13
C a p í t ulo
Preparo da Boca para as
Próteses Parciais Removíveis
Sumário Do Capítulo
Preparo Cirúrgico
Exodontias
Remoção das raízes residuais
Dentes impactados
Dentes mal posicionados
Cistos e tumores odontogênicos
Exostoses e tórus
Tecido hiperplásico
Inserções musculares e freios
Espículas ósseas e rebordos alveolares em forma
de lâmina de faca
Pólipos, papilomas e hemangiomas traumáticos
Hiperqueratose, eritroplasia e ulcerações
Deformidade dentofacial
Dispositivos osseointegrados
Aumento do osso alveolar
Condicionamento dos Tecidos Injuriados e Irritados
Uso de materiais condicionadores de tecido
Preparo Periodontal
Objetivos da terapia periodontal
Diagnóstico e planejamento periodontal
Terapia de controle inicial da doença (fase 1)
Cirurgia periodontal definitiva (fase 2)
Revisão de manutenção (fase 3)
Vantagens do tratamento periodontal
Preparo dos Dentes Pilares
Restaurações nos dentes pilares
Contornando os padrões de cera
Nichos
185
O preparo da boca é fundamental para um tratamento em
prótese parcial removível bem-sucedido. A preparação da boca,
talvez mais que qualquer outro fator, contribui para a filosofia
de que a prótese prescrita não só deve repor o que está faltando,
mas também deve preservar os tecidos e estruturas remanescen-
tes que irão aprimorar a prótese parcial removível.
O preparo da boca segue o diagnóstico preliminar e o desen-
volvimento de um plano de tratamento condicional. O plane-
jamento final do tratamento pode ser adiado até que a resposta
aos procedimentos preparatórios possa ser apurada. Em geral,
o preparo da boca inclui procedimentos em quatro categorias:
preparo cirúrgico, condicionamento de tecidos injuriados e
irritados, preparo periodontal e preparo dos dentes pilares. Os
objetivos dos procedimentos envolvidos em todas as quatro
áreas são de retornar a boca à melhor saúde possível e eliminar
qualquer condição que possa ser prejudicial ao sucesso da
prótese parcial removível.
Naturalmente, o preparo da boca deve ser realizado antes
dos procedimentos de moldagem que produzirão o modelo
principal sobre o qual a prótese parcial removível será fabricada.
Os procedimentos cirúrgicos orais e periodontais devem prece-
der a preparação dos dentes pilares e devem ser concluídos o
quanto antes para permitir a cicatrização. Se realmente possível,
deve-se guardar um período de pelo menos 6 semanas, prefe-
rencialmente de 3 a 6 meses, entre os procedimentos odonto-
lógicos cirúrgicos e restauradores. Isso depende da extensão da
cirurgia e do seu impacto, de modo geral, no suporte, estabili-
dade e retenção da prótese proposta.
Preparo Cirúrgico
Como regra, todo tratamento cirúrgico pré-protético para o
paciente em prótese parcial removível deve ser concluído o
mais breve possível. Quando praticável, as cirurgias endo-
dônticas, periodontais e outras cirurgias orais devem ser
planejadas, de modo que sejam concluídas durante o mesmo
período de tempo. Quanto mais longo o intervalo entre a
 186 Parte II  Clínica e Laboratório 

cirurgia e o procedimento de moldagem, mais completa a

cicatrização e, consequentemente, áreas de suporte da prótese
mais estáveis.
Diversas técnicas de cirurgia oral podem apresentar benefí-
cios para o dentista no preparo do paciente para as reposições
protéticas. Entretanto, não é o propósito desta sessão apresen-
tar os detalhes da correção cirúrgica. Em vez disso, chama-se a
atenção para algumas das mudanças ou condições orais mais
comuns nas quais as intervenções cirúrgicas são indicadas
como um auxílio ao planejamento e confecção da prótese
parcial removível, e como auxílio à bem-sucedida função da
prótese está disponível nos textos de cirurgia oral e em publi-
cações periódicas há informação adicional acerca das técnicas
A
usadas. É importante enfatizar, no entanto, que o dentista que
está fornecendo o tratamento da prótese parcial removível tem
a responsabilidade de assegurar que os procedimentos cirúrgi-
cos necessários sejam feitos de acordo com o plano de trata-
mento. Medidas para controlar a ansiedade, incluindo o uso de
agentes intravenosos e inalatórios, têm tornado as cirurgias
mais extensas aceitáveis para os pacientes. É irrelevante se o
dentista escolher executar esses procedimentos ou optar por
encaminhar o paciente a alguém mais qualificado. A conside-
ração importante é que o paciente não deve ser privado de
qualquer tratamento que possa aumentar o sucesso da prótese
parcial removível.

Exodontias
Exodontias planejadas devem ocorrer no início do tratamento,
mas não antes de concluída uma avaliação cuidadosa e com-
pleta de cada dente remanescente no arco dental ser concluída
(Figura 13-1). Independente de sua condição, cada dente deve
ser avaliado em termos de sua importância estratégica e sua
potencial contribuição para o sucesso da prótese parcial remo-
vível. Com o conhecimento e a capacidade técnica disponíveis
na odontologia atualmente, quase qualquer dente pode ser
salvo se sua retenção for suficientemente importante para
garantir os procedimentos necessários. Por outro lado, são
contraindicadas tentativas heroicas de salvar dentes seriamente
comprometidos ou dentes de prognóstico duvidoso para o qual
a retenção pode contribuir pouco, se contribuir, mesmo que
tratados com sucesso e mantidos. A exodontia de dentes não
estratégicos que podem apresentar complicações ou daqueles
que podem ser prejudiciais ao desenho da prótese parcial
removível é uma parte necessária do plano de tratamento como
um todo.
Remoção das Raízes Residuais
Geralmente, todas as raízes preservadas ou fragmentos de raízes
devem ser removidos. Isso é particularmente verdade se elas
estiverem muito próximas da superfície do tecido, ou se houver
achados patológicos associados. Raízes residuais adjacentes a
dentes pilares podem contribuir para a progressão de bolsas
periodontais e comprometer os resultados da terapia periodon-
tal subsequente. A remoção de ápices de raízes pode ser execu-
tada através das superfícies vestibulares ou palatinas sem resultar
na redução da altura do rebordo alveolar ou arriscar os dentes
adjacentes (Figura 13-2).
B
Figura 13-1    A montagem de diagnóstico permite a confir-
mação da necessidade de exodontia após exame clínico. A, A
posição do dente anterior e o estado da doença periodontal
crônica requerem extração para tratar a queixa do paciente
quanto aos dentes mal posicionados e doloridos. B, Os restos
radiculares raiz requerem extração imediata para permitir que
a cicatrização do rebordo comece. O estado do molar (17)
requer exame adicional para determinar o envolvimento pulpar
da lesão cariosa e a extensão da redução oclusal necessária
para melhorar o plano oclusal. A decisão de manter esse dente,
apesar de potencialmente dispendioso, deve considerar o efeito
estabilizador que este terá na oclusão funcional posterior
esquerda.
Dentes Impactados
Todos os dentes impactados, incluindo aqueles em áreas edên-
tulas, assim como aqueles adjacentes a dentes pilares, devem ser
considerados para remoção. As implicações periodontais dos
dentes impactados adjacentes a pilares são semelhantes àquelas
das raízes residuais. Esses dentes são muitas vezes negligencia-
dos até que surjam sérias implicações periodontais.
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis 187

Figura 13-2    Raiz impactada associada à reabsorção óssea.

(De Costich ER, White RP Jr. Fundamentals of oral surgery, Phi-
ladelphia, 1971, Saunders.)

A estrutura esquelética do corpo muda com a idade. Em

idosos, dentes impactados assintomáticos cobertos com osso,
sem evidência de condição patológica, devem ser deixados para
preservar a morfologia do arco. Se um dente impactado é
deixado, deve ser registrado na ficha do paciente e o paciente
deve ser informado de sua presença. Devem ser tiradas radio- Figura 13-3    Radiografia lateral oblíqua mostrando um ter-
grafias em intervalos razoáveis para assegurar que nenhuma ceiro molar superior não erupcionado e segundo e terceiro
mudança adversa ocorra. molares inferiores impactados. O terceiro molar superior e o segun­-
Alterações que afetam as arcadas podem resultar em expo- do molar inferior podiam ser tocados por sonda periodontal.
sições minúsculas dos dentes impactados à cavidade oral via (De Costich ER, White RP Jr. Fundamentals of oral surgery,
seio. As infecções resultantes podem causar considerável des- Philadelphia, 1971, Saunders.)
truição dos ossos e séria enfermidade em pessoas idosas e fisi-
camente incapazes de tolerar a debilitação. A remoção eletiva
precoce das impactações previne futuras infecções agudas e
crônicas com extensa perda óssea. Qualquer dente impactado
que pode ser alcançado com uma sonda periodontal deve ser
removido para tratar a bolsa periodontal e prevenir maiores
danos (Figura 13-3).

