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INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vírus,


bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas, principalmente, por
meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina
ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST
pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a
amamentação. De maneira menos comum, as IST também podem ser
transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra
com secreções corporais contaminadas.
O tratamento das pessoas com IST melhora a qualidade de vida e
interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções. O atendimento, o
diagnóstico e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS. A
terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser
adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma
infecção, mesmo sem sinais e sintomas. Se não tratadas adequadamente,
podem provocar diversas complicações e levar a pessoa, inclusive, à morte

Herpes (Cobreiro)

Herpes, ou cobreiro é uma doença causada pelo Vírus Varicela-Zóster


(VVZ), o mesmo que causa também a Catapora. Esse vírus permanece em
latência durante toda a vida da pessoa. A reativação ocorre na idade adulta ou
em pessoas com comprometimento imunológico, como os portadores de
doenças crônicas (hipertensão, diabetes), câncer, Aids, transplantados e
outras.
Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes-zóster após
contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zóster, o
que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente
imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com
doente de zóster. A Herpes-Zóster pode levar a complicações e outras formas
clínicas graves, inclusive, levar à morte.
Definição de caso suspeito de varicela: Paciente com quadro discreto de
febre moderada, de início súbito, que dura de 2 a 3 dias, e sintomas
generalizados inespecíficos (mal-estar, adinamia, anorexia, cefaleia e outros) e
erupção cutânea pápulo-vesicular, que se inicia na face, couro cabeludo ou
tronco (distribuição centrípeta − cabeça e tronco).
Definição de caso grave de varicela: Caso que atenda a definição de
caso suspeito de varicela e que necessite ser hospitalizado, ou tenha evoluído
para óbito.
Definição de surto de varicela: Considerar como surtos de varicela a
ocorrência de número de casos acima do limite esperado, com base nos anos
anteriores, ou casos agregados em instituições, como creches, escolas e
população privada de liberdade, entre outros.
Surto de varicela em ambiente hospitalar: Define-se surto em ambiente
hospitalar a ocorrência de um único caso confirmado de varicela. E o contato
para varicela em ambiente hospitalar é caracterizado pela associação do
indivíduo com uma pessoa infectada de forma íntima e prolongada, por período
igual ou superior a uma hora, e/ou dividindo o mesmo quarto hospitalar, tendo
criado assim a possibilidade de contrair a infecção. Nesses casos a vacina
varicela (atenuada) está indicada nos comunicantes suscetíveis
imunocompetentes maiores de 9 meses de idade, até 120 horas (5 dias) após o
contato.
SINTOMAS
O quadro clínico do herpes-zóster, ou seja, os sinais e sintomas da
doença, é quase sempre típico. Na maior parte dos casos, antecedem às
lesões cutâneas (na pele) os seguintes sintomas:
 Dores nevrálgicas (nos nervos);
 Parestesias (formigamento, agulhadas, adormecimento, pressão
etc.);
 Ardor e coceira locais;
 Febre;
 Dor de cabeça;
 Mal-estar.
 A lesão elementar é uma vesícula sobre a vermelhidão da pele.
A erupção é unilateral, raramente ultrapassa a linha mediana e segue o
trajeto de um nervo. Surge de modo gradual e leva de 2 a 4 dias para se
estabelecer. Quando não ocorre infecção secundária, as vesículas se
dissecam, formam-se crostas e o quadro evolui para a cura em duas a 4
semanas. As regiões mais comprometidas são:
 A torácica (53% dos casos);
 Cervical (20%);
 Correspondente ao trajeto do nervo trigêmeo (15%);
 Lombossacra (11%).
Em pacientes imunodeprimidos, ou seja, que fizeram transplante e
tomam imunossupressores, as lesões surgem em localizações atípicas e,
geralmente, disseminadas. O envolvimento do VII par craniano, ou seja, de
nervos que fazem conexão com o cérebro, leva à combinação de paralisia
facial periférica e rash no pavilhão auditivo, denominada síndrome de Hawsay-
Hurt, com prognóstico de recuperação pouco provável. O acometimento do
nervo facial (paralisia de Bell) apresenta a característica de distorção da face.
Lesões na ponta e asa do nariz sugerem envolvimento do ramo oftálmico do
trigêmeo, com possível comprometimento ocular.

