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Preparo Biomecânico do Canal Radicular

Instrumentação e Odontometria
por Eduardo Luiz Barbin, Nádia de Souza Ferreira, Letícia Moreira Alcântara, Lucas Pinto
Carpena e Igor do Carmo Pazin

1 Introdução

Leonardo (2008), repercutindo a publicação clássica de Schilder (1974) intitulada


“Cleaning and shaping the root canal”, relata que o preparo biomecânico (PBM) ou, por
sinonímia, preparo químico e mecânico (PQM) do canal radicular tem como objetivos
principais, sempre observando os aspectos biológicos, o que segue:
=> Limpeza,
- controle da infecção endodôntica;
=> Modelagem/Escultura do canal radicular,
- promover a dilatação (estabelecendo ou não um batente no limite apical de trabalho),
- elevar a divergência do canal radicular.

Os recursos ou meios para a realização do PBM ou PQM são os seguintes:


=> meios físicos;
=> meios químicos;
=> meios mecânicos.

O meio físico se dá pela ação da irrigação e aspiração (concomitantes) removendo


detritos em solução e suspensão do canal radicular. A ação química ocorre por meio da
inundação do canal radicular com substâncias e/ou soluções (substâncias) irrigadoras (ex.:
dissolução pulpar). O meio mecânico manifesta-se na utilização de instrumentos, no interior
do canal radicular, que removem a estrutura dentinária por corte ou limagem.
Após o diagnóstico e planejamento geral (plano de tratamento geral ou plano de ações
geral), a execução do planto de tratamento específico endodôntico, no caso de sua
necessidade, inicia-se pela observação do que segue:
=>análise dos aspectos anatômicos e do posicionamento dental (literatura científica e exames
clínico e radiográfico);
=>determinação do comprimento aparente do dente (CAD), por meio da imagem radiográfica;
=>análise do comprometimento dos tecidos dentais e remoção do tecido cariado;
=> remoção das restaurações de amálgama;
=> remoção das restaurações de outros materiais (ex.: resina), quando infiltradas por cárie;
=>abertura coronária completa que incluem os desgastes compensatório e/ou adicionais.

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Observa-se, nas obras de Goerig et al. (1982), De Deus (1992) e Leonardo (2008), que técnicas
importantes de PBM, como, p. ex., a Técnica de Oregon e de Goerig, baseiam-se no que segue:
=> acesso coronário (abertura coronária completa);
=> acesso radicular, realizado na metade ou 2/3 coronários do canal radicular (2/3 CAD);
=> instrumentação apical, executada no terço apical.

Uma vez saneada a câmara pulpar e obtido o acesso retilíneo e livre ao canal radicular,
passa-se para as próximas etapas que devem ser executadas com isolamento absoluto, a saber:
=> localização da entrada dos canais radiculares;
=> negociação/exploração do canal radicular, realizada em etapas, iniciando em 2/3 CAD, em
seguida no comprimento de trabalho provisório (CTP) e finalmente no CRT e/ou CRD.

A localização da entrada do canal radicular é auxiliada pela utilização de instrumentos


como, por exemplo, escavadores de dentina (limpeza), sonda exploradora nº 9 e lima tipo k nº 15
[ou 10] de 21 mm (com fio dental, preso ao cabo, se sem isolamento absoluto, sendo que, nesta
etapa, a lima tipo K substitui a sonda reta e, por esse motivo, sua utilização deve ser restrita ao
nível da embocadura), sendo o ultrassom um recurso importante de limpeza para esta etapa.
A negociação/exploração do canal radicular deve ser realizada com um instrumento
tipo k nº 10 ou nº 15 com cinemática oscilatória associada à penetração com leve pressão
apical e remoção, inicialmente até 2/3 do CAD, em seguida no CTP, onde o CTP é igual ao CAD
subtraído de 2 a 3 milímetros e finalmente no CRT e/ou CRD. O CTP constitui, ainda, uma
referência para a odontometria e determinação do CRD e do CRT, onde CRT = CRD - 1 a 2
milímetros. É por meio da exploração do canal radicular que se pode observar:
=> o trajeto do canal radicular;
=> as constrições;
=> os obstáculos ou interferências à penetração do instrumento no canal.

No caso de vitalidade pulpar, é necessária a remoção da polpa radicular que pode ser
realizada 1) por meio do corte com instrumento Hedströen de tamanho compatível no
comprimento real de trabalho (CRT), descolamento da polpa das paredes laterais com instrumento
K nº 10 (CRT) e tracionamento com instrumento Extirpa Nervo ou 2) pelo método da fragmentação
(resultante da própria instrumentação), considerando que é importante evitar a compactação do
tecido pulpar, bem como evitar a pigmentação dental, caso haja sangramento, por meio da
irrigação abundante concomitante com a aspiração.
No caso de necrose pulpar, a penetração inicial com instrumento endodôntico deve ser
realizada por meio de um aprofundamento gradativo, em etapas, realizada progressivamente de

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forma a intercalar momentos de irrigação, aspiração e inundação com momentos de penetração
do instrumento endodôntico, objetivando reduzir o conteúdo séptico e tóxico do canal radicular.
Este procedimento recebe o nome de neutralização do conteúdo séptico e tóxico do canal
radicular, penetração desinfetante ou detoxificação, que deve ser realizada em etapas
progressivas, inicialmente no terço cervical; em seguida, no terço médio; devendo incluir, após a
determinação do comprimento real do dente (CRD), o terço apical.
A determinação do CRD é realizada pelo processo de Odontometria a qual pode ser
concluída no estágio final da remoção da polpa ou da penetração desinfetante, previamente (ápice-
coroa) ou durante (coroa-ápice) o alargamento e/ou limagem do canal radicular (PQM ou PBM).
O Alargamento e/ou Limagem do Canal Radicular faz parte do preparo biomecânico
promovendo limpeza, condições para o controle da infecção endodôntica e modelagem ou
determinação de uma morfologia cirúrgica que contribua para uma obturação compactada e
hermética do canal radicular por meio de uma escultura (modelagem) divergente para a coroa
com dimensões cirúrgicas adequadas (dilatação cuidadosa do canal radicular) e, geralmente,
com o estabelecimento de um batente no limite apical de trabalho/obturação.
Reitera-se que Souza Filho (2015, p. 59), repercutindo Tauby Coutinho, reflete que três
ações prévias/preparatórias ao preparo químico e mecânico (PQM) são fundamentais para a
previsibilidade do tratamento endodôntico [e, de certa forma, compõe o "Glide Peth"], a saber:
=> localização do canal (das embocaduras);
=> negociação do canal;
=> localização do forame;
=> [demarcação da trajetória do canal e do forame apical];
=> [Dilatação do forame apical com a lima tipo K nº 15 (“Glide Peth”)]

A Localização do Canal se dá pela identificação das embocaduras com sonda reta nº 9


ou lima tipo K nº 15 de 21mm (LEONARDO, 2008).
A Negociação do Canal se confunde com a Exploração ou Sondagem do Canal Radicular e é
executada, geralmente, com instrumentos de pequeno calibre (limas tipo K nº 15, nº 10, nº 08
e/ou nº 06). As cinemáticas tradicionais empregadas no instrumento, nesta fase, são as seguintes:
=> cinemática manual oscilatória ou reciprocante (giro e contra-giro) associada à movimentos de
penetração e remoção consecutivos da lima endodôntica, onde a ação de penetração é
ligeiramente maior que a de remoção fazendo o instrumento avançar suavemente em
profundidade no canal até o limite desejado (indicada para limas tipo K nº 15, nº 10 e nº 08);
=> cinemática de penetração e remoção consecutivos da lima endodôntica, onde a ação de
penetração é ligeiramente maior que a de remoção fazendo o instrumento avançar suavemente
em profundidade no canal até o limite desejado(indicada para limas tipo K nº 06);

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Souza Filho, em 2015, sugere, mais recentemente, a cinemática do lançamento de dardo
para a negociação do canal radicular [principalmente em canais atresiados e/ou curvos]
possibilitando o acesso ao forame apical pela Técnica da Ampliação Anatômica Progressiva
(AAP). O canal deve ser irrigado, aspirado e inundado com solução irrigante, em seguida, insere-
se [delicadamente] uma lima tipo K nº 8 ou nº 10 no canal radicular até que ela toque a parede
do canal e prenda-se suavemente na dentina, sendo que “a inserção da lima no canal deve ser
feita delicadamente, num movimento rápido, concomitantemente com um giro de cerca de 1/4
de volta no sentido horário, igual ao lançamento de um dardo no alvo” como se o instrumento
fosse “arremessado, suavemente, para o interior do canal para que fique [levemente] preso na
dentina” e, em seguida, realiza-se a liberação do instrumento da dentina [do canal radicular] com
um movimento único de tração. O autor sugere que o instrumento seja retirado do canal com
tração simples sem movimentos oscilatórios; para que se possa repetir o movimento de inserção
e tração por duas ou três vezes (SOUZA FILHO, 2015, p. 187-188). Considerando, como exemplo,
uma negociação que se inicia com a lima tipo K nº 10, então, se realiza dois ou três lançamentos
com esta lima, seguida de dois ou três lançamentos com a lima tipo K nº 15, e assim por diante
com as limas tipo K nº 20 e nº 25 podendo-se intercalar a irrigação, aspiração e inundação entre
cada troca de instrumento. Neste exemplo, a sequência de uso das limas tipo K de nº 10 à de nº
25 seria reempregada até que a lima tipo K de nº 10 ticasse o cursor na referência coronária, ou
seja, atingisse a profundidade desejada.
[Caso seja necessária uma força de tração elevada para a retirada do instrumento, isso
pode indicar que foi realizada força de pressão apical excessiva quando da introdução do
instrumento suscitando uma inserção mais suave do instrumento por parte do operador na
sequência do tratamento].
Segundo Souza Filho (2015), a ampliação anatômica progressiva, com instrumentos
tipo K, repetindo a sequência do nº 8 e/ou nº 10 ao nº 25, com a cinemática de dardo, até se
alcançar a profundidade desejada com a lima tipo K nº 10, seria eficiente porque as limas tipo
K nº 15, nº 20 e nº 25 promoveriam dilatação e divergência do canal radicular possibilitando, a
negociação do canal em direção apical com limas tipo K nº 8 e/ou Nº 10. Neste caso, a
repetição da sequência de utilização da lima nº 15 à nº 25 configuraria um recuo anatômico
escalonado (série “step-back” anatômica) que “libera o corpo do instrumento tipo K nº 8 e/ou
nº 10 da parede do canal” melhorando a condição para a negociação do canal somente com a
porção mais apical das limas tipo K nº 8 e Nº 10 até o CRT ou comprimento real do canal (CRC).
A Localização do Forame se traduz em levar a ponta do instrumento na superfície
radicular externa (forame apical) permitindo, de maneira mais precisa, a determinação do
comprimento real do canal (CRC) segundo o relatado por Goerig et al. (1982).

