Você está na página 1de 65

Infecções Cutâneas Bacterianas

Professor Luis Henrique Barbizan de Moura


Disciplina de Dermatologia
Curso de Medicina
7o Período
Introdução: Flora Bacteriana
Normal da Pele

u Cocos aeróbicos, bactérias corineformes aeróbicas e


anaeróbicas, bactérias Gram negativas, e fungos.
u Ajudam na prevenção de infecções cutâneas:
mecanismo de competição e hidrólise de lipídios.
u Pode variar dependendo da região analisada
Introdução: Flora Bacteriana
Normal da Pele
Flora Bacteriana Normal da Pele
Classe Organismos Localização

Cocos Aeróbicos Staphylococcus Todas as regiões do corpo,


aureus*,S.saprophyticus, especialmente áreas
S.epidermidis*, Micrococcus intertriginosas.
luteus, M. roseus, M. varians
Bactérias Corineformes Corynebacterium minutissimum, Áreas intertriginosas
Aeróbicas C. lipophilicus, C. xerosis, C.
jeikeium, Brevibacterium
epidermidis
Bactérias Corineformes Propionibacterium acnes, P. Glândulas e folículos sebáceos
Anaeróbicas granulosum, P. avidum
Bactérias Gram-Negativas Acinetobacter spp Região axilar, perineal, fossa
antecubital
Fungos Malassezia furfur Locais ricos em glândulas
sebáceas
Impetigo

u É uma infecção bacteriana SUPERFICIAL da pele


u Duas formas de apresentação:
u Impetigo Bolhoso(30%)
u Impetigo Não Bolhoso(70%)
u Principal agente: Staphylococcus aureus
u Outra importante causa da forma Não Bolhosa:
Streptococcus pyogenes(β-Hemolítico do Grupo B)
Impetigo

u Acomete crianças <6 anos


u Extremamente contagioso!
u Contato direto
u Fômites
u Fatores predisponentes:
u umidade;
u má higiene;
u diátese atópica;
u trauma cutâneo;
u carreadores nasais do S.aureus
Impetigo
Bolhoso
u Resulta da produção de
TOXINAS ESFOLIATIVAS ou
EXOTOXINAS dos tipos A e B,
produzidas por um grupo
específico de
Staphylococcus
aureus(FAGO GRUPO II)
u Causam a CLIVAGEM da
DESMOGLEÍNA 1(proteína do
desmossomo) à
ACANTÓLISE
u Clivagem
INTRAEPIDÉRMICA(nível da
camada granulosa) à
SUPERFICIAL
Impetigo Bolhoso
Impetigo Bolhoso
Impetigo Bolhoso
Impetigo Bolhoso
Impetigo Não Bolhoso

u 70% dos casos de Impetigo


u S.aureus e Streptococcus pyogenes
u Pápulas eritematosas que evoluem para erosões e
formação de crostas melicéricas
u Geralmente acomete a face(ao redor das narinas)
u Algumas cepas de S.pyogenes(Produtores de proteína M
tipos 1,4,12,49,55,57,60) podem complicar com
glomerulonefrite aguda pós estreptocócica
u OBS: O risco da GNPE não é alterado com o tratamento
com antibióticos
u ATENÇÃO: Impetigo por S.pyogenes Não podem causar
FEBRE REUMÁTICA!
Impetigo Não Bolhoso
Impetigo Não Bolhoso
Impetigo Não Bolhoso
Impetigo Não Bolhoso
Impetigo: Tratamento

