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Odontometria - endo-e

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Medidas Odontométricas
Para tratarmos endodonticamente um dente é
necessário estabelecer o comprimento e o
limite de atuação da terapia endodôntica no
interior do canal dentinário.
Seria ideal, se fosse possível, medir o dente
fora da cavidade bucal com auxílio de um
paquímetro de precisão.
A determinação da odontometria é em grande
parte passível de erros, provocados desde
distorções da técnica radiográfica, falta de
contraste e nitidez, medição da radiografia
com régua milimetrada, transferência das
medidas obtidas aos instrumentos, por meio Seria ideal, se fosse possível, medir o dente fora da cavidade bucal, com auxílio de um
de cursores ou limitadores de silicone, entre paquímetro de precisão. O comprimento do dente 21, do ápice dentário à borda incisal, neste
outros. caso é 27,5mm. O comprimento endodôntico de trabalho para dentes portadores de polpa
As medidas de odontometria são, no mais das viva (PV) seria 26mm e, para polpa morta (PM) 26,5mm, devido razões anatômicas,
vezes, sugestivas e nunca exatas. biológicas e patológicas ligadas a reparação após tratamento endodôntico.

Assim, para nos certificarmos o comprimento de trabalho de um determinado canal (dentinário) é preciso realizarmos os cálculos
odontométricos e, em seguida, confirmarmos radiograficamente, devido haver ainda, possibilidades de distorções radiográficas.
Normalmente, têm-se a variação de 0,5 a 2,0mm aquém (antes) do vértice radiográfico, dependendo das condições patológicas do
remanescente pulpar, dente portador de polpa viva (saudável ou inflamada) ou mortificada.
Dependendo da sua escola, temos variações das nomenclaturas, bem como dos limites de trabalho endodôntico, adaptar-se às
nomenclaturas e distâncias dos vértices radigráficos propostos.
Por exemplo, se obtivermos, pela odontometria, o comprimento de trabalho igual a vinte milímetros, antes de iniciar a instrumentação,
devemos levar um instrumento endodôntico calibrado nesta medida e, pela avaliação radiográfica nos certificarmos que realmente estamos
muito próximos da medida almejada, confirmando o comprimento de trabalho (CT) ou comprimento real de trabalho (CRT).
A referência incisal (dentes anteriores) ou oclusal (dentes posteriores), como é um ponto clínico visivelmente controlado pelo operador,
precisa compreender um ponto anatômico bem definido para cada canal, que deve ser registrado na ficha clínica do paciente e mantido
durante toda a intervenção endodôntica.

Material necessário:

Kit com posicionadores radiográficos ou suporte porta filme tipo Han


Shin autoclaváveis, são compostos pelo anterior (superior e inferior),
direito superior e inferior esquerdo e, esquerdo superior e inferior direito.

A técnica radiográfica utilizada é do paralelismo.

Durante o treinamento endodôntico laboratorial ou clínico os posicionadores radiográficos devem ser utilizados, como segue:

Tomada radiográfica inicial ou de Tomada radiográfica inicial ou de Tomada radiográfica inicial ou de diagnóstico
diagnóstico para tratamento endodôntico diagnóstico para tratamento endodôntico para tratamento endodôntico com o
com o posicionador para dentes anteriores, com o posicionador para dentes posicionador para dentes anteriores, filme
filme colocado na posição vertical (afastar a posteriores, filme colocado na posição colocado na posição vertical e com picote
lingueta no manequim, tanto para superiores horizontal (afastar a lingueta no manequim, para incisal.
e inferiores) e com picote para incisal. tanto para superiores e inferiores) e com
picote para oclusal.

O dente que sofrerá intervenção endodôntica deve estar centralizado no filme. A ampola de raios X deve ser então posicionada.
Vale lembrar que o tempo de exposição dos raios X deve ser menor para cada grupamento dentário, quando utilizamos o manequim
endodôntico, devido ausência do tecido ósseo.

Posições das Radiografias Inicial ou de Diagnóstico do tratamento endodôntico, tomada com a técnica do Paralelismo, para dentes
anteriores superiores e inferiores o filme periapical deve ser posicionado vertical e, posteriores horizontal, porém com o picote sempre para
incisal ou oclusal.

Radiografia Inicial ou de
Manter sempre a centralização do
Diagnóstico do tratamento
dente em questão para a imagem
endodôntico para o dente 11,
radiográfica sofrer menores
tomada com a técnica do
distorções, quando comparadas
Paralelismo. Manter sempre a
com as imagens descentralizadas
centralização do dente em
no filme radiográfico.
questão.

A radiografia inicial do tratamento endodôntico, além de fazer parte do exame complementar ao diagnóstico clínico provável também será
importante para o planejamento do tratamento, como por exemplo para análise do número de raízes, volume da câmara pulpar e canal
radicular, presença de nódulos, reabsorções radiculares ou ósseas perirradiculares, curvaturas radiculares, rizogênese incompleta ou
completa, entre outras.
Entretanto, nesse momento da técnica endodôntica a radiografia Inicial
tomada com a técnica do paralelismo será utilizada para medir ou
mensurar o comprimento aparente do dente (CAD - distância em
milímetros da borda incisal ou oclusal e vértice radiográfico) que vai
sofrer intervenção endodôntica, porém passível de distorções.
Para tanto será necessário utilizar além do RX Inicial o negatoscópio,
régua milimetrada plástica transparente, lupa de aumento e além de
toda paramentação do operador, fazer uso das sobreluvas para as
tomadas radiográficas, processamento da radiografia e durante os
cálculos odontométricos.

RX Inicial, dente 21 Negatoscópio radiográfico

Régua milmetrada transparente Lupa de aumento com armação plástica Mensuração do Comprimento Aparente de
Dente (CAD - distância em milímetros da
borda incisal ou oclusal e vértice
radiográfico), por meio da radiografia inicial,
negatoscópio radiográfico (fundo branco),
régua, lupa, luvas e sobreluvas.