COMPLICAÇÕES

A Herpes-Zóster pode provocar algumas complicações, listadas abaixo.


 Ataxia cerebelar aguda, que pode afetar o equilíbrio, fala,
deglutição, movimento dos olhos, mãos, pernas, dedos e braços;
 Trombocitopenia, ou seja, baixa quantidade de plaquetas,
responsáveis pela coagulação, no sangue;
 Infecção bacteriana secundária de pele – impetigo, abscesso,
celulite, erisipela, causadas por Staphylococcus aureus, Streptococcus
pyogenes ou outras que podem levar a quadros sistêmicos de sepse, com
artrite, pneumonia, endocardite, encefalite ou meningite e glomerulonefrite;
 Síndrome de Reye, doença rara que causa inflamação no cérebro
e que pode ser fatal, associada ao uso de AAS, principalmente em crianças;
 Infecção fetal, durante a gestação, pode levar à embriopatia, com
síndrome da varicela congênita (expressa-se com um ou mais dos seguintes
sinais: malformação das extremidades dos membros, microftalmia, catarata,
atrofia óptica e do sistema nervoso central);
 Varicela disseminada ou varicela hemorrágica em pessoas com
comprometimento imunológico;
 Nevralgia pós-herpética (NPH) – dor persistente por 4 a 6
semanas após a erupção cutânea, que se caracteriza pela refratariedade ao
tratamento. É mais frequente em mulheres e após comprometimento do
trigêmeo.
Tratamento
Para pessoas sem risco de agravamento da Herpes-Zóster, o tratamento
deve ser sintomático. Pode-se administrar antitérmico, analgésico não salicilato
e, para atenuar o prurido (pus), anti-histamínico sistêmico. Além disso, deve-se
fazer a recomendação da higiene da pele com água e sabonete, com o
adequado corte das unhas. Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso
de antibióticos, em especial para combater estreptococos do grupo A e
estafilococos.
O tratamento específico da varicela é realizado por meio da
administração do antiviral aciclovir, que é indicado para pessoas com risco de
agravamento. Quando administrado por via endovenosa, nas primeiras 24
horas após o início dos sintomas, tem demonstrado redução de
morbimortalidade em pacientes com comprometimento imunológico.
Importante: O uso de aciclovir oral para o tratamento de pessoas sem
condições de risco de agravamento não está indicado até o momento, exceto
para aquelas com idade inferior a 12 anos, portadoras de doença
dermatológica crônica, pessoas com pneumopatias crônicas ou aquelas que
estejam recebendo tratamento com AAS por longo tempo, pessoas que
recebem medicamentos à base de corticoides por aerossol ou via oral ou via
endovenosa.
As indicações para o uso do aciclovir na infecção da Herpes-Zóster são:
 Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via
oral, 5 vezes ao dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias;
 Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves –
deve-se fazer uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8
horas, infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias;
 Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5
vezes ao dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas
primeiras 24 horas da doença, ficando a indicação a critério médico;
 Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de
aciclovir endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias.
Embora não haja evidência de teratogenicidade, ou seja, capacidade de
produzir malformações congênitas no feto, não se recomenda o uso deste
medicamento em gestantes. Entretanto, em casos em que a gestante
desenvolve complicações como pneumonite, deve-se considerar o uso
endovenoso.
Com relação à profilaxia, não há indicação do uso do aciclovir em
pessoas sem risco de complicação por varicela e vacinadas.
A terapia antiviral específica, iniciada em até 72 horas após o surgimento
do rash, reduz a ocorrência da NPH, que é a complicação mais frequente do
herpes-zóster. O uso de corticosteroides, na fase aguda da doença, não altera
a incidência e a gravidade do NPH, porém reduz a neurite aguda, devendo ser
adotado em pacientes sem imunocomprometimento.
Uma vez instalada a NPH, o arsenal terapêutico é muito grande, porém
não há uma droga eficaz para seu controle. São utilizados: creme de
capsaicina, de 0,025% a 0,075%; lidocaína gel, a 5%; amitriptilina, em doses
de 25 a 75mg, via oral; carbamazepina, em doses de 100 a 400mg, via oral;
benzodiazepínicos, rizotomia, termocoagulação e simpatectomia.

