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Instituto Politécnico Islâmico de Moçambique

Trabalho do primeiro grupo da cadeira de Estomatologia TMG21

Tema: Doenças da Mucosa Oral (Estomatite Aftosa, Gengivoestomatite Herpética, Queilite


Angular, Manifestações Orais da Sífilis)

Discentes Docente

Anita Antônio Armando Dr. Adelino Salazar

Clabrina Leonardo Franscisco

Délio Lemos Muchidão

Helton Sérgio Domingos

Jéssica Nuro Escova

Sozinho Horácio Jaime

Quelimane aos 26 de Março de 2024

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Instituto Politécnico Islâmico de Moçambique

Trabalho do primeiro grupo da cadeira de Estomatologia TMG21

Tema: Doenças da Mucosa Oral (Estomatite Aftosa, Gengivoestomatite Herpética, Queilite


Angular, Manifestações Orais da Sífilis)

Trabalho da cadeira de Estomatologia III°


Semestre, turma 21, referente ao Curso de
Técnicos de Medicina Geral.

Docente: Dr. Salazar

Quelimane aos 26 de Março de 2024

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Índice

Introdução...................................................................................................................................4

Doenças da mucosa oral.............................................................................................................5

Estomatite Aftosa.......................................................................................................................5

Gengivoestomatite Herpética.....................................................................................................7

Queilite angular (quelite)............................................................................................................9

Manifestações orais da sífilis...................................................................................................11

Conclusão.................................................................................................................................13

Bibliografia...............................................................................................................................14

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Introdução

A mucosa oral desempenha um papel fundamental no funcionamento saudável da


cavidade oral, que é essencial para a digestão e comunicação. Além de proteger os tecidos
subjacentes, a mucosa oral também é responsável por facilitar a mastigação, a deglutição e a
fala. Quando a mucosa oral é afetada por condições como aftas, candidíase oral, líquen plano,
leucoplasia ou até mesmo por deficiências nutricionais, isso pode resultar em sintomas que
vão desde leve irritação e dor até lesões graves e ulcerativas.

O diagnóstico preciso dessas condições é essencial para a implementação de um plano de


tratamento eficaz. Isso geralmente envolve a avaliação clínica da mucosa oral e, em alguns
casos, exames laboratoriais, biópsias ou testes de imagem. O tratamento das doenças da
mucosa oral pode variar de acordo com a condição específica, e pode incluir medicações
antifúngicas, corticosteroides tópicos, enxaguatórios bucais especializados, suplementos
vitamínicos ou, em casos mais graves, cirurgia.

Ao explorar mais a fundo essas doenças e compreender suas causas e sintomas, podemos
melhorar a identificação precoce e o tratamento adequado, permitindo assim a manutenção da
saúde bucal e o bem-estar geral dos indivíduos.

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Doenças da mucosa oral

Estomatite Aftosa

Definição

A Estomatite Aftosa é uma condição inflamatória que afecta a mucosa da cavidade oral,
resultando em úlceras aftosas dolorosas e recorrentes. Também é conhecida como aftas.

Etiologia

A causa exacta da Estomatite Aftosa não é totalmente compreendida, mas acredita-se que
envolva factores genéticos, imunológicos, infecciosos e ambientais. O estresse, deficiências
nutricionais e certos alimentos podem desencadear o desenvolvimento de aftas.

Classificação

As estomatites aftosas apresentam inicialmente uma coloração avermelhada, a qual


rapidamente sofre necrose. Há modificação da coloração interna, tornando o centro
esbranquiçado. As ulcerações possuem aspectos clínicos ovais ou arredondados, ocorrem na
língua, bochecha, lábios, palato mole e duro, gengiva, faringe e assoalho da boca. O período
de agravo é entre o 3º e 4º dia, dificultando a fala e alimentação. Clinicamente podem ser
classificadas conforme seu tamanho, forma e localização.

Suas manifestações estão relacionadas quanto a formação de cicatrizes, e podem ser


divididas em três tipos: aftas menores, aftas maiores e herpetiforme 5. As aftas menores têm
maior prevalência dentre as demais, ocorrem em cerca de 80% dos casos. Possuem pequeno
diâmetro, cerca de 1 a 10 mm, com presença de ulcerações múltiplas, cerca de uma a cinco
úlceras na cavidade oral, localizadas nas zonas moles da mucosa, costumam curar-se em 10 a
14 dias, de forma espontânea e sem deixar cicatrizes.