Após anamnese, diagnóstico clínico provável, valor do CAD, anestesia, isolamento relativo e absoluto, cirurgia de acesso e exploração /
esvaziamento / preparo da entrada do canal será necessário a utilização de instrumentos endodônticos do tipo K (representados no cabo
por um quadrado), limitadores - cursores - stops de silicone e régua calibradora para instrumentos endodônticos autoclaváveis.
De acordo com a anatomia do dente observada na radiografia inicial, comprimento e diâmetro, selecionamos o instrumento do tipo K.
Com relação ao comprimento, dentes com o CAD até 21mm é óbvio a seleção de limas com 21mm e, respectivamente para os dentes até
25mm e 31mm.
O diâmetro é selecionado, por meio da introdução e prova do instrumento previamente calibrado no comprimento desejado (CRI -
comprimento real do instrumento ou CI - comprimento inicial), porém o instrumento a ser provado não deverá ficar folgado nem muito justo
no interior do canal, o que representaria respectivamente a possibilidade da lima cair durante a tomada radiográfica, bem como a extrusão
(empurrar) tecidos saudáveis ou produtos tóxicos quando da mortificação pulpar para o periápice, acarretando agudização (dor) ou
interferindo negativamente no processo de reparo cicatricial pós-tratamento endodôntico.

Comprimentos: 21, 25 e 31mm - Tipo K - 1a. série (15 - Diâmetros: 1a. série (15-40), 2a. série (45-80) e 3a. série
40 - Diâmetros) (90-140) - Tipo K - 25mm de Comprimento, podendo ter
Obs.: nesta marca de instrumentos endodônticos, as diferentes comprimentos: (21, 25 e 31mm)
limas de 21mm possuem limitadores branco, 25mm Obs.: os diâmetros dos instrumentos estão expressos no
amarelo e 31mm preto cabo em centésimos de milímetros
limitadores, cursores ou stops de silicone autoclaváveis Régua calibradora para instrumentos endodônticos
de diferentes espessuras (0,5mm, 1,0mm - ideal, 2,0mm, autoclavável
2,5mm e 3mm) para calibrar os mais variados
comprimentos nos instrumentos endodônticos

Nota:
Após a cirurgia de acesso a exploração da entrada do canal é feita com explorador de ponta reta para dentes com a câmara pulpar volumosa
e, com lima do tipo K, número 15, 21mm de comprimento e pré-curvada (para ampliar a área de exploração) para dentes que possuem pouco
volume na câmara pulpar.
O preparo da entrada do canal, normalmente é feito com brocas de Largo e Gates-Glidden de tamanhos compatíveis, respectivamente.
O esvaziamento do canal, de forma geral é feito, por meio da associação do hipoclorito de sódio a 1% e instrumentos do tipo K, de fino
calibre, sempre renovando a substância química, com farta irrigação e aspiração, valendo-se das cânulas fina e calibrosa, respectivamente.

Técnica da Odontometria
Na realidade, não existe um procedimento de odontometria capaz de atender a todos os casos. Aliás, a literatura endodôntica registra vários
métodos de mensuração que comportam entre si múltiplas diferenças no que tange aos seus fundamentos e metodologia de execução. Por
essa razão, nos ateremos a uma metodologia simples, que tem sido usada, com boa margem de sucesso, na clínica privada e ambulatorial.
A descrição da técnica utilizada por esta Disciplina é representada pela técnica de Ingle (1957) modificada, como segue (passos 1 ao 7):

1-) A partir da radiografia de diagnóstico do dente 21 (polpa morta), tomada com a técnica do cone longo ou paralelismo, medimos com
auxílio do negatoscópio, lupa e régua milimetrada transparente, o comprimento do dente, calcado nos dois pontos referenciais: o incisal ou
oclusal e o vértice radiográfico de cada raiz, transferindo a medida para a ficha, com o nome de Comprimento Aparente do Dente (CAD).

Radiografia de Diagnóstico ou Mensuração do Comprimento Aparente de Dente (CAD), por Radiografia de Diagnóstico ou Inicial
Inicial do tratamento endodôntico meio da radiografia inicial, negatoscópio radiográfico, régua, do tratamento endodôntico, tomada
do dente 21, tomada com a técnica lupa e sobreluvas com a técnica do Paralelismo
do Paralelismo. Manter a CAD = 22mm, obtido pela distância
centralização do dente em questão em milímetros do vértice
radiográfico e borda incisal

2-) A partir do CAD, subtraímos 3mm ou 5mm, dependendo da técnica preconizada pelo Curso de Endodontia, transferindo o resultado
para o instrumento de odontometria:
CAD - 3mm ou - 5mm = CRI ou CI (Comprimento Real do Instrumento ou Comprimento Inicial).

A subtração de 3mm ou 5mm do CAD é devido possíveis distorções da imagem na radiografia de diagnóstico, esse espaço serve como
margem de segurança para que os tecidos apicais e periapicais não sejam traumatizados quando da introdução do instrumento no canal
radicular. Para o Endodontista experiente, pode-se subtrair até 1mm a partir do CAD, em função do aprimoramento das técnicas
radiográficas, muitas vezes com mínima distorções.

3-) Introduz-se no canal o instrumento até o valor do CRI ou CI, ficando aquém do vértice radiográfico. Cumpre advertir que o instrumento
deve ficar justo no canal, pois do contrário, corre-se o risco de movimentação durante a tomada radiográfica. Feito isto, radiografa-se o
dente, procurando a menor distorção possível, por meio da técnica da Bissetriz Excêntrica.

Transferir a medida (CRI ou CI) para um instrumento endodôntico do tipo K compatível com o comprimento e diâmetro do canal, ou seja, que
fique justo, sem forçar, usando-se o número de limitadores de silicone necessários para marcar essa medida. Usar neste momento a régua
endodônica milimetrada.
O instrumento escolhido deve ser aquele com o comprimento mais próximo do CRI ou CI. O uso de limas números 06, 08 e 10 não são
recomendados, devido suas pontas serem muito delgadas e com pequena radiopacidade e praticamente desaparecem, tornando-as
imperceptíveis na imagem radiográfica, sempre utilizar no mínimo o instrumento número 15, caso seja volumoso para o diâmetro do canal,
ampliar com limas de número inferiores previamente.
Introduzir o instrumento no canal.