u Poucas lesões e localizadas: antibioticoterapia tópica com


Mupirocina, Retapamulina; Ácido Fusídico
u Cuidados locais: Limpeza local, retirar delicadamente as
crostas
u Acometimento mais extenso: Antibioticoterapia sistêmica
com cefalosporina de primeira geração(i.e Cefalexina)
u Suspeita de MRSA: Clindamicina, SMX-TMP
Síndrome da Pele Escaldada
Estafilocócica(SSSS)
u Causada pela circulação SISTÊMICA das toxinas esfoliativas do
S.aureus(mesmas cepas do impetigo bolhoso)
u Acomete crianças e principalmente neonatos.
u Pródromo de febre, astenia, irritabilidade e queixa de DOR na
pele.
u Podem apresentar sinais de focos de infecções
estafilocócicas(conjuntivite, rinorreia purulenta, etc)
u Eritema difuso no corpo, iniciando geralmente na cabeça e nas
dobras. E depois generalizando
u A pele torna-se enrugada e formam-se bolhas FLÁCIDAS
u Sinal de Nikolsky Positivo
u Evolui com descamação
Síndrome da Pele Escaldada
Estafilocócica(SSSS)
Síndrome da Pele Escaldada
Estafilocócica(SSSS)
Síndrome da Pele Escaldada
Estafilocócica(SSSS)
Síndrome da Pele Escaldada
Estafilocócica(SSSS)
u Tratamento:
u Internação hospitalar
u Antibioticoterapia IV com cobertura para S.aureus
u Cefalexina
Ectima

u É uma infecção
bacterian localizada e
que acomete epiderme
e a derme superficial
u Streptococcus pyogenes
u Característica:
ulceração e formação
de crostas
u Sequela: Cicatriz
Foliculite
Bacteriana
u É uma infecção
bacteriana SUPERFICIAL
do FOLÍCULO PILOSO
u Agente mais frequente:
S.aureus
u Foliculite por Gram
Negativos(Pseudomonas
aeruginosa). Associada
a banhos de piscina
u Pápulas e pústulas
PERIFOLICULARES
Foliculite Bacteriana
Foliculite Bacteriana
Foliculite Bacteriana:
Tratamento
u Lavar a região com Clorexidine degermante 2%
u Antibioticoterapia tópica: mupirocina.
u Casos extensos: antibioticoterapia sistêmica
u Casos recorrentes por S.aureus: indicação de
descolonização(mupirocina tópica nasal, axillar,
periumbilical e perianal durante 5 dias, todo mês)
Abscesso; Furúnculo e Carbúnculo

u Abscesso: Coleção de pus que se forma nos espaços


teciduais e ficam confinados, isolados do meio.
u Furúnculo: É um abscesso que envolve o folículo piloso
u Carbúnculo: Coleção de furúnculos
Abscesso
Furúnculo
Furúnculo
Carbúnculo
Abscesso; Furúnculo e Carbúnculo
u Tratamento:
u Compressas mornas para promover
maturação(“Flutuação”)
u Incisão e drenagem(com técnica asséptica
preferencialmente)
u Antibioticoterapia sistêmica se:
u localização proxima do nariz ou centrofacial
u Múltiplos locais acometidos
u Celulite associada
u Sinais e sintomas sistêmicos
u Pacientes com comorbidades(DM) ou imunossuprimidos
u Risco de MRSA
Celulite: Introdução

u É uma inflamação piogênica aguda da parte profunda


da derme e também da hipoderme(tecido celular
subcutâneo) que se manifesta como áreas de eritema,
edema, sensibilidade e calor local.
Celulite:Etiologia

u Adulto imunocompetente: Staphylococcus aureus(50%); Streptococcus do


grupo A(35%)
u Em crianças: S.aureus
u Diabetes Mellitus e Úlceras de decúbito: S.aureus, Enterococos, Pseudomonas
aeruginosa, Bacteroides fragilis.
u Mordedura de animais(Cães e gatos): Pasteurella multocida, Capnocytophaga
canimorsus
u Mordedura de humanos: taxa de infecção superior a mordedura de animais.
Bactérias aeróbias e anaeróbias da cavidade oral
Celulite:Etiologia

u Adulto imunocompetente:
Staphylococcus aureus(50%);
Streptococcus do grupo A(35%)
u Em crianças: S.aureus
u Diabetes Mellitus e Úlceras de
decúbito: S.aureus, Enterococos,
Pseudomonas aeruginosa, Bacteroides
fragilis.
u Mordedura de animais(Cães e gatos):
Pasteurella multocida,
Capnocytophaga canimorsus
u Mordedura de humanos: taxa de
infecção superior a mordedura de
animais. Bactérias aeróbias e
anaeróbias da cavidade oral
Celulite: Patogênese

