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PERIODONTIA

Professora Ana Cristina Kovalik

O objetivo deste texto é o aprendizado sobre noções básicas da perio-


dontia, assim como a anatomia do periodonto e sobre as causas da doença
periodontal.

Periodontia é a especialidade da odontologia relacionada aos procedi-


mentos de prevenção e tratamento de alterações gengivais e perda óssea al-
veolar. O termo periodontia tem sua origem no latim onde "peri" significa em
volta, "odont" significa dente, e "itis", significa inflamação.

O periodonto é formado anatomicamente pelo periodonto de proteção:


mucosa ceratinizada (gengiva) e mucosa alveolar que revestem a superfície
óssea, e pelo periodonto de sustentação composto por ligamento periodontal,
cemento radicular e osso alveolar.

- Junção Mucogengival: é uma linha detectada visualmente que separa a gen-


giva inserida da mucosa alveolar.

Além disso, há outras estruturas que fazem parte da anatomia como:

- Ranhura gengival: é visualizada em 50% de população como uma depressão


linear rasa que separa a gengiva marginal livre da gengiva inserida;

- Mucosa Alveolar: ou mucosa de revestimento está localizada mais apicalmen-


te e separada da gengiva pela junção mucogengival. É constituída por pouca
ou nenhuma queratina, sendo, portanto, sua consistência mais frouxa e por
isso também há a existência grande quantidade de vasos sanguíneos, o que
proporciona a coloração mais avermelhada;

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- Papila Interdental: ou gengiva interdentária ocupa a ameia gengival, isto é,
forma-se acima do ponto de contato oclusal. Os bordos laterais e as pontas das
papilas interdentárias são formados pela continuação da gengiva marginal dos
dentes adjacentes. A porção intermediária consiste em gengiva inserida.

A inflamação é a característica patológica central da doença periodontal


e o acúmulo da placa bacteriana é o fator responsável pela indução do proces-
so inflamatório do hospedeiro.

A placa bacteriana também denominada de biofilme dental é formada


por agregados bacterianos em proliferação que ocorrem sobre os dentes ou
outra estrutura sólida da cavidade bucal, inclusive restaurações removíveis ou
fixas. Composição: de 70% a 80% formada por bactérias dispersas num gel
que é matriz intermicrobiana formada por glicoproteínas salivares, proteínas,
material lipídico, células epiteliais descamadas em virtude da alta taxa de reno-
vação, linfócitos que estão em constante migração, e polissacarídios extracelu-
lares que facilitam a ligação entre a bactéria e o dente. Além das bactérias há a
presença de ouros microorganismos como Mycoplasma, fungos, protozoários e
vírus. Sua adesão ocorre inicialmente através de interações bacteriana com o
dente e então através de interações físicas e fisiológicas entre diferentes espé-
cies dentro da massa microbiana. Além disso, a bactéria encontrada na placa
de biofilme é fortemente influenciada por fatores do meio ambiente externo,
que podem ser mediadas pelo hospedeiro. Portanto, a saúde periodontal pode
ser considerada um estado de equilíbrio na qual a população bacteriana coe-
xiste com o hospedeiro (cavidade bucal) e não ocorre dano irreparável para
ambos. A quebra desse equilíbrio pelo acúmulo de placa bacteriana causa alte-
rações tanto no hospedeiro como no biofilme bacteriano e tem como resultado
final a destruição do tecido conjuntivo do periodonto e do tecido ósseo ao redor
dos dentes. Isso pode ocorrer quando há um aumento do número de microrga-
nismos em virtude aumento da placa bacteriana devido a uma higienização
deficiente ou pela diminuição da resposta imune do hospedeiro.

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As manifestações clínicas da doença periodontal resultam de uma inter-
relação complexa entre os agentes etiológicos, neste caso bactérias específi-
cas encontradas na placa e os tecidos do hospedeiro além de uma grande
quantidade de fatores coadjuvantes (que não desencadeiam a doença, mas
colaboram no seu aparecimento) como fatores locais ou sistêmicos, que modi-
ficam o curso da doença.