Dentes Mal Posicionados

A perda de dentes individuais ou grupos de dentes pode levar
à extrusão, rotação ou combinações de mau posicionamento A
dos dentes remanescentes (Figura 13-4). Em muitos casos, o
osso alveolar que suporta dentes extruídos será oclusalmente
tracionado conforme os dentes continuem a erupcionar. A
ortodontia pode ser útil na correção de muitas discrepâncias
oclusais, mas para alguns pacientes tal tratamento pode não
ser prático devido à falta de dentes para ancoragem dos apare-
lhos ortodônticos ou por outras razões. Nessas situações,
dentes individuais ou grupos de dentes e seu osso alveolar de
suporte podem ser cirurgicamente reposicionados. Esse tipo
de cirurgia pode ser realizado em ambulatório e é preciso
considerar seriamente os dentes adicionais antes de serem
condenados, ou o desenho da prótese parcial removível é B
comprometido.
Figura 13-4    A, Dentição superior mal posicionada devido à
Cistos e Tumores Odontogênicos perda de oclusão posterior e ao uso excessivo de dentes anterio-
Radiografias panorâmicas das arcadas são recomendadas para res inferiores. B, Dentição restaurada possibilitada por uma
avaliar as condições patológicas insuspeitas das arcadas. Quando combinação de endodontia, periodontia, prótese parcial fixa e
aparece uma área suspeitas no filme inicial, deve ser tirada uma removível. (Cortesia do Dr. M. Alfaro, Columbus, OH.)
 188 Parte II  Clínica e Laboratório 

A B

Figura 13-5    Tórus e exostose.

radiografia periapical para confirmar ou negar a presença de

uma lesão. Toda a radiolucidez ou radiopacidade observada nas
arcadas deve ser investigada. Apesar de o diagnóstico parecer óbvio
nos exames clínicos e radiográficos, o dentista deve ­confirmá-lo
por meio de consulta apropriada e, se necessário, fazer uma
biópsia da área e enviar o espécime a um patologista para estudo
microscópico. O paciente deve ser informado do diagnóstico e
provido de várias opções para a resolução da anormalidade caso
confirmada pelo relatório do patologista.

Exostoses e Tórus
A existência de aumentos ósseos anormais não deve prejudicar
o desenho da prótese parcial removível (Figura 13-5). Embora
a modificação do desenho da prótese possa, às vezes, acomodar
a exostose, mais frequentemente isso resulta em tensão adicio-
nal aos elementos de suporte e em função comprometida. A
remoção de exostose e tórus não é um procedimento complexo,
e as vantagens de realizar tal remoção são grandes, em contraste
com os efeitos deletérios que sua presença continuada pode
criar. Comumente a mucosa que cobre as protuberâncias do
osso é extremamente fina e frágil. Os componentes da prótese
parcial removível nas proximidades desse tipo de tecido podem
causar irritação e ulceração crônica. Além disso, a exostose
próxima às margens gengivais pode complicar a manutenção
da saúde periodontal e levar à perda final de dentes pilares
estratégicos.
Tecido Hiperplásico
Os tecidos hiperplásicos são vistos na forma de tuberosidades
fibrosas, rebordos moles e flácidos, dobras de tecido redundante
no vestíbulo ou no assoalho da boca e papilomatose palatina
(Figura 13-6). Todas essas formas de tecido excessivo devem ser
removidas para fornecer uma base firme para a prótese. Essa
remoção produzirá uma prótese mais estável, reduzirá o estresse
e a deformação nos tecidos e dentes de suporte, e em muitos
casos, dará uma orientação mais favorável do plano oclusal e da
forma do arco para a disposição dos dentes artificiais. Aborda-
gens cirúrgicas apropriadas não devem reduzir a profundidade
Figura 13-6    Hiperplasia fibrosa das tuberosidades.
vestibular. O tecido hiperplásico pode ser removido com qual-
quer combinação preferida de bisturi, cureta, eletrocirurgia ou
laser. Algumas formas de guias cirúrgicos devem ser sempre
consideradas para esses pacientes, para que o período de cica-
trização seja mais confortável. Uma prótese parcial removível
antiga modificada pode servir como guia cirúrgico. Apesar de
o tecido hiperplásico não ter grande propensão maligna, todo
tecido excessivo deve ser enviado a um patologista oral para
estudo microscópico.
Inserções Musculares e Freios
Como resultado da perda da altura óssea, as inserções muscu-
lares podem estar inseridas na da crista do rebordo residual ou
perto dela. Os músculos milo-hióideo, bucinador, mentual e
genioglosso são mais propensos a apresentar problemas dessa
natureza. Além desse problema das inserções dos músculos pro-
priamente ditos, os músculos mentual e genioglosso produzem
protuberâncias ósseas em seus pilares que também podem
interferir no desenho da prótese parcial removível. ­Procedimentos
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis
apropriados de extensão do rebordo podem reposicionar essas
inserções e remover as espículas ósseas, o que aumentará o
conforto e a função da prótese parcial removível.
A reposição do músculo milo-hióideo é feita com sucesso
por meio de vários métodos. O músculo genioglosso é mais
difícil de reposicionar, mas uma cirurgia cuidadosa pode
reduzir a proeminência do tubérculo geniano, assim como
produzir alguma profundidade no sulco na área lingual
anterior.
Os procedimentos cirúrgicos que usam pele ou enxertos de
mucosa têm substituído amplamente procedimentos de epi-
telização secundária da porção vestibular da mandíbula.
Enxertos de mucosa que usam o palato como local doador
oferecem a melhor possibilidade de sucesso; pele transplan-
tada pode ser usada quando grandes áreas precisam ser
enxertadas.
Os freios labial superior e lingual são as fontes mais comuns
de interferência de freio no desenho da prótese. Estes podem
ser facilmente modificados por meio de qualquer um dos
muitos procedimentos cirúrgicos. Sob nenhuma circunstância,
o freio deve comprometer o desenho ou o conforto da prótese
parcial removível.
Espículas Ósseas e Rebordos Alveolares em Forma
de Lâmina de Faca
Espículas ósseas afiadas devem ser removidas e cristas afiadas
devem ser arredondadas suavemente. Esses procedimentos
devem ser realizados com o mínimo de perda óssea. Se, entre-
tanto, a correção de uma crista alveolar em forma de lâmina de
faca resultar em uma crista de suporte insuficiente para a base
da prótese, o dentista deve recorrer ao aprofundamento do
sulco vestibular para correção da deficiência ou à inserção dos
vários materiais de enxerto ósseo que têm demonstrado sucesso
em ensaios clínicos.
Pólipos, Papilomas e Hemangiomas Traumáticos
Todas as lesões anormais dos tecidos moles devem ser extirpa-
das e submetidas a exame patológico antes da confecção da
prótese parcial removível. Ainda que o paciente relate uma
história de presença da condição por um período indefinido,
sua remoção é indicada. Uma estimulação nova ou adicional da
área, introduzida pela prótese, pode produzir desconforto ou
até mesmo mudanças malignas.
Hiperqueratose, Eritroplasia e Ulcerações
Todas as lesões anormais brancas, vermelhas ou ulcerativas
devem ser investigadas, independente de suas relações com a
armação ou a base da prótese pretendida. Áreas maiores que
5 mm deve ser biopsiadas, e se as lesões forem grandes (acima
de 2 cm de diâmetro), devem ser feitas múltiplas biópsias. O
relatório da biópsia determinará se as margens do tecido a ser
extirpado devem ser amplas ou estreitas. As lesões devem ser
removidas e a cicatrização concluída antes de a prótese parcial
removível ser confeccionada. Na ocasião, como logo após o
tratamento de irradiação ou a escoriação do líquen plano
erosivo, o desenho da prótese parcial removível deverá ser
radicalmente modificado a fim de evitar áreas de possível
sensibilidade.
189
Deformidade Dentofacial
Pacientes com deformidade dentofacial frequentemente têm
múltiplos dentes ausentes como parte de seu problema. A cor-
reção da deformidade da arcada pode simplificar a reabilitação
dental. Antes de problemas específicos com a dentição poderem
ser corrigidos, o problema geral do paciente deve ser meticulo-
samente avaliado. Vários profissionais da área odontológica
(protesista, cirurgião, periodontista, ortodontista, dentista gene-
ralista) podem exercer um papel no tratamento do paciente.
Esses indivíduos precisam estar envolvidos na produção da base
de dados diagnósticos e no plano de tratamento para o paciente.
A informação obtida de uma avaliação geral do paciente feita
para determinar sua condição de saúde, uma avaliação clínica
voltada para a estética facial e as condições dos dentes e tecidos
moles orais e a análise dos registros de diagnóstico podem ser
usados para produzir uma base de dados. A partir dessa base de
dados, os problemas do paciente podem ser enumerados, com
o problema mais grave colocado no topo da lista. Outros pro-
blemas identificados podem seguir na ordem de sua gravidade.
Só após essa etapa de inserção de vários dados de diferentes
dentistas será possível fornecer um plano de tratamento final
corretamente sequenciado para o paciente.
A correção cirúrgica de uma deformidade da arcada pode
ser feita nos planos horizontal, sagital ou frontal. A mandíbula
e a maxila podem ser anteriormente ou posteriormente posi-
cionadas e suas relações com os planos faciais podem ser cirur-
gicamente alteradas para conseguir uma melhor aparência. A
reposição de dentes ausentes e o desenvolvimento de uma
oclusão harmoniosa são quase sempre os maiores problemas ao
se tratar desses pacientes.
Dispositivos Osseointegrados
Vários dispositivos de implante para suportar a reposição de
dentes foram introduzidos na odontologia. Esses dispositivos
oferecem um efeito estabilizador significativo na prótese dentá-
ria por meio de uma conexão rígida com o osso presente. O
sistema pioneiro das aplicações protéticas clínicas com o uso
de implantes endósseos de titânio comercialmente puro (CP) é
o de Brånemark e colaboradores (Figura 13-7). Esse implante
de titânio foi desenhado para fornecer uma interface direta
titânio-osso (osseointegrado), com resultados clínicos e labora-
toriais sustentando o valor desse procedimento.
Os implantes são cuidadosamente colocados usando-se
procedimentos cirúrgicos controlados e, em geral, a cicatriza-
ção óssea do dispositivo deve ocorrer antes de a prótese
­dentária ser confeccionada. Pesquisa clínica longitudinal
demonstrou bons resultados no tratamento de pacientes
­parcialmente ou totalmente edêntulos usando implantes den-
tários. Apesar de a pesquisa sobre as aplicações de implantes
com próteses parciais removíveis ter sido bem limitada,
a inclusão de implantes estrategicamente colocados pode
controlar significativamente o movimento da prótese (Capí-
tulo 25, Figuras 13-8 a 13-10).
Aumento do Osso Alveolar
Foi dedicada considerável atenção ao aumento do rebordo
com o uso de materiais autógenos e aloplásticos, especial-
mente na preparação para colocação de implante. É preciso
 190 Parte II  Clínica e Laboratório 