u Mais comum: Alteração na função de barreira da


pele(Imunocompetentes).
u Via hematogênica(Imunocomprometidos):
u Celulite pneumocócica(Diabetes Mellitus, LES,
Sd.Nefrótica,Malignidade hematológica);
u Pseudomonas aeruginosa(Neutropênicos);
u Helicobacter cinaedi, Cryptococcus neoformans, fusarium
no portador do vírus HIV
u Fatores de risco: Linfedema, etilismo, Diabetes Mellitus,
usuários de drogas intravenosas, doença vascular periférica
u Celulite recorrente: pode indicar disfunção do sistema
linfático
Celulite: Quadro Clínico

u Precedida por sintomas/sinais sistêmicos como febre, calafrios, astenia,


mal estar.
u Rubor(eritema), calor, dor e tumor(edema)
u Bordas são mal definidas e impalpáveis.
u em quadros mais graves podem aparecer bolhas, vesiculas, pústulas ou sinais de
necrose tecidual
u Envolvimento de sistema linfático: Linfangite ascendente.
u Adultos: extremidades
u Crianças: cabeça e pescoço
u Apresentações atípicas: Celulite crepitante(Clostridium ou anaeróbios
não formadores de esporos) e Celulite Gangrenosa
Celulite

Swartz MN. N Engl J Med 2004;350:904-912.


Celulite
Celulite

Swartz MN. N Engl J Med 2004;350:904-912.


Celulite

Swartz MN. N Engl J Med 2004;350:904-912.


Celulite
Celulite em Usuário de droga IV

Swartz MN. N Engl J Med 2004;350:904-912.


Celulite: Diagnóstico

u Diagnóstico é clínico.
u Leucometria geralmente está normal ou discretamente
elevada(Exceto quando a etiologia é por H.infulenzae)
u Hemoculturas: positividade em menos de 5% dos casos em
imunocompetentes.
u Imunocomprometidos: biópsia(20-30%) ou aspiração com agulha(2-
40%) da lesão
Celulite: Diagnóstico
Diferencial
u Tromboflebite Trombose Venosa Profunda

u Lipodermatosclerose
Celulite: Tratamento

u Deve ser direcionado ao S.aureus e Streptococcus grupo A


u Casos não complicados: 10 dias de antibioticoterapia
oral(cefalexina, clindamicina); Moxifloxacino(400mg/d)*
u Internação e antibioticoterapia parenteral: casos mais graves;
envolvimento facial; má resposta a terapia oral.
u Suspeita de MRSA: Clindamicina, SMX-TMP, Doxiciclina
u Diabetes Mellitus e úlcera de decúbito: (piperacilina-
tazobactam, ciprofloxacino+metronidazol)
u Medidas adjuvantes: : imobilização e elevação da
extremidade acometida; Curativos com solução salina
estéril;Evitar uso de AINEs
Celulite:Tratamento

Swartz MN. N Engl J Med 2004;350:904-912.


Celulite: Recorrência
Celulite:Recorrência

u Estudo controlado, duplo-cego, randomizado


envolvendo pacientes que tiveram 2 ou mais episódios
de celulite em membros inferiores, em 28 hospitais do
Reino Unido e Irlanda
u 274 pacientes divididos em dois grupos: 136 que iriam
fazer uso da penicilina profilática(250 mg via oral 2xdia)
e 138 que fariam uso de placebo
u Foram acompanhados durante 3 anos: 1 ano na fase de
profilaxia e 2 anos na fase de seguimento(sem uso de
profilático)
Celulite Recorrência

u -Resultados:
u durante a fase de profilaxia 22% dos pacientes tiveram recorrência da
celulite no grupo que recebeu o profilático e 37% no grupo que recebeu
placebo. RR=0,55 com IC(95%):0,35-0,86 e p=0,01
u Durante a fase de seguimento(ultimos dois anos do estudo) não houve
diferença na taxa de recorrência dos grupos(27% em ambos)
u tempo mediano de recorrência da celulite no grupo que recebeu
profilaxia:626 dias e no grupo placebo: 532
u pacientes no grupo que recebeu profilaxia tiveram menos episódios de
recorrência em comparação ao grupo placebo(119 X 164, com p=0,02)
u Fatores que aumentam risco de falha do regime profilático: IMC>33 e >3
episódios prévios de celulite
Erisipela: Introdução

