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Antibioticoterapia

 Segundo a OMS:

 2/3 dos antibióticos são usados sem prescrição médica;


 As infecções causam 25% de mortes no mundo e 45%
nos países menos desenvolvidos;
 Mais de 50% das prescrições de ATB são inadequadas;
 50% do pacientes compram medicamentos ATB para 1
dia e 90% para um período igual ou inferior a 3 dias;
 Mais de 50% do orçamento com medicamentos são
destinadas aos antimicrobianos.

Wanmacher, L. Uso Indiscriminado de Antibióticos e Resistência Microbiana: Uma Guerra Perdida?


Antibioticoterapia

 Segundo publicação do Boletim “Uso Racional de


Medicamentos” :

 - Nos EUA existem 160 milhões de prescrições


escritas de antibióticos (30 presc/100 pessoas/ano)
 - 25 mil toneladas de antibióticos (50% uso humano
e o restante para animais, agricultura e aqüicultura)
Resistência Bacteriana

O uso inadequado de antibióticos pode ser


resultante de:
a automedicação, a empurroterapia, a
desinformação, a falta de adesão ao tratamento,
a prescrição inadequada e a expectativa do
paciente >>>> resistência bacteriana.
Complicações do tratamento com os antibióticos

 Hipersensibilidade - ex.; as penicilinas e cefalosporinas


podem causar reações alérgicas e mais raramente
choque anafilático

 Superinfecções - alterações na flora bacteriana normal,


podem resultar em crescimento exagerado de
microoganismos oportunistas.

 Toxicidade tecidual direta - ex.: aminoglicosídeos


podem causar ototoxicidade; cefalosporinas e
aminoglicosídeos => nefrotoxicidade.
Antibióticos generalidades
 Os antibióticos são substâncias obtidas de bactérias ou
fungos ou sintetizadas a partir de compostos químicos
 são empregados no tratamento e prevenção de infecções

bactericidas (morte):
 beta-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas)
 glicopeptídeos (vancomicina, teicoplanina)
 aminoglicosídeos (grupo da estreptomicina)
Bacteriostáticos (inibição do crescimento):
 macrolídeos (grupo da eritromicina)
 tetraciclinas
 sulfonamidas
Microorganismos patogênicos

Microorganismos comensais

Eucarióticos

Procarióticos – sem núcleo – bactérias


AERÓBIOS GRAM POSITIVOS

COCOS BACILOS
cachos - Staphylococcus Bacillus sp
pares- Streptococcus. pneumoniae Corynebacterium sp
cadeia- S. grupo A e viridans Listeria monocytogenes
pares e cadeia - Enterococcus sp. Nocardia sp
AERÓBIOS GRAM NEGATIVOS

COCOS BACILOS
Moraxella catarrhalis E. coli, Enterobacter sp.
Neisseria gonorrhoeae Citrobacter, Klebsiella sp.
Neisseria meningitidis Proteus sp., Serratia
Haemophilus influenzae Salmonella, Shigella
Acinetobacter, Helicobacter
Pseudomonas aeruginosa
ANAERÓBIOS

COCOS BACILOS
Peptococcus sp. Clostridium perfringens,
Peptostreptococcus sp. tetani, difficile
Prevotella Bacteroides fragilis,
Veillonella Fusobacterium
Actinomyces
OUTRAS BACTÉRIAS

 Bactérias intracelulares
» Legionella pneumophila
» Mycoplasma pneumoniae or hominis
» Chlamydia pneumoniae or trachomatis
» Rickettsia
 Espiroquetas
» Treponema pallidum (sifilis)
» Borrelia burgdorferi (Lyme)
» Leptospira interrogans (leptospirose)
MP – não contém esteróides;

Parede celular – peptideoglicanos – único para células


procarióticas – alta pressão interna.

Membrana externa – permite a caracterização bacteriana –


gram positivas e gram negativas (descoloridas) - também
impede a penetração de fármacos antibacterianos e peptídeos
microbicidas;

Capsula e/ou flagelos;


Gram -: dupla membrana;

Gram +: camada espessa


de peptideoglicano
 Citoplasma

 ribossomos, cromossomo único, sem mitocôndrias


(energia em sistemas enzimáticos na MP);

 Plasmídeos
Reações bioquímicas que são alvos para
antibacterianos
PAREDE CELULAR MEMBRANA CELULAR

