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1 Introdução
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A obturação endodôntica deve, portanto, criar condições para o reparo apical e periapical
pela não interferência ou até mesmo estimulação. Nas biopulpectomias, a obturação deve
preservar a vitalidade do coto pulpar e nas necropulpectomias garantir o controle da infecção,
ambos com total respeito aos tecidos.
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cimentos endodônticos (sobre obturação). Nesses casos pode ocorrer a fagocitose e dissolução
destes materiais (cimentos solúveis) ou então o material poderá ser encapsulado por tecido
conjuntivo fibroso (cimentos insolúveis).
O momento oportuno para a obturação endodôntica pode ser considerado como sendo
diagnóstico dependente, ou seja, casos sem Periodontite Apical Crônica (sem lesão periapical)
poderiam ser tratados e obturados em uma única sessão, salvo intercorrências; por outro lado,
casos com Periodontite Apical Crônica (com lesão periapical) poderiam ser tratados em duas ou
mais sessões com aplicação de uma medicação tópica intracanal contendo hidróxido de cálcio
(ESTRELA; HOLLAND, 2003; BARBIN, 2008).
Se nenhuma destas condições forem observadas o canal radicular poderá ser obturado.
Neste momento deve ser realizada a irrigação final com EDTA 17% por 3-5 minutos, irrigação
com Hipoclorito de Sódio para remoção do EDTA, aspiração com cânulas aspiradoras de
pequeno calibre e secagem completa do canal com cones de papel absorvente esterilizados de
calibre igual a LAF (Lima Apical Final) no CRT.
A casuística tem demonstrado que, mesmo depois do rompimento da restauração
provisória, observa-se que a pasta de hidróxido de cálcio se mantem na cavidade endodôntica.
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Neste caso, ainda de deve proceder à desinfeção do canal e aplicar nova medicação intracanal,
embora a pasta de hidróxido de cálcio possa ter cumprido uma de suas funções: a de bloquear a
penetração de microrganismos na porção mais apical do canal radicular.
Exposição da obturação endodôntica ao meio bucal pelo período crítico de três (3) meses
ou mais contraindicaria a obturação e indicaria, por sua vez, o retratramento endodôntico
(LOPES; SIQUEIRA, 2013).
O reparo apical que se espera obter depois da terapêutica endodôntica está intimamente
ligado à perícia com a qual se executa cada fase do tratamento. Com relação à obturação
endodôntica, destacam-se:
=> a escultura ou modelagem do batente apical, ampliação e divergência do canal dentinário;
=> a correta determinação do limite apical de instrumentação e de obturação;
=> a natureza do material obturador.
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=> ação antimicrobiana;
=> sem ação antigênica (sem desencadear a inflamação ou resposta imune);
=> sem efeito mutagênico ou carcinogênico.
Tal escolha também deve alicerçar-se em aspectos físico-químicos, tais como:
=> Fácil inserção e remoção, se necessário;
=> Ser plástico na inserção, tornando-se sólido posteriormente;
=> Permitir bom tempo de trabalho;
=> Propiciar bom selamento dos canais radiculares;
=> Não sofrer contração;
=> Não solúvel;
=> Bom escoamento, viscosidade e aderência;
=> Ser radiopaco;
=> Não manchar estruturas dentais.
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Os cones de guta-percha apresentam as desvantagens de não apresentarem rigidez, serem
deslocados facilmente pela pressão e não apresentarem adesividade à dentina.
Mais recentemente, cones principais e auxiliares (acessórios) de resina (polímero
sintético denominado Resilon) foram projetados para utilização em conjunto com cimentos à
base de resina denominados Epiphany (Sistemas de Obturação Epiphany com Resilon) e Real
Seal (LEONARDO, 2008).
Os cones para obturação endodôntica são, basicamente, de dois tipos:
=> cones principais e
=> cones secundários ou acessórios.
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R7/B7
R8/B8
RS/BS Esq
RS/BS Centro
RS/BS Dir
Figura 6.1.2-a. Diâmetros e Índices de Conicidade dos Cones Auxiliares/Acessórios (LOPES; SIQUEIRA
JR, 2010; LOPES; SIQUEIRA JR, 2015).
