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Endodontia - Preparo Químico

Mecânico

Ana Claudia dos Santos


2023
Objetivos
• Apresentar sobre o acesso à zona crítica apical em molares e
descrever sobre as técnicas de preparo químico mecânico em
molares
Acesso à zona crítica apical em molares.

• FORAME APICAL: orifício principal de entrada do feixe vásculo-nervoso no ápice


radicular.
• Existem outras vias de comunicação com a região periapical, múltiplos canalículos e
canais acessórios ao longo do conduto radicular que são mais recorrentes e
concentrados na porção apical – DELTA APICAL
DELTA APICAL
• Traz uma complexidade no processo de
descontaminação dos condutos radiculares e pode
estar associado ao insucesso endodôntico, já que
não é possível a instrumentação mecânica
adqueada dessa área.

• Uma irrigação efetiva do sistema de canais


radiculares com solução desinfetante, como
hipoclrito de sódio, é quem deve ser capaz de
promover essa descontaminação.
Limite cdc
• Limite entre o canal dentinário e o
cementário (junção ou limite entre
o cemento-dentina-canal)

• Canal dentinocementário.

• Zona de constrição onde termina a


polpa e começa o periodonto.
• (limite da instrumentação
endodôntica – comprimento de
trabalho)
• (**importante ter um ponto de
referência na porção coronária)
Limite cdc
Limite cdc

• Há divergência entre os autores quanto essa medida ,


varia entre 0,5mm, 0,7mm a 1mm aquém do
comprimento total do dente.
• Nem mesmo os localizadores apicais digitais são capazes
de localizar essa constrição.
Limite cdc

• Considerado o limite da instrumentação e obturação


endodônticas sempre que a polpa estiver VIVA

• BIOPULPECTOMIA
LIMITE CDC

• Instrumentação e a obturação além do


limite CDC, envolvendo o comprimento
TOTAL do dente.

• NECROSE OU NECROSE COM LESÃO

• Autores defendem que somente assim


a descontaminação estará completa,
mas pode estar perdendo a constrição
que servirá de STOP para a obturação.
Limite CDC
TECIDO PULPAR APICAL
• Corresponde ao último milímetro do canal radicular

• Coberto por cemento

• Canal cementário

• Sua formação se completa após a erupção do dente na


cavidade bucal.
TECIDO PULPAR APICAL

• A agressão decorrente da instrumentação pode provocar


grande irritação e desconforto em pacientes com polpa viva,
mas quando há necrose pulpar, com lesão periapical
associada, essa área deve ser instrumentada para remover a
contaminação.
Canal cementário

• Preenchido por tecido periodontal,


(cemento/osso/ligamento)
• e não por tecido pulpar

• Boa capacidade de reparo : uma área


bastante inervada e irrigada

• Diferente da polpa do canal dentinário.


Limite cdc

• Para sua identificação, precisamos encontrar a


localização tridimencional exata do forame apical.
Radiografia periapical

• Instrumento em posição no canal, alcançando o


comprimento total do dente, calculado a partir do rx
inicial.

• Para localizar para onde está a saída do forame, se é


central ou se está curvado, é preciso variar as tomadas
radiográficas sem mover o instumento.
• Uma vez identificado o forame
apical e o comprimento total do
dente , calculamos o
comprimento de trabalho (CT).

• CT = CR - CDC (0,25; 0,5 OU 1mm)

• (Comprimento real nem sempre


tem a mesma medida da raíz.)
PREPARO CERVICAL
INICIAL E LIMITE DE
INSTRUMENT AÇÃO
APICAL EM CANAIS
CURVOS
Prof. Esp. Ana Claudia
dos Santos
Etapas preliminares tratamento endodôntico
• Remoção da polpa coronária, se houver
• Exploração dos canais radiculares / remoção do tecido
pulpar
• Preparo cervical
• Odontometria
• Estabelecimento do comprimento real de trabalho (CRT)
• Técnicas de Instrumentação endodôntica

• Soluções químicas auxiliares na instrumentação


endodôntica.
• Curativos de demora
Remoção da polpa coronária

• *Quando ainda estiver presente

• Realizada com curetas de dentina bem afiadas e


adequadamente selecionadas para o tamanho da
câmara pulpar.
Polpa necrosada

• Realizado Toalete da câmara pulpar:

• Remoção do tecido cariado necrótico e


as raspas de dentina contaminada,
além da descontaminação da cavidade
com soluções irrigadoras de hipoclorito
de sódio, antes mesmo do início do
preparo do conduto
Remoção da polpa radicular.
• Exploração inicial dos canais.
(Ctex)

• CATETERISMO
• Ctex=CAD -3MM (-2MM)

• “Extirpa nervo” para canais amplos


• Lima convencional fina em canais
atrésicos

• Polpa viva
Remoção da polpa radicular
• Exploração dos canais (lima fina)
• Ctex=CAD -3MM (-2MM)

• Remoção progressiva, no sentido


coroa-ápice, com irrigação e
aspiração
• Evitar que o material seja bombeado
para o tecido periapical.

