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CITOLOGIA ESFOLIATIVA

 A citologia esfoliativa não visa substituir a biópsia, e sim, é um adjunto, mais um instrumento
que permite esclarecer e orientar o diagnóstico e seu uso é plenamente justificável na
Odontologia.(TZANK,1947).
            A citologia esfoliativa corresponde ao estudo de células descamadas da mucosa,
principalmente suprabasais, por meio de microscopia de luz, onde se analisam as mudanças
morfológicas e morfométricas das células. (MACLUSKEY e OGDEN, 2000).

Técnica Utilizada

            Segundo GREGORI e DEBONI(1996) a citologia esfoliativa deve ser feita com uma
raspagem com espátula ou escova sobre a superfície da lesão e o material obtido é espalhado
sobre uma lâmina de vidro. Este material é fixado imediatamente em álcool a 95% ou em uma
solução álcool/éter 1:1.

O resultado da citologia esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classificação do


esfregaço apresentado por Papanicolaou & Traut e modificado por Folson & col.: 

CLASSE 0 - material inadequado ou insuficiente para o exame. 

CLASSE I - células normais. 

CLASSE II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade (decorrente de processo


inflamatório). 

CLASSE III - células sugestivas, mas não conclusivas de malignidade. 

CLASSE IV - células fortemente sugestivas de malignidade. 

CLASSE V - citologia conclusiva de malignidade. 

Trata-se de um método simples, praticado sem anestesia e material cirúrgico. Esse


procedimento, além de resguardar o paciente do estado de ansiedade, situação comum na
realização do ato cirúrgico da biópsia, reduz o temor do câncer. 

Por outro lado, ele revela apenas lesões superficiais, e o diagnóstico não pode ser
fundamentado como resultado positivo, pois, nesse caso, a biópsia é indispensável para a
confirmação definitiva, uma vez que a citologia esfoliativa fornece cerca de 20% de resultados
falso-negativos.
GRANULOMA PERIFÉRICO DE CÉLULAS GIGANTES

Ocorre em gengiva ou rebordo alveolar edêntuo

Aumento de volume nodular de coloração que varia do


vermelho ao arroxeado

Tamanho variado 2cm mas também chega a grandes lesões

Pode ser séssil ou pediculada, ulcerada ou não

Pode se desenvolver em qualquer idade

Histopatológico: proliferação de células multinucleadas


gigantes, células inflamatórias crônicas e agudas; hemorragia abundante.

Tratamento: excisão cirúrgica.

ULCERAÇÃO AFTOSA RECORRENTE

Auto-imune

Apresentações clínicas:

UAR Menores: Idade variável (prevalência antes dos


30 anos), surgem na mucosa não-ceratinizada, se
apresenta como mácula eritematosa com membrana
fibrinopurulenta removível branco amarelada

UAR Maiores: são maiores e profundas, com maior


duração, numero de lesões podem variar de 1 a 10.

UAR Herpetiforme: Maior número de lesões que se


coalescem, formando uma única lesão irregular maior, pode afetar qualquer área em boca

PÊNFIGO VULGAR

As bolhas se caracterizam devido a uma produção anormal (razões


desconhecidas) de anticorpos que são dirigidos contra glicoproteínas
de adesão entre células epiteliais, causando uma fenda que se
desenvolve dentro do epitélio causando a formação de uma bolha
intraepitelial .

Prevalência 50 anos de idade, mas pode ser observado na infância

São erosões superficiais e irregulares e ulcerações distribuídas


aleatoriamente na mucosa julgal
Afeta qualquer lugar da boca, e vesículas são raras no exame clínico.

Histopatológico: separação intraepitelial acima da camada de células basais (prodrômico),


acantólise (separação da camada espinhosa da epiderme), infiltrado leve de células
inflamatórias

Tratamento: imunosupressão com corticóides

ERITEMA MULTIFORME

Etiologia incerta (acredita-se de origem autoimune)

Na forma leve se apresenta como ulcerações, que afetam


primeiramente a mucosa bucal; na grave, áreas de descamação
difusas e ulcerações em toda superfície da pele e mucosas.

Homens são mais afetados que mulheres, predileção na faixa


etária de 20 a 30 anos.

As lesões intrabucais iniciam-se como placas eritematosas que


sofrem necrose epitelial e evoluem para grandes erosões rasas e
ulcerações com bordas irregulares. São comuns crostas hemorrágicas

LIQUEN PLANO

Relacionado a estresse e ansiedade, adultos de meia idade,


mulheres mais afetadas

Reticular: assintomática, envolve região de mucosa julgal


bilateralmente, borda lateral e dorso de língua, gengiva,
vermelhão de lábio. Se apresenta como lesão branca, com linhas
entrelaçadas (patognomônico) . Piora com o passar do tempo.