A Figura 6.1.2-b ilustra as imagens dos cones secundários / acessórios seriados de XF até L, bem
como de XF até XL.
Figura 6.1.2-b. Cones auxiliares ou acessórios. A série XF até L, à esquerda, da marca DiaDent.
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Tamanho/Sigla
Tamanho/Nome (Inglês) Tamanho/Nome (Português) Tipo/Nº
(Inglês)
1 EXTRA-FINE (XF) Extra-Fino/Extrafino XF R7/B7
2 FINE-FINE (FF) Fino-Fino FF R8/B8
3 MEDIUM-FINE (MF) Médio-Fino MF RS (esquerda)
4 FINE (F) Fino F RS (centro)
5 FINE-MEDIUM (FM) Fino-Médio FM RS (direita)
6 MEDIUM (M) Médio M
7 MEDIUM-LARGE (ML) Médio-Grande ML
8 LARGE (L) Grande L
9 EXTRA-LARGE (XL) Extra-Grande/Extragrande XL
Figura 6.1.2-d. Quadro correlacionando a nomenclatura ao tamanho dos cones auxiliares / acessórios
(LOPES; SIQUEIRA JR, 2010; LOPES; SIQUEIRA JR, 2015).
Apesar de a leve ação antimicrobiana ser mais significativa na fase plástica, ou seja, em
consistência fluida, o comportamento desses cimentos não é biologicamente favorável devido ao
Eugenol estando, sua utilização, correlacionada tanto em modelos animais quanto humanos, à:
=> processo inflamatório crônico;
=> injúria tecidual;
=> citotoxicidade;
=> depressão celular (redução do metabolismo celular);
=> ausência de selamento apical completo;
=> edema periapical;
=> necrose do tecido do canal cementário;
=> efeito residual do eugenol de até 10 anos.
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As apresentações comerciais mais utilizadas desses cimentos foram as seguintes:
=> Proco-Sol (Cimento de Grossman);
=> Kerr Pulp Canal Sealer (Cimento de Rickert), mais utilizado nos Estados Unidos da América (EUA).
Salienta-se que a água ou umidade pode acelerar a presa ou endurecimento dos cimentos
à Base do Óxido de Zinco e Eugenol reduzindo o tempo de trabalho. Desta feita, cuidados com a
utilização de instrumentos secos e da manutenção do material sempre fechado, principalmente
em localidades de clima úmido, são imperativos.
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=> Pó - Subcarbonato de Bismuto (16 g);
=> Pó - Sulfato de Bário (15 g);
=> Pó - Borato de sódio anidro p. a. (0,5 g);
=> Líquido - Eugenol (5 centímetros cúbicos);
=> Líquido - Óleo de amêndoas doces (1 centímetro cúbico).
A proporção adequada entre pó e líquido poderia ser conseguida com 1,6 g de pó para 0,5
mL de líquido. No entanto, a relação pó/líquido subjetivamente determinada pela simples
observação da consistência clínica de “fio de bala” é uma opção amplamente utilizada. Na
consistência ideal para ser utilizado, o cimento demora de 10 a 15 segundos para cair da espátula
e, colocando-se a espátula sobre o cimento, ao se levantar ou afastá-la da superfície da placa de
vidro, deverá formar um fio de bala que, no caso do Endofill, deva ter dois centímetros.
A B
Figura 6.2.1.1. Em “A”, teste do tempo de queda da gota do cimento endodôntico.
Em “B”, consistência clínica ou ponto de “fio de bala” do cimento Endofill.
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6.2.1.2 Cimento de Rickert (Kerr Pulp Canal Sealer)
O Kerr Pulp Canal Sealer (Rickert) foi introduzido em 1931 e é produzido pela Kerr Mg.
Co., E.U.A. com a seguinte formulação:
=> Pó - Óxido de zinco p. a. (41,2 g);
=> Pó - Prata precipitada (30 g);
=> Pó - Subcarbonato de Bismuto (16 g);
=> Pó - Sulfato de Bário (12,8 g);
=> Líquido - Óleo de cravo (78 mL);
=> Líquido - Bálsamo do Canadá (22 mL).
