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Nomenclatura das cavidades terapêuticas

quinta-feira, 2 de março de 2023 18:53

Nomenclatura descritiva dos dentes:

→ Os dentes tem sua nomenclatura definida por:


• Classe
• Tipo
• Conjunto
• Arcada
• Posição

Exemplo:

Incisivo central permanente superior esquerdo


Classe Tipo Conjunto Arcada Posição

Primeiro pré-molar permanente inferior esquerdo


Classe Tipo Conjunto Arcada Posição

Canino decíduo superior esquerdo


Classe Conjunto Arcada Posição

→ Nomenclatura das superfícies dentais (faces do dente):

• Vestibular
• Lingual ou palatal (só para a arcada superior)
• Mesial
• Distal
• Borda incisal (dentes anteriores)
• Face oclusal (dentes posteriores)

→ Planos que dividem o dente:

• Plano vestíbulo-lingual
Divide o dente em face mesial e distal

• Plano horizontal
Divide o dente em face oclusal e cervical

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Divide o dente em face oclusal e cervical

• Plano mesio-distal
Divide o dente em face lingual e palatal

→ Terços :

→ Estruturas da superfície oclusal:


• Pontas de cúspide
- Pré-molares: duas cúspides
- Molares: três, quatro ou cinco cúspides
• Mesa oclusal: área que delimita as pontas de cúspides. Nesta área onde vai ser realizado
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• Mesa oclusal: área que delimita as pontas de cúspides. Nesta área onde vai ser realizado
todo o processo de mastigação ativo
• Sulcos principais
• Sulcos secundários estabelecem o limite de uma cúspide para outra. São
responsáveis pela contenção da oclusão e pelo escoamento do alimento.
• Vertentes triturantes: parte ativa da mastigação
• Vertentes lisas: por onde escoa parte do alimento, não participam ativamente da
mastigação
• Cristas marginais: estruturas de reforço

Preparo cavitário:

▪ Mondelli definiu preparo cavitário como o tratamento biomecânico da cárie, a fim de que
as estruturas remanescentes possam receber uma restauração que as proteja, seja
resistente e previna a residência de cáries, devolvendo a forma, função e estética.

Existem dois tipos de cavidades que são eles:


• Cavidade patológica: gerado pela incidência de lesão de cárie ou qualquer outro tipo de
lesão
• Cavidade terapêutica: preparada pelo cirurgião-dentista para que a estrutura
remanescente suporte uma restauração

→ Nomenclatura das cavidades:

São classificadas de acordo com:


• Número de faces
• Faces envolvidas
• Extensão da cavidade

De acordo com o número de faces:


• 1 face: simples
• 2 faces: composta

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• 2 faces: composta
• 3 ou mais faces: complexa

► Simples: somente face oclusal envolvida


► Composta: uma face proximal e a face oclusal envolvidas
► Complexa: duas faces proximais e face oclusal envolvidas

De acordo com as faces envolvidas:

De acordo com a forma e extensão da cavidade:


• Intracoronária (Inlays): sem envolvimento de uma cúspide
• Extraxoronárias parciais (Onlays): com envolvimento de uma cúspide
• Extracoronárias totais (coroas totais): com envolvimento de todas as cúspides

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→ Estruturas das cavidades:
• Paredes
- Circundantes
- De fundo
• Ângulos
- Diedros
- Triedros
- Cavossuperficial

Paredes circundantes: contornam toda a cavidade

Paredes de fundo: assoalho da cavidade


• Pulpar: perpendicular ao longo eixo do dente
• Axial: paralela ao longo eixo do dente

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Longo eixo do dente:
É o ponto mais alto
(eixos mais apical e
distal) da linha de
contorno da gengiva
no dente.

Grupo dos ângulos:

Os ângulos são divididos em grupos que os classificam quanto aos tipos de paredes que se
encontram, que são:
• 1º grupo: encontro entre paredes circundantes
• 2º grupo: encontro entre paredes circundantes e de fundo
• 3º grupo: encontro entre paredes de fundo

Os ângulos são classificados quanto a quantidade de paredes que se encontram que são:
• Ângulos diedros: formados pela união de duas paredes
• Ângulos triedros: formado pela união de três paredes
• Ângulos incisais: são ângulos diedros ou triedros que recebem esse nome por estarem
próximos a borda incisal
• Ângulos cavossuperficiais: formado pela junção das paredes circundantes

 Ângulos diedros:  Ângulos triedros:


- Pulpolingual - Axio-gengivo-lingual

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 Ângulos diedros:  Ângulos triedros:
- Pulpolingual - Axio-gengivo-lingual
- Pulpovestibular - Vestibulo-axio-gengival
- Axiolingual - Vestibulo-axio-pulpar
- Axiovestibular
- Axio-gengivo-pulpar
- Gengivolingual
- Gengivovestibular
- Axiogengival

Os grupos definem os tipos de paredes que se encontram, e a classificação em diedros,


triedros, incisais e cavossuperficiais definem a quantidades de paredes se unindo. Portanto,
um ângulo será classificado a um grupo e a uma quantidade de ângulos.
Por exemplo, o ângulo distopulpar une duas paredes e por isso é diedro, além de unir uma
parede circundante e uma parede de fundo sendo então do 2º grupo. Com isso, o ângulo
distopulpar é um ângulo diedro do 2º grupo.