• Polpa necrótica
Preparo cervical
• Brocas de baixa rotação de
• Proporciona liberdade de ponta ativa: Gates Glidden
instrumentação e melhora acesso • Brocas de baixa rotação de
do instrumento ao ápice radicular ponta inativa: Largo

• Remover deposição de dentina • Em direção de antifurca,


terciária na região da embocadura com muito cuidado, para
não haver desgaste
excessivo da estrutura
dental.
Preparo cervical
• Lima justa apenas dois terços do CAD

• EXEMPLO

• CAD 21mm , lima 30 ou 35 (dependendo do dente)até 14mm


• 21 dividido por 3 = 7
• 7 x 2 = 14mm

• Ou CAD -5mm

• Aumentar no mínimo duas limas


• Se a primeira que ficou justa foi a 35, com 14mm
• Entro 40 e 45 nesta medida também
• Liberado o acesso ao conduto radicular e feita
a remoção do tecido pulpar e toalete inicial
da cavidade, tem início a instrumentação
propriamente dita.
odontometria

• A partir da radiografia de diagnóstico do dente, medimos com auxílio do


negatoscópio, lupa e régua milimetrada transparente, o comprimento
aparente do dente (CAD)
• Comprimento real do instrumento(CRI) ou inicial (CI): CAD -3mm
• Ou comprimento aparente de trabalho CAT : CAD -3mm
Calcular x
Calcular comprimento de trabalho
CT: CrD -1mm (CDC)

Confirmação do CT
Canais curvos

• CUIDADO: PRÉ CURVAR LIMAS ANTES.


Técnicas de instrumentação endodôntica
convencional
• BATENTE OU STOP APICAL
• (preparo do terço apical)

• Escolher a primeira lima que fica justa no canal


• ( DIÂMETRO ANATÔMICO)

• Instrumentar e definir a
• LIMA MEMÓRIA (DIÂMETRO CIRÚRGICO)
Técnicas de instrumentação endodôntica
convencional
• Biopulpectomia: ausência de infecção • Necropulpectomia: 4
• Estrutura radicular delgada e canais instrumentos acima da lima
atrésicos inicial

• Pelo menos 3 instrumentos acima do • A confecção do batente


primeiro apical, além de remover pré
dentina e dentina infectada
por bactérias, proporciona o
ponto de parada necessário
para que o material
obturador não extravaze
para os tecidos periapicais.
Técnica telescópica-
STEP BACK
• Instrumentação no sentido ápice- • Limas flexíveis pré-curvadas
coroa, a partir do diâmetro do
batente apical, aumentando o • Movimento de alargamento e
instrumento a cada milímetro no limagem
sentido coronário.
• Sempre voltar a última lima do
batente apical, ou uma mais delgada
no CT para evitar obstrução apical
do conduto.
• A cada troca de lima realizar
irrigação e aspiração constantes para
remoção dos detritos.
Técnica telescópica
Técnica escalonada livre

• Variação da telescópica, com a particularidade de a


instrumentação retrógrada não ser escalonada de
milímetro a milímetro, mas livre, aumentando o
diâmetro do instrumento a partir do ponto em que
houver resistência das paredes
Crown down – coroa-ápice (Técnica de
oregon ou cervico-apical)
Outras técnicas

• Técnica de long beach ou simon


• Técnica de deus ou movimentos oscilatórios

• Associação das técnicas


Soluções químicas auxiliares na
instrumentação endodôntica
• A irrigação dos canais radiculares é fundamental
para eliminar os restos pulpares, contaminação
bacteriana , raspas de dentina contaminada e
smear layer; além de lubrificar as paredes do
conduto para facilitar a instrumentação
Soluções irrigadoras

• Para atingir esses objetivos, a solução irrigadora deve


ser biocompatível, ter o poder de dissolver os restos
de tecido pulpar, possuir poder bactericida e
apresentar permeabilidade dentinária, de modo a ser
efetiva nos túbulos dentinários contaminados.
Auxiliares na irrigação
Soluções
• Compostos
halogenados:
• O Cloro exerce uma função
antibacteriana, por oxidação da matéria
• Líquido de Dakin: orgânica.
hipoclorito de sódio • Possui ação detergente, bactericida,
0,5% desodorizante, dissolvente e
• Solução de Milton: neutralizante.
hipoclorito de sódio 1% • Baixa tensão superficial; neutraliza
• Solução de Labarraque: parcialmente os produtos tóxicos,
hipoclorito de sódio favorece a instrumentação e apresenta
2,5% pH alcalino
• Soda clorada
duplamente
Solução de clorexidina
• Amplamente aplicada sob forma de bochechos de gluconato de
clorexidina (Periogard) 0,12%

• Uso endodôntico: gel : 2%


• S. Mutans altamente sensível a este agente

• Amplo espectro de ação contra bactérias gram-positivas e gram-


negativas
• Pode ser usada sem causar alterações sistêmicas ou locais,
mesmo possuindo alta capacidade de adsorção aos tecidos bucais
e superfícies mucosas, sua liberação é gradual, prolongada e em
níveis terapêuticos (substantividade), de até 72 horas
Gel de clorexidina

• Intercalar com irrigação com soro


fisiológico.
quelantes
• EDTA (ácido
etilenodiaminotetracético) é um
quelante específico para o íon
cálcio e, consequentemente, para
a dentina.

