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Roteiro de Práticas de Laboratório – Endodontia - UFPB

AT I V I D A D E P R Á T I C A L A B O R ATO R I A L

Preparo Químico Mecânico (Técnica de Oregon Modificada)

OBJETIVOS

Ao término da aula o aluno será capaz de:


1. Selecionar o dente em função da forma e diâmetro do canal radicular para
o emprego da técnica coroa-ápice (Técnica de Oregon modificada);
2. Selecionar adequadamente o diâmetro dos instrumentos que realizarão
o PQM;
3. Empregar adequadamente a cinemática dos instrumentos endodônticos,
nas manobras de exploração, cateterismo, limagem e/ou alargamento e
movimento alternado;
4. Desenvolver sensibilidade táctil com vistas à adequada escolha do
Instrumento Apical Inicial (IAI);
5. Determinar o último instrumento empregado na manobra do preparo apical
(Instrumento Memória - IM);
6. Desenvolver sensibilidade táctil durante o PQM identificando as
irregularidades presentes nas paredes do canal;
7. Diferenciar a cinemática do instrumento empregado, no momento da
confecção do batente apical.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para realizar o tratamento endodôntico, durante a fase de preparo


químico-mecânico (PQM), a escolha da técnica adequada depende da anatomia
interna do elemento dentário a ser tratado.

Em dentes unirradiculares que possuem canal reto, técnicas ortodoxas


ou convencionais podem ser empregadas com segurança. Contudo, o domínio do
operador da movimentação adequada dos instrumentos endodônticos (cinemática)
em aço inox, seja na limagem, no alargamento e/ou no movimento alternado, é de
extrema importância para evitar desvios, degraus e acidentes no interior do
canal radicular.

CONCEITOS IMPORTANTES

Instrumentação Escalonada ou Escalonamento - Os


instrumentos endodônticos são utilizados em profundidades
diferentes, ou seja, nos segmentos cervical, médio e apical do
canal radicular. A instrumentação escalonada pode ser
realizada no sentido ápice-coroa (step back) ou coroa-ápice
(crown-down) do dente. Denominada também Instrumentação
Segmentada (Lopes, Siqueira Jr.e Vieira 2015).

Escalonamento coroa-ápice - Os instrumentos endodônticos,


em ordem decrescente de diâmetro, são empregados a
distâncias progressivamente maiores para o interior do canal
radicular. O escalonamento coroa-ápice antecede a
instrumentação apical. Denominado também Segmentada
coroa-ápice (Lopes, Siqueira Jr.e Vieira 2015).

Instrumentação Convencional ou seriada - Os instrumentos


endodônticos são utilizados durante o preparo químico-
mecânico de um canal radicular em ordem crescente de
diâmetro nominal (D0) em toda a extensão do comprimento de
trabalho (CRT). Denominada também Instrumentação
Convencional ou não Segmentada (Lopes, Siqueira Jr.e Vieira
2015).

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PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
PARA DENTES UNIRRADICULARES

1. Identifique com auxílio da imagem radiográfica, um elemento dentário que apresente canal
amplo e reto com acesso e odontometria realizados;

Observe a radiografia inicial do dente e identifique a forma e amplitude do canal (Figura 1)

Figura 1 – Imagem radiográfica de incisivos superiores. Observe o tamanho da câmara pulpar e amplitude dos
canais.

2. Determine o CAD na imagem radiográfica (Figura 2) e anote na ficha


correspondente;

Figura 2 – Régua plástica transparente superposta na imagem radiográfica, medindo o CAD que no caso da figura
corresponde a 24mm.

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3. Antes da inserção de qualquer instrumento endodôntico, irrigue o canal radicular


com hipoclorito de sódio e deixe o canal inundado com a solução (Figura 3);

Figura 3 – Dente 21 devidamente isolado e pronto para irrigação com hipoclorito de sódio com auxílio de seringa
plástica descartável.

4. Realize as manobras de exploração inicial do canal (cateterismo) com instrumento fino


(limas tipo K n° 10 ou 15) realizando os movimentos adequados, e logo a exploração até o
CRI anteriormente determinado (Figura 4);

Para a exploração do canal radicular, o movimento obedece a rotação em sentido


horário e anti-horário (menos de 1/4 de volta)

Figura 4 – Representação esquemática do movimento de cateterismo (exploração) e lima tipo K #10 posicionada no
interior do canal após a exploração inicial do canal até o CRI.