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Souza Filho (2015) ainda sugere que se procure atingir o CRD/CRC com a lima tipo K nº
10, sendo que, assim que se atinja o CRD/CRC, se realize movimentos de vaivém, sem remover
a lima do forame, até conseguir demarcar bem a trajetória do canal e do forame apical para
possibilitar, dessa forma, a dilatação do forame apical com a lima tipo K nº 15 estabelecendo-
se, desta forma, o "Glide Peth".
A ação mecânica dos instrumentos endodônticos pode ser realizada de acordo com o que segue:
=> instrumentação clássica ou convencional;
=> instrumentação não convencional.

Na instrumentação clássica ou convencional, todos os instrumentos, utilizados


manualmente, penetram em toda extensão do comprimento real de trabalho (CRT) em ordem
crescente dos seus diâmetros.
Porém, considerando o risco de iatrogenias, observou-se a necessidade da aplicação
de novas estratégias, caracterizando a instrumentação não convencional, que se aplicam nos
casos apropriados e tendem a reduzir o número de acidentes operatórios e repercussões pós-
operatórias (GOERIG et al., 1982), bem como prover dinamismo para o alargamento e/ou
limagem do canal radicular.
Assim, no Princípio ápice/coroa (“step-back”), a sequência das ações é a seguinte:
=> Instrumentação apical,
- dilatação do canal radicular,
- escultura do batente apical;
=> Recuo escalonado
- elevação da divergência do canal radicular.

Por sua vez, no Princípio coroa/ápice (“crown-down”), a técnica é bi escalonada, sendo


a sequência das ações como segue:
=> Avanço escalonado,
- saneamento da coroa para o ápice,
- elevação preliminar da divergência do canal radicular;
=> Instrumentação apical
- dilatação do canal radicular,
- escultura do batente apical;
=> Recuo escalonado
- elevação final da divergência do canal radicular.

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A técnica de movimentação ou cinemática da lima endodôntica empregada pelo
operador deve ocorrer sem pressão apical (“Pressureless Technique”). A cinemática manual
empregada no instrumento endodôntico pode ser, em linhas gerais, de quatro tipos, a saber:
=> cinemática de Roane relatada por Leonardo (2008);
=> cinemática de alargamento de Schilder relatada por Goeriget al. (1982);
=> cinemática de Leonardo relatada por Leonardo (2008);
=> cinemática de limagem relatada por Leonardo (2008).

Cinemática de Roane relatada por Leonardo (2008)


=> sequência de inserção do instrumento endodôntico no canal radicular até o seu leve ajuste
no canal, rotação horária de 1/4 volta, rotação anti-horária de 1/2 de volta, seguida de
limagem com pressão lateral e corte na remoção do instrumento;
=> a sequência deve ser repetida em quantidade suficiente para (QSP) o instrumento ficar
solto no canal ou se conseguir uma rotação livre de 360°.

Cinemática de Alargamento de Schilder relatada por Goeriget al. (1982)


=> sequência de inserção do instrumento endodôntico no canal radicular até o seu leve ajuste
no canal, seguido de rotação de ¼ a ½ volta, seguida de limagem com pressão lateral e corte
na remoção do instrumento;
=> a sequência deve ser repetida em quantidade suficiente para (QSP) o instrumento ficar
solto no canal ou se conseguir uma rotação livre de 360°.

Cinemática de Leonardo relatada por Leonardo (2008)


=> sequência de inserção do instrumento endodôntico no canal radicular até o seu leve ajuste
no canal, rotação horária de ¼ a ½ volta ou até a percepção de leve resistência ao giro seguida
de limagem com pressão lateral e corte na remoção do instrumento;
=> a sequência deve ser repetida em quantidade suficiente para (QSP) o instrumento ficar
solto no canal ou se conseguir uma rotação livre de 360°.

Cinemática de Limagem relatada por Leonardo (2008)


=> sequência de inserção do instrumento endodôntico no canal radicular até o tope de
borracha/silicone tocar a referência coronária, pressão lateral concomitante com a remoção
do instrumento (o corte, limagem ou raspagem ocorre durante a remoção do instrumento);
=> a amplitude entre os movimentos de inserção e remoção deve ser reduzida (de 2 a 3 mm);
=> a sequência deve ser repetida em quantidade suficiente para (QSP) o instrumento de
calibre imediatamente superior penetrar passivamente na profundidade desejada.

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A limagem pode ser circular (omnidirecional) ou focada (anticurvatura). Na limagem
circular (omnidirecional), a pressão lateral é exercida em todas as direções. Na limagem
anticurvatura, a pressão lateral é exercida apenas em zonas de dentina volumosa (zonas
seguras) repudiando-se a limagem das superfícies do canal radicular voltadas para a furca,
principalmente nos dentes multirradiculares como, por exemplo, pré-molares e molares
(ABOU-RASS et al., 1980).
As cinemáticas de Leonardo, de Roane e de Schilder são empregadas para promover o
desgaste ou ampliação do canal radicular em técnicas de instrumentação que seguem,
concomitantemente, o Princípio Coroa-Ápice e o Princípio de introdução/posicionamento do
instrumento sem pressão apical (“pressureless technique”).
Ainda considerando as cinemáticas de Leonardo, de Roane e de Schilder, as limas
nunca devem ser rosqueadas no canal radicular (GOERIG et al., 1982) de forma que o desgaste
do tecido dentinário se deve, em maior parte, ao movimento de limagem com pressão lateral
e corte na remoção do instrumento realizado logo após aos movimentos rotacionais que
objetivam tão somente o ajuste leve e gentil da lima endodôntica no canal radicular sem
pressão apical ou com levíssima pressão apical.

2 Determinação do Comprimento Real do Dente (CRD) pela Odontometria Radiográfica

A Odontometria se traduz na determinação do Comprimento Real do Dente (CRD) e é


importante e necessária para a determinação do Comprimento Real de Trabalho (CRT) cujo cálculo
leva em consideração o CRD e a localização do Limite Apical de Trabalho e/ou Limite Apical de
Obturação que depende, por sua vez, do diagnóstico do caso e da convicção do operador.
Nas técnicas convencionais, a Odontometria é uma das etapas iniciais; já nas técnicas não-
convencionais, ela ocorre concomitantemente com o preparo do canal radicular.
O cálculo do CRD pela odontometria radiográfica pode ser realizado pelas seguintes
técnicas, métodos ou sistemáticas:
=>Técnica de Bregman Modificada;
=>Técnica de Ingle.

2.1 Técnica de Odontometria de Bregman Modificada

A técnica de Bregman de odontometria radiográfica apresenta a possibilidade de


calcular o CRD mesmo com imagens radiográficas discretamente distorcidas (encurtamento ou
alongamento). Poder-se-ia considerar que a precisão deste método é significativa desde que a

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distorção encontre-se numa faixa de mais ou menos cinco por cento (5%) e a película
radiográfica tenha sido mantida plana no momento da tomada radiográfica.
Portanto, para limitar a distorção na faixa de mais ou menos cinco por cento (5%),
deve-se observar o que segue:
=> aplicação da técnica radiográfica da bissetriz;
=> posicionamento do filme radiográfico de forma a garantir que ele esteja plano e sem curvaturas.

A técnica de Bregman Modificada depende 1) da radiografia de diagnóstico (pré-


operatória), na qual se determina o CAD e o CTP (CTP = CAD - 2 a 3mm) e 2) da radiografia do
dente com um instrumento (de mensuração) introduzido no CTP. Para fins de odontometria, o CTP,
quando aplicado no instrumento endodôntico que está inserido no compartimento endodôntico,
no momento da radiografia, recebe a denominação de Comprimento Real do Instrumento (CRI) e
sua medida deve ser confirmada após a tomada radiográfica com instrumento de mensuração,
considerando o risco de o paciente morder o instrumento e inseri-lo mais profundamente no canal
associado ao deslizamento do tope de borracha/silicone ao longo do instrumento.

Figura 1. Aferição do CAD através da medida da imagem radiográfica do dente.

Embora Leonardo (2008) ilustre a aferição do CAD posicionando o zero da régua no


ápice radicular, o posicionamento do zero da régua na incisal ou vértice de cúspide pode ser
conveniente na radiografia com instrumento de mensuração na qual se afere, novamente, o
CAD, bem como o comprimento aparente do instrumento (CAI).

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Figura 2. Aplicação do CTP na lima endodôntica, onde CTP = CAD - 2 a 3 milímetros,
determinando-se o Comprimento Real do Instrumento (CRI).

Figura 03A. Aferição do CRI, CAD e CAI. As aferições de medidas aparentes (CAD e CAI) são realizadas
com régua transparente na imagem radiográfica do dente com o instrumento (lima endodôntica) de
mensuração no interior do compartimento endodôntico (LEONARDO, 2008).