Conferir se o limitador que determina o CRI/CI


encosta perfeitamente na referência escolhida,
incisal ou oclusal.
Neste exemplo foi subtraído 3mm do CAD.
Atenção para o correto posicionamento do
grampo 211, é comum o graduando adaptar de
forma invertida.
CRI ou CI com 19mm Posicionamento da lima devidamente na
Obs.: lima tipo K no. 40 (cor preta) de referência incisal, sendo que foram
21mm, calibrada com limitador de 2mm, introduzidos 19mm
possuindo 19mm de comprimento

Observar que, devido o grampo, a posição do filme radiográfico fica praticamente "paralela" ao longo eixo do dente, diminuindo
significativamente a possibilidade de distorção na imagem.

Técnica radiográfica da Bissetriz Cêntrica com incidência do Técnica radiográfica da Bissetriz Excêntrica com incidência do
feixe de raios X no centro do dente, conferindo menor distorção feixe de raios X no ápice do dente, conferindo menor distorção
neste, porém a incisal e principalmente o ápice sofrerão neste, porém a coroa e terço cervical radicular sofrerão imagens
imagens radiográficas distorcidas ou alongadas radiográficas cortadas ou distorcidas / alongadas (sem nenhum
problema)

Técnica radiográfica da Bissetriz Exêntrica Radiografia para cálculo do X, tomada com a


com incidência do feixe de raios X no terço técnica da Bissetriz Excêntrica. Manter a
radicular apical, seta vermelha centralização do ápice no filme radiográfico

4-) Processada a radiografia, mede-se, com o auxilio do negatoscópio, lupa e régua milimetrada transparente, o espaço entre a ponta do
instrumento e o vértice radiográfico. A esta medida teremos um valor X.
Radiografia do CRI ou CI
Mensuração do Comprimento Real do
Instrumento (CRI) ou Comprimento Inicial
(CI), por meio do negatoscópio
radiográfico, régua, lupa e sobreluvas

Neste caso o X = 3mm, porém Visualização com a lupa de aumento, X = 3mm


dependendo das distorções o X
poderá ser zero, 1, 2, 4, 5,
6mm...

5-) De posse desta medida X (neste caso foi igual a 3mm) iremos acrescentar (somar) ao valor determinado pelo CRI ou CI, totalizando
desta forma o valor do Comprimento Real do Dente ou Comprimento do Dente (CRD / CD = CRI / CI + X ).

6-) Com estes valores poderemos indicar o Comprimento Real de Trabalho (CRT) ou Comprimento de Trabalho (CT).

6.1- Dentes com polpa viva. Esta condição implica instrumentar o canal há cerca de 1,0 a 1,5 mm do CRD / CD, dependendo da Escola
que você faz parte pode ser até 2mm.
Polpa viva:
CRT / CT = CRD - 1,0 mm a 1,5 mm
6.2- Dentes com polpa morta. De modo geral ao recuarmos 0,5 a 1,0 mm do vértice radiográfico estaremos no CRT / CT.
Polpa morta:
CRT / CT = CRD - 0,5 mm a 1,0 mm

Transferir a medida (CRT ou CT) para um instrumento endodôntico do tipo K compatível com o comprimento e diâmetro do canal, ou seja,
que fique justo, sem forçar, usando-se o número de limitadores de silicone necessários para marcar essa medida. Usar neste momento a
régua endodônica milimetrada.
O instrumento escolhido deve ser aquele com o comprimento mais próximo do CRT ou CT. O uso de limas números 06, 08 e 10 não são
recomendados, devido suas pontas serem muito delgadas e com pequena radiopacidade e praticamente desaparecem, tornando-as
imperceptíveis na imagem radiográfica.
Introduzir o instrumento no canal.

Conferir se o limitador que determina o CRT / CT


encosta perfeitamente na referência escolhida,
incisal (dentes anteriores) ou oclusal (dentes
posteriores).
Neste caso o CRT ou CT foi 21mm, logo não
houve necessidade do uso de limitadores.
Devido o canal radicular ter um formato tronco-
cônico gradual com menor diâmetro apical, por
vezes é necessário diminuir o calibre do
instrumento endodôntico (nos. 25, 30 ou 35) para
alcançar as imediações do CRT ou CT.
Atenção para o correto posicionamento do CRT ou CT com 21mm Posicionamento da lima devidamente na
grampo 211, é comum o graduando adaptar de Obs.: lima tipo K no. 40 (cor preta) de referência incisal, sendo que foram
forma invertida. 21mm, sem necessidade do uso de introduzidos 21mm
limitadores

7-) Processada a radiografia, mede-se, com o auxilio do negatoscópio, lupa e régua milimetrada transparente, o espaço entre a ponta do
instrumento e o vértice radiográfico, dependendo se é polpa viva ou mortificada, esta distância pode ser de 0,5 à 1,5mm.

Técnica radiográfica da Bissetriz Excêntrica com incidência do Técnica radiográfica da Radiografia para confirmação do
feixe de raios X no ápice do dente, conferindo menor distorção Bissetriz Exêntrica com CRT ou CT, tomada com a técnica
neste, porém a coroa e terço cervical radicular sofrerão imagens incidência do feixe de raios X no da Bissetriz Excêntrica. Manter a
radiográficas cortadas ou distorcidas / alongadas (sem nenhum terço radicular apical, seta centralização do ápice no filme
problema) vermelha radiográfico

Radiografia do CRT ou CT
Mensuração do Comprimento Real de
Trabalho (CRT) ou Comprimento de
Trabalho (CT), por meio do negatoscópio
radiográfico, régua, lupa e sobreluvas

Neste caso (polpa morta) a Visualização com a lupa de aumento, CRT ou CT = 21mm,
distância desejada foi 1mm mantendo-se a distância de 1mm do vértice radiográfico

Por vezes, necessário se faz acrescentar ou recuar de 0,5 à 1mm no CRT ou CT, em função ainda das distorções radiográficas, normalmente
não é necessário fazer nova tomada radiográfica após esse ajuste. Entretanto, para valores superiores é recomendado confirmar
radiograficamente as alterações efetuadas no CRT ou CT.
Para os cálculos odontométricos foram necessárias 3 radiografias: a inicial com a técnica do paralelismo, cálculo do X com a técnica da
bissetriz excêntrica e a confirmação do CRT ou CT com a técnica da bissetriz excêntrica.

