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Instituto de Tecnlogia Comunicacao politecnico de Negocio

Curso: Tecnico de Medicina Geral-8

Disciplina: Pediatria IV

Doencas infecciosas : Escabiose e sindrome de Stevens Johnson

Discentes: Docente: Talimo Julton

Emilia Sozinho Ernesto Bizueque

Fernanada Fernando Manuel Campos

Quelimane, 22 de Maio de 2023


Indice
Intrducao
Escabiose

Definição e Etiologia:

A escabiose ou sarna é uma parasitose da pele (ou infestação) muito contagiosa, caracterizada por
prurido intenso e presença de lesões vesiculo-papulares superficiais com tendência a sobreinfecção
bacteriana. Etiologia: é causada pelo Sarcoptes scabiei.

Epidemiologia: A escabiose é endémica em países com clima tropical e em Moçambique

Microbiologia:

O Sarcoptes scabiei é um artrópode que parasita animais e humanos. Tem um corpo pequeno e
globoso, com 4 pares de patas curtas, algumas delas dotadas de ventosas para melhorar a sua
fixação. A fêmea escava uma galeria no estrato córneo da pele e põem os ovos fecundados; as
larvas amadurecem em alguns dias e vão localizar-se nos folículos dos pêlos. As lesões da escabiose
são, sobretudo nas formas crónicas, o resultado de uma hipersensibilidade do hospedeiro contra o
agente etiológico.

Figura 1: Imagem de adulto de Sarcoptes scabiei


3.4. Transmissão:

Por contacto directo com as lesões dos pacientes infestados ou através das roupas do indivíduo
infectado (mais raro).

3.5. Factores predisponentes/agravantes:

 Imunodepressão, HIV;

 Má higiene;

 Dermatite preexistente da pele.

3.6. Período de incubação: 4-6 semanas.

3.7. Quadro Clínico

3.7.1. Característica da lesão e sua evolução

A lesão inicial é uma galeria tortuosa, de comprimento variável de poucos mm a uns cm, com uma
pápula na sua extremidade. Essa lesão inicial muitas vezes não é visível pelo clínico quando o
paciente chega a consulta com as lesões já evoluídas em lesões vesiculopapulosas, escoriativas,
crostas e lesões secundárias por coceira devido ao prurido intenso.

3.7.2. Local de aparecimento

 Em adultos e adolescentes: axilas, área periumbilical, pregas interdigitais, do pulso, punhos,


nádegas, pregas genitais, ao redor da aréolas nas mulheres, no pénis e na área ao redor do umbigo;
pode difundirem-se no tronco e membros.

 Em crianças e especialmente em menores de 2 anos: palmas das mãos e plantas dos pés; em
lactentes na face e couro cabeludo, e pescoço.

3.7.3. Sinais e sintomas associados:

 Prurido intenso que aumenta a noite; lesões devida a coceira.


Imagens
3.7.5. Complicações: Impetiginização (ou infecção bacteriana) das lesões; glomerulonefrite
(inflamação dos rins) por estreptococo.

3.8. Exames auxiliares e Diagnóstico:

 Clínico: baseado na clínica, através da observação das lesões e baseado na história de prurido e
frequentemente existência de um outro membro da família com as mesmas lesões ou sintomas.

 Laboratorial: exame microscópico de uma amostra de material das lesões preparado com
Hidróxido de potássio; é bem visível o Sarcoptes Scabies e os ovos.

Diagnóstico diferencial: Impetigo quando as lesões forem sobre-infectadas; eczema; urticária


papular.

3.9. Tratamento

3.9.1. Sarna clássica

 Higiene: banho com água e sabão, lavar a roupa pessoal e da cama, toalhas com água quente e
sabão e expor a luz do sol.

 Hexacloreto de benzeno: aplicar à noite, depois de um banho com água quente e sabão, do queixo
à planta dos pés insistindo onde há lesões ou prurido. Deixar na pele durante 24 horas. Tomar novo
banho e mudar de roupa do corpo e da cama, esta roupa deve ser muito bem lavada e passada a
ferro.