Na imagem radiográfica do dente contendo o instrumento (de mensuração) inserido


no compartimento endodôntico, aferem-se com régua transparente o que segue:
=> o comprimento da imagem do dente, medido da referência coronária (ex.: borda incisal ou
vértice de cúspide), onde o tope de borracha/silicone encontra-se encostado, até o ápice
radicular, aqui denominado de comprimento aparente do dente (CAD), e
=> o comprimento da imagem do instrumento, da borda coronária do cursor, que se encontra
encostada na referência coronária, até a ponta da lima endodôntica, aqui denominado de
comprimento aparente do instrumento (CAI).

Pode-se observar que a sistemática descrita, logo acima, gera três valores numéricos referentes
ao CRI, CAD e CAI que podem ser empregados no cálculo do comprimento real do dente (CRD).
Considerando que o percentual de distorção entre o CRI e o CAI é semelhante ao que
ocorre entre o CRD e o CAD, pois os valores reais referem-se ao mesmo objeto radiografado
(dente com instrumento endodôntico de mensuração inserido na cavidade pulpar) e os valores
aparentes, à mesma radiografia, pode-se aplicar a regra de três simples da seguinte maneira:

O CRD está para o CAD assim CRD -------- CAD CRI . CAD
CRD = Equação (I)
como o CRI está para o CAI. CRI -------- CAI CAI
Quadro1. Dedução da Equação I da Sistemática Odontométrica de Bregman Modificada por meio de
uma regra de três simples.

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Figura 03B. Apresentação esquemática da Técnica de Odontometria de Bregman Modificada
(LEONARDO, 2008).

2.1.1 Determinação do Comprimento Real de Trabalho (CRT)

Segundo Leonardo (2008), para a determinação do CRT, emprega-se a Equação II da


Sistemática Odontométrica de Bregman Modificada, onde CRT = CRD – 1 a 2 mm
(Biopulpectomias e Necropulpectomias I) ou CRT = CRD – 1 mm (Necropulpectomias II).

Depende do Limite Apical de Trabalho e do


CRT = CRD − 1 a 2 mm Equação (II)
diagnóstico do comprometimento pulpar.

Quadro 2. Equação II de determinação do Comprimento Real de Trabalho (CRT).

Deve-se, então, dispor os instrumentos no CRT e dar sequência a técnica de


instrumentação empregada. No caso da Técnica de Oregon de instrumentação, assim que uma
determinada lima endodôntica atingir o CRT, uma radiografia deve ser realizada para a
confirmação do CRT avaliando-se se a ponta da lima endodôntica encontra-se no limite apical
de trabalho/obturação estabelecido considerando-se o diagnóstico pulpar e do periodonto
apical (de 1 a 2 milímetros aquém do ápice radiográfico).
A radiografia de confirmação de odontometria (confirmação do CRT) pode exibir o que segue:
=> ponta da lima endodôntica localizada de um (1) a dois (2) milímetros aquém do ápice radiográfico
- nesse caso, o CRI equivale ao CRT nas Biopulpectomias e Necropulpectomias I;
=> ponta da lima endodôntica localizada um (1) milímetro aquém do ápice radiográfico

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- nesse caso, o CRI equivale ao CRT nas Biopulpectomias e Necropulpectomias I e II;
=> ponta da lima endodôntica localizada mais de dois (2) milímetros aquém do ápice
radiográfico
- nesse caso, o cálculo da odontometria deve ser refeito considerando a radiografia mais recente;
=> ponta da lima endodôntica na superfície radicular externa (no forame apical)
- nesse caso, o CRI equivale ao CRD ou ao comprimento real do canal (CRC);
=> ponta da lima endodôntica foi além do forame apical
- nesse caso, o cálculo da odontometria deve ser refeito considerando a radiografia mais recente.

Figura 03C. Radiografias utilizadas na Odontomentria radiográfica.

Uma vez confirmado radiograficamente o CRT (Figura 03C), a primeira lima que atingiu
o CRT passa a ser designada de Lima Apical Inicial (LAI) ou Instrumento Apical Inicial (IAI), esta
designada por Leonardo (2008).

2.2 Técnica de Odontometria de Ingle

A Técnica de Ingle de odontometria radiográfica apresenta a possibilidade de calcular o


CRD com dinamismo e simplicidade, mas sua eficiência depende de uma imagem radiográfica
com o mínimo de distorção possível [no máximo de 5%]. Portanto, a aplicação criteriosa da
técnica radiográfica da bissetriz e o posicionamento do filme radiográfico de forma a garantir

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que ele esteja plano e sem curvaturas ganham ainda mais importância e relevância. Nesse
caso, a técnica radiográfica do paralelismo seria extremamente oportuna.
A Técnica de Ingle também depende da 1) radiografia de diagnóstico, onde se
determinação do CAD e possibilita o cálculo do CTP, e 2) de uma radiografia do dente com um
instrumento de mensuração introduzido no compartimento endodôntico no CTP. Mais uma vez, o
CTP, quando transferido para o instrumento inserido na cavidade pulpar, no momento da
radiografia, recebe a denominação de comprimento real do instrumento (CRI) e deve ser
confirmado após a tomada radiográfica, uma vez que, frequentemente, ocorre do paciente fechar
a boca e empurrar o instrumento mais profundamente no canal sendo que, muitas vezes, o tope
de borracha/silicone, desliza pelo instrumento mantendo-se posicionado/encostado na referência
coronária.
Na imagem radiográfica, afere-se a distância entre a imagem da extremidade da ponta
ativa do instrumento e a imagem do ápice radicular. Em seguida, adiciona-se essa medida ao
CRI obtendo-se, desta forma, o CRD. Portanto, a Equação I da Sistemática Odontométrica de
Ingle é CRD = CRI + D, onde D é a distância entre a imagem da extremidade da ponta ativa do
instrumento e a imagem do ápice radicular.

É fundamental uma imagem radiográfica


CRD = CRI + D Equação (I)
com distorção mínima.

Quadro 3. Equação I da Sistemática Odontométrica de Ingle de determinação do CRD.

Figura 4. Apresentação esquemática da Técnica de Odontometria de Ingle (LEONARDO, 2008).

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2.2.1 Determinação do Comprimento Real de Trabalho (CRT)

Segundo Leonardo (2008), para a determinação do CRT, emprega-se a Equação II da


Sistemática Odontométrica de Ingle, onde CRT = CRD – 1 a 2 mm (Biopulpectomias e
Necropulpectomias I) ou CRT = CRD – 1 mm (Necropulpectomias II).

Depende do Limite Apical de Trabalho e do


CRT = CRD − 1 a 2 mm Equação (II)
diagnóstico do comprometimento pulpar.

Quadro 4. Equação II de determinação do Comprimento Real de Trabalho (CRT) de Ingle.

Deve-se, então, dispor os instrumentos no CRT e dar sequência a técnica de


instrumentação empregada. No caso da técnica de Oregon, assim que uma determinada lima
endodôntica atingir o CRT, uma radiografia deve ser realizada para a confirmação do CRT
avaliando-se se a ponta da lima endodôntica encontra-se no limite apical de
trabalho/obturação estabelecido (de 1 a 2 milímetros aquém do ápice radiográfico).
Uma vez confirmado radiograficamente o CRT (Figura 03C), a primeira lima que atingiu
o CRT passa a ser designada de Lima Apical Inicial (LAI) ou Instrumento Apical Inicial (IAI), esta
designada por Leonardo (2008).
Mesmo em uma situação indesejável, na qual a ponta do instrumento esteja além do
ápice radiográfico, o método de Ingle poderia ser aplicado, mas realizando-se, neste caso, uma
subtração CRD = CRI – D (caso de aplicação específica e não desejada).

2.3 Do Limite Apical de Trabalho e/ou do CRT

Nos casos com polpa viva, a infeção inicialmente está localizada na superfície do tecido
pulpar coronário. Nessas ocasiões, o CRT é calculado a partir da subtração de 1,5 mm (de 1 a 2
mm) do CRD e a terapêutica endodôntica radical empregada é denominada de Biopulpectomia
(LEONARDO, 2008). No caso da Necrose Pulpar sem lesão apical, geralmente, ainda ocorre o
coto pulpar e Leonardo (2008) considera que o limite apical (ponta do instrumento) também
deve ser posicionado a 1,5 mm (de 1 a 2 mm) aquém do ápice radiográfico, sendo que o
tratamento endodôntico radical indicado é denominado de Necropulpectomia I por Leonardo
(2008). Nesses dois casos, trabalha-se com a meta de distar a ponta do instrumento de 1 a 2
milímetros do ápice radiográfico, sendo que, o centro dessa meta é a distância de 1,5
milímetros (LEONARDO, 2008).

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No caso de necrose pulpar associada à periapicopatia crônica (lesão periapical visível na
radiografia), a infeção encontra-se disseminada pelo sistema de canais radiculares e túbulos
dentinários com biofilme, reabsorção apicais externas e reabsorção óssea periapical (osteíte
rarefaciente). A espessura de dentina infiltrada por microrganismos e a intensidade do conteúdo
séptico e tóxico são maiores no terço cervical e reduz em direção ao ápice radicular. Tal condição
mórbida necessita de uma terapêutica endodôntica radical denominada de Necropulpectomia II por
Leonardo (2008), na qual o CRT é calculado a partir da subtração de um milímetro (1 mm) do CRD.

Figura 4A. Infeção inicialmente (pulpites) localizada na superfície da polpa (LEONARDO, 2008).

Figura 4B. Necrose e gangrena pulpar, infecção endodôntica, sem lesão periapical [possibilidade de
tecido vital no canal cementário] (LEONARDO, 2008).

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Figura 4C. Necrose e gangrena pulpares, infeção disseminada pelo sistema de canais radiculares com
biofilme e reabsorção apicais externas. A espessura de dentina infiltrada por microrganismos, bem
como a intensidade do conteúdo séptico e tóxico é maior no terço cervical e reduz em direção ao ápice
radicular (LEONARDO, 2008).

Figura 4D. Dinâmica do processo patológico pulpar. A e B, Pulpite Irreversível. C, Necrose Parcial e
Pulpite Irreversível; D, Necrose e infecção de praticamente toda polpa radicular. E, infecção atinge a
porção mais apical do canal radicular. F processo inflamatório se estende para os tecidos
perirradiculares com lesão osteolítica (LOPES; SIQUEIRA, 2015, p. 19).