1 2 3

4 5 6 7
B

A C

Figura 13-7    A, Componentes do sistema de Brånemark. De baixo para cima: implante, parafusos de cobertura, pilar, parafuso do
pilar, cilindro de ouro e parafuso de ouro. B, Procedimentos básicos no segundo estágio cirúrgico: (1) exploração para situar o parafuso
de cobertura; (2) remoção de tecido mole; (3) remoção de tecido ósseo; (4) remoção do parafuso de cobertura; (5) uso de medidor de
profundidade para medir a quantidade de tecido mole; (6) conexão do pilar; e (7) colocação da tampa de cicatrização. C, Diagrama de
uma prótese parcial fixa de três elementos suportada por dois implantes osteointegrados que restauram a extensão da área basal, a
qual poderia ter sido restaurada com uma prótese parcial removível Classe II se os implantes não tivessem sido usados. (A e C foram
redesenhados de Hobo S, Ichida E, Garcia LT: Osseointegration and occlusal rehabilitation, Tokyo, Japan Quintessence, 1989.)

considerar a necessidade de enxertos autógenos para obter
grandes ganhos em volume do rebordo; entretanto, esses pro-
cedimentos são acompanhados pela preocupação quanto à
morbidade cirúrgica. Os materiais aloplásticos apresentaram
sucesso a curto prazo; no entanto, nenhum ensaio clínico
randomizado foi conduzido para fornecer evidência a longo
prazo do aumento na largura e altura do rebordo para prótese
removível.
Os resultados clínicos dependem da avaliação cuidadosa da
necessidade de aumento, do volume necessário do material
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis
A
C demonstrando excelente acesso para higiene e uma relação
Figura 13-8    A, Barra sobre implante e copings em dentes
naturais usados para suportar e reter essa prótese superior. B,
Lado interno da prótese mostrando o espaço para barra, que
quando encaixada terá tanto suporte quanto estabilidade dos
implantes enquanto a retenção é obtida através dos anéis O-rings
resilientes sobre os copings. C, Prótese superior assentada e em
oclusão. (Cortesia do Dr. N. Van Roekel, Monterey, CA.)
utilizado, do local e do método de colocação. Deve-se pôr con-
siderável ênfase na sólida compreensão clínica de que alguns
dos materiais aloplásticos podem migrar ou ser deslocados sob
cargas oclusais se não apropriadamente suportados por osso
subjacente e contidos pela justaposição dos tecidos moles.
Devem ser empregados julgamento clínico cuidadoso com
princípios cirúrgicos e protéticos sólidos.
191
A
Figura 13-9    A, Uma barra anterior implantossuportada
paralela à oclusão antagonista. B, Prótese com espaço para barra
(abrigando três componentes machos para retenção e uma
superfície plana para contato e suporte da barra) e grampos
gêmeos posteriores. C, Prótese assentada e em oclusão. (Corte-
sia do Dr. N. Van Roekel, Monterey, CA.)
Condicionamento Dos Tecidos
Injuriados E Irritados
Muitos pacientes com prótese parcial removível precisam de
algum condicionamento dos tecidos de suporte em áreas edên-
tulas antes do início da fase de moldagem final do tratamento.
Pacientes que necessitam de tratamento condicionador fre-
quentemente demonstram os seguintes sintomas:
1. Inflamação e irritação da mucosa que recobre a área chapeá-
vel da prótese (Figura 13-11)
2. Distorção de estruturas anatômicas normais, tais como
papila incisiva, rugas palatinas e região retromolar
 192 Parte II  Clínica e Laboratório 

A B

Figura 13-10    A, Um arco superior Classe II, modificação 1, com um implante posterior localizado na distal do extremo livre da
base. B, Armação superior em ouro com ampla cobertura palatina, estabilização máxima por meio de contatos palatinos de múltiplos
dentes superiores e posição do implante na extensão distal da base. Um único implante deve ser protegido das forças oclusais
excessivas; consequentemente, a ampla cobertura palatina e o máximo abraçamento são aspectos importantes do desenho em geral.
O pilar de encaixe tipo bola foi usado para fins retentivos. C, Vista oclusal da prótese com implante (ver A), que fornece uma melhor
retenção à extensão distal da base. (Cortesia do Dr. James Taylor, Ottawa, Ontario.)

