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Disciplina: Pediatria IV
Definição e Etiologia:
A escabiose ou sarna é uma parasitose da pele (ou infestação) muito contagiosa, caracterizada por
prurido intenso e presença de lesões vesiculo-papulares superficiais com tendência a sobreinfecção
bacteriana. Etiologia: é causada pelo Sarcoptes scabiei.
Microbiologia:
O Sarcoptes scabiei é um artrópode que parasita animais e humanos. Tem um corpo pequeno e
globoso, com 4 pares de patas curtas, algumas delas dotadas de ventosas para melhorar a sua
fixação. A fêmea escava uma galeria no estrato córneo da pele e põem os ovos fecundados; as
larvas amadurecem em alguns dias e vão localizar-se nos folículos dos pêlos. As lesões da escabiose
são, sobretudo nas formas crónicas, o resultado de uma hipersensibilidade do hospedeiro contra o
agente etiológico.
Por contacto directo com as lesões dos pacientes infestados ou através das roupas do indivíduo
infectado (mais raro).
Imunodepressão, HIV;
Má higiene;
A lesão inicial é uma galeria tortuosa, de comprimento variável de poucos mm a uns cm, com uma
pápula na sua extremidade. Essa lesão inicial muitas vezes não é visível pelo clínico quando o
paciente chega a consulta com as lesões já evoluídas em lesões vesiculopapulosas, escoriativas,
crostas e lesões secundárias por coceira devido ao prurido intenso.
Em crianças e especialmente em menores de 2 anos: palmas das mãos e plantas dos pés; em
lactentes na face e couro cabeludo, e pescoço.
Clínico: baseado na clínica, através da observação das lesões e baseado na história de prurido e
frequentemente existência de um outro membro da família com as mesmas lesões ou sintomas.
Laboratorial: exame microscópico de uma amostra de material das lesões preparado com
Hidróxido de potássio; é bem visível o Sarcoptes Scabies e os ovos.
3.9. Tratamento
Higiene: banho com água e sabão, lavar a roupa pessoal e da cama, toalhas com água quente e
sabão e expor a luz do sol.
Hexacloreto de benzeno: aplicar à noite, depois de um banho com água quente e sabão, do queixo
à planta dos pés insistindo onde há lesões ou prurido. Deixar na pele durante 24 horas. Tomar novo
banho e mudar de roupa do corpo e da cama, esta roupa deve ser muito bem lavada e passada a
ferro.
Benzoato de benzil a 20% a 30%: diluir 1/10 (uma parte de medicamento em 10 partes de água
fervida) se a criança tem menos de 1 ano de idade e 1/5 (uma parte de medicamento em 5 partes de
agua) se a criança tem mais de 1 ano e aplicar 2 noites consecutivas depois do banho em toda a
superfície da pele a partir do pescoço até os pés, incluindo a cabeça caso esteja afectada. É
necessário que o medicamente esteja em contacto com a pele por pelo menos 24 horas. Em caso de
criança, se o cuidador não percebeu bem como diluir o medicamento, é melhor utilizar o
hexacloreto de benzeno.
Antibióticos sistémicos em caso de impetigenização associada: amoxicilina com ácido clavulanico
Escabiose Norueguesa é uma forma de escabiose caracterizada pela exacerbação das lesões
papulosas, crostosas e escoriativas de uma forma generalizada sobretudo nas palmas das mãos,
plantas dos pés e no couro cabeludo.
Epidemiologia
Etiologia
Mesmo tratamento mas prolongando o período de aplicação dos medicamentos para durar entre 2- 3
semanas.
Higiene pessoal rigorosa (banho diário e troca de roupa suja com a limpa, lavagem da roupa
suja).
Controle e eventual tratamento dos familiares ou pessoas que vivem em contacto com o paciente.
2.3.1.4. Diagnóstico
Mesmo que para a escabiose clássica.
2.3.1.5. Diagnóstico Diferencial
Mesmo que para a escabiose clássica.
2.3.1.6. Conduta
O tratamento é difícil, pois as lesões são mais exuberantes, mas é o mesmo que anterior mas mais
prolongando, e o período dura entre 2 a 3 semanas
Figura 2: Escabiose norueguesa
SINDROME DE STEVENS-JOHNSON
2.1 Definição
A Síndrome de Stevens-Johnson é uma desordem mucocutânea muito grave, às vezes
fatal, do Eritema Multiforme/polimorfo. Isso significa que é uma erupção de tipo
inflamatório caracterizado por lesões simétricas bolhosas que lesam o tegumento e as
mucosas oral, genital, anal e ocular.