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A B
Figura 5. Limite Apical de trabalho. Em A, Biopulpectomia e Necropulpectomia I, de 1 a 2 milímetros
aquém do ápice. Em B, Necropulpectomia II, de 1 mm aquém do ápice (LEONARDO, 2008).

Figura 6. Dente com necrose pulpar associado à periapicopatia crônica (lesão periapical visível
na radiografia) cujo tratamento oportuno é a Necropulpectomia II.

2.4 Dos Princípios Fundamentais do Preparo Biomecânico

O PQM deve ser realizado com isolamento absoluto, salvo por motivo justificado.
Quando sem isolamento absoluto, a lima endodôntica deve ser fixada com fio dental passado
pelo orifício do cabo para evitar sua deglutição pelo paciente.

16
Figura 6A. Radiografia exibindo instrumento endodôntico que o paciente deglutiu.

Antes da utilização manual ou mecânica de qualquer instrumento, deve-se irrigar,


aspirar e inundar o canal radicular e verificar a apreensão do instrumento mecânico rotatório
na pinça ou mandril da caneta de alta-rotação ou do contra-ângulo. O Regime de Irrigação,
Aspiração e Inundação (RIAI) é fundamental para a lubrificação do instrumento, a limpeza do
sistema de canais radiculares, o controle da infecção endodôntica, a prevenção da impactação
de dentina que pode levar à perda do CRT e para se evitar o escurecimento dental que pode
ocorrer quando há sangramento e retenção de restos teciduais, entre outras.

Figura 7. Irrigação e aspiração simultânea do canal radicular.

A irrigação deve ser realizada com agulha ou cânula de pequeno diâmetro (de 27G a
31G). O comprimento de irrigação deve ser igual ao CRT subtraído de 2 a 3 milímetros. A
agulha ou cânula não deve estar travada no canal radicular no momento da injeção da solução
irrigante no compartimento endodôntico devendo haver espaço para o retorno da solução no
sentido da embocadura do canal radicular.

17
Figura. Irrigação (CRT - 2 a 3 mm) com cânula fina (27, 29, 30 ou 31G) e aspiração concomitante.
À direita, sistema inovador com sucção exercida na porção apical.

Figura 7B. Edema extenso que ocorreu no lábio superior acompanhado de dor extrema devido ao
acidente com hipoclorito de sódio de extravasamento além-forame apical.

Instrumentos rotatórios como, p. ex., as brocas GG, devem ser removidos da caneta
imediatamente após sua utilização evitando acidentes perfuro-cortantes e danos ao instrumental.

Figura 7C. A seta indica uma broca GG n° 3 inserida, acidentalmente,


na mão de um Cirurgião-dentista.

18
De Deus (1992, p. 323) classifica os canais radiculares em três classes, da seguinte forma:
=> Classe I
- calibre amplo, mediano ou levemente constrito,
- reto ou com curvatura gradual e discreta (25°),
- acessível à região apical com Lima Tipo K nº 15;
=> Classe II
- calibre constrito,
- com curvatura gradual e acentuada (de 26° a 40°),
- acesso com certa dificuldade à região apical com Lima Tipo K nº 10;
=> Classe III
- calibre mediano ou constrito,
- com angulação acentuada (de 41° a 70/90°),
- acesso com dificuldade à região apical com Lima Tipo K nº 08 ou n° 06,
- canal em forma de pseudobaioneta, de baioneta ou raiz e canal com dilaceração.

Destaca-se que o termo curvatura é empregado para morfologia em forma de arco ou


arqueado. Por outro lado, o termo angulação é empregado para morfologia de cotovelo, que
tem canto ou esquina.

3 Aspectos Preliminares da Técnica de Oregon Modificada por Berbert e Colaboradores


Instrumentação não Convencional Mecânica e Manual de Princípio Coroa/Ápice sem Pressão Apical
(LEONARDO, 2008, p. 668)

Ressalta-se que a Técnica de Oregon caracteriza-se pela Instrumentação não Convencional,


empregando recursos manuais e mecânicos, e deve ser realizada observando, concomitantemente,
dois princípios fundamentais, a saber:
=> o princípio coroa/ápice (“crown-down”),e
=> o princípio ou técnica da introdução/posicionamento/acomodação do instrumento sem
pressão apical (“pressureless technique”).

A Instrumentação não Convencional apresentada, neste tópico, é baseada na técnica


de Oregon, inicialmente apresentada, na sua versão adaptada, por De Deus (1992, p. 342),
modificada por Berbert e colaboradores da disciplina de Endodontia da Faculdade de
Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP) e descrita no
Capítulo 17 (p. 668) da obra de Leonardo (2008). A Técnica de Oregon [foi delineada
originalmente para ser executada com Limas Flex R (de Roane) e, posteriormente, adaptada
para limas Tipo K e FlexoFile] sendo, nesse caso, indicada com segurança apenas para canais
radiculares Classe I (DE DEUS, 1992, p. 347).

19
O princípio coroa/ápice reduz a possibilidade de agudecimento após a consulta
endodôntica (“Flare Up”) por sanear, inicialmente, os setores mais contaminados do canal
radicular, ou seja, os terços cervical (de contaminação mais intensa) e médio do canal radicular.
O princípio ou técnica da introdução/posicionamento/acomodação do instrumento
sem pressão apical (“pressureless technique”) reduz a possibilidade de fraturas das limas
endodônticas e de geração de interferências iatrogênicas que podem, por exemplo, provocar a
perda do comprimento de trabalho em canais com curvatura que, por sua vez, em casos
extremos, poderiam desfechar em falsos canais e perfurações radiculares.
Seguno Bonini (1999) e Grecca (2003), Marshall e Pappin (1978, apud De Deus (1986)),
propuseram uma técnica de instrumentação de canais radiculares denominada de Técnica da
Universidade de Oregon, que se apresentava em quatro fases: a) acesso coronário, que
consiste [da abertura coronária] e limpeza da câmara pulpar; b) acesso radicular,
correspondente ao preparo dos terços cervical e médio por meios de limas e brocas que, além
da remoção de restos orgânicos e/ou necróticos dessa região, proporcionam acesso ao terço
(região) apical; c) preparo da matriz apical, efetuado a partir de um comprimento de trabalho
provisório [CTP] determinado pela radiografia de diagnóstico subtraído de um a três
milímetros do CAD, partindo-se de uma lima de maior diâmetro; e d) preparo da região apical
com modelagem do batente apical.
Segundo De Deus (1992, p. 347), a Técnica de Oregon Adaptada consiste do Acesso
Coronário, do Preparo do Canal Radicular e da Obturação do Canal Radicular, sendo que a
etapa do Preparo do Canal Radicular é subdividida da seguinte maneira:
=> Obtenção do CTP;
=> Obtenção do CRT;
=> Acesso Radicular;
=> Preparo Radicular.

Segundo o autor (DE DEUS, 1992, p. 342), o Preparo Radicular pode ser realizado,
opcionalmente, antes da obtenção do CRT, [opção que pode ser empregada para o Acesso
Radicular].
Ressalta-se que, segundo Lopes e Siqueira (2010, p. 218), os pacientes devem ser
anestesiados apropriadamente antes da execução do isolamento absoluto e do preparo
biomecânico.
Enfatiza-se que De Deus (1992, p. 347) considera que a Técnica de Oregon Adaptada é
indicada com segurança apenas em canais radiculares Classe I.

20
A Técnica de Oregon modificada por Berbert e Colaboradores (LEONARDO, 2008) pode
ser considerada como sendo uma técnica bi escalonada, uma vez que se inicia com o avanço
escalonado (coroa-ápice) anatômico e finda com o recuo escalonado programado (“step-back”),
como pode ser observado a seguir:
=> Avanço Escalonado Anatômico,
- saneamento da coroa para o ápice,
- elevação preliminar da divergência do canal radicular;
=> Instrumentação Apical
- dilatação do canal radicular,
- escultura do batente apical;
=> Recuo Escalonado
- elevação final da divergência do canal radicular.

Poder-se-ia considerar que o Avanço Escalonado Anatômico ocorre em etapas que se


inicia com o Acesso Radicular, passa pelo aprofundamento no canal radicular com limas do
maior para o menor calibre (início do preparo radicular), pelo início do processo de
Odontometria e finda com a confirmação do CRD e determinação da Lima Apical Inicial (LAI),
ou seja, da primeira lima que atinge comprovadamente o limite apical de trabalho estando,
portanto, no CRT, ajustando-se, geralmente, ao canal radicular.
O preparo da região apical ou preparo apical é caracterizado pela ação da LAI, da(s)
lima(as) apical(is) intermediária(s) e da Lima Apical Final (LAF) consideradas apicais por aturarem
no limite apical de trabalho e estarem no CRT.
O Recuo Escalonado, geralmente, programado, é a última etapa da Técnica de Oregon
que ocorre depois do preparo apical.
A Técnica de Oregon (LEONARDO, 2008) inicia-se, portanto, pelo Acesso Radicular que
compreende o preparo coroa-ápice prévio com limas tipo K do maior para o menor calibre com
cinemática sem pressão apical seguido da utilização das brocas Gates Glidden.
O Acesso Radicular e realizado na metade coronária ou nos dois terços coronários do
canal radicular. Para facilitar a determinação da profundida para a realização do Acesso Radicular
há duas sistemáticas, a saber:
=> 2/3 do CAD = [(2 x CAD)/3];
=> de 14 a 16 milímetros ou no CTP, o que for menor (LEONARDO, 2008).

Empregar-se-á, neste artigo, a profundidade de 2/3 do CAD para a realização do Acesso


Radicular com limas e brocas Gates Glidden pela concordância com as técnicas mais recentes de
instrumentação reciprocante assimétrica.