GENOMA

50
30

SÍNTESE PROTÉICA
Mecanismos de ação e classificação
TIPOS MECANISMOS DE AÇÃO EXEMPLOS
Beta-lactâmicos Inibem a síntese de enzimas ou ativam Penicilinas
as enzimas que rompem as paredes das cefalosporinas
células bacterianas
Tetraciclinas Afetam a função dos cromossomos Oxitetraciclina
Macrolídeos bacterianos, provocando inibição eritromicina
reversível da síntese protéica
Aminoglicosíde Se ligam à subunidade ribossômica Estreptomicina,
os 30S e alteram a síntese protéica, neo-
podendo provocar morte celular micina e
gentamicina
Quinolonas Inibem o superenrolamento e a síntese Norfloxacina
do DNA
Sulfonamidas Bloqueiam etapas metabólicas Combinação:
específicas que são essenciais para os trimeto-prim +
microorganismos sulfametoxazol
REAÇÕES DE FASE II

 Biossíntese do folato – bactérias e não em


humanos;
 Necessário para síntese de DNA
 Bactérias sintetizam
 Humanos obtém da dieta
SULFAS

Antibacterianos
- gram +
- gram –
- bactérias intracelulares (Chlamydia)
- bactérias atípicas (Actinomyces / Nocardia)

Antiprotozoário
- Plasmódio
- Toxoplasmosis
- Pneumocistis carinii
 É correto a associação de Sulfonamidas +
Trimetoprima?

 Co-trimoxazol = trimetoprima +
sulfametoxazol
Antibióticos que Inibem a Síntese
da parede celular
PAREDE CELULAR
BETALACTÂMICOS
VANCOMICINA

50
30
Mecanismo de ação :

- inibição da síntese da parede celular


- peptideoglicano

- bactericida

- inibição transpeptidases

- bactérias em fase rápida de


crescimento são mais susceptíveis
A B

A: Anel beta-lactâmico

B: Anel tiazolidina
-lactâmicos

Penicilinas

Cefalosporinas

Cefamicinas

Carbapenens

Monobactâmicos
Estrutura dos -lactâmicos
-lactâmicos
 Mecanismo de ação:
 Inibe a síntese da parede celular através da
ligação com as proteínas ligadoras de penicilinas
(PBPs - transpeptidases), localizadas na parede
celular.

 A inibição das PBPs resulta em interrupção da


síntese de aminopeptidoglicanos da parede
celular.

 Efeito bactericida
PROTEÍNAS LIGADORAS DE PENICILINA (PBP) =
Transpeptidases

oHá várias isoformas .


oA concentraçao é varíavel na parede celular.
oTêm alta afinidade com antibióticos beta-lactâmicos .
ANTIBIÓTICOS BETALACTÂMICOS

 PENICILINAS

 Pencilinas Naturais (G e V)
 Penicilinas Semi-Sintéticas
 Penicilinas anti-estafilococos

 CEFALOSPORINAS
HISTÓRIA DAS PENICILINAS
 1929 - descoberta por Alexander Fleming

 Extraída do fungo Penicillium notatum


1929 – foi isolada a penicilina de um fungo -

Penicillium notatum

A penicilina natural é um composto instável.


1943 - produção em massa de penicilina
Desde a introdução da penicilina no mercado houve
um grande avanço no desenvolvimento de agentes
Anti-infecciosos:

Antibióticos

Antivirais

Antifúngicos

Antiparasitários
PENICILINAS •Exceto, Staphyloccus e
Pneumococcus
penicilinase-resistente,
Espectro de Ação enterococos

 Cocos GRAM (+)


 Cocos GRAM (–) Exceto Neisseria
gonorrhae
 Bacilos GRAM (+)
exemplo. Listeria
 Treponema pallidum
 Anaeróbios Exceto, Bacterioides

•Bacilos GRAM (-) - não atuam


Penicilina G
 Vias de Administração:
 Cristalina – EV
 Procaína – IM (mantém níveis séricos por 24hs)
 Benzatina – IM (mantém níveis séricos por até 30 dias)

 Metabolização: hepática

 Eliminação: Renal (90% por via tubular e 10%


glomerular)

 Efeitos colaterais
 Manifestações de hipersensibilidade
Penicilina benzatina Penicilina procaína

Administração: IM
INDICAÇÕES
INDICAÇÕES
 FARINGITES E AMIGDALITES
 PROFILAXIA FEBRE REUMÁTICA
 PNEUMONIA PNEUMOCÓCCICA E ASPIRATIVA
 ENDOCARDITE INFECCIOSA
 SÍFILIS
 TÉTANO
 LEPTOSPIROSE
 ERISIPELA
DURAÇÃO - PENICILINAS
Penicilina G (EV)

Penicilina V (oral)

Penicilina G Procaína
Penicilina G Benzatina

2h 4h 12 h
dias
ANTIBIÓTICOS BETA-LACTÂMICOS
 PENICILINAS
• Naturais
• (Uso injetável)
• Penicilina G Cristalina
• Penicilina G Procaína
• Penicilina G Benzatina
• (Uso oral)
• Penicilina V - fenoxi-metil- penicilina

 Penicilinas Semi-sintéticas
• Amoxacilina
• Ampicilina

 Penicilinas anti-estafilococos

 CEFALOSPORINAS
PENICILINAS
Semi-sintéticas
AMINOPENICILINAS
amoxacilina
ampicilina
AMPICILINA / AMOXICILINA
 Espectro: Maior que as penicilinas naturais.