Este material caracterizou-se pela tentativa de reduzir sua ação anti-inflamatória pela
adição de um corticosteroide. A nova formulação mostrava-se mais solúvel, tempo de trabalho
mais longo e ação antimicrobiana, mas a presença de prata precipitada em sua formulação
também apresenta risco significativo de manchamento dental. Investigações subsequentes não
evidenciaram reação inflamatória crônica significativamente menos intensa nos tecidos apicais e
periapicais, apesar da alteração na formulação.
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6.2.1.3 Cimentos Endomethasone e Endomethasone N
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6.2.2 Cimentos à Base de Óxido de Zinco e Eugenol Acrescidos de Hidróxido de Cálcio
O CRCS apresenta uma má tolerância tecidual e provoca reação inflamatória severa tal
qual o AH26, edema, dissociação fibrilar e ausência de reparação dos tecidos afetados. Tais
reações devem-se, provavelmente ao eugenol e ao eucaliptol. A vedação marginal é satisfatória
dentre os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, mas são inferiores aos cimentos de resina
epóxica, assim como a adesividade que também é inferior quando comparada aos cimentos de
resina epóxica.
Idealizado por Schröeder, os cimentos à base de resina plástica são compostos por
macromoléculas sintéticas do grupo das resinas epóxicas e apresentam boas propriedades físico-
químicas, como grande adesão à dentina e selamento marginal satisfatório.
O cimento AH26 produzido inicialmente pela De Trey Fréres, AS, Zurich e, mais tarde,
pela Dentsply / De Trey Co. foi amplamente utilizado pelos Endodontistas. A apresentação
comercial é pó/líquido os quais apresentam a seguinte composição:
=> Pó - Óxido de bismuto (60%);
=> Pó - Pó de prata (10%);
=> Pó - Óxido de Titânio (5%);
=> Pó - Hexametilenotetramina (25%);
=> Líquido - Éter de bisfenol A diglicidil.
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A manipulação desse material era realizada até se conseguir uma mistura homogênea e o
seu tempo de endurecimento estimado entre 24 e 48 horas. Constatou-se satisfatória estabilidade
dimensional (contração de 0,02 a 0,05%), radiopacidade, adesividade, solubilidade e
escoamento, embora a resina epóxica apresente certo grau de absorção de água (0,07%).
Cabe ressaltar que o Éter de bisfenol A é capaz de dissolver levemente o conte de guta-
percha o que é encarado com facilitador da obturação.
Quanto à biocompatibilidade, tal matéria tem mostrado pouca tolerância tecidual e reação
inflamatória de moderada a severa. Um aspecto significativo é o potencial mutagênico do AH26
devido à liberação de formaldeído. Há ação citotóxica correlacionada com o componente
resinoso epóxi-bis-fenol.
Pode-se considerar que a difusão da utilização do AH26 não foi impulsionada por suas
propriedades biológicas e nem pelo potencial de manchamento dental, mas sim, pelos seguintes
aspectos físico-químicos:
=> estabilidade dimensional;
=> reduzida solubilidade;
=> excelente escoamento;
=> radiopacidade;
=> adesão elevada;
=> capacidade seladora.
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=> Pasta A - Resina Epóxica;
=> Pasta A - Tungstênio de cálcio;
=> Pasta A - Óxido de Zircônio;
=> Pasta A - Aerosil;
=> Pasta A - Óxido de Ferro;
=> Pasta B - Amina Adamantina;
=> Pasta B - N, N-Diberncil-5-oxanonano-diamina-1,9;
=> Pasta B - TCD-Diamina;
=> Pasta B - Tungsteanato de cálcio;
=> Pasta B - Óxido de Zircônio;
=> Pasta B - Aerosil;
=> Pasta B - Óleo de silicone.
A relação pasta/pasta que deve ser utilizada é a de proporções iguais das Pastas A e B. O
tempo de trabalho é de 4 horas a 23º C, o tempo de endurecimento é de 8 horas a 37º C e o
solvente recomendado para o retratamento endodôntico é o clorofórmio o qual também é muito
eficiente para o amolecimento de cones de guta-percha durante a remoção da obturação antiga no
retratamento endodôntico. A manipulação é realizada até que se obtenha uma massa homogênea.
Do ponto de vista da eficiência e do rendimento do trabalho, a manipulação pode ser realizada
em curto espaço de tempo com o mínimo de esforço.