21
A maneira de se iniciar a Técnica de Oregon pode ser mais bem definida pela avaliação,
depois da sondagem e negociação do canal (CTP), do calibre do canal na profundidade de 2/3 do
CAD, observando a seguinte sistemática:
=> se o tope da lima tipo K nº 40, em 2/3 CAD, com penetração passiva, não toca a referência
coronária, o preparo deve ser iniciado com as lima 40, 35, 30 e 25, do maior para o menor calibre
(coroa-ápice), findando na lima cujo tope tocar a referência ou após a ação da lima nº 25 se não
houver o referido toque;
=> se o tope da lima tipo K nº 40, em 2/3 CAD, toca a referência coronária, mas o da lima n º 60
não toca, o preparo deve ser iniciado com as lima 60, 55, 50 e 45 do maior para o menor calibre
(coroa-ápice), findando na lima cujo tope tocar a referência ou após a ação da lima nº 45 se não
houver o referido toque;
=> se os topes das limas tipo K nº 40 e 60, em 2/3 CAD, tocam a referência coronária, mas o da
lima n º 80 não toca, o preparo deve ser iniciado com as lima 80, 70 e 60 do maior para o menor
calibre (coroa-ápice), findando na lima cujo tope tocar a referência ou após a ação da lima nº 60
se não houver o referido toque.
=> se o tope da lima tipo K nº 80, em 2/3 CAD, toca a referência coronária, o preparo pode ser
realizado somente com as lima 80 ou pode-se passar diretamente para o uso das brocas Gates
Glidden.

Portanto, a série inicial de preparo, prévia ao emprego das brocas Gates Glidden, finda quando o
tope de um dos instrumentos das referidas sequências toca a referência coronária ou após a utilização da
lima de menor calibre da sequência, mesmo nas situações nas quais o tope da lima de menor calibre ainda
sim não tocar a referência coronária.
Leonardo (2008) relata as sequências clínicas de PBM/PQM executadas pela Técnica de Oregon
Adaptada, modificada por Berbert e Colaboradores, para Canais Classe I, cujo Acesso Radicular inicia-se ora
com a lima tipo K nº 40 (LEONARDO, 2008, Capítulo 17, p. 668) e ora com a lima tipo K nº 80 (LEONARDO,
2008, Capítulo 17, p. 670).
A seguir, será apresentado o protocolo terapêutico não convencional para realização de
preparo endodôntico (PBM/PQM) coroa-ápice sem pressão apical, pela Técnica de Oregon
Modificada indicada para canais Classe I.

22
3.1 Técnica de Oregon Adapada/Modificada por Berbert e Colaboradores para Canais Classe I
(LEONARDO, 2008, Capítulo 17, p. 670).
Protocolo Clínico de Instrumentação não convencional Coroa/Ápice sem Pressão Apical

=> aferição do CAD (na radiografia pré-clínica) e determinação do 2/3 do CAD e do CTP
- onde 2/3 do CAD = (2 x CAD)/3 e CTP = CAD - 3 mm;
=> abertura coronária completa e localização das embocaduras (sonda nº 9 ou Lima tipo K nº
15 de 21 mm utilizada somente na embocadura do canal);

Acesso Radicular
=> dispor, em sequência, as limas tipo K nº 10 e nº 15 com tope em 2/3 CAD;
=> irrigação, aspiração e inundação abundante da câmara pulpar e do canal radicular
- cânula no CTP (limite do qual não de deve ultrapassar)
- repetir o Regime de Irrigação, Aspiração e Inundação (RIAI) antes da utilização de qualquer
instrumento,
=>desbridamento e/ou detoxificação progressiva e sondagem/negociação do canal no CTP
- com lima tipo k nº 10 e/ou 15 no CTP,
- cinemática oscilatória e de leve penetração e remoção passivas até o CTP,
- realizar o RIAI concomitante com o desbridamento e/ou detoxificação progressiva e com a
sondagem do canal radicular;
=>após RIAI, aferir o calibre do canal em 2/3 do CAD
- tope da lima tipo K nº 40, em 2/3 do CAD, não toca a referência coronária (40, 35, 30 e 25),
- tope da lima nº 40, em 2/3 do CAD, toca a referência coronária, mas o da lima nº 60, não toca
(60, 55, 50 e 45),
- tope das limas nº 40 e nº 60, em 2/3 do CAD, tocam a referência coronária, mas o da lima nº
80, não toca (80, 70 e 60),
- tope da lima nº 80, em 2/3 do CAD, toca a referência coronária (80),
=> dispor, em sequência, as limas tipo K (40, 35, 30, 25) ou (60, 55, 50, 45) ou (80, 70, 60) com
cursor em 2/3 CAD;
=> dispor as brocas Gates Glidden (GG) de nº 2 a nº 4 e/ou nº 5 em 2/3 CAD;

23
Figura. Limas dispostas no Tamburel.

=> aplicar a sequência de limas manuais tipo K compatível: (40, 35, 30 e 25), (60, 55, 50 e 45),
(80, 70 e 60) ou (80), iniciando a penetração passiva sem pressão apical com a lima de maior
calibre, em 2/3 CAD, com cinemática oscilatória associada à penetração até o
ajuste/acomodação no canal, neste ponto, efetuar a cinemática de Roane, de Schilder e/ou de
Leonardo até que se observe o instrumento levemente solto ou que se possa rotacioná-lo
livremente em 360° no sentido horário;
=>após RIAI, repetir o procedimento anterior com o instrumento de calibre imediatamente
menor, em 2/3 do CAD, até que o cursor de um dos instrumentos da sequência toque a
referência coronária ou após a utilização do instrumento de menor calibre da sequência
empregada sem forçar o toque do tope desse instrumento na referência coronária;

Figura 8. Instrumentação Coroa/Ápice sem Pressão a partir da lima tipo k nº 80.

=>após RIAI, utilizar as brocas GG nº 2, nº 3 e nº 4, da menor para maior,


- em canais muito amplos, com bom senso, utilizar a GG nº 5,
- utilizar a GG em 2/3 CAD,
- com giro no sentido horário,
- utilizar a GG em direção paralela ao canal radicular (mesma direção da lima tipo k inserida no canal),
- introduz-se a GG girando e, ainda girando, efetua-se pressão leve e contínua na direção apical
até observar-se dificuldade de penetração, e retira-se a GG girando,
- em canais curtos, utilizar a GG nos terços coronários após a determinação do CRT,
- a GG subsequente deve ser empregada em um comprimento de trabalho (CT) menor que a
anterior (ex.: subtração de 1 mm do CT da GG a cada troca de broca),
- irrigar, aspirar e inundar o canal radicular previamente e após o uso de cada broca GG;

24
Figura 9. Instrumentação Coroa/Ápice sem Pressão (canal reto e amplo), ampliação com brocas GG.
À direita, brocas GG nº 2 (duas estrias) e nº 3 (três estrias).

Figura. Atuação das brocas GG no canal radicular.

Preparo Radicular
Preparo da Matriz Apical
=> dispor, em sequência, as limas tipo K (da 20 até a 10) ou (40 até a 10) ou (da 55 até a 10)
com cursor no CTP;
=>após RIAI, retomar a última lima tipo K utilizado antes da GG, a partir deste ponto, no CTP,
com cinemática de Roane, de Schilder e/ou de Leonardo, seguindo-se com a penetração dos
instrumentos sem pressão apical, do maior para o menor calibre, intercalando RIAI, até que o
tope de um dos instrumentos atinja a referência coronária ou penetre no CTP;
=> realizar a radiografia com a lima endodôntico no CTP (lima de mensuração) para o cálculo do CRT

Figura 10. Instrumentação Coroa/Ápice sem Pressão (canal reto e amplo), lima nº 50 atingindo o CTP.

25
=> cálculo do CRD (Odontometria) e determinação do CRT;
=>desbridamento e/ou detoxificação progressiva e sondagem/negociação do canal
- no CRT e/ou CRD
- com lima tipo k nº 10 e/ou 15,
- cinemática oscilatória associada à penetração (>) e remoção (<) suaves e passivas,
- realizar o RIAI concomitante com o desbridamento/detoxificação progressiva e/ou com a
sondagem/negociação do canal radicular;
=>após RIAI, retomar o último instrumento tipo K utilizado, a partir deste ponto, no CRT,
aplicando-se cinemática de Roane, de Schilder e/ou de Leonardo, seguindo-se com a
penetração dos instrumentos sem pressão apical, do maior para o menor calibre, até que o
tope de um dos instrumentos atinja a referência coronária ou penetre no CRT;
=> realizar a tomada radiográfica de confirmação de odontomentria,

Figura 11. Instrumentação Coroa/Ápice sem Pressão (canal reto e amplo), lima nº 30 atingindo o CRT.

=> comprovação radiográfica do CRT (do limite apical de trabalho) se a ponta do instrumento
endodôntico encontra-se a 1 (Necrop. II) ou de 1 a 2 mm (Biop. e Necrop I) do ápice radiográfico;
=> o instrumento que atingir o CRT deverá ser anotado como lima apical inicial (LAI), a LAI
corresponde ao diâmetro anatômico do canal;

Figura 11B. Em B (à direita), ajuste apropriado do instrumento (LAI) no diâmetro anatômico do canal.