5. Realize a seguir o preparo dos terços cervical e parte do terço médio do canal radicular
com auxílio de brocas de Gates-Glidden (Figura 5) em baixa rotação;

Caso necessário, use um cursor de silicone para determinar a profundidade do


preparo realizado pelas brocas GG.

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Figura 5 – Brocas de Gates-Glidden de 1 a 4.

A cinemática do uso das brocas de GG corresponde a movimentos de penetração e


retirada, no sentido do longo eixo do dente, sempre com motor ligado em sentido
horário (Direita)

6. Em se tratando de canais retos e amplos a sequência de uso das brocas de Gates-


Glidden é em ordem decrescente, isto é: 4, 3, 2 e 1 (se necessário), figura 6;

Figura 6 – Sequência decrescente do emprego das brocas de Gates-Glidden.

7. Em se tratando de canais retos e estreitos a seqüência de uso das brocas de Gates-


Glidden é em ordem crescente, isto é: 1, 2, 3 e 4 (se necessário) figura 7;

Figura 7 – Sequência crescente do emprego das brocas de Gates-Glidden.

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Observe o Comprimento Aparente do Dente (CAD) na Radiografia e aprofunde, na


medida do possível (CAD – 4 mm)

Em nenhuma hipótese, a broca de GG deverá atingir o terço apical do canal


radicular, use cursores para delimitar a profundidade.

Nunca pressione a broca de GG contra as paredes do canal. Ela pode fraturar!

8. Após o uso de cada broca use hipoclorito de sódio a 2,5% para irrigar o canal, no mínimo
3ml;

9. Escolha uma lima tipo K #80, limitada até o CRI com um cursor. A lima selecionada deverá
se ajustar passivamente às paredes do canal e, muito provavelmente, o cursor não tocará
a borda incisal (figura 8). Nesse momento, realize movimentos alternados (alargamento e
limagem) sem pressão apical;

Figura 8 – Lima tipo K #80, posicionada passivamente no interior do canal, antes do início dos movimentos a serem
realizados na técnica de Oregon modificada. Observe que o cursor não atingiu a borda incisal.

10. Repita a cinemática acima descrita, cada vez com instrumentos de diâmetro menor
(Figura 9), o quanto forem necessários para atingir a borda incisal (CRI);

Figura 9 – Lima tipo K #70, #60, #55, posicionada passivamente no interior do canal, antes do início dos
movimentos. Observe que o cursor, a cada lima inserida, se aproxima mais da borda incisal.

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Irrigue o canal radicular, com no mínimo 3 ml de hipoclorito de sódio, a cada


instrumento empregado

10. Observe com atenção o momento que o cursor delimitando o CRI, se encontra bem
próximo da borda incisal. Com o instrumento posicionado, realize os movimentos alternados
sem exercer pressão apical.

11. A seguir, continue com a sequencia decrescente em diâmetro, e insira o instrumento no


interior do canal. Observe o posicionamento do cursor, em relação à borda incisal (ponto de
referência). Caso o cursor toque a borda incisal, o CRI foi atingido.

12. Nesse momento, determine o CRT/CRC, mediante a técnica de odontometria


radiográfica. Caso já a tenha realizado, continue com o passo seguinte.

13. Usando o valor obtido para o CRT/CRC, ajuste o cursor no instrumento e repita os
movimentos alternados com instrumentos de diâmetro menor (Figura 10), o quanto forem
necessários para atingir dessa vez o CRT/CRC.

Figura 10 – Continuação da técnica. Lima tipo K #50, #45, #40, com cursor no CRT/CRC posicionada passivamente
no interior do canal, antes do início dos movimentos. Observe que o cursor, a cada lima inserida, se aproxima mais
da borda incisal

14. Observe o primeiro instrumento que, de forma ligeiramente justa atinja o CRT/CRC,
será considerado o Instrumento Apical Inicial (IAI), figura 11.

Figura 11 – Exemplo de um primeiro instrumento que ficou posicionado no CRT/CRC. Dessa forma, somente para o
exemplo da figura, a lima tipo K #35, corresponde ao Instrumento Apical Inicial (IAI).

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Anote o número do mesmo, na ficha correspondente.

12. Após a obtenção do IAI, use um Instrumento Apical Foraminal (IAF), que poderá ser
uma lima tipo K # 10 e/ou 15. Inserindo-a até 1mm além do CRT/CRC.

