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1 Introdução
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(infiltrado inflamatório prevalentemente neutrofílico) desenvolvem-se neste tecido nas
adjacências da dentina comprometida (LEONARDO, 2008).
Poder-se-ia considerar que, nos casos de exposição pulpar, o tecido pulpar com aspecto
macroscópico de viabilidade, mesmo podendo apresentar microabscessos, não se apresenta
internamente infeccionado, ou seja, os canais radiculares e o periodonto apical estão, embora
inflamados, assépticos.
4 Peculiaridades da Infecção Endodônticas nos Dentes com Necrose sem Lesão Apical
Nos dentes com necrose pulpar originadas da cárie dental, mas sem lesão apical
detectável radiograficamente, observam-se espécies microbianas. Logo no início da necrose
pulpar, prevalecem os microrganismos aeróbios que se multiplicam rapidamente produzindo
enzimas, como a colagenase, que promove a destruição fibrilar, como também, hialuronidase,
condroitinase, hemolisina, fosfatase ácida e a nuclease que desorganizam a distribuição de
substância fundamental impedindo as trocas metabólicas no tecido pulpar. Depois desta ação
enzimática, dá-se a gangrena pulpar que é a modificação do tecido necrótico pelos
microrganismos. A decomposição tecidual gera o que segue:
=> anidrido carbônico;
=> aminas (cadaverina, putrescina e neuridina).
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2008). Os tecidos vivos citados ainda podem promover um ambiente de aerobiose na luz do canal
radicular principal dando condições para a predominância de microbiota aeróbia pela elevada tensão de
oxigênio neste cenário.
No entanto, salienta-se que os restos pulpares necróticos, os subprodutos bacterianos, a
temperatura corpórea próxima aos 37 graus centígrados e a deficiência das defesas imunológicas
do hospedeiro em função da destruição tecidual pulpar do canal radicular principal são fatores
que propiciam o desenvolvimento bacteriano.
Conforme as bactérias aproximam-se do forame apical, ocorre a sucessão (shift)
bacteriana em função do comprometimento do suprimento sanguíneo.
As bactérias, as toxinas bacterianas e os produtos da decomposição tecidual causam
reações periapicais, a saber:
=> proliferativas (granulomas e cistos);
=> exsudativas (abscesso).
Os casos nos quais ocorre a necrose pulpar sem lesão periapical aparente ao exame
radiográfico, observam-se o que segue:
=> ausência de microrganismos nos tecidos apicais;
=> ausência de microrganismos nos tecidos periapicais;
=> ausência de áreas de reabsorção de cemento na superfície apical externa.
Figura. Diagnóstico de necrose pulpar sem lesão apical ao exame radiográfico apresentando
ápice radicular intacto (LEONARD, 2008)
Nos casos da necrose pulpar ocorrer em função de injúria física (trauma ou preparo
cavitário sem refrigeração) ou química (monômero residual de polimerização incompleta de
resina composta sem proteção pulpar em cavidade profunda), devido à ausência de ação do
sistema imunológico no compartimento pulpar, a infecção acaba por ocorrer, por exemplo, por
via anacorética (bacteremia transitória).
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5 Da Infecção Endodôntica nas Necroses Pulpares COM Lesão Detectável Radiograficamente
A infecção endodôntica nos casos com lesões periapicais pode ser caracterizada como
sendo mista, na medida em que é composta por anaeróbios e aeróbios na proporção de dois para
um (2:1), respectivamente. Considera-se, ainda, que a infecção nos casos com lesões periapicais
é polimicrobiana primeiramente compostas por bactérias Gram negativas, sendo que se observa,
na literatura, que, nos casos com necrose pulpar com lesão, ocorre a predominância de bactérias
anaeróbias obrigatórias Gram negativas que pode chegar à proporção de 4:1 em relação aos
aeróbios, embora também ocorram os anaeróbios Gram positivos (LEONARDO, 2008).
Como exemplo, citam-se o "Streptococcus mutans" (bactéria Gram positiva aeróbia), o
"Peptostreptococcus micros" (Gram positiva anaeróbia), a "Prevotella intermedius" e o
“Porphyromonas gingivalis” (bactérias Gram negativas anaeróbias).
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Figura. À esquerda, espessura ou massa dentinária infectada (LEONARDO, 2008). No centro e à direita,
bactérias nos túbulos dentináros (TORABINEJAD; WALTON, 2010).
5.2 Das Peculiaridades da Infeção Endodôntica nas Necroses Pulpares com Lesão Periapical
As bactérias organizadas em biofilme podem ficar até mil vezes mais resistentes ao
sistema imunológico do hospedeiro, bem como aos agentes terapêuticos antimicrobianos.
Percebe-se a prevalência de cocos no biofilme bacteriano da superfície apical externa.
Leonardo (2008), repercutindo a literatura científica, relata que os microrganismos estão
presentes em 100% das lesões periapicais, dentre eles, as bactérias como, p. ex., o
“Actinomyces viscosus”.