Erosivo: sintomático, áreas eritematosas, atróficas, com graus


variáveis de ulceração central.

GRANULOMA PIOGÊNICO

Acredita-se que sua etiologia é uma resposta a um trauma ou


irritante local. Aumento de volume com superfície lisa ou lobulada,
que usualmente é pedunculada (raramente é séssil) . Superfície
ulcerada, cor varia do rosa ou vermelho ou roxo (depende do
tempo da lesão).
Crescimento assintomático, marcante predileção por gengiva. Comum em crianças e jovens.

Histopatológico: alta proliferação vascular, infiltrado de células inflamatórias.

Tratamento: excisão cirúrgica

NEUROMA TRAUMÁTICO

Proliferação reacional do tecido neural pós trauma.

Nódulos não-ulcerados de superfície lisa

Se desenvolvem em qualquer região

Frequetemente pode ser elucidada uma história prévia de


trauma.

IMPETIGO

Lesões em pele pré-existentes colonizadas por


Strptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus.

Se dá em qualquer idade

Doença dermatológica

As lesões se manifestam como máculas ou pápulas


vermelhas, com subseqüente evolução para vesícula
frágil, que se rompem sendo recobertas por crosta âmbar espessa.

Tratamento: mupirocina tópica se mostra bastante eficaz

ACTINOMICOSE

Infecção bacteriana

A reação supurativa de infecção pode liberar grandes partículas


amareladas, que representam colônias de bactérias, são também
chamados de grânulos sufúricos.

O microorganismo penetra no tecido atavés de um trauma prévio.

Área endurecida com aspecto lenhoso. Geralmente, a dor é mínima.


Tratamento: altas doses de antibióticos por tempo prolongado, associado a drenagem do
abcesso e excisão da fístula

SÍFILIS

Transmissão por ato sexual e congênita. Lesões bucais incomuns.

Primária: Presença do cancro (úlcera de base clara e indolor) e


linfadenopatia regional

Secundária: caracterizada pela disseminação do agente etiológico (4


a 10 semanas após fase primária). Sintomas sistêmicos: mal-estar,
cefaléia, perca de peso, febre e dor músculo-esquelético. Em boca,
se apresenta como área maculopapular difusa e indolor, e
concomitantemente ao resto do corpo.

Terciária: estágio de latência. Pode durar de 1 a 30 anos. Inclue


complicações mais sérias da doença. Complicações cardíacas,
oculares, e do SNC.

Tratamento: testes sorológicos para dignóstico. Uso de penicilina, em diferentes dosagens de


acordo com a fase da doença.

TUBERCULOSE

Lesões em boca são raras, mas se apresentam como ulcera crônica indolor. Maioria das lesões
representam infecção secundária do foco pulmonar inicial.

As lesões primárias podem envolver gengiva, fundo de vestíbulo, e áreas de inflamação


adjacente a dentes ou locais de exodontia. Podem estar associados a lindoadenopatia regional.

As secundárias envolvem língua, palato e lábios.


PARACOCCIDIOIDOMICOSE

Predileção por homens (B-estradiol da mulher inibe a transformação das hifas em leveduras
que é a forma patogênica)

Apresenta-se como úlceras moriformes (pontilhados hemorrágicos e granulação fina), em


mucosa alveolar, gengiva e palato.

Histopatológico: hiperplasia pseudoepiteliomatosa, e ulceração do epitélio de superfície.


Coleções de macrófagos epitelióides e células gigantes multinucleadas

Tratamento: anti fúngico

FIBROMA

Pode ocorrer em qualquer local da boca

Aumento de volume nodular de tecido conjuntivo


fibroso, recoberto por epitélio escamoso estratificado

Em pacientes negros o aumento do volume pode se


apresentar pigmentado cinza-acastanhado

Etiologia traumática

Podem ser sésseis ou pediculados, com tamanhos variados. Superfície da lesão hiperceratosa

Tratamento: excisão cirúrgica.

