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Lesões causadas

por próteses
removíveis
Adrián Bouzas Caamaño - 28821
Índice

1. Introdução
2. Desenvolvimento
2.1. Estomatite
2.2. Queilite angular
2.3. Úlceras traumáticas
2.4. Queratose friccional
2.5. Hiperplasia inflamatória
2.6. Granuloma piogénico
2.7. Candidíase
3. Conclusão

4. Bibliografia
1. Introdução
A proporção de adultos parcialmente desdentados tem vindo a
aumentar, que se devem em parte ao aumento da esperança
média de vida, ao aumento população idosa (1). O edentulismo é
termo usado para designar o estado sem dentes naturais, que
pode ser total ou parcial. Uma dentição normal e saudável é
essencial para o bem-estar e qualidade de vida. Os pacientes com
edentulismo são afetados em vários aspetos e condições de saúde,
uma vez que a perda dos dentes afeta a mastigação e a fala, além
de ter um grande impacto ao nível estético, que, por sua vez, afeta
a qualidade de vida (2).
1. Introdução

São várias as causas etiológicas para o edentulismo, sendo doenças


microbianas ou genéticas as principais causas, além dos fatores
comportamentais, causas iatrogénicas, traumáticas ou terapêuticas. Menor
nível educacional, menos poder económico, estão diretamente relacionados
com menos cuidados de saúde oral e consequentemente com uma maior
incidência de perda dentária (4).

A prótese dentária é um ramo da odontologia que se ocupa do diagnóstico,


planeamento do tratamento, reabilitação e manutenção da função oral,
conforto, aparência e saúde de pacientes com condições clínicas associadas
a perda de dentes. O objetivo mais importante da restauração é reabilitar a
função oral, especialmente a função mastigatória, além de melhorar a
estética e auxiliar a fala (5).
1. Introdução

A presença de uma prótese na boca apresenta inúmeros desafios tanto para


o paciente quanto para o clínico. Uma prótese está em íntima associação
com a mucosa oral, portanto, processos de irritação e inflamação são
frequentes nos portadores de próteses. Por outro lado, a colocação de uma
prótese dentária removível provoca alterações ao nível da placa bacteriana,
aumentando os processos inflamatórios da cavidade oral. A acumulação de
microrganismos na superfície ou nos rebordos das próteses podem causar
lesões como úlcera traumática, queratose, candidíase, hiperplasias fibrosas
inflamatórias e o granuloma piogénico (7).

O objetivo do presente trabalho consiste, através de uma pesquisa


bibliográfica, efetuar uma revisão sobre as principais lesões orais causadas
pelo uso de próteses dentárias removíveis.
2. Desenvolvimento

É comum observar lesões da cavidade oral relacionadas com o uso inadequado de próteses removíveis. Um estudo de 2019,
reportou que aproximadamente 45% dos pacientes que apresentam lesões da mucosa oral a causa está associada com o uso de
próteses dentárias.

As lesões provocadas pelas próteses removíveis podem ser classificadas em agudas e crónicas. As lesões agudas devem-se
fundamentalmente nos casos de próteses novas mal ajustadas e forças oclusais mal distribuídas, que provocam irritação dos
tecidos. As lesões crónicas resultam do uso prolongado da prótese, com alteração gradual dos tecidos.

Apesar do uso da melhoria das técnicas de produção de próteses dentárias, podem surgir lesões na mucosa oral devido ao uso de
próteses. A prótese em si, a má higiene oral, o uso prolongado da prótese mal ajustada induzem alterações ao nível da mucosa
oral. As lesões mais frequentemente associadas ao uso de próteses removíveis são descritas a seguir:
2.1 Estomatite
A má higiene oral é comum entre os pacientes com próteses removíveis, criando uma superfície para a adesão de
microrganismos. Esses microrganismos formam biofilmes acabando por se desenvolver placa bacteriana na prótese que
muitas vezes é visível. A exposição à placa bacteriana da prótese causa alterações inflamatórias nos tecidos moles da área
de suporte da prótese. Estomatite é o termo amplamente usado para descrever esta alteração inflamatória, sendo por vezes
também designada de candidíase atrófica. Este tipo de lesão é muito frequente em pacientes com próteses mal adaptadas e
que as utilizam por longos períodos de tempo (11).

A estomatite causada por próteses removíveis foi classificada por Newton em 1962. A estomatite do tipo 1 apresenta-se
como inflamação localizada ou eritema pontual que é mais frequente em pacientes com higiene bucal razoável, mas que
não removem as próteses durante a noite. A estomatite do tipo 2 consiste numa progressão para eritema mais difuso
envolvendo parte ou toda a área de suporte da prótese. Quando esta condição se prolonga por muito tempo, os
pacientes podem apresentar hiperplasia papilar inflamatória, geralmente no palato duro e rebordo alveolar, que consiste
numa estomatite do tipo 3 (Figura 1) (11).
2.1 Estomatite

A estomatite do tipo 2 consiste numa progressão para eritema mais difuso


envolvendo parte ou toda a área de suporte da prótese. Quando esta condição se
prolonga por muito tempo, os pacientes podem apresentar hiperplasia papilar
inflamatória, geralmente no palato duro e rebordo alveolar, que consiste numa
estomatite do tipo 3 (11).