Para que haja o desenvolvimento da doença periodontal é necessário a


presença da microbiota subgengival onde predominam microorganismos gram
negativos. A principal característica dos gram negativos é a presença de lipo-
polissacarídios em sua membrana celular. Estes irão ativar a resposta inata
(inflamação) e posteriormente a resposta imunológica do hospedeiro na tentati-
va de limitar a invasão bacteriana no tecido. Surgem então os sinais clínicos da
DP que são: gengiva edemaciada (inchada), sangramento gengival, formação
de bolsas periodontais (aprofundamento do sulco gengival acima de 3 mm),
perda de tecido ósseo alveolar.

A resposta do hospedeiro que irá desencadear alterações do metabolis-


mo ósseo do tecido conjuntivo pode ser influenciada por fatores genéticos (he-
rança genética), fatores etiológicos locais e fatores sistêmicos.

Estes não iniciam o desenvolvimento da DP. Os principais causadores


são as bactérias do biofime e a resposta do hospedeiro.

FATORES LOCAIS: placa bacteriana, cálculo dental (tártaro), respiração bucal,


restaurações com excesso marginal, próteses mal adaptadas, má oclusão, dis-
positivos ortodônticos, fumo, impacção alimentar, alterações mucogengivais,
aspectos anatômicos, trauma de oclusão.

As principais bactérias que causam a doença periodontal são: Capnocytophaga


ochracea, Actinomyces israelli, Atctinomyces naeslundii, Prevotella loescheii,
Fusobacterium nucleatum, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Treponema
sp., Porphiromonas gingivalis, Prevotella intermedia e outros que promovem a

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co-agregação bacteriana em forma de “espiga de milho” ou em “forma de esco-
va”.

A doença periodontal divide-se em gengivite e periodontite. Gengivite:


inflamação do tecido gengival sem afetar o tecido de sustentação (osso alveo-
lar). Os sintomas mais comuns são inchaço, vermelhidão ao redor do contorno
dos dentes, exsudato e sangramento espontâneo ou durante a escovação e o
uso do fio dental. Periodontite: além da inflamação gengival, ocorre a destrui-
ção do cemento, do ligamento periodontal e a perda óssea. Em casos mais
severos pode ocorrer a perda do elemento dental. Quando a periodontite está
instalada, os sintomas da gengivite se intensificam, o mau hálito se torna per-
sistente, o paladar fica alterado e seus dentes parecem mais longos por causa
da reabsorção óssea e da retração gengival. Dor é uma queixa nem sempre
presente nesses pacientes.

A Academia Americana de Periodontia classificou a doença periodontal


de acordo com vários fatores como:

- idade do paciente, quando do início da atividade da doença periodon-


tal, pois há tipos de doenças que acometem mais jovens ou mais adultos;

- velocidade e progressão da doença;

- distribuição das lesões (localizada e generalizada);

- presença de alterações sistêmicas;

- especificidade da microbiota envolvida (normalmente as doenças peri-


odontais são desenvolvidas por grupos de microorganismos, porém no caso da
periodontite juvenil localizada há o predomínio do Actinobacillus actinomyce-
temcomitans).

- alterações em mecanismos imunológicos (indivíduos com alteração


imunológica são mais predisponentes à DP)

- respostas ao tratamento.

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REFERÊNCIAS
CARRANZA Jr., F.A.; NEWMAN M.G.; TAKEI H.H.; KLOKKEVOLD P.R. Car-
ranza Periodontia clínica, 11o ed., Ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2012.
LINDHE, J. Tratado de periodontologia clínica e implantologia oral, 5o ed., Ed.
Guanabara Koogan – Grupo Gen, Rio de Janeiro 2010.

LOBAS, C.F.S; RITA, M.M.; DUARTE, S.; ROMERO, M.; ORTEGA, K.L.O. Técnico
em Higiene Dental e Auxiliar em Saúde Bucal. 2ª ed., Ed. Santos, São Paulo.

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