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Afecções estomatológicas mais comuns em crianças

Mucocele
Aparência: vesícula ou bolha única, com coloração azulada
ou acinzentada ou da cor da mucosa.

Tamanho: 0,1 a 4,0 cm

Localização mais comum: mucosa do lábio inferior

Palpação: pode ser flutuante, borrachóide ou ter


consistência firme.

Sintomatologia: geralmente assintomática. Pode causar


desconforto se o paciente morder

Etiologia: ruptura do ducto de uma glândula salivar, levando a um extravasamento de


mucina para os tecidos moles adjascentes na mucosa adjacente.

Diagnóstico: clínico e histopatológico

Tratamento: geralmente remoção cirúrgica. Algumas vezes, quando há ruptura e liberação


do fluido, ela tem resolução por si só.

Recidiva: comum

Cisto de erupção e hematoma de erupção


Aparência: edema e tumefação localizados na mucosa do
rebordo alveolar na região de um dente em erupção, com
coloração branco ou azulada. O cisto é claro e o hematoma
é azulado.

Localização: mais comum em incisivos centrais decíduos e


primeiros molares permanentes. Parece haver maior
predileção por meninos.

Sintomatologia: assintomático ou apresentar algum


desconforto.

Etiologia: ocorre devido à separação entre o folículo dentário e a coroa dentária do dente
em erupção.

Diagnóstico: clínico

Tratamento: geralmente não há necessidade. Em caso de desconforto, dor ou atraso na


erupção do dente, pode ser feita remoção cirúrgica, para liberar o conteúdo cístico e expor
a coroa do dente.
Hemangioma da infância
Aparência: podem não ser observados ao nascimento e
após os 1os dias de vida, ter um desenvolvimento rápido.
Observa-se um aumento de volume de superfície bocelada,
com coloração avermelhada, firmes à palpação. Essa
coloração vai mudando com o tempo. Por volta dos 5 anos,
a coloração avermelhada é perdida, tendo resolução
completa por volta dos 5 anos de idade, tendo resolução
completa por volta dos 9 anos de idade.

Localização: mais comuns no lábio inferior

Sintomatologia: geralmente não há.

Etiologia: anomalia de desenvolvimento; classificadas como hamartomas, que são na


maioria congênitos e aparecem nos primeiros anos de vida.

Diagnostico: clinico. Diascopia (vitropressão) ou a compressão digital auxiliam na


identificação da lesão. Quando aplicada, a lesão desaparece momentaneamente, voltando
ao aspecto original quando descomprimida.

Tratamento: acompanhamento clinico na maioria dos casos. Importante diagnostico


diferencial com mucocele pois a remoção cirúrgica pode causar hemorragia.

Língua geográfica
Clínico: erosões circulares, serpiginosas, mais comunentes
observadas nos 2/3 anteriores do dorso da língua.
Múltiplas áreas eritematosas bem demarcadas, por
ausência de papilas filiformes, e circundada por halo
ligeiramente elevado e branco. Há períodos de remissão e
exacerbação. É mais comum em mulheres.

Localização: vai alterando

Sintomatologia: geralmente não há sintomatologia


associada, porém pode haver ulceração e, portanto, dor, ardor e queimação, principalmente
em contato com alimentos cítricos ou quimicamente irritantes.

Etiologia: desconhecida. Pode ser associada a fatores exógenos e endógenos, tais como
fatores hereditários, psicogênicos e alergias. Atualmente, se discute se há associação entre
língua geográfica e psioríase.

Diagnóstico: clínico.

Tratamento: geralmente, não há necessidade. Nas fases agudas, evitar alimentação que
possa causar sintomatologia ou irritação.
Infecções oportunistas
Gengivoestomatite herpética primária aguda
Clínica: inicialmente desenvolvem-se inúmeras vesículas
puntiformes na mucosa oral, principalmente língua, gengiva
e palato duro e na região perioral. Rapidamente as vesículas
se rompem, formando lesões ulceradas avermelhadas,
cobertas por fibrina amarelada. as lesões ulceradas podem
coalescer, formando lesões maiores e irregulares. A gengiva
apresenta-se edemaciada, avermelhada e sangrante.
Vesículas em região perioral podem aparecer. Geralmente são
acompanhadas de linfoadenopatia cervical, mal-estar, febre,
inapetência, dificuldade pra se alimentar e irritabilidade.

Sintomatologia: principalmente dor, podendo ser acompanhada por febre.

Etiologia: infecção primária sintomática pelo HSV-1 ou HHV-1.

Diagnóstico: clínico e, se não for possível, exames de citologia esfoliativa, biópsia e sorologia.

Tratamento:

- casos brandos: autorresolução em período de até uma semana.

- com sintomatologia dolorosa: suporte clinico (antitérmicos, antiinflamatórios,


analgésicos) e cuidados com a hidratação da criança. Recomenda-se alimentação líquida e
fria. Laser de baixa potência tem resultados pois diminui a dor e acelera a cicatrização. A
higiene da cavidade oral é muito importante, para diminuir o risco de infecção secundária.
Pode-se usar colutório à base de enzimas ou clorexidina, higienizando com auxílio de gaze.