Gonorreia e clamídia

São IST causadas por bactérias (Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia


trachomatis, respectivamente). Na maioria das vezes estão associadas,
causando a infecção que atinge os órgãos genitais, a garganta e os olhos. Os
sintomas causados por essas bactérias também podem ser provocados por
outras bactérias menos frequentes, como Ureaplasmas e Mycoplasmas.
Os sintomas mais frequentes causados por essas infecções são, na
mulher, corrimento vaginal com dor no baixo ventre na mulher, e nos homens,
corrimento no pênis e dor ao urinar. No entanto, é muito comum que as
infecções causadas por essas bactérias sejam assintomáticas na maioria dos
casos. A falta de sintomas leva as mulheres a não procurarem tratamento para
essas infecções, as quais podem se agravar quando não tratadas, causando
Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade (dificuldade para ter filhos), dor
durante as relações sexuais, gravidez nas trompas, entre outros danos à
saúde.
Formas de contágio
A transmissão é sexual e o uso da camisinha masculina ou feminina é a
melhor forma de prevenção.
Sinais e sintomas
 Dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), corrimento
amarelado ou claro, fora da época da menstruação, dor ou sangramento
durante a relação sexual.
 A maioria das mulheres infectadas não apresentam sinais e
sintomas.
 Os homens podem apresentar ardor e esquentamento ao urinar,
podendo haver corrimento ou pus, além de dor nos testículos.
Diagnóstico e tratamento
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessas IST, recomenda-se
procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do
tratamento com antibiótico adequado.
As parcerias sexuais devem ser tratadas, ainda que não apresentem
sinais e sintomas.

Conjuntivite neonatal

Há possibilidade de transmissão dessas infecções no parto vaginal e a


criança pode nascer com conjuntivite, que pode levar à cegueira se não for
prevenida ou tratada adequadamente.
Deve-se aplicar colírio nos olhos do recém-nascido na primeira hora
após o nascimento (ainda na maternidade) para prevenir a conjuntivite
(oftalmia) neonatal. Além da conjuntivite, a infecção no recém-nascido pode
atingir órgãos internos, com aumento a gravidade da infecção, por vezes
necessitando de internação hospitalar para tratamento.
HPV

O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que


infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de
mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e
câncer, a depender do tipo de vírus. A infecção pelo HPV é uma Infecção
Sexualmente Transmissível (IST).

SINAIS E SINTOMAS

A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas.


Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar
sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas (não
visíveis a olho nu).
A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a
multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de
lesões. A maioria das infecções em mulheres (sobretudo em adolescentes) tem
resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de
até 24 meses.
As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem entre,
aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer
algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em
gestantes e em pessoas com imunidade baixa.
O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames
clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.
 Lesões clínicas: se apresentam como verrugas na região genital e
no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e
popularmente conhecidas como "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de
crista"). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou
papulosas (elevadas e solidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem
causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos
de HPV não cancerígenos.
 Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): podem ser
encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam
sinal/sintoma. As lesões subclinas podem ser causadas por tipos de HPV de
baixo e de alto risco para desenvolver câncer.
Podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus,
pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos
frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como
conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto
podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe
(Papilomatose Respiratória Recorrente).