Ângulos diedros
do 2º grupo

Ângulos triedros
do 2º grupo

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Ângulo incisal diedro do 1º
grupo e ângulo incisal triedro
do 2º grupo

Ângulos
cavossuperficiais

Ângulos diedros do 3º
grupo

Classificação das cavidades


A classificação das cavidades foi proposta por Black em 1908:

• Cavidade NATURAL: surgiam em áreas susceptíveis à cárie


- Cavidades de cicatrículas e fissuras
- Cavidades de superfícies lisas

• Cavidade ARTIFICIAL: preparos cavitários feitos para que o dente pudesse receber a
restauração.

→ Classificação de Black:

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• Black agrupou cavidades pelas características semelhantes.
• Ele considerou a LOCALIZAÇÃO das cavidades

- Classe I: Lesões e ou cavidades localizadas nas regiões de cicatrículas e fissuras.


Eventualmente também podem ser encontradas em cicatrículas presentes na região do
cíngulo, na face palatal dos incisivos centrais e laterais superiores.

- Classe II: Lesões e/ou cavidades que envolvem as faces proximais de pré-molares e
molares.

- Classe III: São lesões e/ou cavidades que envolvem uma ou ambas as faces proximais dos
incisivos e caninos, sem comprometer o ângulo incisal.

- Classe IV: Lesões e/ou cavidades que envolvem a face proximal de um dente anterior,
comprometendo o ângulo incisal.
* Embora a classificação original fosse especifica para lesões de caries, ela também pode ser
empregada para perdas de estrutura causadas por traumatismo nos tempos atuais.

- Classe V: Lesões e/ou cavidades que envolvem o terço cervical das faces vestibular ou
lingual de todos os dentes.
* A classificação original era restrita às lesões de cárie a mesma nomenclatura pode ser utilizada,
atualmente, para descrever perdas estruturais causadas por processos não cariosos (abrasão,
atrição, corrosão, abfração).

→ Cavidade modernas :

• Classe VI (de Howard e Simon): Lesões de carie/cavidades localizadas nas bordas incisais

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• Classe VI (de Howard e Simon): Lesões de carie/cavidades localizadas nas bordas incisais
de dentes anteriores e pontas de cúspides de dentes posteriores.

Princípios gerais do preparo cavitário


Para protocolar o preparo de cavidades que respeitassem os requisitos mecânicos do
amalgama de prata, Black propôs os princípios gerais do preparo cavitário, que são eles:

1. Forma de contorno
2. Forma de resistência
3. Forma de retenção
4. Forma de conveniência
5. Remoção da dentina cariada
6. Acabamento das paredes de esmalte
7. Limpeza da cavidade

1. Forma de contorno:
Define a área da superfície do dente a ser incluída no preparo.

2. Forma de resistência:
Características dadas às paredes da cavidade que possibilitam ao dente e a restauração
suportar cargas elevadas durante a função, sem sofrer fratura nem deslocamento.

3. Forma de retenção:
Características dadas à cavidade para impedir o deslocamento da restauração. Com o intuito
de fazer com que a restauração fique retida na cavidade e não se desloque.

4. Forma de conveniência:

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4. Forma de conveniência:
Promover acesso adequado à lesão cariosa e permitir manutenção de estrutura dental sadia.

5. Remoção da dentina cariada:


A cavidade deve ficar totalmente isenta de tecido desorganizado (cariado), proporcionando
uma parede de dentina sólida.
• Cáries incipientes: remoção durante a confecção da forma de contorno
• Cáries extensas e profundas: maioria dos caos: remoção antes da delimitação da forma de
contorno.

6. Acabamento das paredes de esmalte:


- Paredes refinadas
- Esmalte liso e uniforme
- Ângulo cavo-superficial vivo e sem bisel (para restaurações com amálgama, já as
restaurações modernas o ângulo fica melhor com bisel)

* O bisel pode ser executado no ângulo cavossuperficial vestibular, que consiste num
pequeno desgaste de até 1mm de extensão. O emprego do bisel para restaurações de
resina composta é um artifício que tem mostrado inúmeras vantagens para a restauração,
como maior retenção do material restaurador menor formação de fenda marginal e
maior resistência à fratura dental.

7. Limpeza da cavidade:
- Remover toda a lama dentinária (smear layer)
* Lama dentinária: óleo dos instrumentos rotatórios, hidroxiapatita, restos orgânicos e
microrganismos.
- Restos de dentina e esmalte
- Bactérias
- Microfragmentos orgânicos
- Deixar a cavidade limpa e apta para receber o material restaurador

Lama dentinária moderada e


túbulos dentinários parcialmente
obliterados

Abundante lama dentinária e

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Abundante lama dentinária e
túbulos dentinários obliterados

O conhecimento dos fatores etiológicos da doença cárie e principalmente o desenvolvimento


dos materiais adesivos fizeram com que os princípios Black se tornassem ultrapassados.