Destacam-se o vedamento marginal, o escoamento, a radiopacidade, a capacidade de
permitir a reparação tecidual, a liberação reduzida ou inexistente de formaldeído (assim como o
Topseal), injúria celular menos significativa, ausência de ação mutagênica e genotóxica.
Considerou-se o cimento AH Plus mais biocompatível que o AH26. O AH Plus apresenta menor
citotoxidade que o AH26 com também em relação aos cimentos de óxido de zinco e eugenol. Em
contrapartida, a capacidade de vedação marginal dos cimentos AH26 e AH Plus são semelhantes
não havendo perdas de propriedades físico-químicas frente ao ganho de propriedades biológicas.
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6.2.3.4 Topseal (Dentsply/Maillefer)
6.2.4.1 Sealer 26
A relação pasta/pó em volume sugerida pelo fabricante é de 1 parte de resina para duas
ou três partes de pó. A manipulação deve ser realizada até se obter uma massa homogênea. A
consistência clínica ideal para esse material é a de fio de bala a qual se rompe no afastamento da
espátula da placa em torno de 2 centímetros. O tempo de endurecimento à temperatura corporal é
geralmente considerado como sendo de 12 horas, no entanto, Fidel et al. observaram 41 horas e
22 minutos.
O selamento marginal parece ser superior ao dos cimentos à base de óxido de zinco e
eugenol apesar de constatar-se a ausência de capacidade de gerar reparação tecidual, irritação,
necrose tecidual e reabsorção de tecidos mineralizados.
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biocompatibilidade, mas fracas propriedades físicas como, p. ex., alta solubilidade, o CRCS
(pó/líquido), o Apexit (pasta/pasta) e o Sealer 26; e d) cimentos à base de ionômero de vidro
como, p. ex., o Ketac-Endo, que é apresentado comercialmente em cápsulas para manipulação
em misturador (vibrador) de alta frequência e seringa de aplicação.
Figura 7.1. Quadro apresentando o tempo mínimo para desinfecção de cones de guta-percha (GOMES et
al., 2001).
Após a desinfecção, os cones deverão ser lavados com álcool ou água destilada
esterilizada, e secos com gaze esterilizada.
Para a seleção ou calibração do cone de guta-percha principal deverão ser realizados os
exames visual, tátil e radiográfico.
Deve-se selecionar o cone de guta-percha principal de diâmetro (numeração) igual ao da
LAF podendo-se efetuar sua calibração na régua calibradora.
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Embora o cone principal de guta-percha tenha características nominais semelhantes à
lima apical final utilizada na modelagem do batente apical, há a necessidade de se avaliar e
realizar sua adaptação ao canal radicular já preparado, o que é feito por meio de testes e provas
como, por exemplo, teste de adaptação da LAF ou de aferição do diâmetro cirúrgico do canal
radicular no limite de obturação, bem como por meio das provas visual, táctil, radiográfica, de
aprofundamento.
Prova Visual
Prova Táctil
Se e somente se o cone alcançar o CRT, deverá ser realizado o exame tátil onde será
verificado se o cone de guta-percha oferece resistência (travamento, trancamento ou “tug-back”)
para ser removido do canal radicular. Se não houver o travamento pode ser realizada a calibração
do cone, corte da ponta do cone ou mesmo a troca por um cone de guta-percha de maior
diâmetro. Em alguns casos, ao ser realizado essa troca, o cone de maior diâmetro não alcança o
CRT. Nesses casos, deve ser realizado o corte da ponta do cone de guta-percha de menor
diâmetro de milímetro em milímetro até se observar, na remoção do cone, o travamento. O corte
deve ser realizado com lâmina de Gillette estéril (corte com menor deformação) ou bisturi, sendo
que o uso de tesoura é contra indicado, pois promove deformação na ponta do cone.
Logo após cada corte do cone de guta-percha principal em busca do travamento (para se
obter a aprovação no exame táctil), as provas visual e táctil devem ser refeitas, pois, após cada
corte, há sempre o risco do cone não mais percorrer, na totalidade, o CRT, observação que
indicaria o reinício do processo com um cone novo.