Estomatite herpética secundária


Clínica: múltiplas vesículas transparentes que se coalescem
formando bolhas e posteriormente estouram, deixando um
leito ulcerado.

Localização: mais a pele e semimucosa dos lábios, mas


eventualmente também podem ser vistas lesões intraorais,
mais restritas às mucosas queratinizadas (palato, dorso da
língua e gengiva).

Sintomatologia: dor local quando a lesão esta presente. Os


sinais prodrômicos são prurido, formigamento, queimação e eritema podem aparecer de 6 a
24h antes da eclosão de lesões.

Etiologia: infecção recorrente do HSV-1

Diagnóstico: clínico.

Tratamento: a cicatrização das úlceras ocorre entre 7 a 10 dias. Os antivirais podem ser
usados na forma de cremes (fase prodrômica) e em comprimidos para prevenir e diminuir a
frequência de recorrência.
Candidíase
Clínica:

Pseudomembranosa: forma aguda mais comum da


doença e amais incidente. Há presença de placas ou
pápulas (sapinho) esbranquiçadas que são facilmente
removidas pela ação mecânica (gaze, espátulas de
madeira, escova de dentes, entre outros), deixando exposta
a superfície sangrante, eritematosa e comumente
dolorosa.
Eritematosa: lesões avermelhadas, caracterizada pela presença de infiltrado
inflamatório ou até mesmo ulceradas, bastante dolorosas
ou provocam o sintoma de ardor. Normalmente associada
à aparelhos, associados à má higienização.
Eritematosa crônica: coloração avermelhada suave,
podendo ocorrer hiperplasia deste mesmo tecido, com
pouco ou nenhuma sintomatologia, normalmente
associada à próteses e aparelho, associada a xerostomia,
queilite angular.

Local: preferência língua e mucosa jugal.

Etiologia: fungo Candida spp

Diagnóstico: clínico, baseado nos sinais e sintomas. Pode fazer citologia esfoliativa, cultura
e identificação do fungo ou biopsia (pouco usada em ped).

Tratamento: higiene, término do uso de alguns medicamentos que podem estar


desequilibrando a flora; antifúngicos podem ser prescritos ,d e uso tópico ou sistêmico.

Antifúngico tópico:

Nistatina, solução oral, contendo 100.000 unidades de nistadina por ml, para a realização
de bochechos.

- Prématuros e recém-nascidos: 1mL a cada 6h

- Crianças e lactentes: 2 mL a cada 6 h

Daktarin Gel Oral 20mg/g (miconazol) para crianças a partir de 6 meses.

Papiloma
Clínica: nódulo exofítico indolor, séssil ou pediculado com
numerosas projeções superficiais (papilas ou pequenas
elevações), dando o aspecto de couve-flor ou verruga. A
coloração varia do vermelho-claro, rosa ou branco,
normalmente única.

Tamanho: máximo de 0,5 cm porém tem sido relatadas lesões


de 3 cm.

Sintomatologia: assintomática

Etiologia: pode ser associada ao HPV

Diagnóstico: clínico e complementar, com biópsia, anatomopatológico e eventualmente PCR.


Diagnóstico diferencial: verruga vulgar oral

Tratamento: excisão cirúrgica total, incluindo a base.

Fibroma
Clinica: lesão nodular de superfície lisa e regular, podendo ser séssil ou
pediculada, de coloração rosada, similar à coloração da mucosa, com
consistência firme e elástica. É uma hiperplasia reacional do tecido
conjuntivo fibrose em resposta a fator irritante local ou traumático.

Local: mucosajugal é o mais comum, podendo ocorrer também no lábio,


língua e gengiva.

Sintomatologia: geralmente assintomática

Etiologia: clinico e histológico

Tratamento: remoção cirúrgica

Aftas
Clínica: lesões ovaladas, pequenas, ulceradas, doloridas,
unitárias ou múltiplas, em que não há perda do epitélio e
exposição do conjuntivo. São raras na infância.

Tamanho: menor de 0,5cm e com 1cm,

Etiologia: múltipla, estando associada a fatores genéticos,


nutricionais, infecciosos, psicológicos, imunológicos e sistêmicos.

Diagnóstico: clinico, sendo indicada a biopsia apenas em situações muito especiais.

Tratamento: cura espontânea mas pode ser abreviada ou os sintomas aliviado com
corticoides tópicos, géis , soluções, spray. Podem ser utilizados xaropes de betametasona
0,05%, elixir de dexametasona a 0,01% com bochechos. Pomadas à base de acetonido de
triancinolona ou compridos para serem dissolvidos diretamente na boca. Laser,
antiinflamatórios (cloridrato de benzidamida), peróxido de hidrogênio, clorexidina,
triclosan, vitaminas, própolis e extrato de camomila tem sido propostos.

Ulceração traumática
Clínica: semelhantes às lesões aftosas. Bastante comum na
infância. Podem ser causadas por agentes físicos, tais como
objetos contundentes como lápis, canetas, escovas de dente,
aparelhos, dentes fraturados, roer uma, morder a boca, etc

Etiologia: traumas locais, de incidência direta no tecido


afetado.

Diagnóstico: clínico

Tratamento: remissão espontânea entre 7 a 14 dias.

Fonte: diretrizes para procedimentos clínicos em Odontopediatria – 3ª edição

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