As aftas que apresentam maior severidade, porém menor prevalência são aquelas
classificadas como maiores, as quais apresentam formas circulares e em alguns casos ovais,
com diâmetro de 1 a 3 cm. Podem aparecer em qualquer região da mucosa oral, com maior
incidência nos lábios e palato mole. São consideradas extremamente dolorosas e persistentes,
com duração em torno de semanas a meses e resultam em cicatrizes.

Já, a herpetiforme apresenta rara prevalência, 5 a 10% dos pacientes são afectados. É
dolorosa, e caracterizada por lesões múltiplas com pequeno diâmetro (1 a 3 mm), que

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coalescem, formando úlceras maiores com bordas irregulares. Levam de 7 a 30 dias
paracurar, e podem acometer qualquer região da cavidade oral.

Fisiopatologia

A inflamação nas aftas é mediada por reacções imunológicas locais, envolvendo a


activação de citocinas e células inflamatórias. Os factores desencadeantes desencadeiam a
resposta inflamatória na mucosa oral, resultando em lesões ulcerosas.

Manifestações clínicas

Os sintomas comuns da Estomatite Aftosa incluem úlceras dolorosas na mucosa oral,


geralmente de cor branca ou amarelada com bordas avermelhadas. As aftas podem variar de
tamanho e intimidade e às vezes são acompanhadas de sensação de queimação e desconforto.

Diagnóstico

O diagnóstico da Estomatite Aftosa é geralmente clínico, com base no histórico do


paciente e no exame físico da cavidade oral. Em alguns casos, podem ser necessários exames
adicionais para excluir outras condições.

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial da Estomatite Aftosa inclui outras condições que causam úlceras
na cavidade oral, como infecções virais (herpes oral), doença de Behçet, eritema multiforme e
alergias alimentares.

Conduta

O tratamento da Estomatite Aftosa geralmente envolve medidas paliativas para alívio dos
sintomas, como analgésicos tópicos, enxaguantes bucais específicos e dieta macia. Em casos
graves ou recorrentes, podem ser prescritos medicamentos mais potentes, como
corticosteroides.

O tratamento farmacológico da estomatite aftosa com medicamentos pode incluir o uso de


analgésicos tópicos para aliviar a dor, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para reduzir
a inflamação e a dor, e medicamentos tópicos como a corticosteroides para reduzir a
inflamação. Além disso, enxaguantes bucais antissépticos podem ser utilizados para prevenir

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infecções secundárias e promover a cicatrização. É importante consultar um profissional de
saúde para um diagnóstico adequado e um plano de tratamento personalizado.

Alguns medicamentos usados para tratar a estomatite aftosa incluem:

 Anestésicos tópicos como benzocaína, lidocaína e tetracaína para alívio da dor.

 Enxaguantes bucais com corticosteróides como a dexametasona para reduzir a


inflamação e a dor.

 Analgésicos como paracetamol ou ibuprofeno para aliviar a dor e a inflamação.

 Antissépticos como a clorexidina para prevenir infecções secundárias.

 Antivirais nos casos em que há suspeita de causa viral de estomatite.

Prevenção

Para prevenir a Estomatite Aftosa, recomenda-se manter uma boa higiene bucal, evitar
alimentos irritantes ou desencadeantes, gerenciar o estresse e manter uma dieta equilibrada.
Em alguns casos, suplementos vitamínicos podem ser úteis na prevenção de recorrências.

Gengivoestomatite herpética

Definição

A gengivoestomatite herpética é uma infecção viral aguda que afeta a mucosa da boca e
gengivas, causada pelo vírus herpes simplex (HSV) tipo 1. É uma das manifestações mais
comuns primárias do herpes na infância.

Etiologia e classificação

O agente etiológico principal é o vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1), embora em


algumas situações o tipo 2 (HSV-2) também possa estar envolvido.

Fisiopatologia

O vírus herpes simplex penetra na mucosa através de pequenas lesões, dando início à
infecção. Após a entrada nas células, multiplica-se e causa a liberação de novos vírus. Isso
provoca inflamação na mucosa, levando aos sintomas característicos da gengivoestomatite
herpética.

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Manifestações clínicas

 Dor na boca e gengivas

 Inchaço e vermelhidão na mucosa oral

 Presença de vesículas ou úlceras na cavidade oral

 Dificuldade para se alimentar

 Febre

 Mal-estar geral

Diagnóstico

O diagnóstico é geralmente clínico, baseado nas manifestações clínicas características da


gengivoestomatite herpética. Em alguns casos, pode ser realizada uma raspagem da lesão
para análise laboratorial por cultura viral.