Observar a coincidência das aletas


vestibular e palatina dos grampos nas
radiografias para cálculo do X e de
confirmação do CRT ou CT, mostrando
que o feixe de raios X incidiu
perpendicular à bissetriz formada entre
o longo eixo do dente e do filme,
normalmente, quando as aletas são
dissociadas na radiografia, o ângulo
vertical pode estar indevido,
acarretando alongamento ou
encurtamento das imagens
radiográficas, alterando desta forma os
cálculos odontométricos.

Dente 21, RX inicial RX cálculo do X RX confirmação do CRT ou CT

RESUMO - Cálculos odontométricos para o dente 21, portador de polpa morta:

CAD = 22mm Legenda:


22 - 3mm = CRI ou CI CAD - comprimento aparente do dente
CRI ou CI = 19mm Pode ser subtraído 3mm ou 5mm do CAD - margem de segurança para não correr risco do instrumento
X = 3mm endodôntico ultrapassar o comprimento total de dente, em função das distorções radiográficas
CRI ou CI + X = CRD CRI ou CI - comprimento real do instrumento ou comprimento inicial
19 + 3 = 22mm X - distância em milímetros da ponta do instrumento ao vértice radiográfico
CRD ou CD - 1 = CRT ou CT CRD ou CD - comprimento real do dente ou comprimento do dente
22 - 1 = 21mm Polpa morta - subtraímos de 0,5 à 1mm do CRD, neste caso foi 1 milímetro
CRT ou CT = 21mm CRT ou CT - comprimento real de trabalho ou comprimento de trabalho

Na odontometria do dente 21 o X foi 3mm, porque não houve distorções nas radiografias CAD e cálculo do X, dependendo das distorções
radiográficas, alongamento ou encurtamento, esse número pode ser, entre outros, 6, 5 e 4 ou 2, 1 e zero, respectivamente.

Nota: é muito importante que o graduando saiba fazer os cálculos odontométricos, descritos acima, tanto para dentes portadores de polpa
viva ou morta, diferentes valores para o CAD, bem como para dentes unirradiculados, birradiculados ou multirradiculados.

A ficha de odontometria deve ser preenchida para cada dente, dependendo da sua Escola, conforme figuras ao lado.
Ao final do tratamento endodôntico as fichas devidamente preenchidas e acompanhadas pelas radiografias serão entregues ao Professor.
A coluna CANAL da ficha será preenchida quando o dente possuir mais de 1 canal, por exemplo: dente 14, devemos escrever V para o canal
vestibular na 1a, linha e P para o canal palatino na 2a. linha.
A ficha de odontometria está disponível para download no link Universidades, sua Universidade.

Após a descrição detalhada da técnica de odontometria para o dente 21, algumas considerações a seguir serão complementares às mais
diversas situações.

Nos dentes íntegros, a referência incisal ou oclusal


é fácil de ser determinada, porém, nos cariados ou
fraturados, o dentista deve preparar o
remanescente coronário de modo a apresentar uma
superfície plana de estrutura dental, de modo a
obter um ponto anatômico passível de ser mantido
durante todo o tratamento.
Para isso, toda e qualquer estrutura de esmalte sem
suporte de dentina deve ser removida e planificada.
Do contrario, corremos o risco de rompimento da
coroa entre as sessões e perda da referência incisal
ou oclusal, conduzindo a erros iatrogênicos durante
o tratamento.

Dente 21 - referência clínica incisal Devida referência clínica incisal


indevida

Outro detalhe importante é determinarmos a


referencia oclusal (dentes posteriores) o mais
próxima possível do canal radicular que estamos
intervindo, ou seja, no canal vestibular do primeiro
pré-molar superior devemos utilizar como
referência a ponta de cúspide V e no canal palatino
a ponta de cúspide P, no canal MV do molar
superior devemos utilizar como referência a ponta
de cúspide MV e assim por diante, observar na
imagem do dente 16, lima tipo K #20 (amarela) -
canal MV; lima tipo K #25 (vermelha) - canal DV e,
lima tipo K #35 (verde) - canal P.
Dente 14 - referências oclusais V (ponta de Dente 16 - pontas de cúspides como
cúspide vestibular) e P (ponta de cúspide referências oclusais - MV, DV e P
palatina)

Nas imagens radiográficas ao lado, do dente 15,


tomadas durante o treinamento laboratorial
endodôntico (manequim) para cálculo do X dos
canais vestibular e palatino podemos observar na
primeira radiografia, tomada com técnica da
bissetriz excêntrica, porém ortorradial, houve
sobreposição das raízes, impossibilitando a
dissociação dos canais V e P. Nota-se também a
sobreposição das aletas do grampo V e P.
Entretanto, na segunda imagem radiográfica do
mesmo dente 15, observamos a dissociação dos Imagem radiográfica do dente 15, tomada Imagem radiográfica do dente 15, tomada
canais V e P, valendo-se da técnica radiográfica da com a técnica da bissetriz excêntrica com a técnica da bissetriz excêntrica
bissetriz excêntrica mesiorradial ou técnica de ortorradial mesiorradial - Técnica de Clark
Clark, com variação da angulação horizontal em
20º graus para mesial, proporcionando o
deslocamento da imagem da raiz palatina para Observar que as coroas foram cortadas nas imagens radiográficas, em função do uso
mesial, Nota-se também a dissociação horizontal da técnica da bissetriz excêntrica (terço apical), sem interferir no bom andamento do
das aletas do grampo. tratamento endodôntico, porém nas radiografias inicial e final, o ápice e a coroa devem
estar bem nítidos e não podem ser cortados nas imagens radiográficas.