• Não indicadas como auxiliares no


preparo biomecânico de canais
atresiados ou calcificados, nem
como solução irrigadora
• Inócuos aos tecidos periapicais, os
quelantes são indicados tanto em
casos de biopulpectomia como
necropulpectomia, sendo utilizado
como toalete final, com objetivo
de remover a camada residual
• (“smear layer”)
edta

• Utilizado no preparo das paredes dos


canais radiculares, previamente à
obturação por 3 minutos.

• Se deixado por 10 minutos, a solução de


EDTA associada ao NaOCl a 5%, além de
remover a camada residual, promove uma
erosão peritubular e intertubular,
acarretando em um aumento do diâmetro
dos túbulos dentinários.
Escolha da solução irrigadora

• NaOCl x Clorexidina associada ao • FLUCONAÇÃO:


soro fisiológico. • Reação ácido-base

• Cuidado com essa mistura • Manchamento químico nos


túbulos dentinários.
Curativos de demora

• Quando o tratamento não é finalizado em


sessão única, é indicado medicação
intracanal, que terão ação anti-inflamatória
ou antibacteriana durante o período de
intervalo entre as seções
biopulpectomia

• OTOSPORIN: Corticóide otológico


• Devem ser aplicados próximos aos
tecidos periapicais

• Ação vasoconstritora sobre vasos


sanguíneos pequenos, reduzindo a
vasodilatação característica do processo
inflamatório, e diminuindo a exsudação

Age topicamente por


24 a 48 horas
PULPOTOMIAS

• O formocresol é o medicamento mais


comumente usado na terapia pulpar de
dentes decíduos. Normalmente
o formocresol é usado como medicação
de escolha em pulpotomias, ou seja, o
tratamento de dentes decíduos vitais
com exposição pulpar por cárie.
NECROPULPECTOMIA

• PARAMONOCLOROFENOL
CANFORADO: agente
antimicrobiano potente não
específico que, além de
bactericida, possui propriedade
fungicida
NECROPULPECTOMIA

• TRICRESOL FORMALINA: agente


bactericida muito utilizado na
endodontia
• Age por contato a DISTÂNCIA, por
meio dos vapores que libera
HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
• Podem ser aplicadas com
lentulo no interior de canais
que sofreram bio ou
necropulpectomia após a
instrumentação.
• Biocompatível
• Induz formação de tecido
mineralizado: acelerando
processo de reparo na região
periapical
• Bom agende antimicrobiano:
dissocia em íons hidroxila, o
que aumenta o pH do ambiente
e promove ruptura da
membrana citoplasmática
Pasta de Hidróxido de cálcio

• Callen (PMMC) – tubetes semelhantes aos


anestésicos aplicador por meio de uma
seringa especial.

• Ultra Call – seringa pronta


• NaviTips.
Hidróxido de cálcio
Instrumentação mecanizada

• Quando falamos de instrumentação mecanizada, as técnicas de


remoção de tecido cariado e acesso coronário permanecem as
mesmas.

• Qual a diferença entre Rotatório e Reciprocante?


• Os sistemas rotatórios contínuo e sistema reciprocante, são os
instrumentais mais notórios atualmente. Resumidamente, o de
uso contínuo proporciona voltas em 360° de forma contínua
(sentido horário), enquanto o reciprocante proporciona parte
de voltas em sentido horário e parte em sentido anti-horário
Instrumentação mecanizada

• A instrumentação
mecanizada na endodontia simbolizou uma grande
mudança na odontologia moderna como: maior
qualidade no preparo dos canais radiculares, mais
agilidade, menos desgaste para o operador, mais
eficaz na limpeza dos canais e também menos falha
nos procedimentos.
Inst. Mecanizada

• Rotatória: PROTAPER • O maior custo dos instrumentos


rotatórios em níquel-titâneo em
relação aos instrumentos
convencionais em aço inoxidável
ainda é considerado uma
desvantagem do sistema.
• Excelente combinação de
resistência à oxidação e à fratura,
uma boa flexibilidade e memória
elástica.
Inst. Mecanizada - reciprocante
Inst. Mecanizada - reciprocante
Referências
BRAMANTE, C.M. et.al. Cavidade pulpar: aspectos morfológicos
voltados à endodontia. São Paulo: Santos, 2016.

SOUZA FILHO, Francisco José de. Endodontia passo a passo. São


Paulo: Artes Médicas, 2015.

PRADO, M.; ROCHA, N.S. Endodontia: princípios para Prática Clínica.


São Paulo: MedBook, 2017.

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