TRATAMENTO

O tratamento das verrugas anogenitais (região genital e no ânus)


consiste na destruição das lesões. Independente de realizar o tratamento, as
lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número
e/ou volume. Sobre o tratamento:
 Deve ser individualizado, considerando características (extensão,
quantidade e localização) das lesões, disponibilidade de recursos e efeitos
adversos;
 São químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade;
 Podem ser domiciliares (autoaplicados:imiquimode,
podofilotoxina) ou ambulatoriais (aplicado no serviço de saúde: ácido
tricloroacético - ATA, podofilina, eletrocauterização, exérese cirúrgica e
crioterapia), conforme indicação profissional para cada caso;
 Podofilina e imiquimode não deve ser usada na gestação.
Pessoas com imunodeficiência - as recomendações de tratamento do
HPV são as mesmas para pessoas com imunodeficiência, como pessoas
vivendo com HIV e transplantadas. Porém, nesse caso, o paciente requer
acompanhamento mais atento, já que pessoas com imunodeficiência tendem a
apresentar pior resposta ao tratamento. O tratamento das verrugas anogenitais
não eliminam o vírus, por isso as lesões podem reaparecer. As pessoas
infectadas e suas parcerias devem retornar ao serviço, caso identifique novas
lesões.
PREVENÇÃO

Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a


infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:
 Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses.
Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades,
poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do
intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema;
 Mulheres e Homens que vivem com HIV, transplantados de
órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9
a 45 anos, com esquema de três doses (0,2,6 meses), independentemente da
idade;
 A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é
dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.
Exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau é um exame
ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do
câncer do colo do útero. Esse exame ajuda a detectar células anormais no
revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem
câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto,
é considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero e suas
lesões precursoras.
Preservativo: o uso do preservativo (camisinha) masculino ou feminino
nas relações sexuais é outra importante forma de prevenção do HPV. Contudo,
seu uso, apesar de prevenir a maioria das IST, não impede totalmente a
infecção pelo HPV, pois, frequentemente as lesões estão presentes em áreas
não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa
escrotal). A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais
eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.

Tricomoníase

É uma IST causada por causada por um protozoário, o Trichomonas


vaginalis, encontrado com mais frequência na genitália feminina.
Formas de contágio
A transmissão é sexual e o uso da camisinha masculina ou feminina é a
melhor forma de prevenção.
Sinais e sintomas
 Corrimento amarelado, amarelo-esverdeado ou acinzentado com
mau cheiro, geralmente lembrando peixe.
 Às vezes ocorre prurido, sangramento após relação sexual, dor
durante relação sexual e dor ao urinar.
 A tricomoníase pode ser assintomática, mas é um facilitador para
a transmissão de outros agentes infecciosos agressivos, como gonorreia e
infecção por clamídia, e na gestação, quando não tratada, pode evoluir para
rompimento prematuro da bolsa.
Diagnóstico e tratamento
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa IST, recomenda-se
procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do
tratamento com antibiótico adequado.
As parcerias sexuais devem ser tratadas, ainda que não apresentem
sinais e sintomas.

Sífilis

É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do


ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar
várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária,
latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a
possibilidade de transmissão é maior.

Formas de transmissão

A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma
pessoa infectada, ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou
parto.
Sinais e sintomas
Sífilis primária
 Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis,
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece
entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é
chamada de “cancro duro”.
 Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus,
podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.
 Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de
tratamento.

Sífilis secundária

 Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses


do aparecimento e cicatrização da ferida inicial.
 Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam,
incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em
bactérias.
 Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo.
 As manchas desaparecem em algumas semanas,
independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.
Sífilis latente – fase assintomática
 Não aparecem sinais ou sintomas.
É dividida em: latente recente (até um ano de infecção) e latente tardia
(mais de um ano de infecção).
 A duração dessa fase é variável, podendo ser interrompida pelo
surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis terciária
 Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção.
 Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões
cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Diagnóstico

O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do


SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no
máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de
sífilis é distribuído pelo Departamento de Condições Crônicas
Infecciosas/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
(DCCI/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura
diagnóstica.
Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá
ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não
treponêmico) para confirmação do diagnóstico.
Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o
tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem
precisar aguardar o resultado do segundo teste.
Devido à grande quantidade de casos surgindo no país, a
recomendação de tratamento imediato antes do resultado do segundo exame
se estendeu para outros casos: vítimas de violência sexual; pessoas com
sintomas de sífilis primária ou secundária; pessoas sem diagnóstico prévio de
sífilis e pessoas com grande chance de não retornar ao serviço de saúde para
verificar o resultado do segundo teste.