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Prova do Aprofundamento
Prova Radiográfica
Por fim, após serem observadas as aprovações nos testes visual, tátil e de
aprofundamento, deverá ser realizada a prova radiográfica do cone para comprovação do
posicionamento da ponta do cone de guta-percha principal no limite apical de trabalho/obturação
que geralmente posiciona-se cerca de um milímetro aquém do ápice radiográfico. Esta
radiografia ainda permite avaliar se o limite de trabalho foi correto e se ocorreram alterações na
forma original do canal radicular.
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7.2 Técnicas Convencionais de Obturação Endodôntica
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Figura. Demarcação, sobre o cone, do CRT por meio de moça/mordedura ou marca, na porção
coronária do cone, realizada com a pinça clínica (LEONARDO, 2008, p. 1135 e 1136).
=> colocação do cone principal envolto em cimento no canal radicular (Técnica Biológica)
- aplicar o CRT no cone principal com auxílio da régua endodôntica e da pinça clínica,
- envolver toda a superfície do cone principal inclusive o topo apical do cone principal,
- em movimentos curtos de avanço e retrocesso até atingir o CRT (a pinça encosta na referência
coronária),
Figura. Cones principais de guta-percha envoltos em cimento endodôntico segundo a Técnica Clássica [e
Técnica Biológica] (LEONARDO, 2008, p. 1137).
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Figura. Aspecto ao final da condensação lateral e prova radiográfica de qualidade da obturação
endodôntica (LEONARDO, 2008, p. 1139).
=> corte da obturação com instrumento aquecido ao rubro (ex.: condensadores de Paiva) ao nível
da junção amelo-cementária ou até 2 mm acima da coroa clínica do dente (até 2 mm apicalmente
à junção amelo-cementária),
- em dentes anteriores, o corte pode ser realizado 1 mm apicalmente à junção amelo-cementária
(centro da meta),
- a avaliação da remoção da obturação da câmara pulpar pode ser efetuada utilizando-se a pinça
clínica (figura a seguir) ou ainda com Sonda Reta nº 9 ou Condensador da Paiva com
profundidade da altura da coroa clínica + 1 mm demarcada com tope de borracha/silicone,
- em dentes posteriores, o corte pode ser realizado na embocadura dos canais ao nível do assoalho;
=> condensação vertical com condensador de Paiva sem aquecimento;
=> observar se a coroa dental se encontra livre de material obturador (se houver necessidade
realizar outro corte da obturação);
=> limpeza da câmara pulpar com bolinhas ou chumaços de algodão e álcool (concentração ≥
92,8° INPM);
Figura. À esquerda, método utilizando a pinça clínica de avaliação da remoção da obturação da câmara
pulpar. À direita, dente posterior após o corte dos cones de guta-percha e condensação vertical.
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=> selamento provisório;
=> remoção do isolamento absoluto;
=> radiografia final.
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para o caso. Devem ser aquecidos três ou mais cones de guta-percha de segunda série sobre uma
chama, unindo-os de modo a formar um único feixe. Após ligeiro aquecimento, o feixe de cones
deve ser rolado entre duas placas de vidro, formando um cone único e homogêneo. Após
resfriamento e endurecimento, o cone estará em condição de ser utilizado. Após travamento do
cone principal deverá ser realizada a condensação lateral.
A técnica do Cone Único Pareado utiliza apenas um cone principal envolto em cimento.
Se necessário podem ser inseridos cones acessórios no canal radicular através de condensação
passiva, ou seja, inserir cones acessórios sem a utilização de espaçador.
Esta técnica é realizada com cones de guta-percha de índice de conicidade 0,04 ou 0,06 e
requer uma maior conicidade do preparo. Geralmente é realizada após técnicas automatizadas de
instrumentação.
É uma técnica simples, entretanto possui risco de travamento do cone antes do batente
devido a sua conicidade. Também promove uma maior linha de cimento, sendo mais dependente
das propriedades físico-químicas dos cimentos endodônticos.
A sequência da técnica do cone único está descrita a seguir:
=> Seleção do cone;
=> Radiografia para confirmação do CRT;
=> O canal é preenchido com cimento ou levado com o cone;
=> Adaptação do cone único;
=> Se necessário colocação passiva de cones secundários;
=> Radiografia para comprovação da qualidade da obturação;
=> Corte do cone e condensação vertical;
=> Restauração provisória;
=> Remoção do isolamento absoluto;
=> Radiografia final.