Nas imagens radiográficas ao lado, do dente 24 e


14, tomadas durante o atendimento clínico para
confirmação do CRT ou CT, podemos salientar
outro detalhe interessante, utilizar instrumentos
com calibres diferentes em cada um dos canais ou
ainda uma lima tipo K e outra do tipo H (Hedströen),
permitindo que a identificação de cada um dos
canais na imagem radiográfica seja imediata. Imagem radiográfica do dente 24, tomada Imagem radiográfica do dente 14, tomada
com a técnica da bissetriz com a técnica da bissetriz
mesioexcêntrica, sendo que a lima mais mesioexcêntrica, sendo que a lima do tipo
calibrosa localiza-se no canal palatino K localiza-se no canal palatino (maior
comprimento) e a lima do tipo H no canal
vestibular

Para dentes bi ou multirradiculares, os Dente 46, posição dos instrumentos nas Dente 46, radiografia de confirmação do CRT
cálculos odontométricos são feitos referências de pontas de cúspides MV, ML ou CT, devido a utilização da técnica da
simultaneamente em todos os canais, tanto e D para tomada radiográfica de bissetriz mesioexcêntrica, a lima da mesial é
para cálculo do X, bem como para confirmação do CRT ou CT correspondente ao canal ML, lima do meio -
confirmação do CRT ou CT canal MV e na distal - canal D
Na radiografia do dente 46 observamos que a lima do canal distal encontra-se centralizada na raiz, caso contrário (deslocamento da lima
para mesial ou distal) desconfiar da presença do 4o. canal na raiz distal.
Aliás, sempre que nos depararmos com grupamentos dentários que possuem achatamento radicular proximal, devemos ficar atentos com a
possibilidade da presença do 2o. canal, para tanto, sempre fazer uso da variação da angulação horizontal para mesial ou técnica de Clark.
Os grupamentos dentários que possuem normalmente achatamento radicular proximal:
Superiores: pré-molares e raízes mesiovestibulares dos molares.
Inferiores: anteriores e molares

Durante os cálculos odontométricos para os molares superiores existe uma exceção à regra, com relação a variação da angulação
horizontal em 20º para mesial ou técnica de Clark, até o momento recomendamos sempre a mesialização, porém é necessário distalizar 20º
para que a raiz palatina não seja sobreposta na raiz mesiovestibular, impedindo desta forma a individualização da mesma e, a correta
interpretação radiográfica da presença ou não do 4o. canal.

Dente 26, radiografia de confirmação do CRT ou CT, tomada com Dente 27, radiografia para cálculo do X, tomada com a técnica da
técnica da bissetriz distoexcêntrica, com variação da angulação bissetriz distoexcêntrica, observar que a lima na raiz MV encontra-se
horizontal ou técnica de Clark, porém a única exceção da técnica mesializada ou deslocada para mesial, canal MV, é necessário
que distalizamos, observar a raiz palatina para distal (maior), bem localizar o 4o. canal - MP (mesiopalatino)
como a centralização da lima na raiz MV - único canal

Técnica de Clark, 1909:


Além do uso da técnica radiográfica da bissetriz excêntrica durante o
tratamento endodôntico, por vezes se faz necessário a variação da
angulação horizontal para dissociação de imagens sobrepostas.
Na figura ao lado podemos observar que as setas brancas representam as
posições do cabeçote (feixe de raios X), sendo orto-radial (centro do
dente) com incidência no centro do dente, sobrepondo as raízes vestibular
e palatina (pontos vermelho) do dente 24.
A variação da angulação horizontal com incidência mesio-radial em 20º
possibilitou a dissociação das raízes V e P, sendo que a raiz P encontra-se
para mesial (linha vermelha pontilhada) e, na incidência de 20º disto-radial
podemos observar que a raiz P deslocou-se para distal (linha vermelha
pontilhada).
Salienta-se, durante a terapia endodôntica, normalmente utilizamos 20º
para mesial, porém com exceção para os molares superiores, onde a
variação da angulação horizontal seria em 20º para distal.

Quando da tomada radiográfica com a técnica da bissetriz para os molares superiores, geralmente ocorre a sobreposição das imagens do
processo zigomático da maxila e do osso zigomático sobre seus ápices radiculares, determinando o aparecimento de uma radiopacidade
acentuada que impede a nitidez das imagens das raízes, ápices e canais em questão. A técnica de Le Master é especialmente aplicada para
dissociação das imagens.

Por vezes, durante o tratamento endodôntico em


molares superiores, valendo-se da técnica
radiográfica da bissetriz excêntrica, podemos nos
deparar com a sobreposição do processo
zigomático nos ápices desse grupamento dentário,
o que dificultaria a interpretação radiográfica para
determinação da odontometria, conforme figuras
ao lado.
Apesar que, o grampo muitas vezes tende a
proporcionar o paralelismo entre dente e filme, às
vezes restando apenas diminuir o ângulo de
incidência vertical do raio X.

Dente 16 - Técnica disto-excêntrica para cálculos odontométricos

Técnica de Le Master, 1923:


Variação da angulação vertical do feixe de raios X, valendo-se da apreensão do rolete de algodão com fita adesiva (na base do filme - picote
para oclusal), conforme figura abaixo e re-posicionamento do cabeçote de raios X (diminuindo a angulação vertical), permitindo a
dissociação das imagens, processo zigomático e ápices radiculares.
Vale lembrar que, para os molares superiores utilizamos a técnica da bissetriz disto-excêntrica, conforme citado anteriormente.

Apreensão do rolete de algodão com fita Filme com rolete em posição e diminuição Dissociação das imagens, processo
adesiva, proporcionando paralelismo entre do ângulo de incidência vertical do raio X zigomático e ápices radiculares.
dente e filme Associação das técnicas bissetriz disto-
excêntrica e Le Master

A tomada radiográfica inicial ou de diagnóstico do tratamento


endodôntico é obtida pela técnica do paralelismo (filme paralelo ao
dente), porém o posicionador deve ser colocado em posição, de tal
forma que, o filme periapical fique o mais paralelo possível em
relação ao dente, caso contrário a imagem poderá sofrer distorções,
como alongamento ou encurtamento, conforme figuras a seguir.
Se o alongamento for demasiado, na radiografia do cálculo do X, a
distância da ponta do instrumento ao vértice radiográfico será bem
menor do que foi subtraído do CAD (3mm ou 5mm, dependendo da
sua Escola) podendo até ultrapassar o vértice, lesando os tecidos
periapicais e, ao contrário, se houver encurtamento, na radiografia do
cálculo do X, a distância da ponta do instrumento ao vértice
radiográfico será bem maior do que foi subtraído do CAD (3mm ou Tomada radiográfica com a técnica do paralelismo de forma correta,
5mm, dependendo da sua Escola). observar que a imagem do vértice radicular do dente 21 é nítida