=> Se Necropulpectomia II, realizar a patência e o desbridamento do forame apical com a Lima
Apical Foraminal ou Lima de Patência e Desbridamento (LPD), ou seja, a lima de calibre menor
que a LAI no CRD/CRC aferida a partir da LAI na sequência do maior para o menor calibre;

26
Instrumentação Apical (Modelagem do Batente Apical)
=>após RIAI, a partir da LAI, realiza-se a escultura do batente apical, no limite apical de trabalho,
ampliando-se o canal, no CRT, de 0,10 a 0,15 mm (1 a 3 instrumentos), acima da LAI (LAI + 1, + 2 ou + 3)
- intercaladas com RIAI,
- cinemática de Roane, de Schilder e/ou de Leonardo;
=> o último instrumento utilizado no CRT é a lima apical final (LAF) ou Instrumento de Memória;
=> Se Necro. II, intercalar com a Lima de Patência e Desbridamento (LPD);
Recuo Escalonado Programado
=>após RIAI, realiza-se o escalonamento (recuo escalonado) programado
- até o comprimento ampliado pela GG nº 2 ou LAF + 4 intercalando-se com RIAI,
- com lima tipo k, aplicando-se a cinemática de Roane ou de Leonardo (2008),
- a partir do instrumento de calibre imediatamente maior que o da LAF no CRT subtraído de 1 mm,
- Exemplo (LAF + 4): se LAF = 30 no CRT, a sequência do escalonamento programado se dará
pelo emprego da lima tipo k nº 35 no CRT - 1 mm, nº 40 no CRT - 2 mm, nº 45 no CRT - 3 mm e
nº 50 no CRT - 4 mm,
- Sempre com RIAI antes da ação do instrumento,
- Sempre recapitulando com a LAF no CRT (Biopulpectomia e Necro. I) ou com a LPD no CRD (Necro. II);

A B
Figura 11C. Escalonamento (morfologia telescópica do canal radicular). Em A, escalonamento
programado e, em B, escalonamento anatômico ou livre.

=> irrigação, aspiração e secagem do canal radicular;


=> inundação com EDTA por 3 a 5 minutos com ativação manual com a LAF no 1º minuto;
=> remoção hidráulica do EDTA com hipoclorito de sódio de 1a 2,5% (PÉCORA apud
LEONARDO, 2008);
=>aspiração com cânula fina e secagem com pontas de papel absorventes esterilizadas;
=>curativo de demora (Calen ou Calen PMCC), aplicação de mecha de algodão estéril na altura
da junção amelo-cementária e selamento provisório (pelo período de 14 a 60 dias).

27
3.2 Considerações Sobre a Técnica de Oregon

3.2.1 Acesso Radicular

O Acesso Radicular é composto pela ação inicial de limas endodônticas em 2/3 CAD
seguido pelo uso de brocas Gates Glidden também em 2/3 CAD, sendo que o calibre do canal
radicular define o início do Acesso Radicular.
Canais nos quais o tope de borracha/silicone da lima tipo K nº 40 em 2/3 do CAD não
toca a referência coronária, após penetração passiva, devem ter o Acesso Radicular iniciado
com limas tipo K números 40, 35, 30 e 25 (2/3 CAD), sendo que esse preparo coroa-ápice finda
quando o tope de um dos instrumentos citados toca a referência coronária ou após o emprego
da lima tipo K nº 25. Tais canais podem ser classificados como de Classe I por serem retos ou com
curvatura gradual e discreta e de diâmetro normal ou levemente atresiados (constritos) e acessíveis à
região apical com Lima Tipo K nº 15.
Canais nos quais o tope de borracha/silicone da lima tipo K nº 40 em 2/3 do CAD toca a
referência coronária, após penetração passiva, devem ter o canal sondado com a lima tipo K nº
60 em 2/3 do CAD e, caso ela não toque a referência coronária, o Acesso Radicular deve ser
iniciado com limas tipo K números 60, 55, 50 e 45 (2/3 CAD), sendo que esse preparo coroa-
ápice finda quando o tope de um dos instrumentos citados toca a referência coronária ou após
o emprego da lima tipo K nº 45. Tais canais podem ser classificados como de Classe I por serem
retos ou com curvatura gradual e discreta e de diâmetro normal ou levemente amplos e acessíveis à
região apical com Lima Tipo K nº 15.
Canais nos quais o tope de borracha/silicone das limas tipo K nº 40 e 60, em 2/3 do CAD,
tocam a referência coronária, após penetração passiva, o Acesso Radicular deve ser iniciado com
limas tipo K números 80, 70, e 60 (2/3 CAD), sendo que esse preparo coroa-ápice finda quando o
tope de um dos instrumentos citados toca a referência coronária ou após o emprego da lima tipo
K nº 60. Tais canais podem ser classificados como de Classe I por serem retos ou com curvatura
gradual e discreta e de diâmetro amplos e acessíveis à região apical com Lima Tipo K nº 15.
Há canais nos quais o tope de borracha/silicone das lima tipo K nº 80, em 2/3 do CAD,
toca a referência coronária, após penetração passiva. Nesse caso, o Acesso Radicular deve ser
realizado somente com a lima tipo K número 80 (2/3 CAD). Tais canais podem ser classificados
como de Classe I por serem retos ou com curvatura gradual e discreta e de diâmetro amplos e acessíveis
à região apical com Lima Tipo K nº 15.

28
3.2.2 Complicações (canais Classe II e Classe III)

A Técnica de Oregon Adaptada é indicada por De Deus (1992, p. 342) somente para
canais Classe I. Os canais Classe II e III, se instrumentados com limas manuais de aço inoxidável,
devem ser preparados com, por exemplo, a Técnica de Ohio ou a Técnica de Goerig et al (1982)
originais ou modificadas por Leonardo (2008).
Nos casos nos quais o operador der conta da curvatura do canal somente quando da
radiografia com instrumento de mensuração no CTP, se a técnica empregada até esse
momento for a de Oregon modificada por Leonardo (2008), poder-se-ia interromper avanço
escalonado (coroa-ápice) anatômico e partir-se diretamente para a confirmação da
odontometria com instrumentos de calibre reduzido (limas tipo K nº 10 ou 15), modelagem do
batente apical com limas Flexofile, pré-curvadas, utilizando-se somente cinemática de
limagem, limitando-se a LAF à lima nº 30 ou 35 e emprego do recuo escalonado anatômico.

4 Instrumentação não Convencional para Canais Curvos com Ênfase nos Molares

O preparo químico e mecânico (PQM) de canais curvos requer atenção na escolha e


aplicação da técnica de instrumentação endodôntica, independente do tipo dental.
O tratamento endodôntico dos molares possui peculiaridades que vão além do maior
número de canais. A dupla curvatura dos canais radiculares, as zonas de perigo (ABOU-RASS et
al., 1980; LEONARDO, 2008; LEONARDO; LEONARDO, 2009), a menor amplitude e as variações
de localização dos canais são características que os diferenciam dos demais elementos
dentários e que tornam o tratamento endodôntico, nesses dentes, uma missão desafiadora
(LOPES; SIQUEIRA, 2013, p. 264). Caso tais peculiaridades anatômicas não forem observadas,
durante a abertura coronária e preparo biomecânico, haverá risco significativo de se
promoverem iatrogenias.
Leonardo (2008, p. 4) nota que o empirismo e o desconhecimento orientam os
procedimentos endodônticos e afirma que a habilidade manual, a sensibilidade táctil e a
delicadeza não garantem, por si só, o bom desenvolvimento do tratamento endodôntico.
O autor considera que a terapia endodôntica impõe, além do desafio técnico, o desafio
biológico e este é enfrentado com conhecimento técnico e científico que deve ser adquirido,
ampliado e atualizado constantemente.
Leonardo (2008, p. 651) propõe a técnica de Ohio modificada, grifada, em sua obra,
como sugestão do autor, como uma sistemática básica para o preparo biomecânico de canais,
atresiados retos e/ou curvos, de molares, caracterizada pelo que segue:
=> instrumentação não convencional,
=> princípio ápice-coroa, "step-back preparation".

29
O preparo biomecânico de canais curvos normais ou atresiados apresentado por
Leonardo (2008 e 2009) é apropriado para ser empregado em molares e considera o método
de limagem anticurvatura introduzido por Abou-Rass (1980) que objetiva conservar a
integridade das paredes do canal radicular nas áreas cuja espessura dentinária é delgada,
reduzindo a possibilidade de iatrogenias como o adelgaçamentos da parede dentinária
(“stripping”) e de perfurações radiculares (“strip perfuration”) (ADIGA et al., 2010).
Portanto, a limagem anticurvatura é definida por Abou-Rass (1980) como sendo a
preparação direcionada e controlada das zonas volumosas [de dentina] ou zonas de segurança,
repudiando as porções delgadas [de dentina] ou zonas de perigo da estrutura da raiz onde
podem ocorrer perfurações ou adelgaçamentos laterais por desgaste das paredes do canal
(Fig. 09, Fig. 10 e Fig. 11).

Figura. Desenho esquemático do preparo do canal radicular por meio da limagem anticurvatura
mostrando o acesso modificado direto (livre e retilíneo) para o ápice, evitando zonas delgadas de perigo,
limite apical definitivo e espaço preparado para ser obturado com guta-percha (ABOU-RASS, 1980).

Figura 10. Cortes transversais de dentes humanos e ilustrações esquemáticas de raízes curvas,
descrevendo a espessura da parede em diferentes níveis, mostrando zonas espessas (seguras) e zonas
delgadas de perigo (ABOU-RASS, 1980).

30
Figura 11. Preparo direcionado para as porções espessas, por meio da limagem anticurvatura, longe das
zonas delgadas da raiz para evitar iatrogenias como perfurações ou adelgaçamentos por desgaste da
parede lateral do canal (ABOU-RASS, 1980).

Figura 12. Áreas de maior volume situadas em direção à vestibular (V), lingual/palatina (L) e proximal
(P). As linhas pontilhadas exibem o alargamento do terço coronal do canal radicular que é direcionado
para essas áreas (GOERIG et al., 1982).

A zona de perigo é a estreita ou delgada área da parede do canal radicular que é


vulnerável ao adelgaçamento por limagem imprudente.

4.1 A Necessidade da Limagem Anticurvatura

A preparação de canais radiculares curvos e atresiados apresenta um desafio especial


ao Cirurgião-dentista. Para Abou-Rass et al. (1980) muitas iatrogenias podem ocorrer durante
a preparação do canal radicular dos molares, tais como: formação de degrau, perda de
comprimento de trabalho, perfuração e adelgaçamentos laterais por desgaste das paredes do
canal, fratura de instrumento, subobturação e sobreobturação. O propósito da limagem
anticurvatura (acesso radicular) é limar a estrutura volumosa de dentina da raiz dental (zona
de segurança) repudiando a zona de dentina delgada (zona de perigo) com o objetivo de
promover acesso retilíneo e desimpedido à porção apical do canal radicular.