CANDIDÍASE

Agente etiológico: Candida albicans

Apresenta dimorfismo (pode ser hifa ou levedura). A sua


forma de hifa está associada a invasão tecidual do
hospedeiro. Para a doença, para se manifestar depende
do estado imunológico do hospedeiro, do ambiente da mucosa bucal,e da cepa da C. albicans

Pseudomembranosa: placa branca destacável, com hálito fétido, sensação de ardor. A


utilização de antibióticos é classicamente responsável pela manifestação aguda da doença.
Problemas imunológicos costumam causar a manifestação crônica

Eritematosa: paciente se queixa de um ardor na boca, como se estivesse tomado alguma


bebida quente.
Perca difusa das papilas filiformes da superfície dorsal da língua, resultando numa aparência
de língua careca. Pode se apresentar como glossite romboidal mediana, candidíase multifocal
crônica (palato duro e mole, comissura labial (saliva se acumula na comissura labial, mantendo
úmido, o que é favorável para o crescimento fúngico.), estomatite protética.

Candidíase crônica hiperplásica(): placa branca não destacável. Se manifestação na mucosa


jugal e não podem ser diferenciadas clinicamente de uma leucoplasia comum. Histopatológico
mostra displasia epitelial.

Mucocutânea: a intensidade da candidíase está associada com a gravidade do defeito


imunológico

Diagnóstico: Achados clínicos + citopatologia

Tratamento: Nistatina, Clotrimazol, cetoconazol, fluconazol


HERPES VIRUS SIMPLES

O vírus segue pelos nervos sensitivos e é transportado para os gânglios sensitivos, onde se
permanece latente.

A infecção pelo HSV-1 secundária, ocorre com a reativação do vírus. As recidivas sintomáticas
são bastante comuns e afetam o epitélio inervado pelo gânglio sensitivo.

Gengivoestomatite herpética primária: se apresenta


como ulcerações amareladas generalizadas nas mucosas,
são irregulares, e podem se coalescer. Geralmente em
crianças de 0 a 5 anos. Geralmente é acompanhado de
linfadenopatia cervical anterior, calafrios, febre, etc.
Inicialmente, se manifestam como diversas vesículas
puntiformes, que rapidamente se rompem e formam
inúmeras lesões pequenas e avermelhadas. Essas lesões
iniciais aumentam um pouco de tamanho e desenvolvem
áreas centrais de ulceração, recoberto por uma fibrina
amarela.

Herpes Secundário ou Recorrente: predileção de recidiva é


a borda do vermelhão do lábio e pele adjacente dos lábios (conhecido como herpes labial). Se
apresentam como múltiplas pápulas pequenas e eritematosas, que formam grupamentos de
vesículas preenchidas por líquido(extremamente contagioso). As vesículas se rompem e
formam uma crosta em 2 dias. Paciente deve ser encaminhado para exame imunológico.

Diagnóstico: se o profissional quiser, pode ser confirmado laboratorialmente.

Tratamento: Antiviral: Aciclovir

VARICELA (CATAPORA)

Varicela Zoster (VZV, HHV-3), acredita-se que o vírus se dissemina pelo ar

As erupções começam na face e no tronco. Cada lesão progride rapidamente através dos
estágios de eritema, vesícula, pústula, e crosta endurecida. A vesícula localizada centralmente
é circundada por uma zona de eritema.

A borda do vermelhão do lábio e o palato e a mucosa jugal são os lugares de predileção.

Tratamento: Aciclovir nas primeiras 24 horas de erupções

MONONUCLEOSE INFECCIOSA

Causada pelo vírus Epstein-Bar, e o vírus permanece no


indivíduo o resto da vida
Geralmente as pessoas se infectam através da saliva contaminada

Associada a sintomas sistêmicos como febre, linfadenopatia, faringite, tosse etc. Também
podem estar envolvidos em tumefações de linfonodos. Podem ser observadas petéquias
transitórias no palato duro ou mole. Podem causar gengivite ulcerativa necrosante.

Diagnóstico: Através de exames laboratoriais.

Tratamento: Antipirético, AINES para diminuir sintomas. Se tiver envolvimento amigdaliano,


penicilina. Ou ainda corticóides e antivirais

LEUCOPLASIA

“Uma placa branca que não pode ser caracterizada clínica nem
patologicamente como qualquer outra doença”. O termo é
estritamente clínico e não implica uma alteração tecidual
histopatológica específica.

É considerada uma lesão pré cancerígena;

Causas: tabaco (80% dos pacientes são tabagistas),


álcool, (associação ao cigarro), extrato da erva
sanguinária, radiação ultravioleta, microorganismos
(Candida albicans), trauma (ceratose friccional)

Eritroleucoplasia: leucoplasia com halo eritematoso

Histopatológico: células e núcleos aumentados, núcleos


hipercromáticos, disceratose, figuras anormais de mitose,

Tratamento: Biópsia, para confirmação de diagnóstico, depois excisão cirúrgica, conscientizar o


paciente sobre o risco da lesão se tornar um carcinoma, principalmente aos pacientes
tabagistas.

IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA HUMANA

HIV (vírus da imunodeficiência humana)

AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) paciente HIV+ não tratado

O vírus pode ser encontrado na maioria dos fluídos corporal (soro, sangue, lágrimas. Saliva,
urina, leite materno, secreções de ouvido e da vagina.

A via de transmissão mais freqüente é pelo ato sexual, exposição parenteral ao sangue ou
transmissão da mãe para o feto durante o período perinatal
A infecção pelo HIV pode ser inicalmente assintomática ou pode ser observada uma resposta
aguda. Os sintomas são parecidos com a mononucleose infecciosa .

Síndrome retroviral aguda, Febre prolongada , Diarréia crônica, Infecções bacterianas de


repetição (Pneumonia, Sinusite), Perda de peso (>10%) , Anemia, Tosse prolongada,
Dermatite persistente, Candidíase oral, ou vaginal de repetição , Herpes zoster em > 11 e < 60
anos, Linfadenopatia persistente, Tuberculose qualquer forma, Leucoplasia pilosa , Lesões
cervicais de alto grau.

Diagnóstico: testes laboratoriais, (EIA-> detecta anticorpos relacionados ao vírus)

Tratamento: coquetel

HERPES-ZOSTER (COBREIRO)

O vírus é transportado para os nervos sensitivos e


presumivelmente estabelece sua latência no gânglio espinhal
dorsal.

Ao contrário do vírus HSV, apenas uma, em vez de multiplicas


recidivas, é esperada.

Conforme o vírus vai se movimentando pelo nervo sensitivo , a


dor vai se intensificando e tem sido descrita como queimação,
formigamento, coceira, um incômodo pontiagudo ou cortante.
A dor se desenvolve na área do epitélio inervado (prodrômico).
Pode estar acompanhado de febre, cefaléia e mal-estar.

HPV (PAPILOMAVÍUS HUMANO)

PAPILOMA ESCAMOSO

Acredita-se que o meio de transmissão interpessoal é pelo


contato sexual. Ocorre em mesma freqüência em homens
e mulheres

A lesão se manifesta como um nódulo macio , indolor,


exofítico, geralmente pediculado, com numerosas
projeções superficiais digitiformes, que lhe dá uma
aparência verrugosa.

Qualquer local da mucosa bucal pode ser sítio.

Histopatológico: proliferação do epitélio escamoso


estratificado ceratinizado , disposto em projeções digitiformes, com centro de tecido
conjuntivo fibrovascular. Presença de coilócitos (células epiteliais claras alteradas pelo vírus,
com núcleo pequeno e intensamente corado.

Tratamento: excisão cirúrgica conservadora, incluindo a base da lesão.

VERRUGA VULGAR

Caracteriza-se como uma hiperplasia focal, benigna, e induzido pelo vírus do epitélio escamoso
estratificado.

É contagioso, podendo disseminar por toda a pele ou mucosas. (extremamente comum em


pele)

Apresenta-se como pápula ou nódulo indolor com projeções papilares ou uma superfície
áspera e semelhante a seixos. Pode ser pedunculado ou séssil. As lesões cutâneas tendem a
ser rosadas, amareladas, ou brancas. Lesões múltiplas ou
agrupadas são comuns.

Histopatológico: proliferação de epitélio estratificado


escamoso hiperceratótico disposto em projeções
digitiformes ou pontudas com centros de tecido
conjuntivo. Apresenta infiltrado de células inflamatórias
crônicas no tecido conjuntivo de suporte. Presença de
grânulos de cerato-hialinos enrugados e intensamente
agrupados.

Tratamento: Aplicação tópica de ácido salicílico, ou crioterapia. Excisão cirúrgica é indicada


apenas quando o dignóstico é incerto.

CONDILOMA ACUMINADO

Sítios: genitália, região perianal, boca e laringe.

Período de incubação do vírus: 1 a 3 meses desde o momento


do contato sexual.

Geralmente é diagnosticado em adolescentes jovens, porém


todas as idades estão suscetíveis As lesões bucais ocorrerem
em maior freqüência é mucosa labial, palato mole, e freio
lingual.

A lesão se apresenta como aumento de volume exofítico, séssil,


cor-de-rosa, bem delimitado e indolor.
Histopatológico: se caracteriza como uma proliferação benigna do epitélio escamoso
estratificado acantótico com projeções superficiais papilares levemente ceratóticas.

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