 Benzoato de benzil a 20% a 30%: diluir 1/10 (uma parte de medicamento em 10 partes de água
fervida) se a criança tem menos de 1 ano de idade e 1/5 (uma parte de medicamento em 5 partes de
agua) se a criança tem mais de 1 ano e aplicar 2 noites consecutivas depois do banho em toda a
superfície da pele a partir do pescoço até os pés, incluindo a cabeça caso esteja afectada. É
necessário que o medicamente esteja em contacto com a pele por pelo menos 24 horas. Em caso de
criança, se o cuidador não percebeu bem como diluir o medicamento, é melhor utilizar o
hexacloreto de benzeno.
 Antibióticos sistémicos em caso de impetigenização associada: amoxicilina com ácido clavulanico

3.9.2. Sarna Norueguesa:

Escabiose Norueguesa é uma forma de escabiose caracterizada pela exacerbação das lesões
papulosas, crostosas e escoriativas de uma forma generalizada sobretudo nas palmas das mãos,
plantas dos pés e no couro cabeludo.
Epidemiologia
Etiologia

Mesma que a escabiose clássica, a anterior.


2.2.1.2 Processo de Transmissão e Factores de Risco
Esta variedade de escabiose humana é altamente contagiosa e ocorre sobretudo em
pacientes com a imunossupressão (leucemia, malnutrição, diabetes e HIV). O factor de risco
mais importante é frequentemente os pacientes que estão institucionalizados.
2.2.1.3 Quadro Clínico
Os indivíduos afectados estão infestados com miríade de ácaros que habitam as crostas e
escamas da pele e couro cabeludo – (vide Figura 4). As unhas tornam-se distróficas e o
espaço subungueal está cheio de ácaros. Existe linfadenite e lesões hiperplásicas
epidérmicas com aspecto psoriasiforme.

Mesmo tratamento mas prolongando o período de aplicação dos medicamentos para durar entre 2- 3
semanas.

3.10. Medidas de prevenção:

 Higiene pessoal rigorosa (banho diário e troca de roupa suja com a limpa, lavagem da roupa
suja).

 Lavar roupa, toalhas e lençóis do paciente e expor a luz do sol.

 Controle e eventual tratamento dos familiares ou pessoas que vivem em contacto com o paciente.

2.3.1.4. Diagnóstico
Mesmo que para a escabiose clássica.
2.3.1.5. Diagnóstico Diferencial
Mesmo que para a escabiose clássica.
2.3.1.6. Conduta
O tratamento é difícil, pois as lesões são mais exuberantes, mas é o mesmo que anterior mas mais
prolongando, e o período dura entre 2 a 3 semanas
Figura 2: Escabiose norueguesa

