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Disciplina: Otorrinolaringologia,

Oftalmologia e Estomatologia

CANDIDÍASE ORAL (CANDIDOSE) E


MANIFESTAÇÕES ORAIS DA SÍFILIS

Docente:
Dra. Izilda Ivala

05-03-2023
Objectivos de Aprendizagem

• Sobre o conteúdo doenças da mucosa oral (candidíase oral e


sífilis) – continuação:

1. Descrever as lesões associadas a doenças da mucosa oral.

2. Identificar e descrever a apresentação clínica das seguintes patologias


orais: Candidíase oral e Sífilis.

3. Descrever o diagnóstico diferencial para cada uma das doenças acima


listadas.

4. Desenvolver a conduta terapêutica apropriada para as doenças acima


mencionadas.
CANDIDÍASE ORAL (CANDIDOSE)

• Definição

• A candidíase oral é a infecção fúngica bucal mais comum no homem,


e por apresentar diversas manifestações clínicas muitas vezes é
difícil fazer o seu diagnóstico.

• Etiologia

• A Candida albicans é um microrganismo comensal da cavidade oral,


aparelho digestivo e vagina. Desta forma conclui-se que a simples
presença do fungo não é suficiente para produzir doença, pelo que
se deve ter em consideração alguns factores predisponentes.
Os factores predisponentes são:

 Imunodepressão de qualquer causa.

 Terapia antibiótica prolongada que destrói a microflora


bacteriana, que é responsável por impedir o crescimento
exagerado da Candida albicans.

 Uso prolongado de corticosteróides (por exemplo, o uso


crónico da prednisolona nos asmáticos);
• Fraca higiene oral.
Quadro Clínico

• A candidíase oral tem várias formas clínicas, e as mais descritas são:

• Candidíase Pseudomembranosa: também conhecida como


“sapinho”, caracteriza-se pela presença de placas brancas aderentes
na mucosa bucal que lembram leite coalhado.
• Estas placas se distribuem na mucosa jugal, palato, e superfície
dorsal da língua. Em casos graves ela se estende até a orofaringe ou
mesmo até ao esófago – candidíase orofaríngea e candidíase
esofágica, respectivamente. Podem ser removidas por raspagem
com um abaixador de língua ou por fricção com uma gaze seca.
Quadro Clínico

Fonte: Pediatric AIDS Pictoral Atlas, Baylor International Pediatric AIDS Initiative
http://www.hiv.va.gov/provider/image-library/oral.asp?post=1&slide=133
Quadro Clínico

•A mucosa à volta da lesão pode estar normal ou


eritematosa.

• Se a candidíase oral evoluir com sintomas, eles são leves.


O paciente refere sensação de queimação da mucosa bucal,
dor á deglutição e um gosto desagradável na boca.
Quadro Clínico

 Candidíase Eritematosa: ao contrário da forma


pseudomembranosa, os pacientes com candidíase eritematosa
não apresentam manchas brancas e nenhum outro
componente branco com aspecto relevante.
 O paciente refere sensação de queimadura na boca e observa-
se uma língua com perda de papilas. A candidíase eritematosa
está muito associada ao uso prolongado de antibióticos de
amplo espectro.
Quadro Clínico

Fonte: Paul A. Volberding, MD, University of California San Francisco


http://www.hiv.va.gov/provider/image-library/oral.asp?post=1&slide=196
Tipo Clínico Aparência e Sintomas Localizações Comuns
Pseudomembranosa Placas brancas, cremosas, Mucosa jugal, língua, palato
(sapinho) sensação de queimação e
halitose
Eritematosa Máculas vermelhas, sensação
Região posterior do palato
de queimação duro, mucosa jugal, dorso
língua.
Glossite romboidal mediana Áreas de mucosa atrófica, Linha mediana na região
vermelhas e assintomática posterior do dorso da língua.
Multifocal crónico Áreas avermelhadas, com Região posterior do palato,
placas brancas removíveis, região posterior do dorso da
sensação de queimação língua, ângulos da boca
Queilite angular Lesões vermelhas fissuradas, Ângulos da boca
irritadas, e com sensação de
ferimento
Leucoplasia por cândida Placas brancas que não Região anterior da mucosa
podem ser removidas. jugal
Assintomática
Mucocutânea Placas brancas, algumas das Língua, mucosa jugal, palato
quais podem ser removidas;
áreas vermelhas
Estomatite por Próteses Áreas eritematosas em torno Em torno da prótese, no
da prótese que desaparece palato
depois de algum tempo de
uso da prótese
Diagnóstico

• O diagnóstico é feito pela anamnese e exame físico, com a


identificação de factores predisponentes e observação de
lesões orais.

• Pode ser feito um exame de citologia esfoliativo (retirar uma


porção da placa para ser observada ao microscópio).
Conduta

 Nistatina suspensão oral, 100.000U.I./ml: 1 ml 4x por dia, após as


refeições. Recomendar ao paciente que deposite a suspensão por baixo
da língua, espalhe-a na cavidade oral e a mantenha por pelo menos 60
segundos. Depois bochechar com um pouco de água e deglutir a mesma.

• Em pacientes seropositivos recomenda-se o uso de 5 ml de nistantina


oral 4x por dia, e continuar o tratamento até pelo menos 48 horas após
resolução das lesões.

• Em casos mais graves ou resistentes à nistatina, trata-se com:

 Fluconazol comprimidos de 200mg oral: 100mg/dia durante 7-14dias


• É importante diagnosticar a doença de base e tratá-la.