 Atividade contra GRAM (–) - Escherichia coli,


Proteus mirabilis, Salmonella, Shigella e
Haemophilus influenzae.
AMPICILINA - AMOXACILINA

 Uso: Infecções respiratórias (leves a moderadas


causadas p/ H.influenzae (sinusites, otites).
RESISTÊNCIA ÀS PENICILINAS
Resistência Bacteriana

Bactéria susceptível

Bactéria Resistante

Transferência de genes
resistentes
Bactéria Resistente
RESISTÊNCIA AOS BETALACTÂMICOS

1) MODIFICAÇÃO DE
PROTEÍNAS
2) IMPERMEABILIDADE
CELULAR
3) PRODUÇÃO DE BETA-
LACTAMASES
MECANISMO DE RESISTÊNCIA ÀS
PENICILINAS

NH CH3 NH
+H20 CH3
CH3 CH3

N HN
O COOH O OH COOH

ANEL ÁCIDO
-LACTAMASE
-LACTÂMICO PENICILÓICO
MECANISMO DE RESISTÊNCIA ÀS
PENICILINAS

NH CH3 NH
+H20 CH3
CH3 CH3

N HN
O COOH O OH COOH

ANEL ÁCIDO
-LACTAMASE
-LACTÂMICO PENICILÓICO
=
PENICILINASE
Produtores de B-lactamases

 E. coli, Klebsiella spp., H. influenza, Moraxella


catarrhalis, Providencia spp., Bacteroides spp,
Staphylococcus spp. , Enterobacter, Pseudomonas,
Actinobacter.
Inibidores de B-lactamases
PENICILINAS SEMISINTÉTICAS E
INIBIDORES DE B-LACTAMASES

•Ampicilina + sulbactam
•Amoxacilina + ácido clavulânico
•Ticarbenicilina + ácido clavulânico
•Piperacilina + tazobactam
Penicilinase-resistente

•Nafcilina
•Oxacilina
•Dicloxacilina
•Cloxacilina
•Meticilina (MRSA)
Vancomicina
Mecanismo de Ação

• Inibe a síntese da parede bacteriana em


um sítio diferente dos beta-lactâmicos

• Bactericida (exceto para Enterococcus)

• Não atua contra gram-negativos


(aeróbios/anaeróbios)
PAREDE CELULAR
•PENICILINAS
•CEFALOSPORINAS

50
30
Cefalosporinas
 Mecanismo de Ação

 Semelhante ao das penicilinas

 Inibem a síntese dos peptidoglicanos formadores da


Parede Celular
CEFALOSPORINAS

Primeira Geração +
 Atividade
Segunda Geração
antimicrobiana

 Resistência à beta-
lactamase
Terceira Geração gram

Quarta Geração

-
Cefalosporinas
 1º Geração • 3º Geração
– Cefalotina – Cefotaxima
– Cefazolina – Ceftriaxona
– Cefalexina – Ceftazidima

 2º Geração • 4º Geração
– Cefuroxima – Cefepima
Espectro Cefalosporinas de
a
1 Geração

o Cocos aeróbios Gram (+), (exceto enterococo)

o Estafilococo produtor de penicilinase, mas não sobre os


oxacilina-resistentes.

o Sensíveis: E. coli, P. mirabilis, Klebsiella pneumoniae.

o Resistentes: P. aeruginosa e H. influenzae.


Carbapenems
Espectro de Atividade

• Antibióticos de largo espectro com atividade


contra aeróbios/anaeróbios gram-positivos e
gram-negativos.

• Não atuam contra MRSA, Estafilococo,


Clostridium difficili.
Inibidores da síntese protéica

Proteína

mRNA

Ribossoma
SÍNTESE PROTÉICA
•MACROLÍDEOS
•CLORANFENICOL
•CLINDAMICINA
•LINEZOLIDE

50
30

SÍNTESE PROTÉICA
•TETRACICLINA
Mamíferos 60S e 40S
•AMINOGLICOSÍDEOS
Antibióticos que Inibem a
Síntese de Ácidos Nucléicos
MACROLÍDEOS – mecanismo de ação

 50s RNA ribossomal


 Mecanismo de ação:
inibição da translocação do mRNA

ERITROMICINA (protótipo)

AZITROMICINA
CLARITROMICINA
MACROLÍDEOS

Principais indicações:
 Infecção de vias aéreas
(faringo/tonsilites/sinusites e
otites).