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Com relação à infecção endodôntica dos dentes com necrose pulpar associada à lesão
periapical, a literatura científica citada por Leonardo (2008) aponta para o seguinte:
=> prevalência de bactérias anaeróbias em 64% a 90% dos casos de necrose pulpar
=> prevalência de bactérias anaeróbias Gram negativas estritas de 50 a 68% dos casos,
principalmente nos cinco milímetros apicais,
=> a presença de microrganismos anaeróbios somente nos casos com lesão periapical,
=> quanto maior a lesão periapical, maior a quantidade de cepas microbianas,
=> maior número de microrganismos em periapicopatias agudas,
=> correlação dos agudecimentos periapicais com microrganismos anaeróbios obrigatórios
(“Bacteroides melaninogenicus”/“Prevotella melaninogenica”).
A transição da microbiota inicial Gram positiva para microbiota Gram negativa sugere ocorrer
um processo de sucessão (“Shift”) de espécies microbianas ao longo do desenvolvimento da doença.
Figura. Infecção endodôntica primária segundo Leonardo (2008) repercutindo Izabel Yoko Ito.
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significativa em dentes com tratamento endodôntico fracassado (periapicopatias secundárias).
Entre os fungos, o gênero "Candida" é o mais prevalente. A "Candida albicans" é a espécie
predominante entre as demais ("Candida glabrata", "Candida guilliermondii", "Candida
inconspicua" e "Geotrichum candidum"). A "Candida albicans" tem a capacidade de congregar-
se com bactérias Gram positivas do gênero "Streptococcus" ("Streptococcus gordonii",
"Streptococcus mutans" e "Streptococcus sanguis") facilitando a formação do biofilme
promovendo meio de sobrevivências para outros microrganismos os quais podem coabitar ou
suceder os microrganismos que chegaram antes ou, até mesmo, iniciaram o biofilme
(WALTIMO et al., 2003; WALTIMO et al., 2004; BARBIN, 2008).
A "Tannerella forsythensis"/"Bacteroides forsythus" vem sendo identificada como
muito frequente nas necroses com lesões periapicais, bem como o "Porphyromonas
endodontalis", este com frequência de 57,7% dos casos.
Relata-se, ainda, que nos casos com necrose pulpar com lesão periapical nítida e/ou
acentuada, observam-se:
=> anaeróbios em 100% dos casos (“A. viscosus”, “P. intermedia”, “F. nucleatum”, “P. gengivalis”);
=> reabsorção cementária apical em áreas extensas em 100% dos casos;
=> os morfotipos microbianos mais frequentes são os cocos, os bacilos, os filamentosos;
=> a associação mais frequente são de cocos-bacilos e de cocos-filamentosos;
=> biofilme bacteriano apical na superfície externa de cemento reabsorvido em 100% dos casos.
Figura. Diagnóstico de necrose pulpar com lesão apical ao exame radiográfico apresentando
ápice radicular com erosão do cemento (LEONARD, 2008).
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Figura. Diagnóstico de necrose pulpar com lesão apical ao exame radiográfico apresentando
microrganismos na erosão do cemento na superfície radicular apical externa.
No centro, em maior aumento, observam-se cocos. À direita, filamentosos (LEONARD, 2008).
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Com relação às endotoxinas, observa-se na literatura revisada por Leonardo (2008) o
que segue:
=> a concentração de endotoxinas é maior nas necroses pulpares que nas polpas com vitalidade
pulpar;
=> dentes sintomáticos apresentam maiores níveis de endotoxinas que os assintomáticos;
=> dentes com rarefação óssea apical apresentam maior concentração de endotoxinas que os
sem lesão detectáveis radiograficamente;
=> o LPS bacteriano vem sendo relacionado com a ativação da ação clástica.
5.2.1 Da Infeção Endodôntica em dentes com tratamento endodôntico (obturados) COM Lesão
Periapical Persistente
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periapicais, bem como inexistência de áreas de reabsorção de cemento na superfície apical
externa e, ainda, poderia ocorre o coto pulpar (LEONARDO, 2008). Neste caso, a penetração
desinfetante, ou melhor, a neutralização progressiva do conteúdo necrótico, séptico e tóxico no
sentido da coroa para o ápice (detoxificação progressiva) até o comprimento real de trabalho
(CRT) cujo limite apical deverá ser estabelecido à 1,5 milímetro do ápice radiográfico (de 1 a 2
milímetros do ápice radiográfico) é oportuna (LEONARDO, 2008).
Nos casos de necrose pulpar associada à lesão apical evidenciada radiograficamente, é
necessário que se realize a penetração desinfetante, ou melhor, a neutralização progressiva do
conteúdo necrótico, séptico e tóxico no sentido da coroa para o ápice até o comprimento real do
dente (CRD), portanto, finalizando com [a patência foraminal] e com o desbridamento
formainal com limas compatíveis de reduzido calibre (LEONARDO, 2008).
7 Considerações Finais
Quadro. Gêneros Bacterianos Representados nas Infecções Endodônticas (TORABINEJAD; WALTON, 2010).
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Figura. Prevalência de bactérias detectadas em infecções endodônticas primárias de dentes com diferentes
manifestações da periodontite apical (TORABINEJAD; WALTON, 2010).
8 Bibliografia
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