• Se a candidíase não responder ao tratamento com


Fluconazol referir para o estomatologista para biopsia para
descartar ou confirmar outras hipóteses como a de C.
Albicans superposta a um carcinoma ou a uma displasia
epitelial.
MANIFESTAÇÕES ORAIS DA SÍFILIS

Sífilis

• A sífilis é uma doença infecciosa sistémica, de transmissão sexual, causada


pelo microrganismo Treponema pallidum. É transmitida pelas seguintes vias:

 Relações sexuais, incluindo os contactos urogenital e anorectal.

 Materno-fetal (sífilis congénita);

 Transfusão de sangue contaminado.

• A infecção pode afectar qualquer órgão do corpo, sendo a pele, as mucosas,


os olhos, o sistema nervoso central e o sistema cardiovascular os mais
envolvidos. A doença tem evolução crónica.
• A Sífilis pode ser classificada de acordo com o tempo de evolução em
estádios clínicos:

(i) Recente (com menos de 1 ano de evolução) e inclui:

 Sífilis primária

 Sífilis secundária

• Sífilis latente precoce

• (ii) Tardia (com mais de 1 ano de evolução) inclui:

 Sífilis latente tardia

• Sífilis terciária
Manifestações orais da sífilis

(i) Sífilis primária


 O cancro típico é uma úlcera, habitualmente única, indolor,
redonda ou oval

• A úlcera é de contornos muito regulares, de 0,5 2cm, com fundo


limpo, superfície lisa, rosada, exsudato claro;

 A base é dura (cancro duro);

 Evolui com adenopatia regional;

 Se não tratada a lesão inicial cicatriza dentro de 3 a 8 semanas;

 As lesões ocorrem mais comummente nos lábios, mas também


em outras regiões como língua, gengiva, palato, e amígdalas.
Manifestações orais da sífilis

Fonte: CDC
Diagnóstico

• É feito com base no quadro clínico. A presença de úlcera


indolor de base dura, associada a adenopatia regional,
história de exposição sexual não protegida nos últimos 3
meses, é fortemente sugestivo de sífilis primária.

• Neste estádio, os testes serológicos RPR (Rapid Plasm


Reagin) e VDRL (Venereal Disease Research Laboratory),
são negativos tornando-se positivos por volta das 6
semanas após a infecção.
Tratamento:

 Penicilina Benzatinica 2,4 milhões UI I.M. dose única

 Em caso de alergia a Penicilina: usar Doxiciclina 100 mg 2x


dia por 14 dias
Sífilis secundária

• Manifestações Clínicas:

• É a fase de generalização da infecção, com aparecimento de sinais e


sintomas gerais. Durante este período surgem sintomas sistémicos tais
como:

 Linfoadenopatia indolor

 Dor de garganta, de cabeça e músculo-esqueléticas

 Anorexia

 Perda de peso
 Febre
 Rigidez da nuca (muito raramente)
Sífilis secundária

• A sífilis afecta principalmente a pele e mucosas e as lesões


são bilaterais e simétricas, aparecendo sob várias formas
(por isso a Sífilis é designada de grande imitadora):

 As lesões são placas mucosas múltiplas não dolorosas de


cor branco acinzentado e cobertas por uma superfície
ulcerada. Aparecem na língua, gengiva e mucosa oral.

• Todas estas lesões contêm treponemas


Sífilis secundária

 As lesões aparecem em surtos sucessivos. Podem persistir


por meses, ou desaparecer espontaneamente mesmo sem
tratamento (caso da sífilis latente), e aparecem mais tarde.
Tem duração de 1 a 6 meses.
Diagnóstico:

• O diagnóstico da sífilis secundária baseia-se na clínica,


associado a história de exposição sexual não protegida nos
últimos 3 meses

• Neste estadio, o diagnóstico pode ser confirmado pelos


testes RPR ou VDRL que são positivos, com valores => 1: 8
diluições.

• Normalmente, estes testes têm títulos mais altos na fase


secundária da doença.
Tratamento:

 Penicilina Benzatinica 2,4 milhões UI I.M. por semana x 3


semanas

 Em caso de alergia a Penicilina: usar Doxiciclina 100 mg 2x


dia por 28 dias
Sífilis terciária

• Manifestações Clínicas:

 A lesão típica da fase terciária é o goma sifilítico intra-oral


que afecta a língua e o palato. Tem forma nodular, firme que
se ulcera e pode produzir perfuração do palato.

 São indolores

 As queixas do doente são geralmente secundariam a dor


óssea, que piora durante a noite.
Sífilis terciária

Fonte: CDC
Sífilis terciária

• Diagnóstico da sífilis terciária: o diagnóstico baseia-se na


clínica

• Tratamento:

 Penicilina Benzatinica 2,4 milhões UI I.M. por semana x 3


semanas

 Em caso de alergia a Penicilina: usar Doxiciclina 100 mg 2x


dia por 28 dias.
Bibliografia

 Netter F. Atlas de Anatomia Humana. 2ª Ediçã o. 2000.


 Moore K; Dalley A. Anatomia Orientada Para A Clínica. 5ª ed.
Guanabara Koogan; 2006.
 Lossow JF. Anatomia E Fisiologia Humana. 5ª ed. Guanabara Koogan;
2001.
 Keith L. Moore, Arthur F. Dalley. Anatomia orientada para a clínica. 5ª
ediçã o. Brasil: Guanabara Koogan; 2007
 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/ima
gem/0000002023/0000024081.jpg
 http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/imagepages/19251.htm
MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA!!!!

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