 H. pylori
USOS CLÍNICOS

 Medicamento de escolha para tratamento de


infecções por Corynebacterium, Clamidia e
pneumonia adquirida na comunidade.
 Medicamento de escolha em pacientes alérgicos
à penicilina e com infecções causadas por estafilo
ou estrepto sensíveis.
Espectro de ação:

1. Gram + e Gram –

2. Bactérias intracelulares (Chlamydia / Rickettsia)

3. Mycobacteria (exceto Mycobacterium tuberculosis)

4. Espiroquetas (Treponema)
Macrolídeos – espectro de ação

Todos MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus)


são resistentes aos macrolídeos
 Streptococcus pneumoniae
 Streptococcus pyogenes
 Bacillus sp., Corynebacterium sp.
Macrolídeos – espectro de ação
Anaeróbios – das vias aéreas superiores
Bactérias atípicas –
 Legionella pneumophila
 Chlamydia sp
 Mycoplasma sp
 Ureaplasma urealyticum
Outras bactérias – Mycobacterium avium complexo
(MAC), Treponema pallidum, Campylobacter, Borrelia,
Bordetella, Brucella, Pasteurella.
Macrolídeos - Interação Medicamentosa

Erritromicina e claritromicina são inibidores do sistema


P-450 no fígado, podendo aumentar as concentrações
de:

Teofilina, digoxina, ácido valpróico, carbamazepina, terfenadina,


fenitoína, ciclosporina.
Tetraciclinas
 Mecanismo de ação:
ligação reversível com a subunidade 30s dos
ribosomas bacterianos, bloqueando um sítio do t-
RNA.
Tetraciclinas
Atividade antimicrobiana
• Bacteriostático de largo espectro
• Gram+/-
• Ricketisia, clamidia e micoplasma, H.
pylori
TETRACICLINAS E GESTAÇÃO

 Más formações dentárias e ósseas do feto.


 Lesão hepática grave na gestante, por
infiltração gordurosa do fígado.
 Passam pelo leite materno, não podem ser
usados na amamentação.
INIBIDORES DA SÍNTESE PROTÉICA
 Inibidores do 50S
Macrolídeos
Cloranfenicol
Clindamicina
linezolide

 Inibidores do 30S
Tetracicilina
Aminoglicosídeos
AMINOGLICOSÍDEOS
INFECÇÕES GRAVES POR
BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS
AERÓBIAS
AMINOGLICOSÍDEOS

Mecanismo de ação:

1. Ligação iônica com lipopolissacarídeos da MC

2. Alteração da permeabilidade da MC

- Deslocamento de Ca++ e Mg++

- Formação transitória de orifícios na MC, permitindo a passagem


do aminoglicosídeo.

3. Ligação com a fração 30 S do ribossoma


Aminoglicosídeos (bactericidas) - gentamicina,
tobramicina, amicacina, neomicina (tópica)

 Espectro de atividade - gram-negativos (Enterobacter, Serratia,


Pseudomonas) e alguns gram-positivos (Staphylococcus aureus).

 não são utilizados para tratamento de bactérias anaeróbias

 Resistência - Comum

 Sinergia - com as cefalosporinas (aumentam a permeabilidade celular


para os aminoglicosídeos)
EFEITOS ADVERSOS
 OTOTOXICIDADE (3-5%)

 NEFROTOXICIDADE ( 2-25%)

 RASH CUTÂNEO

 FEBRE

 NÁUSEAS, VÔMITOS
Mecanismos bioquímicos de resistência

- Inativação dos antibióticos β-lactâmicos – β-lactamases –


estafilococos;

- Inativação do cloranfenicol (inibe a 50S) pela cloranfenicol


acetiltransferase – produzida por Gram positivas e negativas;

- Inativação dos aminoglicosídeos (inibe a subunidade 30S)-


fosforilação, acetilação, adenilação;
 Alteração do local sensível ao fármaco ou do local de
ligação ao fármaco; - aminoglicosídeos, eritromicina (liga
no 50S);

 Diminuição da concentração do fármaco na bactéria; -


 Tetraciclinas – efluxo da bactéria;

 Desenvolvimento de uma via bioquímica que ultrapassa a


reação inibida pelo antibiótico – trimetoprima – síntese
de uma diidrofolato redutase insensível; sulfonamidas –
diidropteroato sintetase com baixa afinidade.

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