiores anteriores, que são canais mais
amplos, utiliza-se as brocas GG 4, 3 e 2, ou no sentido contrário (recuando). Para dentes mais atrésicos
(posteriores e anteriores inferiores), usa as brocas GG 1, 2 e 3 ou no sentido contrário (recuando).
Lembrando que essa etapa é a do preparo coroa-ápice.
Odontometria
Importância da odontometria: respeito aos tecidos da região periapical; possibilitar melhor pós-operatório;
reparação mais favorável.
Vantagens do método radiográfico: aceitável índice de sucesso; ampla utilização em outras etapas;
acessível; fornece detalhes da anatomia apical; documentação legal do tratamento executado.
Limitações do método radiográfico: variação do formato da boca e posição dos dentes; dificuldades de
interpretação das imagens de outras estruturas, principalmente na região de molares superiores (assoalho
de seio maxilar, projeções do arco zigomático e do osso malar); as variações de anatomia ditadas pela
posição do forame do canal principal com relação ao ápice radicular, interferem na determinação do
comprimento de trabalho; as radiografias são passíveis de falta de nitidez, falta de contraste e podem
apresentar distorções.
Patência: manobra no qual pegamos uma lima fina (#10, #15, #20) e passamos pelo forame apical para
fora (se o comprimento é 20mm, vai em 21mm), independente do diagnóstico. Fazendo a patência e
deixando o forame desobstruído, a chance de desvio do canal diminui muito e o irrigante consegue tocar
em mais paredes, porque quando o canal está obstruído há presença de bolhas dentro dele e o irrigante
não consegue passar com tranquilidade.
Após ter realizado a patência, com a lima seguinte (no caso #25), esta é colocada no comprimento de
trabalho, depois refaz a patência (irriga e passa a lima #10), coloca a #30, patência novamente, lima #35,
irriga, faz a patência, lima #40 e repete a patência. Esse processo é para manter a patência e não perder o
forame.
Lima memória: é a lima no qual a instrumentação apical será finalizada (na figura acima foi a lima #40),
também será a lima no qual o batente apical será feito. Lembrando que o batente apical é o ponto de
parada da instrumentação equivalente ao comprimento de trabalho determinado na odontometria.
Conicidade final
Nessa etapa faz o recuo progressivo programado, lembrando de sempre passar a lima memória entre as
trocas de limas (normalmente utiliza-se de 4 a 5 limas).