Diagnóstico Diferencial

Deve-se diferenciar a gengivoestomatite herpética de outras condições que apresentam


sintomas semelhantes, como aftas, infecções bacterianas, alergias ou outras infecções virais.

Conduta e Conduta Farmacológica

O tratamento da gengivoestomatite herpética consiste em medidas de suporte para aliviar


os sintomas, como manter uma boa hidratação, evitar alimentos ácidos ou muito
condimentados, e em alguns casos podem ser utilizados medicamentos antivirais.

O tratamento farmacológico pode incluir a administração de antivirais, como o aciclovir,


para reduzir a replicação do vírus e acelerar a cicatrização das lesões.

Prevenção

Para prevenir a gengivoestomatite herpética, é importante evitar o contato próximo com


indivíduos infectados durante surtos ativos da doença, manter uma boa higiene bucal e evitar
o compartilhamento de utensílios pessoais, como copos e talheres. Em casos de recorrência
frequente, o médico pode recomendar o uso de antivirais em baixas doses para prevenção.

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Queilite angular (quelite)

Definição

A queilite angular é caracterizada pela inflamação, rachaduras, vermelhidão e feridas nos


cantos da boca.

Etiologia e classificação

Pode ser causada por vários fatores, incluindo deficiências nutricionais, infecções fúngicas
(principalmente Candida albicans), má oclusão dentária, salivação excessiva,
imunossupressão, e outras condições que levam a um ambiente propício para infecções.

Classificação

A queilite angular, também conhecida como queilite comissural ou queilite angular


estomatítica, é uma inflamação nos cantos da boca, caracterizada por rachaduras,
vermelhidão, dor e até mesmo feridas. Essa condição pode ser classificada como:

 Queilite angular aguda: é normalmente causada por uma infecção fúngica ou


bacteriana, como Candida albicans (sapinho) ou Staphylococcus aureus. Também
pode ser desencadeada por deficiências nutricionais, como falta de ferro, vitamina
B12 e ácido fólico.

 Queilite angular crônica: ocorre quando a inflamação persiste por um longo período
de tempo, muitas vezes devido a fatores como saliva acumulada nos cantos da boca,
mordida inadequada, uso de próteses dentárias mal ajustadas, alergias e condições
imunológicas.

Fisiopatologia

A condição geralmente se desenvolve devido à combinação de fatores como umidade,


fricção, infecções fúngicas e bacterianas.

Manifestações Clínicas

Os sintomas incluem vermelhidão, rachaduras/fissuras, feridas, crostas, dor e sensibilidade


nos cantos da boca.

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Diagnóstico

O diagnóstico geralmente é clínico, feito com base nos sintomas e na aparência das
fissuras na pele dos cantos da boca.

Diagnóstico Diferencial

 Dermatite perioral;

 Herpes labial;

 Eczema.

Conduta

O tratamento da queilite angular pode incluir a correção de fatores predisponentes,


cuidados locais, uso de cremes tópicos, e eventualmente medicamentos sistêmicos.

Conduta Farmacológica

A aplicação de antifúngicos tópicos como o clotrimazol e a prescrição de corticosteroides


tópicos podem ser úteis em alguns casos.

O tratamento da queilite angular geralmente envolve principalmente tratamento tópico,


com o uso de cremes ou pomadas contendo ingredientes como antifúngicos, corticosteroides,
antibióticos ou agentes hidratantes. Alguns dos fármacos que podem ser prescritos para o
tratamento da queilite angular incluem:

 Antifúngicos tópicos, como clotrimazol, miconazol ou nistatina, para tratar infecções


por fungos.

 Corticosteroides tópicos, como hidrocortisona, para reduzir a inflamação e o


desconforto.

 Antibióticos tópicos, como mupirocina, para tratar infecções bacterianas secundárias.

 Agentes hidratantes ou emolientes para melhorar a hidratação da pele afectada.

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Prevenção

Para prevenir a queilite angular, é importante manter uma boa higiene bucal, evitar lamber
os lábios com frequência, manter uma dieta balanceada e corrigir problemas dentários que
possam contribuir para o desenvolvimento da condição.

