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Endodontia I

Acesso coronário e localização dos canais radiculares


AULA 5- 06/08/21

Introdução:

O acesso coronário é um procedimento no qual expomos a câmara pulpar,


removemos todo o seu teto, visualizamos a câmara e, consequentemente, localizamos
a entrada dos canais radiculares (SCR) (1, 2, 3, 4 ou 5 canais).
Sinônimos de acesso coronário: abertura coronária, preparo coronário, preparo
intracoronário, cirurgia de acesso, cavidade de acesso, acesso endodôntico.
O conhecimento anatômico e interpretação radiográfica (radiografia inicial) são
extremamente importantes, pois antes de nós iniciarmos o acesso coronário,
precisamos ter em mente quantos canais radiculares o dente pode apresentar.
O acesso, limpeza e modelagem, e a obturação são os três pilares
fundamentais na endodontia. Estão ligados uns aos outros e ligados diretamente ao
sucesso do tratamento endodôntico.
 Se fizermos um bom acesso (conservador- tirar o menos possível de
estrutura coronária), consequentemente iremos conseguir enxergar
melhor a câmara pulpar e os canais radiculares, sendo assim, iremos
conseguir fazer um bom preparo químico-mecânico, uma boa limpeza
(através de produtos químicos- hipoclorito de sódio ou clorexidina e
instrumentais, como a lima), eliminando dentina, polpa necrosada,
restos de microrganismos.
 Fazendo uma instrumentação adequada, conseguiremos obturar.
Iremos obturar com os materiais obturadores: cimento endodôntico
juntamente com o cone de guta-percha.

Com a broca haste longa elegemos um ponto de acesso e começamos o


desgaste, rompemos o teto pulpar e chegamos na câmara pulpar. Feito isso, trocamos
pela broca endo z (não possui ponta ativa, dessa forma não desgasta o assoalho da
câmara pulpar, as laterais da broca possui corte, iremos desgastar as paredes em
formato geométrico para mesial, distal, vestibular ou lingual).
Endodontia I
Acesso aos tecidos pulpares:
Objetivo:
 Permitir o preparo químico-mecânico dos SCR;
 Permitir a obturação dos canais radiculares.
Finalidade:
 Remoção: teto da câmara pulpar e exposição dos orifícios de entrada
dos canais;
 Acesso reto e livre; o instrumento deve entrar paralelo ao longo eixo do
dente e não deve sofrer nenhuma tração mesial ou distal para o
instrumento não fraturar dentro do canal.
 Preservação;
 Conservar o máximo de estrutura dental.

Nunca iniciamos a instrumentação sem remover todo o tecido cariado do dente,


mesmo que tenhamos que remover todo o resto coronário.

Principais características a serem observadas ANTES de iniciar a etapa de abertura


coronária:
1. Exame clínico; (edema, fístula)
2. Tomadas radiográficas;
3. Inclinação do dente;
4. Presença e extensão de cárie; o próprio ato de remover a cárie já faz
com que já acessamos o dente, depois é só trocar de broca para
desgastar apenas a parede;
5. Localização dos cornos pulpares;
6. Presença de calcificações;
7. Relação teto-câmara pulpar; em pacientes mais velhos essa relação é
menor (atrésica), sendo assim devemos estar atentos para não perfurar
o assoalho da câmara pulpar;
8. Localização das entradas dos canais radiculares; utilizar espelho plano
e estéril caso não consiga visualizar;
9. Número de canais;
10. Curvaturas;
11. Lesões perirradiculares (lesões nos tecidos periapicais adjacentes);
12. Estabelecer área de eleição adequada.
Endodontia I

O profissional deve conhecer a anatomia dental interna.

Presença e extensão de
tecido cariado.

Localização da entrada dos canais radiculares e


Lesão Perirradicular causada
número.
por restauração.
Geralmente, quando há sobreposição de raízes haverá
Periodontite Apical
2 canais. No dente 36 da radiografia havia um mésio-
Assintomática (paciente não
lingual e um mésio-vestibular, um disto-lingual e um
relatou dor).
disto-vestibular. Além disso, apresenta cárie proximal
(distal) extensa atingindo a polpa.
Dentes 35 e 37 apresentam RMF (restauração
metálica fundida).

Relação teto-câmara pulpar


difusa, normalmente
apresenta nódulos.
Lesão Perirradicular causada por
Restaurações.
restauração metálica extensa.

Avaliação Preliminar Radiografia Periapical Inicial:


 Tamanho e localização da câmara pulpar; (relação teto-assoalho)
 Alterações de contorno (fisiológicas e/ou patológicas);
 Calcificações;
 Número de canais;
 Inclinação dos dentes.
Endodontia I
AULA 6-13/09/21

Princípios de Acesso:

Transmetal (remover RMF)


Comum
Carbide haste longa
Endo Z

Limitações de acesso aos tecidos pulpares:


 Pouca visibilidade;
 Pouca luminosidade;
 Campo operatório diminuído.
Durante a execução das manobras operatórias da fase de cirurgia de
aesso, alguns princípios devem ser respeitados para a garantia da execução desta
etapa de maneira adequada:
1. Remoção de todo o teto da câmara pulpar;
2. Preservação do assoalho da câmara pulpar;
3. Conservação da estrutura dentária;
4. Prover formas de resistência;
5. Obtenção de acesso reto e livre.