Outras patologias podem acompanhar frequentemente a estomatite, tais como as


úlceras traumáticas e a hiperplasia de tecidos moles. A queilite angular também pode
coexistir com a estomatite, particularmente em pacientes imunocomprometidos ou
com défice nutricional (11).
2.2. Queilite Angular

A queilite angular (ou estomatite angular) consiste em lesões que afetam os


cantos da boca e é um tipo de lesão da mucosa oral associadas ao uso de
próteses removíveis. Este tipo de lesão consiste num processo inflamatório
localizado nos cantos da boca, que pode ser uni ou bilateral, e que se
caracteriza por um discreto edema, eritema, descamação, e fissuras, que
podem por vezes ser acompanhados por dor ou mesmo sangramento.
Frequentemente a queilite angular está relacionada a agentes infeciosos, tais
com Candida albicans, Staphylococcus aures e Steptococcus, devido à falta de
higiene em paciente com próteses removíveis (12).
2.3. Úlceras traumáticas

As úlceras traumáticas são uma das lesões mais frequentes da cavidade


oral, podendo ter várias etiologias, sendo frequentemente observadas em
pacientes portadores de próstese oral removível e que geralmente está
associada a uma irritação local. Este tipo de lesão pode ocorrer como
consequência da pressão exercida por uma má adaptação da prótese,
normalmente o mais frequente é a sobretensão. Este tipo de lesão
caracteriza-se por uma área central de ulceração que pode estar coberta, ou
não, por membrana purulenta rodeada por halo eritematoso (13, 14).

No tratamento da úlcera traumática, a prótese deve ser removida de forma a


alivar a mucosa afetada, não devendo ser colocada até que esteja totalmente
cicatrizada, e após ser corrigida para que fique melhor adaptada (15).
2.4 Queratose Friccional

A queratose friccional é uma lesão queratócica branca


devido a uma irritação mecânica crónica causada por
vários fatores, incluindo o uso de próteses dentárias
removíveis.

Embora este tipo de lesão possa ser clinicamente


semelhante à leucoplasia, acredita-se que esta seja uma
resposta hiperplásica.

Este tipo queratose são facilmente reversíveis após a


eliminação do trauma e não está documentada a evolução
para malignidade
2.5 Hiperplasia Inflamatória

A hiperplasia inflamatória consiste em lesões


proliferativas benignas que surgem na cavidade oral
como consequência de um traumatismo crónico de
baixa intensidade e que geralmente ocorre no palato
duro.

Esta lesão também é conhecida por “papilomatose da


prótese”.

Este tipo de lesões está relaciona com o uso de


próteses dentárias removíveis e existe uma relação
entre a frequência deste tipo de lesão com o aumento
do tempo de uso de próteses totais ou parciais
removíveis que se encontram mal ajustadas.
2.5 Hiperplasia Inflamatória
A hiperplasia fibrosa, ocorre como uma resposta
inflamatória da mucosa.

Clinicamente é uma lesão patognomónica,


apresenta-se como uma lesão elevada bem
definida, com aspeto de framboesa, com uma
consistência que varia entre firme e flácida,
superfície lisa, coloração semelhante à mucosa
adjacente ou eritematosa, de crescimento lento e
é normalmente assintomática
2.6 Granuloma Piogénico

O granuloma piogénico é uma hiperplasia vascular


inflamatória que ocorre frequentemente na cavidade oral,
como reposta a vários estímulos, como irritação local de
baixo grau ou trauma, que podem ser causados pelo uso de
próteses dentárias removíveis.

O granuloma piogénico consiste no crescimento não


neoplásico de uma massa plana ou lobulada, normalmente
pediculada, nos tecidos orais.

Histologicamente observa-se a proliferação de tecido de


granulação com infiltrado inflamatório e grande capacidade
angiogénica.
2.7. Candidíase

Leveduras pertencentes ao género Candida fazem parte da flora


existente a cavidade oral humana.

A Candida albicans é o microrganismo mais comum na etiologia


da candidíase das mucosas.

A incorporação desta espécie de microrganismo sob a forma de


biofilmes em diferentes biomateriais torna-se num fator de risco
para o desenvolvimento de candidíase.
2.7. Candidíase

A falta de higiene das próteses removíveis em associação com o


trauma causado pela mesmo são fatores que predispõe para o
aparecimento de candidíase oral (18).

Tratamento: a nistatina e a anfotericina b são os mais utilizadas


localmente.
3. Conclusão

As lesões da cavidade oral são causadas principalmente pelo impacto de próteses dentárias, má higiene e danos iatrogénicos.

As lesões orais associadas ao uso de próteses removíveis podem ser a causa de reações agudas ou crónicas associadas à placa
microbiana, reação aos constituintes do material de que esta constituida a prótese ou uma lesão mecânica causada prótese.

As mais comuns são: estomatite, queilite angular, úlceras traumáticas, hiperplasia devido a irritação, cristas flácidas.

Com o objetivo de prevenir ou minimizar a extensão deste tipo de lesões, os indivíduos portadores de próteses dentárias removíveis
devem ser sujeitos regularmente a um exame da cavidade oral e das próteses, que deve ser realizado por um profissional com
conhecimento médico adequado.
4. Bibliografía

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