Tomada radiográfica com a técnica do paralelismo de forma Tomada radiográfica com a técnica do paralelismo de forma
incorreta, o filme não encontra-se paralelo ao dente, diminuindo a incorreta, o filme não encontra-se paralelo ao dente, aumentando a
angulação vertical e consequentemente alongando a imagem, angulação vertical e consequentemente encurtando a imagem,
quando comparado com a posição anterior, observar que a imagem quando comparado com a figura acima, observar que a imagem do
do vértice radicular do dente 21 não é nítida e esfumaçada vértice radicular do dente 21 não é nítida e esfumaçada

Observar as três radiografias de confirmação do CRT ou CT com a


técnica da bissetriz excêntrica, entretanto foram tomadas com a
paciente, filme e lima na mesma posição, variando apenas a
angulação vertical, porém visando o terço apical, como segue:
Ao contrário, se a incidência do feixe de raios X for cêntrica ou
coronária (figuras abaixo) os ápices serão cortados nas imagens
radiográficas que sofreram alongamento e encurtamento.

Posição correta, incidência do feixe de raios X perpendicular à


bissetriz formada entre o longo eixo do dente e do filme, observar
sobreposição das aletas V e P do grampo

Posição incorreta, diminuição do ângulo vertical, consequentemente, Posição incorreta, aumento do ângulo vertical, consequentemente,
alongamento da imagem radiográfica,observar que a ponta lima encurtamento da imagem radiográfica, observar que a ponta lima
encontra-se mais próxima do vértice, quando comparado com o RX encontra-se mais distante do vértice, quando comparado com o RX
correto, além da dissociação das aletas V e P do grampo correto, além da dissociação das aletas V e P do grampo

Cumpre salientar que, além do conhecimento prévio da anatomia interna dentária, o comprimento médio de cada grupamento é de extrema
importância, principalmente no que diz respeito aos cálculos odontométricos, passíveis de distorções radiograficas, muitas vezes
aumentando ou diminuindo o comprimento dos dentes, conforme tabela abaixo:

Dentes Superiores
Dente: ICS ILS CS 1o. PMS 2o. PMS 1o. MS 2o. MS
20 (Vs)
Comprimento Médio: 22mm 23mm 26,5 21,5mm 21,5mm 21,5mm
21 (P)
Dentes Inferiores
Dente: ICI ILI CI 1o. PMI 2o. PMI 1o. MI 2o. MI
Comprimento Médio: 21mm 22mm 25mm 22mm 22mm 22mm 22,5mm

Na imagem radiográfica panorâmica ao lado, chamamos a atenção,


principalmente, para os caninos esquerdos, superior e inferior, observar
que, possuem comprimento médio aproximado de 40mm, claro que a
tabela acima encontra-se baseada nos estudos anatômicos, conferindo
o comprimento médio para os grupamentos dentários, porém as
variações existem.
Além do canino superior ser o maior dente da arcada dentária, ao
contrário, o incisivo central inferior é o menor dente, tendo em média
21mm, porém, também podemos nos deparar com um ICI, por exemplo,
com 16mm de comprimento, e assim sucessivamente.

Conforme descrito no início deste capítulo, os limitadores, cursores ou stops de silicone autoclaváveis encontram-se disponíveis no mercado
com diferentes espessuras (0,5mm, 1,0mm - ideal, 2,0mm, 2,5mm e 3mm) para calibrar os mais variados comprimentos nos instrumentos
endodônticos. Caso for necessário, é possível cortar o limitador de 1mm ao meio, obtendo 2 limitadores de 0,5mm, como segue:

Limitadores com 0,5mm, 1,0mm, 2,0mm, Apreensão do limitador de 1mm com a Após o corte do limitador de 1mm,
2,5mm e 3mm de espessura pinça Perry e posicionamento da lâmina de obtendo 2 limitadores de 0,5mm de
bisturi no. 15 para corte, sobre a placa de espessura
vidro estéril

Limite apical do tratamento endodôntico

O tratamento endodôntico deve ser realizado nos limites de estrutura dentinária do


canal, ou seja, desde a fase de esvaziamento (pulpectomia, penetração desinfetante
e desobturação) até a obturação devemos determinar um limite de trabalho dentro
das paredes do canal dentinário, onde o instrumento endodôntico, substâncias
químicas e material obturador devem estar contidos.
Para isso é preciso levarmos em conta não só o comprimento do dente, como
também das condições do conteúdo do canal radicular (presença de tecido pulpar,
restos em decomposição decorrentes da mortificação pulpar ou mesmo material
obturador antigo).