A B

Figura 13-11    A, Mucosa da área chapeável distorcida e inflamada devido a uma prótese mal adaptada usada 24 horas por dia.
B, Após o maltrato do tecido ser tratado por meio de modificação da base da prótese com um condicionador tecidual resiliente, a
prótese é removida em períodos do dia, para descanso do tecido injuriado, o tecido margeando a prótese torna-se saudável de novo.
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis
A B
Figura 13-12    A, Prótese parcial removível inferior com base sub estendida, o que contribuiu para a irritação do tecido. B, Base da
prótese apropriadamente estendida para melhorar o suporte, a estabilidade e a retenção.
3. Uma sensação de queimação nas áreas do rebordo residual,
na língua, bochechas e lábios
Essas condições são normalmente associadas a próteses par-
ciais removíveis mal ajustadas ou com má oclusão. Entretanto,
deficiências nutricionais, desequilíbrios endócrinos, problemas
graves de saúde (diabetes ou discrasias sanguíneas) e bruxismo
devem ser considerados no diagnóstico diferencial.
Se for tentado o uso de uma nova prótese parcial removível
ou o reembasamento de uma prótese atual sem primeiro corri-
gir essas condições, as chances de um tratamento bem-sucedido
serão comprometidas porque os mesmos problemas antigos
serão perpetuados. É preciso fazer o paciente entender que a
confecção de uma nova prótese deve ser adiada até que os
tecidos orais tenham voltado a uma condição de saúde. Se
houver problemas sistêmicos não resolvidos, o tratamento da
prótese parcial removível normalmente resultará em fracasso
ou sucesso limitado.
O primeiro procedimento de tratamento deve consistir na
instituição imediata de um bom programa de cuidado oral em
casa. Este inclui enxaguar a boca três vezes ao dia com uma
solução salina prescrita; massagear as áreas do rebordo residual,
o palato e a língua com uma escova de dentes macia; remover
a prótese à noite; e tomar um complexo vitamínico prescrito
junto com uma dieta rica em proteína e baixa em carboidrato.
Algumas condições orais inflamatórias causadas por próteses
mal adaptadas podem ser resolvidas retirando-se a prótese por
períodos prolongados. No entanto, poucos pacientes estão dis-
postos a passar por tais inconveniências.
Uso de Materiais Condicionadores de Tecido
Os materiais condicionadores de tecido são polímeros elásticos
que continuam a fluir por um período prolongado, possibilitando
que os tecidos alterados se recuperem e assumam sua forma
normal. Esses materiais macios aparentemente têm um efeito
massageador na mucosa irritada, e por serem moles, as forças
oclusais são provavelmente mais regularmente distribuídas.
O benefício máximo do uso dos materiais condicionadores
de tecido pode ser obtido (1) eliminando-se contatos oclusais
193
Figura 13-13    O condicionamento do tecido deveria ser de
espessura suficiente para ser resiliente e não promover tensão
no tecido mole.
prematuros ou interferentes na prótese antiga (pela remonta-
gem em um articulador, se necessário); (2) estendendo-se as
bases da prótese à forma adequada para reforçar o suporte, a
retenção e a estabilidade (Figura 13-12); (3) aliviando-se sufi-
cientemente o lado interno da base da prótese suficientemente
(2 mm) para obter espaço para uma espessura e distribuição
uniforme de material de condicionamento; (4) aplicando-se
somente o material em quantidades suficientes para fornecer
suporte e um efeito de amortecimento (Figura 13-13); e
(5) seguindo-se as instruções do fabricante quanto a manipu-
lação e colocação do material condicionador.
O procedimento de condicionamento deve ser repetido até
que os tecidos de suporte apresentem uma aparência inalterada
e saudável. Muitos dentistas acreditam que intervalos de 4 a
7 dias entre as mudanças do material condicionador são clinica­
mente aceitáveis. A melhora nos tecidos irritados e alterados é
normalmente notada dentro de algumas consultas, e em alguns
pacientes será vista uma melhora surpreendente. Normalmente
são adequadas três ou quatro trocas do material condicionador,
mas em alguns casos são necessárias mais mudanças. Se não
forem vistos resultados positivos dentro de 3 a 4 semanas,
deve-se suspeitar de problemas de saúde mais graves e pedir a
avaliação de um médico.
 194 Parte II  Clínica e Laboratório 
Preparo Periodontal*
O preparo periodontal da boca normalmente segue qualquer
procedimento cirúrgico oral e é feito simultaneamente com
procedimentos de condicionamento tecidual. Comumente, a
exodontia e a remoção dos dentes impactados e das raízes ou
fragmentos residuais são realizadas antes da terapia periodontal
definitiva. Contudo, é altamente recomendado que um debri-
damento periodontal da boca toda seja executado antes de uma
exodontia quando os pacientes apresentarem um significativo
acúmulo de cálculo. Isso ajuda a limitar a possibilidade de aci-
dentalmente deslocar uma parte do cálculo para o interior do
alvéolo da extração, o que pode levar a uma infecção. A elimi-
nação de exostose, tórus, tecido hiperplásico, inserções muscu-
lares e freios, por outro lado, pode ser incorporada a técnicas
cirúrgicas periodontais. Em qualquer caso, a terapia periodon-
tal deve ser concluída antes de os procedimentos de dentística
restauradora terem começado para qualquer paciente. Isso é
particularmente verdade quando uma prótese parcial removível
é contemplada, pois o sucesso definitivo dessa restauração
depende diretamente da saúde e da integridade das estruturas de
suporte dos dentes remanescentes. A saúde periodontal dos
dentes remanescentes, especialmente daqueles a serem usados
como pilares, deve ser cuidadosamente avaliada pelo dentista e
medidas corretivas instituídas antes de uma prótese parcial
removível ser confeccionada. Foi demonstrado que, seguindo a
terapia periodontal e com uma boa revisão e um programa de
higiene oral, próteses parciais removíveis apropriadamente
desenhadas não influenciarão a progressão da doença perio-
dontal ou de lesões cariosas.
Essa discussão visa demonstrar como os procedimentos
periodontais afetam o diagnóstico e o plano de tratamento em
uma prótese parcial removível e não como os procedimentos
são executados em si. Para detalhes técnicos, aconselha-se o
leitor a procurar algum dos muitos excelentes livros sobre
periodontia.
Objetivos da Terapia Periodontal
O objetivo da terapia periodontal é o retorno à saúde das estru-
turas de suporte dos dentes, criando um ambiente no qual o
periodonto possa ser mantido. Os critérios específicos para
satisfazer os objetivos são os seguintes:
1. Remoção e controle de todos os fatores etiológicos que
estejam contribuindo para a doença periodontal, junta-
mente com a redução ou eliminação do sangramento à
sondagem
2. Eliminação ou redução da profundidade de todas as bolsas,
com o estabelecimento de em sulco gengival saudável sempre
que possível
3. Estabelecimento de relações oclusais funcionais não traumá-
ticas e estabilização do dente
4. Desenvolvimento de um programa de controle de biofilme
personalizado e um cronograma de controle definitivo
*Editado por Vanchit John, DDS, Professor Associado e Coordenador,
Departamento de Periodontia e Programas Odontológicos, Faculdade
de Odontologia,Universidade de Indiana, Indianápolis, Indiana.
Deve ser feita uma ficha periodontal completa, que inclua o
registro das profundidades das bolsas, a avaliação dos níveis de
inserção e o registro dos envolvimentos de furca, assim como
os problemas mucogengivais e a morbidade do dente. A deter-
minação da gravidade da doença periodontal também deve
incluir o uso de radiografias apropriadas. O dentista que está
considerando a confecção de uma prótese parcial removível
deve estar certo de que esses critérios foram satisfeitos antes de
continuar com os procedimentos de moldagem para o modelo
de trabalho.
Diagnóstico e Planejamento Periodontal
Diagnóstico
O diagnóstico de doenças periodontais é fundamentado na
realização de um exame sistemático e cuidadoso do perio-
donto. O exame busca investigar a história da saúde do paciente
e é executado com visão direta, palpação, sonda periodontal,
espelho bucal e outros instrumentos auxiliares, tais como
exploradores curvos, sondas para furca, modelos diagnósticos
e radiografias apropriadas.
Durante o procedimento de exame, nada é tão importante
quanto a cuidadosa inspeção, com o uso de uma sonda perio-
dontal adequada, do sulco gengival com registro da profundi-
dade da bolsa periodontal e dos locais que sangram na sondagem.
Sob nenhuma circunstância, a confecção da prótese parcial
removível deve começar sem uma avaliação apurada da profun-
didade do sulco/bolsa e da saúde periodontal. A sonda é posi-
cionada o mais paralelamente possível ao longo eixo do dente
e é gentilmente inserida entre a margem gengival e a superfície
do dente, e a profundidade do sulco/bolsa é determinada ao
longo da circunferência de cada dente. Pelo menos seis leituras
da profundidade da sondagem são registradas no prontuário do
paciente, para cada dente. Normalmente, as profundidades são
registradas para as faces distovestibular, vestibular, mesiovesti-
bular, distolingual, lingual e mesiolingual de cada dente. A
saúde do sulco também pode ser avaliada pela presença ou
ausência de sangramento na sondagem.
As radiografias odontológicas podem ser usadas para suple-
mentar o exame clínico, mas não devem ser usadas para substituí-lo.
Deve ser feito um exame criterioso dos seguintes fatores: (1)
tipo, localização e gravidade da perda óssea; (2) localização,
gravidade e distribuição dos envolvimentos da furca; (3) altera-
ções do espaço do ligamento periodontal; (4) alterações da
lâmina dura; (5) presença de depósitos calcificados; (6) locali-
zação e conformidade das margens restauradoras; (7) avaliação
da morfologia da coroa e raiz; (8) proximidade da raiz; (9) cárie;
e (10) avaliação de outros aspectos anatômicos associados, tais
como proximidade do canal mandibular ou do seio maxilar.
Essas informações servem para fundamentar a impressão
adquirida com o exame clínico.
Cada dente deve ser cuidadosamente avaliado quanto à
mobilidade. Infelizmente, não há um padrão universalmente
aceito para mobilidade. Em geral, a mobilidade é graduada de
acordo com a facilidade e a extensão do movimento do dente.
A mobilidade normal está na ordem de 0,05 a 0,10 mm. A
mobilidade grau I está presente quando ocorre menos de 1 mm
de movimento na direção vestibulolingual; grau II está presente
quando a mobilidade na direção vestibulolingual está entre 1 a
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis
2 mm; grau III está presente quando ocorre mais de 2 mm de
mobilidade na direção vestibulolingual e/ou o dente apresenta
mobilidade vertical.
A mobilidade do dente é uma indicação da condição das
estruturas de suporte, ou seja, do periodonto, e normalmente é
causada por mudanças inflamatórias no ligamento periodontal,
por oclusão traumática, por perda de inserção ou por uma
combinação dos três fatores. O grau de mobilidade presente,
combinado a uma determinação dos fatores causais responsá-
veis, fornece informação adicional inestimável no planejamento
da prótese parcial removível. Se o fator etiológico puder ser
excluído, muitos dentes com mobilidade grau I e grau II tornam-se
estáveis e podem ser usados, com sucesso, para ajudar a supor-
tar, estabilizar e reter a prótese parcial removível. A mobilidade
por si só não é uma indicação para exodontia, a não ser que o
dente móvel não possa auxiliar no suporte ou estabilidade da
prótese, ou a mobilidade não possa ser reduzida. (Grau III nor-
malmente não pode ser revertido e não fornecerá suporte ou
estabilidade.)
Plano de Tratamento
Dependendo da extensão e da gravidade das mudanças perio-