2.2 Epidemiologia
2.2.1 Etiologia
As causas do Síndrome de Stevens-Johnson são várias e podem ser:
Medicamentosasas: Medicamentos diferentes, sendo os mais comuns:
o Sulfamidas: Trimetropim-sulfametoxazol (fansidar);
o Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, como o AAS
(não usado na pediatria)
o Antimicrobianos: Penicillina, Tetraciclinas, Ciprofloxacina,
Rifampicina, Cotrimoxazol
o ARV: Nevirapina (NVP), Didanosina (DDI), Efavirenz
o Carbamazepina
o Griseofulvina
o Furosemida
Infecções bacterianas e virais: Mycoplasma pneumoniae, Herpes simples,
Herpes zóster e HIV
2.3 Quadro Clinico
As manifestações clínicas características da Síndrome de Stevens-Johnson são:
Lesões cutâneas: generalizadas que inicialmente consistem em:
o Máculas purpúricas, eritematosas com um centro mais escuro ou uma bolha,
uma área ao redor edematosa e mais externamente eritematosa.
o Lesões cutâneas que evoluem rapidamente e invariavelmente para a necrose
com áreas de exulceração na face e tronco. As lesões iniciam de forma
simétrica no rosto e na parte alta do tórax estendendo-se rapidamente, em 2
a 3 dias. Em casos mais graves evoluem em algumas horas.
o Ocorrência de descolamento epidérmico e surgimento de bolhas que podem
cobrir até 10% da superfície total do corpo.
Lesões das mucosas: onde as lesões envolvem as narinas, conjuntivas, faringe,
esófago, região anal e genital. Pode ocorrer também o envolvimento ocular que em
caso de ocorrência, pode ser particularmente grave e nesse caso podemos encontrar:
o Ulceração da córnea;
o Uveíte posterior;
o Panoftalmite (infecção de todo o olho).
Dos órgãos tais como:
o Rins provocando necrose tubular aguda;
o Fígado provocando hepatite;
o Pulmões causando uma pneumonite;
o Coração causando uma pericardite;
o Intestinos provocando uma enterocolite.
O paciente refere sensação de queimação, edema, eritema dos lábios e mucosa bucal. Se houver
ulceração, a dor nas mucosas é intensa, e ao contrário a dor à manipulação da pele é mínima
Os sinais e sintomas associados resultam de:
Febre alta;
As bolhas e exulcerações disseminadas provocarem perda insensível de líquido e risco
de infecção bacteriana secundária,
Dificuldade na alimentação com sialorreia causada pelas lesões na laringe e esófago
que ao cicatrizarem podem levar à estenose (estreitamento do esófago),
Secreções purulentas por Sobre infecção nos olhos de tal modo que o paciente nem
consegue abrir os olhos. Estas lesões ao cicatrizar podem causar problemas de visão
2.4 Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na anamnese: história de toma de medicamentos ou infecção anterior. O
exame físico mostra máculas, vesículas, bolhas e úlceras na pele disseminadas e também lesões
em duas ou mais superfícies mucosas dos olhos, nariz, boca e mucosa anal e genital. No
laboratório, as alterações são inespecíficas onde é possível encontrar:
Leucocitose;
VS aumentada;
Aumento das transaminases hepáticas e redução da albumina sérica.
2.4 Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial faz-se com outras situações mucocutâneas causadas por ingestão de
medicamentos como a Síndrome de Hipersensibilidade e a Necrólise Epidérmica Tóxica.
2.5 Conduta
O Tratamento do Síndrome de Stevens-Johnson é basicamente sintomático e consiste em medidas
de suporte porém com cuidados e tratamento imediatos. Devem ter em conta que se trata de uma
emergência dermatológica. Os passos mais importantes são:
Internar o paciente
Suspender o medicamento potencialmente causador da síndrome
Cuidado especial com as vias áreas
Manipulação asséptica e criação de um campo estéril
Canalizar veia longe das lesões
Hidratação e reposição de electrólitos
Avaliação obrigatória das lesões oculares, lavagem com soro fisiológico e uso de
antibióticos tópicos. Para evitar a perda da visão é obrigatória a avaliação pelo
oftalmologista
Avaliação das lesões vaginais para evitar/prevenir o estreitamento ou fusão vaginal e
uso de compressas com permanganato de potássio a 0.5 %
Bochechos com glicerina para as lesões orais e aplicação de vaselina estéril nos lábios
e mucosa nasal
As lesões de pele são tratadas como queimaduras – (Vide aula de PA 23 de
Dermatologia)
Anestésicos tópicos como a Lidocaína para alívio da dor
Inspecção diária cuidadosa para monitorar infecções secundárias e administrar
antibióticos quando houver suspeita de infecções urinárias ou cutâneas
Suporte nutricional
Suporte emocional e psicológico não deve ser esquecido pois a criança está
consciente.