Estes fatores de ordem biológica estão intimamente relacionados aos mecanismos de reparação pós tratamento endodôntico. Realmente, a
meta do tratamento endodôntico é conseguir a cicatrização dos tecidos periapicais em um menor lapso possível, permitindo que o dente
restabeleça suas funções estéticas e mastigatórias.
Assim, o processo de reparação só tem início quando os tecidos apicais remanescentes apresentam-se livres de inflamação, infecção ou
trauma mecânico, do tipo material obturador além do limite desejável. Cumpre lembrar que além dos fatores externos que levaram a instituir
a terapia endodôntica, o próprio procedimento endodôntico é capaz de gerar injúrias traumáticas, tanto cirúrgicas quanto medicamentosas,
potencializadas quando contidas além dos limites desejáveis.
Por isso, as etapas que compõem a endodontia devem ser cercadas de rigorosos cuidados para que as reações inflamatórias não atinjam
níveis elevados de intensidade, sejam capazes de eliminar a infecção sediada no canal e evitar a sua re-contaminação e, desta maneira, não
perturbem a evolução normal da ferida cirúrgica nem retarde o processo de cicatrização.
A maneira pela qual conseguimos identificar a manutenção de inflamação ou infecção é por meio da análise dos sinais e sintomatologia
clínica pós-operatória. A presença de dor após qualquer intervenção endodôntica, sem sombra de dúvida, representa a maior expressão da
sintomatologia satélite e os sinais, quando presentes, traduzem o agravamento do quadro clínico em questão.
É claro que a variação da intensidade dolorosa não deve, por si só, ser tomada como regra para avaliação da resposta inflamatória após o
tratamento realizado. No entanto, não se pode questionar que a presença da dor sugere, invariavelmente, que algo anormal ocorreu durante a
intervenção praticada.
A sensibilidade pós-operatória pode estar relacionada à múltiplos fatores de natureza mecânica, química e biológica, porém estamos
convictos que o desrespeito do comprimento de trabalho do canal e consequente laceração do forame apical é um dos gatilhos
desencadeadores de toda a manifestação álgica.
Como já foi dito anteriormente, a manutenção da forma e posição do forame original faz com que se confeccione um limite entre o canal
radicular e a região periapical, preservando os tecidos perirradiculares de agressões e atestando um pós-operatório tranquilo.
Cumpre advertir que o temor do profissional em romper a integridade do forame apical (arrombamento do ápice radicular) pode levá-lo a
trabalhar aquém do limite ideal de trabalho (sub-instrumentação). Isso pode explicar o porquê do aparecimento de dores constantes, mas
pouco intensas que criam desconforto ao paciente, principalmente quando do tratamento endodôntico de polpa mortificada.
O estabelecimento da correta odontometria permite situar todos os procedimentos endodônticos dentro no interior dos canais radiculares e
assim, garantir condições técnicas facilitadoras da obturação, tranquilidade pós-operatória e reparação da região apical.

Variações do limite apical

Para que se possa realizar a odontometria de qualquer dente é preciso que se tenha dois pontos de referência conhecidos: uma referência
oclusal (ou incisal) e outra apical, a partir da qual limitaremos o esvaziamento, preparo e obturação do canal.
Não há como negar que é necessário conhecermos a anatomia do local no qual vamos atuar, principalmente da área apical. Além disso,
devemos identificar se estamos diante do tratamento endodôntico de um dente portador de polpa viva ou mortificada.
No propósito de atender ao exposto, os clínicos têm usado como referência, o vértice radiográfico, porém, baseados nos trabalhos de Weine,
1971; Schilder, 1974; Yu e Schilder, 2001, sabemos que trabalhar neste nível significa, invariavelmente, agir fora do canal radicular. Aliás,
Machado e Pesce (1990) deixam claro que o vértice radiográfico constitui apenas o ponto de partida na determinação do comprimento do
dente.

Pelos estudos de morfologia apical realizados sob a luz da microscopia


óptica ou estereomicroscopia (Kuttler, 1955; Green, 1960; Burch e Hullen,
1972) esclarecem que o ponto de maior constrição do canal radicular,
conhecido por junção cemento-dentina-canal (ou junção CDC) localiza-se
aquém do vértice anatômico, geralmente, cerca de 1,0 mm (linha
pontilhada amarela).

Distância de 1mm da Seta vermelha Junção CDC, seta


junção CDC ao ápice azul forame apical
dentário - vértice anatômico
Além disso, a junção CDC se distancia do vértice radiográfico
(deposição cementária) em decorrência da idade (figura. ao lado), além
da deposição dentinária em todo endodonto (câmara pulpar e canal
radicular) e, nos casos de mortificação pulpar, a anatomia apical pode
se encontrar alterada pela presença de processos patológicos que
contribuem para a reabsorção apical (próximas figuras).

Distância da junção CDC ao ápice radicular, em função da idade

Recomendações para determinação do limite de


trabalho para dentes portadores de polpa
mortificada, baseado em evidências radiográficas de
reabsorções óssea e radicular - Weine, F. (1976).
Polpa morta sem lesão: 1mm aquém, com rarefação
periapical: 1,5mm aquém e, com rarefação periapical
e reabsorção apical: 2,0mm aquém.

Observar o aspecto clínico e principalmente radiográfico do dente 11,


polpa morta, diagnóstico: periodontite apical crônica, presença de
rarefação óssea periapical difusa e reabsorção apical patológica.
Na radiografia a seta vermelha indica o ápice reabsorvido e a seta azul
indica o novo vértice radiográfico.

Somados a isso, o forame apical normalmente apresenta, emergência numa posição distal (48%) em maior percentual, e não exatamente no
vértice radicular (Milano, 1983), bem como a distância do centro do vértice ao forame apical pode variar de 0,5 à 3,0mm.
Observar na radiografia de confirmação do CT do dente 44 a posição da emergência foraminal e a distância do vértice radiográfico, devido a
radiografia ser bidimensional podemos concluir que o forame pode estar para mesial, mesiovestibular ou mesiolingual.

Outra razão para não se trabalhar no limite do vértice radiográfico é a limitação da radiografia.
Rothier (1975-77) salienta que a imagem radiográfica é limitada pois é bidimensional, pode
haver variações no posicionamento horizontal e vertical do feixe de Rx e ainda, a sobreposição
de estruturas anatômicas impedem a localização exata da área de maior constrição do canal
radicular.

Desta forma, é impossível determinar com exatidão o ponto de maior estreitamento do canal radicular, referencial obrigatório na
determinação do Comprimento Real de Trabalho - CRT ou Comprimento de Trabalho CT. A radiografia é simplesmente um meio para
calcularmos o limite de trabalho do endodontista.
Também, temos que levar em conta as condições do conteúdo presente no canal radicular. Se estamos diante de um dente portador de
polpa viva, mas que necessita de tratamento endodôntico, o limite de trabalho poderá ficar de 1,0 mm a 1,5 mm aquém do vértice
radiográfico, pois o próprio remanescente de tecido conjuntivo apical (coto pulpo-periodontal) facilitará a instalação do processo de
reparação após o tratamento concluído. A manutenção do coto apical serve como uma base para que se acelere a cura e o selamento
biológico da região apical.
Já nos casos de polpa mortificada, o limite de trabalho poderá distar de 0,5mm a 1,0 mm do vértice radiográfico, em virtude da presença de
microorganismos e suas toxinas em todo o espaço radicular. Neste caso, o quanto mais próximo estivermos da junção CDC, maior a chance
de conseguirmos eliminar a infecção presente no canal durante o preparo químico-cirúrgico.