dontais presentes, diversos procedimentos terapêuticos, do
mais simples ao relativamente complexo, podem ser indicados.
Como na situação com procedimentos cirúrgicos anteriormente
discutidos, é responsabilidade do dentista acompanhar o trata-
mento com prótese parcial removível para ver se o paciente esta
realizando o cuidado periodontal necessário. O planejamento
do tratamento periodontal pode ser normalmente dividido em
três fases. A primeira fase é considerada controle da doença ou
terapia inicial, porque o objetivo é essencialmente eliminar ou
reduzir fatores etiológicos locais antes de qualquer procedi-
mento cirúrgico periodontal ser realizado. Os procedimentos
realizados como parte da fase de preparação inicial incluem
orientação da higiene oral, raspagem, alisamento radicular e
polimento, assim como tratamento endodôntico, ajuste oclusal
contenção temporária, se indicados. Em muitos casos, a raspa-
gem cuidadosamente executada e o alisamento radicular com-
binados à excelente complacência do paciente, podem evitar a
necessidade de cirurgia periodontal.
Durante a segunda fase cirúrgica, ou fase periodontal, é
realizada qualquer cirurgia periodontal necessária, tal como
enxerto gengival livre, enxerto ósseo ou redução de bolsa, é
realizada. É aconselhável discutir a possível necessidade desses
procedimentos com o paciente na consulta de exame inicial
ou durante a fase inicial da terapia, já que possivelmente
envolverá encaminhamento do paciente a um periodontista.
O controle da saúde periodontal é executado na fase 3 e é
sempre contínuo. Um calendário de retorno deve ser estabe-
lecido com o paciente e normalmente é mantido entre inter-
valos de 3 a 4 meses.
Terapia de Controle Inicial da Doença (Fase 1)
Instrução da Higiene Oral
Normalmente, o tratamento odontológico deve ser apresen-
trado ao paciente por meio de um programa de higiene oral
cuidadosamente concebido. A cooperação testemunhada pela
aceitação do paciente e em conformidade com o procedimento
195
prescrito, como evidenciado pela melhora da higiene oral, for-
necerá ao dentista meios valiosos de avaliação do interesse do
paciente e o prognóstico do tratamento a longo prazo.
Para que a rotina da higiene oral seja bem-sucedida, o
paciente deve ser convencido a seguir o procedimento pres-
crito de forma regular e consciente. As técnicas de motivação
mais eficazes requerem uma boa compreensão do paciente
acerca de sua condição periodontal. Só então os benefícios da
rotina de tratamento se tornam evidentes. Portanto, uma
explicação da doença odontológica/periodontal, incluindo
suas causas, início e progressão, é um componente importante
da instrução da higiene oral. Após essa explicação, o paciente
deve ser instruído quanto ao uso de tabletes/pastilhas com
corantes de biofilme, uma escova de dente média de cerdas
macias e fio dental encerado ou não. Nas consultas subsequen-
tes, a higiene oral pode ser meticulosamente avaliada, e podem
ser incorporados outros auxiliares na higiene oral, tais como
escova interdental e/ou sulcular, conforme necessário. A con-
tinuação do tratamento deve ser suspensa até ser alcançado
um nível satisfatório de controle de biofilme. Esse é um ponto
particularmente crítico para o paciente que necessita de
extensa dentística restauradora ou uma prótese parcial remo-
vível. Sem boa higiene oral, qualquer procedimento odonto-
lógico, independente de quão bem seja feito, está fatalmente
condenado ao fracasso. O dentista informado insiste que a
higiene oral aceitável seja demonstrada e mantida antes de
embarcar em um plano de tratamento odontológico restaura-
dor extenso.
Raspagem e Alisamento Radicular
Um dos serviços mais importantes prestados ao paciente é a
remoção do cálculo e dos depósitos de biofilme das superfícies
coronárias e radiculares dos dentes. A raspagem cuidadosa e o
alisamento radicular são fundamentais para o restabelecimento
da saúde periodontal. Sem uma remoção meticulosa do cálculo,
do biofilme e do material tóxico no cemento, outras formas de
terapia periodontal podem não ser bem-sucedidas.
É recomendado o uso de instrumentação ultrassônica para
a remoção do cálculo, seguido de alisamento radicular com
curetas periodontais afiadas. A cureta é desenhada especifica-
mente para o aplainamento radicular, e quando corretamente
utilizada em combinação com a instrumentação ultrassônica
resulta na remoção do cálculo e descontaminação da superfície
radicular. A raspagem e o alisamento radicular completos
devem preceder os procedimentos cirúrgicos periodontais defi-
nitivos que podem ser indicados antes da confecção da prótese
parcial removível.
Eliminação de Outros Fatores Irritantes Locais
Além do Cálculo
Margens de restauração com sobrecontorno e as ausências de
contatos proximais, que permitem impactação alimentar,
devem ser corrigidos antes de começar o tratamento proté-
tico definitivo. Apesar de a saúde periodontal predispor a um
ambiente muito melhor para os procedimentos restaurado-
res, nem sempre é possível ou prudente adiar todos os pro-
cedimentos restauradores até terem ocorrido a cura e a
terapia periodontal completa. Isso é especialmente verdade
 196 Parte II  Clínica e Laboratório 
para pacientes com graves lesões cariosas nas quais é provável
o envolvimento pulpar. A curetagem dessas áreas e a coloca-
ção de restaurações adequadas devem ser realizadas no início
do tratamento. A colocação de restaurações temporárias não
pode, por si só, tornar-se um fator causal local.
Eliminação de Interferências Oclusais Grosseiras
Os acúmulos de biofilme e os depósitos de cálculo são os prin-
cipais fatores envolvidos no início e na progressão da doença
periodontal inflamatória. Entretanto, a odontologia restaura-
dora deficiente pode contribuir para os danos do periodonto,
e as relações oclusais deficientes podem agir como outro fator
que contribui para a perda mais rápida da inserção periodontal.
Embora algumas interferências oclusais possam ser eliminadas
através de uma variedade de técnicas, nesse estágio do trata-
mento o desgaste seletivo é o procedimento geralmente apli-
cado. É dada particular atenção às relações oclusais dos dentes
com mobilidade. Interferências traumáticas da cúspide são
removidas por um processo de desgaste seletivo. É feita uma
tentativa para estabelecer uma posição de máxima intercuspi-
dação que coincida com a relação cêntrica. Contatos prematu-
ros durante a trajetória de fechamento cêntrico são removidos,
eliminando o deslocamento mandibular na trajetória de fecha-
mento. Depois disso, é observada a relação dos dentes em
vários movimentos excursivos da mandíbula, com atenção
especial ao contato cuspídico, desgaste, mobilidade e mudanças
radiográficas no periodonto. A presença de interferências de
trabalho e não trabalho deve ser avaliada; se presentes, devem
ser removidas.
A mera presença de anormalidades oclusais, na ausência de
mudança patológica demonstrável associada à oclusão, não
constitui necessariamente uma indicação para desgaste sele-
tivo. A indicação para ajuste oclusal é baseada na presença de
uma condição patológica em vez de num padrão de articula-
ção preconcebido. Na dentição natural, tentativas de criar
equilíbrio bilateral, no sentido protético, não têm lugar no
procedimento de ajuste oclusal. A oclusão balanceada bilateral
não só é difícil de ser obtida em uma dentição natural, mas
também é aparentemente desnecessária em vista da sua ausên-
cia na maioria das bocas saudáveis normais. A oclusão dos
dentes naturais necessita ser aperfeiçoada apenas até o ponto
no qual a interferência cuspídica, dentro da escala de contato
funcional do paciente, seja eliminada e a função fisiológica
normal possa ocorrer.
Guia para o Ajuste Oclusal
Schuyler forneceu o seguinte guia para ajuste oclusal por des-
gaste seletivo:*
No estudo da avaliação da desarmonia oclusal da dentição
natural, modelos de diagnóstico precisamente montados são
extremamente úteis, senão essenciais, na determinação dos
contatos estáticos cúspide-fossa dos dentes e como guia na
correção das anomalias oclusais tanto nas relações funcionais
cêntricas quanto excêntricas. A oclusão pode ser coordenada
*Cortesia do Dr. C.H. Schuyler, Montclair, NJ
apenas por desgaste seletivo. A área da superfície dental desgas-
tada deve ser subsequentemente alisada e polida.
1. Um contato oclusal estático, coordenado com o número
máximo de dentes (posição de máxima intercuspidação)
quando a mandíbula está em relação cêntrica à maxila, deve
ser o primeiro objetivo.
a. Uma cúspide contatando prematuramente deve ser redu-
zida apenas se um ponto da cúspide estiver em conta­-
to prematuro tanto na relação cêntrica quanto na relação
excêntrica. Se um ponto da cúspide estiver em conta­-
to prematuro em relação cêntrica apenas, o sulco oposto
deve ser aprofundado.
b. Quando dentes anteriores estão em contato prematuro
em relação cêntrica, ou em relações tanto cêntrica quanto
excêntrica, as correções devem ser feitas por desgaste das
bordas incisivas dos dentes inferiores. Se ocorrer contato
prematuro apenas na relação cêntrica, a correção deve
ser feita por desgaste da inclinação lingual dos dentes
superiores.
c. Normalmente, os contatos prematuros em relação cên-
trica são aliviados desgastando-se as cúspides vestibulares
dos dentes inferiores, as cúspides linguais dos dentes
superiores e as bordas incisais dos dentes anteriores infe-
riores. Aprofundar a fossa de um dente posterior ou a
área de contato lingual na relação cêntrica de um dente
anterior superior muda e aumenta o declive das inclina-
ções da guia excêntrica do dente; embora isso alivie o
trauma na relação cêntrica, pode predispor o dente a
trauma nas relações excêntricas.
2. Após estabelecer uma relação estática, com a distribuição da
tensão sobre o número máximo de dentes em relação cên-
trica, estamos prontos para avaliar o contato do dente oposto
ou a falta de contato nas relações funcionais excêntricas.
Nossa atenção é dirigida primeiro para os contatos do lado
de balanceio. Em casos extremos de contatos patológicos no
lado de balanceio, o alívio pode ser necessário antes mesmo de
os procedimentos corretivos na relação cêntrica serem exe-
cutados. Onde existem contatos de balanceio, é extrema-
mente difícil diferenciar o inofensivo do destrutivo porque
não podemos visualizar a influência desses contatos como
fulcro nos movimentos funcionais do côndilo na fossa arti-
cular. Subluxação, dor, falta de movimento funcional normal
da articulação ou perda de suporte alveolar dos dentes
envolvidos podem ser evidência de contatos em balanceio
excessivos. Contatos no lado de balanceio recebem menos
desgaste friccional que os contatos no lado de trabalho, e
contatos prematuros podem se desenvolver progressiva-
mente com o desgaste. Uma redução no declive das inclina-
ções das vertentes do dente-guia no lado de trabalho
aumentará a proximidades dos dentes no lado de balanceio e
pode contribuir para prematuridades destrutivas. Em todo
desgaste corretivo para aliviar contatos prematuros ou
excessivos em relações excêntricas, deve-se ter cuidado para
evitar a perda de um contato de suporte estático em relação
cêntrica. Esse suporte estático em relação cêntrica pode
existir com a cúspide vestibular inferior encaixando na fossa
central do dente superior ou com a cúspide lingual superior
encaixando na fossa central do dente inferior, ou pode existir
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis
em ambas as situações. Apesar de tanto a cúspide palatina
superior quanto a cúspide vestibular inferior poderem às
vezes ter um contato cêntrico estático no sulco do dente
antagonista, muitas vezes apenas uma dessas cúspides tem
esse contato estático. Nesses casos, a cúspide que contacta