Tratamento

O tratamento da sífilis é realizado com a penicilina benzatina, antibiótico


que está disponível nos serviços de saúde do SUS. A dose de penicilina que
deve ser utilizada vai depender do estágio clínico da sífilis. A penicilina é o
tratamento de escolha para sífilis, outros antibióticos devem ser avaliados para
casos específicos de acordo com a avaliação criteriosa do profissional de
saúde. Após o tratamento completo, é importante continuar o seguimento com
coleta de testes não treponêmicos para ter certeza da cura. Todas as parcerias
sexuais dos últimos 3 meses devem ser testadas e tratadas para quebrar a
cadeia de transmissão.
Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado
o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Esse é o único
medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical (passagem da sífilis da
mãe para o bebê). A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para
evitar a reinfecção da gestante que foi tratada. São critérios de tratamento
adequado da gestante:
 Administração de penicilina benzatina.
 Início do tratamento até 30 dias antes do parto.
 Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis.
 Respeito ao intervalo recomendado das doses (a cada 7 dias, de
acordo com o esquema terapêutico).
Importante que toda gestante diagnosticada com sífilis, após o
tratamento, realize o seguimento mensal, com teste não treponêmico, para
controle terapêutico.

Prevenção

O uso correto e regular da camisinha feminina ou masculina é uma


medida importante de prevenção da sífilis. O acompanhamento das gestantes
e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade contribui para o controle
da sífilis congênita.
Importante destacar que a sífilis não confere imunidade permanente, ou
seja, mesmo após o tratamento adequado, cada vez que entrar em contato
com o agente etiológico (T. pallidum) a pessoa pode ter a doença novamente.

Sífilis congênita

É uma doença transmitida da mãe não tratada ou tratada de forma não


adequada para criança durante a gestação (transmissão vertical). Por isso, é
importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o
resultado for positivo (reagente), tratar corretamente a mulher e sua parceria
sexual, para evitar a transmissão.
Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em três
momentos:
 Primeiro trimestre de gestação;
 Terceiro trimestre de gestação;
 Momento do parto ou em casos de aborto.
Sinais e sintomas

A maior parte dos bebês com sífilis congênita não apresentam sintomas
ao nascimento. No entanto, as manifestações clínicas podem surgir nos
primeiros três meses, durante ou após os dois anos de vida da criança. São
complicações da doença: abortamento espontâneo ou natimortalidade, parto
prematuro, malformação do feto, surdez, cegueira, alterações ósseas,
deficiência mental e/ou morte ao nascer.

Diagnóstico

Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico


da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e
laboratoriais, incluindo a coleta de líquor.

Tratamento

O tratamento da sífilis congênita é realizado com penicilina cristalina ou


procaína, durante 10 dias.

Prevenção

A prevenção da sífilis congênita é realizada por meio de pré-natal


adequado e com qualidade. É fundamental que o teste para sífilis seja ofertado
para todas as gestantes, pelo menos no 1ª e 3ª trimestre de gestação ou em
situações de exposições de risco. As gestantes com diagnóstico de sífilis
devem ser tratadas e seguidas adequadamente, assim como, suas parcerias
sexuais, para evitar reinfecção após o tratamento.

Cuidados com a criança exposta à sífilis

Todas as crianças expostas à sífilis de mães que não foram tratadas, ou


que receberam tratamento não adequado, são submetidas a diversas
intervenções, que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação
neurológica (incluindo punção lombar), raio-X de ossos longos, avaliação
oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação
hospitalar prolongada.
As crianças expostas à sífilis de mães que foram adequadamente
tratadas durante a gestação também devem ser cuidadosamente avaliadas,
para descartar a possibilidade de sífilis congênita. A investigação de sífilis
congênita deve acontecer na hora do parto, mas também no acompanhamento
dessas crianças nas consultas de puericultura, com realização de testes não
treponêmicos.