No caso de polpa viva, se trabalharmos Na polpa viva adotaremos o limite (CT) Dente 45, polpa morta, observar os traços
próximo ao vértice (linha com seta branca), para a pulpectomia de 1,0 à 1,5mm aquém azul e o branco nas imediações da junção
corremos o risco de provocar várias do vértice (traço azul), promovendo uma CDC, de 0,5 à 1mm aquém do vértice
feridas (canal principal e foraminas), única ferida, favorecendo a reparação radiográfico
dificultando a reparação

Exercícios

Após responder as questões, você poderá levar os exercícios e suas resoluções para o seu Professor verificar:
Para baixar os exercícios em PDF para impressão, clique aqui

1. Descreva o procedimento de odontometria passo a passo, incluindo a


técnica radiográfica utilizada, tipo de esvaziamento e, determine a
odontometria de um incisivo central superior esquerdo - 21, portador de
polpa morta, paciente do sexo masculino e com 18 anos de idade,
sabendo que o CAD=23mm e X=4mm.
Observação: atentar quanto em milímetros sua Escola preconiza
subtrair do CAD (3mm ou 5mm).

Dente 21: distância do vértice Dente 21: distância do vértice


radiográfico à borda incisal = radiográfico à ponta do
23mm instrumento: X = 4mm

2. Por que subtraímos de 1,0mm a 1,5mm para dentes portadores de


polpa viva?
Por que subtraímos de 0,5mm a 1,0mm para dentes portadores de
polpa morta?

Dente 35: CRT ou CT para Polpa Viva Dente 11: CRT ou CT


para Polpa Morta
3. Com relação à posição dos instrumentos endodônticos na referência
oclusal do dente 35, durante os cálculos odontométricos, qual das
situações seria correta?

4. Radiografia do dente 26 para prova dos cones principais de obturação,


qual técnica radiográfica foi utilizada, por que e identifique os canais, a
partir da mesial?

5. Radiografias tomadas durante os cálculos odontométricos A, B e C. Com relação à anatomia dos canais radiculares, responder conforme
perguntas nas legendas das imagens radiográficas, bem como a técnica radiográfica utilizada e identifique os canais, a partir da mesial:

A. dente 46, PM, RX de confirmação do CT, B. dente 36, PM, RX de confirmação do CT, C. dente 47, PV, RX de confirmação do CT,
o que podemos concluir? o que podemos concluir? o que podemos concluir?

6. Radiografia tomada para confirmação do CRT ou CT dos dentes 21 e


15, descreva o que aconteceu e como corrigir o erro?

7. Radiografia de confirmação do CT do dente 11, portador de polpa morta, o limite de


trabalho encontra-se correto, existe algum problema que chama atenção?
8. Radiografia tomada para o cálculo do X do dente 25, portador de polpa morta. Qual
técnica radiográfica foi utilizada, identificar os canais e, o que provavelmente aconteceu
com relação a ultrapassagem dos instrumentos além do vértice radiográfico e quais
consequências podemos esperar?

9. Radiografia tomada para confirmação do CRT ou CT do dente 33, além do acadêmico


cometer o erro de procurar o canal com broca esférica (apenas até a câmara pulpar),
quase perfurando para distal, descreva o que aconteceu durante os cálculos
odontométricos e como corrigir o erro?

10. Quando da sobreposição das imagens do processo zigomático nos ápices do dente
17 (ao lado), valendo-se da técnica da bissetriz excêntrica, qual técnica radiográfica é
utilizada para a dissociação vertical das imagens?

11. Dente 16, durante os cálculos odontométricos, as referências oclusais estão corretas,
nas pontas de cúspides, MV, VD e P. Entretanto, o acadêmico cometeu um erro, qual
seria?

12. Descreva como os filmes radiográficos periapicais devem ser


preparados antes do uso, os cuidados com o processamento,
armazenamento das radiografias e como as fichas odontométricas ou
de pacientes com as devidas radiografias (documentos) devem ser
entregue ao Professor, após cada tratamento endodôntico?
Obs.: Consultar o Link Preparo para Terapia, final do Capítulo.

Caixa de filme radiográfico periapical e Ficha de Odontometria


(laboratorial) ou Ficha Clínica (paciente) com radiografias anexo,
para cada dente

Bibliografia:

1. PAIVA, J.G. & ANTONIAZZI, J.H. Endodontia: Bases para a prática clínica . 2ª. ed. São Paulo. Ed. Artes Médicas. 1991, p.485-498.
2. BERGER, C.R. e Colab. Endodontia, Ed. Pancast. São Paulo, 1998, p.305-316.
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4. LOPES, H.P. & SIQUEIRA, J.F. Endodontia: Biologia e Técnica. 2ª. ed. Rio de Janeiro. Ed. Medsi – Guanabara Koogan S. A. 2004, p.307-
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5. MACHADO, M.E.L. & PESCE, H.F. Rev Ass. Paul. Cirurg. Dent., v. 35, n. 6, 1981.
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RGO. 1983, jul-set, 31(3):220-4
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8. FERNANDES, K.P.S. e Cols. Guia Visual de Endodontia. 1ª. Ed. Livraria Santos Editora, São Paulo, 2003. 82p
9. LAURETTI, M.B. et al. Manual de técnica endodôntica. 2.ed. São Paulo: Ed. Santos, 2008. p. 215-224.
10. YU, D.C., SCHILDER H. Cleaning and shaping the apical third of a root canal system. Gen Dent 2001; 49 (3):266-70.
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14. BURCH, J.G., HULEN, S. The relationship of the apical foramen to the anatomic apex of the tooth root. Oral Surgery, Oral Medicine and
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15. GREEN, D. Stereomicroscopic study of 700 root apices of maxillary and mandibular posterior teeth. Oral Surgery, Oral Medicine and
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16. ROTIER, A. Estudo radiográfico “in vitro” de canais radiculares obturados até o limite foraminal. Anais acad bras odont, v. 1, n. 1, p.
115-39, 1975/77.

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