deve ser deixada intocada para manter esse suporte essencial
em relação cêntrica, e todo desgaste corretivo para aliviar
contatos prematuros em posições excêntricas pode ser feito
nas vertentes dos dentes antagonistas. A cúspide vestibular
inferior faz um contato central estático no sulco superior,
mais frequentemente do que a cúspide palatina superior faz
um contato estático no sulco do dente inferior antagonista.
Portanto, o desgaste corretivo é mais frequentemente feito
nas cúspides palatinas superiores.
3. Para obter função e distribuição máximas das tensões fun-
cionais em posições excêntricas no lado de trabalho, o des-
gaste necessário deve ser feito nas superfícies palatinas
dos dentes anteriores superiores. O desgaste corretivo nos
dentes posteriores nesse ponto deve sempre ser feito na
cúspide vestibular dos molares e pré-molares superiores e
na cúspide lingual dos molares e pré-molares inferiores. O
desgaste das cúspides vestibulares inferiores ou das cúspides
palatinas superiores nessa hora pode remover essas cúspides
de seus contatos estáticos no sulco central antagonista em
relação cêntrica.
4. O desgaste corretivo para aliviar contatos prematuros pro-
trusivos de um ou mais dentes anteriores deve ser execu-
tado desgastando-se a superfície palatina dos dentes
anteriores superiores. Os dentes anteriores nunca devem
ser desgastados para trazer os dentes posteriores ao contato,
tanto em posição protrusiva quanto no lado de balanceio.
Na eliminação dos contatos protrusivos prematuros dos
dentes posteriores, nem as cúspides palatinas superiores,
nem as cúspides vestibulares inferiores devem ser desgas-
tadas. O desgaste corretivo deve ser feito nas superfícies dos
dentes antagonistas nas quais essas cúspides contactam na
posição excêntrica, deixando os contatos cêntricos sem
mudança.
5. Qualquer borda afiada deixada pelo desgaste deve ser
arredondada.
Contenção Temporária
Dentes que estão móveis no momento do exame inicial fre-
quentemente apresentam um problema diagnóstico para o
dentista. A causa da mobilidade deve ser determinada e a
decisão então tomada para eliminar o fator causal. A resposta
desses dentes à imobilização temporária seguida de trata-
mento apropriado pode ser útil para o estabelecimento de um
prognóstico para esses dentes e pode levar a uma decisão
racional quanto a eles precisarem ser mantidos ou removidos.
A ­mobilidade secundária resultante da presença de uma lesão
inflamatória pode ser reversível se o processo da doença não
tiver destruído muito do periodonto de inserção. A mobili-
dade primária causada por interferência oclusal também pode
desaparecer após desgaste seletivo. No caso de tipos angulares
de defeitos ósseos, deve-se considerar a regeneração tecidual
guiada como um meio de aumentar os níveis de inserção. Em
algumas situações, no entanto, os dentes ­precisam ser
197
e­ stabilizados em virtude da perda da estrutura de suporte
devida a um processo periodontal.
Os dentes podem ser imobilizados durante o tratamento
periodontal por contenção dos dentes com resina composta,
resinas fibrorreforçadas, com contenções removíveis fundidas
ou com encaixes intracoronários. O último representa um
exemplo do qual a contenção dita em “A” pressupõe o desgaste
das superfícies dos dentes e a incorporação de uma conexão
entre os dentes adjacentes.
Após o tratamento periodontal ser executado, a contenção
pode ser realizada com próteses removíveis ou fixas. A forma
preferencial de contenção permanente usa duas ou mais restau-
rações soldadas ou fundidas juntas. Elas podem ser cimentadas
com cimentos permanentes (fosfato de zinco ou resina) ou
cimentos temporários (óxido de zinco e eugenol). Uma prótese
parcial removível apropriadamente desenhada também pode
estabilizar dentes com mobilidade se a provisão para tal imobi-
lização for planejada conforme a prótese é desenhada.
Uso de um Protetor Noturno
A contenção removível em resina acrílica, originalmente dese-
nhada como um auxiliar na eliminação dos efeitos deletérios do
apertamento noturno e desgaste, tem sido usada para o benefí-
cio do paciente com prótese parcial removível. O protetor
noturno pode se provar útil como uma forma de contenção
temporária se usado à noite quando a prótese parcial removível
for retirada. A superfície oclusal plana previne a intercuspida-
ção dos dentes, o que elimina as forças oclusais horizontais
(Figura 13-14).
O protetor noturno é particularmente útil antes da confec-
ção da prótese parcial removível quando um dos dentes pilares
ficou sem contato antagonista por período prolongado. O liga-
mento periodontal de um dente sem um antagonista sofre
mudanças caracterizadas pela perda de orientação das suas
fibras, perda de suporte ósseo e diminuição do seu espaço. Se
tal dente é subitamente retornado a plena função podem ocorrer
dor e sensibilidade prolongada. Entretanto, se um protetor
Figura 13-14    A contenção removível de resina acrílica com
um plano oclusal liso pode ser efetivamente usado como uma
estabilização temporária e como forma de eliminar forças late-
rais excessivas por hábitos de apertamento e rangimento.
 198 Parte II  Clínica e Laboratório 
noturno é usado para retornar alguma estimulação funcional
ao dente, as mudanças no ligamento periodontal são revertidas
e o curso rotineiro pode ser experimentado quando o dente é
retornado à função plena.
Pequeno Movimento Dentário
O aumento na utilização dos procedimentos ortodônticos jun-
tamente com a odontologia restauradora e protética, tem con-
tribuído para o sucesso de muitos trabalhos pela alteração do
ambiente periodontal no qual elas estão inseridas. Dentes mal
posicionados que antes eram condenados à exodontia devem
ser atualmente considerados para reposicionamento e manu-
tenção. A estabilidade adicional prevista para uma prótese
parcial removível por verticalização de um dente inclinado ou
que sofreu migração pode significar muito em termos de con-
forto para o paciente. As técnicas empregadas não são difíceis
de dominar, e as recompensas em termos de uma melhor odon-
tologia restauradora são enormes.
Cirurgia Periodontal Definitiva (Fase 2)
Cirurgia Periodontal
Após a terapia inicial ser concluída, o paciente é reavaliado
para a fase cirúrgica. Se a higiene oral estiver em seu melhor
nível, e ainda assim bolsas com inflamação e defeitos ósseos
ainda estiverem presentes, uma variedade de técnicas cirúrgi-
cas periodontais devem ser consideradas para melhorar a saúde
periodontal. Os procedimentos selecionados devem ter o
potencial de melhorar os resultados obtidos durante a Fase 1 da
terapia.
A redução ou eliminação das bolsas pode ser alcançada pelo
alisamento radicular quando a causa da profundidade da bolsa
é o edema causado por inflamação gengival. A cirurgia de
retalho posicionado apicalmente, ou ocasionalmente a gengi-
vectomia, podem ser consideradas para a redução das bolsas
supra-ósseas. A ressecção óssea ou a regeneração usando um
retalho é a forma de tratamento cirúrgico comumente empre-
gada para ajudar o tratamento da doença periodontal. Deve-se
notar que a eliminação do processo inflamatório e a recompo-
sição da inserção periodontal são os maiores objetivos da terapia
periodontal.
Retalho Periodontal.  Atualmente, dos vários procedimen-
tos de retalho, a abordagem cirúrgica é o que oferece a maior
versatilidade. A cirurgia de retalho periodontal envolve ou a
elevação apenas da mucosa ou da mucosa e do periósteo. Apesar
de haver várias indicações para elevação do retalho, seu obje-
tivo mais importante é possibilitar o acesso ao osso e às super-
fícies radiculares para completa instrumentação. Outros
objetivos da abordagem do retalho incluem o acesso para eli-
minação das bolsas, controle da cárie, alongamento da coroa a
fim de possibilitar um melhor tratamento restaurador, ampu-
tação radicular ou hemissecção, conforme necessário, e acesso
à bifurcação do dente.
Uma decisão é tomada antes de a cirurgia ser executada se
o objetivo é a ressecção do tecido ósseo a fim de permitir uma
anatomia óssea mais fisiológica e subsequentemente o contorno
gengival, ou regenerar alguma inserção periodontal perdida. No
entanto, muitas vezes precisam ser feitas mudanças durante a
cirurgia baseadas na anatomia dos defeitos seguindo a remoção
do tecido de granulação doente. A ressecção óssea envolve o uso
tanto do procedimento da osteoplastia quanto da osteotomia.
A osteoplastia refere-se à remodelagem do osso sem remover o
osso de suporte do dente; a osteotomia inclui a remoção do osso
de suporte do dente. Consequentemente, o retalho é ampla-
mente aplicado no tratamento da doença periodontal.
Regeneração Tecidual Guiada.  A regeneração tecidual
guiada (RTG) foi definida como aqueles procedimentos que
buscam a regeneração das estruturas periodontais perdidas por
meio de diferentes respostas dos tecidos. A lógica para a RTG
baseia-se na resposta da cicatrização fisiológica dos tecidos após
a cirurgia periodontal. Após a cirurgia periodontal, começa uma
corrida entre os quatro tipos teciduais do periodonto para reco-
brir a superfície radicular. Esses tecidos são o epitélio,
o tecido conjuntivo, o ligamento periodontal (LPD) e o osso.
O epitélio, que migra a uma taxa de 0,5 mm por dia, primei­ro
migra tipicamente ao longo da superfície radicular, prevenindo
nova inserção. Assim, para possibilitar que as células mesenqui-
mais indiferenciadas do LPD e do endósteo do osso recubram a
raiz conta as superfícies, as células epiteliais e as células do tecido
conjuntivo gengival devem ser isoladas. O isolamento durante a
cicatrização inicial possibilita que as estruturas periodontais se
tornem restabelecidas e pode levar a uma melhor saúde do dente
a longo prazo. O procedimento de RTG comumente envolve o
uso de enxerto ósseo juntamente com uma membrana reabsor-
vível (Figura 13-15). Essa técnica tem o potencial para levar a
uma melhora substancial da condição periodontal quando cui-
dadosamente usada em dois –e três– defeitos ósseos e envolvi-
mentos de furca mandibular.
Cirurgia Plástica Periodontal.  A cirurgia plástica perio­
dontal, que já foi anteriormente chamada de “cirurgia muco­
gengival”, refere-se àqueles procedimentos usados para resolver
problemas envolvendo a inter-relação entre a gengiva e a
mucosa alveolar. A cirurgia mucogengival consiste nos proce­
dimentos de cirurgia plástica usados para correção das relações
gengiva-membrana mucosa que complicam a doença perio­
dontal e podem interferir no sucesso do tratamento. São muitos
os objetivos da cirurgia plástica periodontal e incluem a elimi-
nação de bolsas que ultrapassam a junção mucogengival, a
criação de uma zona adequada de gengiva inserida, a correção
da recessão da gengiva pelas técnicas de cobertura radicular,
alívio na tração do freio e de inserções musculares na margem
gengival, e correção de deformidades dos rebordos edêntulos,
feita para possibilitar o acesso ao processo alveolar subjacente e a
correção das deformidades ósseas quando há gengiva inserida
suficiente ou insuficiente, para aprofundamento de vestíbulo e
para auxiliar na terapia ortodôntica. Os procedimentos de
cirurgia plástica periodontal comumente usados incluem o
retalhos com deslizamento lateral, enxertos gengivais livres,
enxertos pediculares, enxertos posicionados coronalmente,
retalhos de dupla papila, retalhos semilunares posicionados
coronalmente, enxertos subepiteliais de tecido conjuntivo e
aumento do rebordo edêntulo usando umas das técnicas men-
cionadas anteriormente. Além disso, a RTG tem sido usada para
os procedimentos da cirurgia plástica periodontal. Recentemente,
o uso do enxerto de matriz dérmica acelular comercialmente
disponível ganhou popularidade. No entanto, o procedimento
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis 199