u Variante mais superficial da celulite: acomete Epiderme e derme


mais superficial
u Maior envolvimento linfático
u Membros inferiores(75-90%); Face (2-10%).
u Fatores de risco:
u extremos da idade;
u imunocomprometidos;
u linfedema;
u úlceras cutâneas crônicas;
u Diabetes Mellitus;
u Síndrome Nefrótica;
Erisipela: Etiopatogênese

u Quebra na barreira cutânea à Agente infeccioso ganha acesso a derme


u Trauma,
u Abrasão,
u infecções por herpes simplex;
u tinea pedis interdigital;
u picada de insetos,
u locais de punção, pós-vacinação
u Maioria causada por Streptococcus do grupo A.
u Outros agentes : Streptococcus do grupo G,B,C,D e S.aureus
u Imunocomprometidos: Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae, Yersinia
enterocolitica, Haemophilus influenzae
Erisipela: Quadro Clínico

u Período de incubação de 2 a 5 dias à início súbito com febre, calafrios,


mal estar e náusea
u Horas até 1 dia após à uma placa eritematoedematosa, indurada, com
bordas elevadas e muito bem definidas.
u Eritema(vermelho brilhante), edema(não compressível), dor a palpação,
calor.
u Linfadenopatia local usualmente presente, com ou sem linfangite
u Podem aparecer também pústulas, vesículas, bolhas, pequenas áreas de
necrose hemorrágica
u Após quadro agudo: Descamação e alteraçoes pigmentares.
Erisipela

Bisno AL, Stevens DL. N Engl J Med 1996;334:240-246.


Erisipela

Bisno AL, Stevens DL. N Engl J Med 1996;334:240-246.


Erisipela
Erisipela
Erisipela
Erisipela
Erisipela: Diagnóstico

u Diagnóstico é clinico
u Laboratório: leucocitose com desvio a esquerda
u Hemoculturas: positividade baixa(<5%)
u Titulos de Antistreptolisina-O(ASO) e AntiDNase-B podem
ajudar na detecção de uma etiologia streptocócica
Erisipela: Tratamento

u Antibioticoterapia à obrigatório cobrir Streptococcus do grupo A.


u Beta-Lactâmicos(10-14 dias de Penicilina Oral ou Penicilina Benzatina
2.400.000 U)
u Macrolideos: em alérgicos a penicilina.
u Ambulatorial: maioria das vezes à Reavaliar após 48 horas
u Internação: Imunocomprometidos; Crianças
u Recorrências: 20% à Profilaxia com Penicilina V oral diária ou
Penicilina Benzatina a cada 3 semanas
LUISHENRIQUEMOURA3@GMAIL.COM
Referências Bibliográficas
u Bolognia JL, Schaffer JV, Cerroni L. Dermatology. 4th ed. Elsevier; 2018.
2880 p.
u Griffiths C, Barker J, Bleiker T, Chalmers R, Creamer D. Rook’s Textbook
of Dermatology. 9th ed. Wiley-Blackwell; 2016. 4696 p.
u William D. James (last), Dirk Elston (last), Patrick J. McMahon (last).
Andrews’ Diseases of the Skin Clinical Atlas. 1st ed. Elsevier; 2017. 616
p.
u Ibrahim F, Khan T, Pujalte GGA. Bacterial Skin Infections. Primary Care:
Clinics in Office Practice. 2015 Dec 1;42(4):485–99.

u Thomas K.S., Crook A.M., Nunn A.J., et al. Penicillin to Prevent


Recurrent Leg Cellulitis. N Engl J Med 2013; 368:1695-1703
u Swartz M.N. Cellulitis. N Engl J Med 2004; 350:904-912
u Management of Skin and Soft-Tissue Infection.N Engl J Med 2008;
359:1063-1067
u Bonnetblanc JM, Bedane C. Erysipelas: recognition and management. Am
J Clin Dermatol. 2003;4(3):157-63.

Você também pode gostar