Ureaplasma

O ureaplasma é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada


pela bactéria Ureaplasma urealyticum, que pode ser encontrada naturalmente
no trato urogenital, sem causar sinais ou sintomas.
No entanto, devido à fragilidade imune ou múltiplos parceiros sexuais, é
possível que a bactéria se multiplique e cause inflamação e infecção da região
genital, tanto em homens quanto em mulheres.
É importante que a infecção pelo Ureaplasma urealyticum seja
devidamente identificada e tratada com antibióticos de acordo com a orientação
do médico para diminuir o risco de complicações, principalmente durante a
gravidez.
Principais sintomas

De forma geral, o Ureaplasma urealyticum não causa sinais ou sintomas,


no entanto alguns dos principais sintomas que podem surgir em caso de
infecção são:
 Dor ao urinar;
 Queimação e ardor para urinar;
 Corrimento vaginal ou peniano, que pode ter cheiro forte e
desagradável;
 Desconforto na região genital;
 Vermelhidão no pênis;
 Maior sensibilidade na região dos testículos;
 Dor durante a relação sexual.
O Ureaplasma urealyticum normalmente provoca a inflamação da uretra,
sendo essa situação conhecida como uretrite, mas também pode estar
relacionada com a vaginose bacteriana e a doença inflamatória pélvica
(DIP) em mulheres. Além disso, foram relatados casos de artrite e cistite, que é
a inflamação da bexiga, em pessoas com hipogamaglobulinemia, que é uma
condição caracterizada pela diminuição da atividade do sistema imune.

Tratamento para ureaplasma

O tratamento para ureaplasma deve ser orientado pelo ginecologista ou


urologista, que normalmente indica o uso de antibióticos como azitromicina ou
doxiciclina. Caso seja verificado que o tratamento não está sendo eficaz, pode
ser recomendado o uso de levofloxacino ou eritromicina.
Em alguns casos, o médico pode também indicar que o tratamento seja
feito pelo parceiro (a), além de ser recomendado usar preservativo em todas as
relações sexuais.

Aids

A aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência


Humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que
é o responsável por defender o organismo de doenças. As células mais
atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é capaz de alterar o DNA dessa
célula e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos
em busca de outros para continuar a infecção.
HIV: É um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae e é uma
Infecção Sexualmente Transmissível. Esses vírus compartilham algumas
propriedades comuns, como por exemplo:
 Período de incubação prolongado antes do surgimento dos
sintomas da doença;
 Infecção das células do sangue e do sistema nervoso;
 Supressão do sistema imune.
Sintomas

Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da Aids, o sistema


imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção
aguda, que ocorre a incubação do HIV (tempo da exposição ao vírus até o
surgimento dos primeiros sinais da doença). Esse período varia de três a seis
semanas. E o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir
anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma
gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa
despercebida.
A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa
e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas isso não enfraquece o
organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem
e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é
chamado de assintomático. Com o frequente ataque, as células de defesa
começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo
fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática
inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4+ (glóbulos
brancos do sistema imunológico) que chegam a ficar abaixo de 200 unidades
por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200
unidades. Os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores
noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade permite o aparecimento de
doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da
fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da
doença, a Aids. Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou
não seguir o tratamento indicado pela equipe de saúde, pode sofrer
de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos
de câncer. Por isso, sempre que você transar sem camisinha ou passar por
alguma outra situação de risco, procure uma unidade de saúde imediatamente,
informe-se sobre a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e faça o teste.

Tratamento
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980
para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos
ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, o uso
regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida
das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções
por doenças oportunistas.
Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas
vivendo com HIV que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 22
medicamentos, em 38 apresentações farmacêuticas.

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