A B

Figura 13-15    Procedimento de regeneração tecidual guiada (RTG) executado para tratar um envolvimento de furca. A, Dente 46
apresentando um envolvimento de furca grau II com a sonda penetrando 3 mm em direção horizontal. Foi planejado um procedimento
de RTG usando uma combinação de enxerto ósseo e uma membrana não reabsorvível. B, Seguindo a instrumentação manual e
ultrassônica, o aloenxerto de osso congelado desidratado e desmineralizado foi enxertado ao redor da furca. C, Uma membrana não
reabsorvível foi colocada sobre o enxerto ósseo. D, O retalho foi então suturado com um fio não reabsorvível de politetraetileno
expandido. E, Dois meses após a cirurgia, a membrana foi removida. Note a presença de tecido de granulação preenchendo o local da
furca anteriormente exposto. Esse tecido tem o potencial de formar tecido ósseo e fechar o acesso a entrada da furca.
 200 Parte II  Clínica e Laboratório 

A B

Figura 13-16    Recessão gengival tratada com o procedimento de enxerto de tecido conjuntivo subepitelial. A, O paciente apresenta
evidência de grave recessão gengival associada aos dentes 11, 12 e 13. Isso era um problema estético. O paciente também se queixou
de hipersensibilidade associada a esses dentes. Um enxerto de tecido conjuntivo subepitelial foi planejado para ajudar a corrigir a
recessão gengival. B, Aparência clínica 6 meses após o tratamento com enxerto de tecido conjuntivo subepitelial nos dentes 11,12 e 13.
O paciente ficou muito satisfeito com a aparência após a cirurgia, e os sintomas de hipersensibilidade não eram mais clinicamente
significativos.

mais comumente utilizado é o enxerto subepitelial de tecido
conjuntivo (Figura 13-16).
Esses procedimentos em cirurgia plástica devem ser con-
siderados sempre que um dente pilar carecer de gengiva inse-
rida queratinizada adequada e requeira cobertura radicular
para facilitar a construção e manutenção da prótese parcial
removível.
Revisão de Manutenção (Fase 3)
Vários estudos longitudinais recentemente demonstraram a
crescente importância da fase de manutenção para todos os
pacientes que passaram por tratamento periodontal. Isso inclui
não somente o reforço das medidas de controle de biofilme, mas
também por meio da remoção do biofilme e cálculo supra e
subgengival de todas as superfícies radiculares, pelo dentista ou
um auxiliar.
A frequência das consultas de revisão deve ser personalizada
para o paciente, dependendo da susceptibilidade e gravidade da
doença periodontal. Compreende-se agora que pacientes com
histórico de periodontite moderada a severa devem ser inseri-
dos em um sistema de controle de 3 a 4 meses de intervalo para
manter os resultados alcançados pelo tratamento cirúrgico ou
não cirúrgico.
Vantagens do Tratamento Periodontal
O tratamento periodontal feito antes de uma prótese removível
ser confeccionada tem muitas vantagens. Primeira, a elimina-
ção da doença periodontal remove o principal fator causal na
perda dentária. O sucesso a longo prazo do tratamento odon-
tológico depende da manutenção das estruturas orais remanes-
centes, e a saúde periodontal é imprescindível se a perda
posterior puder ser evitada. Segunda, um periodonto livre de
doença apresenta um ambiente muito melhor para correção
restauradora. A eliminação das bolsas periodontais com o
retorno às formas da arquitetura fisiológica estabelece um
c­ ontorno gengival normal em uma posição estável na super-
fície do dente. Assim, a melhor posição para as margens
gengivais das restaurações unitárias pode ser estabelecida
com precisão. Os contornos coronários dessas restaurações
também podem ser desenvolvidos em relações corretas com
a margem gengival, assegurando o grau apropriado de prote-
ção e estímulo funcional aos tecidos gengivais. Terceira, a res-
posta dos dentes estratégicos, porém questionáveis, ao tratamento
periodontal, dá uma importante oportunidade para reavaliar
seus prognósticos antes de a decisão final ser tomada para
incluí-los (ou excluí-los) do desenho da prótese parcial remo-
vível. E por último, a reação total do paciente aos procedimen-
tos periodontais fornece ao dentista uma excelente indicação
do grau de cooperação a ser esperado no futuro.
Mesmo na ausência de doença periodontal, certos procedi-
mentos periodontais podem ser um auxílio inestimável na
construção da prótese parcial removível. Através das técnicas de
cirurgia periodontal, o ambiente dos dentes pilares potenciais
pode ser alterado ao ponto de fazer de um dente outrora ina-
ceitável um retentor mais satisfatório para a prótese parcial
removível.
Preparo Dos Dentes Pilares
Restaurações nos Dentes Pilares
Equipado com os modelos de diagnóstico nos quais a tentativa
de desenho de uma prótese parcial removível foi realizada, o
dentista está apto a realizar o preparo dos dentes pilares com
precisão. A informação em mãos deve incluir a via de inserção
proposta, as áreas dos dentes a serem alteradas e os contornos
do dente a serem mudados, e as localizações dos nichos e planos
guia (Figura 12-5).
Durante o exame e subsequente plano de tratamento, jun-
tamente com um delineamento dos modelos diagnósticos,
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis
cada dente pilar é individualmente considerado quanto ao tipo
de restauração indicada. Dentes pilares apresentando superfí-
cies de esmalte hígidas em uma boca na qual os hábitos de
higiene são evidentes podem ser considerados candidatos para
uso como pilares em próteses parciais removíveis. Não se deve
deixar ser induzido, no entanto, pela promessa de um paciente
em melhorar quando se trata dos hábitos de higiene. A boa ou
má higiene oral é um hábito de longa data e não é muito
provável de ser consideravelmente mudado porque uma
prótese parcial removível está sendo usada. Sendo assim,
deve-se ser conservador na avaliação dos hábitos de higiene
oral do paciente no futuro. Lembre-se de que os grampos em
si não causam cárie dental, e se o indivíduo mantiver limpos
os dentes e a prótese parcial removível não será preciso conde-
nar os grampos de um ponto de vista cariogênico. Por outro
lado, muitas próteses parciais removíveis foram condenadas
como cariogênicas porque o dentista não providenciou a pro-
teção dos dentes pilares, e não por causa do cuidado inade-
quado por parte do paciente.
Coroas estéticas tipo veneer devem ser usadas quando um
pilar canino ou pré-molar for restaurado ou protegido. Menos
frequentemente, o molar terá de ser tratado de uma maneira
que, e exceto para primeiros molares superiores, a coroa total
metálica seja normalmente aceitável.
Quando há cárie proximal nos dentes pilares com superfícies
do esmalte nas faces linguais e vestibulares hígidas, em uma
boca exibindo controle mediano de higiene oral e baixa ativi-
dade de cárie, uma incrustação de ouro pode ser indicada.
Entretanto, o amálgama de prata ou compósito para a restau-
ração desses dentes com cáries proximais não devem ser con-
denados, apesar de ser preciso admitir que uma incrustação
metálica fundida de ouro com maior dureza proverá o melhor
suporte possível para os apoios oclusais, ao mesmo tempo pro-
porcionando uma restauração esteticamente satisfatória. No
entanto, uma restauração de amálgama, apropriadamente con-
densada, é capaz de suportar um apoio oclusal sem escoamento
significativo por um longo período.
A área mais vulnerável do dente pilar é a área gengival pro-
ximal, que fica abaixo do conector menor da armação da prótese
parcial removível e está, assim, sujeita ao acúmulo de detritos
alimentares em uma área mais suscetível a cárie. Mesmo quando
a prótese parcial removível é removida, essas áreas não são
escovadas, o que possibilita que a placa bacteriana (biofilme) e
os detritos permaneçam por longos períodos. Devido a essa
preocupação específica na prótese parcial removível, deve-se
dar especial atenção a essas áreas durante a educação e o acom-
panhamento do paciente. Mesmo quando uma restauração de
coroa total é colocada nessa área mais vulnerável, podem
ocorrer cáries recorrentes. O risco de cárie é mais bem adminis-
trado pelo cuidado doméstico efetivo e pelos procedimentos de
acompanhamento profissional, mais do que pela colocação
de restaurações.
Todas as superfícies proximais do pilar que servirão como
planos-guia para a prótese parcial removível devem ser prepa-
radas de modo que fiquem o mais paralela possível do eixo de
inserção. As preparações podem incluir a modificação do con-
torno das restaurações de cerâmica existentes, se necessário.
Isso pode ser feito com pedras abrasivas ou com pedras diaman-
tadas de acabamento. Uma superfície polida para a restauração
201
cerâmica alterada pode ser obtido usando-se qualquer um dos
vários conjuntos de polimento fornecidos por fabricantes.
Quando se preparam pilares que receberão coroas delinea-
das, é importante planejar a redução do dente necessária para
permitir a colocação de material restaurador suficiente para
a durabilidade, contorno e estética, assim como os contornos
prescritos para a confecção do grampo desejado (Figura 13-17).
Isso pode ser executado primeiramente modificando os con-
tornos axiais dos pilares para aqueles exigidos pela coroa
total, depois começando a redução controlada do dente
(preparo) para acomodar a espessura dos materiais para a
durabilidade, contorno e estética. Isso garante que os padrões
de cera e as coroas resultantes possam ser restaurados da
forma desejada.
Contornando os Padrões de Cera
Técnicas indiretas modernas permitem o contorno dos
padrões de cera no modelo principal com o auxílio da lâmina
do delineador. Todos os dentes pilares a serem restaurados
com restaurações fundidas podem ser preparados de uma vez
e feita uma moldagem que fornecerá uma réplica apurada em
gesso pedra do arco preparado. Os padrões de cera podem
então ser refinados em troqueis individuais separados ou
troqueis removíveis. Todas as superfícies do pilar voltadas
para as áreas edêntulas devem ser feitas paralelas ao eixo de
inserção com o uso do delineador (Figura 13-18). Essa
técnica fornecerá superfícies proximais que serão paralelas
sem qualquer alteração posterior na boca, permitirá o assen-
tamento mais positivo da prótese parcial removível ao longo
do eixo de inserção e fornecerá a menor quantidade de
espaço indesejável embaixo dos conectores menores para o
acúmulo de detritos.
Nichos
Após as superfícies proximais dos padrões de cera estarem
paralelas e os contornos vestibulares e linguais estabelecidos
para satisfazer as exigências de estabilidade e retenção com a
melhor colocação estética possível dos braços dos grampos, os
nichos oclusais devem ser preparados no padrão de cera e não
na restauração finalizada. A colocação de nichos oclusais deve
ser considerada no momento em que os dentes são preparados
para receber as restaurações fundidas, de modo que haverá folga
suficiente abaixo do assoalho do nicho oclusal. Muitas vezes,
uma restauração total fundida é cimentada na boca em um pilar
de prótese parcial removível sem qualquer provisão para o
apoio oclusal feito em padrão de cera. O dentista então prepara
um nicho oclusal na restauração fundida, estando sempre cons-
ciente do fato de poder perfurar a restauração durante o pro-
cesso de formação do nicho. O resultado infeliz é normalmente
um nicho mal formado que é muito raso.
Se a estrutura do dente foi removida para permitir a coloca-
ção do nicho oclusal, este deve ser perfeitamente colocado no
padrão de cera usando uma broca esférica número 8 para dimi-
nuir a crista marginal e estabelecer a forma do contorno do
apoio e depois usando uma broca esférica número 6 para apro-
fundar levemente o assoalho do nicho dentro dessa crista mar-
ginal diminuída. Essa abordagem fornece um apoio oclusal que
satisfaz melhor os requisitos, de modo que qualquer força
 202 Parte II  Clínica e Laboratório 