A técnica do Cone Único Pareado associada aos instrumentos Reciproc e WaveOne está
descrita em detalhes nos documentos sobre Instrumentação Reciprocante Assimétrica
disponíveis no AVA do PEE e/ou PECOS-UFPel.
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7.5 Técnicas de Termoplastificação da Guta-percha
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A técnica híbrida de Tagger é indicada para correção de falhas de adaptação do cone de
guta-percha principal, falhas de condensação lateral na região apical, lesões laterais sugerindo a
presença de canais laterais, reabsorção interna (facilidade do preenchimento da falha), canais
radiculares muito amplos e obturações em canais que se unem na região apical.
Neutel (2010), repercutindo Ricucci et al. (2009) e Tahanet al. (2010), definiu Sobre
Obturação como sendo o “extravasamento [além forame apical] de cimento endodôntico em
pequenas porções”, o que não comprometeria o sucesso do tratamento endodôntico. Por sua vez,
a Sobre Extensão seria “o extravasamento de cones de guta-percha [além forame apical] para os
tecidos periapicais”, ou seja, com invasão do periodonto apical.
No momento da seleção/calibração do cone principal por meio das provas visual, táctil e
radiográfica, pode-se não atingir o CRT, neste caso, poder-se-ia trocar o cone principal por outro
de mesma numeração ou de numeração imediatamente inferior. Outra complicação ocorre
quando contemplada a prova visual e cone principal não passa na prova táctil, neste caso, pode-
se cortar de 0,5 a 1 milímetro da ponta do cone principal com lâmina de barbear ou bisturi (ex.:
lâmina 15c) sobre placa de vidro plana e lisa e reaplicar as provas visual e táctil. O corte da
ponta do cone principal também pode ser empregado nos casos nos quais o cone vai além do
CRT. Nesse contexto, as réguas calibradoras são muito convenientes e podem poupar o tempo
operacional (LEONARDO, 2008, p. 1135). Cabe ressaltar ainda que o cone principal pode não
atingir o CRT por deficiência na modelagem do canal radicular no que se refere à ampliação da
divergência do canal radicular, sendo que esta complicação, quando cuidadosamente detectada,
pode ser resolvida aplicando-se, novamente, o recuo escalonado ou utilizando-se da lima
Hedstrom na atenuação da morfologia telescópica resultante do escalonamento.
Na fase da seleção/calibração do cone principal, pós a observação clara da modelagem do
batente apical, ao final do PQM/PBM, Leonardo (2018, p. 1135) sugere, logo após a inserção
inicial do cone principal até sua adaptação no batente apical, a aplicação de batidas com o cabo
da pinça na extremidade coronária do cone para proporcionar um melhor ajuste do mesmo ao
batente apical. Em seguida, o comprimento de cone é conferido e se de acordo com o CRT
demarca-se o cone principal com moça ou marca de mordida realizada com a pinça clínica sem,
contudo, cortar ou enfraquecer o cone com moças exageradamente profundas. Esta seria uma
variação da maneira de se realizar a prova visual. No entanto, cabe ressaltar que essa medida,
embora possa acomodar ou ajustar melhor a ponta do cone principal no limite apical de
obturação (batente apical), pode, no caso do batente apical não ter sido apropriadamente
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modelado, envolver algum risco de sobre extensão do cone principal de guta-percha além do
limite apical de trabalho/obturação ou, até mesmo, além do forame apical.
Segundo Leonardo (2008, p. 1131), a obturação endodôntica também pode ser realizada
pela Técnica Clássica na qual o cimento endodôntico (principalmente aqueles à base de
hidróxido de cálcio) é introduzido no canal radicular com auxílio da lima de memória no CRT
(LEONARDO, 2008, p. 1136). Poder-se-ia considerar que a introdução do cimento endodôntico
no canal radicular poderia ser realizada com a Espiral Lentulo ou com o próprio cone de guta-
percha principal que, na sequência será inserido, no canal radicular, no CRT, envolto em cimento
endodôntico incluindo o topo apical.