Manifestações orais da sífilis

A sífilis é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela
pode se manifestar de diferentes formas, sendo a sífilis primária, secundária, latente e
terciária as principais fases da doença. As manifestações orais da sífilis ocorrem
principalmente na forma secundária da doença e podem incluir lesões ulcerativas na mucosa
oral, placas mucosas brancas ou eritematosas, gengivite ulcerativa, entre outros.

Etiologia e classificação

A sífilis é causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria espiroqueta transmitida


principalmente por contacto sexual desprotegido.

Classificação

A sífilis é classificada de acordo com a sua gravidade em estágios. Existem quatro estágios
principais da sífilis:

 Sífilis primária: caracterizada por uma úlcera indolor chamada cancro no local onde
a bactéria penetrou no corpo, geralmente nos genitais, ânus ou boca.

 Sífilis secundária: ocorre algumas semanas após a fase primária e é caracterizada por
erupções cutâneas no corpo, febre, dor de cabeça, dores musculares e outros sintomas
semelhantes aos da gripe.

 Sífilis latente: a fase latente pode ocorrer após a fase secundária, onde não há
sintomas, mas a bactéria continua no organismo. Pode durar anos.

 Sífilis terciária: se não tratada, a sífilis pode progredir para a fase terciária, que afecta
órgãos internos, como o coração, cérebro e vasos sanguíneos, levando a complicações
graves.

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Fisiopatologia

Após a infecção, o Treponema pallidum se dissemina pelo corpo por meio da corrente
sanguínea e do sistema linfático, podendo atingir diversas regiões, incluindo a mucosa oral.

Manifestações clínicas

As manifestações orais da sífilis secundária incluem lesões ulcerativas indolores, placas


mucosas brancas ou eritematosas, gengivite ulcerativa, linfadenopatia, entre outras.

Diagnóstico

O diagnóstico da sífilis oral pode ser realizado por meio de exames clínicos, testes
sorológicos (VDRL, FTA-ABS), exames de imagem e, se necessário, biópsia das lesões. Em
nosso país usamos o RPR (ele indica só a presença de anticorpos, enquanto que o VDRL
identifica o DNA da bactéria).

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial das lesões orais de sífilis deve incluir outras condições como
aftas, estomatites virais, leucoplasias, entre outras.

Conduta

O tratamento da sífilis oral consiste na administração de antibióticos adequados,


geralmente penicilina. Além disso, é importante realizar a avaliação e o tratamento adequado
de possíveis contactos sexuais para prevenir a transmissão da doença.

Conduta farmacológica

A penicilina é o antibiótico de escolha para o tratamento da sífilis em suas diferentes fases.


Em casos de alergia à penicilina, outros antibióticos podem ser considerados.

Prevenção

A prevenção da sífilis oral envolve o uso de preservativos em todas as relações sexuais, o


diagnóstico e tratamento adequado de casos de sífilis, notificação e tratamento de parceiros
sexuais, além da educação em saúde sexual.

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Conclusão

Diversas doenças podem impactar a saúde da mucosa oral, tornando essencial cuidar
adequadamente da cavidade bucal. Entre as condições comuns estão cáries, gengivite,
periodontite, candidíase oral, úlceras aftosas, herpes labial, leucoplasia e líquen plano, cada
uma com suas características e tratamentos específicos. É crucial manter uma rotina de
higiene oral rigorosa, agendar consultas regulares com o dentista e ficar atento a quaisquer
mudanças na mucosa, a fim de garantir um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz.

A prevenção desempenha um papel fundamental na promoção da saúde bucal. Além da


higiene adequada, uma dieta equilibrada é importante para fortalecer os dentes e as gengivas.
Evitar hábitos prejudiciais, como fumar e consumir álcool em excesso, também é crucial para
manter a saúde oral. Ao detectar quaisquer sintomas incomuns na boca ou ter dúvidas, é
essencial procurar a ajuda de um profissional de saúde bucal para obter um diagnóstico
preciso e receber o tratamento adequado.

Cuidar da saúde bucal de maneira preventiva não apenas previne o desenvolvimento de


doenças orais, mas também contribui para o bem-estar geral do corpo. Manter-se consciente e
proativo em relação à saúde da boca pode resultar em uma melhor qualidade de vida e um
sorriso saudável por muitos anos.

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Bibliografia

PAIVA, Tiago Miguel, Lesões Ulcerativas da Cavidade Oral e a Importância do Diagnóstico


Diferencial - Estudo Observacional, Viseu, 2013

SOUZA, Bárbara Capitanio, Manifestações clínicas orais da sífilis, Porto Alegre, 2017

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