A B

C D

Figura 13-17    A, Modelo de diagnóstico em uma melhor orientação para todos os pilares considerados. A linha de delineamento
vestibular está muito próxima à gengiva marginal e a superfície distal não serve para a preparação do plano guia. Uma coroa fresada
é indicada. B, Os contornos do pilar apropriados ao desenho do grampo (plano-guia distal e reentrância mesiovestibular de 0,03 cm)
são produzidos em cera. C, O modelo da preparação do pilar fornece a redução da superfície vestibular adequada para repor com
material metalocerâmico no contorno necessário. Sem a consideração cuidadosa das necessidades da colocação da linha de delinea-
mento antes e durante o preparo, é fácil reproduzir contornos incorretos nas coroas finalizadas. D, O modelo da coroa delineada
assentada demonstra os contornos desejados para o desenho do grampo escolhido.

oclusal será axialmente direcionada e que haverá a menor inter-
ferência possível à oclusão com os dentes antagonistas.
Talvez a função mais importante de um apoio seja a divisão
das tensões da prótese parcial removível para fornecer a melhor
eficiência com o menor efeito prejudicial aos dentes pilares.
Para uma prótese parcial removível de extremo livre distal, o
apoio deve ser capaz de transmitir as forças oclusais aos dentes
pilares em uma direção vertical apenas, desse modo permi-
tindo a menor tensão lateral possível a ser transmitido aos
dentes pilares.
Por essa razão, o assoalho do nicho deve inclinar em direção
ao centro do dente de modo que as forças oclusais, na medida
do possível, sejam centralizadas sobre o ápice da raiz. Qualquer
outra forma que não a de colher pode possibilitar um trava-
mento do nicho oclusal e a transmissão de forças de torção para
o dente pilar. Um tipo de relação bola-e-soquete entre o nicho
e o dente pilar é o mais desejável. Ao mesmo tempo, a crista
marginal deve ser diminuída de modo que o ângulo formado
pelo apoio oclusal e o conector menor fique acima da superfície
oclusal do dente pilar o mínimo possível e evite interferência
com os dentes antagonistas. Simultaneamente, deve ser dado
volume suficiente para impedir enfraquecimento no apoio
oclusal na crista marginal. A crista marginal deve ser diminuída
e ainda não ser a parte mais profunda da preparação do apoio.
Para tornar possível que as cargas oclusais sejam direcionados
ao centro do dente pilar, o ângulo formado pelo assoalho do
apoio oclusal com o conector menor deve ser menor que 90
graus. Em outras palavras, o assoalho do apoio oclusal deve
inclinar levemente da crista marginal diminuída em direção ao
centro do dente.
Essa forma apropriada pode ser prontamente conseguida no
padrão de cera se for tomado cuidado durante a preparação da
coroa ou incrustação para fornecer a localização do apoio. Se
forem usadas restaurações diretas, deve haver volume suficiente
 Capítulo 13  Preparo da Boca para as Próteses Parciais Removíveis 203

A B

C Figura 13-18    A, Visão oclusal dos padrões de cera dos contor-

nos inteiros, que serão esplintados entre as coroas e através da
linha média com uma barra de contenção calibre 13. Os apoios são
evidentes nas superfícies linguais dos padrões de cera dos pilares.
B, Padrões de cera mostrando o recorte vestibular para porcelana.
As superfícies bilaterais do plano-guia serão reproduzidas em metal
e são paralelas ao eixo de inserção. C, Um pilar com coroa veneer
com uma altura do contorno apropriada e uma retenção de 0,05 cm
para o retentor de fio trefilado. D, Contenção entre as coroas dos
retentores e através da linha média. A barra de contenção com
suporte vertical adicionado promove retenção indireta. E, Prótese
E
inserida intraoralmente.

nessa área para possibilitar a forma apropriada do nicho oclusal
sem enfraquecer a restauração. Há evidência insuficiente para
mostrar que as restaurações diretas usadas como nichos ajam
igualmente ao esmalte. Quando o nicho é colocado em esmalte
hígido, isso é mais bem realizado com o uso de brocas esféricas
de carbide (tamanhos número 4, 6 e 8), que deixam uma super-
fície suave de esmalte.
Os preparos do nicho em esmalte hígido (ou em restaura-
ções existentes que não serão substituídas) devem sempre
seguir o recontorno das superfícies proximais do dente. A
preparação das superfícies proximais do dente deve ser feita
primeiro porque se a porção oclusal do nicho é colocada
­ rimeiro e a superfície proximal do dente é alterada depois,
p
a forma do contorno do nicho muitas vezes fica irreparavel-
mente alterada.
Seguindo o recontorno da superfície proximal (prepara-
ção dos planos guia), usa-se uma broca circular maior é
usada para diminuir a crista marginal em 1,5 a 2,0 mm, ao
mesmo tempo criando a forma relativa do contorno do
nicho. O resultado é uma preparação do nicho com crista
marginal diminuída e forma grosseira de contorno estabele-
cida, porém sem aprofundamento suficiente da preparação
do nicho em direção ao centro do dente. Uma broca circular
menor (uma número 4 ou 6) pode então ser usada para
 204 Parte II  Clínica e Laboratório 
aprofundar o assoalho do nicho em uma inclinação gradual
em direção ao centro do dente. Os prismas do esmalte são
então suavizados pela ação de aplainamento de uma broca
circular girando com pouca pressão. Pontas de borracha
abrasivas são suficientes para completar o polimento da pre-
paração do nicho.
O sucesso ou fracasso de uma prótese parcial removível
depende de quão bem foram realizados os preparos da boca.
Somente por meio do planejamento inteligente e da execução
competente dos preparos da boca é que a prótese pode restaurar
satisfatoriamente as funções dentais perdidas e contribuir para
a saúde dos tecidos orais remanescentes.