→ Princípios atuais do preparo cavitário :

• Extensão mínima
• Conservação de estruturas de reforço
• Bom senso
• Conservação e Manutenção da Saúde dos Tecidos Adjacentes e da Polpa
• Máxima conservação da estrutura dentária sadia
1. Acesso adequado a lesão
2. Remoção de tecido cariado
3. Limpeza da cavidade
• Cada lesão e cada dente apresentam características únicas e devem, portanto, ser
tratados de forma individualizada

Para a conservação máxima da estrutura:

• A forma do preparo é determinada em função da extensão da lesão


• Utilização de instrumentos de pequena dimensão ou compatíveis com o tamanho da lesão
• Associação com procedimentos preventivos
• Ângulos internos de preparos cavitários devem ser sempre arredondados para melhor
dissipação das tensões oclusais

Passos técnicos que visam facilitar o diagnóstico e a execução da restauração:

• Isolamento do campo operatório (isolamento absoluto)


- Capaz de evitar a entrada de saliva ou qualquer umidade durante o procedimento
operatório
- Melhor visualização dos limites do preparo

• Retração gengival (afastamento temporário da gengiva)


- Existem casos que a intimidade entre os limites do preparo cavitário e o tecido cavitário
podem impedir/dificultar a realização de restaurações adequadas

• Afastamento ou separação dentária


- Em casos de lesões de carie nas faces proximais e duvida não diagnóstico pode ser
realizado o afastamento inter dentário
- Facilita a realização da restauração e do preparo cavitário, economizando tecido sadio

• Proteção do dente adjacente

→ Remoção de dentina cariada


• Remoção de toda dentina que encontra-se desmineralizada e infectada
➢ Parâmetros para identificar o tecido cariado:
- Consistência
- Coloração do tecido

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- Coloração do tecido
• Tecido mole passível de remover sem nenhuma força é uma dentina não mais passível de
ser remineralizarão (deve ser removida)
• Se é preciso fazer uma força para conseguir tirar um pedaço desse tecido essa dentina é
passível de ser remineralizada (não deve ser removida)
• Dentina que é preciso fazer muita força para ser removida, já está remineralizada ou
finalizando o processo de remineralização (não deve ser removida)
• A dentina será acessada através do esmalte, esse acesso deverá ser feito com alta-rotação
• A remoção de dentina propriamente dita pode ser feita com:
- Brocas em baixa rotação
- Quanto mais profunda for deve ser usada colheres de dentina

As mudanças das configurações cavitarias clássicas tiveram sua origem na retenção que alguns
materiais restauradores apresentam na estrutura dentária:

➢ ADESÃO
- A partir dela os preparos cavitários se tornaram cada vez melhores
- Possibilita a manutenção de mais estrutura sadia
- Dependendo do formato da cavidade ou da proposta restauradora apresentada a
confecção dos preparos cavitários pode ser descartada, por exemplo algumas lesões
cervicais não cariosas, alguns tipos de fraturas e algumas resoluções estéticas como o
fechamento de diastemas anteriores.
Na época dos materiais restauradores não adesivos todo o esmalte sem suporte dentinário
deveria ser removido, pois por ser um tecido friável existiam grandes chances de que se
fraturasse durante a função. No entanto, materiais restauradores adesivos reforçam a estrutura
dentária frágil como o esmalte sem suporte dentinário e esta estrutura deve ser mantido.
Entretanto, se o acesso ao tecido cariado amolecido é prejudicado este esmalte deve ser
removido para que seja possível a plena remoção do tecido afetado.

➢ ATRITO
- Componente horizontal da força de contato que atua sobre os corpos quando estes
estão em contato com outros corpos e existe uma tendência ao movimento.
- A energia dissipada pelo atrito é, geralmente, convertida em energia térmica e/ou quebra
de ligações entre moléculas.
- Quanto maior o atrito maior a energia térmica gerada, maior calor
- Com isso, preparos cavitários sem refrigeração geram muito calor as estruturas
dentárias, portanto não devem ser feitos
- Um aumento de 5,5°C na temperatura pode resultar em danos irreversíveis a dentes
saudáveis
- Durante a realização dos preparos cavitários a REFRIGERAÇÃO deve ser CONSTANTE
- As canetas de alta rotação possuem 1,2 ou 3 saídas de agua para refrigeração das pontas
diamantadas ou brocas
- Com o intuito de evitar também o aquecimento da estrutura dentária recomenda-se a
utilização de preparos INTERMITENTES (intervalado) com refrigeração
- Uso de pontas diamantadas e brocas novas ou com poder de corte preservado

→ Acabamento das paredes de esmalte:


- Remoção das irregularidades das margens
- Melhor molhamento da superfície pelo adesivo
- Melhor adaptação da resina composta
- Melhor vedamento marginal
* Acabamento e regularização das paredes de esmalte não é remoção de esmalte sem
suporte, mas sim regularizar eventuais irregularidades.

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