De acordo com Leonardo (2008, p. 1138), a cinemática de utilização do espaçador digital
constitui-se de inserção [paralela ao longo eixo do dente] com movimento oscilatório e [leve]
pressão apical até se atingir o CRT subtraído de 2 mm [ou se observar resistência à penetração],
giro de três voltas no sentido horário seguido de uma volta no sentido anti-horário que deve
soltar o instrumento possibilitando sua remoção para a inserção do conte de guta-percha
acessório ou auxiliar no espaço criado.
Leonardo (2008, p. 1137) contraindica a utilização do tope de borracha/silicone para a
demarcação do CRT no espaçador digital sob pena de deslocamento do cone principal. O autor
sugere a demarcação do espaçador no CRT subtraído de dois milímetros com o próprio cimento
endodôntico aplicado no instrumento com as garras da pinça clínica.
Há operadores que demarcam o espaçador digital no CRT com tope de borracha/silicone
e, preocupados com o deslocamento dos cones acessórios ou auxiliares, cortam o excedente
coronário desses cones com tesoura logo após sua inserção. No entanto, torna-se importante
ressaltar que o operador, ao optar por essa estratégia, ao cortar o cone acessório, deve aplicar o
movimento de corte sem deslocar o cone auxiliar de posição.
Leonardo (2008) indica, no caso dos molares, que os cones principais sejam colocados em
seus respectivos canais antes da condensação lateral e na medida em que a abertura coronária for
ficando repleta de cimento endodôntico, não se envolva mais os cones acessórios com cimento.
Leonardo (2008) ressalta, nos casos do Endomethasone [Endomethasone N] e do Sealer
26, a necessidade de se evitar o extravasamento do cimento além-forame devido à possibilidade
de presença de formaldeído.
Após a remoção da obturação da câmara pulpar (corte da obturação 1 mm apicalmente à
junção amelo-cementária), Leonardo (2008) sugere que a porção cervical do canal seja
preenchida com cimento de hidróxido de cálcio até a embocadura canalicular e, sobre esse
material, uma camada delgada (“liner”) de cimento de ionômero de vidro deve ser aplicada. Por
outro lado, Souza Filho (2015), indica o corte da obturação até 3 mm apicalmente à junção
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amelo-cementária, selamento cervical da obturação endodôntica com Coltosol na porção cervical
do canal e aplicação de resina composta na porção coronária da cavidade endodôntica.
Após a obturação e selamento cervical da obturação e restauração coronária definitiva,
deve ser realizado o acompanhamento clínico e radiográfico de todos os casos, sendo o ideal de 6
em 6 meses. Casos de biopulpectomia são observados até 1 ano de conclusão do tratamento e são
considerados como sucesso se o dente permanecer sem lesão periapical e sintomatologia clínica.
Dentes com necrose pulpar devem ser avaliados, no mínimo, por 2 anos após a conclusão do
tratamento, alguns casos podem demorar até 4 anos para que a lesão se repare totalmente.
As chances da reparação na periodontite apical aumentam com o tratamento endodôntico
e selamento coronário adequados. Assim, é de extrema importância a realização de restauração
definitiva adequada após a conclusão do tratamento endodôntico.
Para determinação do sucesso deve haver ausência de lesão periapical na radiografia e,
clinicamente, ausência de dor e tumefação, ausência de sensibilidade à percussão e palpação
apical, ausência de fístula. Em adição, quando do sucesso, observam-se mobilidade dentária
normal e função dentária normal.
9 Referências
29
NAIR PNR, HENRY S, CANO V, VERA J. Microbial status of apical root canal system of
human mandibular first molars with primary apical periodontitis after ‘‘one-visit’’ endodontic
treatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod, v. 99, n. 2, p. 231-52, Feb. 2005.
"doi:10.1016/j.tripleo.2004.10.005"
NEUTEL, C. S. R. Retratamento endodôntico cirúrgico: revisão bibliográfica. Dissertação de
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Médicas, 2015. Disponível em https://pergamum.ufpel.edu.br/pergamum/biblioteca/. Acesso em:
17 abril 2018.
10 Revisões
Revisado pelos Autores, Corpo Editorial (PEE-FO-UFPel) e pelo colaborador Douglas
Silva de Almeida (PEE-FO-UFPel).
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