31
De acordo com Abou-Rass et al. (1980), a anatomia do canal radicular, a direção de
curvatura e o diâmetro do canal devem ser cuidadosamente analisados antes do acesso e
preparo do canal. A anatomia interna original do canal deve ser modificada para produzir uma
escultura adequada, espaço de condensação e limite apical para preencher completamente o
canal radicular com material obturador e prevenir perfurações nas paredes dos canais.
A limagem circunferencial abrangendo todas as paredes do canal pode ser usada em
raízes de secção transversal circular e, praticamente, retas, onde o canal está centralizado, e as
espessuras das paredes dentinárias são aproximadamente iguais nas faces vestibulolingual e
mesiodistal. Por outro lado, em canais curvos, a limagem anticurvatura é necessária para
prevenir a perfuração e o enfraquecimento da estrutura radicular através de adelgaçamento da
parede dentinária radicular. A limagem anticurvatura deve ser baseada em análises topográficas
e radiográficas da raiz e da anatomia do canal radicular. A curvatura do canal deve ser reduzida o
quanto for possível para facilitar a limpeza e escultura, bem como a obturação do terço apical.
Em casos de extrema curvatura apical, o canal deve ter sua curvatura atenuada o mais perto
possível da curvatura apical. A espessura da parede de canais curvos pode ser irregular e variada.
A limagem circunferencial pode ser perigosa nas direções vestibulolingual e mesiodistal. O perigo
de perfuração é maior se o preparo for realizado com grandes ampliações (ABOU-RASS, 1980).

4.2 Considerações Técnicas de Conhecimento Obrigatório

Segundo Abou-Rass et al. (1980), uma radiografia da região com uma lima
nº 15 deve ser examinada para determinar o torque do instrumento gerado pelo canal
considerando que é o canal que conforma o instrumento em curvatura e que quanto maior a
curvatura do canal, maior a flexão do instrumento e pressão ou fricção deste sobre a parede
dentinária do canal radicular exigindo maior torque no instrumento para que este supere a
fricção. A radiografia revelará o grau de curvatura do canal e indicará onde a limagem deve ser
direcionada. Cabe ressaltar que a limagem deve ser direcionada para a zona segura evitando a
zona de dentina delgada (zona de perigo).
Abou-Rasset al. (1980) faz, em adição, recomendações fundamentais para a
instrumentação de canais curvos ou atresiados, a saber:
=> os instrumentos endodônticos devem ser pré-curvados para facilitar a penetração do
instrumento e negociação do canal, ou seja, inserção e remoção do instrumento com
facilidade ou suavidade. Sendo que os instrumentos devem ser curvados e não angulados;
=> o canal curvo deve ser progressivamente e direcionalmente limado onde a estrutura
volumosa do dente está presente evitando as zonas de dentina delgada. Se a curvatura da raiz
está para distal, o canal é limado na parede mesial, bem como nas paredes vestibular e lingual.

32
=> a abertura coronária conservadora e a limagem circunferencial devem ser evitadas, pois
elas elevam o risco de perfurações e adelgaçamentos.
=> a avaliação das radiografias, frequente irrigação durante o procedimento e o uso de
instrumentos afiados irão facilitar o preparo.
=> a embocadura do canal pode ser alargada usando instrumento rotatório apropriado como
brocas em baixa rotação ou instrumentos endodônticos construídos em liga de níquel e titânio
(LEONARDO, 2009). Embora Abou-Rass et al. (1980) tenha recomendado a utilização da broca de
largo [“peeso reamer”] números 1 ou 2; mais recentemente, Leonardo (2009) recomendou o
emprego da broca gates-glidden números 2 e 3. Segundo Abou-Rass et al. (1080), as brocas de
largo e gates-glidden não devem ser inseridos no canal mais de três (3) milímetros além do nível
do assoalho da câmara pulpar. Considerando a reflexão deste item, Leonardo (2008) recomenda
que o comprimento de trabalho das brocas gates-glidden sejam limitados [em 2/3 do CAD, ou
seja, aproximadamente] de 14 a 16 mm ou no CTP, o que for menor;
=> Os instrumentos manuais (ex.: lima tipo k nº 10) sempre devem ser utilizados após o uso
das brocas para recapitular e promover uma suave continuidade entre a zona preparada e o
restante do canal radicular.

Considerando o relatado, logo acima, a instrumentação do canal radicular com


curvatura ou atresiamento requer alterações marcantes na técnica endodôntica relativa aos
princípios e procedimentos. Em canais curvos ou atresiados, a instrumentação não
convencional mecânica e manual caracteriza-se pelo que segue:
=> princípio ápice-coroa ("step-back preparation");
=> necessidade de instrumentos com flexibilidade ótima na modelagem do batente apical
- limas tipo K nº 6, nº 8, nº 10, nº 12, nº 15, nº 17, nº 20, nº 22 e nº 25,
=> ampliação do canal radicular no CRT limitada pela relação entre o grau de curvatura do
canal radicular e os limites de flexibilidade ótima dos instrumentos endodônticos
- LAF limitada na lima nº 30 ou nº 35;
=> emprego de limas endodônticas pré-curvadas (ABOU-RASS, 1980; LEONARDO, 2008);
=> emprego de cinemática de limagem;
=> limagem somente na zona de segurança evitando-se a zona de perigo (ABOU-RASS et al.,
1980; GOERIG et al., 1982, LEONARDO, 2008; LEONARDO; LEONARDO, 2009);
=> necessidade do desgaste compensatório;
=> indispensável limagem anticurvatura (acesso radicular).

33
4.3.1 Técnica de Ohio Modificada Sugerida por Leonardo (2008) para Canais Atresiados e/ou Curvos

A Técnica de Ohio Modificada é indicada por Leonardo (2008) para operadores


iniciantes na terapêutica endodôntica de molares (acadêmicos e recém-formados dos cursos
de Odontologia).
Cabe refletir que a Técnica de Ohio Modificada para o preparo de molares, descrita no
livro texto de Leonardo (2008), baseia-se no princípio ápice-coroa (“step-back preparation”), no
emprego, na modelagem do batente apical, de limas endodônticas com flexibilidade ótima (limas
de nº 6 a nº 25, inclusive) e de calibre compatível com a curvatura do canal, e intercalação de
limas Hedstroem ou de limas K-Flexofile Golden Medium nas trocas de limas durante a
modelagem do batente, bem como do escalonamento ou recuo anatômico/livre (opcional).

4.3.2 Técnica de Ohio Modificada e Sugerida por Leonardo (2008) para Canal Curvo (com dupla
curvatura), Normal ou Atresiado de Molares
Capítulo 16, p. 651, sequência de técnica na p. 653 (Leonardo, 2008)

=> aferição do CAD (aferição realizada na imagem radiográfica de diagnóstico) e determinação


do CTP, onde o CTP = CAD - 3 mm (do ápice radicular ao vértice da cúspide correspondente ao
canal radicular);
=> abertura coronária completa e localização das embocaduras dos canais (sonda nº 9)
- é possível sondar/localizar as embocaduras dos canais com lima tipo k nº 10 ou nº 15
limitadas em 2/3 CAD;
=> irrigação, aspiração e inundação abundante da câmara pulpar e do canal radicular;
=> dispor, no tamburel, em sequência, as limas tipo k do nº 10 até o nº 35 com cursor no CTP;
=> dispor as brocas Gates Glidden (GG) de nº 2 e 3 com cursor no CTP limitado de 14 a 16 mm
=> sondagem/negociação inicial do canal radicular no CTP e desbridamento e/ou detoxificação
progressiva
- com lima tipo k nº 10 (e/ou nº 08 e/ou nº 06) no CTP
- cinemática oscilatória associada a movimentos delicados de penetração associados a
movimentos de remoção da lima (sutilmente menos enfáticos) até que se alcance o CTP,
- realizar o RIAI concomitante com o desbridamento e/ou detoxificação progressiva e com a
sondagem do canal radicular;
- no CTP, se a lima tipo k nº 10 ficar solta no canal, repetir o procedimento com a lima de
calibre imediatamente superior e, assim por diante, do menor para o maior calibre, até se
obter um leve ajuste; ou

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- promover o “Glide Path” com a lima tipo K nº 15 com cinemática oscilatória associada a
movimentos delicados de penetração associados a movimentos de remoção da lima
(sutilmente menos enfáticos) até que se alcance o CTP,
=> realizar a radiografia de odontometria com os instrumentos (geralmente, nº 15) inseridos
nos canais radiculares no CTP;
=> cálculo do CRD (odontometria/rizometria) e determinação do CRT;
- Após o RIAI, realizar o desbridamento e/ou detoxificação progressiva e sondagem com lima tipo k nº 10 até o CRT;
- cinemática oscilatória associada a movimentos delicados de penetração associados a
movimentos de remoção da lima (sutilmente menos enfáticos) até que se alcance o CRT,
- no CRT, se a lima tipo k nº 10 ficar solta no canal, repetir o procedimento com a lima de
calibre imediatamente superior e, assim por diante, do menor para o maior calibre, até se
obter um leve ajuste (determinação da lima de diâmetro equivalente ao anatômico no CRT);
ou
- promover o “Glide Path” com a lima tipo K nº 15 com cinemática oscilatória associada a
movimentos delicados de penetração associados a movimentos de remoção da lima
(sutilmente menos enfáticos) até que se alcance o CRT,
=> comprovação radiográfica do CRT (limite apical de trabalho) com lima tipo K (geralmente, nº
15) o que determina/comprova a LAI;
=> nos casos de Necropulpectomia II, realizar a patência e o desbridamento
- desbridamento e/ou detoxificação e sondagem com a lima tipo k nº 10 no CRD;
- cinemática oscilatória associada a movimentos delicados de penetração associados a
movimentos de remoção da lima (sutilmente menos enfáticos) até que se alcance o CRD,
- no CRD, se a lima tipo k nº 10 ficar solta no canal, repetir o procedimento com a lima de
calibre imediatamente superior e, assim por diante, do menor para o maior calibre, até se
obter um leve ajuste, isso determina a lima de patência - LP (determinação da lima de
diâmetro equivalente ao anatômico no CRD);
=>após RIAI, a partir da LAI, inicia-se a escultura do batente apical, no limite apical de trabalho,
ampliando-se o canal, no CRT, até a lima Flexo File nº 20 ou nº 25
- limas Flexofile ou tipo K
- instrumentos pré-curvados
- cinemática de limagem da zona de segurança
- na escultura do batente apical, intercalar limas Hedstroem de diâmetro imediatamente
inferior (sugestão de Leonardo, 2008) ou intercalar/interpor limas Golden Medium
-- intercalar, na troca de um lima K ou FF para outra da maior calibre, a lima Hedströen (H) de
diâmetro imediatamente menor à primeira lima da passagem. Ex.: 10K (LAI) - 08H - 15K - 10H -
20K - 15H - 25K, ou