Etapas Operatórias para o Acesso: a cirurgia de acesso é realizada


por meio de etapas interdependentes (depende umas das outras) que serão
detalhadas a seguir. E em cada grupo de dente será diferente.
1. Determinação do ponto de eleição- Ponto de eleição : ponto bem
localizado na superfície dos dentes, por onde se inicia o acesso
cirúrgico aos tecidos pulpares/desgaste. Podendo ser na face
lingual/palatina, vestibular ou oclusal dos dentes;
Ex: incisivos superiores e inferiores, e caninos superiores e
inferiores o ponto de eleição será na palatina/lingual, cerca de
2mm a 3mm acima do cíngulo.
Em pré-molares superiores e inferiores será no centro do
sulco principal, entre as cúspides vestibular e palatina/lingual.
Em molares superiores será no centro da fossa mesial (na
cúspide mais volumosa e mesialisada).
Em molares inferiores será na região central do sulco
principal.
Endodontia I

2. Direção de acesso: angulação que se deve dar à broca para que


esta atinja a câmara pulpar, devendo-se respeitar a angulagem
dos dentes na arcada, seguir o longo eixo do dente. Muitas
intercorrêmcias são devido à essa etapa;
3. Direção de trepanação: penetração da broca no interior da
câmara pulpar;
4. Forma de contorno (conveniência) inicial: em forma geométrica,
devemos deixar o acesso do tamanho da câmara pulpar, da
forma da câmara pulpar, para poder visualizar o número e a
localização dos canais radiculares. A forma de contorno é
importante e deve ser feita de maneira adequada, pois assim o
instrumento poderá entrar livre, reto e sem tensão (acesso
direto). Fazemos a forma de contorno com a broca endo z.
Ex: Incisivos superiores e inferiores, a forma de contorno será
triangular, com a base voltada para incisal.
Caninos terão a forma de contorno em losango ou piriforme.
Pré-molares superiores e inferiores terão forma de contorno
oval ou elíptica, porém nos inferiores será menor.
Molares superiores terão a forma de contorno trapeziodal, com
a base maior voltada para a vestibular.
Molares inferiores terão a forma de contorno trapeziodal, com
a base maior voltada para mesial e a menor para distal

Incisivos
Endodontia I
A- Marcação dos quadrantes do dente para definir o ponto de
eleição;
B- Angulação de 90° entre o dente e a broca; e vamos diminuindo a
angulação;
C- Ponto de eleição;
D- Ponto de trepanação;
E- Forma de contorno e remoção das paredes; com a broca endo-z
mais perpendicularmente ao longo eixo do dente
F- Verificar se o instrumento está entrando livre, reto e sem tensão
pelos canais.

AULA 7– 20/09/21

Caninos

Pré-molares Superiores (14 ou 24)

Pré-molares Superiores (15 ou 25)


Endodontia I

Pré-molares Inferiores (35 ou 45)

Molares Superiores (16 ou 26)

2° Molar superior (16 ou 26) com 3 ou 4 canais


Endodontia I
Molares Inferiores (36 ou 46)

Molares Inferiores (37 ou 47)

Ponto de eleição (Direção de acesso)


início do desgaste;
trepanação;
forma de contorno (broca enzo-z desgastando a parede);
acesso livre e reto.

Nesse dente é possível observar 4


canais, sendo que 2 são mesiais e 2
distais (que se encontram,
geralmente, muito próximos). Além
disso, a região de furca permanece
preservada.
Endodontia I

Barreira gengival (top dam) utilizado para não


haver contaminação dos canais pela saliva do
paciente. Além disso, protege o paciente dos
produtos químicos utilizados na irrigação e
aspiração durante a limpeza dos canais
radiculares. E também dá estabilidade para o
grampo de isolamento.

Intercorrências:

Perfuração da face vestibular e perfuração


do assoalho da câmara pulpar na etapa de
trepanação;

Cirurgião-dentista procurou a entrada do


canal radicular com broca e não com a lima
ou sonda rhein (que é o correto), e isso fez
com que o dente tivesse um desgaste em
excesso.

Localização dos canais radiculares dos Molares Inferiores


Endodontia I

Radiografia inicial; da prova do cone; do dente obturado com grampo e final.

Considerações Finais:
 Tratamento endodôntico- remover cárie ou restaurações;
 Evitar o desgaste excessivo de estrutura dental;
 Na dúvida, marcar com lápis o ponto de eleição no dente;
 Atentar-se para a inclinação da broca;
 Medir o comprimento da broca na radiografia;
 NUNCA iniciar um acesso e/ou endodontia sem a radiografia inicial.
(importantíssima para saber a relação teto-câmara pulpar, extensão do
tecido cariado, se SCR são atrésicos ou não, se tem presença de
patologias ou não, se tem reabsorção radicular ou não...)

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