SINDROME DE STEVENS-JOHNSON

2.1 Definição
A Síndrome de Stevens-Johnson é uma desordem mucocutânea muito grave, às vezes
fatal, do Eritema Multiforme/polimorfo. Isso significa que é uma erupção de tipo
inflamatório caracterizado por lesões simétricas bolhosas que lesam o tegumento e as
mucosas oral, genital, anal e ocular.
2.2 Epidemiologia
2.2.1 Etiologia
As causas do Síndrome de Stevens-Johnson são várias e podem ser:
 Medicamentosasas: Medicamentos diferentes, sendo os mais comuns:
o Sulfamidas: Trimetropim-sulfametoxazol (fansidar);
o Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, como o AAS
(não usado na pediatria)
o Antimicrobianos: Penicillina, Tetraciclinas, Ciprofloxacina,
Rifampicina, Cotrimoxazol
o ARV: Nevirapina (NVP), Didanosina (DDI), Efavirenz
o Carbamazepina
o Griseofulvina
o Furosemida
 Infecções bacterianas e virais: Mycoplasma pneumoniae, Herpes simples,
Herpes zóster e HIV
2.3 Quadro Clinico
As manifestações clínicas características da Síndrome de Stevens-Johnson são:
 Lesões cutâneas: generalizadas que inicialmente consistem em:
o Máculas purpúricas, eritematosas com um centro mais escuro ou uma bolha,
uma área ao redor edematosa e mais externamente eritematosa.
o Lesões cutâneas que evoluem rapidamente e invariavelmente para a necrose
com áreas de exulceração na face e tronco. As lesões iniciam de forma
simétrica no rosto e na parte alta do tórax estendendo-se rapidamente, em 2
a 3 dias. Em casos mais graves evoluem em algumas horas.
o Ocorrência de descolamento epidérmico e surgimento de bolhas que podem
cobrir até 10% da superfície total do corpo.
 Lesões das mucosas: onde as lesões envolvem as narinas, conjuntivas, faringe,
esófago, região anal e genital. Pode ocorrer também o envolvimento ocular que em
caso de ocorrência, pode ser particularmente grave e nesse caso podemos encontrar:
o Ulceração da córnea;
o Uveíte posterior;
o Panoftalmite (infecção de todo o olho).
 Dos órgãos tais como:
o Rins provocando necrose tubular aguda;
o Fígado provocando hepatite;
o Pulmões causando uma pneumonite;
o Coração causando uma pericardite;
o Intestinos provocando uma enterocolite.
O paciente refere sensação de queimação, edema, eritema dos lábios e mucosa bucal. Se houver
ulceração, a dor nas mucosas é intensa, e ao contrário a dor à manipulação da pele é mínima
Os sinais e sintomas associados resultam de:
 Febre alta;
 As bolhas e exulcerações disseminadas provocarem perda insensível de líquido e risco
de infecção bacteriana secundária,
 Dificuldade na alimentação com sialorreia causada pelas lesões na laringe e esófago
que ao cicatrizarem podem levar à estenose (estreitamento do esófago),
 Secreções purulentas por Sobre infecção nos olhos de tal modo que o paciente nem
consegue abrir os olhos. Estas lesões ao cicatrizar podem causar problemas de visão
2.4 Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na anamnese: história de toma de medicamentos ou infecção anterior. O
exame físico mostra máculas, vesículas, bolhas e úlceras na pele disseminadas e também lesões
em duas ou mais superfícies mucosas dos olhos, nariz, boca e mucosa anal e genital. No
laboratório, as alterações são inespecíficas onde é possível encontrar:
 Leucocitose;
 VS aumentada;
 Aumento das transaminases hepáticas e redução da albumina sérica.
2.4 Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial faz-se com outras situações mucocutâneas causadas por ingestão de
medicamentos como a Síndrome de Hipersensibilidade e a Necrólise Epidérmica Tóxica.

2.5 Conduta
O Tratamento do Síndrome de Stevens-Johnson é basicamente sintomático e consiste em medidas
de suporte porém com cuidados e tratamento imediatos. Devem ter em conta que se trata de uma
emergência dermatológica. Os passos mais importantes são:
 Internar o paciente
 Suspender o medicamento potencialmente causador da síndrome
 Cuidado especial com as vias áreas
 Manipulação asséptica e criação de um campo estéril
 Canalizar veia longe das lesões
 Hidratação e reposição de electrólitos
 Avaliação obrigatória das lesões oculares, lavagem com soro fisiológico e uso de
antibióticos tópicos. Para evitar a perda da visão é obrigatória a avaliação pelo
oftalmologista
 Avaliação das lesões vaginais para evitar/prevenir o estreitamento ou fusão vaginal e
uso de compressas com permanganato de potássio a 0.5 %
 Bochechos com glicerina para as lesões orais e aplicação de vaselina estéril nos lábios
e mucosa nasal
 As lesões de pele são tratadas como queimaduras – (Vide aula de PA 23 de
Dermatologia)
 Anestésicos tópicos como a Lidocaína para alívio da dor
 Inspecção diária cuidadosa para monitorar infecções secundárias e administrar
antibióticos quando houver suspeita de infecções urinárias ou cutâneas
 Suporte nutricional
 Suporte emocional e psicológico não deve ser esquecido pois a criança está
consciente.

2.6 Critérios de referência


O Síndrome de Stevens-Johnson tem alto potencial de mortalidade. Mesmo com cuidados
adequados a taxa de letalidade é de 5%. Por isso o TMG deve contactar o médico de referência
assim que internar a criança para garantir um atendimento adequado. Deve referir a criança assim
que esta estiver estabilizada.
Conclusao
Bibliografia

Ministério da Saúde de Moçambique, Manual de Formacao para Técnicos de Medicina


Geral, Disciplina de Dermatologia, 2º semestre. (2012).

Ministério da Saúde de Moçambique, Manual de Formacao para Técnicos de Medicina


Geral, Disciplina de Pediatria_Parte_IV, 4º semestre. (2013).

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