13. Uma vez determinado o IAI, com o instrumento posicionado no CRC/CRT, realize os
movimentos de limagem ou limagem/alargamento (movimento alternado) em todas as
paredes do canal, até sentir que o instrumento fique solto no interior do canal radicular. Para
tal, exerça adequada pressão sobre as paredes do canal no momento da tração do
instrumento;

Irrigue o canal radicular, com no mínimo 3 ml de hipoclorito de sódio

14. Repita os movimentos anteriormente descritos, aumentando progressivamente o


diâmetro dos instrumentos mantendo sempre o CRT/CRC, figura 12 (Instrumentação
convencional ou seriada).

Figura 12 – Instrumentação seriada: observe que os instrumentos realizam a modelagem do canal sem alterar a
profundidade. Observe que o cursor, posicionado no CRT/CRC, sempre toca a borda incisal para os instrumentos
#40 e #45. Irrigação com 3ml de hipoclorito de sódio a 2,5% e uso do instrumento IAF (lima K fina #10).

15. Realize esse preparo com no mínimo quatro instrumentos a mais do IAI. Sendo que, a
cada dois instrumentos e após irrigação, deverá ser usado um Instrumento Apical
Foraminal (IAF) inserindo-o até 1mm além do CRT/CRC (Figura 12 e 13).

Figura 13 – Continuação da Instrumentação seriada: observe que os instrumentos aumentam em diâmetro


mantendo o mesmo comprimento (preparo transversal). No último instrumento empregado deverá ser realizada
somente a cinemática de alargamento. Irrigação com 3ml de hipoclorito de sódio a 2,5% e uso do instrumento IAF
(lima K fina #10). No exemplo, a lima K #55 corresponde ao instrumento memória (IM), lembre dele.

Lembre-se que, o último instrumento empregado na instrumentação (Instrumento


memória – IM), somente poderá receber movimento de alargamento.

Observe que a conicidade da modelagem, depende da pressão exercida pelo


instrumento endodôntico nas paredes do canal, durante o movimento alternado.

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“IRRIGUE / ASPIRE / INUNDE, após o uso de cada instrumento”

16. Uma vez obtido o Instrumento Memória (IM), volte a fazer uso do IAF, como descrito
anteriormente.

“Anote na sua ficha o último instrumento empregado (IM)”

17. Tenha em conta que a modelagem transversal do preparo obtida finalmente com o
IM, poderá ser verificada ao se observar dentina sadia nos dois milímetros finais da
ponta do IM ao ser retirado do interior do canal radicular (Figura 14 e 15)

Observe sempre a ponta do instrumento, pois esse fato pode determinar o fim do PQM e a
obtenção do IM.

Figura 14 – Visualização de raspas de dentina alojada nas hastes helicoidais de uma lima tipo K. Observe que
aproximadamente os 3 mm finais (ponta) não apresentam raspas de dentina, o que mostra o incompleto preparo
transversal.

Figura 15 – Condição ideal para determinar o fim do PQM: raspas de dentina alojadas nas hastes helicoidais de uma
lima tipo K, observe que aproximadamente os 3 mm finais (ponta) apresentam as mesmas, o que mostra que o
preparo transversal foi realizado adequadamente.

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PARA REFLETIR

1.Qual o objetivo de realizar a exploração antes do PQM?.

2.Quais os momentos que devo fazer uso do IAF?

3.Qual a finalidade de se realizar irrigação constante durante toda a instrumentação?

4.Qual o intuito de se empregar o IAF?

5.Porque o IM deverá receber movimento somente de alargamento e não movimento


alternado como receberam os outros instrumentos empregados na instrumentação?

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

ESTRELA, Carlos. Preparo do Canal Radicular. In: ESTRELA, Carlos. Ciência


Endodôntica. São Paulo: Artes Médicas. 2004. Capítulo 10, 363-414.

LOPES, HP.; SIQUEIRA JR.; JF.; ROÇAS, IN.; ELIAS, CN.; VIEIRA, MV. Preparo
Químico-mecânico dos Canais Radiculares. In: LOPES, Hélio Pereira; SIQUEIRA
JR., José Freitas. Endodontia-Biologia e Técnica. 5 ed. Rio de Janeiro: GEN,
2020. Capítulo 11.

PETERS, Ove A; PETERS, Christine I. Limpeza e Modelagem do Sistema de Canais


Radiculares. In: COHEN, Stephen; HARGREAVES, Kenneth M. Caminhos da
Polpa. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Capítulo 9, 290 - 357.

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