35
--- intercalar as limas golden medium de numeração adequada para cada troca de
instrumento. Ex.: entre a 20 e a 25, intercalar a 22,
--- entre as limas 10 e 15; 25 e 30 e 30 e 35, a intercalação ganha mais importância na
prevenção de iatrogenias;
=>após RIAI, utilizar as brocas GG nº 2 e nº 3, do menor para o maior calibre,
- utilizar a GG no CT, girando no sentido horário, limitado de 14 a 16 mm ou no comprimento
da referência coronária até o assoalho da câmara pulpar + 3 mm (altura da coroa + 3 mm)
(aferição da dimensão da referência coronária ao assoalho com sonda periodontal reta),
- utilizar a GG na mesma direção do canal (direção pode ser avaliada com a lima tipo k inserida
no canal radicular a qual deve ser removida antes da utilização da broca GG),
- introduz-se a GG girando, ainda girando, efetua-se pressão leve e contínua na direção apical
até observar-se dificuldade de penetração, e retira-se a GG girando,
- em canais curtos, utilizar a GG nos terços coronários somente após a determinação do CRT,
- a GG subsequente deve ser empregada em um comprimento de trabalho (CT) menor que a
anterior (ex.: subtração de 1 mm do CT da broca GG a cada troca de broca);
=>Após RIAI, a partir da lima flexo file nº 20 ou nº 25, retoma-se a escultura do batente apical,
no limite apical de trabalho, ampliando-se o canal, no CRT, até a lima flexofile nº 30 ou nº 35
- instrumentos (flexofile ou tipo k) pré-curvados
- cinemática de limagem na zona de segurança
- na escultura do batente apical, intercalar limas Hedstroem de diâmetro imediatamente
inferior (sugestão de Leonardo, 2008) ou intercalar/interpor limas Golden Medium
- no caso de dificuldade de se atingir o CRT com a lima flexofile nº 30, este passo é
abandonado e determina-se a lima flexofile nº 25 como LAF ou Instrumento de Memória
- no caso de dificuldade de se atingir o CRT com a lima flexofile nº 35, este passo é
abandonado e determina-se a lima flexofile nº 30 como LAF ou Instrumento de Memória;
=> escalonamento ou recuo anatômico/livre
- limas Flexofile/ou tipo K pré-curvadas
- cinemática de limagem na zona de segurança
- os instrumentos com calibre maior que o da LAF devem ser inseridos com cinemática
oscilatória até se observar leve oposição à penetração (leve resistência à penetração), neste
ponto, deve-se deslocar o tope de borracha até a referência coronária e realizar a limagem
nesta medida, sendo que a lima de calibre imediatamente superior deve atuar em um
comprimento de pelo menos 1 mm menor,
- Sempre com RIAI antes da ação do instrumento,
- Sempre recapitulando com a LAF no CRT (Biopulpectomia e Necrop. I) ou com a LP no CRD (Necrop. II);
- recuar até a medida que a GG nº 2 atuou,

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- pode-se intercalar, na troca de um lima K para outra da maior calibre, a lima Hedstroem (H)
de diâmetro imediatamente menor à primeira lima da passagem (sugestão de Leonardo,
2008);
=> irrigação, aspiração e secagem do canal radicular;
=> inundação com EDTA por 3 minutos e ativação manual com a LAF no 1º minuto;
=> remoção hidrodinâmica do EDTA com hipoclorito de sódio de 1 a 2,5% (PÉCORA apud
LEONARDO, 2008);
=> secagem com pontas de papel absorventes esterilizadas;
=> curativo de demora (Calen ou Calen PMCC), aplicação de mecha de algodão estéril e
selamento provisório (pelo período de 14 a 60 dias) ou obturação.

4.3.3 Considerações sobre a Técnica de Ohio Modificada por Leonardo (2008) para Canais Curvos

A Técnica de Ohio Modificada por Leonardo (2008) para Canais Curvos, principalmente
com dupla curvatura, é uma alternativa para a Técnica de Oregon Adaptada (realizada com limas
tipo K ou Flexo File) indicada por De Deus (1992) para Canais Classe I.
Cabe ressaltar que De Deus (1992, p. 323) classifica os canais radiculares em três
classes, da seguinte forma:
=> Classe I
- calibre amplo, mediano ou levemente constrito,
- reto ou com curvatura gradual e discreta (25°),
- acessível à região apical com Lima Tipo K nº 15;
=> Classe II
- calibre constrito,
- com curvatura gradual e acentuada (de 26° a 40°),
- acesso com certa dificuldade à região apical com Lima Tipo K nº 10;
=> Classe III
- calibre mediano ou constrito,
- com angulação acentuada (de 41° a 70/90°),
- acesso com dificuldade à região apical com Lima Tipo K nº 08 ou n° 06,
- canal em forma de pseudobaioneta, de baioneta ou raiz e canal com dilaceração.

Na modelagem do batente apical, indica-se intercalar limas Hedstroem de diâmetro


imediatamente inferior à primeira lima da passagem ou intercalar ou interpor as limas Golden
Medium durante a troca de limas. Leonardo (2008) indica a intercalação com limas Hedstroem
como sendo, para o autor, a técnica de primeira escolha.

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Poder-se-ia considerar que a intercalação com limas Hedstroem e/ou intercalação com
as limas Golden Medium, atuando na limagem da zona de segurança do canal, além de
reduzirem as chances de acidentes e complicações (ex.: perda de comprimento de trabalho),
também contribuem com a redução da curvatura do canal, com a dilatação do canal e com a
ampliação da divergência do canal. Obtém-se, com isso, espaço para a atuação das brocas
Gates-Glidden o que garante mais segurança, pois haverá mais espaço para introdução da
broca aliviando sua atuação na zona de perigo bem como melhoria no regime de irrigação,
aspiração e inundação do canal radicular.

4 Bibliografia
ABOU-RASS M, FRANK AL, GLICK DH. The anticurvature filing method to prepare the curved root canal. JADA, v. 101,
p. 792-794. 1980. Disponível em: <http://www.abourass.com/docs/12.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2014.
COHEN, S.; BURNS, R. Caminhos da Polpa. 7ª ed., Rio de Janeiro, Editora Guanabara Kogan, 2000.
COHEN, S; HARGREAVES, K. M. Caminhos da polpa. 9ª ed, Rio de Janeiro, Elsevier, 2007.
DE DEUS, Q. D. Endodontia. 5ª ed., Rio de Janeiro, Editora Médica e Científica, 1992.
ESTRELA, C. Ciência da Endodontia. 1ª ed., Editora Artes Médicas, 2004.
LEONARDO MR, LEONARDO RT. Endodontia: conceitos biológicos e recursos tecnológicos. Artes Médicas (Divisão
Odontológica), São Paulo, 2009.
LEONARDO, M.R.; LEAL, J.M. Endodontia. Tratamento de Canais Radiculares. 3ª ed., São Paulo, Editora
Panamericana, 1998.
LEONARDO, M.R.; LEAL, J.M. Endodontia. Tratamento de Canais Radiculares. 3ª ed., São Paulo, Editora
Panamericana, 2005 (1ª reimpressão 2008).
LOPES, H. & SIQUEIRA JR, J.F. Endodontia: Biologia e Técnica. 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Medsi, 2004.
LOPES, H. & SIQUEIRA JR, J.F. Endodontia: Biologia e Técnica. 4ª ed., Rio de Janeiro, Editora Elsevier, 2015.
RAMOS, C. A. S.; BRAMANTE, C. M. Endodontia: Fundamentos biológicos e Clínicos. 2ª ed., São Paulo, Editora
Santos, 2001.
SOUZA FILHO, F. J. Endodontia passo a passo: evidências clínicas. Porto Alegre, Artes Médicas, 2015. Disponível em
https://pergamum.ufpel.edu.br/pergamum/biblioteca/. Acesso em: 17 abril 2018.
TORABINEJAD, M.; WALTON, R. E. Endodontia: princípios e prática. 4ª ed., Rio de Janeiro, Elsevier, 2010.
WALTON, R.E.; TORABINEJAD, M. Princípios e Práticas em Endodontia. 1ª ed., São Paulo, Editora Santos, 1997.

4.1 Bibliografia Complementar


BONINI, A. Estudo in vitro da capacidade de limpeza do canal radicular por diferentes técnicas de instrumentação:
avaliação histológic a e análise morfométrica. Ribeirão Preto, 1999. 66 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo.
GRECCA, Fabiana Soares. Avaliação da eficácia dos métodos de instrumentação rotatória (Sistema K3 e Protaper),
ultra-som e manual na remoção de corante aderido às paredes de canais radiculares com achatamento proximal.
Estudo 'in vitro'. 2003. Tese (Doutorado em Endodontia) - Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São
Paulo, Bauru, 2003. doi:10.11606/T.25.2003.tde-11032005-112504. Acesso em: 2017-07-27.
MARSHALL, F. J.; PAPPIN, J. B. Técnica de Oregon. In: DE DEUS, Q. D. Endodontia. 5 ed. Rio de Janeiro, Medsi, 1992.
p. 337.

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